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Robyn Carr - Virgin River 06 - Tentação No Vento
Robyn Carr - Virgin River 06 - Tentação No Vento
Informações da série:
VIRGIN RIVER
2
Sinopse
Aos vinte e cinco, depois de passar os últimos cinco anos
cuidando de sua mãe, chegou o momento de que Shelby
experimente o que é a liberdade e a aventura. É hora de viajar,
de ir à universidade e de apaixonarse. Mas quando visita
Virgin River, tropeçar com o Luke Riordan, que não era
precisamente o que tinha em mente.
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Capítulo 1
Shelby estava a uns quinze quilômetros do rancho de seu
tio Walt, quando teve que parar no acostamento da estrada 36,
a mais frequentada entre Virgin River e Fortuna, atrás de uma
caminhonete que lhe pareceu vagamente conhecida. Embora
fosse a estrada que cruzava as montanhas a partir de Red Bluff
a Fortuna, era de duas pistas. Deixou o jipe vermelho em ponto
morto e saiu. Por fim tinha deixado de chover e brilhava um sol
de verão, mas a estrada estava molhada e com atoleiros de
barro. Olhou ao longe e viu um homem com um colete refletivo
laranja que levantava um sinal para deter uma fila muito longa
de carros. O desvio ao rancho de seu tio estava atrás da
próxima colina.
—Bem, doutor...
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—Definitivamente?
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janela aberta do doutor.
—Sim.
—Mullins...
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o médico do povoado — Explicou Shelby ao Luke.
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—Ainda não é setembro! — Queixouse Luke.
**********
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Quando parou diante da casa de Walt essa vez, em
meados de agosto, tinha uma sensação completamente distinta.
A casa foi vendida, todos os seus pertences estavam em seu jipe
e aos vinte e cinco anos começava uma vida nova. Tocou a
buzina, desceu e se esticou. Seu tio Walt saiu em seguida,
levou as mãos aos quadris e sorriu.
—Isso.
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Shelby olhou seu relógio. Só eram três e meia.
—Se arrepende?
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—A vida aqui costuma ser muito tranquila. Aproveite.
**********
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com o reboque do pequeno trailer. Fazia sete anos que não
passava por ali e notou algumas mudanças. A porta da igreja
estava fechada com tabuas, mas o que recordava de uma
cabana velha e abandonada no centro do povoado, estava
recuperada, tinha carros e caminhonetes estacionados diante
do alpendre e um pôster de ABERTO na janela. Parecia que
estavam construindo uma ampliação atrás da cabana. Como ele
também estava pensando em fazer algumas reformas decidiu
dar uma olhada ao que tinham feito ali. Estacionou a um lado,
desceu da caminhonete e entrou no trailer para colocar uma
camisa limpa.
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ligada num programa de notícias nacionais, mas sem som. Um
par de pescadores, reconhecidos pelos coletes e chapéus cor
cáqui, achavase sentados em um extremo do balcão jogando
cartas. Uns homens com calças jeans e camisas de trabalho
estavam bebendo algo em uma mesa. Luke olhou o seu relógio.
Eram quatro da tarde. Aproximouse do balcão.
—Uma cerveja fria, por favor. Este lugar não estava aqui
na última vez que passei pelo povoado.
—Então, faz muito que não passa por aqui. Abrio faz
mais de quatro anos. Compreio e o converti nisto.
—O que te impediu?
—No Exército?
—Porquê?
—Onde serviu?
—Caiu?
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—Foi horrível. Um destes dias, Jack, nos embebedaremos
e falaremos dessas batalhas.
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mel que lhe chegava até a cintura. Era a garota da estrada, a
que tinha salvado do banho de barro... Shelby. A duas usavam
calças jeans agarradas e botas. A do cabelo dourado, além
disso, levava um pulôver de ponto solto e Shelby, a mesma
camisa branca com as mangas arregaçadas, o pescoço aberto e
atada na cintura. Tentou não olhar fixamente, mas não pôde
evitar, embora elas não se fixassem nele. O primeiro que
pensou foi que não teria que ir a Garberville. Sentaramse em
uns tamboretes do balcão justo quando Jack voltava.
—Olá, querida.
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Em realidade, se fosse mais velha, possivelmente lhe tivesse
pedido o número de telefone nessa estrada enlameada. Eureca
ou Brookstone não podiam superar isso, embora as duas
estivessem fora de seu alcance. Mel era a esposa de Jack e
Shelby parecia muito jovem. Uma jovenzinha muito sexy, disse
se com certo calor. Entretanto, sua presença era promissora. Se
era possível encontrar duas mulheres tão formosas em um
pequeno bar de Virgin River, tinha que haver algumas mais por
essas montanhas.
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—Claro.
Jack riu.
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—Bom, pareceume conveniente. O ônibus escolar me
pegou inteiro.
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—É um tipo solitário?
Ele soube que era sua ocasião para perguntar se ela tinha
alguma relação especial, mas lhe pareceu improcedente.
Embora soubesse que conhecêla melhor certamente não era
prudente, pôs um cotovelo no balcão, apoiou a cabeça na mão e
a olhou nos olhos.
—Está de visita?
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Antes das sete, Luke tinha conhecido Pastor... ou John
para sua esposa e seu enteado. Conheceu Paige, a esposa do
Pastor, Brie, a irmã caçula de Jack, e seu marido, Mike. Voltou
a ver o doutor Mullins e passou o momento com alguns de seus
novos vizinhos. Deleitouse com um dos melhores salmões que
já tinha comido, ouviu algumas historias do povoado e se
sentiu como mais um da turma. Enquanto esteve ali, outros
passaram para jantar ou beber algo e saudaram ao Jack e ao
Pastor como velhos amigos.
Jack riu.
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muito bem crescida, diria eu.
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Capítulo 2
A família Sheridan estava acostumada a jantar junta no
bar, muitas vezes com amigos, e depois Mel ia para casa para
colocar as crianças para dormir, enquanto ele ficava até fechar.
Essa noite em especial, Mel havia voltado logo para casa para
liberar Brie de cuidar de seus filhos e Jack saiu um pouco
antes e tinha levado o jantar para casa.
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mais importante do dia, o momento em que tinha Mel para ele
somente e seus filhos estavam deitados.
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—Não pode dizer isso de verdade.
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—Mas...
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—Vou deixar de comer a comida do Pastor, que engorda
muito — Disse ela quase sem respiração. —Vou me empenhar
em que faça saladas.
—Acho que não vou ter tempo para tomar uma ducha —
Comentou ele com a voz rouca. —A não ser que queira tomar
outra comigo.
—Jack...
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—Alguma pedido especial? — Perguntou ele.
**********
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antiquados e deteriorados. Os eletrodomésticos também
pareciam de outro século e não tinham esvaziado a geladeira
antes que cortassem a eletricidade. O aroma era horrível.
Deu meia volta e voltou para sala de estar, onde viu uma
escada que subia ao segundo piso. Subiu com muito cuidado
porque não confiava na resistência dos degraus. Além disso,
estava escuro. Se não recordava errado, havia dois dormitórios
de bom tamanho sem banheiro. Ouviu mais animais que
escapuliam. Desceu correndo. Veria o piso superior quando o
exterminador tivesse passado por ali.
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se aborreceu das montanhas, jogaria o ferrolho e iria a San
Diego, onde estava destinado seu irmão Aiden e havia muitas
praias e trajes de banho, ou a Phoenix, onde vivia sua mãe
viúva que agradeceria eternamente sua companhia. Sempre
podia procurar um trabalho em algum aparelho que voasse se
quisesse.
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meias trêsquartos brancas, camiseta branca de manga curta e
um colete também cor cáqui, daqueles que usavam os
pescadores. Com a trança loira que lhe caía até a cintura e o
chapéu de aba aparentava uns quinze anos. A ideia de que
parecia um crime sexual o afligiu e recordouse que tinha trinta
e oito anos.
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—Faz dez anos — Ela riu.
—Cento e dez.
—Ah...!
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—Sobrevoei muitos cavalos que corriam em liberdade pelo
deserto. São animais incríveis.
—Sabe montar?
—Deixei o Exército.
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—Como meu tio! — Exclamou ela com as sobrancelhas
arqueadas.
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—É o único lugar do povoado onde se bebe uma cerveja,
assim seguro que me verá.
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que usasse uma camisa polo, que tivesse o cabelo bem cortado
e as bochechas barbeadas como o traseiro de um bebê, que não
tivesse tatuagens e, se fosse possível, que tivesse um título
superior. Não um aterrador piloto do Black Hawk doutorado em
aventuras de uma noite.
**********
—Claro.
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Ele franziu o cenho sem saber muito bem o que tinha que
dizer. Esboçou um sorriso vacilante.
Ele quase deu um salto pelo tom irado de sua voz e voltou
a franzir o cenho.
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—Já sei, — Replicou ela com cansaço — mas temos que
fazer algumas mudanças. Umas mudanças sem importância.
Compre pão integral para os sanduiches. Não faça massa e
batatas para cada comida. Faça saladas e ofereça frutas
frescas.
—Sim, em bolos.
—Viu...
—Bem, claro.
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—Certo, já entendi. Escute — Disse Pastor dirigindose a
Jack. —Mel acaba de vir. Queixouse da comida.
—Mel...?
Jack riu.
—Como sabe?
—Sei, Pastor. Não tem que mudar tudo, mas faça algo
para Mel. Uma salada, um peito de frango na brasa, peixe sem
molho de creme, esse tipo de coisa. Sabe o que fazer, verdade?
—Claro. Não crê que quer que todo o povoado faça regime?
Diz que minha forma de cozinhar não é saudável.
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Capítulo 3
Shelby teve que fazer algumas adaptações que não tinha
esperado durante as duas primeiras semanas que passou em
Virgin River. Na casa dos Booth era parte de uma família, o
quinto integrante de uma família atarefada, ativa e onipresente.
Era uma situação desconhecida.
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essa cerveja. Não virá jantar — Piscoulhe um olho. —Papai tem
uma mulher.
—Conhecea?
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—Tio Walt tem uma mulher...? — Perguntou Shelby
pasmada. —Uma atriz famosa...?
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—Claro.
—E bolo, naturalmente.
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Ele pôs uma expressão de assombro.
—Quer ir jantar?
Ela riu.
—O que dizem?
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—Bom, quase sempre vai em um jornal e que fica perto do
mercado. Diriam algo assim como que pegaram ao St. Claire em
uma aventura sórdida ou que pegaram ao marido de St. Claire
com um traje de banho de mulher — Ela deu de ombros, mas
ele tinha uma expressão tão desconcertada em seu rosto duro e
atraente, que deixou o saco de comida na mesa e pôs os braços
na cintura. —Por acaso acredita que deixo que venha a me
aporrinhar porque é o único homem disponível de minha idade?
—Eu sou?
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Foi fantástico, prazeroso e longo. Quando por fim a soltou um
pouco, ela se afastou e o golpeou no peito com o dedo
indicador.
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—É uma pena — Replicou ele. —Eu estou encantado
contigo.
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—Quer que trabalhe e eu não tenho vontade — Olhou
para Walt e enrugou a testa um segundo porque ele tinha o
cenho franzido, mas riu. —Walt, está preocupado? Fique calmo,
ele me liga quase todos os dias. Algumas vezes manda uns
roteiros, mas são um lixo. Mason sempre tenta tudo para ver se
algo me tenta — Se aproximou e lhe acariciou o peito. —De
verdade, teria que me oferecer “E O Vento Levou”, para que
sequer me tente para isso — Sorriu. —Agora, poderíamos comer
as costeletas do Pastor? Estou morta de fome!
**********
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—De verdade? — Perguntou ela com tom orgulhoso.
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— Perguntou.
Ela riu.
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—Não vai perguntar o que quero?
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eu sinto sua falta. Algumas vezes, estou muito sozinha.
Acredita que alguma vez chegará minha hora? Perguntome
isso todo o momento.
**********
Ele não a considerava uma filha, nem ela via uma figura
paternal nele, mas ele tratava os filhos dela como se fossem
seus netos. Nunca havia dito nada do gênero, mas bastava ver
o brilho de seus olhos quando tomava um em seus braços. Isso
fazia que lhe transbordasse o coração de carinho e orgulho.
—Pior que ontem, que foi o pior dia de sua maldita vida?
— Perguntou ela.
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—Bem, sinto muito. Tem que ser horrível. Ouça, pensei
em algumas coisas com Shelby. Ela vai cuidar dos bebês. Na
verdade, caiu do céu. Brie está ficando muito grávida e embora
adore cuidar de meus filhos às quartasfeiras, acredito que é
uma boa ideia que descanse e que desfrute de seu estado. Além
disso, Shelby adora vir aqui. Deixaremos que nos ajude, que
cuide das crianças, que use os seus conhecimentos e que
aprenda o que se faz em uma clínica rural. Verá uma parte da
medicina que não se limita a cuidar de uma pessoa terminal.
Está desejando começar. O que lhe parece?
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sorriso. —O médico mais insuportável dos três condados. Você
que se arrume sozinho — Então, lhe ocorreu algo. —Poderia
pedir ao Pastor que trouxesse alguma comida que não lhe desse
tanto ardor no estômago.
—Mmm...
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Capítulo 4
Luke não demorou muito em fazer os acertos necessários
para poder dormir em uma cama de verdade, em uma casa de
verdade, e poder usar uma ducha de verdade. Primeiro, o
exterminador tampou as ratoeiras e pôs armadilhas. Luke
limpou a fundo e tirou coisas inúteis. Logo, colocou um estrato
e um colchão novos, e uma geladeira que funcionava. Em um
par de semanas tudo tinha mudado completamente, mas os
dias eram longos e sujos. Doíamlhe os músculos e restava uma
quantidade de trabalho que parecia não ter fim.
—Mel...
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—Papai!
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Não lhe fez caso e Paul riu.
—Senhora McCrea...
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levantou um dedo e Jack lhe deixou a bebida. —Trabalhos de
sonho.
Ele riu.
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—Sim, senhor.
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para o homem que pudesse aparecer mais tarde e a quisesse de
verdade.
—Virgin River?
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muito maior que este, também é acolhedor. Havia um velho
botequim que se chamava Sea Shack, com conchas e redes
pelas paredes e muitos aldeãos, mas também turistas. Sempre
podia contar com que houvesse algum cliente habitual, nunca
tinha que me preocupar por estar sozinha.
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algumas viagens. Estou procurando pela internet. Logo,
decidirei sobre a universidade. Irei procurar alojamento e um
trabalho de meio período e também assistirei a algumas aulas
para ir me adaptando ao ritmo. No entanto, voltarei por aqui
para rever a Tom. Ele terá permissão nas férias.
**********
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Estava tentando tirar essa moça da cabeça, gostaria de
deixar de sentir essas espetadas abrasadoras por todo o corpo.
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necessitava de um amor sincero e duradouro. Isso acabaria
mau e, com ele, não era uma possibilidade, mas uma certeza.
Há mais de doze anos que não sentia nada parecido com o que
Walt Booth queria para a sua sobrinha.
—Agradeçalhes.
—E se quisesse?
Ele se perguntou por que haveria dito isso. Mais que livre,
estava à beira do desespero.
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—Quer ir a algum lugar?
—Senhora...
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estimulantes. Estavam transbordantes de vida e riam muito
apesar de que todos eles tinham passado momentos horríveis.
Walt, naturalmente, apreciava muitíssimo a sua família e lhe
parecia muito divertida, mas sabia quão impressionantes eram?
Perguntou a si mesma.
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—Esteve muito tempo casada com ele?.
—Entre, Walt.
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Ele ficou na porta com a jaqueta de antes, os jeans e o
chapéu. Olhoua sentada no chão com os cães e sorriu. Os cães
se aproximaram dele agitando as caudas.
—Quer café?
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—Pequena, um presidente me deu uma bronca. Não vou
me assustar com uns falatórios. O que me preocupa é que me
ache velho.
Ela riu.
—Sim... e sexy.
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Capítulo 5
Shelby, Mel e o doutor estavam jogando uma partida de
cartas na cozinha da clínica enquanto os bebês cochilavam,
algo que se tornou um hábito muito comum na parte da tarde.
O doutor não ia muito melhor com Shelby do que tinha ido
durante os dois últimos anos com Mel. As mulheres estavam
lhe dando uma surra.
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repente, aparece um vírus e todo mundo está perdendo um
pulmão, além de ter um acidente ou entrar em trabalho de
parto. Terá que estar preparado para tudo ou nada.
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—Você sente que você não pode sempre fazer tudo.
—Nunca fiz.
—O que?
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Minha mãe sempre se sentiu muito culpada por ter que aceitar
sua ajuda. Aterravame a ideia de que pudesse me acontecer
algo assim. Sobretudo, davame medo decepcionar minha mãe
e meu tio Walt.
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dentro de você seja um espéculo, mas deveria reconhecer. Não
só há câncer cervical, também há câncer de útero ou de ovário.
Tem que estar preparada. Quando chegar o momento, não
acredito que deva preocuparse, não acredito que siga tendo o
hímen com o que montas a cavalo.
—Graças a Deus.
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Mel riu, tomou uma banqueta e colocou as luvas.
Escolheu um espéculo e depois pegou outro menor ainda.
Mel riu.
—Como um relógio.
—Nenhuma.
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Shelby estava saindo da clínica ao fim da jornada quando
algo lhe chamou a atenção. Deu meia volta e voltou a entrar.
—Mel...?
—Como...?
—Meu Deus...
—Retornou.
—Quem?
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grávida, então...
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103
módulos em canto, estofado com um tecido parecido com o
veludo, uma poltrona enorme e um móvel estofado que servia
de mesinha e para apoiar os pés em cima. Pôs tudo na sala e
cobriu com panos até que tivesse terminado de lixar e pintar.
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Uma hora mais tarde, saiu da casa para tomar uma
cerveja no bar de Jack e quando passou perto das cabanas, viu
que a porta da sexta, a mais afastada da casa, fechavase
lentamente.
Tinha um inquilino.
**********
—Uma cerveja?
—Agora, certamente.
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roupa de trabalho ainda posta e se sentou em um banco ao
lado do Luke.
—Tudo bem?
—Olá.
—De verdade?
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Ela apoiou um cotovelo no balcão e o rosto na mão.
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—Não o vejo por aqui — Lhe interrompeu ela. —Se trata só
do meu tio?
Ela riu.
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Luke se deu conta com certa admiração de que ela não se
assustava facilmente. Além disso, o que estava sobrecarregando
não era que ele tinha visto e sentiu uma onda familiar de
luxúria, mas que parecia possível que a ela tivesse acontecido o
mesmo. Salvo que ela tinha sentimentos profundos e os
sentimentos dele eram superficiais, físicos. Uma vez satisfeita a
luxúria, não ficaria grande coisa para ela. Ela acabaria
machucada. Sempre tinha podido evitar esse tipo de coisas,
mas era muito tentadora. Conterse ia ser uma tortura e ceder
seria um suicídio.
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—Bom, tenho que reconhecer que você tampouco é
exatamente o que teria pensado. Tinha imaginado alguém de
uns vinte e seis anos, com mais cabelo, uma polo ou,
possivelmente, uma camisa branca impecável e abotoada —
Disse ela com um sorriso.
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um U2. Foi o que se meteu comigo no negócio das cabanas.
Paddy, Patrick, entrou na academia da Armada e pilota um F
18.
114
pequena, mas bastante grande para mim. Além disso, se um
irmão ou dois aparecerem, há lugar. Entretanto, consideroa
provisória. Quando a tiver terminado, estarei procurando um
trabalho como piloto de helicópteros de resgate ou, inclusive,
no setor privado. Entretanto, há muito pouco trabalho com
helicópteros e me alegro de ter algo que fazer enquanto sondo o
mercado trabalhista.
—Aonde irá?
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—No momento, não faço nada.
—Até quando?
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me convidar para jantar, pensarei que você gosta.
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—Sabe o que significa enredarse com alguém como eu? —
Perguntou ele.
—Ainda...?
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passou a ponta da língua pela boca. Pôs uma mão em seu
traseiro e a apertou com força contra ele. Estava excitado,
haviao debilitado.
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Ela baixou o olhar um instante.
—Shelby...
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—Pareceme que trocaste de opinião sobre esta... paquera.
Ela riu.
—Pequena surpresa.
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Capítulo 6
Shelby não queria deixar Luke, gostaria de continuar com
os beijos e as carícias, mas compreendeu que tinha razão em
pôr um pouco de distancia entre eles se não estava disposta a
chegar mais longe. Deixou que a acompanhasse ao jipe e
partiu. Entrou na casa de Walt e a encontrou na penumbra e
silenciosa. Havia uma luz acesa na sala para ela e o 4x4 de seu
tio não estava estacionado fora. Só eram dez, mas estava
segura de que Vanni e Paul começaram a fazer assim que o
bebê dormiu.
—Incomodei vocês?
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—Absolutamente. Realmente, estava pensando em você e
me perguntava quando voltaria para casa.
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—São homens bastante especiais — Vanessa se calou um
momento. —Esteve muito tempo encerrada com a sua mãe,
perdeu virtualmente o princípio da juventude de uma mulher e
quando necessitaria de uma mãe para falar com ela, não a tem.
Possivelmente você e eu deveríamos falar um pouco dos
homens, e das relações.
Vanessa riu.
126
que eu, inclusive poderia estar divorciado e ter filhos.
Entretanto, sei um par de coisas sobre Luke. É possível que
seja um pouco rude, mas também é carinhoso, amável e
paciente — Lhe brilharam os olhos ao olhar a sua prima. —
Beijoume — Sussurrou como se fosse um segredo. —Nunca
tinham me beijado assim. Foi incrível.
—De verdade?
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—Vejamos. Eu gostaria de ter alguém com quem pudesse
falar sobre isto, pelo que estou passando, embora acredite que
para mim está muito claro. Pode falar comigo sem contar ao
Paul os meus assuntos pessoais?
Shelby riu.
**********
129
sanduiche. —Meu chefe no supermercado.
—Mmm. De onde é?
130
Luke sabia que tinham fama de serem pessoas muito bondosas.
Entretanto, o chefe deste lhe batera na cara. Por que faria
alguém algo assim? Art tinha escapado de um mal tratador.
Não sabia a pessoa que o tinha sob sua tutela? Embora
pudesse ser igual...
—Como se chama?
—Obrigado, Luke.
—Art... Art!
—Sim...
132
—Não olharei. Ponha o roupão e lavarei essa roupa. Está
asquerosa, Art.
Estava muito mais que suja. Luke lhe deu o sabão dentro
da ducha e pendurou as toalhas e o roupão nos ganchos de
fora. Recolheu com receio a roupa do chão, deixou os sapatos, e
levoua para casa. Entretanto, trocou de opinião antes de
entrar. Estava tão asquerosa e certamente teria tantos insetos
que nem sequer quis colocála em sua máquina de lavar roupa.
Além disso, estava desgastada e a roupa interior cinza, mas o
moletom era recente. Luke se deu conta de que Art tinha estado
vestido assim na casa de acolhida. Rebuscou na caixa de
ferramentas, tirou uma fita métrica e voltou para o trailer.
Entrou e encontrou Art com o roupão azul. Art deu um pulo.
—Quarenta.
—Posso abrilo?
134
ninguém vestido com um roupão.
—Entendi, Luke.
—De acordo.
—Não.
Luke voltou para sua casa. Essa noite não sairia se por
acaso Art necessitasse de algo, embora isso significasse não se
encontrar com Shelby. Sentiuse um pouco irritado, não se
importaria de sentila quinze ou vinte minutos apertada contra
si e a beijalo, mas nesse momento tinha outro assunto entre
136
mãos, um que não tinha previsto. Se Art podia ajudálo, seria
uma boa decisão para os dois. Se Art necessitava mais ajuda da
que ele podia lhe oferecer, a buscaria. Entretanto, no momento,
tinha encontrado utilidade para um dos muitos roupões da sua
mãe.
**********
137
—É uma prova?
Ela riu.
138
—Não disse isso. Disse: “Avisa ao Luke que Plenty às
vezes morde e pode empinar.” Terá que estar atento.
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dentes como se fosse mordêlo, mas se conteve.
—Para que?
140
para dormir.
—Referese a você?
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—Adiante.
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Shelby deu uma palmada na garupa de Chico, e saiu
correndo entre risadas, para o assombro de Luke. Ele a seguiu
de perto e se manteve bastante bem para alguém que não
estava disposto a largar um rifle que era mais comprido que seu
braço.
—Talvez.
**********
Luke foi tão pouco covarde que foi cinco noites seguidas
ao bar. Quando o general estava com sua sobrinha, Luke partia
antes que servissem o jantar e levava um pouco do que fizesse
Pastor, para Art e ele mesmo, entre outras coisas, bolo, que
deixava Art louco. Fazia milhares de anos que não cortejava
uma garota sem tocála, mas podia fazêlo com Shelby e,
inclusive, buscava isso. Não demoraria muito em insinuar algo
mais, em lhe dar «o batepapo» e em chegar até o final, o que
fazia com que lhe abrasassem as vísceras.
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esperava receber seus escassos e significativos beijos quando
ouviu uma buzina. Deixou a lixa e foi ao alpendre. Seu irmão
Sean desceu do jipe com um sorriso e os olhos resplandecentes.
Luke franziu o cenho. Isso não entrava em seus planos.
148
Garberville. Vi garotas ali.
149
—Art, amigo, venha aqui — Chamou Luke. —Art,
apresentolhe o meu irmão Sean. Sean, apresentote a Art. Está
me dando uma mão. Dorme em uma das cabanas.
150
conseguir disfarçar a curiosidade. Luke o seguiu de perto e
esteve prestes de chocarse contra ele quando parou ao entrar.
Walt e Shelby estavam sentados junto ao balcão e se viraram ao
ouvir que alguém estava entrando. Luke o agarrou com firmeza
pelo ombro para lhe recordar o que lhe havia dito.
Luke estava atrás dele e não pôde ver seu sorriso, mas
soube que foi muito amplo e com covinha. Franziu um pouco
mais o cenho. Por que não teve irmãs? Jack lhes pôs um par de
cervejas e Sean começou a se divertir à custa de Luke.
—Nenhum se casou?
152
para dirigirse a Jack.
153
de uns dias. Uns dias muito longos.
154
à cabeça. É muito evidente, Luke.
Shelby fez algo que não teria imaginado fazia um ano, nem
fazia um mês. Entretanto, tomou um par de taças de vinho e
riu com Sean, embora não com Luke. Rodeou lhe a cintura com
os braços e ele também rodeou a dela.
—Por que não tenta outra vez para ver se segue gostando
disso?
—E o general...?
Ela riu.
—Não é.
—Chata?
—Nem solteirona.
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Deulhe um beijo profundo, intenso e possessivo nos
lábios que ela tinha separado para recebêlo. Por um segundo,
pensou que tinha que possuila nesse instante, mas antes
tinha que lhe recordar que não podia contar com ele a longo
prazo. Como muito, seria uma aventura. Uma aventura
fabulosa e muito agradável. Entretanto, em vez de dizerlhe
recebeu a pequena língua dela e deixou escapar um gemido.
Não quis acabar e se concentrou em convertêlo no beijo mais
comprido da história com a esperança de que os
surpreendessem, de que todo mundo soubesse que era dele.
Sua mulher. Podia notar seus peitos e não pôde imaginar nada
mais apetecível que tomar um com a mão. Apartou os lábios,
mas não muito.
Ela riu.
156
coisas que fazer contigo — Ele deu de ombros. —Montar a
cavalo, tomar cervejas, jantar... mas comigo apenas.
—Quanta?
—Disse que ficaria uns dias, mas não sabe nada da sua
morte iminente.
157
Capítulo 7
Walt deixou que Shelby e Luke tivessem um momento no
alpendre do bar. Embora não muito tempo. Saiu fazendo muito
ruído e olhou breve e seriamente a Luke, só para ver se podia
fazêlo tremer de remorso e medo. Luke não o fez, mas sim
soltou lenta e reticentemente os ombros de Shelby. Walt, por
fim, os tinha surpreendido.
Uma vez em casa, Walt lhe disse que iria à casa de Muriel
para beber algo antes de se deitar, que tinha um par de coisas,
uma surpresa, no 4x4. Adorava que Muriel reconhecesse o
motor de seu carro, os seus passos nas tábuas do alpendre e
sua maneira de bater na porta.
—Entre, Walt.
158
com uma postura muito cômoda, os óculos postos e o que
parecia um guia no colo.
Ela riu.
—É uma tolice.
161
ninguém.
—Pobre coitado.
—Estou desejando.
**********
162
rancho, teriam saído a montar a cavalo. Chamou Brie.
163
Levarei sua caminhonete e deixarei o Hummer para os
pacientes.
—Cheryl está?
164
—Quem é?
—Poderia acordála?
—Posso tentar.
165
Mel pensou que era uma casa de vícios. A mãe era viciada
de comida e cigarros, Cheryl em álcool e ninguém sabia a droga
que preferia o pai. Certamente, era viciado a estas duas
mulheres e seus problemas.
166
—Não sei...
167
—Em Eureca.
—De acordo.
—Alegrouse?
168
procurala. Cheryl tinha tido algumas ilusões fora de seu
alcance, tinha querido entrar nas Forças de Paz, viajar no
estrangeiro, ser enfermeira, professora e veterinária. Em troca,
tinha afogado seus sonhos no álcool. Já não tinha amigos em
Virgin River, só tinha a seus pais.
—Entendo.
—Já está.
169
—Seu marido esteve te procurando.
—Obrigado.
**********
170
Terminaram os pisos da casa e logo se concentraram na cabana
número um para o novo inquilino.
171
pratos, passar aspirador, limpar os banheiros...
—Efetivamente.
172
— Sean, pode me dar um pouco mais do ADT?
173
—Sabe qual é a minha jogada, Sean, e não quero que se
meta no meio.
174
cuidando de sua mãe dos dezenove aos vinte e quatro anos e
suas experiências mundanas eram muito limitadas. Sabia
muito bem qual era sua vulnerabilidade, esse fundo delicado
que um homem como ele, sem pensar, poderia ferir. Ainda
assim, mesmo que soubesse, não poderia parar.
—Como?
175
—Está perseguindo essa garota e está tão tenso que vai
fazer poeira os molares. Não só não convém a você, mas é um
veneno para ela.
—Boa sorte...
—Eu também.
176
Capítulo 8
O bar de Jack fechou no último fim de semana de
setembro. Jack, Pastor, Paul, Mike e suas esposas foram a
Grants Pass, no Oregon, ao casmento de Joe Benson, fuzileiro e
arquiteto que tinha projetado as casas de todos eles e tinha
trabalhado durante anos com o Paul no Oregon. Não era
casualidade que Joe fosse se casar com uma das melhores
amigas da Vanessa, de quando eram aeromoças, conheceram
se em Virgin River quando Nikki foi visitar Vanessa.
**********
179
muito.
181
—Não, obrigado. Ela está muito tempo ali? — Perguntou
assinalando para o canto com a cabeça.
—Sozinha?
183
Ela levantou a taça e deu um sorvo.
Ele sorriu.
184
—Não, Brandy. Isso é o que menos gostaria esta noite —
Ele se deixou cair contra o respaldo da poltrona. —Melhor
dizendo, possivelmente seja o que estou procurando, mas não é
o que está pensando. Não estou procurando uma garota. Já tive
muitas garotas. Estou surpreso de ter trinta e seis anos e
seguir solteiro.
—Não se casou?
—Dói?
186
—Fui num casamento. Os casamentos são uns lugares
terríveis para as mulheres que estão sozinhas. Dá muito bons
resultados nos filmes porque é tragicômico.
—Por quê?
—Tenta me embebedar?
187
mulher tão bonita como você não tem por que sentir isso. Beba.
Acredito que se sentirá melhor — Ele sorriu. —Ou mais
estúpida.
—De acordo.
191
muito dinheiro e que cumprem o número um — Ele sorriu ante
a expressão de surpresa dela e compreendeu que sua dedução
era acertada. —Sou mais preparado do que pareço.
—Pelo menos?
192
—Brandy... — Sussurrou ele.
Saiu do bar e fez o que havia dito que faria. Era tarde, não
havia ninguém na recepção e demoraram muito pouco em lhe
dar um quarto com cama dupla, jacuzzi e bar. Pediu utensílios
para barbearse e quando abriu o pacote viu o essencial: um
barbeador elétrico descartável, espuma, pasta de dente, escova,
pente e preservativos. Voltou para bar. Naturalmente, ela
partiu, como teria feito qualquer mulher com dois dedos de
juízo. Sentiuse profundamente desiludido, não deveria haver
partido do bar tão cedo e sozinho. Entretanto, deveria têlo
esperado. Aos cinco minutos soube que era inteligente e
194
refinada e nenhuma mulher assim subiria ao quarto de um
desconhecido.
197
Ele ficou petrificado um instante.
198
mulher casada, mas não estou enganando esse canalha. Fique
e se esqueça de tudo durante um momento.
199
—É muito formosa — Sussurrou ele antes de beijála por
cima da roupa íntima.
—Posso parar — Disse ele. —Se não for o que quer, só tem
que dizêlo.
—Não pare.
201
Sintase melhor.
—Ohhh...
—Era o que você precisava. O resto vai ter que ser o que
você quiser, não vou tirar vantagem de você.
202
com a mão e ele estremecia. —Brandy, tenho proteção, espere
um segundo.
—Sim... — Sussurrou.
—Mmm... Bem.
Ela riu.
204
—Você não estava mau.
—Meu Deus...
205
—Não deveria. Sou muito prudente... não te expus a nada
— Afastou seu o cabelo do rosto. —Sinto muito. Não queria que
se preocupasse com nada. Sobretudo, quando sei tudo o que
está passando.
206
—Pense — Concedeu ele. —Tentarei te oferecer estímulos.
—Me deixe fazer o que tem que ser feito, para canalizar as
coisas um pouco, e então vou entrar em contato contigo. Pode
fazer isso?
208
mim.
209
Capítulo 9
Outubro chegou às montanhas e encheu de colorido os
arredores de Virgin River. Fazia duas semanas que Mel, Jack e
seus amigos haviam retornado das bodas de Joe e o outono se
notava no ambiente. As noites eram frias e folhas de todas as
cores embelezavam as encostas.
210
aqui durante uma hora ou duas?
Ela riu.
211
costas enquanto servia, mas sempre tomava a mamadeira da
tarde na clínica e dormia a sesta no chiqueirinho que havia na
cozinha. Emma, depois de mamar, também dormia a sesta com
seu irmão na cozinha.
—Jack!
213
sorriu.
—Não é verdade!
Ela riu porque sabia que era verdade e também sabia por
que Shelby não notava. Shelby não sabia o que era um homem
satisfazela, não ansiando por seu amante.
—Jaaaccckkk!
216
tem hematomas, nem sangra.
—Papai!
—Se afaste!
218
nos ajude e June Hudson, em Grace Valley.
—Não reage.
Jack a sujeitou.
221
—Claro, essa é a questão — O médico se levantou. —Se
podem tratar os problemas cardíacos, mas não uma embolia
coronária maciça ou um aneurisma, se não souber que o tem.
Tenho que preencher alguma papelada. Fique por aqui.
222
amontoada em um sofá diante da chaminé. Deixou as taças na
mesa auxiliar e se sentou na poltrona de couro, em frente dela.
—Venha querida.
Jack riu.
223
—Tenho que saber se teria podido salválo — Replicou ela
com suavidade.
225
Quatro dias depois de sua morte, Jack e Mel fecharam o
bar e a clínica e foram na caminhonete até o rio, onde quase
não podiam caminhar pela estrada. Centenas de pessoas de
Virgin River, dos povoados vizinhos e do hospital se reuniram
nas duas bordas do rio. Ao aproximarse, encontraramse com
uma caminhonete estacionada que tinha a carroceria cheia de
flores: gladíolos, cravos, rosas e margaridas. Um homem lhe
deu uns caules muito compridos.
—Claro papai.
227
Todos inclinaram a cabeça enquanto recitava a oração de
São Francisco de Assis, o salmo vinte e três e o Pai Nosso.
229
—Shelby, apresento Josh Phillips — Disse Mel quase sem
fôlego. —É médico de emergências em Reno. Este bárbaro é
Tom Stephens, piloto de helicópteros de transporte da mesma
cidade.
230
Mike e Pastor e Walt, Joe e Paul chegaram da casa do general.
As cinco, os homens se reuniram e os vizinhos começaram a
aparecer: os Carpenter, Connie e Ron, da loja da esquina, Joy e
Bruce, Harv, o encarregado das linhas elétricas, Hope McCrea
e, finalmente, Muriel St. Claire.
Mel não estava tão feliz como costumava estar, mas sua
presença a animou. Luke Riordan se apresentou um pouco
depois das cinco e Mel se deu conta de que os olhos de Shelby
resplandeceram como de costume. Na reunião a primeira hora
da tarde tinha sido muito murcha desde o falecimento do
doutor, mas tudo pareceu melhorar um pouco graças aos
fuzileiros. Os amigos acolheram muito bem ao Luke e a
conversa em seguida girou ao redor de distintas missões, para
averiguar se tinham amigos em comum ou tinham participado
da mesma batalha. Começaram a chegar mais mulheres e Luke
observou com certo assombro que os homens as saudavam
como se fossem irmãs ou namoradas. Quando Paige saiu com
seu bebê, todos o passaram de um ao outro entre abraços e
louvores por sua beleza, como se fossem seus tios. Ao
Christopher, seu filho, também o montaram em vários ombros.
Brie também chegou de seu trailer, seu lar até que
terminassem a casa, e todos lhe passaram a mão pelo ventre,
como se cada um tivesse sido quem tinha engendrado o bebê, e
logo felicitaram Mike por seu extraordinário acerto.
231
—Querida, está mais impressionante que nunca! —
Exclamou Tom.
234
—Obrigado, mas não me acontecerá nada.
235
—Detesta que mate animais e normalmente os mato de
toda forma...
**********
236
Cameron estava seguro que se lembrava perfeitamente
porque o bar estava quase vazio, mas parte de seu trabalho
consistia em não ver nada.
237
seu sobrenome. Poderia me ajudar?
238
Cameron riu com amargura.
—Claro.
Chamou Joe uns dias mais tarde, mas ele lhe disse que
sua esposa não tinha nenhuma amiga nas bodas que se
chamasse Brandy e sua descrição podia encaixar com três
amigas, todas casadas. As possibilidades eram infinitas.
Inventou o nome, possivelmente tivesse discutido com seu
marido, poderia ser um divórcio complicado. Possivelmente ela
estivesse reconsiderando o divórcio... ou ele. Se tivesse dois
dedos de frente, esse desgraçado não a deixaria partir.
239
ânimo. Um de seus companheiros tinha comentado que
ultimamente o notava abatido. Disselhe que não passava nada,
mas sabia que sim passava algo. Ela se tinha se esfumado e ele
seguia perguntandose por que. Tudo o que recordava daquela
noite lhe confirmava que poderia ter ido bem juntos. Fez um
esforço para tratála como se fosse o ser humano mais especial,
embora não lhe custou nada porque ela era.
240
esposas e de sua noiva nesse momento, com quem estava
vivendo seis meses antes do divórcio. Possivelmente, o mais
difícil de assimilar era que essa mulher tão refinada, doce e
irrepreensível tivesse estado casada com esse homem barbudo,
sujo, com jeans rasgados, óculos escuros, tatuagens e
correntes.
—Conhecea?
241
não o conheço.
—Posso tentar.
242
ela.
243
Capítulo 10
Abby MacCall Crawford, Brandy por uma noite em sua
vida, tinha um plano muito singelo quando voltou para Los
Angeles das bodas em Grants Pass. Ia assinar os documentos
do divórcio, libertarse e refazer a sua vida. Ao fim e ao cabo,
seu matrimônio com Ross Crawford terminou quase assim que
começou e embora, teoricamente, tinha sido a senhora
Crawford durante nove meses, ele tinha vivido seis meses com
outra mulher e não o tinha visto nem falado com ele durante
dez. Isso deveria ser um mero formalismo imposto durante
muito tempo.
244
baixo em um grupo com alguns discos conhecidos. Conheceuo
em um avião. Sua presença na primeira classe era muito
distinta da que tinha em cena. Ia impecável com umas calças
de algodão, uma camisa branca, o cabelo bem cortado,
barbeado e com um sorriso arrebatador. Tinha muito carisma e
senso de humor. Em cena levava umas calças jeans rasgadas,
correntes, uma barba de três dias, que só deixava crescer
quando ia atuar, e um cabelo comprido e emaranhado que era
postiço. Conhecia seu grupo e riu ao pensar que era o mesmo
homem. Abby se apaixonou por uma estrela do rock um pouco
famosa e inclusive viu sua cara mais de uma vez na capa das
revistas sensacionalistas.
245
Abby se casou tão depressa porque, de qualquer forma,
passava todos os dias e noites com ele. Depois de só umas
semanas de felicidade conjugal, Ross voltou à turnê com o
grupo. Chamadas diárias só duraram um par de semanas mais
e embora ela tivesse podido organizar sua programação de voos
para que seguisse a excursão, lhe disse que ia estar muito
ocupado com o grupo, os ensaios, as viagens e as atuações
exaustivas. Mas ela soube que havia tornado a consumir
imediatamente. Notou em sua voz. Primeiro foram às frases
arrastadas do álcool, que logo se mesclaram com a euforia da
cocaína. Então, ele deixou de responder as suas chamadas e
ela ficou com a secretária eletrônica.
246
mesa e foi aos elevadores para subir ao seu quarto. Entretanto,
quando o encontrou acreditando que estava esperandoo,
derreteuse ao ver a expressão de seu rosto, tão sexy e
encantador. Quando a pegou pela mão e a abraçou com
delicadeza, a necessidade de que a abraçassem e a tratassem
com amor superou qualquer sentido comum que pudesse ter
tido.
247
que o anticoncepcional oral fosse ineficaz. Não te avisaram
disso quando receitaram o antibiótico?
—É possível.
Quem sabia o que haviam dito? Tinha que tomar algo para
curar os ouvidos porque estava voando. Quando se deu conta
de que doíam e tinha que voar três dias, foi imediatamente à
clínica da linha aérea. Se lhe disseram algo sobre os métodos
anticoncepcionais, nem teria dado atenção, tampouco os
necessitava. Seu marido a largou e seus advogados a tinham
chamado todas as semanas para falar do divórcio. Então, um
médico jovem e bonito a encontrou, triste e sozinha, no bar de
um hotel, convidoua a um par de coquetéis de champanhe,
levoua ao seu quarto e fez amor de uma forma incrível e
inesquecível. Um perfeito desconhecido. Estava grávida de um
perfeito desconhecido.
248
pensava em dizer o que tinha acontecido nem a suas melhores
amigas.
249
Se soubesse que estava grávida, Ross ou os cães de caça
de seus advogados poderiam demonstrar que tinha tido
relações sexuais com outro homem antes que o divórcio fosse
definitivo. Renunciar à pensão, davalhe igual, mas as faturas
que Ross lhe tinha deixado eram enormes e eram dele, não
dela.
**********
251
pôde dissimular a preocupação.
252
que lhe dar líquidos suaves, soros orais para a reidratação.
Nada de leite materno, sucos e nem comida. Os antibióticos
costumam dar diarreia e já tem um pouco: não vamos piorar o
quadro. Quando chegarem em casa, passem um bom momento
na ducha, fazendo muito vapor para que lhe descongestione o
peito.
253
—Eu gostaria que ficassem perto até que esteja claro que
está se recuperando. Não lhe cairia nada bem passar horas no
assento traseiro do carro. Os ataques de difteria costumam
apresentarse de noite. É possível que não durmam muito
durante duas noites. Podem marcar a volta até na terçafeira?
254
—Bem, graças a Deus.
255
que pagam com o que tiram da terra.
Cameron riu.
—Não está mau. Não acredito que lhes faça muita falta as
companhias de seguros.
—Parece perfeito.
256
—Estamos começando a pensar em outro filho — Disse
ela.
**********
258
—Sem respostas — Respondeu ela dando de ombros —,
mas não é uma surpresa, quase não começamos a procurar.
Além disso, Hope passou anos procurando um médico que
ajudasse ao doutor e ninguém respondeu. Eu era o que mais se
parecia e, sinceramente, se não tivesse sido porque minhas
circunstâncias eram especiais, tampouco teria pensado em
Virgin River.
259
—Nem muito menos — Respondeu ela. —O povoado não
era como diziam, o salário era miserável, a cabana que ia ser
minha casa grátis era uma choça que estava caindo, mas
abandonaram um bebê no alpendre do doutor e fiquei um
pouco — Deu de ombros. —Me afeiçoei em seguida e logo me
apaixonei por Jack. Agora estou entregue. A medicina aqui é
completamente distinta da que estava acostumada na cidade. É
como cuidar de uma família. Estas pessoas são meus amigos.
Além disso, naturalmente, se Jack está aqui, eu também
estarei.
—Sim, mas uma pessoa tem que ganhar a vida. A que veio
além de nos apresentar suas condolências?
263
nunca perdemos dinheiro e todo o material já está pago —
Suspirou. —Quando Jack abriu o bar, dava de comer quase
sempre ao doutor. Quando os bombeiros, a polícia ou os
guardas florestais estiveram trabalhando por aqui, Jack lhes
deu de comer de graça. O ajudante do xerife e seus rapazes
passam de vez em quando para comer de graça. Há uma
patrulha de tráfico que também vem. Jack e Pastor servem a
qualquer que faça um serviço ao povoado.
264
caso que eu precise de algo. Detesto que cace, mas quando sai
para caçar, comemos os melhores pratos de veado que possa
imaginar. Pastor, ele e inclusive Mike, pescam quase todo o
peixe que se come no bar. Tudo acaba se enquadrando — Ela
deu de ombros. —Este lugar é muito singelo, Cameron.
Algumas vezes se parece mais a uma comunidade que a um
povoado. Entretanto, Jack é o centro do povo e se ocupa de
todo o mundo. Pode perguntar.
265
—Acredito que é possível que a inveje.
**********
266
pedir que cumpra a oferta de ir pescar.
**********
267
voltar a expressar suas condolências ou para agradecer. Tirou
algumas folhas grampeadas. O cabeçalho dizia: Curriculum de
Cameron Michaels. Ficou boquiaberta.
—Mas, Cameron... seu lar não está ali? Não tem amarras?
Ele riu.
269
Capítulo 11
Os dias frios e ventosos de novembro deram passagem a
um sábado ensolarado e excepcionalmente quente, o dia
perfeito para Luke trabalhar no exterior da casa ou nas
cabanas... ou o dia perfeito para outra coisa.
—Nisso?
Ela sorriu.
270
—Por que não... — Disse ela. —Entre enquanto me
preparo.
—Irei.
—Me encantou.
—Tentei não correr muito — Disse ele com uma voz rouca
como veludo desgastado.
273
de sua jaqueta e sua pequena língua em sua boca. O mundo
dele cambaleou. Beijoua com avidez e a estreitou com mais
força contra si, até que a teve escarranchada sobre o colo.
Pegou em seu traseiro com as mãos e se deleitou com os
gemidos e suspiros dela, que rebolou sobre sua ereção.
Ela sorriu.
—Eu tampouco.
274
Ele suspirou e sacudiu a cabeça.
Fazia tanto tempo que não estava com uma mulher que
nem se lembrava da última. Isso fez que ficasse mais vulnerável
ao encanto incrivelmente sedutor de Shelby.
Ela riu.
275
—Já disse que é possível, não que o espere.
—Não o espera?
276
Ele voltou a lhe devorar a boca com avidez e paixão. Ela
voltou a rodeálo com os braços. Deleitouse tanto com o sabor
dela que quase perdeu a noção de onde estava. Por muito que
lhe falasse de todas suas mulheres e de não poder ficar com
nenhuma, não podia recordar haver se sentido um pouco
parecido a isso. Nunca havia se sentido tão alterado e o que
estava acontecendo com Shelby era tão intenso que estava a
ponto de perder o juízo. Beijala dessa maneira durante dois
minutos, se tornaram quatro, e notar seus peitos firmes e
jovens, embora fosse através do pulôver, estava excitandoo
muitíssimo.
**********
278
curado. Quando a tivesse tido, recuperaria o juízo. Entretanto,
em que pese o seu desespero, estava decidido a que não fosse
muito rápido. Seria lento e delicado e faria que se sentisse tão
bem que desmaiaria. Então, ele se curaria.
—Sim.
Tinha que ir com calma, tinha que ser prazeroso para ela.
Ficou em cima e pressionou com cuidado. Encontrou o
caminho e avançou enquanto ela levantava os quadris, mas se
encontrou com certa resistência. Empurrou um pouco, com
delicadeza, mas estava fechada. Possivelmente não tivesse
dedicado tempo suficiente para preparála. Olhoua nos olhos e
280
lhe afastou o cabelo.
281
Chegou o momento. Quero que seja você.
—Não dói?
Ouvir seu nome pronunciado por ela fez que fosse mais
incrível ainda.
285
desaparecido e agradecia o alívio físico, mas não estava
completamente satisfeito. Não queria abandonar seu corpo.
Tinha estado onde ninguém esteve e lhe parecia o lugar mais
maravilhoso que podia imaginar. Sempre abraçava um bom
momento às mulheres depois de fazer amor para demonstrar
que sabia tratalas, mas desta vez o fazia porque não podia
soltála. Quando pensou que ela iria de sua cama, sentiuse
vazio por dentro. Abraçála, beijála e acariciála parecia
perfeito, natural e normal.
286
—Não é muito interessante, Luke. Se pensar, já sabe.
Minha mãe adoeceu quando eu tinha dezoito anos. Nunca a
deixei sozinha muito tempo — Deu de ombros. —Saía um
pouco com amigos, mas nunca me emparelhei com um garoto.
Inclusive tive alguns encontros, mas foram muito aborrecidos.
Os dois últimos anos me dediquei plenamente em ajudar a
minha mãe — Lhe acariciou o cabelo por cima da orelha. —
Amadureci tarde, não?
—O que?
288
Ele se deitou de costas e olhou o teto. Sua cabeça estava
cheia de ideias loucas, especialmente, não podia imaginar que
não tinha havido outro homem em sua vida, em seu corpo.
Nunca teve uns sentimentos tão possessivos. Não tinha certeza
se era porque era Shelby ou que não tinha entrado nela até que
ele a havia possuído.
—Está dolorida?
**********
290
—Se preocupa demais — Replicou ela. —Sou uma pessoa
adulta.
—Logo.
Ela riu.
—Foi bom?
292
—Não diga a ninguém porque arruinaria sua reputação,
mas é o homem mais delicado que conheci. Tem medo de que
tio Walt lhe dê um tiro.
—Tão cedo?
—Obrigado, Vanni.
Tinha que voltar. Não pelo sexo, já não podia mais, mas
queria saber como ele a receberia. Receberia bem? Tinha
acabado com ela ao menos por esse dia? Tinha muita
293
curiosidade sobre o mundo dele. Tinhalhe avisado de que não
contasse com ele e logo a tinha tratado como uma rainha. Não
tinha prometido que a amaria, mas lhe havia dito coisas muito
carinhosas e encantadoras: que era formosa, que nunca tinha
feito nada tão doce, que não queria que partisse... Podia dizer
coisas assim e não querêla?
294
—Ninguém me disse nada — Replicou Paul. —Não fez
falta.
—Será melhor que o faça. Pode lhe dizer que se não o fizer,
terá que se ver comigo.
**********
Essa noite não tinha ido ao bar tomar uma cerveja. Não
gostaria de estar com ninguém que não Shelby. Nesse
momento, quando pensou nela, os olhos lhe abrasaram de
desejo, sentiu descargas elétricas por todo o corpo. Não podia
estar no mesmo lugar que ela e conter as mãos. Ficou em casa
para sentir tudo isso em privado.
—Por quê?
297
Acariciou sua bochecha, levantou seu queixo e a beijou
com delicadeza nos lábios.
—O que disse?
—Se importa?
298
—Antes fui rude contigo ao tentar te dissuadir, ao tentar
te assustar. Sinto muito.
299
—Só quero te sentir contra mim, só quero te acariciar um
pouco. Não vou fazer nada que te doa. Quero que fique melhor
— Beijoua na boca. —Talvez demore uns dias, mas não quero
me separar de você.
**********
300
—Shelby, venha — Olhou em seu rosto. —Querida, o que está
fazendo?
—Querida...
Ela sorriu.
301
—Resulta que eu gosto quase tanto te agradar como que
me agrade — Deulhe um beijo. —Fique tranquilo.
302
um pouco — Comentou ela entre risadas antes de lhe sussurrar
algo ao ouvido. —Luke, obrigado. Conseguiu que tudo fosse
maravilhoso. Me abrace. Me deixe dormir entre seus braços.
303
Capítulo 12
Walt foi ao estábulo na primeira hora da manhã,
encontrouse com Shelby limpando um comedouro e deu um
salto de surpresa ao vêla.
—Shelby...
—Toda a noite?
304
sobrancelhas imponentes. Ela se apoiou na pá e o olhou aos
olhos sem medo.
305
comigo... Sobre soldados, sua formação, como vivem e essa
personalidade irascível e canalha que adotam no Exército. Você
tampouco é assim, verdade, tio Walt? Dissimula os sentimentos
mais delicados? É duro e imutável e não se permite ter
remorsos pelo dano que tem que causar? — Aproximouse dele.
—Passei muitos anos perto de você quando estava crescendo.
Vi jovens soldados tremer dos pés à cabeça quando passava ao
seu lado, mas sempre tratou à tia Peg e a Vanni como se
fossem joias. Luke, como você, tem um lado encantador.
306
—Acreditava que ia me preservar para o casamento? —
Perguntou ela com uma sobrancelha arqueada.
307
Walt ergueu uma mão, tomou sua reprimenda com um
levantar de ombros e a acariciou entre os dedos.
308
—Bobagem. Só quero ser normal. Vai levar isso bem?
**********
—Senhor.
309
—Não está armado, certo, senhor?
—Adiante, senhor.
310
todos os meios que não hipotecasse sua vida com sua mãe.
Midge poderia ter ido a um hospital, ao menos, no final.
Entretanto, não consegui. Shelby tinha decidido — Ele tomou
fôlego e sacudiu a cabeça. —Eu não estava seguro de que
emparelharse contigo fosse uma boa ideia, embora não me
desgoste.
—Considere esclarecidas!
313
veemência.
315
crianças e pessoas doentes. Pode me dar um pouco de tempo
para que me limpe?
—Claro.
—Não demorarei.
316
—Vai transbordar! — Exclamou ela entre risadas.
—Ajudarei.
317
—Bem, você tem sido muito atencioso — Ela o apertou
contra si, peito contra peito.
—Aprecio isso.
318
seu peito. —Me neguei a dar explicações, ameaçoume com
consequências funestas se te maltratasse ou tratasse com
crueldade, tentei convencêlo de que podia ser civilizado se me
propunha a isso e no final apertamos a mão.
319
—Eu gostaria que fosse algo nosso. Privado. Pessoal. É
muito especial — Ele sorriu. —Não tinha tido uma experiência
assim em minha vida... e tive um montão de experiências.
—Bem.
320
—Não dói?
—Mmm...
—Mmm...?
321
—Luke Riordan, está em uma banheira de espuma.
Uma vez, quando era muito mais jovem, sentiu algo quase
tão profundo e intenso. Tinha vinte e quatro anos quando
conheceu a formosa Felícia de cabelo negro, tão negro como asa
de corvo. Tinha reavivado em seus braços, em seu corpo. Nunca
322
havia se tornado tão apaixonado antes nem voltou a fazêlo
depois. Se surpreendeu com a paixão e dedicação que sentio,
mas se entusiasmou. Ele amou com toda sua alma um ano e
então teve que partir para uma missão. Foi para a Somália.
Quando o conflito estava no pior, seu rosto o ajudou a
aguentar, deulhe um motivo poderoso pelo que lutar. Tinha
lhe entregue sua vida. Ia amála até o dia que morresse.
323
**********
—Está preparado?
—Preparado.
325
pouco. A lareira estava embutida no marco de madeira escura
original.
327
—Não se preocupe. Comprei uma garrafa e uma caixa de
charutos havanos. Deixarei todas as luzes da casa acesas,
sentaremos no alpendre do barracão, passaremos um frio de
morte, beberemos uísque escocês, fumaremos um havano e
olharemos a casa.
—Tem charutos?
Ela riu.
**********
328
recente e ela ficava para dormir quase todas as noites. Então,
levantava muito cedo, ia ao estábulo de Walt para dar uma
mão. Ás vezes dava um passeio a cavalo e tomava o café da
manhã com ele, tomava banho e se trocava para ir ao povoado,
onde sua tarefa principal consistia em que a vida profissional
de Mel fosse suportável. Ajudava na clínica e vigiava as
crianças. Luke se maravilhava com sua energia, sua diligência.
329
ombros. —Sinto falta da minha mãe, mas eu gosto de estar
aqui, ao lado do rio — Acrescentou com um sorriso. —Gosto da
minha casa, onde não tenho que assinar nada para usar a
máquina de lavar roupa.
330
sabiam que existia. Os dois concordaram em não dizer nada,
enquanto se esclarecia se estavam procurandoo.
331
Luke estava impressionado do trabalho que tinha feito,
mas alguns dos aldeãos, sobretudo as mulheres, tinham
esperado algo mais ao estilo de Hollywood. Quase todos tinham
essas coisas velhas, que lhes tinham chegado de geração em
geração, e lhes pareciam normais. Naturalmente, não tinham
mimado e restaurado suas coisas velhas como tinha feito
Muriel, mas eram habitantes de um povoado pequeno e
desejavam móveis mais modernos. O que queriam saber era se
tinha saído com Clint Eastwood ou Jack Nicholson. Quando
respondeu que quase não os conhecia, embora tivesse feito
filmes com eles, pareceram um pouco decepcionados.
Para Luke, não tinha sentido que sua mãe fosse tão
convencional. A vida era exatamente como ele a queria. Era um
homem e não perdia muito tempo dando voltas a esse assunto:
os homens não pensavam muito nos sentimentos. Só queria
que nada mudasse.
332
ir a Phoenix passar o Dia de Ação de Graças. Resultou que
esse ano só iria Sean. Colin estava no Iraque, Paddy embarcado
e Aiden ficaria no hospital para poder ter o Natal livre. Sua mãe
ficou decepcionada porque não o via desde agosto. Então, falou
de Art e ela, naturalmente, disselhe que o levasse.
—Não te repreendo.
Sean riu.
335
seu pai, que não se casou até que teve trinta e dois anos. Não
era um idoso, mas para essa geração sim era um pouco mais
velho para fundar uma família de cinco filhos. Eram uns
irlandeses joviais. Todos tinham sido muito ousados, não
tinham se arrependido de nada e se moveram depressa.
Para o Luke não tinha sentido que sua mãe fosse uma
dissimulada. Era uma mulher de sessenta e um anos formosa,
336
alta e elegante, que ficou viúva aos cinquenta e três anos,
quando ele tinha trinta, e seguiu viúva e dedicada a seus filhos
militares. Mantinha o cabelo tingido de vermelho intenso, como
em sua juventude. Embora com reparos, algumas vezes
desejava que sua mãe encontrasse alguém que a fizesse
esquecerse de seus filhos e suas vidas pessoais.
337
contando histórias sobre ela. Podia mantêla calada se não
dormisse com Shelby enquanto estava ali: durante cinco noites.
**********
—Mmm...?
338
—Maureen, mas não vamos fazer isso. Não vamos juntar
todos como se fosse uma família feliz. Sabe o que me parece
tudo isso. Eu não gosto de criar essas expectativas... Isto não
é... Isto não pode ser...
339
contado o que tinha esperado a princípio.
Ela riu.
—Qual...?
340
Ele se apoiou em um cotovelo e a olhou.
—Não vai?
341
nossas normas. Agora, quero que relaxe. Só é um jantar e será
divertido.
—Claro.
**********
342
vez comprei um lavabo incrível de cento e cinquenta anos em
uma dessas vendas que fazem nos celeiros.
Ela sorriu.
—Vai ao sul?
—Tanto faz.
343
—Susan Sarandon me convidou para ir com sua família.
Uma família encantadora. Adoro seus filhos. Meu amigo George
tem reservas em um restaurante para alguns amigos...
—George?
—Walt...
344
—O que?
345
—De verdade?
Ele sorriu.
346
Capítulo 13
Quando Sean e Maureen chegaram na última hora da
tarde da terçafeira, Luke estava preparado. Tinha limpado a
casa de cima abaixo, pintado as paredes, lixado e envernizado
os pisos e refeito a cozinha, embora ainda ficassem muitas
coisas que terminar. Os móveis eram bons e a casa parecia
melhor. Deixaria seu quarto para sua mãe e seu irmão dormiria
no andar de cima. Como não havia móveis no outro dormitório
desse andar, ele ficaria no sofá. A lareira estava acesa, havia
vinho na geladeira, costeletas e uma pequena churrasqueira
que tinha comprado. Havia dito a Shelby que conheceria sua
mãe na quartafeira de noite, porque antes queria estar um
pouco com ela. Não era esse o motivo, naturalmente. Poderia
ter dito a Shelby que fosse na terçafeira quando terminasse o
que tivesse que fazer no povoado, mas isso poderia parecer
como se estivesse desejoso e sua mãe não necessitava de
muitos estímulos.
347
seu olhar. Seu sorriso era impressionante e resplandecente,
tinha dentes grandes, fortes e brancos. Além disso, não
recordava uma só vez em que seus olhos verdes não tivessem
brilhado. Nesse momento estavam um pouco enrugados pelo
sorriso.
348
—Mamãe, ela não está aqui. Está em sua casa. Pedilhe
que venha amanhã de noite para te conhecer e nos convidaram
para a casa de seu tio para o Dia de Ação de Graças.
349
estava descarregando muitas malas para apenas cinco noites.
—Art...
—Já chegaram?
351
—O que acontece? Só são Sean e minha mãe. Já conhece
Sean. Se deram bem. Está preocupado com algo?
—Eu sei, Art. Minha mãe te cairá bem. Você lhe cairá
bem.
352
—Não sou como todo mundo.
—Você acha?
354
—Claro que o será — Seguiu ela. —Agora, apertaria a mão
ou abraçaria à mãe do Luke?
**********
356
nascimento de seu filho e depois de muitas vacilações acabou
confessando a Vanessa que a amava desde o primeiro dia que a
viu, mas que Matt a tinha levado antes. Nenhum homem
íntegro se metia no terreno de seu amigo. Nesse momento
estavam juntos e Paul exercia a função de pai do filho de seu
melhor amigo. Foi uma história tão romântica que Maureen
suspirou e enxugou umas lágrimas.
357
melhorou. Eles haviam aceitado, sem dúvida, mas permaneceu
um mistério para os Booth e para o povoado. Era um soldado
profissional, solteiro embora gostasse das mulheres, solitário e
se apresentou como um homem com quem era difícil de ter
intimidade. Chegando Maureen, ele se tornou um filho amado,
um homem generoso que tinha tomado a cargo de Art, um
homem sem objeções a Shelby, um homem normal de quem
podiam se esperar coisas boas. O General e Paul, lenta mas
visivelmente, começaram a olhar de forma diferente. Foi tratado
como um membro da família, como alguém em quem podiam
confiar não alguém suspeito.
358
Luke saiu ao alpendre com a taça de café. O sol
resplandecia, mas fazia frio. Tinha acendido a lareira. Maureen
não demorou para sair com a jaqueta posta e sua taça de café.
—Mãe...
359
—Não se trata só dela. É evidente que te ama, mas
também se trata de você. Assim que se aproxima de você, esses
sulcos de tensão do seu rosto relaxam e se suavizam. Cai a
máscara resmungona que usa para se proteger e passa a ser
quente e carinhoso. Sentese bem, tira o melhor que há em
você, te diverte. Tem algo especial com ela.
360
idade. Só tinha vinte e três anos quando casei com seu pai e
nunca o considerei muito velho para mim. Ao contrário, estar
com um homem maduro que já não tinha dúvidas, fez que me
sentisse melhor em muitos sentidos. Era sólido e estável. Deu
me tranquilidade e era muito bom comigo.
—Estou curado.
361
Shelby não se parece nada com ela. Nada.
362
que um dia despertasse e se desse conta de que ainda não
tinha vivido de verdade. Teria passado de cuidar de sua mãe
doente a estar com ele. Seguiria sendo jovem, formosa e
apaixonada e se arrependeria de não ter olhado com
perspectiva, de não ter procurado alguém que pudesse lhe
oferecer mais. Maureen se equivocava. Se Shelby lhe concedia
uns anos antes de recuperar o bom senso e abandonálo, doeria
muito mais. Muitíssimo mais.
**********
364
Luke ficou pensativo quando sua mãe e seu irmão
partiram. Sabia aonde ela queria chegar. Inclusive, reconhecia
que tinha certa lógica, mas ela não entendia que embora ele
tivesse coragem para correr esse risco, não podia impor a
Shelby uma prova assim. Era jovem e inocente. Ele estava
curtido e corrompido e engolir os sentimentos se converteu em
um costume.
366
promessas.
Sua mãe não sabia do que estava falando. Sua mãe não o
entendia. Tinha boa intenção, desejava o melhor para ele, mas
se enganava ao ver tudo cor de rosa.
—Pescando.
368
necessitandoo.
—Se importaria...?
369
Rodeou sua cintura com as pernas e ao cabo de uns segundos
o deixou estupefato com um clímax demolidor que o
transportou a outro mundo. Conteve um grunhido para tentar
durar e que ela se deixasse arrastar. Quando começou a
relaxarse, ele também se deixou levar e soltou toda uma
semana de tensão, preocupação, dúvidas e paranoias. Estava
no único lugar onde queria estar.
—Tom Cruise.
—Ele é baixo.
Shelby sorriu.
—Eu também.
—Que me complete.
372
—Faz que me sinta plena. — Ele franziu o cenho. —Não
sou uma pessoa plena sem você.
—É uma tolice.
373
olhos e sorriu com acanhamento. —Só é uma frase. Escrever
guias e novelas românticas esteve na lista de coisas que eu
gostaria de fazer.
**********
374
Era o domingo seguinte ao Dia de Ação de Graças e Walt
não se recordava de ter estado na cama com uma mulher nua
no meio da tarde. Quando era jovem, o Exército o tinha
esmagado e, além disso, o primeiro filho chegou assim que se
casará com Peg. Suas vidas giraram ao redor da vida familiar e
do que exigia a vida de um oficial. Quando chegou a general,
teve um ajudante de serviço na casa. Nenhum dos dois era
recatado, mas assim que tentavam fazer algo tão ousado como
tomar banho juntos, algum de seus filhos adolescentes chegava
e começava a esmurrar a porta. Riu de seus pensamentos.
—Sim, nós, que fazemos amor pela tarde com dois cães
dormindo aos pés da cama. É fantástico, Muriel. Fantástico. Me
alegro de que não haja espelhos no teto.
—O que é a intimidade?
376
—Então, podemos não...
377
entra como um leão e se encarrega de tudo. Por isso vamos nos
vestir e ser gentil, não é?
378
cocaína.
379
que ela se negasse imediatamente.
—Trouxe o roteiro?
**********
380
Mason Fielding só ficou uma noite e no meio da amanhã
do dia seguinte estava a caminho de Los Angeles. A primeira
hora da tarde, Walt chegou montado em Liberty e esperou que
ela selasse a Sweety, seu cavalo de raça.
—É bom?
—Uma escritora?
381
—É tão bom que posso falar de pensar nisso. Ainda não
respondi nada ao Mason. Estou na fase de me expor a isso.
—Muito bem, vamos deixar uma coisa clara. Não sou uma
estrela de idade avançada para me expor a um reaparecimento.
Sou uma atriz e me parece um trabalho sério. Uma prova que
tenho que superar. Neste trabalho, as oportunidades boas de
verdade são muito escassas. Mas não sou uma estrela que está
envelhecendo, Walt. Trabalho para ganhar a vida e não é um
trabalho fácil, mas se fizer isso direito, as compensas podem
ser consideráveis. O orgulho não é a menor.
385
Ela o olhou transbordante de amor, embora nenhum dos
dois tivesse pronunciado essa palavra. Seus olhos brilharam e
teve que franzir os lábios para que não tremessem. Os homens
lhe tinham dedicada muitas adulações com o passar do tempo,
tinham elogiado sua beleza e inteligência, mas nunca lhe
haviam dito nada assim. Piscou e tomou fôlego.
386
Capítulo 14
Durante as duas semanas seguintes ao Dia de Ação de
Graças, a atividade foi mais febril que o habitual em Virgin
River e se necessitou de toda a ajuda possível. Começouse
levantando uma árvore de Natal enorme entre o bar e a igreja.
Pelo que entendeu Luke, só era o segundo ano que faziam uma
árvore assim e era uma ideia do prefeito. Necessitavam todos os
homens possíveis para cortar a árvore, levála ao povoado,
levantála e iluminála e decorála com a ajuda de uma
plataforma hidráulica de aluguel. Tinha fitas azuis, brancas e
vermelhas, estrelas douradas e distintivos de unidades
militares. Pretendia ser uma homenagem aos homens e
mulheres que velavam por todos e quando Luke viu o que
estavam fazendo, soube que tinha escolhido o povoado certo.
Era a primeira vez em muitos anos que se sentia em casa.
388
Luke teve que fazer o que lhe haviam dito. Meteu em uma
caixa tudo o que Pastor tinha tirado da geladeira e da
despensa: uma churrasqueira, pãezinhos, batatas fritas,
conservas, salada de couve, bolo, filetes de salmão temperados
e preparados para assar e um recipiente muito grande com
arroz e ervilhas. Viu que Jack passava muito depressa com
uma caixa cheia de charutos e licores.
—Uma o que?
389
esperava que não o obrigassem a participar de tudo. Decidiu
nesse momento que não ficaria lá. Todo esse assunto de bebê
não era seu plano favorito. A casa estava cheia de gente.
Vanessa e Paige estavam no salão com as crianças pequenas.
Jack levava David apoiado no quadril e estava na cozinha cheia
de homens. Pastor se encontrava preparando panelas nos
fogões, o general servia bebidas e Paul pegava pratos pequenos,
guardanapos e talheres. Luke deixou a caixa com a comida e
disse que ia partir.
—O que?
391
Sacramento, mas este ano, como não há médico no povoado e
Brie acaba de dar a luz, minha família vai vir aqui. São um
montão. Eu tenho lugar para meu pai e as crianças se os
colocarmos de dois em dois, e a cabana está livre outra vez,
mas um Valenzuela está chegando ao mundo e aposto o que
quiser que vamos ver muitos mexicanos por aqui. A família de
Mike é maior que a minha. Amigo, não temos lugar. Como estão
suas cabanas? Tem alguma que possa alugar?
Paul se aproximou.
392
—De Eureca. Camas, sofás cama, mesas pequenas,
cadeiras, etc. Era o próximo, depois de pintar e instalar os
eletrodomésticos.
—Eu tampouco.
393
—Está disposta?
—Parabéns, amigo.
394
que não podia guardar segredos, sobretudo, segredos como
esse. Contoulhes tudo, brindaram, embebedouse um pouco e
o levaram a sua casa.
397
meianoite. Tinha estado imerso no passado, tinham
transcorrido as horas e não sabia muito bem o que tinha
passado a seu redor. Então, Shelby apareceu a seu lado e o
olhou.
—É preciosa, verdade?
398
Capítulo 15
Jack Sheridan necessitava de um lugar para sua família
mais do que Luke imaginou. No dia seguinte ao parto de Brie,
apresentouse pela manhã com Paul e outros seis homens em
três caminhonetes. Luke saiu da cabana número dois ao ouvir
os motores e sorriu enquanto os homens desciam.
—Se não estar aqui, está no rio — Luke sorriu. —Me ajuda
muito menos desde que lhe comprei a vara, mas a geladeira
está cheia de peixe. Temo que parte vai acabar em seu bar.
401
—De verdade?
—Claro, mas terá que lhes deixar que lhe digam como
pode ajudálos melhor, de acordo?
403
oportunidade — Explicou Luke, embora não sabia que lojas
havia em Clear River. —Vou contratar um par de pessoas de
jornada completa e outras de jornada parcial. Vou ter que
ajustar o orçamento uma temporada no que se refere às folhas
de pagamento. Me interessei pelos empregados desta loja. São
amáveis, parecem produtivos e são... limitados.
404
que quer dizer. Então, onde posso encontrar Stan?
—Me siga.
405
ia e olhou a todos com cara de poucos amigos. Os empregados
não pareciam contentes, nem sequer o amável subdiretor.
Considerar Stan um tolo abusivo podia ser acertado, mas
também podia ser muito simples. O que Luke queria saber era
o que tinha acontecido com Art e por que Stan não tinha
informado o seu desaparecimento. Compreendeu algo com a
cerveja.
406
se faz?
407
Art?
—Art Cleary.
409
algum problema, verdade?
**********
410
paciência para isso. Se fosse a Phoenix, apaziguaria a sua mãe
e aplacaria a seus irmãos.
411
Tinha pensado em comprar uma sela, mas as botas lhe
pareceram mais pessoais. Trocaram os presentes de Natal
pouco antes que ele partisse e quando ela abriu o presente e
viu as botas, chorou. Ninguém lhe tinha dado um presente
assim em toda sua vida e ele se alegrou do acerto, quando ela
começou a beijálo por todos os lados. Abraçoua e embaloua.
—Não passa nada se não a usar muito. Sei que você adora
sua jaqueta de piloto e é muito sexy com ela, mas pode usálo
naqueles momentos em que você se veste um pouco.
**********
—Não há de que.
415
Eles se olharam com os olhos esbugalhados.
**********
416
mãe.
—Sobre o que?
—Então, imagino que não tem nada que ver com sua
insônia, nem seu estado de ânimo. Aconteceu algo com as
cabanas, o povoado ou seu ajudante e inquilino?
417
—Só é uma menina que te tem alterado.
Aiden riu.
—Sempre?
419
—É claro que sim.
—Mamãe.
420
—Wow — Tomou fôlego. —Mamãe sabe?
—Com certeza que sim. Falaram muito, o que, não foi uma
boa ideia. Mamãe a adora. O que mais gostaria é pescála. Uma
má ideia — Acrescentou Luke sacudindo a cabeça.
—Bom, terá que ser forte para fazer algo assim, não? Sim,
é muito forte, mas parece frágil — Luke sorriu. —Até que a vê
montada em um cavalo.
421
—Fazer? — Repetiu Luke. —Nada.
—Nada?
—Tem que seguir com sua vida. Ficou para trás. Lembra
se quando saiu da Faculdade de Medicina depois de passar
anos sem poder viver? O que fez?
Aiden riu.
422
os olhos com orgulho. —Lhe asseguro isso, já está preparada.
Chegou sua hora.
Luke riu.
—Se o fizesse?
—Terá que ser muito velho para apreciálo como uma vida
423
quase perfeita?
Luke riu.
**********
—Dói, verdade?
426
Shelby respirou fundo.
—Querida...
**********
427
—Bem. É uma honra. Teria imaginado que iria para Mel.
São muito amigas.
—De verdade?
—Não?
Muriel riu.
430
Capítulo 16
Depois de passar as férias em Portland com seus pais,
seus irmãos e suas famílias, Cameron Michaels rumou para
Virgin River, arrastando um reboque com seus livros, o
computador, os móveis do dormitório, suas roupas, a televisão
e o aparelho de som. Tinha trocado o Porsche por um 4x4 para
poder percorrer os vales e as montanhas. Quando estacionou
diante da casa do doutor, Mel saiu imediatamente ao alpendre.
Mel riu.
431
trabalhar em troca de uma miséria e não quer ser uma carga?
Ficará conosco esta noite e enquanto for necessário.
—Foi como a seda. Tive uma oferta pela casa em três dias,
vendi quase todos os móveis e o que mais eu gostava deixei em
um guardamóveis, troquei o carro esportivo por um 4x4 e
passei o Natal com minha família.
Cameron riu.
433
Aparentemente, Cameron não estranhou que houvesse
tantos carros e caminhonetes na rua, mas tampouco estava a
par das atividades nessa época do ano. De janeiro a junho,
costumava chover e tudo era muito tranquilo em Virgin River. A
temporada de caça tinha terminado e se pescava pouco, mas
quando entrou no bar, um bar abarrotado de gente, ouviuse
uma explosão de saudações. Ele, atônito, ficou congelado
enquanto o alvoroço acalmava lentamente. Jack saiu do balcão
com David se retorcendo na mochila.
—São maravilhosos.
435
lido os clássicos, ao menos a maioria, mas este lugar tem
coração. De verdade, é algo muito singelo. Não podem
engrossar muito sua conta corrente, mas conhecem o valor da
amizade e da gratidão. Nunca passará fome, nem estará
sozinho. Assim, o administra o povo. Você gostará.
Cameron bebeu.
**********
436
seguiu em seu jipe. Quando chegaram, ela foi à cabana de Art
para se certificar de que tudo estava em ordem.
Ela riu.
437
—Sim. Já tenho feito algo. Descobri de onde saiu e não é
um bom lugar. Falarei com o Mike e a Brie para encontrar a
maneira de liberálo — Contou ele lhe dando um beijo.
438
incrível pensar como a estremecia. Não lamentava ter esperado
tanto para descobrilo, porque estava segura de que nunca teria
podido ser parecido com outro homem. Era um milagre. O
destino a tinha unido ao homem perfeito para ela. Quando a
tocou, acreditou que ele sentia o mesmo. Entretanto, não deu
mais indícios.
**********
441
um suave sorriso.
—Sabe que farei o que for para te ajudar, mas não vai
poder passar muito tempo sem dizêlo.
442
—Devia ter assinado os documentos do divórcio no dia que
me pediu isso — Abby deixou escapar uma gargalhada. —Te
contei que me pediu isso? Um homem ameaçador me chamava
todas as semanas. Eu deixava a secretária eletrônica atender.
Não soube nada do Ross, pessoalmente, há mais de um ano.
Não me pergunte por que esperei, porque não queria que
voltasse comigo. Acredito que fiquei paralisada pela surpresa.
Além disso, sentiame estúpida por ter casado com ele, por ter
acreditado que o conhecia, quando, evidentemente, não o
conheço. Rasgoume. Assim que cheguei em Los Angeles depois
das bodas, assinei o divórcio. Um mês depois, era uma mulher
livre.
443
suas faturas.
—Santo céu.
444
—Isso digo eu. Por isso estou tão gorda já.
445
—Abby, nem te ocorra ter remorsos! Ele te enganou,
mentiu, se drogou...
—Não posso.
—Vanni, não sei o que vou fazer. Não só não deveria ter
um, é impossível ter dois. Mas os desejo muito!
446
**********
448
Quando saiu, Mel estava à espera na recepção.
—Perfeito.
—Abby... MacCall?
—Sim, olá.
449
—Eu sou novo aqui. Você gostará do lugar.
—Claro.
—Esclareça.
450
confidenciais.
—Posso dar como obvio que vocês dois não têm uma...
relação? — Perguntou ela com um sorriso.
451
—Não dê nada por garantido neste momento. A não ser
que tivemos um... encontro.
**********
452
—Como entrou?
—Não vou dizer nem fazer nada que possa te pôr nervosa
ou te assustar — Sussurrou ele. —Se não quer que ninguém
saiba nada sobre nós, sobre aquela noite, não direi nenhuma
palavra.
453
—Não quis que aquela noite ocorresse como ocorreu — Ela
levantou o rosto e o olhou com os olhos chorosos. —Não estava
te esperando nos elevadores. Ia ao meu quarto. Não queria
passar a noite com um desconhecido.
454
muito. Não sabe quanto.
455
mulher. Reconheci seu rosto na capa e li a história porque
desejava saber algo. Não me inteirei de grande coisa. Só me
inteirei dos fatos. Ele a abandonou à poucas semanas depois de
se casar, foi com outra mulher e pediu o divórcio. Dizia algo de
que um contrato prématrimonial pudesse ser o motivo que se
atrasou, mas não sei que papel tem em seu drama. Só sei que
esse fantoche se casou contigo e te abandonou. Consideroo
uma escória por têlo feito e um tolo.
457
—Mas entenda, eu não sei.
459
—Poderia ser, mas não sou.
—Relativamente?
462
Ele se separou a contra gosto.
463
Capítulo 17
Ness, o bebê dos Valenzuela, tinha quase seis semanas
quando Luke os chamou para perguntar se podia passar por ali
com Art.
—De acordo.
464
—De acordo — Respondeu Art. —Não farei ruído. Posso
tocálo? Ao bebê...
—Muito bem.
465
cadeira de balanço e se sente. Fique confortável. Quero que a
segure assim.
466
eu.
—Se tiver que voltar para uma casa de acolhida, não pode
ser essa e se tiver que ser outra, eu o visitarei todos os dias se
precisar para me certificar de que é a indicada. Eu gostaria
muito de fazer o que tiver que ser feito para que fique em Virgin
River, onde está mais feliz. Mas temos que fazer direito.
467
—Ganhou algum dinheiro no supermercado?
468
de acolhida. Quanto ao outro assunto, certamente terá que
investigálo. Posso chamar por telefone ao promotor do distrito.
Pode me dar algum nome?
—Claro.
471
—Enquanto estiver aqui — Seguiu Luke —, poderei cuidar
de Art, não dá muito trabalho.
**********
Amar Luke era como uma droga para Shelby. Não sabia
muito bem quanto tempo aguentaria com essa relação nem
como deixar que prosseguisse, mas sim sabia com certeza que
ele não ia lhe dar mais do que já tinha e isso não era
vinculativo de qualquer maneira. Era mais do que apenas sexo,
mas a intimidade com ele a deixava cativa. Também havia
carinho. Sentiase segura em termos de amizade, mas sem a
palavra «amor», sem compromisso, chegaria um dia em que ele
diria, sem aviso prévio, o que não sentia o suficiente para
continuar com aquilo. Nesse dia, ela morreria.
472
causa da pouca visibilidade e gelo nas estradas. Todo mundo ia
muito abrigado em Virgin River.
474
—Estamos a dois minutos do povoado. Aguente e o médico
fará isso.
475
—Um golpe de sorte. Me alegro muito.
477
—O ônibus do colégio teve um acidente — Explicou
enquanto agarrava seu casaco. —Certamente necessitam de
primeiros socorros. Temos que ir imediatamente. Há uma
menina pequena na sala de exames. Chama Mindy. Parece que
só tem uns arranhões, mas tem que ajudála a entrar em
contato com sua mãe. Cam está cuidando de um menino maior.
Alguém tem que ficar na clínica, Connie. Meus filhos estão
dormindo na cozinha, a ponto de despertar. Chama para pedir
ajuda se a necessitar, mas Shelby tem que ir comigo. Poderá
fazêlo?
**********
478
chegou pouco depois. Tirou cordas e polias da caminhonete,
atouas a uma árvore, agarrouse e baixou até o ônibus. O
lugar estava escorregadio pela neve e o gelo, e mesmo
acostumado, caiu de joelhos mais de uma vez. Quase tinha
chegado, quando olhou para cima e viu Pastor olhando para
ele.
—Molly!
480
Jack se moveu para a direita para agarrarse a uma árvore
e não ficar pendurando todo o momento. Olhou pelas janelas do
ônibus. Fazia um frio gelado. Esperou que eles pudessem fazer
algo, antes de se encontrar com a alternativa de se expor ao que
fosse pior: que as crianças caíssem montanha abaixo ou que se
congelassem aí dentro. Pareceulhe que tinha passado uma
eternidade antes que ouvisse uns motores.
482
Assim que a trêmula menina saiu pela porta, o bombeiro a
agarrou e a passou para Jack.
**********
484
Ficou atrás da faixa do perímetro de segurança, detrás de uma
multidão de familiares e aldeãos, e observou com fascinação a
equipe de resgate que trabalhava com a ajuda do Pastor, do
general, Mike Valenzuela e Paul com alguns de seus
empregados. Também viu Shelby com Mel e Cameron e a viu
correr por uma criança para levála ao Hummer e examinála.
Estava no meio, ajudava a dar os primeiros socorros,
Tranquilizava os pais alterados e atendia qualquer petição de
Mel, Cameron ou, inclusive, dos médicos de emergência.
Parecia como se o tivesse feito toda sua vida.
485
—Algo mais de uma hora. Quando cheguei, isto estava
cheio de bombeiros, polícia e médicos e tive que ficar atrás da
barreira como todo mundo. Não quis te distrair.
486
—Tenho que terminar com isto, Luke. Irei com Mel e
Cameron à clínica para esvaziar o Hummer e guardar as coisas.
Nos veremos logo.
487
Capítulo 18
Uns dias mais tarde, Shelby estava nos estábulos na início
da manhã. Ninguém da família Booth estava andando a cavalo
e só ir da casa aos estábulos era uma tortura. Walt tinha
deixado uma cafeteira onde se guardavam rédeas e selas,
porque era impossível que o copo chegasse quente da casa.
Embora os estábulos fossem aquecidos, Shelby vestia luvas
muito grossas, cachecol, jaqueta de camurça... e as botas de
pele de avestruz. Sempre as usava.
488
se quiser. Posso ficar de ouvinte. Não me virá mal ir a algumas
aulas — Shelby sorriu de orelha a orelha. —Não estarei muito
longe, tio Walt. Verei você, Paul e Vanni muito frequentemente.
489
todos vocês, sou muito jovem, mas para eles, sou uma velha.
—Posso entender.
490
—Shelby — Interrompeu ele —, o que está havendo?
—Está segura?
Ela se virou.
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—Pelo contrário. Tudo é tão agradável que se ficar outros
seis meses assim, poderia ficar outros seis anos. Entretanto, tio
Walt, nunca chegará a ser tudo o que quero que seja. Nada vai
trocar. Minha roupa estará pendurada em seus armários e eu
passarei quase todas as noites em sua casa. Procuro algo mais
a longo prazo.
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está indo para ficar mal comigo. Ficou claro?
493
copo de café.
**********
494
—O que faz aqui? — Perguntou desconcertado. —Tem que
estar meio gelada.
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—Shelby...
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Eu entendo. Terá o xampu de outra garota em sua ducha antes
que eu...
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comigo. Deve faltar algo. Não sou suficiente para que corra esse
risco.
—Crê que está preparada para algo assim, mas não está.
Acaba de nascer. Agora tem que abandonar o ninho, voar.
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tudo para mim. Tudo o que eu necessitava. Sinto não ter sido
suficiente para você. Talvez, algum dia conheça alguém que o
seja.
**********
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um sorriso. Então, lhe tocou a coxa por debaixo da mesa e lhe
deu uma leve palmada para tranquilizála que se converteu em
uma carícia. Vanessa teve que fazer um esforço para não ficar
olhando fixamente.
—O que pensava?
—Em matemática.
Abby riu.
—E bem...
—Vanni...
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que também conheço a ele. Adivinhei por acaso. Além disso, eu
também estava em Grants Pass. Abby, vai ter que confrontálo.
Ele sabe?
**********
504
Quando Walt chegou na casa de Muriel, os cães foram
correndo saudálo, mas Muriel, não. Encontroua sentada à
mesa da cozinha com um caderno de notas e uma taça de
vinho. Ele levantou a bolsa.
—Conte tudo.
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—Não pensava passar assim os próximos seis meses. Vai
ser muito trabalho. Além disso, logo, quando estrear o filme,
terei que fazer a promoção e isso também é muito trabalho.
Acima de tudo, não posso fazêlo daqui. Estarei um tempo em
Los Angeles e na primavera e princípios do verão irei a Montana
para rodar os externas.
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—Nunca tinha me falado dele.
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nenhum sentido. Quem sabe, esse Jack “Seja qual for o seu
nome”, poderia ser o homem com o que sempre sonhou.
Ela riu.
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—Boa ideia — Ele se levantou e a pegou pela mão. —
Vamos, carinho. É minha última ocasião de te mimar antes que
lhe deem o Oscar. A que hora sai seu voo?
—Quando eu chegar.
509
Ele ficou em meio desse frio gelado, enquanto o avião
particular se afastava. Olhou até que deixou de vêlo. Quão
único pôde pensar foi que possivelmente não voltasse, que
possivelmente lhe dessem o Oscar e a tentassem para fazer um
outro filme. Um avião tinha ido pegála e nem sequer tinha tido
que fazer as malas. Tudo isso não a tinha impressionado
absolutamente. Essa era a verdadeira vida dela. Por que tinha
acreditado que podia significar algo para ela? Possivelmente
tivesse deixado de ser dele.
**********
—Já me ajudou.
510
Ela subiu ao alpendre. Levava uma maquiagem muito
leve, calças jeans justas, um pulôver de pescoço alto e colete
acolchoado. Então, Mel caiu em si. Era Cheryl Chreighton! Sua
transformação era espantosa. Em só uns meses, sua cútis
havia se tornado rosa, os olhos cristalinos, perdeu mais de dez
quilos e não só estava asseada, estava atraente e quase
sofisticada. Alguém tinha cortado o seu cabelo e lhe tinham
ensinado a se pentear. Além disso, sorria.
—Tenho que ver meus pais. Não tornei a vêlos desde que
parti daqui com você.
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distribuiu a bebida muito bem e que eu a tinha sob controle.
Isso pode explicar algumas coisas. Além disso, nenhum dos
dois está bem. Tenho que vêlos, mas não posso ficar.
Tampouco teria vindo sozinha. Acompanhame minha
protetora.
—Claro que tem que vêlo, embora já sei que não lhe
guarda rancor. Entretanto, Jack se sentirá feliz de te ver sóbria
e com um aspecto tão bom.
—Está segura?
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—Quero. Seria muito bom.
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Capítulo 19
Aiden Riordan parou diante da casa de Luke e tocou a
buzina antes de descer do carro. Luke saiu com cara de poucos
amigos e um olhar de perplexidade.
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—Bem, agora está trancado comigo.
—Te deixou e parece uma desgraça. Tive que vir até aqui
para me certificar de que não era um cadáver de dez dias e não
está sendo nada hospitaleiro.
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—Irmão, me toma por tolo. Pensa que pedi um
afastamento urgente para vir até aqui e te salvar a vida sem ter
me informado de nada? Liguei para o bar, a esse bar pequeno e
encantador que você gosta tanto. Faz tempo que não te veem
por ali. Falei um bom tempo com Jack, ele me deu o telefone de
Walt Booth e falei com ele. Acontece que Shelby foi para o
Hawai para passar umas férias ao sol, antes de ir para São
Francisco e procurar um apartamento, para começar um curso
que iniciará dentro de alguns meses. Foi embora do povoado.
Como já tivemos essa conversa uma vez, imagino o motivo.
Afastoua. Não pode dizerlhe o que sente, porque você acha
que é errado para ela. Também continua com medo que cada
mulher que conheça te engane. Segue tomando decisões pelos
outros, sem lhes perguntar sua opinião. Ela pensou que você
não se importava, foi tão longe quanto podia e você está
afundado na miséria.
—Bobagens.
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Sim, mamãe... Mamãe! Acabo de chegar! Me deixaria... Sim,
mamãe. Adeus... Eu também te quero.
—E se o fez?
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—Ficou louco.
—É muito jovem!
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lamentamos. Vamos jantar algo aceitável. Podemos falar sem
gritar e quando estiver convencido de que está bem e não vai
desligar o telefone, te deixarei tranquilo.
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como Shelby que também o fizesse, porque ela podia mudar de
ideia e isso o mataria. Aiden decidiu provocálo.
Luke riu.
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Luke olhou Aiden nos olhos.
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—Obrigado por ter vindo, Aiden — Luke sorriu. —Sei que
só queria me ajudar. Conduza com cuidado.
**********
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—Faz um dia lindo — Disse uma voz masculina.
—Não, obrigado.
Ele riu.
530
poderia te encontrar. Aqui são muito discretos, mas quando dei
sua descrição, o encarregado das toalhas me disse onde podia
estar.
—O médico?
—Ele te mandou?
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eu tenho a sensação de que há algumas coisas importantes dele
que você não conhece. Por outro lado, estou seguro de que você
conhece coisas dele que prefiro não saber.
—Por quê?
—Quando o viu?
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Aeronáutica, Patrick seguia no colégio e Luke estava esperando
um filho, o primeiro da família, um varão. Foi o primeiro que se
casou. Luke estava feliz, exultante, muito apaixonado e muito
emocionado pelo filho. Então, o mandaram à Somália, ao
Mogadiscio. Viu o filme Black Hawk que saiu?
—A mim?
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—Faloume de sua mãe, de como se dedicou de corpo e
alma a ela durante uns anos, que não teve uma liberdade
verdadeira. Minhas condolências, por certo.
—O que?
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—Shelby, casouse com uma garota que era menos
parecida com uma virgem do que alguém possa imaginar. Era
sexy e coquete. Tinha saído muito e, ao parecer, nunca deixou
de sair. Luke teve que pensar que se aquilo lhe tinha doído,
morreria se acontecesse algo parecido com você.
—O que?
—Obrigado, Aiden, por vir até aqui para falar comigo. Não
sabe quanto me ajudou.
—Igualmente.
**********
540
estava sentado diante da lareira, ouvindo música com os pés no
alto e o olhar perdido. Fora estava chovendo, mas não esperava
ninguém. Olhou o relógio. Eram oito horas. Se fosse outro
irmão ou, pior ainda, sua mãe, não ia poder se dominar. Tinha
atendido ao telefone. Era verdade que não tinha falado muito,
mas tinha atendido. O assunto de Shelby ainda lhe doía, mas
estava melhorando. Ao menos, dormia.
—Foi há anos e não tem nada que ver com nada — Ele foi
ao alpendre. —Não sabia que ia voltar.
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amava. Quero algo mais, eu quero tudo. Quero ter um filho
algum dia. Não tem que ser em breve, mas quero ter ao menos
um filho e tem que ter um pai. É uma condição sine qua non.
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—De acordo, acredito que poderia acontecer e se
acontecer, seria com você. Sempre pensei que você merecia
mais.
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Surpreendeua de verdade. Deixou cair os braços e ficou
momentaneamente boquiaberta.
—O que?
—Está seguro?
Fim
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
ROBYN CARR
Robyn Carr quis ser enfermeira e estudou em uma escola
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superior para isso. Entretanto, como esposa das Forças Aéreas
se encontrou viajando de base em base. Durante suas gravidez,
quando teve que fazer repouso, afeiçoouse à leitura e mais
tarde começou a escrever novelas. Seu primeiro escrito
permanece segundo ela «enterrado e nunca verá a luz». Foi em
uma conferência da RWA onde uma escritora lhe animou a
seguir escrevendo, pois via talento nela. Seu primeiro
manuscrito foi vendido ao Little, Brown and CO. Dois anos
depois e publicado com o título de Chelynne.
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