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Foi ontem publicada em Diário da República a Lei n.

º 39/2021 que define o regime jurídico de


criação, modificação e extinção de freguesias e revoga a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro,
que procede à reorganização administrativa do território das freguesias.

Esta Lei, entrará em vigor 180 dias após a sua publicação, ou seja, em dezembro deste
ano. Assim, e infelizmente, apenas entrará em vigor, após o próximo ato eleitoral
autárquico. Será assim, com os novos membros desta Assembleia de Freguesia, que se
dará inicio ao processo de desagregação desta União de Freguesias, tal como refere o
Artº 25º através de um procedimento especial, simplificado e transitório para as
freguesias que foram agregadas em 2013 e caso seja essa a vontade das populações e
dos elementos que compõem a assembleia de freguesia, assembleia Municipal e restante
assembleia da república.

Foi um processo longo, frustrante mas sempre motivador.

Longo, porque nasce com a primeira perspectiva de que a possibilidade de uma


agregação de freguesias foi colocada em cima da mesa, em meados de 2012, e, que
apesar de mesmo assim, a agregação de freguesias ter sido efectuada, nunca nos fez
virar as costas a esta luta, a este desejo, de um dia podermos voltar a ter a nossa
freguesia de novo, tal como é a vontade das nossas populações, mesmo que seja apenas
em 2022.

Frustrante, porque apesar da luta ter sido longa, apesar das promessas eleitorais, já em
2015 para as Eleições Legislativas, do Partido Socialista, do Bloco de Esquerda e do
Partido Comunista Português, chegados ao poder e conciliados na conhecida
“geringonça”, rapidamente colocaram esta promessa eleitoral na gaveta, através da
conhecida “amnésia eleitoral”. Frustrante, porque o governo do Partido Socialista, após
muita insistência pelos seus quadros de que aquela promessa eleitoral tinha sido
esquecida, lança em Abril de 2020, uma proposta de lei para a mesa, meses depois de
ter sido trabalhada em bastidores, que seria a futura lei de criação de freguesias com
uma ressalva legal de um regime especial para as freguesias que tinha sido agregadas
em 2013, contra a vontade das populações, o que permitiria não reverter todas, mas uma
grande parte, a maioria. Frustrante, porque esta proposta, apenas chegaria ao parlamento
em 29 de Dezembro de 2020, impossibilitando assim que nas próximas eleições
autárquicas de Setembro/Outubro de 2021, estas freguesias já existissem de novo e que
os atos eleitorais nelas se reflectissem.
Motivador, porque como se costuma dizer, mais vale tarde do que nunca. É sempre
motivador, lutar pelos nossos sonhos, lutar pelo nosso futuro, lutar pelos nossos e pela
nossa terra. Isto é politica, fazer politica, estar na politica, exercer politica. Lutar porque
achamos que merecemos sempre muito mais. Esta foi a razão que me fez voltar
novamente a fazer politica, a estar na politica e a exercer um cargo politico público.
Porque também sonho e porque quero para esta terra muito mais.

Foram dezenas de reuniões, centenas de telefonemas, deslocações a variadíssimos


fóruns, reuniões com todos os partidos políticos com assento na Assembleia da
República e sempre enquadrado no espirito de união que a Plataforma Nacional de
Recuperar Freguesias, proporcionou neste combate para recuperar a nossa freguesia.
Nunca foram as cores partidárias que moveram este movimento. Dele faziam parte
independentes, sociais democratas, socialistas, comunistas. bloquistas, presidentes de
junta eleitos por vários partidos, coligações e independentes, membros de assembleias
de freguesias e cidadãos comuns. Todos a lutarem unidos pela sua terra. Destaco a
coordenação deste movimento pelo Filipe Gonçalves de Barcelos que conseguiu unir
tanta gente, com um trabalho dedicado e exemplar e que, apesar de conhecida a lei que
entrou no parlamento em Dezembro de 2020 e saber que essa proposta a ser discutida e
trabalhada, a sua freguesia não faria partes das futuras freguesias a desagregar, nunca
deitou a toalha ao chão, estando sempre na sua coordenação e lutando com os outros,
chorando de alegria com os outros, rejubilando com os outros. Um bem haja a este
nobre cidadão.

Não posso deixar de enaltecer um outro cidadão desta nossa união de freguesias, que
também esteve neste processo desde 2012 até ao fecho desta nova lei. O deputado
Cancela Moura de Crestuma, eleito em 2019 para Assembleia da República pelo Partido
Social Democrata. Foi um dos fundadores do Ultimatum Crestumense, que lutou e
ajudou outros movimentos contra a reorganização administrativa de 2013. Redigiu e
apresentou uma moção ao congresso do PSD em Janeiro de 2019 uma moção sobre a
identidade das populações e reversão da lei de 2012 que pôs fim às nossas freguesias.
Que foi o único no distrito do Porto, enquanto candidato a deputado nas Eleições
Legislativas de 2019, que se apresentou com um dos motivos da sua candidatura,
apresentada em brochura própria o seu empenho na luta pela lei que repusesse as
freguesias que tinham sido agregadas contra a vontade das suas populações. O seu
trabalho dentro do Partido Social Democrata, no seio dos seus colegas deputados e
mesmo no seio de colegas deputados de outros partidos, na colaboração estreita que nos
deu no seio da Plataforma Nacional de Recuperar Freguesias foi hercúleo, leonino e
vencedor. O meu muito obrigado.

Estão realizados assim os alicerces que nos possibilitarão recuperar de novo as nossas
freguesias. Independentemente de quem for Executivo e membro da próxima União de
Freguesias de Sandim, Olival, Lever e Crestuma, Executivo e membro da Assembleia
Municipal de Vila Nova de Gaia, terão árduas tarefas no cumprimento das suas
obrigações, no planeamento das suas missões e no executar dos nossos sonhos de
lutarmos pelo nosso lugar e querermos as nossas freguesias de volta.

Por Sandim

Por Olival

Por Lever

Por Crestuma

Artº 10 , nº3 (proposta de criação de freguesia)

c) Inventário dos bens móveis e imóveis, universalidades, direitos e obrigações das freguesias
de origem a transferir para a nova freguesia;

d) Indicação do número de trabalhadores, respetivas carreiras profissionais, remunerações e


encargos sociais das freguesias de origem a transferir para a nova freguesia.

Artigo 14.º (no envio para a assembleia da república deve,)

c) Discriminar os bens móveis e imóveis, universalidades, direitos e obrigações das


freguesias de origem a transferir para a nova freguesia, tal como constam do inventário;

d) Indicar o número de trabalhadores, respetivas carreiras profissionais, remunerações e


encargos sociais das freguesias de origem a transferir para a nova freguesia;

Artigo 17.º
Comissão instaladora

5 - Compete à comissão instaladora preparar a realização das eleições para os órgãos


autárquicos e executar todos os demais atos preparatórios estritamente necessários ao
funcionamento da inventariação dos bens móveis e imóveis, universalidades, direitos e
obrigações da freguesia ou freguesias de origem a transferir para a freguesia resultante do
processo de criação de freguesias.

Artigo 25.º

Procedimento especial, simplificado e transitório

1 - A agregação de freguesias decorrente da Lei n.º 22/2012, de 30 de maio, que aprova o


regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica e da Lei n.º
11-A/2013, de 28 de janeiro, que procede à reorganização administrativa do território das
freguesias, pode ser transitoriamente corrigida, se fundamentada em erro manifesto e
excecional que cause prejuízo às populações, e desde que cumpra os critérios previstos
nos artigos 5.º a 7.º, com exceção do disposto no n.º 2 do artigo 6.º e no n.º 2 do artigo
7.º da presente lei.

2 - O procedimento previsto no n.º 1 tem início no prazo de um ano após a entrada em


vigor da presente lei, através dos procedimentos definidos nos artigos 10.º a 13.º, na
sequência de deliberação por maioria simples das respetivas assembleias de freguesia e
assembleia municipal.

3 - A desagregação de freguesias prevista no presente artigo respeita as condições em


que as mesmas foram agregadas anteriormente, não podendo, em caso algum, dar
origem a novas ou diferentes uniões de freguesias.

Artigo 26.º

Limitação à renovação sucessiva de mandatos

Aos presidentes de junta das freguesias que sejam objeto de agregação ou desagregação
ao abrigo da presente lei aplica-se a limitação estabelecida na Lei n.º 46/2005, de 29 de
agosto, que estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos
órgãos executivos das autarquias locais, só podendo ser eleitos para a presidência de
junta de freguesia resultante dessa agregação ou desagregação se não tiverem já
cumprido ou estiverem a cumprir o terceiro mandato consecutivo na freguesia agregada
ou desagregada.

Artigo 30.º

Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor 180 dias após a sua publicação.

publicada em 25 de Junho de 2021

Aprovada em 14 de maio de 2021.

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