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CURSO: DIREITO

CÓD/ DISCIPLINA: CCJ0261-PRÁTICA SIMULADA CONSTITUCIONAL


PROF.º: LUIS PAULO PONTES TURNO: NOITE
TURMA: SALA: TEAMS MAT.: 201607140349 NOTA

GRADUAÇÃO ALUNO(A): AMANDA GOMES GURGEL

DATA: 05/10/21 AV1 ( X ) – AV2 ( ) – AV3 ( )

INSTRUÇÕES:
I-São critérios relevantes para avaliação destas questões: clareza de raciocínio e utilização da
linguagem com técnica.
II – NÃO SÃO ADMITIDAS AS RASURASNAS QUESTÕES, por isso responda com cuidado.
III – Não é permitido consulta à livros nem a qualquer material didático, bem como internet e uso
de celulares, podendo ser utilizado apenas VADE MECUM. O descumprimento desta norma
acarreta anulação da prova.
IV – É EXPRESSAMENTE VEDADO QUALQUER TIPO DE CONSULTA AO PROFESSOR. A interpretação
faz parte da prova.
V – Utilize apenas caneta de tinta azul ou preta.
VI – Enunciado adaptado. Os nomes e casos retratados são fictícios não relacionados com casos
concretos.
VII – A mera citação de artigo não pontua.

ENUNCIADO – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL (8,0 PONTOS)

Caio Martins, idoso aposentado por invalidez pelo regime geral de previdência social, recebe um salário-
mínimo por mês. Em razão de grave doença que o acomete, o idoso faz uso contínuo de fraldas
geriátricas, necessitando destas para a manutenção de sua saúde e higiene íntima. Diante do cenário, o
idoso comparece mensalmente ao posto de saúde existente em seu bairro, recebendo ali a quantidade
suficiente da referida fralda para um mês de uso. No dia 5 de setembro de 2021, foi informado, pelo
farmacêutico do referido posto, que a central de distribuição não entregara os pacotes de fralda, já que o
Município, em razão da crise financeira e pelas dificuldades ocasionada pela COVID-19, não conseguiu
adquirir junto aos fornecedores diversos produtos.

Inconformado com a informação recebida, Caio Martins, compareceu à Secretaria de Saúde do


Município e apresentou requerimento ao Secretário Municipal de Saúde, autoridade responsável pela
administração das dotações orçamentárias destinadas à área de saúde e pela aquisição dos medicamentos
e produtos farmacêuticos encaminhados à central de distribuição, órgão por ele dirigido.

Em resposta por escrita, o Secretário reconheceu que Caio Martins tinha necessidade das fraldas, o que
fora documentado pelos médicos e equipe multidisciplinar do posto de saúde, e informou que estavam
sendo adotadas as providências necessárias à solução da questão, mas que tal somente ocorreria dali a
160 (cento e sessenta) dias, quando o governador do Estado prometera repassar receitas a serem
aplicadas à saúde municipal. Nesse meio-tempo, sugeriu que Caio Martins procurasse a ajuda de
familiares para a comprar dos produtos.

Caio Martins, de posse de toda a prova documental que por si só basta para demonstrar os fatos
narrados, em especial a resposta do Secretário Municipal de Saúde, procura você, uma semana depois,
para contratar seus serviços como advogado(a), solicitando o ajuizamento da medida judicial que
ofereça resultados mais céleres, sem necessidade de longa instrução probatória, para que consiga obter o
produto de que necessita), cujo valor da caixa para um mês de uso é de R$ 200,00 (duzentos reais).
Levando em consideração as informações expostas, ciente da desnecessidade da dilação probatória,
elabore a medida judicial adequada, com todos os fundamentos jurídicos que conferem sustentação ao
direito de Caio Martins.

RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ____

CAIO MARTINS nacionalidade xxx, estado civil xxx, aposentado por invalidez, portador da cédula de
identidade de nº xxx, expedida por xxx, inscrito no CPF de nº xxx, residente e domiciliado em Rua xxx,
nº xxx, Bairro xxx, CEP xxx, endereço eletrônico xxx, representado por seu advogado Dr. xxx, OAB de
nº xxx, vem a Vossa Excelência, com fulcro no Art. 5º inc. LXIX da CF/88 e na lei 12.016/2009,
impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

Em face de ato ilegal praticado pelo SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE da cidade xxx,
atuando na Secretaria Municipal de Saúde, órgão por ele dirigido, sendo então a autoridade coatora
municipal responsável, encontrando-se a secretaria situada na Rua xxx, nº xxx Bairro xxx, CEP xxx,
segundo os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir exposto.

I. DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA PROVA PRÉ-


CONSTITÚIDA

O mandado de segurança visa proteger um direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, permitindo ao cidadão fazer valer um direito que é seu por lei e que fora lesado ou
ameaçado de lesão por ato de autoridade pública ou um agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.

Pode-se dizer que o direito é líquido e certo quando a alegação por parte de quem ajuizou o mandado
dispensa dúvidas, ou seja, sempre que não há a necessidade de comprovar o direito da pessoa que entrou
com a ação, conforme se perceberá pela narrativa adiante exposta.

Conforme a documentação em anexo, o direito líquido e certo do impetrante está comprovada, tendo em
vista que o Secretário reconheceu a necessidade das fraldas geriátricas, mas que a demanda do
impetrante só seria solucionada dali a 160 (cento e sessenta) dias, sendo cumprido o requisito da prova
pré-constituída, de acordo com o exposto no Art. 6º da Lei 12.016/09:

Art. 6o-A petição inicial, que deverá preencher os requisitos


estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com
os documentos que instruírem a primeiras reproduzidas na segunda e
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à
qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

Assim, a presente ação tem o objetivo de afastar ofensa a direito subjetivo individual, nada mais cabível
do que o Mandado de Segurança, tendo em vista que é evidente o desacordo com o princípio da
legalidade e outros que ferem o direito do impetrante.

II. DA SÍNTESE DOS FATOS

O impetrante é um idoso, acometido por grave doença, onde se faz necessário o uso contínuo de fraldas
geriátricas para a manutenção de sua saúde e higiene íntima.

Diante do cenário, o impetrante comparece mensalmente ao posto de saúde existente em seu bairro,
recebendo ali a quantidade suficiente da referida fralda para um mês de uso. No entanto, na data de 5 de
setembro de 2021, o mesmo fora informado, pelo farmacêutico do referido posto, que a central de
distribuição não entregara os pacotes de fraldas, já que o Município, em razão da crise financeira e pelas
dificuldades ocasionadas pela COVID-19, não conseguiu adquirir junto aos fornecedores diversos
produtos.

Insatisfeito, o idoso compareceu à Secretaria de Saúde do Município e apresentou requerimento ao


Secretário Municipal de Saúde, autoridade responsável pela administração das dotações orçamentárias
destinadas à área de saúde e pela aquisição dos medicamentos e produtos farmacêuticos encaminhados à
central de distribuição, órgão por ele dirigido.

No entanto, através de documentação dos médicos e equipe multidisciplinar do posto de saúde, o


Secretário reconheceu a necessidade do uso de fraldas por parte do impetrante, mas que só teria uma
solução a 160 (cento e sessenta) dias, quando o governador do Estado prometera repassar receitas a
serem aplicadas à saúde municipal.

Ademais, fora sugerido ao idoso que procurasse a ajuda de familiares para a compra das fraldas, cujo o
valor da caixa para um mês de uso é de R$ 200,00 (duzentos reais). É válido salientar que o impetrante
recebe um salário-mínimo por mês, conforme pode ser observado através dos comprovantes do INSS
referente a sua aposentadoria por invalidez, bem como o mesmo arca com todas as suas despesas sem ter
nenhum auxílio além de sua aposentadoria.

III. DOS FUNDAMENTOS

O mandado de segurança poderá ser concedido para proteger um direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, permitindo ao cidadão fazer valer um direito que é seu por lei e que
fora lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade pública ou um agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público, conforme determinado nos Art. 5º, LXIX da Constituição
Federal/88 e Art. 1º da Lei 12.016/09:

Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por "habeas corpus" ou "habeas data",
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

[…]

Art. 1o-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física
ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

Ainda, é observado uma lesão à dignidade da pessoa humana, tendo em vista que para o impetrante que
faz uso de fraldas geriátricas, tal produto é necessário para uma vida mais digna, bem como para a sua
saúde, conforme observa-se no Art. 1º, inciso III da Constituição Federal/88:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;

Outrossim, a saúde é um dos direitos sociais que visa garantir aos indivíduos o exercício e usufruto de
direitos fundamentais em condições de igualdade, para que os cidadãos possam ter uma vida digna
através da proteção e garantias dadas pelo estado de direito, encontrando-se tal direito social amparado
pelo:

Art. 6º-São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Contudo, as normas q definem os direitos e garantias fundamentais acima citada, deverão ter uma
aplicação imediata, já que é garantido a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, conforme Art. 5º,
parágrafo 1º da Constituição Federal/88:

Art. 5º-Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

§ 1º-As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm


aplicação imediata.

A Constituição Federal de 1988 não se limitou a prever a criação de uma estrutura organizacional para
garantir o direito à saúde, tendo em vista que a saúde é direito de todos e dever do Estado, porém a
obrigação de garantir a saúde não foi atribuída apenas para o Estado, analisando com base na
hermenêutica jurídica, é claro que o legislador utilizou a palavra Estado para englobar tanto os Estados-
membros, quanto a união e os municípios, visando que ambos têm o dever de promover o bem-estar
social e fornecer um atendimento integral para cada cidadão, conforme Art. 198, inciso II da
Constituição Federal/88:

Art. 198.-As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado
de acordo com as seguintes diretrizes: (Vide ADPF 672)

II-atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,


sem prejuízo dos serviços assistenciais;

Ante o exposto, não se pode o impetrante ser prejudicado devido ao ato ilegal do Secretário Municipal
de Saúde, tendo em vista que seu direito está claro e fora aqui expressado.

IV. DA TUTELA DE URGÊNCIA

A Lei 12.016/09, dispõe sobre o mandado de segurança individual e coletivo, dá outras providências e
prevê claramente o cabimento do pedido liminar à presente demanda, tendo em vista que pela situação
do impetrante, por ser um idoso, acometido de grave doença, vivendo apenas com um salário mínimo de
sua aposentadoria, o mesmo necessita das fraldas geriátricas para ter uma vida digna e saudável, onde
sem o uso das mesmas o impetrante poderá ser acometido por outras doenças, assim, é cabível o pedido
liminar, conforme Art. 7º, inciso III da Lei 12.016/09:

Art. 7o - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do
impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o
ressarcimento à pessoa jurídica.

V. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer-se a esse juízo:

a) o deferimento da liminar, onde deverá a autoridade coatora fornecer as fraldas geriátricas em


tempo hábil;
b) a notificação da autoridade coatora, o Secretário Municipal de Saúde, no endereço fornecido,
para que preste as informações que entender pertinentes ao caso;
c) a ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica;
d) a intimação do Representante do Ministério Público;
e) a condenação do Impetrado em custas processuais;
f) que o pedido seja ao final julgado procedente com a concessão do pedido liminar concedendo-
lhe caráter definitivo;
g) juntada de documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ 2.400,00.


Nesses termos
Pede deferimento.

Local xxx, data xxx de xxx de xxx.


Advogado xxx
OAB nº xxx

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