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Artigo Gravidez Estrias
Artigo Gravidez Estrias
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Gestação e predisposição ao
aparecimento de estrias cutâneas*
Abstract
Cutaneous atrophic striae or striae distensae is a very common skin
condition during pregnancy, making frequent cause of visits to the dermatologist.
Due its unaesthetic appearance, can induce important psychosocial consequences
*
Recebido em: 23/12/2014. and quality of life to the pregnant women. The aim of this study was to describe
Aprovado em: 06/04/2016.
1
Graduanda do curso de Estética e Cosmética da the main factors associated with the development of cutaneous atrophic striae,
Universidade Estadual de Goiás (UEG), cam- as well as present the pathophysiological changes resulting in the development
pus Laranjeiras, Goiânia-GO – Brasil.
of this dermatosis and review the possibilities of treatment recommended in
2
Graduanda do curso de Estética e Cosmética da
Universidade Estadual de Goiás (UEG), cam- the literature for recent and old stretch marks. It was observed that numerous
pus Laranjeiras, Goiânia-GO – Brasil. treatments for this condition have been proposed, some not showing satisfactory
3
Docente do curso de Estética e Cosmética da
Universidade Estadual de Goiás (UEG), cam- results and that combination therapies may provide improved effectiveness.
pus Laranjeiras, Goiânia-GO – Brasil. Biomédi- The studies highlight the importance of prevention of stretch marks with use
co. Mestre em Medicina Tropical e Doutorando
of moisturizing skin creams, diet and physical activity during pregnancy to
em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Ins-
tituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da avoid its consequences in the lives of women. The treatments with lasers and
Universidade Federal de Goiás (IPTSP-UFG). radiofrequency can decrease the size of stretch marks and improve its appearance.
Diretor científico da Associação dos Profissi-
nais da Beleza do Estado de Goiás – APROBE- Keywords: Striae distensae. Pregnancy. Pathophysiology. Treatment. Prevention.
LEZA. E-mail: herminio.sobrinho@gmail.com.
Aline Rocha de Souza, Mariene Auxiliadora de Paula, Hermínio Maurício da Rocha Sobrinho
1 Introdução 2 Métodos
A estria atrófica cutânea ou striae distensae é uma Realizou-se uma revisão bibliográfica nas bases
afecção bastante comum em gestantes, sendo causa fre- de dados eletrônicas: PubMed (MEDLINE) e SciELO. A
quente de procura por consultas dermatológicas. Mesmo busca das publicações foi realizada no período de março a
que não represente qualquer risco à saúde física, produz outubro do ano de 2015, em língua inglesa e portuguesa,
impacto emocional e leva à busca por tratamentos que, com o uso de termos e palavras-chave em combinações
geralmente, são inadequados ou ineficazes (ELSAIE; extraídos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS):
BAUMANN; ELSAAIEE, 2009). O aspecto estético das Estrias de distensão AND gestação OR tratamento / Striae
lesões cutâneas, especialmente quando estas se tornam distensae AND pregnancy OR treatment / Estrias de disten-
desfigurantes, constitui uma grande preocupação para são AND fisiopatologia / stretch marks AND pathophysio-
a maioria das mulheres, podendo ocasionar sofrimento logy; Estrias de distensão AND prevenção OR tratamento/
emocional/psicológico, afetando a sua qualidade de vida Striae distensae AND prevention OR treatment. Foram se-
(ATWAL et al., 2006; KORGAVKAR; WANG, 2015). As lecionadas publicações dos últimos quatorze anos (2001
estrias cutâneas de distensão que surgem durante a ges- a 2015), de acordo com a sua relação com os objetivos do
tação são denominadas estrias gravídicas (striae gravida- estudo, relevância e atualidade.
rum) e afetam cerca de 90% das gestantes (CHANG et al.,
2004; SALTER et al., 2006). 3 Etiopatogenia das estrias de distensão cutâ-
Estrias de distensão (striae distensae) são lesões nea
cutâneas lineares, atróficas, bem definidas e consequen-
tes a alguma alteração do tecido conjuntivo. A direção Atualmente, admite-se que sua etiopatogenia é
das estrias corresponde, de maneira geral, às linhas de multifatorial, englobando aspectos mecânicos, bioquí-
clivagem ou tensão cutânea. As alterações morfológicas micos e genéticos. No entanto, considerando-se a mul-
teciduais sugerem perda da capacidade de síntese de pro- tiplicidade de fatores envolvidos, a literatura é divergen-
teínas estruturais do tecido conjuntivo em determinadas te e inconclusiva (CHANG; AGREDANO; KIMBALL,
áreas corporais que sofreram distensão da pele (MAIA et 2004). Acredita-se que a combinação de estiramento me-
al., 2010). Acredita-se que as estrias cutâneas são decor- cânico da pele, fatores genéticos, alterações endócrinas e
rentes de uma condição de estiramento ou distensão da eventualmente a secreção do hormônio relaxina durante
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pele, com perda ou ruptura das fibras elásticas na região a gravidez, isolados ou associados, tem papel significante
acometida (MAIA et al., 2010). nas mulheres grávidas (CHANG; AGREDANO; KIM-
Estrias cutâneas constituem um achado fisioló- BALL, 2004; SCHWINGEL et al., 2000). Esses fatores po-
gico comum acometendo grande proporção das mu- dem estar ligados a alguma predisposição constitucional,
lheres grávidas, em intensidade e extensão variáveis, às ao ganho de peso e à faixa etária da gestante (ADDOR et
vezes desfigurantes. A ocorrência de estrias cutâneas al., 2010).
na gestação é um fenômeno multifatorial, ligado pos- O número de lesões assim como seu comprimen-
sivelmente a alguma predisposição constitucional, ao to e largura podem variar entre as pacientes e de acordo
ganho de peso e à faixa etária da gestante (ADDOR et com a quantidade de gestações. Na fase inicial, é comum
al., 2010). o relato de prurido local, possivelmente relacionado a
O presente trabalho faz uma abordagem dos prin- uma inflamação dérmica (ADDOR et al., 2010).
cipais fatores associados com o aparecimento das estrias Estrias de distensão podem ocorrer em qualquer
de distensão, especialmente durante a gestação, descre- indivíduo em situação de estiramento cutâneo, ganho de
ve as suas principais alterações fisiopatológicas, sugere peso, exercícios com aumento rápido de volume muscular,
orientações gerais sobre a prevenção do desenvolvimento uso de corticosteróides, sendo, também, bastante comum
de novas estrias cutâneas e, ainda, apresenta tratamentos durante a gestação (YOSIPOVITCH; DEVORE; DAWN,
estéticos empregados para a redução da gravidade de es- 2007). Segundo Addor e colaboradores (2012), o apareci-
trias recentes e para a melhora da aparência estética do mento de estrias na gestação está relacionado à ruptura de
42 local afetado. fibras colágenas e elásticas do tecido conjuntivo da derme,
Gestação e predisposição ao aparecimento de estrias cutâneas
devido à distensão da pele. Estruturas da matriz extrace- gundo e terceiro trimestre de gestação (CHANG; AGRE-
lular da derme, tais como as fibras elásticas, colágenas e fi- DANO; KIMBALL, 2004; SALTER et al., 2006). As es-
bronectina, que promovem a distensão da pele se rompem trias cutâneas de distensão também são muito frequentes
causando o aparecimento de estrias, podendo comprome- em adolescentes após a puberdade (CHO et al., 2006).
ter as propriedades biomecânicas da pele, como a firmeza Estudo realizado por Wahman, Finan e Emerson (2000)
e elasticidade. A gestação parece propiciar a modificação verificou-se que 53,7% das 168 pacientes gestantes par-
desses parâmetros, com a finalidade de facilitar a distensão ticipantes do estudo apresentavam estrias de distensão,
da pele, gerando, portanto, correlação entre esses parâme- sendo a média de idade das pacientes de 27 anos (16 a 42
tros e a possibilidade de formação de estrias durante a gra- anos de idade).
videz (ADDOR et al., 2014).
Figura 1 - Ilustração esquematizando o processo de patogenia das
Os fatores genéticos estão associados com o sur- estrias de distensão em humanos.
gimento das estrias, visto que algumas doenças do tecido
conjuntivo monogênicas, incluindo a síndrome de Mar-
fan e Aracnodactilia contratural congênitas, são conheci-
das por serem associadas com as estrias. Essas síndromes
são causadas por mutações nos genes que codificam pro-
teínas da matriz extracelular (Fibrilina-1 e Fibrilina-2),
que são parte de microfibrilas elásticas presentes na pele
e outros tecidos (MILEWICZ; URBÁN; BOYD, 2000;
TUNG et al., 2013). Estudo de polimorfismo gênico (sin-
gle-nucleotide polymorphisms–SNPs) em indivíduos eu-
ropeus tem demonstrado a presença de polimorfismo na
região rs7787362 do cromossomo 7, no gene da elastina
(ELN) em gestantes apresentando estrias de distensão.
A mutação nesse gene pode induzir produção de fibras
elásticas imaturas que não conferem firmeza e adequada
elasticidade para e pele, ocasionando, também, flacidez
cutânea e até alterações da musculatura da parede da ar-
população em geral (TUNG et al., 2013). Estrias cutâneas podem ocorrer na adolescência,
Estrias de distensão também são descritas em gravidez e obesidade. A prevalência é diversa entre esses
gêmeos monozigóticos, em uma forma familiar e na grupos com variações de 43% a 88% e de 6% a 86%, em
síndrome de Marfan, indicando uma predisposição ge- mulheres e adolescentes grávidas. Entre mulheres obe-
nética importante. Avaliação histopatológica de biópsias sas, a prevalência relatada é de aproximadamente 43%
comprova alterações nas taxas de migração e proliferação (WAHMAN; FINAN; EMERSON, 2000).
mais lentas em fibroblastos de pacientes com estrias de Estudos avaliando indivíduos portadores de estrias
distensão (AL-HINDANI et al., 2014). A figura 1 esque- de distensão de regiões geográficas diferentes demonstra-
matiza o processo etiopatogênico das estrias de distensão ram semelhanças micro e macroscópicas nas lesões. Um
em humanos. estudo realizado por Elbuluk, Kang e Hamilton (2009)
avaliando-se 48 mulheres americanas demonstrou que,
4 Epidemiologia clinicamente, as mulheres afro-americanas foram mais
severamente afetadas pelas estrias de distensão do que as
As estrias gravídicas (striae gravidarum) afetam mulheres caucasianas, da mesma região geográfica, suge-
cerca de 90% das mulheres, principalmente durante o se- rindo que a predisposição genética pode influenciar no 43
Aline Rocha de Souza, Mariene Auxiliadora de Paula, Hermínio Maurício da Rocha Sobrinho
processo de resistência cutânea ao rompimento de fibras de laceração vaginal no parto. Em estudo observacional
proteicas elásticas e reconstrução tissular. Alguns pesqui- prospectivo com 168 gestantes submetidas ao parto vagi-
sadores acreditam que outros fatores além da raça, como nal de bebês acima de 2,0 kg, observou que a presença de
o sobrepeso, obesidade e tabagismo contribuam para o estrias abdominais foi estatisticamente significante como
surgimento das estrias (AL-HINDANI et al., 2014). fator preditivo de lacerações vaginais durante o trabalho
Aproximadamente 80% das mulheres com es- de parto (p= 0,00002).
trias preexistentes são mais suscetíveis ao agravamento Salter et al. (2006) relacionam estrias cutâneas
do quadro durante a gestação e percebe-se que as estrias como fator de risco para desenvolvimento de relaxamen-
de distensão surgem ou agravam-se durante o segundo e to (prolapso) pélvico posteriormente. Observou num
terceiro trimestres da gestação, sendo mais comuns em grupo de 116 pacientes, prevalência de 54,7% de estrias
primigestas, embora possam surgir pela primeira vez em nas pacientes com prolapso uterino e apenas 25% naque-
gestações subsequentes (KROUMPOUZOS; COHEN, las sem prolapso.
2001; CHANG et al., 2004). Devido à capacidade constitucional do alonga-
Cho e colaboradores (2006) estudaram 157 pacien- mento da pele, mulheres mais jovens tem maior propen-
tes adolescentes e jovens Coreanas, na faixa etária entre 15 são ao aparecimento das estrias de distensão. A idade
e 27 anos, observaram uma alta prevalência de estrias de gestacional, o ganho de peso durante a gravidez e o po-
distensão (83,4%) no seu grupo de estudo, sendo 77,1% lidrâmnio, são fatores que apoiam a teoria que as estrias
das pacientes do sexo feminino apresentavam essa afecção. durante a gravidez estão relacionadas com o desenvolvi-
mento da gestação (AL-HINDANI et al., 2014).
5 Fatores de risco para o surgimento de estrias
de distensão em gestantes 6 Tipos de estrias cutâneas
Thomas e Liston (2004) estudaram 128 primi- Estrias cutâneas caracterizam-se clinicamente
gestas e observaram que os fatores mais relacionados pela morfologia, em geral linear, aspecto atrófico, superfí-
ao aparecimento de estrias eram idade, índice de massa cie que pode ser discretamente enrugada, com pequenas
corpórea (IMC) e peso do recém-nascido. Utilizando o rugas transversais ao seu maior eixo, que desaparecem a
método de Davey para quantificar as estrias, notaram que tração. Inicialmente, são eritematosas ou mesmo violá-
37% não apresentavam estrias de distensão, 23% tinham ceas, após alguns meses adquirem uma tonalidade bran-
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das estrias gravídicas ocorre 50% no abdome, 20% nas trias e o excesso de peso dos bebes e das mães. Mesmo
coxas e glúteos, 10% nas mamas e nos flancos 4% (SAL- sem involução completa, as estrias podem melhorar mui-
TER; KIMBALL, 2006). to ao final da gravidez, passando, também, a apresentar
As regiões anatômicas afetadas variam de acor- seu aspecto branco-nacarado mais tênue (ALVES; NO-
do com o sexo e idade. Entre adolescentes, aproximada- GUEIRA; VARELLA, 2005).
mente 40% dos indivíduos do gênero masculino e 70% Estrias formadas no decurso de mudanças fisio-
do gênero feminino são afetados. Em adolescentes mas- lógicas têm um padrão relacionado a um maior acúmulo
culinos, a região lombar e joelhos são geralmente mais de adipócitos (padrão ginóide), o que justificaria a maior
afetados enquanto, em indivíduos do sexo feminino, as prevalência no sexo feminino. Estrogênios causam eleva-
coxas e panturrilhas são mais frequentemente envolvidas. ção da taxa de ácido hialurônico e de sulfato de condroi-
Durante a gravidez, o abdômen e seios são locais comuns tina, assim como corticóides fluorados os quais podem
(AL-HINDANI et al., 2014). É importante identificar as contribuir para o surgimento de estrias de distensão. Al-
regiões acometidas, pois a localização está relacionada terações da pressão intradérmica tornam a pele mais sus-
com o fator causador. Por exemplo, gestantes apresentam cetível a trações cutâneas (KEDE; SABATOVICH, 2009).
estrias mais comumente no abdome e mamas, adolescen- No início do desenvolvimento das estrias cutâ-
tes podem apresentar lesões lombo-sacra em decorrência neas, ocorre um processo inflamatório que pode ser
do crescimento (AL-HINDANI et al., 2014). intenso, com células mononucleares e predominante-
Clinicamente, as estrias são lesões lineares ou fusi- mente perivascular. A derme pode apresentar-se edema-
formes de comprimento e largura variáveis com localiza- tosa provavelmente devido à ativação e ao aumento da
ção dependente da circunstância em que se desenvolvem. permeabilidade de vasos capilares sanguíneos. Recente-
Apresentam predomínio em abdome e mama quanto às mente, verificou-se que as alterações iniciais se estendem
estrias gravídicas, e, em braços e axilas, quando associa- por até 3 cm além da borda da estria, ocorrendo elastó-
das às mudanças de peso. As lesões geralmente são as- lise e degranulação de mastócitos, seguidas de afluxo de
sintomáticas e seguem as linhas de clivagem. São sempre macrófagos em torno das fibras elásticas fragmentadas.
transversais à direção de maior tensão: quando a tensão Nas fases mais tardias, a epiderme encontra-se atrófica e
maior é aplicada horizontalmente, a estria surge na dire- aplainada, e, na derme, as fibras elásticas estão bastante
ção vertical e vice-versa. Podem apresentar queimação e alteradas e as colágenas dispõem-se em feixes paralelos
prurido discretos, mas a principal preocupação é estética à superfície na direção da presumida força de distensão.
com a evolução (striae albae). Portanto, ao passar do tem- VOLPINE, 2012). Não existe um tratamento padronizado
po, elas ficam mais velhas (mais tecido fibroso) e mais di- para estrias cutâneas. Em diversos tratamentos os resulta-
fíceis de serem tratadas em relação à fase inicial. A colo- dos não demonstram alta eficácia. A maioria dos estudos
ração das estrias depende da combinação do componente publicados são trabalhos envolvendo o laser ou novas tec-
microvascular, do tamanho e da atividade dos melanó- nologias de elevado custo, outros envolvem combinações
citos. A aparência clínica é influenciada pelo fototipo da de tratamentos tópicos aliados a procedimentos estéticos
pessoa. Em indivíduos de pele escura, essa dupla percep- (HERNANDEZ; COLOMBO; VALENCIA, 2002; AL-
ção pode ser modificada, uma vez que os olhos humanos -HIMDANI et al., 2014).
detectam a diferença de cor entre as estrias distensíveis e a
pele ao redor. As estrias podem ser: eritematosas (rubras), 9.1 Cuidados prévios para o tratamento de estrias
azuladas (cerúlea), brancas (albas) e enegrecidas (nigra). em gestantes
Em indivíduos brancos, as estrias se iniciam como lesões Durante a gestação, há restrição da maior parte
eritematosas ou rosadas de superfície lisa e tensa e grada- dos tratamentos envolvendo altas tecnologias estéticas
tivamente perdem a pigmentação tornando-se atróficas e (fototerapias, radiofrequência, carboxiterapia, intra-
brancas. As cerúleas aparecem em indivíduos que usaram dermoterapia e tratamentos químicos) (ELSAIE; BAU-
corticóides por tempo prolongado e as nigras em pacien- MANN, ELSAAIEE, 2009; ADDOR et al., 2012; CRO-
tes de fototipos IV e V. Nesse caso, a coloração parece ser CO; MANTOVANI; VOLPINE, 2012). A indicação do
controlada por processo mecanológico que ativa ou inibe tratamento para cada caso, geralmente, é definida pelo
a melanogênese em pessoas negras (SATO et al., 2009). médico dermatologista, de acordo com as características
O surgimento das estrias de distensão é mais co- clínicas das lesões cutâneas, antecedentes fisiopatológicos
mum no abdome, mas podem ocorrer, também, nas ma- e outras condições clínicas (CROCO; MANTOVANI;
mas, axilas, glúteos, área inguial e coxas (AL-HINDANI VOLPINE, 2012).
et al., 2014). São mais prevalentes em mulheres multípa- Antes de iniciar os protocolos de tratamento para
ras do que em primíparas (KEDE; SABATOVICH, 2009). estrias, deve ser realizada uma minuciosa anamnese e exa-
me clínico da pele, verificando-se a localização das estrias
9 Cuidados e possibilidades de tratamentos e sua gravidade, bem como outras alterações cutâneas. Os
para estrias cutâneas tratamentos geralmente são combinados, incluindo subs-
tâncias de uso tópico, peelings, cosméticos, massagens
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estrias e a perda de peso, em relação ao tipo de programa to não há uma evidência significativa para a prevenção
instituído (SCHWINGEL et al., 2003). do aparecimento dessas estrias, mas podem pelo menos
Entretanto, uma boa maneira de prevenir a forma- melhorar a aparência destas quando se desenvolvem em
ção de estrias é controlando o aumento de peso, ou seja, alguma região corporal. O autor destaca que o resultado
não aumentando mais do que o necessário, uma vez que do tratamento tópico depende do tipo de estria cutânea
o peso em excesso provoca uma maior distensão dos teci- (ex.: rubra, alba, nigra) e das características da pele do
dos (ADDOR et al., 2010). indivíduo (fototipo, espessura e flacidez).
Os tratamentos visam, principalmente, melhorar Apesar dos tratamentos existentes para estrias não
o aspecto das lesões, estimulando a formação de fibras serem completamente eficazes na eliminação destas, a
colágenas e elásticas subjacentes e tornando-as mais se- maioria dos tratamentos, incluindo os tópicos e os estéti-
melhantes à pele ao redor. cos usando a eletroterapia (ex.: laser terapia) conseguem
9.2.2 Substâncias de uso tópico estimular a produção de colágeno e fibras reticulares, e
Durante a gravidez, ocorre um aumento da absor- melhorar a aparência das estrias, alguns também conse-
ção de substâncias aplicadas na pele, devido ao aumento guem estimular o aumento das fibras elásticas (ELSAIE;
de fluxo sanguíneo em diferentes regiões da pele. Outra BAUMANN; ELSAAIEE, 2009).
alteração é o aumento da área do compartimento extra- Diversos tipos de fármacos, ácidos e outras subs-
celular, levando ao aumento da hidratação da pele. A tâncias químicas podem ser incorporados em cremes
camada córnea diminui a absorção de substâncias lipos- hidratantes para uso tópico cutâneo, tais como: ácido
solúveis e aumenta a absorção de drogas hidrossolúveis. hialurônico ou centella asiática, tretinoína 0,1% (ácido
Na gravidez a utilização de hidratantes é importante, pois retinóico), bem como ácido glicólico a 20% associado
parte da elasticidade da pele é dada pela quantidade de a 0,05% tretinoína ou a 10% de ácido L-ascórbico, po-
água no extrato córneo, acredita-se que essas substâncias dem ser utilizados durante a fase inicial das estrias de
possam atuar na prevenção da formação de estrias de dis- distensão (striae rubra) e têm demonstrado melhora na
tensão (KEDE; SABATOVICH, 2009; MAIA et al., 2010; aparência das estrias de distensão devido a sua capaci-
ADDOR et al., 2012). Há casos de gestantes se queixarem dade de estimular a síntese de colágeno e fibras elásticas
de prurido e ressecamento cutâneo em algumas regiões pelos fibroblastos. Resultados são percebidos geralmente,
corporais com estrias, por isso é importante manter a hi- em média, após 2 meses de tratamento (ELSAIE; BAU-
dratação da pele para minimizar a sensação desagradável, MANN; ELSAAIEE, 2009; AL-HINDANI et al., 2014).
1 vez por dia em 24 semanas. Biópsias e duas avaliações é feita ao longo de toda a estria, com agulhas finíssimas,
objetivas demonstraram uma redução estatisticamente melhorando a circulação local e a produção de proteínas
significativa no tamanho e largura da estria de distensão da pele. São necessárias várias sessões e a aplicação pode
(14% e 8%), respectivamente. Após 6 meses de tratamen- ser dolorosa (KEDE; SABATOVICH, 2009; ELSAIE;
to com tretinoína, 80% dos pacientes apresentaram me- BAUMANN; ELSAAIEE, 2009).
lhoras acentuadas definitivas em comparação a 8% no A ação física da punctura associada à ação farma-
grupo tratado com veículo (RANGEL et al., 2001). cológica das substâncias utilizadas têm como objetivo a
Existem vários tratamentos disponíveis contra regeneração tissular. As técnicas mais utilizadas para as
as estrias de distensão, mas os resultados são superiores estrias são: Multi puntual: injeta-se ponto a ponto em
quando se combina mais de um tratamento, como o tó- toda a estria, estimulando por ação física, microcicatriza-
pico associado a procedimentos estéticos empregando ções e os fibroblastos, assim como pela ação farmacológi-
fototerapias, eletroterapias, carboxiterapia, entre outros. ca de ativos cosméticos utilizados (CROCCO; MANTO-
Uma exceção seria alguns casos de estrias recentes (rosa- VANI; VOLPINE, 2012).
das ou rubras), quando o uso de apenas uma técnica pode Retroinjeção: injeta-se a solução numa angula-
ser bem eficaz (ELSAIE; BAUMANN; ELSAAIEE, 2009; ção de 30° ao longo da estria. Nas duas técnicas, deve-se
CROCCO; MANTOVANI; VOLPINE, 2012). injetar um determinado volume suficiente para o preen-
9.2.3 Peelings chimento da estria. Durante o tratamento, pode variar
A literatura carece de informações sobre o uso de os fármacos utilizados em cada sessão de acordo com a
peelings como o de ácido retinóico no tratamento de es- resposta individual de cada paciente (KEDE; SABATO-
trias, apesar de seu uso como tratamento adjuvante ser VICH, 2009).
muito difundido na prática do dermatologista e para o 9.3.3 Pulsed dye laser (PDL)
tratamento de outras dermatoses. O Pulsed Dye Laser (PDL) vem sendo utilizado
Dentre as principais terapias estéticas utilizadas para o tratamento das estrias desde 1996. Especificamente
no tratamento das estrias de distensão, convém ressaltar as estrias eritematosas têm um componente vascular que
as relacionadas logo abaixo. permite uma razoável resposta ao tratamento com esse
laser. As estrias tendem a clarear o mais próximo possível
9.3 Tecnologias estéticas ao tom da pele normal ao redor e ao seu desaparecimen-
9.3.1 Radiofrequência to devido à luz amarelada emitida que estimula a produ-
Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, v. 14, n. 1, p. 41-52, jan./jun. 2016
Essa tecnologia produz calor pela rotação de dipo- ção de colágeno e a restauração da coloração normal da
los que sua aplicação proporciona que pode chegar a 65 pele. O tratamento é realizado a cada oito semanas, sen-
ºC na derme (SUH et al., 2007). Esse aumento de tempe- do necessárias em média três a quatro sessões (ELSAIE;
ratura estimula a neocolagênese, provocando a reorgani- BAUMANN; ELSAAIEE, 2009). O resultado é satisfató-
zação do colágeno. A técnica é efetiva e não invasiva. No rio após seis meses. O desconforto com o tratamento é
tratamento de estrias, essa técnica pode ser utilizada em mínimo e a maioria dos pacientes apresenta melhoras de
associação com o laser de 585 nm (Pulsed dye laser- PDL) 30 a 70 % (CROCCO; MANTOVANI; VOLPINE, 2012).
demonstrando alta eficácia (SUH et al., 2007). Estudo 9.3.4 Copper bromide laser
realizado por Crocco e colaboradores (2012) demons- É um laser não ablativo de luz infravermelha com
trou que após uma seção de radiofrequência seguida de aparelho integrado de resfriamento, que age por meio de
três sessões de laser PDL realizadas em nove pacientes, um dano controlado térmico e subsequente produção de
demonstrou aumento das fibras colágenas em seis delas, colágeno e remodelamento da matriz extracelular, pre-
com aumento de fibras elásticas verificado na análise his- servando a epiderme, resultando em melhora clínica de
tológica das clientes (CROCCO; MANTOVANI; VOLPI- cicatrizes (LONGO et al., 2003; CROCO; MANTOVANI;
NE, 2012). VOLPINE, 2012;).
9.3.2 Intradermoterapia 9.3.5 Luz intensa pulsada
Consiste na injeção de substâncias, como o ácido É caracterizada por emissão de luz não coeren-
glicólico, ácido tricloroacético, a vitamina C ou outras, te, pulsada de amplo espectro, que varia de luz visível a
48 que estimulam a proliferação celular cutânea. A injeção infravermelho (400-1200 nm). A LIP age nos vasos san-
Gestação e predisposição ao aparecimento de estrias cutâneas
guíneos melhorando o eritema das estrias recentes. As cedimento não invasivo que faz abrasão na pele com a
respostas clínicas e histológicas são devido ao aumento finalidade de remover a camada mais superficial da pele,
moderado da espessura da epiderme e principalmente da proporcionando o estímulo de produção de colágeno e
derme, diminuição do edema, da inflamação e elastóli- elastina, induzindo a renovação da pele estriada e conse-
se, além da melhora qualitativa das fibras colágenas. Pelo quentemente melhorando o aspecto da estria ou até mes-
menos cinco sessões devem ser realizadas em intervalos mo a sua eliminação (RUSENHACK, 2010; FIGUEIRÓ;
de 15 dias e os parâmetros devem ser adotados de acor- FIGUEIRÓ; COELHO, 2008).
do com o fototipo dos pacientes (KEDE; SABATOVICH,
2009; ELSAIE; BAUMANN; ELSAAIEE, 2009). Estudos 9.4 Recomendações de tratamentos estéticos para
têm demonstrado que há substituição da elastólise dér- estrias durante a gestação
mica com neocolagênese melhorando o aspecto de estrias Durante o período gestacional a mulher apresen-
(HERNANDEZ; COLOMBO; VALENCIA, 2002). ta muitas restrições quanto aos tipos de medicamentos
9.3.6 Fotodermólise fracionada e terapias estéticas dos quais pode realizar, várias subs-
O laser fracionado de 1.550 nm constitui uma ex- tâncias químicas podem ser absorvidas pela pele e pre-
celente modalidade de tratamento das estrias tardias. Por judicar o desenvolvimento fetal. Por essa razão, vários
meio da criação de microzonas não contíguas de efeito procedimentos estéticos são proibidos durante a gravidez
térmico na epiderme e derme, com preservação do tecido (FIGUEIRÓ; FIGUEIRÓ; COELHO, 2008; ADDOR et
adjacente, consegue-se um aumento da proliferação epi- al., 2010).
dérmica e uma remodelação do colágeno dérmico, com Alguns procedimentos estéticos podem ser reali-
melhora significativa de uma variedade de cicatrizes. zados por gestantes, sob acompanhamento médico, exi-
Exames histológicos das áreas tratadas apresentam es- gindo-se certa cautela e experiência pelos profissionais
pessamento epidérmico a das fibras colágenas, bem como esteticistas, dentre estes pode-se destacar os seguintes:
deposição de novas fibras elásticas. Algumas sessões são limpeza de pele com produtos hipoalergênicos, hidrata-
necessárias dependendo da largura e extensão das estrias. ção cutânea, cremes hidratantes para a pele, depilação
Em geral, após oito semanas de tratamento, pode ser ob- com cera após o primeiro trimestre da gestação, pee-
servada uma melhora no aspecto das estrias (KEDE; SA- ling de argila ou de cristal com esfoliação cutânea leve,
BATOVICH, 2009; ELSAIE; BAUMANN; ELSAAIEE, microagulhamento (dermaroller), drenagem linfática
2009). manual a partir do segundo trimestre de gestação e mas-
estrias de distensão, a literatura é divergente e ampla ADDOR, F. S. et al. Pregnancy and predisposition to stri-
acerca de seu tratamento. Desse modo, inúmeros tra- ae: correlation with the skin’s biomechanical properties.
tamentos têm sido propostos, não tendo apenas um Surgical and Cosmetical Dermatology, Rio de Janeiro,
consistentemente efetivo, tampouco única modalidade v. 2, n. 4, p. 253-256, out./dez. 2010.
terapêutica isolada.
Os tratamentos atuais não são completamente ADDOR, F. S. et al. Avaliação clínica de uma formulação
eficazes na prevenção ou eliminação completa das es- de uso tópico como auxiliar na prevenção de estrias na
trias corporais, visto que com o passar do tempo estas gestação. Surgical and Cosmetical Dermatology, Rio de
formam tecido fibroso em maior profundidade e de Janeiro, v. 4, n. 4, p. 304-308, out./dez. 2012.
difícil eliminação. Ressalta-se que a intervenção tera-
AL-HIMDANI, S. et al. Striae distensae: a comprehensive
pêutica no início do desenvolvimento das estrias (es-
review and evidence-based evaluation of prophylaxis and
trias rubras) fornece resultados mais eficazes. Diante
treatment. The British Journal of Dermatology, Oxford,
disso é fundamental enfatizar o papel da prevenção,
v. 170, n. 3, p. 527-47, mar. 2014. doi: 10.1111/bjd.12681.
ou seja, evitar o surgimento de novas lesões ou o au-
mento do tamanho e da profundidade das lesões já ALVES, G. F.; NOGUEIRA, L. S. C.; VARELLA, T. C. N.
existentes. Porém, mesmo observando todas as reco- Dermatologia e gestação. Anais Brasileiros de Derma-
mendações, o risco de lesões ainda existe. Entretanto, tologia, Rio de Janeiro, v. 80, n. 2, p. 179-86, 2005. doi:
tomando-se os cuidados profiláticos, com certeza, o 10.1590/S0365-05962005000200009.
número e o tamanho das estrias serão significativa-
mente menores. ATWAL, G. et al. Striae gravidarum in primipar-
As gestantes são restritas à realização de vários ae. The British Journal of Dermatology, Oxford, v.
tratamentos para estrias cutâneas, ressalta-se que os mé- 155, n. 5, p. 965-969, nov. 2006. doi: 10.1111/j.1365-
dicos dermatologistas e o esteta são os profissionais mais 2133.2006.07427.x.
habilitados a fazer as melhores indicações de tratamento
de acordo com o grau das estrias e condições clínicas de BRENNAN, M.; YOUNG, G.; DEVANE, D. Topical
cada paciente. preparations for preventing stretch marks in pregnan-
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