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O amor estalou os dedos

e trincou as taças de vidro,


quebraram-se xícaras, pratos,
se foram talheres pelas janelas
e os gatos miaram assustados.
O amor se escondeu,
revirou os olhos, gozou, traiu,
manchou, revolveu, resvalou-se, reverberou...
O amor mistificou-se na palavra canto.
Foi tocado, dedilhado, composto,
por Chicos, Vinicius e Tons
(Maiores e menores)
poetas grandes, poetas pequenos,
poetas como eu
que se perdem no caos do dia
e quando a lua,
pálida e lânguida (como a vêm os amantes)
desponta no céu
desdobra-se em muitos para
formalizar o poema.
O amor é uma brecha,
quiçá abertura, se não bordado.
O amor, qualquer coisa ainda por dizer,
O amor
que não tem cor
assim como a alma
não tem raça
assim como o ego
não tem sexo.
Ah, o amor...
Fato estreito sangrento de um dia
estreito, estreito o peito
de saudade.

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