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Projeto PDF Corrigido Versão Final
Projeto PDF Corrigido Versão Final
Três de Maio/RS
2023
FERNANDA LUIZA GRÄF SCHAKOFSKI
Três de Maio/RS
2023
SUMÁRIO
1 ELEMENTOS TEXTUAIS
Quando o Estado já não consegue mais garantir uma vida digna e saudável a
uma pessoa acometida por uma doença terminal ou incurável, sem perspectiva de
melhora, é (in)constitucional a repressão ao direito de escolha do paciente a não mais
querer viver sob as condições de dor e sofrimento?
1.4 HIPÓTESES
1.5 OBJETIVOS
critérios utilizados nos países que a descriminalizaram, e de que forma isso poderia
influenciar para que a prática possa ser introduzida no Brasil.
1.6 JUSTIFICATIVA
utilizada por várias civilizações antigas, porém, a nossa legislação atual não confere
esse direito.
O Estado, como garantidor dos direitos fundamentais e sociais previstos na
Constituição Federal, tem o dever de fornecer à população o amparo necessário e
saúde de qualidade, e a medicina não mede esforços para garantir isso. Dito isso,
tem-se como necessária a compreensão da utilização do princípio da dignidade da
pessoa humana, que é um princípio elencado pela carta magna no seu artigo 1º inciso
III, sendo fundamento basilar da República, e o Princípio da autonomia da vontade do
paciente, que é um dos pilares da Bioética.
Por se tratar de um assunto um tanto quanto polêmico, digamos assim, ainda
são poucos os lugares e países do mundo que permitem a prática e que
regulamentaram a eutanásia em seus ordenamentos jurídicos, sendo que a maior
parte destes países situam-se no continente europeu. Atualmente, a morte assistida
é permitida na Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, Canadá e Estados Unidos, nos
estados de Oregon, Washington, Montana, Vermont e Califórnia; e na Colômbia. No
Brasil, em 1996, foi proposto um projeto de lei nº 125/96 no Senado Federal instituindo
a possibilidade de realização de procedimentos de eutanásia no Brasil, porém o
projeto nem chegou a ser colocado em votação.
Nos últimos anos a eutanásia tem sido tema de intensos debates,
principalmente nos países ocidentais. A Revista The Economist (2015, p. 16), de
acordo com a pesquisa realizada com 15 países, apenas dois destes - Polônia e
Rússia – se mostraram em desacordo a eutanásia. Ainda em 2015, outros países
como o Canadá, um dos mais recentes dentre os citados anteriormente, passou a
aderir a prática da eutanásia. Assim, esta prática vem sendo debatida e aceita pela
sociedade de diversos países.
De outro norte, no Brasil, 57% dos entrevistados pelo instituto DataFolha em
uma matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo em 08 de abril de 2007, reprova
a eutanásia, 36% responderam que são a favor da prática, que é considerada crime
no país. Somente 2% dos pesquisados são indiferentes ao tema, enquanto 5% não
souberam responder. Estudos demonstram que a divergência pode estar relacionada
com a forte religiosidade no Brasil.
Sabe-se que, falar em vida, morte e sofrimento humano é sempre um assunto
difícil e complexo, por isso é muito importante trazer essa discussão acerca do tema
para a sociedade, para que todos possam ter conhecimento e também voltar um olhar
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sem julgamentos para quem gostaria de fazer essa escolha. Como já mencionado, a
eutanásia é uma “morte piedosa”, o paciente só irá pedi-la quando sentir que a vida
está impossível de ser tolerada, numa condição insuportável de sofrimento físico e
psíquico, e quando se fala em morrer, nesse caso é estar falando que aquilo ali é o
limite, não sendo possível de aguentar mais. Portanto, o Estado não deve vir a limitar
que o paciente viva em agonia, ao paciente deve ser dado o poder de tomar as
decisões sobre o seu tratamento, assim como decidir a hora de parar e poder dizer
que não quer mais continuar a viver, de forma que para ele tal situação já chegou ao
extremo, não querendo mais submeter-se ao sofrimento até o fim de sua vida.
projetava a ideia de que todos eram iguais em sua natureza e, portanto, todos
mereciam ser tratados de maneira igualitária, com a mesma dignidade.
O termo inicial baseou-se em ideias teológicas e filosóficas antes de ser um
direito constitucional, tendo passado por diversos momentos históricos até chegar à
concepção atual. A dignidade, na antiguidade, era vista como um atributo, dignidade
humana era considerada uma espécie de honraria relacionada à posição social que o
indivíduo ocupava. Com isso, era permitida a quantificação da dignidade entre os
sujeitos, com uma convicção assim fazia com que dignidade não fosse igual para
todos, portanto tornava a justiça desigual também. (WEYNE, 2013).
A concepção de dignidade humana, da forma como conhecemos hoje,
consolidou-se entre os anos de 1939 a 1945. Esta foi uma reação internacional às
atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial, assim, o ideal de igualdade entre
as pessoas começou a tomar força e passou a se consolidar, arrebatando quaisquer
diferenciações feitas em razão de cor, raça, etnia, religião ou sexo. Foi a partir daí que
os documentos nacionais e internacionais passaram a explanar a ideia de dignidade
da pessoa humana. (WEYNE, 2013).
Em âmbito internacional, o documento mais influente conhecido em relação
ao assunto, indubitavelmente, é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10
de dezembro de 1948. (CANOTILHO et al., 2018). A Declaração dos Direitos
Humanos estabelece pela primeira vez a proteção dos direitos humanos em esfera
internacional, pós segunda guerra mundial, como forma de resposta às barbáries
cometidas durante a guerra e o nazismo, promovendo o respeito universal, e em seus
trinta artigos estabelece a igualdade, a dignidade humana, independentemente da
raça, cor, religião, sexo, etnia, posição social, ou qualquer outra condição. Sendo
assim, este documento visa a proteção universal dos indivíduos contra atos que
venham a violar ou atentar contra a dignidade humana. (PIOVESAN, 2018).
Em âmbito nacional, a dignidade da pessoa humana é trazida pela primeira
vez na Constituição Federal de 1988 como um direito fundamental. (WEYNE, 2013).
Com o decorrer do tempo, o conceito de dignidade evoluiu, sendo hoje considerado
um valor proeminente. Assim, Sarlet (2006, p. 46) traz seu conceito a respeito do
princípio da dignidade humana:
A Constituição Federal, no seu artigo 5º, garante que “todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade”. (BRASIL, 1988, p. 1). O direito à vida é o
mais fundamental e precioso de todos os direitos, visto que a partir dele é possível
que se tenham os demais direitos.
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[...] vida, no texto constitucional (art. 5º, caput), não será considerada
no seu sentido biológico de incessante autoatividade funcional,
peculiar à matéria orgânica, mas a sua acepção biográfica mais
compreensiva. Sua riqueza significativa é de difícil apreensão porque
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resultando em amplos debates e divergências. Isso torna desafiador criar uma lei
que seja justa e ética. (DINIZ, 2017).
No Brasil, a eutanásia, embora não seja expressamente tipificada como crime,
é enquadrada como homicídio privilegiado. Sendo assim, dependendo do caso
concreto, poderá ser considerada a redução da sua pena, por relevante valor moral
ou social, previsto no artigo 121, parágrafo 1º do Código Penal. (PADILHA, 2020).
Por fim, a distanásia, dis + thanatos, que significa “morte lenta”, ansiosa e com
muito sofrimento, também é conhecida como obstinação ou futilidade médica.
Caracteriza-se pelo uso de todos os meios terapêuticos disponíveis e invasivos em
um paciente terminal que já não possui mais chance de recuperação ou cura. Essa
abordagem é feita na esperança incerta de prolongar a vida do paciente, embora
resulte em um processo de morte lento e doloroso. (PADILHA, 2020).
Há de se descrever ainda o suicídio assistido, que muitas vezes é confundido
com a eutanásia, a diferença é que o primeiro envolve o paciente tirar a própria vida
com o auxílio de um terceiro ou médico, pois, que intencionalmente fornece as
informações, incluindo a prescrição de medicamentos e orientações sobre doses letais
de fármacos e até mesmo fornecimento dessas drogas, configurando-se pela injeção
de uma única dosagem letal. (DINIZ, 2017).
A grande maioria da sociedade encara a morte como um momento de
sofrimento insuportável e intenso, criando uma significativa resistência em aceitá-la
como parte natural da vida, dificultando a compreensão dessa fase, e transformando-
a em um problema a ser superado. Essa percepção leva a uma busca insaciável por
recursos, métodos e técnicas que possam prolongar a vida, independentemente de
ser sustentada artificialmente ou não. Prolongar a morte de um enfermo que se
encontra em estágio terminal e incurável, além de lhe dar falsas esperanças, o sujeita
a um tormentoso e duradouro sofrimento, configurando um desrespeito a sua própria
dignidade. (BARROSO, 2012).
Ao discutir o direito de morrer com dignidade, não se quer diminuir a
importância do direito à vida no ordenamento jurídico como direito fundamental. As
instâncias onde se busca o exercício desse direito, são aquelas que envolvem
pacientes acometidos por doenças graves ou incuráveis, em fase terminal, que por
consequência, são submetidos a tratamentos que visam prolongar a vida a todo e
qualquer custo, os quais apenas servem para retardar o inevitável fim. (BARROSO,
2012).
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1.8 METODOLOGIA
1.9 CRONOGRAMA
Atividades Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1)Escolha do orientador X
2)Definição do tema X
3)Encontros com orientador X x x
4)Elaboração do projeto de TCC x x
5)Entrega definitiva do projeto x
6)Defesa oral do projeto em banca x
7)Elaboração dos capítulos do TCC x x x x
8)Organização das informações gerais x x x
9)Entrega definitiva do TCC x
10) Defesa oral do TCC em banca x
11)Ajustes das solicitações da banca x
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2 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de Direito Constitucional. 5. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2023.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 12. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 27. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2023.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 39. ed. São Paulo: Atlas, 2023.
MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. 11. ed . São Paulo: Saraiva, 2018.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. São
Paulo: Malheiros, 2003.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo:
Saraiva, 2023.
THE ECONOMIST. Campaigns to let doctors help the suffering and terminally ill
to die are gathering momentum across the West, London: The Economist
Newspaper Limited, v. 415, n. 8.944, June 27th 2015.