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PAGFENIX | RENASCIDA, OBRAS POETICAS Dos melhores Engenhos Portugozes, / DEDICADAS were y \.. Ao ExcrnLEn‘issimo Sen D.JOAO Lg DE ALMEIDA E PORTUGAL, CONDE DE ASSUMAR, DOS CONSELLOS | de Eftado, ¢ Guerra, Gc. Til TOMO. _ Segunda vez impreffo, e accrefcentado POR BE PEREIRA __. DA SYLVA LI S B O A. Na Offic. dos Herd. de ANTONIO PEDROZO GAPRAMs M. DCC. XLVI. acer as licengc+ neceffarias ¢ Privilegea Rta, 4 a NO RIOSAMENTE. decidida fe ve boje aquclia quefads, ~ qe altercagvos. Oruitholygicas ,fo re. sae Gee a ghak a qual das aves fe deva a prima por aquelles dous cordoens de mara- zia; fe & Manucodiata, ou ave devilbofo artificio, que traz, fempre Paraifo, que pela fua fngulavida compigo 3 ¢ defta fingularidade toma- de parece a eflar merecendo ; fe o¥a0 alguns occafiad parva lhe davem Aguia , 4a quem a mela HELUY CZ, of precedencta. O motivo dos OULVOS, poz na cabeca a coroa , como danque @ concederad a Aguia foy 0 ele edolbe a inveftidura daquelle lad vado de feus voos , com que chega a Reyno: porque fe fe attender # juf beber rayo avayo todas asluzes do tica da minba Fenix, fe lhe ha amefmo Sol. Porem nem o fingular de julgar fem davida a pveferencia buma, nem 0 elevado de outra po- pois apparece bojeno Mundo debaiaem competir.com a Fenix , que con- xo da proteccad de Voffa Excellenfagro do preclaro nome deVajfa Ex cia que be prerogativa ta0 grandacellencia, porque Voffa Lxcellencia que vence clavamente a dos feus coma fara melbor do que a Manucodia- trarios. ca nao fo nao fe abater a terva,mas Da Manucodiata dizem os natufubir até-as efirellas ; e melbor do yaes fer de te0 eftranba naturezaque a Aguia mais caudalofanad fo gue em nenbum tempo fe vé na tevra beber., mas efcotar todas as luzes mas fempreno ar; de tal forte, quad as do Sol { porque effas fad mui até quando ba de dovmir, o faito\limitadas) mas as que Volfa Bx~ per dwada dos ramos das arvoreceltencia lhe communicar ad. Nat pe= wes 3 2. pl 90 a co aVoffa Excellencia, que a defen 00s eflraubos , que tiverad a foriu- da contra acalumnia; porque balit na de nos roubarem por algum tem- levar 0 efclarecido de feu nome park po a peffoa de Voffa Excellencia ) ficar ifenta defle geral contagio ; mat como tal efta obvigado de juffica a que fe firva de ibe accrefcentar no proteccad, amparo, € patrocinio da mos creditos com a reconbecer poy nova Fenix Portugueza, que na le muito fua: acveditando os feus An. melbanca comVoffa Excellencia fun- thores tao benemevitos com efta novi da todo o feu direito para confeguir gloria fobve as muitas, que com ge. efta gloria. A Peffoa de V. Excel- yal applaufo tem merecido como lencia garde Deos por dilatados diferetos. E. ficavavcompenfada com Gnnds. efia bonva aquella veprebenfivel in gratidad, que ategora os teve fepul EXCELLENTISSIMO SENHOR. tados nas cinzas do efquecimento. Povém nad entenda Voffa Dae cia, que a proteccad, que folicitos be favor, que pecns pois nad be fe: nao obrigacad , que lembro ; porgqut fendo Vofla Excellencia glortofo Fe- with Portuguez, ( como reconbecen Mathias Pereira da Syloa. navifo efle, mas outros muitos Rey, ° . q : a. * AOS De Voffa Excellencia Humilde ferve AOS LEITORES.. ESTE terceiro Tomo, que he ‘ outro voo da Fenix Renaftida , continuo a fazer publicas 20 Mundo as obras dos grandes, e difcretos Engenhos Portuguezes, a quem 0 def= cnido de tantos annos efcondera entre o filencio, pouco merecido a tad grandes _ partos dos Engenhos mais elevados 5 Mas jd agora dignamente engratideci- | dos, pelas publicas acclamacoens, € ap- plaufo, com que em todas as partes, a ‘que poderaé remontarfe os voos da no- va Fenix, forad recebidas; na6 fendo menor elogioa ancia, com que {a6 pro- curados de todos, para admirar nas fuas regras o elevado do melhor diycurfo, tado rigorofamente 4s efcrupulo.as leys peo: da da Poetica. Nefte Tomo me parece ait) gos dar a luz, que fad baftantes; e por da precifa.a advertencia , que ja foy no mais bem recebidos, que fejao, nunca fegundo, de que nao eftranhe oLeitor ferag baftantemente | engrandecidos , o ver attribuidas algumas obras, a quem! porque vence a todo o louvor a fua fin- naé tinha por feu Author. Porque mul — gularidade. tag eftavad. perfilhadas por quenm lhe nao dera o fer, ou porerro, ow por fur-) to. Podera apontar varios exemplos pas ta fatisfazer ao Leitor, porém baftara por todos dizer, que a Fabula de Poli- femo, que damos nefte Tome com a) ‘nome do celebre facinto Freire de An drade (de quem he fem controverfia ) 4 vimos j4em hum manuferito com 0 no me do nad menos celebre Antonio Bar- pofa Bacellar, o que fem duvida fo erro, Deftes, fizemos, 0 que foy polls vel, por nos livrar , eonferindo os mas nufcrites, que tinhamos; com oS qui muitos curiofos com generofo anima nos offerecerad.. Efta advertencia bafta: rd para focegar alguns genios mais ef crupulofos. O quarto Tomo efté com rente, e fahira brevemente a lograr com os outies os mefmos applanfos; a qué feauirah todos os mais, que determina: ca mos Ly erate ir! % VALE, = ~iobhiehh bSho a Se Outras até p- 96 meses Asse NS sa Be Fabula de Jupiter , ¢ Leda, Romance, p- 97 32 PLP LwiCg eG Se AEIRey D. Affonfo, Remante, Pe T1G. HHaR TETAS Bo Fo AF. desfolbando buma voja,Romance,p.1 03: Reiraie, p- 119: NJ TD x | Ao Marquez de Lithe fugindo do Caj- L 3 tella,, Roimance , p- 118 Reirato, p. 124. DAS OBRAS DESTE TERCEIRO ; # Raiuha de Portugal indo s Salva- Tomo terra, Romance, ' p.128. 2 I _ Abumas mos, Romance, p. 130. t 2 . Ampadario de Cryftal, paeas ain ios , Romance ei om A Santa Ifabel , Cangas , Dili : p. 138. Coimbra chorofa , Cangad » Ps 55< ae BiRey D. Affenfo, Romance, — P» 142. A morte da Princeza de Portugal, | Ao mefino fazendo annos, Romance, p. 150 A ee s Tili p.S4:| Ao Conde de Cajrelmelhor , Romance, Pp. 153- Beene p-64-) Fabala de Jupiter ,e Europa, p.158- Panegyrico a0 Marquez. de Marialva , p. 68. & A Batalha de Elvas, Ro: ST 7O. ‘A Eley D. Affonfo, Decimas, dl atalba de Lelvas, Romante, p.1¥7° | fs barbas do Regimenio do Conde de As Cabos da guerra, Decimas, p. 81 Rebat, Sylva 179. AF. picando-fe com bumavofa, Deci- | Fis Ea : is ae ma, p. 82. eHfLadriyzais varios , até p.21 A ElRey D. Affonso arrebentandolhe Todas eftas obvas (ad do Bahia. hur bacamarte, Detimea , p- 83- Mote glofado em Decimas burlefcas, P- $4. A huss bivado, Decima, 86. Varios Sonetos de Vafconcellos até =p. 267. Glofa a hum Soneto de Gongora, 4 p. 26%. «| Fabule de Nereifode Andrade, | p.?74- Ours * ‘Fubsia SS —e! Ao mefino alfumpto, Soneto, p. 3464 | Farias ootas do mefma Author, até p. 384. Abus Dama fangrada , Romance, Pe 387. “abula de Polifemo do mefiie 4 pi 2930) “Bebe de kre $e SobeS 4 +n Gata Sosnte A hum mofquito do mesmo , pe 3t8e | oF $o-08 2. 0f Jo Gap te 07-46 9656 e Fabula de Polifeno, Romaite, p32 2a DEY PE Ae LEME GAS ENS GS BESS: Sem A movie de b, Sylva. p. 329. Hitt TLICENGAS: DO SANTO OFFICIO. | Retrato , . Pe 3998 Outro Retrato, - ti ps 394. Py Odem reimprimirfe os cinco tomos, _ Anfente fallando com 0 fen {ifpire y Ro- que fe apprefentad, e depois de im= i sa - Pe 396 preffos tornardé conferidos para fe dar | A buns clhos, : p.398- | licenca , que corraé , fem a qual nad cor- Outros Romances a diferentes affumy- | xerd6. Lisboa, 12 de Outubro de 1745. 1 103, p- 4.0L. a Retrato por titnlos, Romance, p: 417+ Fr. R. Alencafive. Sylva. Soares, A huma Dama efer evendo, Romance, p.422. Abreu, Almeida, Trigoz0. Sitio Amore/o, Romance, p. 426+ Outro Romance y Pp. 430. Seguidillas y Pp. 432: Decisis , P: 435: Retrata pes Reynos, Findechas , paid. DO ORDINARIO. Pp Odem-fe reimprimir, ¢ depois tor is E nem para fe dar licenga para corre- i -» gem. Lisboa, 18 de Outubro de 1745. D. 7. A Le ‘oe , F 4 _DpO DESEMBARGO DO PACO. Ue fe poffla tornar a imprimir, | viftas as licencas do Santo Officio, | e Ordinario, € depois de impreflo tor-: nara 4 Mefa para fe conferir, ¢ anes dar licénga para que corra, que fem ella nao-correra:. Lisboa, 20, de 1745+ de Carvalho, Cofia. Fas ae Carvalho. de Outubro” Pag. 3 LAMPADARIO DE OE: MANDOUV A DUOQUEZA de Saboya a Real Mageftade da P. derojiffinsce ‘ Raivha dz Por vagal, [ita itmaa, IDILIO- PANEGYRICO ASUAS ALTEZAS REAES oO PRINCIPE Ae SOP ET) e fua Augufta Conforte ISABEL DE SABOYA, t wn H ORS 0 JERONYMO BAHIA,” . Y D.MARIAFRANGCISCA: | ! | LPE luzido, luminary Hevddds : A Pompa da Regia fala, ne — Thefouro no valor,brinco na gala, Onde 4 materia vafta a futil arte Pazendo illultre exceffo , 4 O preco abate fublimando © prego lid, Part. A Cok 2 LAMP ADAR Gonfufad. porém clara. Da luzida no Ceo, naterra efcura Sciencia , que reparte 10 _ DE CRYSTAL Pa feus robuftos eftrellados hombros ? todo o Ceo tratara com defprezo ; 2 Pois vés te i ndes mais luz, ¢ 0 Ceo mais Fortunaa Venus, e infortunio a Marte; Rica facha pompofa iit 2 i pezo. Porque quando fepara Do cryftallino Ceo Ceo cuja luz mais qu eftrellado ; Aquella ave eating eftrellas clara Voflo puro cryftal, vofla luz pura Nao fey fe verdadei ; Une fazendo proprio o peregrine Aquella ave do Sol, ¢ Sol ee Com eftrellado Ceo Ceo cryftallino. De fer Fenix deixara Se Lampada foberana, S6 por fer borboleta, Digniflima do templo de Diana , E fendo borboleta fer totnara Mas fe nelle tivera Vofla luz fua esféra, om tal exceflo brilha Brilha tad fem exemplo, ie vez ave do mayor Planeta ; _ Pois Fenix entre incendios ta6 foaves; Borboleta entre O i : ré tochas ta6 luzidas 7 _ Com goftos immortaes,perpetuas fortes, Que fora mais eftranha maravilha. | Qual Fenix renovara ind is'¥i 3 A lampada, que 0 templo; Por lograt borboleta He abalke Que fora otemplo, emulacad do pole _— Noéturno Sol fermofo ortes, De Diana por fi, por vos de Apollo. | Acuja luz, mais que 4do bof yaiband ? : Bello farol luzente, Mais'do que objecto, ad <9 cdé da eat hie derreter vangloriofo, miracad da gete, Azas nad {6, mas coracoetis de = G primeiro , o fegundo delinquente Que tendo em Ceo fereno efeuro fado, A corrente, a corrente Com fer filho do Sol he defgragado; | Que aperta, que defata Ham niica encarcerado, e fempre prezo, © Caucafo de ferro, o Pd de prata. Pois vé livre, fogeito | _ Claridade excefiiva, antes immenfa O monte aberto, como aberto 0 pettos By 2 aber! : m luzes rara, porque em luzes denfa, Outro mais frio quando mais gee a liluftre, fingular , prenda admirada, Que ———————— F | Se ical ndeza igna de fi Real gra 5 Pa wi8 Sere bakedor excelfo manda A’ Mageftade mor, amor Altezay Que manda. (Oh fe meu canto Aqui fubifle tanto, Que podeffe paflar da terra ao vento » Do vento a0 Ceo, ilo Ceo a0 Firmametos . E. defde o Firmamento até o Empyrio! ) Que manda a rofa 0 lirio, | Antes o ae A eee s a0 Sol a eftrella, : nae : ie irmaa airmaa mais bella, Efta de Lyfia, aquella de Saboya, ial Que 0 fer irmas he mas nefta,e aoa dy . Doque o fer fermofa, © mals repo 4 Brinco, e Sol, joyay& lirio, eftrella, © rosy Dem os ciines do Tejo, (fa. Do Tejo aonde pulfad de curo as yeas : ‘Mais que as areas finasy E numerofas mais do que as areas, Os cifnes, cujas muticas divinas eg Quanto mais naturaes , mais peregrinas: Invejo 6, mas amo mais que invejO> Oscifnes doce injursa das fereas : Soltando ao veto aveZ,4 prende ao Veto,) o flumpto clare accente Dem a tad claro allump ca DE CRISTAL, es Cantem com verfo digno De celebrar mil Troyas (palma Levando a Efmirna olouro, a Mantua a Eftas aves com alma, Com penna eftes mancebos A hum Ceo, thefouro, prado, Luminofo, magnifico, brincado, Que em corpo cryftallino Oftenta mais que bellas Boninas, mas de joyas, Joyas, porém de eftrellas, Eftrellas, mas de Febos; Porém vencem taes luzes , taes primores Mil foes,milafres,brincos mil,mil flores Ficando locugoens menos condignas, Febos, ¢ eftrellas , joyas, € boninas. Acclame-vos feu ver{o, Que ao tempo humilhe,a fama fe cofagre Nad ultimo milagre do Univerfo, Ultimo na6, mas unico milagre: Chame a voilas columnas radiantes , Onde por toda a parte Oscryttaes fe eftad rindo dos diamantes, Metas da fermofura em mares de arte. Em fim feja coroa de feu canto De Gongora temor, de Lope efpanto— > Voila g LAMPADARIO - Vofla mais que adoCeobella coroa, Porque lograis eftrella tad propicia, | Menofprezo do Sol, Sol de Lisboa: TaG clara, antes tao propria, Coroa fim muy mais que ado Sol bella, | Que fe naé fois feitico, fois caricia Bem que juntando aquella Do foberano par, da Augufta copia Entre Auroras da terra, edo Ceo Mayos | DoFrancez Polyarcho,e clara Argenis, As boninas, que teve, os que tem Fayos, Par fim,mas Sol, fim copia, porém Fenix, Formafle claramente confundindo | Onde com mil efmaltes Jove amigo Com 6 bello do Ceo da terra 0 lindos | Juntouemdigno corpo alma mais dina, Formafle, digo, entre jardins, € esféras | Como em fino metal pedra mais fina, De flores Ceos, ¢ de aftros primaveras. — Antes em bello corpoalma mais bella, Mas eu G, bem q abforto de Morpheo, | Bécomo emclaroCeo mais clara eftrella Nem ainda fonhando Que deambos fexos cofeguindo a palma Bebi da tantas vezes clara fonte , | Aquelle Semi-Deos, efta Heroina, Que ferve fria, que fe ri.chorofa _ Corpo de Adonis tem, de Alcides alma, No monte feyo, no fermofo monte, _ Alma de Pallas, corpo de Erycina, ‘Aos ouvidos fermofo, aos olhos feo, » | Onde com mil finezas nad comniuas Eu que nunca tirey do cryftal brando — Ocego perlpicaz, o Infante antigo Com fede generola, _ | Ondividio huma alma,oujuntou duas:_ Ou por dar gloria, ou pot fazer injutia | Da copia, do par digo, : Ao Mondega, ao Letheo A cuja fempre igual ferenidade Em liguido calor difereta furia y | Humilde, bem que ufana a regalia, Para mayor efpirito deixando UDfana, bem que humilde a Mageftade, Vofla eftupenda traca, | Augerogava, exaltacad pedia, Eftranha fermofura, Por final,que Ihe dé quanto Ihe pede, Encantadora graga, Quando Iho nad concede, Vos celebro a ventura, oe Pois feu prego fubindo em feu defprezo, : Porqueys™ * Mais “DE CRYST AL. i ; PADARIO ) \ DE CRISTAL. ul Mais rave faz sdando pezaropezo' ‘Da flor, da luz, mas outra vez fe calle. Ao fublime Diadema, H DeClio, ede Thalia - FE faz mais viva a cor dobrando o pej9’ ~ Ovalente clarim, lyta mimofa, A purpura fuprema, _ Poisa Cefarea, antes celefte Efpofa, Com que o pallido fattre o luftre accefo Pofto que he flor de Lis, antes de Lyfia, Da purpura Real, do metallouro,, | Pofto que luz he Lula, antes Elyfia, Aquella de Sidonia, efte do Tejo Nao he fo flor, he toda a primavera, i al " Jad 5 : Vad: le Mais purpura medio, pezou mais ouro. Nad he fémente luz, he toda a estéra. Se quado aos dous defpreza, aos dous{u- Oh mil vezes cryftal affortunado, ACeo tad alto,aitad lozidaesféra,(blima Alpe luzido, luminar nevado! O’ que fizera, fe fizera eftima | Vésda Alteza sloriofa ‘Antes que {ea fizera, n20 fizera! Pedro Segundo, e fem fegundo Pedro, . ro = : = = se Mas por nad fer {obejo A qué he breve o miido,a fama he breve, €m dous nomes recolho Quanto em mil epitetos defperdige Reoetir pois a ‘ y rorerla Ricca le nad fois Feitigo, Tributa Clio os meus , bem q thos deve, Ede huma, e de outra Alteza Verfos de Taffo em paginas de cedro, Ho Principe mayor, mayor Princezay — A cujos fimulacros he fuccinto, De Pedro, e de Maria, 2 i Quanto Faro lavrou , fundio Corinthe, Do Mavorte, do Jove, mas nae falle Vos deite pois mais.do G Augufto augul- De Thalia, e de Clio io" _ Com rara eftimagad,com favor jufto, (to O doce accento, o retumbante brio, | Com ventura em cryftal nfica mais V ilta, Pais he benigno mais,pols he mais forte; Oagrado mereceis, lograis a vita. Que Jove Pedro ; Pedro que phe Oh mil yezes.cryftal atfortunado ,. Alpe Be que hii dobrado, e G outra mentiroia, | Mentirola?poisnad:mas comozeu minto, S6 porgue digo menes que a verdade, A cuja heroicidade Hl! ; LAMPADARIO / _ DE CRYST AL. Alpe luzido, laminar nevado! Quea nad ve »qanad acha.o Ceo, eater- ‘Vés da mais chara Efpofa, _— Onfon hé Univerfo, oun ha fodia (ra, Mais linda Ignez do mais amante Pedro, © Monarchia tad vatta, vomies Que'a neve, rola, melhor rofa, neve, | Que como publicando lhe nao bafta De envergonhada 12, ja de medrofa Vencer ao Mundo, a fama detatia, ES Deixa o fangue gelado, © gelg tinto, Pois fe nas partes quatro a Pedro accla- Guja grace e cedendo a Mageftade: "J # Monarchia chega aonde a fama, (ma, Fouls a divindade, _ Porém nad,.chega la, bem que porfia, A cujos foes azues Urania efcreve ate a fama, com feu nome ken fegundo, Verfos dignos do Geo, nad (6 do cedro, | pilebe ao Ceo,depois qoceupa o, Mado. Para quem finto breve, € largofinto | M fe dette, cujo grato, e grave afpetto De Juno o{ceptro, ¢ de Acidaliao cintot ae bafta graga, e rigor brando, és dacopia Real, do par Auguito | onde o mefmo.mando fe efta rindo, Com rara etimacad , com favor jufto, = penile o.mefino rifo eft mandando 5 Com venturaem cryftal nunca mais vita’ E.refpeito no mar introduzindo, © agrado metecels , loprais a wilta. pane amor nome(peita aconfelhando, Oh mil vezes cry fal afforeanado, ate ho-coragad, cria No peito he iazido , laminar gevado! (gio, Entre imperfeito medo amor perfeito, VosdeD. Pedroo Principe, © prodigy Sim amor,mas grave,medo fim,mas leve, Que no Americo Mido , 10 Ceo Punicoy, sa medo heide fogo, o amor de neve. No Gangetico polo, ¢ orbe Hefpetio | é ues delle; em cuja dextra agigantada Nad efampando o pé proutro.veltigio | an ontante na6 chegaa fer efpada,__ Soube formar fem ter coroa Imperio, | =o48 a efpada menor em qualquer rifco TE com fegundo fer toube fer anico. | | Palla de fer efpada afer corifco, Vos delte, cuia vata Monacchia = Por final, que fazendo.a mar ruina Panto mar prende,, tanto Mado enceftay Mais de huma vez fe oftenta colubrina, RT Porque Qué ‘5 13 a4 LAMP AD ARIO : DE ERTST AL. is Porque caufando.o mais mortal defmayo | Que parece emprendia6 mover guerra, Do ferro 0 fogo fahe, do fogo 0 rayo- Como ao Polo contrario,4 propria terra, Vés defte, que fem ferro, que fem itay Pois ja por inconftantes,, ja por altos Se contendera he certo, que opprimira, Leyarad nefta, aquella, eftoutra ferra Mas opprimira tem gue contendera Precipicios 4 terra, a0 Polo-affaltos, ‘No valto Herilo, a Geriad disforme 4 Sentirad dobre as frontes Disforme cm corpo como vafttoem alma, Por fua confufod, por gloria nofla Pois triforme alma tem, corpotriforme, | Da defmedida lanca a entena grofla, FE cada qual nadfo perdera a palma, Abyfmados {émente do ameago Mas ainda perdera 107 Do facanhofo fulminante brago, / Morrédo aquelle, eftoutro,e fem feriila Os vira 0 Mundo entre ruinofos males, Geriad tres corpos , almas tres Herilo, — Bem quenafceraé montes,morrer valles. Efe nas valentias (e provara ; Vos defte, com quem tanto fe recrea Ned digo cétra os Scevas,cotraos Cides; A candidayincorrupta, igual Aftréa , Mas contra o mefmo Atlante hébro pot’ Heftejando:o governo, Sem duvida ficara (hombro Que poftoque foy guerra vitoriofa;" Do Polo Atlante, antes de Atlante’ Alci- Sobre guerra fer jufta ,: i de Alcides affombro , (des, Entronizando a paz, abate a guerra, Porque mais facilmente levantata Recrea-fe pois tanto, De Alcides mil hum Pedro f5 trofeos; | Que:efquecida do pranto Do gue hum Alcides f6.demibPigmeosy Se ja fubio-queixofa Se os facrilegos mont” queArrogante’y Daterra ao Ceo, por ver a terra inferno, }azendo invafoens mais do q horizontes” Hoje defce goftola | ‘Hum tempo forao montes dosGigantes) Por vera terra Ceo do Ceo 4 terra, ' F Gigantes agora {as dos montes, a mad, aque Marte a lanca fia; Se Clympo, Pelio,¢ Offa -. Riva balanga, que na mad famof 2) Qn O pre- Se ———_ ——— ——— > = F 16 LAMPADARIO DE CRYSTAL. 1 - O premio ao,bem, a pena ao maliguala; Dar temor tato ao Mfido,a0 Poloaballo, ‘Da forte que fe ajufta me pareca romper alto, e profundo O luto com a gala, rovad a0 Polo, e terremoto ao Mundo, Da noite horrivel, do agradavel dia, Vos do charo Senhor,do Heroe.claroy | Naquelle tempo quando ae fe houverem de fazer efcolha, O Signo jufte (parallelo digno legerad campanhas, e Camenas He {6 de Pedro 0 Jufto.o julto Signo ) Mais que a Cefares mil, a mil Mecenas; Ouro em fio pezando ~ - Por feu raro faber, ¢ esforco raro, Ao deosdo louro efquivo amante louro, _ Digno de ter nas Romas, nas Athenas Poem norfiel da Libra 0 brinco de ouro. © Mais eftatuas, que matmores tem Paros ‘Vos defte Sol, q pofto fobre Ethonte E mais famas, que tem a fama pennas; Bem poderem parelha cavalleiro _ Pois té mais prédas, co G maisna6 quero Deixar atraz ao veato mais ligeiro, Chamar prendas aos paf{mos,que veneto; Levat diante o mais pezado monte , 4 Pois té mais pafmos, com g excede ds fa- FE, levado diante, atraz deixado, ot} Que tem rayos 0 So!,o louro ramas,(masy Hum veloz Noto, hum Apenino inteiro, Folhas as ramas , atomos as folhas, Pode fazendo em tempo muito breve,” Cujo esforgo ,»¢ faber fia.e promette, Ou leveo que he pezado, | oat fentengas peze, ou armas prove , E pezado 0 queheleve, Bencer iGrecia os fete, 4 fama os nove, Com leve accad com impeto violento VéceraoPinde as nove,ao Mido as fete, Mudat ao vento em monte, ao monte em Deixandovabfortos huns, outras confutas E gigante em grandeza, (vento, Maravilhas, varoens, fabios, e Mufas, E Centauro em deftreza, » | _ Vés defte, que merece mais louvores, Poderd no quadrupede arrogante, | Picton flores o Abrilory alho as flores, Naé qual Principe ja fobre cavallo,” — se efte pois mais do GAugnito augutto Mas como torread tobre elefante, ou tam eftimacad , com favor juito : Al, Part. RB = Con SS 18 LAMP AD ARTO _ DECRY — E CRYST is Comm ventura em cryftal nunca maigvitta Aquelle com maé rica a ed O agrado mereccis 5 lJoprats a vitta; _ Reparte o few thefouro, Oh mil vezes cry fal affortunado , ? Mastem fedede fangue eres : Alpe luzido, juminar nevado. | Efte com maé, que na See oe Vés do Senhor , que amado, G temido | Qoatoaquelle reparte miles ie excede, Vencido tem 20 grande Rey de Pella, Mas nad tem de ouro,ou avn ae Cede, Antes vencido ao Rey mayor do Mado, Aquelle (exceflos m il tig ee Seg KE mais o Rey vencido _ Ecallo, eae dua) adimiro,callo, Be cata feu. vallallo, ue vaflallo mad-fo it i y Hoimero;-ou a concedida graga cd epois Ga morte chega,:¢ vi ra, 6a vida paflas Bite aos fetus Portuguezes, ae ae nada limita, tudo entrega ss huma {6, mas infinitas vezes : Graga tem concedida. Depois. que pafla, e chega, | rol | Depois 4 chega a morte, e paffa avida? ! Na liberalidade Porque aléta depois, qué Atropos ; Hf ) Excede merces dando | Com adextraque franca, como fe fie | A Lufa Altezaa Grega Mageftade, | Se eftreita ag ferro, 20 ouro fe dilata Que Alexandre as femeaye Pedro as cho: Paflandoalém da vida, além a ae Cada qual indicando (ve; Faroo prove, pois a'ht,pois rroutro off Aquelle em femear , ¢™ chover efte, | A’ vidaimorre’, e'vive 20 beriefici = fed Hum terrena virtude , outro celefte, | Mariaiva o confirme Masala? a Zi gr { A f Hum de Filippe fer, outro Bede . Que condenado-a Hiberia,a Lyfia falva. uh : quelle ih is B2 sent Aguells, Wem de valente appella a venturofo, Nem de triunfante a liberal appella; Porque fica gloriofo, Por fegundo ficar , © Por fegundo Ja muy mais esforcado , mais ditofo , 4 muy mais vencedor, mais erandiofo, Pois como he mais fer Sol, G ter luzeiro, Que ha mar de loz de luz hitrio abforbe, | Mais he fegundo fer , que fer primeiro, Segundo a Pedro, que primeiro a0 Orbe, \ | r i SS CS 20 LAMPADARIO. \ Aquelle, que de Marte no theatro Trey quatro vezes do valor poflue, Por quatro vezes Rey coroas quatro, Qae Lisboa jhe enrama De ouro, de louro, de carvalho, e grama: Bem como ji fez Roma Para quem dedicando a vida 4 fama Reftitue, defterra , venice, toma4 I o Marquez mais ufano, Novo Barach, feguado Muciano Da alta Rainha,cdo Monarcha invicto, Debora Caftelhana, ¢ Lufo ‘Tito , Adguirindo nham circulo ha thefouro De grama; de carvalho,, louro, ¢ Ouro, Com valentia, que portento argue, Toma, vence, defcerea, ¢ reflitue Para o Tito melhor, € melhor Debora Valenca, Montes-Claros _ Ely as, Ebora; Marial porém va,que nad me engana © titulo de Infantes Portuguezes, Pois bem que Alteza logre foberana | Jnferior lhe fica muitas vezes 5 © feu nome ao fen titulo coro’, 3 Que onome excelfo voa mais q as nobres De altos avos imagens gloriofas, | "Panto mais claras,quanto mais fanel = epee SDE GRIST Av, 21 Pois.as faz ricas, quanto as deixa pobres, E pobre deixa, ¢ deixa enriquecido O Marquez admirado O herdado efplendor co’ adquirido, (doz Pois'o adquirido he mais,menos o herda- Affim Fenix celefte o Scl brilhante Accende veterano, apaga Infante Tochas de ouro nas aras de ¢afira , Etanta luz lhes dé, quanta thes tira, Em feu noime the dou, quanto lhe devo, £ pois tao fublimadamente voa, Que de fino o valor, fe o nome efcrevo, Efcrevo D. Antonio de Menezes, (ZES; Que foy elmos rompendo, abrindo arne- Nome mais do valor, que da petloa, D. Antonio confirme efta verdade, Que vivo 4 duplicada eternidade — (ria, Do Empyred aquella,efoutra da memo- Huma logra na fama, outra ne Gloria. D Antonio confirme pois D. Pedro, Para quem por Ihe dar celoflo eftranho, Nem de marmores ferras dctentranho, Nem minas de diamante defempedre, Mas pyramides mil a’bama {6 junto’, Mil vivos coragdes n’hum {6 defunto, Que altamente yoando ie tee DS —— Oo C— » —O coragaé magnammo, (ca ae LAMPADARIO : De amor nas chamas 4s de luz cafiras, Muito mais que pyramides fab pyras. | Pois D. Pedro encerrando Seu grande coragad n’hum grande cofrey Porém {6 grande ao prego, a vitta brerg W’hum cofre, digo, aquem o Tejoalaga Com tributo feliz do metal louro, (10, Mas no artificio encerra o mor chefouro, Porque tanto 8 materia 4 {rma deve, Que com todo 0 feu ouro Ihe nad pagar PPhum cofre, digo, donde, Donde quizeraa luz do Sol fer ouro, Donde do Ceo quizera.a pedraria: Ser aljofre do mar, ¢ mar dovaljofre, Mas ainda feria, Bem que tal pedraria ouro tal galley A tad fino rubim grofleiro engalte. © verfo ou mente, ou erras: q Que no artificio.o in dr thefouro encerry Pois menos tem por férasmais por dctro, Quro na fuperficie, smor Ho: centro. Nefte pois breve ofir DePedto efcodg; Mas em outro mais caro depofita Que 4 Patria quando eflava trifte,e afilt Deo valor, preftou brio,infundio ania DE CRYSTAL, 23 No tumulo Real, digo, que cerra’ A muito Sol em limitada terra, No Maufoleo augufto donde mora Terror nao {6 do Ibero, mas do Partho O Rey quarto Planeta, ou Joa quarto. Joao ! Joad!. que pena! mas que gloria! | Joad, cuja faudade em nofle pranto, # Mas ay, ¢ fe transforma em choro 0 catol Se Pedro nad vivera, immortal fora, 4 Fora immortal, bem que mortal fe vira, Em qué ama,em qué chora,em qué fufpi- E todo entre amorola, jenta chama (ta; Todo 0 Reyno fulpira, hora, cama. Joao, cuja memoria ‘Affombro fera fempre do Univerfo Digna de todo o verfo, e toda a hiftoria, Mayor g toda.a hiftoria, etodoc verfo. Nefte feliz depofito fe guarda Do grande todo a parte mais gaiharda, Nefta cama Real dorme, ou refpira O coracgaé amante, Que doquarto Planeta flor gigante Segue ao Sol guido vive, e quido efpira: O coracaé feguro Nad fey fe duro mais, fe mais affavel, Mas affayel na‘paz ; na guerra duro Bae? . : Do 24 LAMP ADARIO Do Marquez tad temido,quanto amavel, Em férma humana o Marte. Mas nao poflo dizer a menor Do valor, que me anima, € a Do Marquezo prodigioem forma huma- (na, parte defengana, Pois tal valor nad cabe no conceito, Tal conceito na voz, tal you no peito. Wad pode mais fazerihe panegyrico Engenho ou Academico, ou Eftoico , Veroico clarim, nem plectro liryco, Lyrico Horacio, nem Homero heroico, Que Homero fora em ta6 bifarroempre- Waé Poeta mayor, fim mayor.cego. (ga O grande Bifpo {6 da graé Cidade, | Que recebe o feu nome do feu Porto, Gue pofto que do nu ~ Foy igual fua penna mero if Da grad Cidade, que do rio bebe, Que do feu euro o nome feu recebe , O grande Bilpo Ennodio defta idade ‘As fublimes accGes da 1 Aotépo efconda, explique a Pois na profa fublime, mmortal morte eternidade, vejada, Nad fey fe mais a inveje,ou mais a eftime 4 fua efpada, Porque qual aguia fem fentir defmayo, Nem cega a0 Sol,né fe eftremece ao i ; 2 e —, _— | DE CRISTAL, 25 De Menezes Lacerda, Sem receyo de perda, Sem fombra de arrogancia A grande,a excelfa,arara hiftoria tome, Porque Lacerda he nome de elegancia, Como Menezes de valor he nome. Aqui pois como Rey,como triunfante Seu coracad ainda refpirante Sobre as quatro Coroas cinge a quinta , Que parte dentro do marmoreo leito O Rey mayor com o mayor fogeito: Pois por merc’, que pede ouro por tinta, Cafira por papel, por livro a esfera, Por mercé nunca viita E mais nelles,que em orbes dous impera, Como a Rey 0 fepulchro lhe da folio, Como a triunfante a campa Capitolio. Bem digo pois, qexcede na grandeza A’ Grega Mageftade a Lufa Alteza, Pois as gracas daquelle grad Monarcha Asencerrao fepulchro,as tronca a Parca, Mas as merces defte Monarcha filhas Perpetuas fad, nafcendo maravilhas. Excede na vitoria Pois a mayor, com § Alexandre illuftra ' De | De qué com hii mil coracoens conquifta, 36 LAMPADARIO ! De Marte a0 cipo,aotéple da memotia, | Ja tanto fe desluftra Pelo trofeo primeiro, antes primario: Entre.os claros trofeos do Lufitano, Que diffe? Antes trofeos do Caftelhano, Porg pofto que a mad dos Portuguezes, Fazendo eftrella fixa a Marte yario, Venga ao eontrario feu todas asvezes 5 Mais honrado q.vence ao feu contrarlo, Desluftra-fe poistanto.a mayor gloria, Que ji teve 0 Pelleo i Pelo primeiro fingular trofeo.;. Que nefta idade toda de oure alcanca, Do Mado o patmo;o tymbre de Bragiga, Que a vitoria mayor daquelle Herde, Por mais que a esféra fobre a fama vee, He palma taé. pequena, que por curta Né chega a louro, nem fe efkéde a murta Nette mais.de huma.ve2 trofeo primero Do primeiro triunfante,. que guerreite Segundo Pedro na6, mas fem fegundo, Véee oSenhorde LyfiaaoRKey do Mado; Porg das glorias .que-ambos té ganhada Sereno agquelle,| eftoutro furibunde , Se Pedro inerme,fe Alexandre armada Ete fundinlo, aquelle ornando a ra 0 - DE CRYSTAL. Pois hum concede paz, outro faz guerra, E quem faz guerra bem que alcanga 0 Nao fica fem defdouro, (louro Porgue o proprio Tonante, Antes foy defprezado que triunfante 5; Mas quem a paz concede, rnd Bem que a fronte de louro nao guarnega, Com defdouro nad fica, Porque em fim quem lha pede Por menor fe confella’, Por mayor o publica: Bem como na vitoria, na ventura Excede o Lufitano ao. Macedonio, Mais que Cefar a Antonio, Pois fe aquelle Monarca ‘Sobre lograr hum Miido outro procura, Antes chora por outro, Muy mais felice do que aquelle eftoutro, Nad chora por algum, ambos abarca, FB menos forte argue. | Quer por hii chora, q quem dous poflue. Na valentia excede, Pois quido. remontado a mais q humano Suas proezas Alexandre mede Pelas faganhas de hf, d’outro Thebano, - Querendo igual nas forgas, nas fortunas BS: a , Paffar 38 LAMP ADARIO Paflar’os mdtes de hii,d’outro as colunas, Quando adorar fe manda com ley impia Por taé filho de AmG,como de Olympia, Ou quando com valor mais que profado Quer dar facilitado a mérempreza, (do; E mais miido, e mais Ceo, ao Ceo,ao ma- Porque nad bafta ao Rey por Monarchia O que baftou por orbe dnatureza, Mas pafla além da noite, além do dia (Hyperbole nad he, mas f6 verdade ) Naé chega a fer no Lufo valentia O que no Grego foy temeridade, Pois.o Senhor do Tejo na Contém na poffe, o que elle no defejo, E na China esferica bas ‘Mais de grande merece a antonomafia, Com America Pedro, ¢ nad fem Afia, ‘Que Alexandre <6 Afia,e fem America, Quando Alexandre foy , fe Pedro fora, Ou fe Alexandre agota, Quando Pedro domina, dominara, Nem agora, nem antes florecera; Porque fe anticipara Wovo Sol fua Aurora, Se aquelle feu Oriente pofpuzera Sempre fentira occaio ne Oriente. - ( ‘Ofs DEG CR ESHA TL. 2g Porg em fim ou de inveja antes morrera, Ou agora de medo fe matara; Pois vira a0 jufto Principe excelléte, (te Qual tritfado em valor triifado em for- Do Imperio Affirio,Grego,Perfa,e Lacio Fazer ao Mido Reyno,ao Reyno Corte, Palacio a Corte, e Gamara ao Palacio, Sendo, pofto que encerre tal grandeza,. Seu [mperio menor que fua Alteza, Que muito pois, Go Sol refplandecente, Que Ihe feria medo fobre inveja, Mais dadivofo, ou mais triunfante feja, Seja Mais verturofo, ou mais valente, Vos pois dette valente, e venturolo, Vos pois defte triunfate,e dadivofo, (to, Vos defte pois mais do G Augufto augul- Com rara eftimacad,, com favor julto, Com venturaem cryfal nunca mais vilta O agrado mereceis, lograis a vifta. O’ mil vezes cryftal affortunado, Alpe luzido, luminar nevado. Vos do Senhor, gue ufano As oguias faz latinas Ceder ds Lufas Quinas, (dra, Vencendo bem qual Dauno véce a Evan= Dous Cefares,qhe mais q ht Alexandro; _} Pois SS —— SNE “ERE 46 LAMPADARIO i “DE CRYSTAL. 34 Pois fe Auguito, fe Julio Dua¢ reparte fim, mas de hum {6 tempo, Dous mezes tem cada anno ; De Saturno fem Marte, De immortal fama nad fortal peculio, | De louro fem ciprefte , Contando julis Juiho, Augufto Agofto, Sem guerreiro metal de metal louro, Porgue (endo feu nome em {eu mez polto | Emque otempo te paffa em paflatempo, Eternidade tome Pois com doce comercio, com paz bella | Defer nomeo feunome , _ $a6 de ouro a Portugal,de ouro aCaftel- : A 2 : @'Sol dos Vortuguezes , Ebem fe vé que exceded cternidade (la; Mayor eternidade tem comfigo , idade. 7 Pois fendo a Cefar nobre nobre afronta, | Vids defte,q véctédo ao timbre Aufonio | Vence com glorias fuas glorias fuas Faz de hiGefar Pépeo,e d’outroAntonio | E cada anno dous mezes (6 nad conta, Wdsdefte pots mais dogAuguito avgutte | Mas idades logrando em ¥ez de mezes 3 Com rara eftimacad,, com favor jufto, Reparte cada dia idades duas, Gom venturaem cryital nunca mais viltg Que fempre gozarad perennidade , Oo agrado mereceis, lograisavifta, © | | Duas digo reparte, O' mil vezes eryftal affortunado, Que nab com vario turio Alpe luzido, luminar nevado. De Marte com Saturno, Vos defte, para quem noffa ventura, De ciprefte com louro, (te, Acompanhada da jaftica noila = Quro em parte veftindo, e ferro em pat- AFilippe do folio detapoila , De ferro a Iberia fa, 4 Lyfia d’ouro, | Qnando Joaé nothrono fe alfegura, Porém com mais feliz,mais clara eftrella) Entrado com paz tanta a jutto herdeiro, Fazendo eftavel termo 0 turno vario ‘Como fe 6 Quarto Joad fora o Lerceiro, Daqueile Imperio, ¢ defte - | Moftrando o grande Rey aovcharo povo, ‘ Mageftade de antigo, amorde nove, * _ . Nad digo dos yallallos, dos Reys digo; | Dehum mez, ed’outro, d’hfia, edoutra 3 \ Confederado ja fe antes contrario, Duas) 2) NUS oe 22. LAMP ADARIO j Vs defte, para quem noffo Mavorte , Noflo por vencedor, noflo por forte, epois que faz patente 4 oe cena ao Deas bifronte, Por feis vezesentrega, Na fey fe mais feliz, fe mats valente, Bée como o rayo 4 dextra, © louro a frote, Poiscolhe o louro,quando.o campo rega m fuer, e com fangue De forte Portuguez, do Ibero exangue, Poisvibra o rayo,quando brande a langa, Que treme fem valerlhe a feguranga De feu braco feu brago, é E faz aos Gaftelhanos mas fronteiras "Tremer os coragdes mais 4 as bandeiras, Bem que fejad de ferro , eviltad de agg] Pois vence (com defdouros na9 afflijo Mas antes lifongeo,com louveres, ‘Acs Principes, aos grandes,a0s Senhores “aftelhanos rendidos : 4 Porque mais he de Lyfia fer vencidos Do que fer do Univerfo vencedores ) Vence, digo’, duas vezes em Montije Primeiro a praca, © 2 campanha loge Pondo a campanha a ferro, a praga 2 9 Com tudo na campanha ae ? DE CRIST AL, 3 Por digna fer de fer vencida Hefpanha A Lufitania rompe, Foge a Cayallaria, Perde-{e a artelharia; Porém quando fea numero mais ganhe , Noflo valor o ganho Ihe interrompe , Pois reftaurando quanto fay perdendo, Tudo vencendo fica O valor com a efpada: o Mas ah, que o-verfo menos figniifica, Que fe deve ao valor fempre eftupendol Torno pois a dizer, fica vencendo O yalor com a maé., e amaé fem nada, Pois faz o Portuguez do louro dino Com valor mais que humano Do Leaé Caftelhano O mefino, que San{2d. do Palettino, Obrando os dous ta6 fingular proeza, Tad fingular por fer aos dous commuay Sem ter amad.robuita em tanta empreza Mais que a fi de fi mefma acompanhada So de pulfos armada, de armas nua, Mas para armada fer bafta fer fua, Ou iua fer para nad fer armada. _ Deelarado huma vez da nolla parte Se fez termo ta firme Marte vario 0) ALL, Part. — Cc 4 2 -} Que ) \ _ 7 ee aa — 34 LAMP AD ARIO Que fempre foy contrario do contrarid, Sem forca lhe valer , ou vaier arte. Se triunfou valerolo, fe prudente Nefta,naquella, a’huma, outra fronteira, Do Fejo, Minho, ‘Tralos-montes, Beira Com defigual partido , Com numero excedido, Sem favor da fortuna; Sem reparo da gente Inimiga algum tempo, 2g0r amiga; © diga Ofluna, Lagafies odiga, y Que o fente Lagaiies, que 0 fabe Offuna, Pantoja ofabe, ¢ Torrecuffa o fente, — O grande Cavalleiro alto Correa, Imagem do valor, do esfor¢o idéa 5 Haro , Borja, Gonzaga, Tarragona, Medos de Marte, amores de Bellona, Avilas, Tutavilas, Caracenas 5 Podericos , Gafconhas., J4 decoros de Marte , hoje vergonhas, » Jade Marte penachos, € hoje penas 5 Em fim diga-ofem par Auftria gloriofo, Nad fey fe mais valente,ou mais piedofo, Sémente fey que he digno Das cultas mais, antes mais cultas veas Do Grego, ¢ do Latino , Vai _ DE CRYSTAL. 33 Valente Achilles, e piedofo Eneas; Auftria, que foy em guerra menos dura Do Sol filho, morgado-da ventura, Mas.em campo mais ferte Filho do Sol, Phaetonte foy da forte, Mas entre os deigracados fe na conte : Pois vencido do Lufo portentofo : Inda fendo vencido, he errr alle Inda he filho do Sol, fendo Bhactante, Mas naé reconto mais, porg vem juntos Com tantos mil viventes dous defuntos Alva immortal ,e Carlos nunca extinto O quinto Carlos, ou Planeta quinto 5 Antes fexto Planeta , pois qual Jove. Chove langas naé {6, mas rayos chove: _ Alva, a quem para gloria duplicada Toledo nome deo para de{mayo, Torvad por nome, por efpada rayo, _ Efte par morto 4d vida, e vivo.4 fama, Cujo nome retumba , Noberco de ouro, e de cafir na cama, Por entrar na batalha fahe da tumba. | Arma Carlos attenda vitoriola, Alva joga a triunfante artelharia, Mas nao foy feu, antes foy noffo o dia: Pois ambos perdem na fatal campanha, Cc. 2 } (Se 4 4 ) 6 LAUMPAD ARTO 5 $ DEORTS Tt a5 - (Se acafo perde, quem perdendo ganha!) | Poresforco ganhou, antes por ufo, Rice contente o Duque entre fentido, Para o Lu‘o Tonante o Marte Lufo, Se chora entre goftolo defgoftado, Fazendo tanto eftrago em toda a guerra, Chora com pena de nao fer yencido’, Que-a terra amiga, que a contraria terra Ri com golto de verfe defpojado: Vio de ardentes coraes, de troncos frios De verfe defpojado ri com gofto Subir mil montes ,.c defcer mil rios; Carlos ferena a fronte, alegre 0 rofto, | Viodsnuvens fubir , defcer aos portos A arcelharia agora, . | Sobre Nilos de fangue Alpes de mortos; Porque chorando ri, rindo-fe chora. Eainda fe vé depois de tantos annos(iacs. lyaem chorar,e-em rit duas vezes alva Entre os lucros da paz da guerra 6s ca-" JA nad faz bateria, mas da falva: Vee nos campos feus,nos campos noflos "A tenda a noffo pé ja fe fomette, Nilos de fanguenaé,mas Alpes de offos. Mas como tenda nao, como tapete,’ Ganhou-as com valor, ganiiou com arte, Por fal que mais {obe; inda que deca E.paraonoflo Jove o noilo Marte, O pavelhsd do Priricipe admirando _ Ojufto Marte para Pedro julto,; Do Lufo o pé beijando, Pois 0 Herée robuito, Que cobrindo do Cefara cabega. _ OPrincipe famofo, Eftas vitorias, antes maravilhas, Quando fubio.a Principe de Infante , A quem dénome eterno em grave canto. Ficou vitotiofo ; O mais illuftre irmad com irmasnove, | Dovencidonad fs, masdo triunfante. O. pay illuftre mais com nove filhas, Affim na Emathia terra, e mar Egypcio Mas receyo nad baftem para tanto Do ardente Marte, abrazador SolGicio, Irmad,nem pay, be que faoFebo,e Jove; Vécédo 0 Aufonio braco ao brace Aufo-, Eftas pois maravilhas, ou vitorias Houve muitas vitorias n’hu trofeo, (mio Com outras mil,g choro, pois nad canto, Pois de hf Cefar os louros fad de Anto= ‘Taes faganhas, taes pafimos,tatas een Deoutro Gefaras palmas de Popeo. (4 , f orn ae ‘: Ou Vos al LAMP ADARIO Vos dette, pois gq accumulando glorias Logra n’hum {6 trofeo tantas vitorias, Vos defte, pois mais do q Augufto augul Com rara eftimagad,com favor jufto, (to Com venturaem eryftal nunca mais vilta O agrado mereceis , lograis a vilta. Oh mil vezes eryftal afrortunado, ‘Alpe luzido, luminar nevado! Vés defte,g hade unir cé dobre gloria De Principe feliz, Principe forte O rayo de Mavorte fo louro da vitoria, 'Tédo por bé, por mal, do Lufo, e Mouro Na dextra o rayo, ¢ na cabega o louro. Vés defte, que hey de ver, antes ja vejo Tad fenhor do Jordad, como do Tejo, Porque ja me parece que fomete Do feroz Othomano as Luas meas, fis Luas meas do feroz ginete , E que nuasde luz, de fangue cheas; Antes cheas de po, de terra nuas Deixa com meyas Luas meyas Luas. Ja me parece, ja que poderofo Com plumagés Marciacs,velasinchadas Aos Ceos occulta embaracando os ares, Ecom mil efquadroés, com mil armadas ‘ ’ Tnunda : Produz vyerde;azul cobre,e vario,a t s DE‘CRISTAL, 39 Inunda as terras enterrando.os mares, Jame parece em tim, que venturofo Impoem nefte, naquelle,outro elemento Freyo,ley, jugo’4 terra,ao mar,2o' vento, Mas de armas bé fe efcufa a menor copia Pois ficar pode armada‘de fi propria Do Lufo Jove a dextra alminante Do Othomano triunfante, é Bem que feja Othomano, Othomano naG (6, mas Centimano. Vos defte,por quem Roma unirdefeja A Lua de Turquia ao Sol da Igrejas<¢to: Vésdefte, pois mais do G Augufto sugut Com rara eftimacaG, com favor jotto 2 Com ventura emcryftal naaca mais vitta Oagrado mereceis, tograis'a vitta. Oh mil vezes cryftal affortunado, Alpe luzido, Jaminar-nevado! “Vos da mayor Princeza Traslado, antes archivo da belleza; (da Qual outra 20 Mado antigojaonovo'Ma- Grade a terrajalto o Ceo,e omar profun- Nica oftérou jé mais em tudo, quato (do Deno de fufpenfad, dignode efponio~ Da eftrella do Mondego ao Sol do — AG LAMP AD ARIO Nunca jd mais entre aguas ; luzes, flores, Nacar terfo, Abril doce, noite bella, ‘Com tantes precos; galas, refplandores, Fechou pedra, abrio rola,expoz eftrella, Rayos, riquezas, cores Perde efta,perde eftoutra,perde aquella, Pois naluz, joya, e flor da mais rainba, © Ceové, cercao mar, ca terra gola, Sem nuvem, femdefeito, fem efpinha, | Dopolo de gafira entre: alabaitro, ior eftrella, mor perla,e melhor rofaj Mas alabaftro azul, branca gafira , A’ rola, perla, eftrella Por fer, digo, tad outra da commua DE CRYSTAL, 4u Pela angufta conforte Do Portuguez Tonante, Nad (6 luzis cryftal,mas fois efpelho,(te, Pois quado efpelho fois,nad foisdiamans Mas que digo diamante, na6 fois aitro Cynthia famante, ou brilhador Apollo, Mas huma luz, que admira Por tad diverfo fer da luz do polo, Proftra, vence, atropella, Deefirella, de diamante, Sol, ¢ Lua; ~Come atropella, como vence, © proftra Que fo parece fombra de Maria, Na esféra, prado, e oftva Pois feu re{plandor puro Por mais bella, mais clara,mais preciofa, Ao dia mais que 4 noite faz efcuro, Sol 4 iuz, lugd perla, perlad rofa. E faz a noite clara mais queo dia, Vos da deofa,g vence, mas fem guerra Vé-fe em vés, (oh que gloria!) Aftroem Ceo, perlaem mar, e rofaem | Wé-fe em vos abelleza da Rainha. Vids da copia Real ,do par Auguto(cerra Mas ah,@ a frafe errey, que lhe convinha, Com rara eftimagad, com favor julto,” | Digofegundavez:com mais deftreza, Com ventura em cry{tal nunea mais vitta , Wé-felem vds.a Rainha-da belleza, O agrado mereceis, logtais a villa 5 E fendo vilta em vés tal formofura, Oh mil vezes .eryftal afrortunado, | Que faz bam como facil felizmente Alpe luaido, juminar nevado! Ao mayor luminar (exceptoo vollo, A quem no frefco prado amor ardente Mes logray melhor forte | Quandgadmittido a tacito com feng: Deo na gigante-flor tenro colloflo ) | ' pes * De ela wer ee —————————— 4 “LAMPADARIO + | DE CRYST AL. A3 De luminar mayor menor eftrella; » Tabem fe puro hii tempo , agora impuro Mas nem eftrella o faz, {G6menterayo, | Se yé duro cryftal em cryftal brando,* ‘Antes nem rayo, fombra o faz fomente, | Porque o brando cryftal brilha tab pure, EB (ombra muito efcura (Mayo, Queaquemo efta pintado, eftd pintado, Qaado mais ardeem Julho, ou brilha em Por final que o Sol fendo fombra della? Com mais clata vitoria a Melhor nuvens conquifta, Porém lozido fempre; nunca efcuro E com termo encontrado Huma vez de pedido, outra de dado, Dando ao pedir,pedindo ao dar conielho Aftros melhor afombra, (fombra, Hecryftaldo cryftal,doefpelho efpelho. Porg entad he mais Sol; quando he mais Parte a luz, que efcurece, Sendo pois vilta em vos, q digo viftal Nada Memphis Pharo, 0 Sola Delo, Sendo fomente em vds mal repetido Do brando cryftal bello Qualquer eco elegante, bem que medo Ao duro eryftal lindo, Das cryftallinas maos , dos clarosolhos, Dousolhos retratando, e mil ferindo, Com que o tyranno Key, que imperaem Antes favorecendo, Que domina em Cythera (Gnido, -Porg entad quando os fere os faverece; Antes que manda entre aprafivel magoa Mas luz nos olhos,que efta luz inflamma Ceo, Inferno, at, ¢ terra, fogo, ¢ ago’, Sem fumo do defejo, de amor chama, - Se podera, podera 5 Parte a luz, 4 luz chega, a luzde torna Derreter bronzes, e abrazar efcolhos, De hum, d’outro Sol, que hum Ceo, ¢ No refplandor vos deixa tad fubido, que outro illuftra, Que fendo ji luzido mais que tudo, Dehum, d’outro Ceosq hi Sol,e G outro Picais ainda mais que vds luzido. » Porgaluznacatira amanhecédo({adorna, Vé.fe (asomaos debuxando) =: ©” De azul, de ouro veftindo, Vé-fe brandoreryftal em ery ftal duro, | De modoGeocom Sol vay confundindo, Mas efpelho alternando: ) Vay cdfundindo Sol com Ceo vor ef \ ; , uc x \ ‘Tams he a — ae SSS ‘Aa LAMP ADARIO =. Que oSol azul, dourado o Ceo parece, O Ceo qtodo he Sol,¢o Sol Geo todo, Mas Ceo, 20 Ceo, Sol a0 Sol deslufira. Parte, e fechega pura, como patte, Pura nad torna, como parte pura, Que ou nad cabe no efpelho,a q reparte, | Qu paga lhe nao faz por ter uluta: ! S rl Mas qual eco, qa voz refpode em parte, } Em parte fo refponde ‘A luz do efpelho 4 luz da formofura; | Porque o menos publica,o mais efconde, © Porém aquelle menos que publica, Por fer fombra do Sol,q aApollo allobra, l Par fer eco do Ceo, que-abate a0 polo, | He taé rica porgad de luz tad rica, Que para pofuir mayor thefouro De gafira melhor, de melhor ouro | Tomata o Ceo fer eco de tal fombra,, Tomara:o Sol fer fombra de taleco, E por final que dera, i Que dera o pola, pelo que tomara, Que, pelo que tomara, derao polo Com termo liberal , mas ainda {eco A refpeito do ganho, que the fica, Que dera,digo,hum noutro,aquelle nefte Todo 9 corpo folar, todo o celefte a , . ¥ ARainha mais alta, DE CRYSTAL. 4g Eo Ceo fem Sol, eo Sol fem Ceo ficara, Mas nao faltara Ceo, Sol na faltara, Porque; mas o porque muy bem fe enten- Bem, que fe na6 declara, (de, Porque mais de huma vez a raza6 clara Se vé4 cera bella, ov branda rocha: Callo pois 0 porque, porque fe offende O refplandor do Sol com luz datocha, Que o fingular fe offende do ordinario, Oh fe o fado quizera, Se a0 menos permittira, Queo cryftal voflo em feu cryftal fe vira, Quando affim pelos ecos fe melhora Dos.olhos bellos mais,das mZos meis bel- Entad muito mais crefpo do q lifo, (las, Digo mais arrogante Voflo cryftal brilhante Por canfa delles, por refpeito dellas — Nao {6 fora pavad, narcifo fora, Narcifo de cryftaes, pavad de eftrelias, Antes com mayor pompa, e€ mais juizo Fora de olhos pavaé, de ecos narcifo. Mas pofto que vos falta Ver-no voflo cryftal {ua belleza A mais alta Princeza, 46 LAMPADARIO | | Que poffo encarecer , que fingir pollo, Sua belleza vé no cryftal voflo, E bata por coroa, Por coroa fobeja Das mais felicidades, Quea mais que foberana Franceza de ree - > Pariz Lufitana, : a que ana vedes vs, em VOS fe veja. Mas calle a Mufa indina, Que naé he Lufitana, nem Pranceza A que mais que tres vezes he divina, He divina mais, digo, que tres VEZES 5 Pois he Maria, Venus, Pallas, Juno Dos Reynos Portuguezes ; (afta Com que o mar, com que o Ceo, a terra Mais de hum orbe, de hum Febo,e de he He Juno, mas piedofa, (Neptuno: Ee Pallas, mas formofa, Venus he, porém cata, He Venus, a quem fez a natureza ‘Nad deidade de rofa, Mas rofa das deidades , Nad belleza do mar, mat da belleza, Em fim, que nefte mar, nefte theatro Ha n’hyma deofa {6 deidades quatro. ~ Poreti r DE CRYSTAL, 4 Porém com mais, com menos claridades, _ Com menos, com mais pregos Ha nas tres igualdades Whuma fémente exceflos; Pois fe a deofa que d4 tres vezes bella Perla ao mar, rofa ao prado, ao polo eftrella, Que em Papho throno, em Chypre tem ‘palacio, A que abraza ao deos Lemnio, e fere ao Thracio, i Fazendolhes-fentir em Ceo, e em terra Fogo do fogo ao Deos,guerraao da guer- Se Venus digo em Ida, (tae Quando depoz as galas Vencende a Junc, ea Pallas, Por vencedora fer foy preferida, Em Lufitania agora Antepofta naé he por fer vencida Maria a quarta deofa, antes primeira _ A faz de vencedora companheira, Dehuma, ede outra deidade ja rendida, Moftrando a que de todas he Senhora , Ser nao {6 das rendidas ja deidade, Mas da ja vencedora vencedora ; Pois c6 gloria das tres das tres {E.queixa Maria 28 LAMP ADARID Maria a Venus deixa, Como Venus as duas De gracas mais que de veftidos nuas. Ha pois as quatro mhuma divindade, Mas com luz fingular, com luz commua ‘Wiais valor, memos prego, » 4 Huma a tres faz. excello Igualdade nad fazem tresa huma. Pois de Maria, Pallas, Juno,¢€ Venus; © fer Maria he mais, ¢ o mais he menos; Por coroa pois bafta 4 vofla eftrella, Bem G anao vedes vés,verfe em Vos ella, Porém menos he verfe, . " Mais he q verfe em vds, em vos rever{e, Mais que reverfe em vos, em vos amarle, Mais quando a vos vos louva,em vés lous varie, Que como a vofla luz he da luz fua, Bem qual he luz do Sol a lug da Lua; A fi fe tem affecto, fe vosama, Gi fe da louvor, fea vos a fama. Sa q mina de aftros duros rica esféra 5 Se o matizado Abril, terrena Aurora, No thefouro do Sol, campo de Flora Amara ao litio, a pedra encarecera,y Que mais cadido brota; ¢ {ahe mais ag : 0 ele DECRUSTAL: 49 Do efteril monte, e fertil primavera, A fifeencarecera, afi fe amara, | Que a mais pura, fe bem pedra mais fina, He diamarite do Abril, lirio da mina. Aflim pois a Maria lhe acontece, Quando vos ama flor, pedra encarece, Pois fendo a branca flor, pedra luttrofa; ‘Primavera gentil, mina preciofa; Sendo, digo a vos, ella ‘(lay Caufa a muy lindoaffecto muy tais bel- Sol muy mais claro, Lua mais brithante; Sol, Abril, mina, Lua, flor, diamante; A fi, quando a vés ama, fe requebra, ffi, quando vos louva, fe celebra. Em fortuna tad alta Alyra fe fufpende, a voz me falta; “Mas que muito, fe tanto a forte admira, Que avoz me falte,ou te fufpenda alyral Ao mefino fonorofe enthafiafme , ) Pafmo dos Linos, dos Orfees pafmo, Com que ondvo Camots ata, ¢ defatay Delata as plantas, as cotrentes ata, Excedé tanto affumpto, taGbrilnante 5 Que fica mais que mudo Quem he mais que elegante, Emaisem verfo-agudo, - THI, Part. 4) "E mais 50 LAMP ADARIO E mais em grave canto, O Fenix fingular, e Camoens novo Gloria da Fidalguia, amor do povo, Luftre de Portugal, aftro da Corte, Aftro Guarda fiel do Lufo Norte, D. Francifco de Soufa excede tanto Ao calor mefmo do Apollineo monte , A’ mefma copia da Caftalia fonte, Que 4 vifta do que excede, Defmayandolhe o brio, Morre a fonte de fede, Morre o calor de frio. Geflo pois, edevoto © © que em verfo empretdi, remato em voto; Mas que defejo mais, fe tanto vejo, Que excede a vofla poffe ao meu defejo. Merecey pois o amor, logray © abono Deffe Par tad amado, quanto fino, Onde fez o deftino ‘A formofura do valor conforte , Conforte qual do talamo do throno, FE, com nunca jd mais ouvida forte, Com ventura em cryftal nunca mais vitta Os votos aqui deixo, as velas tomo, Defejo, que aflim como - § : a 1 CcAaANC AM. sr Do mefmo Par tad fino , quanto amado, De quem ja fois a prenda mais bem quit: Lograis a vifta, mereceis o agrado, (ta O agrado meregais, logreis a vifta. Oh mil vezes cryftal affortunado, Alpe luzido, Iuminar nevado! A SANTA ISABEL RAINHA DE PORTUGAL. CANGC,AO. Do mefmo Author. ID Rixay, rofa centil, mimo d’ Aurora, _/ Othrono de efmeraldas florecente, Onde rendido adora Ocampo ameno voila luz fulgente, Evinde diligente A-venerar no tumulo Habela, Ante cujos Alcares Fazey de voflas folhas fingulares ‘Encarnado-volume, donde o Mundo Poffa de deofa tanta em taes memorias _ Lerapplautos,ver oad os,notar.gloriags oe Mu-

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