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Aula 02 - Etapas da Produção e Preparação do Ar Comprimido

1. PRODUÇÃO DO AR COMPRIMIDO

1.1 - Compressores alternativos – de pistão


1.2 - Compressores de parafusos

2. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO

2.1 - UMIDADE

2.2 - RESFRIADOR POSTERIOR

2.3 - RESFRIADOR INTERMEDIÁRIO

2.4 - RESERVATÓRIO

2.5 - DESUMIDIFICADORES DO AR (SECADORES)

2.6 - SECAGEM POR REFRIGERAÇÃO

2.7 - SECAGEM POR ABSORCÃO

2.8 - SECAGEM POR ADSORÇÃO

2.9 - UNIDADE DE CONSERVAÇÃO


2.9.1 - Filtragem do ar
2.9.2 - Drenos dos Filtros
2.9.3 - Reguladores de pressão
2.9.4 - Lubrificação
2.9.5 - Manômetro

1. – PRODUÇÃO DO AR COMPRIMIDO

O ar para ter utilização industrial deve possuir uma determinada quantidade


de energia em forma de pressão e movimento. Essa energia é fornecida ao ar no
processo de compressão.
Os compressores são máquinas térmicas que transformam energia mecânica
em energia de fluxo, cinética, e pelo acúmulo da massa deslocada: são
responsáveis pela produção do ar comprimido. Desse modo, são máquinas
destinadas a comprimir continuamente o ar admitido nas condições atmosféricas e
elevá-lo a uma pressão pré-determinada para utilização. De acordo com o princípio
de trabalho, existem duas classificações:

· Compressores de deslocamento positivo (volumétrico): funcionam


com base na redução de volume. O ar é admitido em uma câmera isolada
do meio exterior e comprimido até certa pressão em que se abre uma válvula
de descarga, ou o ar é simplesmente empurrado para a tubulação ou
reservatórios. São os compressores alternativos de pistões, de palhetas, etc.

· Compressores de deslocamento dinâmico: têm por princípio de


funcionamento a transformação de energia cinética em energia de pressão.
Este ar é acelerado, atingindo velocidades elevadas e consequentemente
os impulsores transmitem energia cinética ao ar. Posteriormente, seu
escoamento é retardado por meio de difusores, obrigando a uma elevação
na pressão. O Difusor é uma espécie de duto que provoca diminuição na
velocidade de escoamento de um fluido, causando aumento de pressão
(equação de Bernoulli).

Figura 01 – Classificação dos compressores


1.1 Compressores Alternativos – de Pistão

· Compressores de Simples Efeito


É assim chamado porque realiza a compressão do ar em apenas um lado do
êmbolo, isto é, em uma única câmara.

· Compressor de Duplo Efeito


Dessa forma é denominado porque admite e recalca nos dois lados do
êmbolo, possuindo duas câmaras onde ocorrem simultaneamente a admissão em
uma e a compressão em outra.

· Compressor de Múltiplo Estágio


Estágio de compressão significa o número de vezes que um compressor
comprime a mesma massa de ar admitida. Portanto, em um compressor de duplo
estágio a mesma massa de ar admitida é comprimida duas vezes e que por isso
ele tem uma melhor eficiência e garante uma limitação na elevação da temperatura.
Este tipo de compressor possui uma câmara de baixa pressão e uma de alta,
existindo entre elas um inter-resfriador (INTERCOOLER).

Figura 02 – esquema de compressores de simples efeito e duplo efeito

Figura 03 – foto de um compressor de duplo estágio


1.2 Compressores de Parafusos

Este compressor é dotado de uma carcaça onde giram dois rotores helicoidais
em sentidos opostos. Um dos rotores possui lóbulos convexos, enquanto o outro
possui uma depressão côncava e são denominados, respectivamente, macho e
fêmea. Nas extremidades existem aberturas para admissão e descarga do ar.
O ar à pressão atmosférica ocupa o espaço entre os rotores e, conforme eles
giram, ele fica confinado e vai sendo comprimido à medida que este volume diminui
até atingir a descarga. Nela existe uma válvula de retenção para evitar a inversão
de giro do compressor quando ele estiver parado.

Figura 04 – unidade de compressão de parafusos

A figura abaixo mostra a construção típica de um compressor de parafuso:

Figura 05 – compressor de parafuso


Figura 06 – compressor de parafuso (filtro de admissão do ar)

Os compressores de parafuso ainda são dotados de resfriador de ar, geralmente,


ar-ar. Ou seja, são trocadores de calor do tipo radiadores. Há ainda os trocadores de
calor ar-água que são mais eficientes.
A figura abaixo mostra a parte de um compressor de parafuso responsável pela
secagem do ar, através de trocador de calor do tipo radiador.

Figura 07 – secador de ar do tipo radiador do compressor de parafuso


A figura abaixo mostra um esquema típico de um compressor de parafuso com
todos os seus componentes.

Figura 08- esquema de um compressor de parafuso

Quais tipos de compressores de ar comprimido são mais usados?

Na área de aplicação profissional e industrial, são mais usados os compressores


de pistão e/ou compressores de parafuso.

O que é um compressor de pistão?

O compressor de pistão lembra um motor de combustão interna com comando de


válvulas. O ar atmosférico é aspirado e comprimido num cilindro pelo pistão de
movimento alternativo acionado pela biela e árvore de manivela. As sequências
de aspiração e compressão são comandadas pelas válvulas.

Quais são as características de um compressor de pistão?

As características típicas do compressor de pistão são:


o Elevado grau de eficiência
o Pode atingir pressões de altas até muito altas
o Permite unidades com dimensões reduzidas
o Permite grande variedade de versões (com múltiplos cilindros e vários
estágios de compressão)
o Baixo custo
o Fluxo de pressão pulsante (desfavorável)
 O que é um compressor de parafuso?

 A carcaça do compressor de parafuso contém dois fusos helicoidais que,
girando em sentidos opostos, comprimem continuamente o ar na câmara de
pressão. No seu curso, através do compressor, o ar aspirado é comprimido na
câmara de volume decrescente até a pressão final preestabelecida no projeto.

 Quais são as características de um compressor de parafuso?

 As características típicas do compressor de parafuso são:


o Fluxo contínuo de ar
o Baixa temperatura de compressão final
o Permite compressão isenta de óleo
o Baixa geração de ruído
o Permite a construção de múltiplos estágios
o Adequado para grandes volumes de consumo
o Custo mais alto
Os compressores de parafuso têm prevalecido nas aplicações que requerem
grandes volumes de ar de forma contínua.

Há diversos tipos de compressores, porém, neste capítulo, foram vistos apenas


dois e apenas seus princípios de funcionamento. Entretanto, o gráfico abaixo orienta
na escolha do tipo de compressor a ser usado numa rede de ar comprimido, em função
da relação entre a pressão e a vazão requeridas.

Gráfico 09 – Escolha do tipo de compressor pela relação entre P e Q


2. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO
O ar, aspirado pelos compressores, contém contaminantes de três tipos básicos:
água, óleo· e poeira. Sendo todos eles indesejáveis para a utilização, devido aos
problemas que cada um ocasiona.

2.1 - Umidade

A umidade (água) penetra na rede pelo próprio compressor ao aspirar o ar


atmosférico.
A quantidade de umidade varia em função da umidade relativa do ar, que também
varia de acordo com a temperatura e condições atmosféricas.
Pode-se fazer uma analogia entre o ar atmosférico e uma esponja: se ao
passar uma esponja umas poucas vezes sobre um filete de água, ela irá absorver
a água sem deixar pingar. A água ficará retida entre os espaços vazios da
esponja, isto é, a esponja possui a capacidade de absorver certa quantidade de
água. Porém, se ao continuar a colocar água, a esponja irá saturar, ou seja, terá
a sua capacidade de absorção reduzida deixando a água escoar. Algo análogo
ocorre com o ar atmosférico, se a temperatura está alta, maior será o espaço
entre as moléculas dos gases que o compõem e maior será a capacidade de reter
umidade, ocorrendo o contrário na medida em que a temperatura do ar é
reduzida.
Dessa forma a capacidade que o ar tem de reter a água está relacionada com a
sua temperatura, assim, não ocorre a precipitação da água no momento da
compressão do ar, mas, quando o ar sofre um resfriamento como é o caso das próprias
linhas de distribuição. A essa temperatura em que começa a ocorrer a condensação
dá-se o nome de temperatura de ponto de orvalho. A presença desta água causada
pela diminuição de temperatura pode criar alguns problemas:
- Oxidação das tubulações;
- Oxidação dos componentes pneumáticos;
- Redução da vida útil dos equipamentos pneumáticos, causada pela
destruição da película lubrificante;
- Maior frequência de manutenção;
Os motivos acima são mais que suficientes para que se entenda a importância
de se retirar do ar grande parte da água, bem como, dos demais contaminantes para
que não haja redução na eficiência dos componentes pneumáticos.
Figura 10- efeitos da contaminação do ar comprimido

2.2 - Resfriador Posterior


Vimos anteriormente como a água (umidade), é prejudicial e, por isso se faz
necessário, sua retirada ao máximo. Uma maneira eficaz na retirada inicial da umidade
é a utilização de um Resfriador Posterior (aftercooler) - figura 11.

Figura 11- Trocador de calor e separador de condensado

A figura abaixo mostra um trocador de calor em corte, para se ter uma melhor
ideia de como ele funciona. A água passa por fora dos tubos, resfriando-os, enquanto
o ar quente, proveniente do compressor vai sendo esfriado à medida que percorre o
interior dos tubos. Ao ser esfriado, parte do vapor de água se condensa e vai para um
separador, onde se separa do ar por gravidade.

Figura 12- Trocador de calor em corte


O resfriador posterior é simplesmente um trocador de calor, colocado entre
a saída do compressor e o reservatório, utilizado para resfriar o ar comprimido.
Através desse resfriamento tem-se uma retirada de cerca de 75% a 90% do vapor
de água contido no ar, bem como, a retirada de uma certa quantidade de óleo
proveniente do compressor.

Pelo resfriamento evita-se também que a rede de distribuição venha a sofrer uma
dilatação muito acentuada devido às altas temperaturas de descarga do ar.

Normalmente um resfriador posterior, é constituído de duas partes:


 Um corpo cilíndrico onde se alojam feixes de tubos, formando uma
espécie de colmeia;
 Um separador de condensado normalmente com dreno automático ou
manual.

Funcionamento de um Resfriador Posterior


O ar vindo do compressor passa por dentro dos tubos, cujo sentido de fluxo é
contrário ao do fluxo da água de refrigeração.
As placas defletoras melhoram a eficiência na dissipação do calor, pois fazem
com que a água circule por mais tempo dentro do resfriador, melhorando assim o
resfriamento do ar.
O separador de condensado encontra-se na saída do trocador de calor. Sua
forma de cilindro vertical provoca a eliminação da água condensada por diferença de
densidade, ou seja, a água fica depositada em seu fundo. O dreno que fica na sua
parte inferior pode ser manual ou automático, e, a água é escoada para a atmosfera,
ou para uma tubulação para tratamento posterior.

Figura 13- Trocador de calor

2.3 - Resfriador Intermediário


Está localizado entre os estágios de compressores de múltiplos estágios,
resfriando o ar quando ele sai do estágio de baixa pressão para entrar no estágio de
alta pressão, melhorando a eficiência de compressão.

2.4 - Reservatório
Um sistema de ar comprimido é dotado de um ou mais reservatórios, que
desempenham as seguintes funções no processo de produção:
 Armazenar o ar comprimido;
 Resfriar o ar;
 Auxiliar na eliminação do condensado;
 Compensar as flutuações de pressão em todo o sistema de distribuição;
 Manter a pressão constante na linha de distribuição;
 Estabilizar o fluxo de ar;
 Controlar as marchas dos compressores, etc.
A figura abaixo mostra os elementos que constituem um reservatório:

Figura 14- Reservatório de Ar Comprimido

Os reservatórios são construídos no Brasil conforme PNB 109 da ABNT que


recomenda:
Nenhum reservatório deve operar com uma pressão acima da Pressão Máxima
de Trabalho Permitida, exceto quando a válvula de segurança estiver dando vazão;
nesta condição a pressão não deve ser excedida em mais de 6% do seu valor.

Localização

 Os reservatórios devem ser instalados de modo que todos os drenos,


conexões e aberturas de inspeção sejam facilmente acessíveis.
 Em nenhuma condição, o reservatório deverá ser enterrado ou instalado
em local de difícil acesso;
 De preferência os reservatórios devem ser instalados fora da casa dos
compressores, na sombra, para facilitar a condensação da umidade e do
óleo contidos no ar comprimido;
 Os reservatórios devem possuir um dreno no ponto mais baixo para fazer
a retirada deste condensado acumulado em cada 8 horas de trabalho. A
melhor opção é o dreno automático.
 Os reservatórios são dotados ainda de manômetro, válvulas de segurança,
e são submetidos a uma prova de pressão hidrostática, antes da utilização.
2.5 - Desumidificadores do Ar (Secadores)

Tornamos a afirmar que a presença de umidade no ar comprimido é sempre


prejudicial para as automatizações pneumáticas causando sérios prejuízos ao sistema.
É necessário eliminar ou reduzir ao máximo esta umidade. O ideal seria eliminar
a umidade do ar comprimido de modo absoluto, o que é impossível.
Ar seco industrial não é aquele totalmente isento de água; é o ar que, após um
processo de desidratação, flui com um conteúdo de umidade residual que possa ser
utilizado sem qualquer dano ao sistema pneumático.
A aquisição de um secador de ar comprimido pode significar no orçamento
de uma empresa um investimento de alto custo. Em alguns casos, verificou-se
que um secador chegava a custar 25% do valor total da instalação de ar.
Cálculos efetuados mostraram também os prejuízos causados pelo ar úmido:
substituição periódica de tubulação, serviços de manutenção, substituição de
componentes pneumáticos, filtros, válvulas, cilindros danificados, impossibilidade de
aplicar o ar em determinadas operações como pinturas, etc. Concluiu-se que o
emprego do secador tornou-se altamente lucrativo, sendo pago em pouco tempo de
trabalho, considerando-se somente as peças que não eram mais refugadas pela
produção.
Os meios utilizados para secagem do ar são múltiplos.
Sendo que os mais utilizados são os abaixo discriminados:

2.6 - Secagem por Refrigeração

O método de secagem do ar
comprimido por refrigeração consiste em
submeter o ar a uma temperatura
suficientemente baixa, a fim de que a
quantidade de água ainda existente seja
retirada em grande parte e não prejudique de
modo algum o funcionamento dos
equipamentos. Como já foi mencionado, a
capacidade do ar de reter umidade é função
de sua temperatura.
O processo de secagem por
refrigeração, é bastante simples como
descrito a seguir:

Figura 15- Secagem por refrigeração


2.6.1 - Funcionamento

O ar quente proveniente do compressor passa primeiro por um pré-resfriador


(trocador de calor) onde se tem a diminuição de sua temperatura devido à circulação
do ar que sai frio e seco do separador. Chegando ao resfriador principal sua
temperatura cai ainda mais, pois está em contato com um circuito de refrigeração que
usa como refrigerante o gás FREON.
Durante esta fase, a umidade contida no ar forma pequenas gotas de água
corrente, chamada condensado, dirige-se ao separador e deposita-se no seu fundo, de
onde é evacuada através de um dreno para atmosfera.
No resfriador principal a temperatura do ar fica na faixa de 0,65°C a 3,20°C,
controlada por um termostato que comanda o compressor do sistema de refrigeração.
O ar seco volta novamente para o trocador de calor inicial (Pré-resfriador),
causando o pré-resfriamento no ar úmido de entrada, coletando parte do calor deste
ar. O calor adquirido serve para recuperar sua energia e evitar o resfriamento por
expansão que ocasionaria a formação de gelo, caso fosse lançado a uma baixa
temperatura na rede de distribuição, devido à alta velocidade.
A figura 16 mostra um esquema típico de
um sistema de tratamento do ar
comprimido.

Figura 16 – Esquema típico de tratamento do ar

2.7 - Secagem por Absorção

Este processo tem por princípio a utilização, em um


circuito, de uma substância sólida ou líquida para
absorver, por reação, outra substância líquida ou gasosa.
Este processo é também chamado de Processo
Químico de Secagem, pois o ar é conduzido no interior
de um volume através de uma massa higroscópica,
insolúvel ou deliquescente que absorve a umidade do ar,
processando-se uma reação química.
(figura 17).
Figura 17.- Secagem por absorção
As substâncias higroscópicas são classificadas como insolúveis quando
reagem quimicamente com o vapor d'água, sem se liquefazerem. São
deliquescentes quando, ao absorver o vapor d'água, reagem e tornam-se líquidas.
As principais substâncias utilizadas são: Cloreto de Cálcio, Cloreto de Lítio, Dry-
o-Lite.
Com a consequente diluição das substâncias, é necessária uma reposição
regular, caso contrário o processo torna-se deficiente. A umidade retirada e a
substância diluída são depositadas na parte inferior do invólucro, junto a um dreno, de
onde são eliminadas para a atmosfera.

2.8 - Secagem por Adsorção

Trata-se do processo de depositar moléculas (aderência) de uma


substância (ex. água) na superfície de outra substância, geralmente sólida. (ex.
SiO2).
Este método também é conhecido por Processo Físico de Secagem. Admite-
se, em teoria, que na superfície dos corpos sólidos existem forças influenciando
moléculas líquidas ou gasosas através do fenômeno de atração.
O processo de adsorção é regenerativo; a substância adsorvente, após estar
saturada de umidade permite a liberação da água quando submetida a um
aquecimento regenerativo.
Para secar o ar existem dois tipos básicos de secadores:
 Torres duplas;
 Tipo rotativo.

Torres Duplas: é o tipo mais comum. As torres são preenchidas com Óxido de
Silício (Silicagel-Si02), Alumina Ativada (Al203 ), Rede molecular (NaAI02Si02) ou
ainda Sorbead.
Por intermédio de
uma válvula direcional,
o ar úmido é orientado
a passar através de
uma torre, onde em
contato com a
substância adsorvente
se processará a sua
secagem. No mesmo
instante, no interior da
outra torre estará
ocorrendo a
regeneração da substância adsorvente, Figura 18- Secagem por adsorção
que poderá ser feita por injeção de ar quente ou como na maioria dos casos por
resistores e circulação de ar seco.

Fazendo-se o aquecimento da substância, provocaremos a evaporação da


umidade que, então, é arrastada pelo ar seco para atmosfera.

Os dois trabalhos, de secagem e de regeneração são simultâneos e


temporizados, havendo dessa forma uma inversão na função das torres; a torre que
está tendo a sua substância regenerada passa a secar o ar que está sendo
comprimido e a outra passa a ter a sua substância adsorvente regenerada.

2.9 - Unidade de Conservação

Após passar por todo o processo de produção, tratamento e distribuição, o ar


comprimido deve sofrer um último condicionamento, antes de ser colocado para
trabalhar, a fim de produzir melhores desempenhos.
Neste processo o ar sofre um beneficiamento que se constitui em três
etapas; filtragem, regulagem de pressão e lubrificação, isto é, introdução de
certa quantidade de óleo no ar para a lubrificação dos equipamentos
pneumáticos.
A unidade de conservação de ar, é uma unidade de serviço indispensável em
todos os sistemas pneumáticos, sejam eles simples ou complexos, pois permitem uma
utilização do ar em condições mais favoráveis de serviço como também prolonga a vida
útil dos componentes dos equipamentos.

Figura 19– Unidade de condicionamento


2.9.1 - Filtragem do Ar
Os sistemas pneumáticos são sistemas abertos; o ar após ser utilizado, tem
escape para a atmosfera, enquanto que a alimentação aspira ar livre constantemente.
Este ar, por sua vez, está sujeito a contaminantes e às impurezas procedentes da
rede de distribuição.
A maioria destas impurezas é retirada, nos processos de preparação, mas as
partículas pequenas ficam suspensas e são arrastadas pelo fluxo de ar comprimido,
agindo como abrasivos nas partes móveis dos elementos pneumáticos.
A filtragem do ar consiste na aplicação de dispositivos capazes de reter as
impurezas suspensas no fluxo de ar, e em suprimir ainda mais a umidade presente.
O equipamento normalmente utilizado para este fim, é o filtro de ar que atua de
duas formas distintas:
 Pela ação da Força Centrífuga;
 Pela passagem do ar através de um elemento filtrante, de bronze
sinterizado ou malha de nylon.

Figura 20 – filtros e elementos filtrantes

· Funcionamento do filtro de ar
O ar entra no filtro pela conexão (E) e é forçado
a ir de encontro ao defletor superior (D), cuja função
é fazer com que o ar descreva um movimento
circular descendente, aumentando assim sua
velocidade e, através da força centrífuga e do
resfriamento que a expansão do mesma causa, a
água é condensada. As partículas sólidas mais
densas são jogadas de encontro às paredes do
Figura 21– seção de um filtro de ar
comprimido
corpo do filtro (C), indo se depositar, juntamente com a água no fundo do copo, por
onde serão expulsos para a atmosfera através do dreno (A) manual ou automático.
O ar atinge então o defletor inferior (B) onde haverá uma certa eliminação da
umidade e por onde o ar é lançado para cima para então passar através do elemento
filtrante (F), que pode ser de malha de nylon ou bronze sinterizado e que reterá as
partículas micrométricas de impurezas. Só então, que o ar chegará à conexão de saída
(S). Os elementos de bronze sinterizados retêm impurezas de 120 até 3µm. A malha
de nylon retém partículas de 30µm.

2.9.2 - Drenos dos Filtros


Drenos são dispositivos fixados na parte inferior dos copos, que servem para
eliminar o condensado e impurezas, retidos pela ação de filtragem. Podem ser
manuais ou automáticos. Os drenos automáticos são preferidos em locais de difícil
acesso e sempre que possível, pois eliminam a necessidade de um operador para
retirar o condensado.

Figura 22 – simbologia de drenos

2.9.3 - Reguladores de Pressão


Um sistema de produção de ar comprimido atende à demanda de ar para
vários equipamentos pneumáticos que, normalmente, trabalham a pressões
diferentes.
Deste modo, o regulador de pressão terá como função: manter a pressão de
trabalho constante na sua saída, mesmo que ocorra variação de pressão na sua
entrada, funcionar como válvula de segurança e compensar o volume de ar requerido
pelos equipamentos.

Funcionamento

O ar entra no corpo da válvula pela conexão de entrada e só chegará à saída se


o obturador (A) der condições de passagem. A pressão é regulada por um diafragma
(O) em que uma das faces está submetida à pressão de trabalho de uma mola.
Quanto mais se gira a manopla (B) mais se comprime a mola que, por sua
vez, forçará o diafragma contra o obturador que se desloca de sua sede dando
então condições de passagem de ar.
Com o aumento da pressão pelo lado da saída a membrana se movimenta
contra a mola fazendo com que o obturador se aproxime de sua sede até o
fechamento completo. Com o consumo de ar a pressão diminui e a mola força o
diafragma que abre a válvula. Entende-se então que manter uma determinada
pressão consiste em um abrir e fechar de válvula. Sobre o prato do obturador
tem uma mola que tem a função de servir como amortecedor de vibrações. Se a
pressão na saída crescer a um valor maior que o da mola, o diafragma será
forçado para baixo, teremos então escape de ar pelo orifício de escape. Isso
ocorre porque o diafragma possui um orifício em que em condições de trabalho
permanece fechado pela ponta de obturador. Com elevações de pressões ele se
abre e permite um contra balanceamento de pressão.

Figura 23 – Esquema de um regulador de pressão e símbolo

2.9.4 - Lubrificação
Os sistemas pneumáticos e seus componentes são constituídos de partes
que possuem movimentos relativos que se sujeitam a desgastes mútuos e
consequente inutilização.
Para diminuir os efeitos desgastantes e as forças de atrito, a fim de
facilitar os movimentos, os equipamentos devem ser lubrificados sempre
por meio do ar comprimido.
A lubrificação consiste em misturar uma quantidade controlada de óleo
lubrificante ao ar comprimido, para que ele carregue as gotículas de óleo em
suspensão até às partes mecânicas internas e móveis dos equipamentos. O
controle é feito para não causar obstáculos na passagem de ar, problemas nas
guarnições, etc.
O meio mais prático de efetuar este tipo de lubrificação é através do
Lubrificador.

Funcionamento do Lubrificador
O funcionamento de um lubrificador baseia-se no princípio do Tubo de
Venturi, ou seja, há uma restrição de seção em (A) que se comunica a um
reservatório de óleo pressurizado por meio de um tubo (B). Quando há fluxo de
ar naquela seção, a pressão ali se torna menor que a do reservatório e o óleo é
forçado a dirigir-se para aquela saída. Em contato com a corrente de ar
transforma-se em gotículas e viaja naquela corrente até alcançar as partes
móveis dos equipamentos.

Figura 24 – Esquema de um lubrificador e símbolo

2.9.5 - Manômetro

São instrumentos utilizados para indicar o ajuste de intensidade de


pressão. Existem dois tipos básicos de manômetros: Tubo de Bourdon e
Schraeder.
Será citado apenas o mais utilizado, que é o manômetro tipo tubo de
Bourdon. É o tipo de elemento elástico mais utilizado em manômetros. Consta
de um tubo metálico de seção transversal
elíptica, tendo uma de suas extremidades
fechada e ligada a uma alavanca que aciona
o mecanismo de indicação. A alavanca fixa
ao tubo de Bourdon aciona uma outra
alavanca dentada e essa, por sua vez, se
move em torno de um ponto fixo,
transmitindo seu movimento ao ponteiro.

Figura 25 – Esquema de um manômetro tipo Bourdon e símbolo

A pressão ao entrar no tubo recurvado, tende a estica-Io e com isso o


sistema de engrenagens movimenta o ponteiro, registrando a pressão sobre a
escala.
Como é fácil perceber, o movimento do tubo é bastante pequeno, razão
pela qual as engrenagens devem estar bem ajustadas sem jogo, nem atrito. Os
metais e as ligas dos tubos de Bourdon, bem como o tratamento térmico a eles
dado e as soldas efetuadas são de grande importância.
O tubo deve resistir à máxima pressão, mesmo por largo período e também
à fadiga de sucessivas solicitações ou vibrações exteriores. Os materiais mais
comuns em tubos são:
Bronze fosforoso, aço liga, aço inoxidável, etc. Por outro lado, o tubo pode
ser repuxado ou bloqueado e as soldas podem ser de vários tipos.
De modo geral, os manômetros Bourdon apresentam-se com precisão de
1% da graduação máxima para qualquer ponto acima dos 5% iniciais da escala.

Obs.: Devido a elasticidade do material ser limitada, deve-se utilizar o


manômetro dentro da faixa para o qual foi constituído, afim de não deformar
definitivamente o tubo de Bourdon. Por outro lado, o uso de pressões muito
abaixo de sua limitação provocará imprecisão na indicação.

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