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Arquitetura dos Dejetos


Estudante Leonardo Silva Rodrigues

Tecnologia de Edificação I
Professor Anderson Claro
Semestre 2003-2
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Universidade Federal de Santa Catarina

A Arquitetura de hoje
Muito se fala hoje em desenvolvimento sustentável, sendo esse conceito já
bastante difundido e distorcido em todos os campos do conhecimento científico.
Porém, o recente discursos de Arquitetos e Técnicos em geral ainda se
apresenta muito distante da realidade social e ambiental do planeta que
habitamos.

A gigantesca maioria dos países do mundo está disposta em frear a destruição


de nosso meio-ambiente, assim com já se manifestaram algumas ocasiões e
mais recentemente em Joanesburgo, África do Sul, na última conferência
mundial sobre o destino do bioma terrestre.

No entanto, pela vontade de pouquíssimos países, que detém o poder


econômico mundial, nosso planeta terá de esperar mais algum tempo para que
se comece a reduzir, e não extinguir, sua catastrófica morte.

Enquanto se desenha este quadro de horror, infelizmente prosseguimos


assistindo a Arquitetura assinar, através de seus profissionais, a imcapacidade
de nossa espécie em não se despir de pré-conceitos estéticos e morais
incompatíveis com a realidade social e ambiental do local que habitamos.

Inumeros processos construtivos e artifícios técnicos e teóricos estão


disponíveis para serem empregados de forma a causarem um menor impacto
ambiental, no entanto estes materiais e suas técnicas continuam a aguardar o
capricho de uma sociedade de espetáculo, que prefere ostentar sua estúpida
distribuição de renda.

Segundo BOFF (1996), “uma sociedade ou um processo de desenvolvimento


possui sustentabilidade quando por ele se consegue a satisfação das
necessidades, sem comprometer o capital natural e sem lesar o direito das
gerações futuras de verem atendidas também as suas necessidades e de
poderem herdar um planeta sadio e com seus ecossistemas preservados”.
Dentro desse ponto de vista, desenvolvimento sustentável significa usarmos

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nossa ilimitada capacidade de pensar em vez de nossos limitados recursos


naturais.

Em uma biosfera terrestre que se comporta como um sistema fechado, onde a


manutenção natural dos elementos segue uma dinâmica cíclica, a extração e
utilização maciça de recursos não renováveis segundo um comportamento
linear, com a também maciça deposição de resíduos nesse mesmo meio,
implicam na exaustão de materiais antes concentrados e, de outro, na
degradação destes e de novos elementos, acarretando uma instabilidade no
sistema global e uma indisponibilidade de recursos às sociedades futuras.

Para termos um desenvolvimento sustentável que se realize na prática,


devemos saber que existe uma incompatibilidade de princípios entre
sustentabilidade e capitalismo. No discurso desenvolvimentista do capital,
tenta-se conciliar dois termos inconciliáveis dentro do atual contexto da
globalização capitalista. O conceito de sustentabilidade é impensável e
inaplicável nesse ponto de vista.

A consciência ambiental do arquiteto


Durante o século XX, a constante substituição da madeira pela energia derivada
dos combustíveis fósseis conduz a humanidade a uma seqüência de
acontecimentos que aumenta, cada vez mais rapidamente e em proporções
cada vez mais consideráveis, o rendimento dos sistemas de produção e a taxa
de crescimento econômico do planeta, tornando as tecnologias cada vez mais
aperfeiçoadas, mais produtivas e cada vez mais consumidoras de energia.

Nesse ponto de vista, devemos dar razão a Ivan Illich quando afirma que o
exercício da democracia é indissociável da existência de uma técnica de baixo
consumo de energia, sendo que a incorporação de algo mais do que uma certa
quantidade de energia por unidade de um produto industrial inevitavelmente
tem efeitos destruidores, tanto no ambiente sociopolítico quanto no ambiente
biofísico.

O autor dos estudos referentes à equidade energética sustenta que não é


possível alcançar um estado social baseado na noção de democracia e
simultaneamente aumentar a energia mecânica disponível, a não ser segundo a
condição de que o consumo de energia por pessoa numa sociedade se
mantenha dentro de limítes.

A única saída humanamente desejável seria uma gestão democrática e não-


autoritária da energia - entendendo democracia como baixo consumo de
energia – a qual passaria necessariamente por um acesso igualitário aos
recursos energéticos, uma visão ainda bastante utópica, e a utilização de fontes
renováveis de energia através do uso de tecnologias alternativas
descentralizadas. Colocar-se nesta perspectiva significa repensar, não somente

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a organização das relações de produção, mas também a necessária articulação


entre a estrutura social e as forças da natureza.

A Permacultura
Permacultura vem inicialmente da contração das palavras agricultura e
permanente (em inglês, permaculture = permanent+ agriculture).

‘Trata-se do desenho e manutenção cuidadosos e conscientes de


ecossistemas agriculturalmente produtivos que possuem a diversidade,
estabilidade e resiliência dos ecossistemas naturais. É a integração harmoniosa
da paisagem com as pessoas, provendo alimento, energia, abrigo e outras
necessidades materiais e não materiais de um modo sustentável. Sem uma
agricultura permanente não há possibilidade de ordem social estável.’

Bill Mollison, 1978

A filosofia por trás da permacultura é a de se trabalhar com a natureza, e não


contra ela; de se fazer uma observação prolongada e bem pensada em vez de
uma ação prolongada e impensada (trabalho desnecessário); é a filosofia de
enxergar os sistemas em todas as suas funções, em vez de exigir deles apenas
um produto; e de permitir aos sistemas mostrarem suas próprias evoluções.

Assim, na permacultura nós usamos os modelos ecológicos encontrados em


sistemas naturais como base para projetar sistemas integrados. Como conceito
prático, sua aplicabilidade vai da sacada do apartamento até a fazenda, da
cidade grande até a mata, nos capacitando a estabelecer ambientes produtivos
que atendam nossas necessidades e as infraestruturas econômicas e sociais
que suportem esses ambientes.

Todos os aspectos da cultura e dos ambientes humanos, tanto urbanos como


rurais, e seu impacto global e local, são levados em consideração. Permacultura
é a ética do cuidado com a Terra porque o uso sustentável da terra não pode
ser separado do estilo de vida e de aspectos filosóficos.

Permacultura é algo fácil de compreender como um todo, fácil de sentir, fácil de


identificar com um monte de desejos pessoais profundos, mas bastante difícil
de definir. Poderíamos dizer, resumindo muito, que é a prática real e efetiva da
sustentabilidade, ou que é a ecologia colocada como práxis diária. Nas palavras
sarcásticas de seu criador, Bill Mollison, é “um meio racional de não se defecar
na própria cama”, ou, de forma mais otimista, “uma tentativa de se criar um
jardim do Éden”, bolando e organizando a vida de forma que ela seja
abundante e com algum significado, sem prejudicar o meio ambiente ou o

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próximo. Isso é amplo e genérico, decerto, e pode parecer pretensioso e quase


místico. Mas, com a permacultura, é algo muito prático e possível, e é aí, nessa
praticidade e factibilidade, com exemplos palpáveis e funcionando em vários
locais do mundo, inclusive no Brasil, que a permacultura conquista, convence,
encanta e cresce. Ela nos coloca uma ética que impõe uma ação imediata, por
menor e mais local que seja, para a organização de uma nova sociedade
planetária, baseada na sustentabilidade, no desenvolvimento de modelos
baseados na natureza e na cooperação com ela, natureza, e com os outros
seres humanos.

Então, para chegar ao grande e amplo objetivo que é construir, a partir da


abundância saudável possível e factível, uma nova sociedade planetária, ela
desce em detalhes específicos, minuciosos e práticos em todos os campos das
reais necessidades humanas.

Começa pela alimentação e produção de alimentos, passa pelo projeto, design e


construção de habitações, pelos sistemas de geração e conservação de energia,
pelos sistemas de manejo e conservação de água, pelo design de comunidades
sustentáveis, pelo desenvolvimento de sistemas monetários alternativos e até
por sistemas de governância das comunidades sustentáveis, com práticas de
consenso, resolução de conflitos e por aí afora.

Por isso ela está crescendo dessa forma vertiginosa. Por isso ela, com menos de
30 anos de existência, está se tornando parte integrante da política oficial de
desenvolvimento da Austrália, país onde surgiu. Por isso vale a pena conhecê-
la, divulgá-la e, principalmente, colocá-la em nosso dia a dia.

ÉTICA DA PERMACULTURA

O ponto de partida da permacultura é a sua ética. É uma série de valores que


devem ser constantes no trabalho de um permacultor, aliás, deveriam fazer
parte do dia-a-dia de todas as pessoas independente de sua profissão, credo,
nacionalidade ou raça.

A ética são os três pontos a seguir:

CUIDADO COM A TERRA

CUIDADO COM AS

PESSOAS

PARTILHA DOS

EXCEDENTES

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O CUIDADO COM A TERRA fala do respeito a todas as coisas do planeta sejam


estas vivas ou não. É permitir e incentivar que todos os sistemas vivos possam
continuar e se multiplicar.

Cuidando dos ecossistemas, das espécies, das águas, dos solos e da atmosfera
em todos os momentos de nossa vida, teremos assim um mundo mais saudável
por mais tempo. Esse cuidado, esse respeito se reflete em nossas rotina diária
caso nossas decisões sejam responsáveis.

Ações responsáveis são atitudes que valorizam a vida, ou seja, o uso de


recursos de forma adequada não apelando ao consumismo exagerado e ao
desperdício.

Aqui cabe os "famosos" 5 erres, a serem aplicados nessa ordem:

RECUSAR, REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR e RESTAURAR

Recusar materiais e atitudes poluentes, tóxicas ou que degradem o ambiente


na sua extração ou no seu descarte. Reduzir o consumo dos recursos,
controlando com consiência nossas próprias necessidades e, principalmente,
cortando os supérfluos.

Reutilizar materiais e recursos em sua forma original, diminuindo o volume de


resíduos que são jogados fora e evitando o gasto de energia para que sejam
transformados em outros elementos. Reciclar materiais, agora chamados de
"resíduos", para que possam voltar ao início do processo como recursos (um
novo ciclo).

Restaurar o ambiente natural sempre que possível (na verdade, o ideal é evitar
que o ambiente, natural ou construído, seja degradado em primeiro lugar - o
que nos leva ao "recusar").*

O CUIDADO COM AS PESSOAS é importantíssimo pois apesar de a espécie


humana não ser a mais populosa do planeta, é a que mais danos causa e em
menor tempo. Portanto se, ao cuidarmos das pessoas, conseguirmos que todas
recebam o básico para suas vidas, teremos um planeta com mais chances de se
tornar sustentável.

Essas necessidades básicas podem ser abrigo, alimento, tratamento de


resíduos, educação, trabalho e relações humanas saudáveis.

A PARTILHA DOS EXCEDENTES significa que após tenhamos suprido nossas


necessidades e também tenhamos projetado e investido em nossos próprios
sistemas da melhor forma possível, podemos partilhar o excedente de tempo,
energia, dinheiro, recursos e conhecimentos auxiliando outros a alcançar a
sustentabilidade e uma melhor qualidade de vida, sempre tendo em vista o
cuidado com a Terra e o cuidado com as pessoas.

Pode-se observar, através da ética da permacultura, que a possibilidade de um


mundo melhor, sustentável e justo, é uma questão de trabalhar em

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COOPERAÇÃO e não competitivamente. Cooperação entre o ser humano e a


Terra, entre o homem e outras espécies e, também, cooperação entre as
próprias pessoas. Aliás, qualquer pessoa, instituição ou nação que acumule
riqueza ao custo do empobrecimento de outras está diminuindo a expectativa
de sustentabilidade da sociedade humana.

O Ensino de Tecnologia na Arquitetura


…sobre o ato de “educar em si”, ainda não existem esses educadores, mas
quando existirem não poderão fazer muito pelos seus educandos, a não ser se
tornarem seus libertadores…

NIETZSCHE

Assim como no mercado de trabalho de maneira geral não existem maiores


preocupações com o planejamento sadio de nossas próximas gerações, nas
Faculdades e Cursos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, o quadro não se
distancia.

Apesar de frequentemente existirem algumas manifestações sobre a


sustentabilidade do ambiente construído, o ensino de arquitetura também ainda
não saiu do discurso.

Não existem nas instituições responsáveis por capacitar os futuros Arquitetos e


Urbanistas do país, uma metodologia sequer que seja realmente eficaz na
formação destes futuros profissionais.

Não existem sistemas de aprendizado integrado, a multidiciplinaridade nunca é


contemplada de maneira satisfatória, fazendo com que raramente o Arquiteto
consiga conciliar sua técnica a um conteúdo humano, ambiental e artístico.

Um outro ponto falho em nosso ensino, é a ausência de prática profissional do


arquitetura enquanto estudante.

Obviamente que existem muitos critérios técnicos e éticos a se seguir, como a


correta orientação por professores arquitetos legalmente qualificados, a não
interferência no mercado dos profissionais, dentre outras.

Todas estas questôes já são muito bem sabidas, e soluções inteligentes e


apropriadas a nossa realidade é o que não nos faltam. No entanto, como toda
uma sociedade ainda se mantém contra modelos de vida mais condizentes com
nosso habitar, por exemplo, não é de se espantar que uma parte dela, que são
as comunidades acadêmicas de arquitetura do país, pensem e realizem algo

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que não seja igual a todo o restante da sociedade.

Biotratamento de dejetos
• O que é esgoto
• Reaproveitamento das águas
• Tratamento de fluidos com raízes
• Experiências em Florianópolis
• Banheiros secos
• Biodigestores

O que é esgoto
Esgoto é o termo usado pra caracterizar os despejos provenientes dos diversos
usos das águas, tais como doméstico, comercial, industrial, agrícola...

Os esgotos domésticos são uma parcela muito significativa dos esgotos


sanitários, provêm principalmente, de residências, edificações públicas e
comerciais que concentram aparelhos sanitários, lavanderias e cozinhas.

Apesar de variarem em função dos costumes e condições sócio econômico das


populações, os esgotos domésticos têm características bem definidas.Resultado
do uso feito pelo homem em função dos seus hábitos higiênicos e de suas
necessidades fisiológicas.

Os esgotos domésticos se compõem basicamente de: águas de banho, urina,


fezes, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem.

O cálculo para determinar a quantidade de esgoto produzido por habitante na


região de São Paulo, varia aproximadamente de 90 a 210 litros/dia por pessoa.

Valores médios entre 130-170 litros de esgoto/dia por pessoa.

Composição do esgoto:

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Todo esgoto sanitário se compõe basicamente de 99,9% de água e 0,1%


sólidos.

Sólidos orgânicos 70%(proteínas, carboidratos, gorduras) e sólidos inorgânicos


30%(areia,sais e metais).

A água em si nada mais é que um meio de transporte das inúmeras substâncias


orgânicas e inorgânicas e microrganismos eliminados pelo homem
diariamente.Os sólidos são responsáveis pela deterioração da qualidade do
corpo da água.

Diferenças entre águas cinzas e águas negras:

O que é água cinza: são águas servidas que foram utilizadas para limpeza,
(tanques,pias,chuveiros).

O que é água negra: são águas servidas que foram utilizadas nos vasos
sanitários e contém coliformes fecais.

Reaproveitamento das águas

Em alguns lugares, com populações carentes e sem informação, muitos dejetos


são lançados diretamente nos córregos e rios. Sistemas como a fossa negra,
muito comum, acabam poluindo os lençois freáticos e também as as nascentes.

O que podemos usar como filtros:

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Todo material super poroso, como por exemplo a brita (com seus poros,
absorve bastante partículas), o carvão ativado tem mais poros que a brita e por
isto é elemento filtrante mais eficiente.
Muita gente usa filtros em casa para tornar a água da rede pública mais
potável.

É isto que a prefeitura das cidades fazem com a água que todos consomem,
captam água de rios poluídos e a tornam potável através de tratamentos
químicos e filtros.

Se você reciclar 100 litros de água por 3 vezes, você ganhou 300litros de água.

Existem vários sistemas para revitalizar a água, alguns usam a oxigenação


através de quedas d’agua, outros mais revolucionários, fazem a água circular
em espirais em vários sentidos para adquirirem energia e com isto se vitalizam.

O aguapé ( planta aquática), é usado para ajudar a filtrar as águas, estas


plantas são eficientes e tem crescimento e reprodução rápida , temos só que
retirar o excessos de vez em quando ( com até 80% de eficiência)

Captação de águas pluviais


Em vários países, esta é uma prática corriqueira até em grandes cidades onde
as casas tem abastecimento público. Em algumas regiões da Austrália, o
abastecimento publico já se tornou bem caro, devido a escassez, e várias
residências optaram pela captação droveniente das chuvas.

A água de chuva não tem sais minerais, por isto devemos colocar algumas
pedras no interior das caixas águas, os reservatórios tem que ter capacidade
para armazenamento levando se em conta: índice pluviométricos mensal e
necessidade de consumo diário.
Existem algumas técnicas simples para reter a sujeira que vem junto com as
primeiras águas .

O telhado é o nosso captador de água, quanto maior, mais chuva pode-se


captar, um telhado de 100 metros quadrados em um lugar que chove 1000mm
de chuva por ano, poderemos captar 100.000 litros de água por ano; Veja a
economia que você estará fazendo se tivesse que pagar por esta água.

É possível também utilizar essas técnicas em áreas urbanas e industriaizadas.


Neste caso devemos colocar filtros adequados para filtrar poluentes.

Cisternas e o barateamento a longo prazo


Elemento essencial para a nossa sobrevivência e para todos seres vivos, a água
potável esta se tornando cada vez mais cara e escassa. A forma mais comum

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de captação de água é, em geral, proveniente de rios , que estão a cada dia


mais poluídos, necessitando cada vez mais tratamentos para seu consumo. A
reciclagem de água, dentro de poucos anos será uma prática que vai ganhar
muitos adeptos, a água, este produto que tanto necessitamos consumir, se
tornará um produto muito caro.

Tratamento de fluidos com raízes


Como podemos reciclar as águas servidas
O processo de reciclagem é em certos aspectos bem simples, temos que criar
uma alternância de ambientes com oxigênio e sem oxigênio.

Construir filtros com materiais porosos que irão limpar a água dos resíduos
sólidos em suspensão, estes materiais porosos podem ter tamanhos diferentes
para reter todos os tipos de sólidos em suspensão.

A dimensão do filtro esta relacionada com a demanda de águas servidas.

Consociar com plantas aquáticas que irão ajudar na filtragem e limpeza da


água.

Como funciona o processo:


O principal responsável pela decomposição de matéria orgânica é a bactéria,
estes organismos unicelulares que podem se reproduzir em grande velocidade,
a partir da matéria orgânica disponível.

A capacidade de sobreviver dentro de uma variedade de condições ambientais é


uma característica da bactéria. Um grupo delas, as chamadas Aeróbicas, só
vivem e se reproduzem em um meio que contém oxigênio molecular livre
(atmosférico ou dissolvido na água).

Outro grupo, as Anaeróbicas, não necessita, por sua vez de oxigênio livre e
morrem quando estão em ambiente com oxigênio.
As bactérias decompõem as substâncias orgânicas complexas dos esgotos
(carboidratos,proteínas e gorduras) em materiais solúveis.

Em condições anaeróbicas,ocorre o seguinte processo: a matéria orgânica


sedimentável se acumula no fundo da lagoa, formando uma camada de lodo,
que sofre um processo de digestão anaeróbica, as bactérias produzem
substancias solúveis, utilizadas como alimento dentro do ecossistema e que

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podem ser convertidas em gases como o dióxido de carbono, metano, gás


sulfídrico e amônia.

O ambiente filtrantes ( brita, areia, pedriscos e terra ) é responsável pela


remoção de grande parte da matéria orgânica como as gorduras e sabão.

Quanto maior o numero de ambientes anaeróbicos e aeróbicos, maior será a


eficiências do sistema de tratamento.

Sistema de reciclagem composto de filtros mistos e plantas aquáticas:

Como vimos acima temos que criar ambientes anaeróbicos e aeróbicos


associados com materiais filtrantes e plantas .

Um sistema, destinado para a reciclagem das águas cinzas e negras se


compõem desta forma:

1. reservatório anaeróbico Séptico( um tanque com agua onde os


dejetos irão sofrer ação das bactérias anaeróbicas e também separarmos as
gorduras). Este filtro já é usado em várias cidades brasileiras, como as do
litoral norte de São Paulo.
2. reservatório aeróbico -Filtro Misto tanque de brita e terra, com
plantas aquáticas ou arroz. Tem função de captar sólidos orgânicos grossos, as
plantas ajudam a filtrar a água e a limpar as britas, a terra vai reter o sabão.
3. reservatório anaeróbico com plantas( tanque com agua e plantas
aquáticas), neste tanque colocamos no fundo, novamente britas e plantas
aquáticas de superfície ( aguapés)
4. reservatório aeróbico Filtro misto( filtro misto com areia, terra,brita e
pedriscos e plantas aquáticas)
5. reservatório anaeróbico Agua reciclada( tanque onde teremos a água
para se reutilizada)

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Um reservatório contendo terra, areia grossa, pedrisco e brita, é um excelente


filtro para reciclagem de águas cinzas e negras. Colocamos estes materiais em
camadas de 10cm cada, por cima podemos plantar arroz, lirios e juncos.

Quanto mais camadas, melhor a eficiência do filtro, podemos separar as


camadas filtrantes com camadas de casca de arroz.

O tamanho do filtro depende do volume de esgoto a ser lançado.


Os filtro misto com o tempo pode ficar saturado, temos duas opções para sua
limpeza:

1-Retro lavagem, inserirmos agua com pressão na saída do filtro

2-Termos um filtro de reserva, se deixarmos de utilizar o filtro ele se auto


limpara, este processo acorre porque a matéria orgânica morrerá e secará com
a falta da água, com uma retro lavagem antes de seu uso, podemos fazer uma
limpeza bem eficiente.

Sistema Circuito Fechado:

Consiste em captar as águas servidas cinzas do chuveiro e pias e passar por


filtros de brita e lagoas de decantação, alternando ambientes com oxigênio e
sem oxigênio, como descrevemos acima, a água retorna para ser reutilizada na
casa como agua para limpeza
(tanques,pias, vaso sanitário e chuveiro).

Estes sistema para ser usado como água potável e necessário que aja processo
de evaporação como meio de purificar a água, podemos ter uma estufa que faz
a água evaporar.Usamos o sol como fonte de calor para evaporar a água.

Implantado na Fazenda Experimental Lageado (FCA/ UNESP), localizada no


município de Botucatu, coordenadas de 22º55’S e 48º55’W, foi responsável

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pela coleta e tratamento do esgoto de uma colônia de funcionários, constituída


por 12 casas e uma população de cerca de 53 pessoas.

Todo efluente gerado pela referida colônia é coletado através de uma rede
hidráulica de tubos de PVC de 4", com aproximadamente 150 m de
comprimento e conduzido para a estação de tratamento.

Sistema experimental em Botucatu- SP:

Estrutura do sistema de tratamento

Assim, todo efluente doméstico captado era conduzido primeiramente para 3


caixas de cimento amianto interligadas entre si, com capacidade de 1000 litros
cada, e cuja finalidade era de reter ou promover a decantação do material
poluente mais grosseiro existente na água de esgoto.

O tempo de residência do efluente nessa estruturas foi estimado em 6 horas,


em função da descarga do esgoto.

Após passar por uma peneira, situada na última caixa de decantação, o esgoto
era lançado em um repartidor de fluxo o qual era responsável pela distribuição
da água, de maneira uniforme, para as caixas contendo pedra britada No 1
(figura ) e posteriormente para os leitos filtrantes que efetuavam as demais
etapas do tratamento.

Como o experimento envolvia 4 tratamentos diferentes, foram implantadas 4


caixas de 1000 L cada, tendo-se em sua parte inferior composta por uma
pequena camada de 10 cm de pedrisco, completada com pedra no 1, formando
uma camada de aproximadamente 50 cm. Tais caixas tinham a função de
efetuar uma pré-filtragem do efluente, com remoção significativa de parte do
material sólido não retido pelas peneiras situadas no interior das caixas de
decantação e à saída das mesmas.

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O tempo de residência de em cada uma dessas estruturas, foi estimado como


sendo de 10 horas, calculado em função da descarga de esgoto.

Fazendo parte das estruturas descritas, o efluente doméstico após passar pelos
compartimentos com pedra, era conduzido para outras 4 caixas com leito
filtrante, cuja capacidade era de 1000 litros cada e com tempo de residência
estimado em mais de 10 horas condução do experimento .

No decorrer do experimento o coast cross foi substituído naturalmente pelo


capim arroz (Echinocloa cruz pavones ), cuja substituição apresentou maior
eficiência na manutenção do valor da condutividade hidráulica saturada ( Ks ),
em níveis desejados.

Outro fator que contribui para o funcionamento perfeito do sistema, é a


qualidade da água despejada. Águas poluídas com químicas podem afetar os
filtros.

Como fazer um filtro em casa.

Como descrevemos acima, podemos construir de várias maneiras um filtro para


reciclarmos nossas águas cinzas, um modelo simples pode ser feito por nós
mesmos.

Primeira providência que temos que tomar é separarmos as águas cinzas das
águas negras.

Feito isto, podemos começar a construir nosso sistema de reciclagem de águas


cinzas.

Temos que ter 3 reservatórios( podemos usar tambores de 200 litros


comprados em ferro velho).

No primeiro fazemos uma entrada para água na borda de cima do


reservatório, Para a saída, temos que criar um sistema sifão, que capta a água
uns 60 cm abaixo do nível da água de entrada. Esta é a nossa caixa séptica que
irá separar o grosso da gordura. Como a gordura bóia, o nossa captação de
água vai estar submerso 60 cm abaixo no nível dos canos de entrada e saída de
água.

No segundo reservatório, colocamos brita, areia e terra em camadas de 10


cm. Temos que deixar um bom espaço ( 40 cm) da borda de cima até a
superfície do nosso leito filtrante ( brita, areia e terra) para o acumulo de água
que pode ocorrer quando a demanda de água for maior que o tempo de
filtragem.

A saída da água e feita pelo fundo do reservatório.


Podemos plantar arroz e plantas aquáticas como junco e lírio para ajudar na
filtragem.

No terceiro reservatório, podemos criar um pequeno lago ornamental para o

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jardim. Temos que cavar um pequeno buraco de 1,5-2m de diâmetro e


aproximadamente 50 cm de profundidade, Cobrimos a superfície deste buraco
com lona plástica. Antes porem, temos que livrar a superfície de raízes ou
pedras pontiagudas que possam furar o plástico. Colocar um pouco de areia
pode ajudar nesta operação.
A seguir, colocamos um pouco de brita no fundo do lago com cuidado para não
furar a lona plástica. Nestas britas colocamos plantas aquáticas de varias
espécies tipo: lírios do brejo e juncos e aguapé.

E importante termos aguapés, eles são muito eficientes como filtros


naturais.Nas bordas podemos colocar terra e algumas pedras, e plantamos
flores e plantas.Se também pode colocar alguns peixes neste lago, os peixes
comem matéria orgânica em suspensão na água.

Em uma das extremidade do lago podemos criar uma praia feita de areia e
brita, nesta praia colocamos um cano ( ladrão de água) e conectamos com o
terceiro reservatório que terá água reciclada para uso.

O primeiro reservatório deve ser colocado em local ventilado e tampado, o


processo anaeróbico produz gases de mal cheiro.
Os aguapés se reproduzem rapidamente, de tempos em tempos , devemos
retirar o excesso.

O sistema de águas cinzas esta então criado, esta água já pode ser usada em
limpeza , descarga de banheiro e irrigação do jardim.

Circulo de Bananeiras

As bananeiras gostam de solos bem úmidos e ricos em mateira orgânica,


podemos utilizar a bananeira como nosso filtro natural.
O Sistema é bem simples, compreende em despejarmos as águas servidas da
privada em uma fossa séptica ,e depois lança La em um buraco com britas e
terra em cima, rodeado de Bananeiras e plantas que gostam de solo úmido, (o
lírio é também um excelente filtro), elas irão aproveitar da água e os nutrientes
do nosso banheiro, este sistema pode ser usado para irrigação das plantas do
jardim e arvores .

EXPERIÊNCIA EM FLORIANÓPOLIS
Arq. Joel Ivo Balconi – Sambaqui.

A muitos anos pesquisando


técnicas e realidades, o arquiteto
Joel Ivo Balconi desenvolveu um
sistema de tratamento de
efluentes que não apenas
contemplasse a técnica construtiva

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e biológica ecológicamente viável,


com também se preocupava com a
implementação do sistema a baixo
custo, sendo assim assessível e
mais utilizado.

A figura ao lado ilustra uma das


últimas obras acompanhadas pelo
arquiteto. O sistema consiste
basicamente em três tanques de
tratamento, sendo o primeiro
tanque aeróbico, o segundo
anaeróbico, e o terceiro de
tratamento biológico, assim como
ilustra o esquema didático abaixo.

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Os dois primeiros tanques são encontrados com maior frequência, no


entanto, no fundo do tanque aeróbico Joel coloca uma camada de
conchas de ostras no fundo, o que segundo ele acelera o processo de
tratamento.
Reparem na figura acima que o duto que chega direto no tanque
aeróbico é o que vem do vaso sanitário.
As demais águas servidas da residência são lançadas no primeiro
tanque, também conforme vemos na figura.
Vale lembrar que medidas de barateamento de custos estão por todo o
processo. Neste caso, o arquiteto empregou tijolos pré-fabricados para
fazer os dois tanques iniciais, e seu fechamento foi feito com as pontas
dos vigotes que restaram das lages.
Reparem que ao final do processo existe um tubo de drenagem usado
para abrigar o sistema que armazenará a pastilha de hipocloreto de
sódio, para garantir a pureza da água e a ausência total de organismos
patogênicos.

Ao lado observamos que o


arquiteto Joel faz questão de
acompanhar suas obras bem de
perto.Totalmente operante em
qualquer parte do processo, ele
diz fazer questão de construir

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junto com os pedreiros e


assistentes de obra.E o resultado
não podia ser diferente. Com esta
atuação do responsável técnico a
chances de falhas construtivas são
extremamente reduzidas, além de
se evitar serviços de manutenção
despendiosos e desagradáveis.

Mais uma alternativa de


barateamento de custos, é usada
uma lona plástica fina, colocada
duplamente, e com o cuidado que o
arquiteto Joel está tomando na figura
acima, o de colocar uma fina camada
de areia sob e sobre a lona, para que
esta não se desgaste ou fure com as
rochas do solo ou com a acomodação
das britas e conchas que a cobrirão
No detalhe acima é possível presenciar a acomodação das camadas
verticais de britas e conchas, com as britas maiores na frente, onde
primeiramente são lançados os afluentes, uma camada de conchas de
ostras no meio e brita fina, com pequenas pedras, na última parte do
tanque.

Vale lembrar que as raízes das plantas se distribuirão pelo tanque.

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Neste detalhe percebemos como funcionará o último tanque. A tela de


rafia vermelha está no nível aproximado da água. Ela esta cobrindo as
britas e as conchas, e sobre ela é depositada uma fina camada de areia,
e outra camada de terra de aproximadamente cinco centímnetros, onde
serão plantadas as plantas que irão agir no tratamento de efluentes,
como a eliminação de organismos patogênicos.

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Dentre as inúmeras plantas macrófilas, juncáceas e de outras famílias que


poderiam ser empregadas, o arquiteto Joel utiliza principalmente a papilus
(ao centro da foto da direita), a cavalinha e a bananeira (ambas na
Segunda foto).

O resultado final é impressionante. Assim como podemos observar na


figura acima, o tanque se transforma em um canteiro de plantas que se
integra perfeitamente ao paisagismo e a fachada da residência, sem que
exista cheiro qualquer ou odores desagradáveis.

O arquiteto ainda se preocupa em plantar as cavalinhas, por serem


menores, em direção ao norte, fazendo com que estas possam ser mais
ensolaradas, enquanto que o junco e o papilus podem ser plantadas mais
ao norte, por serem maiores e alcançarem assim os raios solares de quase
todo o dia.

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Banheiro seco
Banheiro Composto (Termofílico)

Basicamente existem quatro formas de desfazer-nos de nossas fezes:

1. Podemos utilizar um sistema tradicional com um vaso sanitário e água


(tipicamente potável), e a utilização de um sistema séptico que fará a
decomposição dos resíduos;

2. Podemos juntar as fezes após cada defecada e aplicarmos diretamente sobre


áreas plantadas, com o risco de contaminarmos a terra com certos
microorganismos;

3. É possível decompô-la lentamente a uma temperatura menor de 37°C, caso


em que os microorganismos são destruídos num período de meses ou anos.

4. Ou pode-se decompor a matéria rapidamente com o processo termofílico.


Esse processo decompõe a matéria com altas temperaturas (entre 37°C e 70°

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C), assegurando que todos os patógenos sejam destruídos e a matéria seja


transformada em húmus.

O risco de decompor fezes humanas e utilizá-las como adubo orgânico é


transmitir ao solo e as plantas certos microorganismos, denominados
patógenos. Os patógenos humanos se reproduzem dentro do sistema digestivo,
numa temperatura de 37°, portanto estando presentes na matéria fecal. O
corpo utiliza a temperatura do corpo como método de defesa contra os
microorganismos. Elevando a temperatura, o corpo tenta destruir esses
organismos, porém o processo pode demorar dias ou semanas. O composto
seco cultiva microorganismos termofílicos (aqueles que só sobrevivem em
temperaturas maiores de 40°). Ao se alimentar do material orgânico, os
microorganismos liberam energia elevando a temperatura da matéria e nesse
processo os patógenos humanos são destruídos. A destruição total de
patógenos humanos é garantida com uma temperatura de 62° durante uma
hora, ou 50° durante um dia, ou 46°durante uma semana. Menores
temperaturas demoraram mais tempo. Temperaturas menores a 40° não
garantem a eliminação de todos os patógenos.

Ao acabar a "comida" e a temperatura da matéria descer, novos micro e


macroorganismos aproveitaram para se alimentar, sendo que as suas fezes
produzem o húmus que será utilizável como adubo. Assim a energia solar
completa seu ciclo e volta ao seu início dando vida a novos organismos que se
nutrem do solo. Nesse processo, nenhum poluente terá sido produzido, e a
pouca água utilizada não precisa ser necessariamente potável, e o mais
importante é respeitarmos os ciclos naturais do sistema.

O húmus é qualquer material orgânico decomposto que forma a base da vida no


solo. O húmus é ótimo para adubar o solo: ele mantém a umidade no solo e
eleva a capacidade de absorção de água, proporciona nutrientes essenciais que
são lentamente liberados ao solo, também contribui para arear o solo e
contrabalanceia sua acidez e ajuda-o a absorver calor, e ainda apóia as
populações microbióticas que o enriquecem. Um bom húmus tem uma
proporção C/N de entre 25/1 e 35/1, que a relação de decomposição dos
microorganismos. Se sobrar nitrogênio, esse é perdido em forma de gás
amônia.

Como Fazer Um Composto Seco

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O composto seco decompõe fezes humanas assim como lixo orgânico


(excetuando poucas coisas como cascas de ovo, cabelos, ossos), papel (sem
tintas tóxicas), e outros materiais degradáveis.

Para começar, construímos nosso vaso num balde de plástico de uns 20l (se
possível, reciclado. O volume é variável mais tem que ser cômodo para
transportar). No nosso banheiro seco teremos também uma pilha de serragem
ou qualquer outro material orgânico (terra, folhas secas, etc.), que cubra a
matéria após a defecação (a urina entra também na balde). Esse processo
cumpre varias funções: absorve a umidade, elimina o cheiro, afasta moscas e
outros bichos e ajuda a manter um balanceamento entre o carvão e o
nitrogênio (C/N) ótimo para o composto, já que a urina tem um alto conteúdo
de nitrogênio.

Quando o balde fica cheio, levamos para a nossa área de compostagem. Esta é
uma solução simples, dividida em dois ou três câmaras, cada uma, com
aproximadamente 1.5 x 1.5 x 1m de altura (ver desenho). Depositamos o
conteúdo da balde numa das câmaras e cobrimos com folhagem (podem ser
matos o folhas secas). Com as fezes podemos também agregar nosso lixo
orgânico e papeis. A folhagem ajuda a oxigenar o composto, fator importante
na decomposição da matéria já que sem oxigeno os microorganismos morrem.
Uma compostagem com ar pode rapidamente alcançar 55° ou mais,
atrapalhando o processo de decomposição. Lavamos a balde com água, e
botamos a água na pilha, ajudando assim a manter a umidade do composto.

A matéria fecal é agregada numa pilha só até encher a câmara completamente.


No processo, os organismos termfílicos irão decompondo a matéria à medida
que vamos agregando-a. Uma vez decomposta a matéria se esfriará, portanto
as capas inferiores de nossa pilha ficaram mais frias que as novas capas. No
composto termofílico não é preciso mexer ou virar o composto como é feito com
outros compostos. Ao estar continuamente agregando matéria e ao cobrí-la

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com folhagem asseguramos que a matéria seja decomposta. Ao virar o


composto o que fazemos é juntar material já digerido com material não
digerido ainda, esfriando o composto tudo e correndo o risco de não destruir
alguns patógenos.

Ao completar uma das câmaras, começamos a encher a segunda, e deixamos a


primeira para ser atacada por os próximos organismos que a viraram húmus. O
ideal é deixá-la descansar por um ano, mais pode ser testada e utilizada
enquanto o húmus estiver sendo preparado. Quando a segunda câmara ficar
completa, removemos o adubo da primeira e começamos a botar nosso lixo
orgânico, deixando a segunda sendo decomposta.

O composto seco termofílico é um dos processos mais simples de compostar,


porém precisa de um manejo constante e responsável. Os patógenos humanos
são perigosos, por conseguinte é importante medir as temperaturas do
composto continuamente e conferir se o composto está "trabalhando".

Biodigestores
Sua função é transformar resíduos animais ou humanos em gás combustível
que irá alimentar um motor de um gerador de energia elétrica. Sua construção
é simples, consiste em ter um tanque estanque que armazene estrumes na
proporção 1 para 3 partes de água, que irá fermentar.

Essa fermentação liberará o gases que poderão ser armazenados. Os resíduos


liquidos poderão ser utilizados como fertilizante, também chamado de chorume.
Para 100 litros de esterco (7% sólido) é possível produzir 2.72 litros de
gás .Este sistema só é viável quando temos grandes quantidades de mateira
prima.

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Bio-digestor - Comunidade Campina - Bahia - Brasil

Esquema didático de um biodigestor

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Fontes do Trabalho

PEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado

IPEG – Instituto de Permacultura e Ecovilas Gaúcho

Coordenadoria de Gestão Ambiental – UFSC

Arquiteto Joel Ivo Balconi – Florianópolis / SC

“Introdução à Permacultura”, Bill Mollison

“Permacultura Brasil”, revista, Ed. 6 e 8

Fonte: The Humanure Handbook - A Guide to Composting Human Manure -


J.C.Jenkins

site da Rede Global de Ecovilas, e você encontrará mais informações a respeito:


o endereço é www.ecovillage.org.

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