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CATIVO DO DESTINO
Beverly Jenkins
─ Minha mãe vai pagar pela minha libertação! ─ Noah implorou mesmo
odiando, mas era tudo o que ele podia fazer.
Ferido por todas as vezes que lutara desde que fora 1shangaied na noite
anterior. Noah Yates estava cansado e sim com medo do que poderia acontecer
a seguir. Seus irmãos mais velhos, Logan e Drew, deviam estar, sem dúvida,
virando São Francisco de cabeça para baixo em um esforço para determinar seu
paradeiro, mas nunca o encontrariam - não em um navio em alto mar. Seu
destino e o dos outros, embarcados forçosamente a bordo do navio, descansava
nas mãos do malvado Capitão Simmons.
─ Vou perguntar mais uma vez: você quer se inscrever com minha
equipe?
─ Não!
─ Leve-o para baixo e ponha-o nos ferros! Ele vai mudar de tom. Traga o
próximo aqui.
Então, Noah foi arrastado para baixo e acorrentado ao chão por seus
pulsos e tornozelos. Mais cedo, o capitão expressara aversão ao confisco de
1
É a prática de sequestrar pessoas para servir como marinheiros na tripulação de um navio, por meio de
técnicas coercitivas, como: violência, bebidas e drogas entorpecentes, intimidação ou trapaça.
Noah não fazia ideia de quantos dias se passaram quando ele e Kingston
foram despertados por membros da tripulação. Suas correntes foram desfeitas e
empurradas para seus pés. As pernas de Noah imediatamente cederam, assim
como as de Kingston. Os tripulantes riram e eles foram obrigados a rastejar até
o convés. Era o primeiro sol que Noah estava vendo no que parecia anos e o
brilho ardeu em seus olhos. O ar, ao contrário da brisa fresca de sua casa no
norte da Califórnia, era espesso e úmido, deixando-o saber que ele estava em
algum lugar longe de casa. Ele viu Kingston claramente pela primeira vez
desde a sua captura, e ficou chocado com suas roupas imundas, o crescimento
total da barba e como emaciado o homem outrora grande pareceu. Noah olhou
─ Não.
─ E você?
Simmons riu.
Noah fez o melhor que pôde para resistir, mas em seu estado
enfraquecido ele foi facilmente forçado a entrar no escaler, onde um dos
tripulantes apontava uma pistola para ele e para Kingston quando eles foram
baixados para a superfície do mar.
Depois de seis meses na ilha, Noah não se identificava mais com o filho
mais novo e mimado de sua ilustre família da Califórnia. Na noite anterior, ele
enfiara o rosto de um homem no fogo por ter emboscado Kingston e quebrado
sua clavícula. Ele se tornara tão feroz quanto os tigres que caçava nas
montanhas, e tão mortal quanto os tubarões circulando nas regiões costeiras.
Sua humanidade tinha sido perdida a fim de permanecer vivo, e ele não tinha
como saber se ele iria recuperar aquele outro eu de novo.
Uma semana depois, ele e Kingston, cujo braço ainda estava pendurado
em uma tipoia improvisada, foram retirados de seus lugares de trabalho sem
explicação e levados de carroça para as docas. Esperando ali estava o
presunçoso Capitão Simmons.
Verão de 1887
Havana, Cuba
Pilar era uma araña, uma “aranha”, uma das muitas que reunia
informações em nome dos rebeldes cubanos determinados a livrar sua amada
ilha do domínio espanhol. A última tentativa de independência, conhecida
como a Guerra dos Dez Anos, terminou em 1878 com uma rendição negociada
pelos rebeldes, mas ela e seus compatriotas estavam convencidos de que a
próxima campanha seria um sucesso, principalmente devido à proeza do líder
Pilar lentamente ergueu o olhar para o homem que falara com um tom
zombeteiro, e o olhou por um momento. Ele tinha um rosto fino e claro, estava
vestido com um terno apertado de corte espanhol e seu cabelo estava liso de
pomada.
─ Eu não preciso de um. ─ Com o canto do olho, ela assistiu seu amigo
Tomas caminhando inocentemente em sua direção. Ele estava se fingindo de
pescador, filho dela, a fim de ser seus olhos e ouvidos. Ele também era bom em
uma luta, se surgisse a necessidade.
─Todo mundo precisa de um distintivo para estar nas docas, ou você terá
que sair.
─ Quem disse?
─ E quem é seu patrão? ─ ela perguntou com cuidado para manter sua
voz no timbre dos idosos.
Sua carranca anunciou que ele não estava gostando de ser desafiado.
─ Eu acho que você tem. Seu nome é Gordonez. Sim? ─ Ela sabia quem
comandava as docas.
Ele endureceu.
Ele deu uma olhada em Tomas, que tinha tomado posição a uma curta
distância enquanto a multidão passava ao redor dele.
─ Ele tem uma faca que pode voar da mão dele para o seu coração, antes
que você possa piscar um olho. Se você preferir morrer hoje vá em frente e me
atinja.
─ Ele não será facilmente superado, Pilar. Ir em frente pode ser um erro.
─ Eu sei que temos que ter o navio dele. ─ Ela olhou para as costas de
Noah Yates, esperando que isso não fosse um erro.
Ela estava prestes a dizer mais, mas foi interrompida pelo retorno do
homem de Gordonez.
─ E se eu recusar?
─ Então ele irá alertar as autoridades sobre sua presença na cidade e nós
dois sabemos que você não pode se permitir isso.
─ Eu vou ficar bem. ─ Ela duvidava que Gordonez quisesse que suas
operações ilegais fossem impactadas pela ira do general Maceo se algo
acontecesse com ela. Ele podia ser uma cobra, mas não era um idiota. ─ Eu vou
encontrá-lo depois que terminarmos.
“Breve” se arrastou por mais de uma hora. Ela sabia que o atraso era
uma tentativa de Gordonez de perturbá-la, então, ao invés disso, ela usou o
tempo para planejar seu plano para Yates. Ela decidiu por ser simples e direta,
porque isso sempre funcionava melhor. Tentar algo complicado e enredado
significava que muitas coisas poderiam dar errado.
Ela se virou para o homem corpulento que já fora noivo de sua mãe. Ela
não devolveu o sorriso dele.
─ Esse disfarce é tão dramático, mas sua família sempre foi conhecida por
sua...teatralidade.
Ela ignorou a ironia. Ela também guardou para si o quão ridículo ele
parecia usando um pó branco, em uma tentativa fracassada de mascarar a pele
escura herdada por ele de sua avó africana escravizada.
─ Você não tem tempo para amabilidades? Como está sua linda mãe? E
sua irmã e tias?
─ Ah, sempre a rebelde. Isso será sua queda um dia, vamos esperar que
não seja em breve.
─ A razão pela qual eu te convidei para a minha humilde casa, foi para
dar-lhe boas-vindas à cidade e perguntar por que você está aqui.
─ Tenho certeza de que meu homem lhe deu minha mensagem assim
como ele me deu a sua. Por que você está em Havana, Pilar?
─ Não, obrigada.
─ Já acabamos?
─ Novamente não te diz respeito, mas para apaziguar seus medos, não
tem nada a ver com você ou suas empresas.
─ Saia!
─ Com prazer.
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Pessoas que lutaram contra a Espanha nas Guerras de independência de Cuba e Santo Domingo, no
século XIX.
─ Desgraçado.
Gordonez era isso e muito mais. Suas mentiras mandaram seu pai para a
forca. Ela engoliu seu ódio.
─ Não tenho certeza. Acho que só posso tolerar estar em terra por pouco
tempo, mas estou ansioso para ver minha família. Eu entro em contato se ficar
impaciente.
─ Aquela velha e seu peixe. Apenas pensando sobre ela divulgando suas
qualidades.
─ Na idade dela, duvido que ela possa lembrar como era estar na cama
de um homem.
Kingston riu.
─ Você precisa de uma esposa para trazer luz para essa sua alma sombria.
─ Eu verei o que posso fazer. Quais são seus planos para esta noite?
Depois da partida deles, Noah desceu para ler e descansar para a sua
noite na ópera com Bernita “Crustáceo” Mendoza.
─ Pela carranca em seu rosto alguém poderia pensar que você não está se
divertindo.
─ E estaria correto.
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Expressão que significa (para um homem) fazer sexo com o maior número possível de mulheres.
─ O prazer é meu.
─ Concordo.
Noah mentiu:
─ Por favor, fique parado Sr. Yates. Este florete em suas costas provou o
sangue dos homens durante cinquenta anos. Eu odiaria adicionar seu nome à
lista.
Havana, com toda a sua alegria e vícios era um lugar perigoso; sob seu
casaco havia uma pistola no coldre, mas as chances de dar um tiro antes que a
mulher corresse o florete pelo seu fígado eram escassas. Dois homens saíram da
escuridão e o flanquearam. Ambos tinham os rostos ocultos por bandanas e
carregavam facões - a arma preferida em Cuba. Ele escolheu seguir as ordens.
Ele obedeceu. Quando ele se inclinou para entrar, a visão de dois homens
ocupando um dos bancos o fez parar. Agora havia pelo menos cinco deles e
apenas ele. Seis quando ele contou o condutor, que presumiu fazer parte da
gangue. O florete ainda estava pressionado perigosamente contra sua espinha.
O homem à esquerda de Noah enfiou a mão no seu casaco e tirou a pistola do
coldre de couro.
Mais uma vez, ele fez como lhe foi dito. Depois que ela e seus
companheiros mascarados estavam sentados, o cocheiro se afastou.
─ Se você não está atrás do meu ouro, o que você quer? Minha vida?
─ Não.
─ Então o quê?
Sem resposta.
─ Quem é você?
Cheio de frustração, ele desejou poder vê-la mais claramente. Ele queria
ser capaz de dar às autoridades uma descrição confiável, caso ele conseguisse
escapar, mas seu capuz e o interior escuro do coche escondiam-lhe o rosto e as
dobras volumosas de sua capa preta impediam sua habilidade de medir seu
─ Todos nós vamos sair agora, Sr. Yates. Nada de movimentos bruscos ou
demonstrações de bravatas pelas quais os americanos são tão famosos. Somos
seis e você apenas um. Nós odiaríamos ter que atirar em você com sua própria
arma.
Noah também não queria ser baleado com sua própria arma, mas cada
fibra de seu ser exigia que ele tomasse alguma providência para mudar as
chances. Ele não tinha ideia se ela mentia sobre tirar a vida dele, mas na
verdade eles já tiveram a oportunidade de fazê-lo, então o que era isso? Sua
curiosidade era grande, mas a fim de obter respostas ele tinha que jogar o jogo,
pelo menos por enquanto.
─ Pare!
Os soldados o examinaram.
─ Sim. Eu sou filho dela e pescador. Conheci o navio esta tarde. Removi
dele algumas das minhas pescas.
─ Vai.
─ Minhas desculpas por nossos métodos, Sr. Yates ─ ela ofereceu. ─ Mas
foi necessário. Se sua cabeça doer, posso lhe oferecer algo que a alivie.
─ E isso é?
Ele endureceu.
─ Eu não posso te contar tudo, Sr. Yates. Uma mulher deve ter algum
mistério.
─ Não.
─ Não ─ ele gritou. O que ele queria ela não permitiria─ que era colocar
as mãos sobre ela.
E quando ela saiu, Noah gritou com frustração alimentada pela fúria.
No silêncio que seguiu, ele olhou para os dois homens mascarados que
ela deixou para trás.
Silêncio.
─ Você valoriza sua vida tão pouco que deixaria uma mulher levá-lo para
a forca, ou faz pelo que ela oferece entre as pernas?
Ele acrescentou seu sarcasmo à lista de coisas que ele não apreciara em
sua noite.
Ela caminhou até o pé da cama e tomou uma posição entre suas pernas
abertas. Quando ela lentamente levantou o florete, ele instintivamente recuou e
jurou que ela sorria por trás do véu.
Não mais atado pelas cordas, poderia ter sido o momento perfeito para
ele armar um ataque e mudar as chances, mas seus braços não eram fortes o
suficiente para pegar uma colher, muito menos para enfrentar a pirata com o
florete e os companheiros dela armados de facão. Tudo o que ele podia fazer era
ficar ali deitado e rezar para que o ardor em seus ombros, tornozelos e joelhos,
diminuísse em breve.
─ Vou lhe dar alguns momentos para recuperar um pouco da sua força ─
ela disse a ele ─ e então iremos para o convés.
Noah não tinha ideia do que esperava por ele, mas a cada momento
adiado, pequenas quantidades de vida voltavam para seus membros.
─ Vamos lá.
Ele parou.
─ No barco a remo?
─ Sim, Sr. Yates. Eu te disse que não estávamos atrás da sua vida. Apenas
do Alanza. Isso é espanhol. É em homenagem à sua esposa?
─ Ah!
Noah estudou a pequena mulher que tinha sido a raiz desta aventura
enlouquecedora, e jurou em voz alta com uma suave ameaça:
─ Eu vou te encontrar nem que leve o resto da minha vida, então fique
viva até eu vir até você, minha pequena pirata, porque eu estarei chegando.
Sem outra palavra, Noah subiu no barco e foi baixado até a superfície
negra do mar. Ele checou as estrelas no alto, em um esforço para consertar sua
posição e forçou seus braços a se dirigirem para o oeste enquanto seu amado
navio navegava para o leste e fora de vista.
─ Música?
─ Sim e o nome dele está em uma das folhas. Acho que ele pode tê-las
composto.
─ Agora, isso nos trará alguns fundos ─ Tomas exclamou sobre a tampa
aberta de um baú. Na palma da mão havia dois pares de abotoaduras de ouro
caras. Elas teriam um bom preço, mas por algum motivo a consciência dela
recuou.
─ Nós já levamos o navio dele. Não parece certo roubar o que está dentro
também.
─ Então, nós apenas deixamos o que está aqui para apodrecer ou você
está planejando devolver o navio algum dia?
4
Canto fúnebre para o mar.
Ela balançou a cabeça. Ela não sabia o que ela estava fazendo. Tudo o
que ela sabia era que por algum motivo, ela estava em conflito sobre o que
geralmente era uma decisão bastante simples. No final, ela cedeu ao que era
melhor.
─ Estou. Não se incomode comigo. Vamos ver o que mais tem aqui.
Tomas concordou.
─ Uma pirata, você diz? ─ Ele não parecia muito impressionado com a
história. ─ É mais provável serem contrabandistas ou no mínimo, rebeldes. Eles
negociaram uma rendição da última vez, mas ultimamente estão causando
problemas novamente.
─ Sr. Yates, eu sei que vocês americanos pensam que o sol nasce e se põe
de acordo com seus desejos, mas nós podemos estar à beira da guerra
novamente e não podemos largar tudo para procurar um navio roubado de
você por uma mulher.
─ Minhas desculpas por ser tão rude e arrogante. Se não fosse pela sua
gentileza, eu ainda estaria no caminho de volta a Havana. ─ Ele passou a mão
pelo rosto cansado. Ele devia ao homem seu agradecimento. Outro capitão
poderia simplesmente ter ignorado e seguido. Noah se orgulhava de manter
suas emoções sob controle, mas essa situação o deixara desnorteado.
─ Obrigado.
Seu tom de voz continha um sorriso e uma resposta curvou seus lábios
em retorno. Ambos conheciam as águas como as costas de suas mãos. Entre o
que ela aprendeu sobre essas águas de seu avô e Tomas de seu pai pescador,
eles poderiam ter navegado no caminho de olhos vendados. Havia lugares tão
superficiais que o leito rochoso praticamente raspava o casco da escuna, e
outros trechos largos e profundos o suficiente para suportar uma embarcação
de dois mastros. O fato de que eles conseguiram realizar sua missão com
sucesso e sem problemas foi fantástico. Ninguém ficou ferido, as armas estavam
seguras embaixo, e além de ter que lidar com o muito bravo Noah Yates, roubar
o navio tinha sido tão fácil quanto a brisa enchendo levemente as velas. Ela se
Seu devaneio foi quebrado pela visão da cachoeira à frente. Este extremo
da ilha era montanhoso, indomável e repleto de um verde exuberante do
paraíso, onde as plantações de bananas vermelhas, cacau, grãos de café e cocos
ficavam desimpedidos. Por toda a área tinha cachoeiras espalhadas, oferecendo
lugares para nadar, pescar, brincar e, neste caso, um lugar para se esconder. Seu
avô e seus camaradas piratas de maior confiança usaram a caverna por trás
dessa queda particular para abrigar seus navios e espólio dos olhos curiosos das
marinhas britânicas e espanholas. Pilar tinha certeza razoável de que os
europeus não sabiam o que havia por trás das águas em cascata, porque seus
navios eram grandes e volumosos demais para navegar pelo caminho, mas por
trás havia uma caverna grande o bastante para conter um navio do tamanho do
Alanza e não ser visto de fora. Ela e os homens baixaram as velas enquanto se
aproximavam das rochas. Tudo acima do convés ficaria encharcado pelo
dilúvio enquanto eles passavam pelo poderoso fluxo, de modo que todos se
seguravam enquanto Tomas os conduzia lentamente para a escuridão sombria
da caverna.
─ Também pensei sobre isso, mas tenho certeza que ele foi.
Ela mentiu:
Ele assentiu.
Alanza Yates não achava que houvesse mulher no mundo mais feliz do
que ela. Dois de seus filhos agora estavam casados e a presentearam com noras
e netos que ela absolutamente adorava. Ela gostou muito de ver a costureira da
Filadélfia, Mariah Cooper, domar seu enteado, Logan. O filho do meio,
Andrew, e sua esposa, Billie, tiveram um namoro interessante também. Ambos
os casais viviam na propriedade Rancho do Destino, o rancho que ela herdou
de seus falecidos pais, e tê-los perto também lhe dava alegria. Em poucas
semanas seu terceiro filho Noah, estaria atracando seu navio, o Alanza, em São
Francisco, e o pensamento de ter todos os três garotos com ela novamente
enchia seu coração.
─ Só pensando em como sou feliz e abençoada por ter minha família e você. ─
Os dois se casariam em pouco mais de uma semana e isso a tornaria a mais feliz
de todas.
─ Você não vai ficar com os pés frios e fugir de mim, vai?
─ Não ─ disse ela com uma risada. ─ Mesmo se eu fizesse, você só me caçaria.
─ Isso é verdade.
Ela conheceu Max Rudd a maior parte de sua vida adulta. Ele tinha sido o
melhor amigo de seu falecido marido Abraham, mas as circunstâncias em torno
de seu relacionamento com os dois homens eram tão diferentes quanto a noite e
o dia. Por ela ser uma criança tola e mimada, Abe tinha sido forçado a se casar
com ela. Ele era viúvo naqueles dias e seu filho Logan tinha seis anos de idade.
Nos anos que se seguiram ao casamento, ela e Abe começaram a se respeitar e
ela deu à luz, primeiro Andrew, e depois Noah, mas o casamento não tinha
paixão. Após a morte prematura de Abe, ela assumiu a direção do rancho e Max
sendo fiel à memória de seu amigo, entrou em cena para ajudar. Não tinha se
dado conta do amor por ela até recentemente. Mesmo que também tivesse
sentimentos por ele, ela tinha medo de entrar em outro relacionamento sem
amor, e tinha feito tudo o que podia para desencorajar seus sentimentos. No
entanto, Max era tão teimoso quanto ela e se recusou a deixá-la se afastar da
─ Você ainda quer fazer o casamento junto com sua festa de aniversário?
─ Nenhum medo. Apenas sendo egoísta. Não quero compartilhar você. Nós não
somos jovens Lanz, então eu quero passar cada momento que puder com você.
─ Isso é tão amável. Depois do casamento ficaremos juntos tanto que você ficará
completamente enjoado de minha companhia.
─ Duvido, mas estou disposto a testar. Ah, e você pode não querer que qualquer
hóspede do casamento fique na sua ala da casa.
Sua casa tinha duas grandes alas: uma para seu uso pessoal e uma que seus
filhos compartilhavam.
─Não quero ter que atirar em ninguém por arrombar a porta quando você
começar a gritar em nossa noite de núpcias.
Ela revirou os olhos. Nos últimos meses ele estava brincando com ela
impiedosamente sobre os detalhes íntimos da noite de núpcias.
─Por que você continua dizendo isso? ─ ela perguntou com uma risada.
─Porque é a verdade.
─Se você diz. Eu faria você apostar, mas você vai ser minha esposa. Não é certo
que um homem tire dinheiro de sua esposa.
─Eu aceito essa aposta. O que você está apostando, meu belo vaqueiro?
Ele assentiu.
─ Para mim?
Ele assentiu.
Alanza estava tão confusa que não sabia o que perguntar em seguida.
─ E você não vai reclamar com Mariah por não ter contado a você nem
perguntar sobre o meu pedido. Pense nisso como um presente de casamento
surpresa.
─ Mas...
─ Prometa-me, Lanz. Eu não peço muito de você, mas faça isso por mim e
prometo que a recompensa será a coisa mais doce deste lado das Montanhas
Rochosas.
Ele parou a carruagem, inclinou-se e beijou-a com tanta facilidade que ela
momentaneamente esqueceu o que eles estavam discutindo. Ele roçou os lábios
contra os dela.
─Prometa-me querida.
─ Eu prometo.
─ Como estão meus dois anjos esta manhã? ─ Ela pegou cada um deles e colocou
grandes e gordos beijos em suas bochechas rechonchudas. Tonio imediatamente
se contorceu - sua maneira de insinuar seu desejo de ser colocado no chão. ─ Ah,
não! Sua mãe o prendeu por um motivo. Você não vai encrencar a sua avó no
início da manhã. ─ E ela colocou os dois de volta no cercado. Tonio piscou e
choramingou, mas ela estava tão imune quanto os outros adultos em sua vida a
seus pequenos ataques de birra. ─Tonio, um dia você vai desejar ser pequeno o
suficiente para passar o dia inteiro sem fazer nada. ─ Ela soprou os beijos e
entrou.
Ambas as noras estavam tomando uma xícara de café, e como seus filhos
saudaram Alanza com sorrisos prontos. ─ Bom dia senhoras, estou aqui para
meus ajustes.
O bebê de Billie deveria chegar no próximo inverno. Alanza mal podia esperar
para receber seu mais novo neto.
─ Onde estão meus filhos? ─ ela perguntou enquanto se aproximava para olhar
seu lindo vestido dourado no manequim.
Uma vez que Billie e Mariah terminaram seu café, o vestido quase
completo de Alanza foi retirado do manequim e ela o vestiu com cuidado para
evitar todos os alfinetes. O negócio de costura de Mariah estava prosperando.
Ela tinha uma infinidade de pedidos de lojas tão distantes como San Francisco e
Seattle, mas ela deixou tudo de lado para dar vida à criação que ela desenhou
para sua sogra.
─ Por falar em mãos, Max disse que pediu para você fazer algo para mim.
─Ele pediu.
Billie riu.
─ Boa tentativa.
─ Por favor?
Billie exclamou:
─ Claro que ela é ─ Mariah falou. ─ Então, enquanto eu prendo essa bainha, você
responderia a ela, por favor?
─ Olá, mamãe ─ ele disse, sorrindo pelo que parecia ser a primeira vez em
semanas.
─ Estou tão feliz por você estar aqui. Como você está?
─ Estou bem. E quanto a você? Não mudou de ideia sobre se casar com Max,
não é?
─ Claro que não. ─ Ela deslizou um braço maternal em torno de sua cintura. ─
Venha e sente-se comigo. Suas tias, tios e primos chegarão amanhã, então esta
pode ser minha única chance de desfrutar de você sem ser interrompida.
Aparentemente, a confusão em seu rosto era clara, porque ela riu levemente. ─
Sente-se. Eu explicarei em um minuto. Está com fome?
─ Faminto!
Ela veio para a frente carregando uma bandeja com copos de limonada e um
sanduíche.
─Nada. Estou feliz de ter meu filho mais novo por perto.
─ Seu filho mais novo está feliz por estar perto ─ ele repetiu levantando-se para
pegar a bandeja de suas mãos.
Enquanto ele comia, ela se sentou em silêncio e olhou para longe, minando
pensamentos não verbalizados.
─Tudo bem, mas vai ser melhor quando eu conseguir o meu navio de volta.
─ Não. Não faço ideia do nome dela, mas voltarei a Cuba assim que o
casamento acabar para caçá-la. Desculpe mamãe por não poder ficar mais
tempo.
Max perguntou.
─ Eu não sei, a mulher não disse, mas aparentemente ele se encaixava no que
eles estavam planejando.
─ Obrigado, Drew.
Depois do jantar, ele e seus irmãos saíram para apreciar os charutos que ele
trouxera e um pouco de tequila para celebrar sua volta ao lar.
─ Concordo ─ disse Noah exalando uma corrente de fumaça fina. ─ Dois anos
atrás, investi em uma operação de tabaco na Flórida. O dono é um amigo. Um
exilado cubano chamado Miguel Ventura. Os negócios estão crescendo e
estamos procurando expandir. Vocês dois gostariam de entrar?
Drew disse:
─ Assim que eu resolver este negócio do navio e conversar com ele, eu lhe darei
os detalhes.
Drew lançou:
Eles beberam suas bebidas e baixaram os copos. Logan derramou mais em cada
um deles e eles começaram a falar sobre os velhos tempos: as pegadinhas que
eles faziam, a diversão que eles tiveram, os desafios que eles constantemente
lançavam uns aos outros.
─ Então, você acha que pode me bater na luta de braço agora, maninho? ─ Ele
tinha sido o rei da queda de braço.
─ Cale a boca, Drew. Eu posso não ser melhor do que Logan, mas posso limpar
o chão com sua fantasia de advogado.
─ Realmente. ─ Noah rebateu com malícia em seus olhos, e para provar o que
dizia deu um soco no peito de Drew com força suficiente para balançá-lo em
sua cadeira.
─ Vamos.
Sorrindo, Noah se levantou para enfrentar o desafio. Imitando seu irmão, ele
jogou a tequila garganta abaixo, bateu o copo na mesa e a luta começou.
Dentro da casa, Alanza podia ouvir o tumulto do lado de fora, assim como
todos os outros. Segurando Tonio, Billie se apressou até a janela da sala de
jantar, que dava para o pátio e exclamou:
─ Se eles quebrarem as rosas que passei o verão todo cultivando, eu vou matá-
los.
─ Papai está prestes a levar uma surra. Os olhos da pequena Maria se voltaram e
ela olhou para a mãe. ─ A Vovó vai bater nele.
Tonio, por outro lado, parecia estar tendo a diversão de sua vida. Vendo a
comoção, ele riu e bateu palmas animadamente. Em resposta à sua alegria
óbvia, Billie olhou para o céu e implorou:
Tentando esconder seus sorrisos, eles estavam diante dela como haviam feito a
vida toda. Cada um tinha pelo menos um olho roxo e um lábio partido. As
costuras dos casacos tinham estourado, e o resto estava coberto de pó e terra
dos vasos de barro destruídos. O sangue escorria de suas narinas.
─ Vocês estão tentando arruinar meu casamento? ─ ela gritou. ─Vocês irão me
acompanhar pelo corredor da igreja parecendo que lutaram com ursos!
Eles abaixaram a cabeça em outro esforço para esconder seus sorrisos agora
crescentes.
Logan acrescentou:
─Desculpe, Lanza.
─Não, não desculpo! Vão se limpar. Que vocês vivam para ter filhos tão loucos
quanto vocês!
Ela se afastou, ainda resmungando em espanhol. Uma vez que ela estava fora
de vista, eles caíram no chão com gargalhadas.
─ Fico feliz que pudemos ajudar ─ disse Drew em torno do lenço que ele
segurava contra o nariz.
─ Obrigado, Logan.
─ Estava pensando nas histórias que Mama costumava contar sobre todos os
lugares lindos que ela visitou enquanto crescia. Seria bom ver pelo menos um
desses lugares antes de morrer.
Nascida em Sevilha, sua mãe Desa era filha de um alto diplomata espanhol. Ela
foi deserdada por se casar com o pai delas.
─ Eu suponho.
Pilar não usou os sonhos de sua irmã contra ela, porque quem não gostaria de
fugir da pobreza que era a realidade delas? Mas porque sabia que era apenas
um sonho, ela não ansiava por isso. Em vez disso, ansiava por mudanças em
seu mundo para que seus primos mais novos frequentassem a escola e
aprendessem a se sobressair em algo além do roubo. Sonhar que eles pudessem
obter uma boa educação era uma das muitas razões pelas quais ela apoiava o
general Maceo e os rebeldes em sua busca para obter a independência da
Espanha. No momento, apenas as crianças dos ricos podiam estudar
formalmente. As pessoas como sua família e seus vizinhos, não importa a cor,
não era oferecida a oportunidade por causa de sua posição na vida. E os tempos
estavam mudando. Com a crescente presença dos soldados em cidades como
Havana e Santiago, era mais difícil viver fora da lei. Os ricos haviam começado
a contratar homens armados para manter suas casas a salvo, tornando quase
impossível entrar na escuridão e sair novamente com objetos de valor que
poderiam ajudar a colocar comida na mesa por alguns dias. Doneta era uma
artista excepcional, e em tempos passados suas falsificações dos velhos mestres
eram vendidas a colecionadores de arte ingênuos que traziam ouro suficiente
para manter sua fazenda à tona por meses, mas as pinturas demoravam e não
podiam ser apressadas, então enquanto isso outras possibilidades tinham que
ser exploradas para encher os cofres. Com a queda dos contrabandistas do pai,
essas possibilidades estavam prestes a esgotar. Sem mencionar que o nome
Banderas agora era bem conhecido da polícia. O segredo que encobriu suas
atividades por décadas foi descoberto no mês passado quando seu primo Juan,
o filho adolescente de um de seus falecidos tios, foi preso ao tentar roubar uma
estátua premiada de um dos museus da cidade, entre todos os lugares. Tendo
exibido mais bravata do que cérebro em toda a sua vida, ele não tinha planejado
antecipadamente, até onde Pilar sabia, e como resultado tinha sido condenado a
dez anos em uma prisão fora de Havana, deixando para trás suas três irmãs e
mãe de coração partido. Agora em todos os lugares que eles iam, eles eram
observados. Como agora. Havia um policial a meio quarteirão atrás delas.
Parecia estar apenas andando pelas ruas, mas na última esquina Pilar parou e
olhou para trás. Quando ele encontrou os olhos dela ele apressadamente
desviou o olhar e atravessou a rua. Ele ainda as seguia.
─ Isso tudo é culpa de Juan ─ reclamou Pilar e sua irmã concordou. Se seu primo
não estivesse sob custódia, o levaria para a baía e o afogaria em águas
profundas pelos problemas que ele havia trazido à família. O dinheiro que
ganhariam pelos ovos seria uma ninharia em relação ao que poderiam receber
em troca das abotoaduras, mas não havia nada que pudessem fazer agora;
então levaram o homem em seus calcanhares para as galinhas e porcos; as
caixas abertas de mangas, bananas vermelhas e cocos; e os sacos de aniagem de
inhame na parte de trás do mercado, onde Mendez se sentava na mesa frágil
que usava como seu escritório. Seus seis filhos podiam ser vistos empilhando
legumes, abrindo caixas e montando guarda para garantir que as mercadorias
não fossem roubadas pelas gangues de órfãos que vagavam pelas ruas.
Mendez pegou a cesta de ovos e depois de adicioná-los aos que tinha à venda,
devolveu a cesta vazia e Pilar colocou os poucos pesos que ele lhe entregou no
bolso da saia.
─ Nós não pudemos vender as abotoaduras porque fomos seguidas pela polícia
─ disse Pilar enquanto subia os dois degraus quebrados. Como o celeiro e a
casa, a varanda era de madeira envelhecida. Faltavam várias ripas, mas restava
o suficiente para sustentar o velho sofá e algumas cadeiras para que alguém
pudesse se sentar do lado de fora e aproveitar a brisa da montanha. Ela
entregou à mãe as poucas moedas dos ovos.
─ Me desculpe mãe.
─ Isso é tudo culpa de Juan. Se tivesse sido tão esperto quanto achava que era,
não teria sido preso. Minha pobre Ria. Ela vai ter que ir a Santiago e procurar
trabalho agora que Juan não pode mais ajudar.
Pilar tinha certeza de que a ideia de ter que se empregar como doméstica ou
lavadeira provavelmente mandaria sua tia orgulhosa para a cama. Ria estava
Os rostos de Pilar e Doneta mostraram surpresa. Até onde Pilar sabia, a mãe
dela não recebia correspondência de sua família há décadas. Seus pais
castelhanos a declararam morta depois que ela fugiu no dia de seu casamento
para se tornar a esposa de Javier Banderas, e não se comunicavam com os
mortos.
─ Ele nos convidou para a rumba que vai dar no aniversário dele daqui a
algumas semanas. E ─ ela acrescentou ─ ele diz que está ansioso para renovar
seus laços comigo como sua irmã.
Doneta bufou.
─Eu sou sua única irmã. Com nossos pais falecidos, talvez ele esteja sozinho. Eu
não sei.
Doneta perguntou:
─ Você vai?
─Mama ...
─ Pilar, seu pai e seus tios deram suas vidas a Cuba, mas nada era mais
importante para eles do que a família. Duvido que Antonio Maceo vá atacar
Havana em breve.
─ Mamãe, tenho vinte e cinco anos. Nenhum homem vai me querer como
esposa. Tudo o que desejo é fazer com que Cuba se torne um lugar melhor.
─ Quem pode dizer que um marido não vai querer isso também?
─ É verdade, mas você é muito mais. Seu coração, sua inteligência, compaixão e
dedicação são tão você quanto seu fervor por Cuba. Um homem vai valorizar
isso.
─ Não, mamãe.
─ Pilar, eu nunca coloquei um freio em você. Quando você tinha sete anos e
queria montar o seu cavalo nas montanhas sozinha, deixei você ir, embora meu
Javier e eu discutíssemos sobre isso dias depois. Quando ele morreu, meu
coração estava quebrado e a última coisa que eu queria era que você fosse lutar
com os Mambis também, mas novamente eu deixei você ir e orei por seu
retorno seguro todos os dias. Eu quero você contrabandeando armas? Não. Eu
me preocupo a cada momento que você está longe? ─ Ela colocou a mão com
ternura contra a bochecha de Pilar. ─ De novo, sim.
Pilar sabia que a mente de sua mãe estava fechada e não discutiu mais, então,
depois de suspirar suavemente na derrota, ela se inclinou e deu um beijo na
bochecha dourada de sua mãe.
─ Sim, mamãe.
─ Bom.
─ Está bem. Quando voltar, vamos fazer os nossos planos para partir em poucos
dias.
A corrida desta noite seria sua viagem inaugural e Pilar mal podia esperar para
sentir as ondas rolando sob o casco. Doneta levou-a com Tomas às docas.
─ Você deveria esperar uma hora ou duas antes de sair. A Marinha mudou sua
programação. Você não quer encontrá-los na primeira noite com ela.
Pilar não gostou de atrasar a partida, mas sabia que ele estava certo, então duas
horas antes da meia-noite eles partiram.
O vento aumentou. Uma tempestade estava a caminho, mas com alguma sorte
ela seria capaz de conduzir seus negócios e voltar para casa antes que o tempo
inclemente se instalasse.
─ Espero que sim ─ foi tudo o que ela disse. Vozes eram levadas sobre a água,
então quanto menos eles conversassem, melhor.
Uma luz brilhou na escuridão acima da praia. Seu sinal. A visão a encheu de
alívio. Tendo arriscado a vida, ela não queria voltar para casa de mãos vazias.
─ Dez.
O número era pequeno, mas eram mais dez armas do que os rebeldes tinham
atualmente.
Pilar concordou e contou o precioso ouro dado a ela para pagar Calvo. Quando
ele embolsou e desapareceu na escuridão, ela e os seus homens carregaram o
saco de armas e pó e remaram de volta para o Sirena.
─ Tomas!
Seu grito fundiu-se com uma explosão quando uma bala de canhão encontrou
sua marca e a concussão a lançou no alto, no ar. Ela caiu na água no momento
em que uma segunda explosão sacudiu o Sirena, enviando fragmentos de
madeira queimando e metal girando como se tivesse nascido da tempestade.
Atordoada e desorientada, ela mergulhou instintivamente abaixo da superfície
da água escura. Grata por estar vestindo a calça de algodão simples e blusa
usada pelas pessoas de sua ilha e não uma saia com uma abundância de
enchimentos por baixo, ela nadou por sua vida e esperou que sua equipe
estivesse fazendo o mesmo.
─ Pilar! Pilar!
Pilar podia ouvir sua irmã Doneta chamando com uma voz que parecia
distante. Lutando para sair de um nevoeiro, Pilar lentamente abriu os olhos.
─ Oh, graças aos santos! Você está viva ─ Doneta chorou. ─ Eu pensei que você
estava morta!
Pilar ficou de pé. Ignorando a pergunta e a dor ela correu para a beira do mar
para examinar a água cinzenta, ainda agitada e irritada com a tempestade da
noite anterior, em busca de sinais de seus companheiros. Ela olhou para cima e
para baixo da praia, mas podia muito bem ter sido a única pessoa no mundo.
─Precisamos chegar em casa antes de sermos vistas. Venha. ─ Mas Pilar não
queria ir. Se ela ficasse mais tempo, talvez um ou todos aparecessem. E se eles
viessem para terra feridos e precisassem de ajuda? A preocupação a acertou,
mas ela sabia que Doneta estava certa. Se os espanhóis estivessem patrulhando
por perto, ela precisava sair da praia.
Enquanto Doneta dirigia a carroça puxada por sua velha mula, Salazar, Pilar foi
escondida no fundo falso. Ela estava exausta, mas o cansaço foi superado pela
preocupação com a tripulação. Tomas cuidava de sua mãe idosa e, embora ela
não soubesse nada sobre a vida dos outros, era mais do que provável que eles
também tivessem famílias que dependiam deles. Todos ligados à rebelião
conheciam os perigos inerentes à luta, mas ninguém queria que as
consequências voltassem para casa e prejudicassem os seus. Tendo
pessoalmente lamentado a perda do pai e dos tios, Pilar sabia que essa tristeza
não podia ser medida. Ela rezou para que os homens chegassem em casa em
segurança.
─ Pare!
Quando a carroça parou, Pilar ficou em alerta. Ela colocou a mão no punho do
facão ao seu lado.
Dirigir-se a ele por classificação era a maneira sutil de sua irmã de informar
Pilar que ele era um soldado.
─ O que eu fiz?
Pilar não tinha como saber quantos homens havia, mas isso não importava. Ela
e a irmã estavam sozinhas e exceto o facão solitário, desarmadas. Se os soldados
tivessem a intenção de causar dano, seriam facilmente dominadas.
─ Não há nada lá atrás, apenas sacos de refeição e varas de pescar. Eu fui pescar
esta manhã, mas não peguei nada.
Alguns segundos depois, Pilar ouviu passos e sons dos itens no banco acima
dela sendo movidos. Ela rezou para que eles não olhassem mais.
Doneta exigiu.
─ As famílias dos rebeldes não são compensadas, mas você pode sempre fazer
uma petição ao governador ─ o espanhol riu sarcasticamente.
Pilar sentiu a carroça mudar quando a irmã subiu de volta ao assento. Alguns
segundos depois, elas estavam se movendo de novo. Pilar ficou satisfeita
porque os soldados mencionaram não ter encontrado nenhum de seus
tripulantes. Ela esperava que isso significasse que os homens estavam seguros,
mas isso não diminuía suas preocupações.
Ele se virou para encontrar Drew ao seu lado. Estavam ao ar livre no pátio
lotado, esperando que o bolo de aniversário de sua mãe fosse trazido para fora
enquanto o riso de seus amigos e parentes que bebiam vinho fluía ao redor
deles.
─ E a mulher?
─ E a mulher.
─ Eu sei, mas isso não significa que eu não posso pensar nisso.
─ Sim.
─ Então, tente se divertir enquanto estiver aqui. Você precisa ter alguma
diversão em sua vida.
─ É tão óbvio?
─ Extremamente.
─ Falar sobre o que aconteceu com você naquela época pode ajudar, Noah.
Noah observou uma das velhas tias tentando ensinar Tonio a dançar.
Um sorriso triste curvou seus lábios e ele encontrou os olhos sérios de seu
irmão.
─ Se eu falar sobre isso, seu coração vai quebrar também e o meu está quebrado
o suficiente por nós dois. ─ Dito isso ele ficou em silêncio enquanto o bolo foi
trazido e todos aplaudiram.
─ Você está linda, mamãe ─ Mariah exclamou quando Alanza fez uma volta
lenta para mostrar seu novo vestido dourado. Suas noras seriam suas
madrinhas e também se vestiam elegantemente.
─ Eu estou as duas coisas. Eu quero me beliscar só para ter certeza de que não
estou sonhando.
─ Sim─ disse Mariah com segurança. ─ Seus primos estão com ele lá embaixo.
Você está pronta para ir?
─ Sim.
Billie disse:
─ Vou alertar a todos que você está vindo e espantá-los para fora. Eu vou
acompanhar você e Noah quando você descer.
─ Obrigada, Billie.
─ Foi um prazer, e obrigada por ser a melhor sogra que uma garota poderia
desejar.
Elas compartilharam um forte abraço tão cheio de significado, que Mariah teve
que usar as pontas dos dedos para estancar as lágrimas que ameaçaram
derramar de seus olhos dourados.
Alanza olhou os olhos sérios de Max e sabia que ela estava tomando
a decisão certa. Quando adolescente, ela se acreditava apaixonada por Abraão,
mas não tinha sido amor. O aperto no coração causado pelo homem incrível ao
lado dela era a coisa real; assim quando o padre começou a cerimônia e pediu
que ela repetisse os votos, ela o fez com uma voz firme e forte. E quando ele os
pronunciou marido e mulher e eles selaram a cerimônia com um beijo, ela não
ouviu o aplauso estrondoso ou os gritos estridentes de seus filhos; tudo o que
importava era Max, ela e Max sozinhos até que a morte os separasse.
─ Ir aonde.
─ Comigo?
─ Não se preocupe com eles, ainda há muito para comerem e beberem, eles vão
ficar bem. E eu já falei para os meninos que estamos indo embora.
─ Estou pronta.
─ Um pouco.
Quando ele a pegou em seus braços, ela soltou uma risada que foi
interrompida pelo beijo longo e intenso que ele deu em seus lábios antes de
continuar o caminho para a cabana. Ele chutou a porta e uma vez que estavam
dentro, levou-a através do escuro para um quarto na parte de trás e a colocou
de pé.
─ Comecei a trabalhar no ano passado. Imaginei que minha nova esposa não iria
querer dormir em um saco de dormir no chão.
─ Sim.
─ Sim, como eu disse, não iríamos ter a nossa noite de núpcias na cama que você
herdou da sua mãe.
A nova cama estava coberta com lençóis e travesseiros que ele não poderia ter
escolhido sozinho.
Isso a fez rir de novo e ela se encaixou contra ele e descansou sua
bochecha contra seu peito forte. Seus braços se apertaram ao redor dela e ela
saboreou a paz que encontrou em seu abraço.
─ Vamos fazer uma fogueira e sair dessas roupas de casamento ─ disse ele acima
dela. ─ Esta gravata está me estrangulando.
Ela recuou para que ele pudesse se livrar da gravata formal, mas ela não tinha
certeza do que deveria fazer em seguida.
Ele voltou carregando um pequeno baú e uma cesta coberta. Ele os colocou no
chão perto da lareira e silenciosamente acendeu as toras empilhadas no interior.
Ele olhou para ela.
─Tequila.
Ela encontrou uma garrafa de sua tequila favorita junto com dois copos e
agradeceu por ter criado filhos tão maravilhosos. Quando ela se virou para se
juntar a Max perto do fogo, ele já estava sentado.
Ela baixou a cabeça e depois levantou-a para mostrar seu sorriso. Tequila e
copos na mão ela se aproximou e se acomodou no colo dele, servindo uma
pequena porção para ambos. Ele pegou a garrafa dela e colocou no chão. De
copo na mão ele levantou e disse:
─Às lontras.
─Às lontras.
─ Sem garotos lutando, sem convidados, sem bebês saindo do cercado. Eu posso
nunca levar você de volta.
─ A qualquer momento.
Eles terminaram suas bebidas e ele colocou os copos no chão ao lado da garrafa.
No silêncio, apenas o fogo crepitante podia ser ouvido. Ele gentilmente
levantou o queixo e a presenteou com uma série lenta de beijos que levaram seu
coração a bater mais forte.
Beijos foram distribuídos sobre sua pele nua acima do decote de seu
vestido e em resposta sua cabeça caiu para trás, oferecendo sua garganta aos
lábios enquanto sua mão lentamente começou a explorar. Durante o namoro
deles, ele nunca fez mais do que beijá-la e ela se contentou com isso, mas as
sensações de sua mão se movendo sobre ela garantiram que ela nunca se
contentaria com isso novamente. Ela agora entendia a paixão que Billie tentara
explicar. Era de fato arrebatadora e maravilhosa e quando ele deslizou seu
vestido para o lado, expôs seu seio e levou-o à boca, ela entendeu por que as
garotas se recusaram a deixá-la usar um corpete sob seu vestido. Ela sussurrou
em resposta à escandalosa sucção e todo o pensamento fugiu quando um calor
profundo floresceu por toda parte - especialmente entre suas coxas. E enquanto
sua boca em seu peito continuava a enlouquecê-la lentamente, seu toque se
moveu para lá, primeiro fora de seu vestido e logo abaixo. Seu vestido foi
erguido até os joelhos e sua palma possessiva subiu o comprimento de sua meia
de seda, passando por sua liga de renda com babados e ela instintivamente se
abriu para deixá-lo tocá-la ali também. A recompensa era tão impressionante, a
sensação dele provocando seu núcleo tão esmagadoramente poderosa, que
quando ele deslizou um dedo para dentro, suas pernas se separaram e ela
gritou quando seu primeiro orgasmo explodiu com a força de uma banana de
dinamite.
Ela conseguiu reunir corpo e mente o suficiente para dar um soco no braço dele,
mas a glória do orgasmo continuou a ecoar.
Durante o resto da noite, Alanza teve mais amor do que ela poderia
imaginar. Ela achou que conhecia as partes do acasalamento, mas descobriu que
não sabia que, com o homem certo, seu corpo teria fome pela união que levaria
a um ritmo ascendente e orgasmos viriam de novo e de novo.
─ O que é isso?
Ele assentiu.
Abriu-o para encontrar três camisolas muito finas, todas de modelo variado. Ela
sorriu.
Explodindo de tanto rir ela caiu de costas na cama e olhou nos olhos do homem
que amava, mal podia esperar para ver o que o resto da vida deles traria.
─ Eu te amo, Max.
─ Infelizmente, Sr. Yates, não tenho nada de novo para transmitir. Não houve
avistamentos ou relatos de seu navio atracando em qualquer um dos nossos
portos. Uma de nossas embarcações afundou um navio de tamanho similar
enquanto você estava fora - um navio rebelde, acreditamos, mas não havia
muito para identificar.
─ Não, Sr. Yates. Se ele oferecer alguma coisa relacionada ao seu navio, nós o
informaremos.
Frustrado, mas grato pelo tempo do almirante, ele tinha mais uma pergunta.
─ Quem eu poderia interrogar para talvez obter informações sobre essa mulher?
Noah preferiria ter acesso ao homem que a polícia detinha, mas com
essa opção indisponível, esperava que o nome dado pelo almirante fosse útil.
Primeiro, ele precisava falar com alguém que possivelmente conhecia Gordonez
para determinar a melhor maneira de se aproximar dele. Ele duvidava que
pudesse simplesmente aparecer na porta do homem e pedir uma reunião, então
pediu a seu cocheiro que o levasse até a casa de Bernita Mendoza. Seu pai Paulo
era um diplomata de baixo escalão. Não havia garantia de que Mendoza o
conhecesse, mas Noah tinha que perseguir todas as possibilidades para que sua
busca pela mulher pirata fosse um sucesso.
─ Essa gangue sequestrou você fora da minha casa? Meu Deus, para onde este
mundo está indo? Foi onde você conseguiu esse olho?
─ Apenas meu ego. Estou tentando encontrar a mulher que liderou a turma e
pegar meu barco de volta.
─ Sim, e o Almirante Rojas nos escritórios da marinha tem sido muito atencioso,
mas não houve nenhum movimento no caso.
─ Disseram-me que ele conhece o lado ilícito de Havana. Eu espero que ele
possa ser útil para identificar esta mulher, mas eu preciso de alguém para
agendar uma reunião entre nós.
─ Não. Ele tem uma imagem a ser mantida, por isso suas relações com nós da
sociedade de Havana são mantidas tão imaculadas quanto possível. Ele finge
ser um cordeiro e nós fingimos que concordamos.
─ Entendo.
─ Deixe-me enviar uma nota para sua casa para ver se e quando ele pode estar
disponível.
─ Ela está bem. Eu tinha grandes esperanças de que vocês dois se divertissem.
─ Ela é uma garota legal, mas eu não seria um bom marido para ela ou para
qualquer outra pessoa. Sou casado com o mar.
─ Nem precisa. Espero que ele possa te dar a informação que você procura.
─ Boa sorte.
─ Senhor Gordonez?
─ Sim.
─ Você é americano.
─ Sim.
─ Aprecie sua alimentação. Sou espanhol do lado da minha mãe. Eu fui criado
bem o suficiente para não interromper a refeição de uma pessoa. Eu posso
voltar em outro momento, se você preferir.
─ Apenas testando você para ver se tem preconceito contra a comida daqui,
porque muitos de vocês americanos tem. Por favor, sente-se.
Noah obedeceu.
─ Pegue para o Sr. Yates um pouco de vinho. Certamente você não vai recusar.
─ Ah. Ele esfregou aquela linda filha debaixo do seu nariz como um fragrante
pedaço de carne?
─ Estou precisando de informações. Foi-me dito que você poderia ser de ajuda.
Estou procurando por uma mulher.
Noah percebeu que sem dúvida ele era, mas manteve a especulação não dita. ─
Esta é uma mulher que usa uma capa preta e comanda uma gangue que foi
responsável pelo roubo do meu navio.
─ Por que vir até mim? ─ ele perguntou, levando a comida à boca.
─ Eu ouvi que você pode ter acesso ao conhecimento que a polícia não tem.
─ Por quem?
─ Respeitoso e discreto. Você foi bem criado. Por que você acha que eu ajudaria
você a encontrar essa mulher misteriosa?
─ Porque eu estou disposto a pagar qualquer preço que você cite para ter o
nome dela.
Gordonez parou de comer, sentou-se e pegou seu vinho. Quando ele tomou
alguns goles, avaliou Noah silenciosamente acima do copo antes de abaixá-lo
novamente.
─ Você despertou meu interesse, Sr. Yates, então me fale sobre essa mulher e sua
gangue.
Quando Noah terminou, Gordonez mais uma vez encarou-o firmemente. Noah
sentiu que estava tentando determinar quanto pedir.
─ E o seu preço?
─ Mil. Americano.
─ Você não piscou, Sr. Yates. Talvez eu devesse ter pedido mais.
─ Eu tenho. Eu conheço a família dela há muitos anos. Quais são seus planos
para ela?
Dois dias depois, Noah atendeu uma batida na porta do seu quarto de hotel.
Quando ele abriu, um homem entregou-lhe um pedaço de papel dobrado.
─ Do Senor Gordonez.
Noah deu uma gorjeta ao mensageiro e fechou a porta. Quando ele desdobrou a
nota ele leu: Pilar Banderas. Santiago.
Assim que deixou o barco, ele começou a perguntar por ela, mas não conseguiu
encontrar ninguém que admitisse conhecer a família. Um homem em um dos
pequenos estaleiros que deu seu nome como Calvo, olhou Noah de cima abaixo
em resposta ao seu pedido de informação.
Naquela noite, enquanto estava na varanda olhando para o sol que descia como
uma bola de fogo na baía, ele se perguntou onde e quando essa busca
terminaria. Santiago era a segunda maior cidade da ilha e ela poderia estar em
qualquer lugar - na cidade - nas montanhas. Não tinha como saber se Gordonez
lhe dera o nome verdadeiro ou se simplesmente fora roubado. Uma batida na
porta interrompeu seu devaneio. Ele abriu para encontrar um homem que ele
havia questionado mais cedo no cais.
─ Sim.
─ Estou.
Ele assentiu.
─ Ela mora em uma fazenda fora da cidade. Ninguém disse nada nas docas
porque ela está ligada aos rebeldes, assim como todo mundo aqui.
A quantia que ele citou era uma ninharia no esquema das coisas, mas para um
homem tão pobre quanto ele sem dúvida era grande.
Noah concordou.
─ Cimarrons viveu aqui nos velhos tempos ─ o homem informou por meio de
conversa. Noah sabia que a palavra se referia aos escravos fugitivos. ─ Eles e
seus descendentes estão nestas montanhas há centenas de anos. Esta é a área
onde o general Maceo recrutou muitos dos mambis.
Eles andaram por mais algum tempo e o homem, que nunca falou
seu nome, conduziu o velho cavalo para uma propriedade afastada da estrada.
A casa envelhecida estava seriamente arruinada, assim como o celeiro que a
acompanhava. Estava assustadoramente silenciosa.
─ Eu cresci aqui.
─ O que você está fazendo aqui, Pilar? Você deveria estar lá embaixo com o
mestre de dança.
─Não, você não sabe. Quando a dança começar na festa, não serão aquelas
danças country indecentes que você está acostumada a dançar em casa. Isso vai
ser diferente e você precisa aprender.
─ Ela está com meu marido. Eles estão olhando a propriedade. Ela está
pensando em se estabelecer aqui permanentemente.
Pilar congelou.
─ Agora, desça.
─ Faremos uma nova casa, Pilar. Nós lutamos e terminamos sem nada por tanto
tempo. Meu irmão me avisou que meus pais me deixaram uma quantia
considerável de dinheiro - por culpa ou amor não estamos certos, mas é mais
do que suficiente para vivermos confortavelmente enquanto permanecermos
dentro dos nossos meios.
─ Então, por que não podemos levar esse dinheiro de volta a Cuba?
─ E se eu escolher voltar?
─ Você tem idade suficiente para fazer o seu próprio caminho, Pilar. Eu não vou
ficar no seu caminho.
Pilar tentou imaginar a vida sem a mãe e a irmã porque sabia, sem perguntar,
que Doneta se contentaria em ficar. Ela olhou entre as duas mulheres que
seguravam seu coração.
Deitada na cama no escuro, Pilar sabia que sua irmã estava acordada.
─ Eu sim. Estou cansada de ter que trabalhar tanto por tão pouca recompensa.
Talvez quando o país mudar, as coisas para pessoas como nós serão melhores,
mas agora. . . Eu sei que você provavelmente acha que eu sou volúvel por ficar
impressionada com a maneira como nosso tio mora, para ter a barriga cheia a
cada noite antes de dormir, para não ter que levantar todas as manhãs e usar as
mesmas roupas. Você percebe que nunca tivemos nada novo desde que papai
morreu? Mamãe tem feito o melhor que pode para nos ajudar e nós duas
trabalhamos duro para ajudá-la, mas pela primeira vez, eu gostaria de pintar
algo que eu possa manter ou passar uma parte do dia lendo em vez de inventar
outra maneira de enganar alguém só para podermos comer.
─ E como eu disse no outro dia, talvez eu possa encontrar alguém que me ame.
Eu sei que você não se importa com essas coisas Pilar, mas eu me importo.
Ela estava certa, Pilar não se importava com o amor, mas não invejava a irmã
por isso.
Doneta disse:
─ Eu gostaria que você considerasse ficar também. O que eu faria sem você? Em
quem eu confiaria ou rolaria meus olhos?
Pilar sorriu.
─ Maridos não reviram os olhos - ou pelo menos eu não penso assim. O ponto é:
Nós estamos respirando uma pela outra desde o dia em que nasci. Eu não quero
uma vida que não inclua você.
─ Você está tentando me fazer sentir culpada por não ficar, Doneta?
Elas se abraçaram.
Anya disse:
Mari rachou:
─ Então ela vai nos desfilar como novilhas de prêmio esperando que alguém
faça uma oferta.
Desa entrou atrás dela e Pilar quase não a reconheceu, ela era tão
bonita. Pilar considerou que Doneta era a mais bonita das irmãs Bandera, mas
até ela empalidecia em comparação com a mãe em seu impressionante vestido
esmeralda. Seu cabelo estava levantado e seu rosto exibia apenas a mais leve
aplicação de tinta. Simona, com um vestido excessivamente apertado, com
muitas camadas para sua figura ampla, não conseguia fazer frente à sua
cunhada.
E Pilar concordou.
─ Mas vocês duas ─ declarou ela a Pilar e Doneta ─ puxem os decotes para que
vocês não sejam confundidas com as prostitutas.
─ Apenas lembrem-se: Mari e Anya são as que buscam maridos, não vocês duas.
─ Eu sinto muito.
Desa adicionou.
Rindo, elas saíram da sala e Desa disse baixinho para Pilar e Doneta:
─ Lembrem-se, viemos de Santo Domingo. Não temos ideia de quem pode estar
presente.
Elas assentiram.
Lá fora, havia algumas pessoas conversando longe do barulho e calor então ela
levou sua irmã para um lugar que estava desocupado.
Pilar assentiu.
Doneta voltou os olhos para a reunião como se precisasse vê-lo antes de fixar
sua atenção em Pilar mais uma vez.
─ Eu estava.
─ Então ele não pode colocar dois e dois juntos e chegar até você. Pode?
─ Você está certa. Ele não pode. Obrigada por me ajudar a pensar sobre isso.
─ Se ele se aproximar tudo que você precisa fazer é agir como se nunca tivessem
se encontrado antes. Simples.
Para Pilar parecia muito simples, mas havia algo incômodo dentro dela que a
deixava ainda cautelosa. Ela estava bem disfarçada naquela noite, ela lembrou a
si mesma.
Doneta perguntou:
─ Melhor?
─ Muito.
Pilar riu:
─ Bom, porque estou tendo um momento maravilhoso e alguns deles são muito
bonitos.
─ Você fica vigilante. Yates não pode reconhecê-la, mas venha e aponte-o para
que possamos ficar de olho nele.
Elas voltaram para dentro e lá estava ele ainda envolvido com seu tio.
─ É aquele.
Doneta disse:
─ Oh, meu Deus. Ele é muito bonito. A cicatriz faz com que ele pareça
deliciosamente perverso e perigoso.
─ O quê?
─ Parece com alguns dos homens dos romances românticos que mamãe e eu
lemos.
─ Você volta para suas abelhas, e eu vou tentar ficar fora de sua vista.
─ Noah Yates. Quero que você conheça minha irmã, Desa Banderas.
Miguel acrescentou:
─ Não.
Miguel respondeu:
─ Não, ela está aqui com suas filhas adoráveis, Doneta e Pilar.
Noah manteve suas feições neutras. É claro que havia sem dúvida mais de uma
Pilar Banderas no mundo, e quais eram as chances de que a filha fosse a que ele
estava procurando, mas algo dentro dizia que ela era. Finalmente! A mãe o
observou de perto. Ele voltou-se suavemente para Ventura.
─ Se elas forem tão adoráveis quanto sua mãe, eu ficaria honrado em conhecê-
las assim que possível.
Seus olhos se estreitaram ligeiramente. Ele sentiu que ela estava incerta sobre se
ele era uma ameaça ou não e ele planejava manter essa incerteza intacta no
momento. Ele se curvou para ela com toda a graça que aprendeu de sua própria
mãe.
─ Obrigada.
─ Ah, Pilar. Aí está você. ─ Ele pegou a mão dela. ─ Há um cavalheiro que eu
quero que você conheça.
─ Noah. Alguém aqui que eu quero que você conheça. Esta é minha sobrinha
Pilar, a filha mais velha de Desa.
─ Eu estou. Espero que você também esteja. ─ Ela notou que ele ainda segurava
a mão dela e que parecia haver um humor abafado em seu olhar forte.
─ Oh, sim ─ ele respondeu. ─ Como não conheço mais ninguém além de seu tio,
posso implorar a você para ficar e falar um pouco. Eu ouvi que você é de Santo
─ Ah, minha esposa está me acenando. Vocês dois conversem enquanto eu vou
ver o que ela quer.
Pilar queria implorar que ele ficasse, mas lembrou-se das palavras de Doneta.
Yates não sabia como ela era, então ela relaxou.
─ Califórnia.
─ Como é lá?
─ Ah!
─ Claro. Dizem que todo mundo tem um gêmeo em algum lugar. Talvez você
tenha conhecido uma mulher que lembre a mim.
Pilar queria gritar: ─ Não! Mas sempre fora conhecida por sua bravura, lembrou-
se disso e encarou seus olhos destemidos.
E assim, ela se viu entre os dançarinos com uma mão presa na dele, enquanto a
outra mão queimava sua cintura através do tecido de seu novo vestido verde
menta. Enquanto eles se moviam no ritmo da música, o calor de seu corpo
flutuava sobre ela de um jeito que era vertiginoso. Ele era gracioso e bem
treinado. Ela por outro lado tinha que se concentrar em seus passos porque
apesar de sua fachada corajosa ela estava tremendo por dentro.
─Obrigada.
Olhar para ele era como olhar para o rosto de um tigre e diverti-lo. Era quase
como se ele soubesse. . . Sobressaltada seus olhos dispararam para ele.
Como se tivesse lido seus pensamentos, ele a virou com a música e disse:
E Pilar fez a única coisa que pôde pensar em fazer. Ela correu!
Para sua surpresa ele pegou o outro florete. Enquanto testava seu peso e forma,
ele falou:
─ Uma das coisas em que minha mãe espanhola insistiu foi para que meus
irmãos e eu aprendêssemos a arte da esgrima. Não porque ela esperasse que
Nessa altura seu tio, mãe, irmã, e um grande grupo de convidados estavam
alinhados atrás dele.
─ Eu não posso.
─ Miguel, a menos que você queira que sua sobrinha seja entregue às
autoridades, sugiro que você nos deixe lidar com isso. A pirataria é contra a lei,
não é, Pilar?
Miguel resmungou:
─ Pirataria?
Com o canto do olho, Pilar viu a irmã e a mãe. Ambas pareciam horrorizadas.
Sua mãe gritou:
─ Sr. Yates!
Ele se virou, e Pilar atacou com tanta rapidez que sua lâmina cortou o queixo e
teria causado mais danos se ele não trouxesse instantaneamente sua própria
lâmina para bloquear sua próxima tentativa.
Ele tocou os dedos no ferimento e a visão do sangue manchando seus dedos fez
com que ele olhasse para ela com uma mistura de admiração e surpresa.
─Você é maior e mais forte. Eu preciso de todas as vantagens que puder obter.
─ Você pode ter sido treinado por professores espanhóis, mas eu fui treinada
por um pirata. ─ E ela atacou novamente, colocando todo o seu peso em suas
defesas, mas como ela havia notado, ele era maior e mais forte e não teve
problemas para segurá-la.
─ Sendo o cavalheiro que eu sou, eu não cortei o seu lado da lâmina. Você cede?
─ Não. ─ E para levar a questão ao fim ela cortou a outra alça não se importando
com sua aparência escandalosa. ─Eu vou te poupar o problema. ─ Ela continuou
a circular.
─ Ah, minha pequena pirata. Você é uma mulher segurando meu coração.
─ Eu acho que não. Você e eu temos coisas para discutir, então vamos acabar
com isso.
Ele atacou. Pilar fez o melhor que pôde para se manter firme, mas sua
habilidade e poder superaram os dela. Ela o segurou pelo tempo que pôde, mas
finalmente seu braço doeu com seus esforços para impedir seus implacáveis
─ Você lutou bem ─ disse ele. ─ Mantenha sua cabeça erguida. Você não tem
nada de que se envergonhar.
Ele a deixou por um momento para pegar sua jaqueta e colocar sobre os ombros
dela. Segurando o olhar, ele disse:
─ Miguel, mande seus convidados para casa. Eu preciso falar com você e sua
irmã.
Noah seria o primeiro a admitir que não tinha ideia do que estava
fazendo. O que ele sabia era que a luta dela o deixara mais vivo do que em
anos. Seu espírito e absoluto destemor abriram uma janela nos recessos negros
de sua alma para deixar entrar uma luz tão intoxicante e libertadora, que ele
ansiava mais, e por causa disso ela se tornaria a mulher que ele queria em sua
vida.
─ Você pode me pôr no chão agora, ─ ela disse friamente quando chegaram ao
escritório silencioso. Em vez disso, ele levou um momento para se deliciar com
as feições dela, os olhos ainda úmidos, a mandíbula tensa e marrom, o queixo
orgulhosamente erguido. Na noite em que eles se conheceram, ele não tinha
ideia de que o manto encapuzado escondia um rosto tão bonito. Seu cabelo
escuro e encaracolado, sua textura parecida com o dele, era curto como o de um
jovem, o que a diferenciava da maioria das mulheres da moda da época, mas o
estilo parecia se adequar perfeitamente à sua natureza não convencional. Ela o
encarou como um prêmio raivoso de guerra, uma verdadeira rainha guerreira –
vencida, mas não conquistada.
Sua mãe entrou com a jovem de vestido rosa que ele havia notado antes. Com
base na forte semelhança com Desa e Pilar, ela tinha que ser a outra filha.
Ambas as mulheres lhe lançaram olhares impacientes e foram para o lado dela.
Ele inclinou a cabeça e deu ao tio uma versão verdadeira, mas abreviada, do
rapto e do roubo do Alanza. Quando ele concluiu, Miguel parecia estar sem
palavras. Sua esposa não estava.
─ Eu sabia que não devíamos tê-las recebido! Soldados poderiam bater à nossa
porta a qualquer momento. Não vou perder tudo o que temos por causa da sua
irmã e do lixo dela!
Miguel exclamou:
─ Aceito. ─ Ela então avisou Simona ─ Não faça minhas garotas sentirem-se mal
novamente.
─ Miguel!
Ele gritou:
─ Sim. Deixe-nos!
─ Não. Você prefere que ela seja entregue às autoridades? ─ perguntou ele
vendo o rosto chocado de Pilar.
─ Claro que não ─ gaguejou ele. ─ Mas, Noah, você nem a conhece.
─ Como eu disse, acredito que sim. ─ Ele olhou para Pilar. Ela estava olhando
para ele como se de repente ele tivesse duas cabeças. ─Não é o que você estava
esperando? ─ ele perguntou a ela.
E ele saiu.
No silêncio que se seguiu à sua partida, Pilar ainda estava tão aturdida que a
fala se recusou a vir. Ela olhou para a mãe que parecia igualmente superada.
─ Eu entendo isso, Pilar, mas você quer ser presa? ─ela perguntou.
Seu tio refletiu em voz alta: ─ Talvez se oferecermos o barco de volta para ele...
─ Foi afundado pela marinha espanhola. E Miguel, por mais que eu odeie
concordar com Simona, há uma chance de que o governo possa procurá-la. ─
Ela contou a ele sobre o confronto de Pilar com a marinha.
─ Dios! Isso fica melhor e melhor. Desa, que tipo de criança você criou?
Pilar não se importava com a descrição da mãe, mas não tinha intenção de
passar os anos restantes como esposa de Noah Yates. Ela nunca fora cortejada
por um homem em sua vida.
─ Eu acho que um homem desse nível teria à sua escolha qualquer mulher que
ele quisesse.
Doneta disse:
─ Sim. ─ Mas era mentira. Ela não tinha certeza de nada. De fato, ter que abordar
essa loucura com Yates a enchia de pavor.
─ Você cometeu um grande erro, Pilar. Esse navio era o seu sustento e o meu
sustento está ligado ao dele também. Ele poderia facilmente ter ido direto para
as autoridades americanas; em vez disso, ele ofereceu algo que você poderia
querer considerar.
Corretamente castigada, Pilar sabia que ele estava dizendo a verdade, mas não
era o que ela queria ouvir. ─ Sim, Tio. ─ Ela sentiu como se o mundo tivesse
subitamente girado em seu eixo e agora mais do que nunca desejava ter ouvido
Tomas e escolhido outro alvo. Casamento? Com ele? Ela tinha que encontrar
uma maneira de convencê-lo a sair sem ser presa.
Enquanto ela andava pela casa, uma parte dela esperava que ele
tivesse mudado de ideia e ido embora, mas ela sabia que era apenas um
pensamento positivo. Caminhando para fora na escuridão iluminada pelas
tochas, ela ouviu ao longe o leve zumbido dos convidados partindo. As
fofoqueiras teriam um dia cheio. Ela realmente sentia muito por transformar o
aniversário de seu tio em um desastre, mas não havia remédio para isso agora.
A luta ia ser assunto para as pessoas sussurrarem entre si durante meses, senão
anos.
Escândalo à parte, era uma noite idílica. A lua estava alta, lançando
luz ao longo do caminho de pedra que ela seguia e o ar estava adocicado com o
aroma de flores desabrochando. Pena que seus nervos não fossem tão pacíficos
ou serenos.
Ela entregou-lhe o casaco e enquanto ele a ajudava com a cadeira ela engoliu
seu nervosismo. Por alguns instantes, ela o estudou em silêncio e tentou decidir
o rumo certo a seguir.
─ Pelo que meu tio me disse, você é rico o suficiente para ter qualquer mulher
no mundo, então por que eu?
Isso fez seu coração bater forte. Nenhum homem dissera algo tão forte para ela
antes.
─ Não, mas espero conhecê-la com o tempo e que você venha a me conhecer
também.
─ Eu não entendo.
─ Nem eu, mas gostaria de tentar. Você prefere ser minha amante?
Ela pensou ter visto um leve sorriso quando a luz tocou seu rosto cheio de
cicatrizes e desejou que fosse dia para poder vê-lo melhor.
─ Por uma questão de argumento, suponha que nos casemos. Como meu
marido você pode fazer o que quiser comigo. Você está fazendo isso para se
vingar de mim por roubar seu navio?
─ Não, Pilar. Posso parecer um bárbaro por fora, mas sou um cavalheiro por
dentro. Como minha esposa, você terá todas as vantagens que uma mulher do
meu status tem: uma bela casa, criados, se você preferir, dinheiro próprio. Seja o
que for que seu coração desejar, dentro da razão, moverei o céu e a terra para
pôr aos seus pés.
Seu coração parou e ela olhou mais uma vez sem fala. Finalmente conseguiu
dizer:
─ Não.
Esta foi a situação mais enervante que ela já enfrentou. Apesar de seu tom e
modos calmos, ela o achava tão avassalador que queria agarrar as saias e fugir
de novo.
─ Não.
─ Se você está preocupada em ficar tão longe da sua família, minha mãe será tão
ferozmente protetora quanto a sua. Você terá duas cunhadas que a ajudarão e
se algo desagradável acontecer comigo, meus irmãos cuidarão de você como se
fosse o próprio sangue deles.
─ Nem sempre. Minha mãe deixou seu noivo no altar para fugir com meu pai.
Ela esperava desanimá-lo com esse exemplo; em vez disso, ele respondeu com
um elogio de voz baixa que mais uma vez fez seus sentidos girarem.
─ Pilar?
─ Sim.
─ Tráfico.
─ Para os rebeldes?
Ela assentiu e esperou que sua resposta o assustasse. Como ela dissera à mãe,
nenhum homem queria uma esposa que contrabandeasse armas.
─ Possivelmente.
─ Minhas condolências.
─ Obrigada.
A morte de seu pai partira seu coração. Ela o amava tanto. Ele assumiu a causa
de seus irmãos necessitados e ela fez o mesmo por ele. Agora ela estava sendo
forçada a decidir por si mesma e não sabia o que fazer.
─ Eu posso navegar num navio e disparar uma arma. Posso andar cem milhas
silenciosamente através de uma selva com pouca comida e sem dormir. Posso
começar uma fogueira sem fumaça, alimentar-me do que posso recolher, tratar
feridas e afiar um facão até que ele brilhe, mas não sei nada sobre ser uma
esposa
─ E eu não sei nada sobre ser um marido. Isso nos torna ainda mais parecidos.
Depois que você e eu nos conhecermos melhor, convidarei sua mãe e sua irmã
com a esperança de que elas concordem em visitá-la.
─ Eu duvido que isso vá tão ser tão fácil quanto você imagina.
─ Estou imaginando uma batalha muito disputada, Pilar. Nada que valha a
pena é fácil, especialmente uma mulher tão bonita e destemida.
─ Eu entendo.
E com isso ela se levantou e ela estava realmente tremendo por dentro, não por
medo dele ou por sua segurança, mas por algo sem nome: algo que chamava
uma parte dela que estava tão intrigada por ele quanto ele dizia estar por ela,
mesmo que sua parte racional não desejasse estar.
─ Você ainda não me deu uma resposta ─ ele lembrou suavemente. ─ Você
deseja ser cortejada?
─ Você não deixa muita escolha, não é? Sim, você pode me cortejar. Eu vou te
ver de manhã.
─ Não.
─ Ele quer que vocês duas venham para a Califórnia para visitar uma vez que
ele e eu estejamos instalados. Eu disse a ele que não seria assim tão fácil. Ele não
pode acreditar que vai me conquistar em dois meses.
─ Ele me garantiu que não vai me fazer mal algum e sinceramente, eu acredito
nele. Eu simplesmente não entendo porque ele está determinado a fazer isso.
─ Talvez ele esteja apaixonado por você ─ disse Doneta e encolheu os ombros. ─
O Tio disse que ele é honrado. Poderia ter sido pior.
─ Mas eu não quero fazer nada. ─ Ela pensou na noite em que ela ordenou que
ele fosse para o barco a remo. ─ Ele disse que me encontraria e ele encontrou. ─
A confusão no rosto de sua mãe fez com que ela explicasse a que estava se
referindo.
─ Eu sei ─ disse Doneta sonhadoramente. ─ Nos livros, o homem leva sua noiva
para passear, traz flores e chocolates e às vezes quando a governanta não está
olhando ele rouba um beijo.
─ Eu não vou beijá-lo, Doneta. ─ Ele realmente iria tentar beijá-la? Ela achou que
ele faria. Que os santos a ajudassem!
─ Sim, mamãe?
─ Nada. Estou apenas ouvindo sua irmã boba. Ele disse alguma coisa sobre
quando voltaria?
─ Eu duvido disso.
Pilar não queria fazer nem pensar em nada que pudesse aproximá-la do homem
que ela deixara sentado no pátio.
─ Eu acredito que todos nós estamos. Já passa da meia noite. ─ Sua mãe lhe deu
um beijo na bochecha. ─ Descanse bem.
─ Você também, mamãe. ─ Mas Pilar duvidava que ela fosse capaz, sabendo que
estaria enfrentando Noah Yates pela manhã.
Pilar supôs que Yates aparecesse logo, mas quando a manhã virou
tarde e ele não apareceu na hora do almoço ela relaxou. Ela esperava que ele
tivesse decidido que uma mulher que contrabandeava armas era de fato
indigna de perseguir e nunca mais lhe atormentaria, mas ela sabia que era um
pensamento muito otimista. É mais do que provável que ele tivesse sido
atrasado por algum assunto de negócios e viesse visitá-la amanhã. Em uma
tentativa de tirá-lo da cabeça ela passou a tarde sentada no jardim pousando
para seu retrato. Doneta pensou que uma pintura dela seria uma excelente
lembrança quando se mudasse para a Califórnia.
─ Pilar, pare de se mexer ─ implorou Doneta. ─ Cada vez que você faz isso
atrapalha as coisas.
─ Desculpe. ─ Essa era a primeira vez que Pilar servia de modelo e ter que ficar
parada como uma pedra era difícil para uma mulher desacostumada a fazê-lo. ─
Quanto tempo mais?
Pilar suspirou.
─ Pilar.
Feliz pelo alívio ela quebrou a pose, e ouviu o gemido frustrado de sua irmã
que ela ignorou sorrindo.
─ Sim, mamãe?
Não. Pilar não se lembrava de nada da noite que não envolvesse Noah Yates.
─ Por quê?
Ela suspirou. Ela vivera toda a sua vida sem que qualquer exemplar masculino
demonstrasse interesse e agora eles estavam se alinhando na porta. Admito,
havia apenas dois, mas isso era mais pretendentes do que ela já tivera antes.
─ Eu disse a ele que sim. Se você é tão contrária ao Sr. Yates, talvez se você
mostrar interesse por outro ele desista.
Pilar duvidou seriamente disso, mas antes que ela pudesse expressá-lo, Doneta
perguntou:
─ Isso significa que ele está acima do peso e tem um olho de vidro, Pilar.
Sua mãe lhe lançou um olhar de reprovação. Doneta fingiu mexer nas tintas e a
mãe se voltou para Pilar.
─ Faça o que eu pedi, por favor, a menos que você prefira ir para a Califórnia?
Quando ela entrou na sala, o homem que ela assumiu ser o senhor
Garcia ficou de pé. Ele não era mais alto do que ela e parecia ser alguns anos
mais velho. Havia um início de calvície no topo de sua cabeça e ele ostentava
um enorme bigode parecido com uma vassoura, que a fez se perguntar se ele o
cultivara para compensar a calvície e sua baixa estatura. Ele pegou a mão dela e
se curvou respeitosamente.
Mesmo que ela ainda não se lembrasse de ter sido apresentada a ele, ela
respondeu:
─ Eu também estou honrada. ─ A mão dele estava suada, tanto que ela teve que
se forçar a não secar a palma da mão na saia do vestido para se livrar da
Pensando que era uma maneira estranha de começar a conversa, ela o olhou por
um momento.
─ Vinte e cinco.
─ Obrigada. ─ Ela supôs que era a resposta correta. Na verdade, ela queria ficar
de pé e deixar o Senhor Mãos Suadas onde ele estava sentado. Ela deu um olhar
para sua mãe e viu decisão em seu rosto, então respirou fundo e redefiniu seu
falso sorriso.
Pilar acreditava no Salvador, mas sua família nunca havia frequentado a igreja
regularmente.
─ Na Páscoa e no Natal.
─ Isso é tudo?
─ Sim.
─ Entendo.
Pilar imaginou quanto tempo levara para cultivar aquele bigode elaborado.
Parecia se originar em algum lugar dentro de suas narinas e parecia pesar quase
tanto quanto ele.
Ela estava tão concentrada no cabelo que não ouvira a pergunta dele.
Ela esperou.
─ Isso é muito bom. ─ Mais uma vez ela não tinha ideia de como responder
adequadamente.
Pilar congelou em resposta à familiar voz masculina, virou-se e viu Noah Yates
parado na porta. Seus braços estavam cheios de flores. Quanto tempo ele estava
lá ninguém sabia.
─ Senhora, eu tentei encontrar flores tão bonitas quanto você, mas a florista
disse que era impossível.
Ele então cruzou para Pilar e entregou a ela um buquê ainda maior de rosas
amarelas.
─ Pilar.
─ Claro.
─ Obrigado. ─ Ele voltou sua atenção para Pilar. Ele curvou-se, endireitou-se,
lhe lançou um sorriso e saiu.
─ Você gosta de navegar? ─ Ele a olhou como se ela fosse algo que ele nunca
tinha visto antes.
─ Sim.
─ Não.
Pilar perguntou-lhe:
─ Eu acho que seria sensato. Obrigada pela sua visita, Senhor Garcia.
Pegando o chapéu ao lado dele ele seguiu o exemplo de sua mãe e uma vez que
eles estavam fora de vista, Pilar exalou um suspiro audível de alívio.
─ Vá embora.
─ Você acha que as pessoas erroneamente pisam nele no escuro? Ele estaria em
perigo real no rancho da minha família. Meus irmãos e eu somos bastante altos.
Pilar queria executá-lo com sua espada, embora estivesse grata por sua entrada
ter ajudado a pôr em marcha a partida do Senhor Garcia.
A intensidade nos olhos de Yates enquanto ele olhava para as rosas em seu
colo, suspendeu o tempo. Sua voz suavizou.
Ela olhou para a beleza delas em seus braços e não conseguiu mentir.
─ Sim.
─ Doneta disse que ninguém nunca lhe deu rosas antes - ou flores de qualquer
tipo. Eu estou gostando de ser o seu primeiro.
Seus sentidos levantaram voo novamente porque ela sabia que ele estava
falando mais do que de flores.
─ Eu... eu preciso encontrar um vaso. ─ Por que ele tinha a habilidade de fazê-la
gaguejar quando ela nunca gaguejou antes - nunca - estava além de seu
conhecimento. Ela se perguntou se sua mãe se importaria se ela matasse sua
irmã.
Doneta entrou.
─ Primeiro você precisa cortar algumas das hastes para ter algumas mais curtas.
Em seguida, coloque-as na frente das mais altas.
─ Eu sou uma pintora e é assim que você faz em uma pintura. Flores longas
atrás. Curtas na frente. ─ Doneta encontrou uma tesoura. ─ Aqui.
Doneta disse:
─ É verdade, mas você não deve contar a Yates mais nada sobre mim. Nada.
─ Sim, eu estou, porque você precisa. Se isso fosse deixado para você, aquele
homem lindo iria embora daqui e acabaria sendo o cunhado de alguma outra
garota, e eu não vou permitir que isso aconteça. Além disso, ele ama você.
Doneta suspirou.
─ O quê!
─Você apenas se preocupe com a sua vara, em não deixar esse peixe grande
escapar.
─ Ela disse que não retornará até que você e suas filhas se mudem para um
lugar só seu.
Como Noah já havia feito seu pedido, Miguel não teria a companhia de Pilar.
─ Senhora, posso ter sua permissão para visitar os jardins com Pilar depois que
terminarmos aqui?
Pilar olhou para cima. Ela não pareceu satisfeita com a solicitação, mas ele
esperava isso e estava ansioso para a disputa deles.
─ Estou certa que não há problema, Sr. Yates. Você concorda, Pilar?
─ Sempre.
Então depois do jantar eles foram passear. No início ela se recusou a pegar o
braço dele.
─ Existe alguma coisa para a qual você pode precisar de um homem na sua
idade avançada?
─ Tão inocente.
─ Quer dizer?
Ele não podia esperar para dar a aquela boca atrevida o que fazer, mas isso
também viria com o tempo.
─ Minhas desculpas, mas eu prefiro meu nome. Mais a propósito, eu acho. Você
não poderia estar interessada em ser sua esposa?
─ Eu também não estou interessada em ser sua esposa, mas estou aqui.
─ Porque . . ?
─ Porque do jeito que você diz, parece. . . ─ Suas palavras sumiram e ela
desviou o olhar.
─ Como um carinho?
Ela assentiu.
─ Suponha que eu lhe dissesse que é. ─ Ele encontrou a curva de seus lábios
hipnotizantes. ─ Você realmente acha que está imune aos beijos de um homem?
─ Se você sugeriu este passeio para que você pudesse me beijar, por favor, faça
isso para que eu possa voltar para a casa.
Ele juntou os dedos e a estudou em silêncio. Que pequena vespa ela era. Sua
resposta provou que ela não tinha ideia de que ele poderia remover seu ferrão
de maneiras que não só a deixariam fraca, mas também desejando mais.
─ Bem?
─ Bem o quê?
A linha que ele traçou pela bochecha dela fez seus olhos se fecharem
lentamente. O tenro tremor de sua pele em resposta ao seu toque era altamente
excitante.
Sob seu convite persuasivo, sua boca se abriu e ele brincou com maturidade
com pequenos movimentos de sua língua. Ela ronronou e ele disse:
─É para isso que um homem serve. ─ Ele queria arrastá-la para o colo e saborear
a pressão quente do peso dela contra ele, mas isso também viria a tempo. Em
vez disso ele se contentou com beijos: ensinando-a, saboreando-a e
Ela gaguejou:
─ Bem...adeus.
─ Adeus, Pilar.
─ Não.
─ Você está mentindo. Pela sua aparência você foi beijada ou atingida por um
raio.
─ Silêncio!
─ Uma vez que a jovem é beijada, tudo o que ela quer é mais do mesmo.
─ Isso é ridículo.
─ Sério?
─ Sim.
─ Não, eu não sou. Mas se eu fosse, eu saberia que esperar por um milagre para
fazer com que tudo isso desapareça não resolve. Você está sendo perseguida
por um homem tão delicioso que faz com que os dentes das mulheres mais
saudáveis doam no momento em que ele entra em um quarto. Apenas se renda
e encontre alguma felicidade.
─ Sua resposta?
─ Está certo. Eu esqueci, mas quando você estiver pronta para falar sobre o
grande beijo que ele deu me avise. ─ Ela suavemente abaixou o sapato que Pilar
apontava para a sua cabeça.
E porque ele lutou com paciência ele estava irritado com a ideia de
prolongar esse namoro. Os beijos de ontem entre os jasmins fizeram com que
─ Eu me preocupo, pois se não fosse por você, ela seria um fardo para sua mãe
pelo resto de sua vida.
─ Como assim?
─ Eu duvido que qualquer outro homem aqui ofereceria matrimônio a ela. Luís
Garcia não conta. Ele é viúvo procurando alguém para criar seus cinco filhos e
qualquer mulher servirá.
─ Você é muito gentil Noah, mas nenhum homem sensato iria querer uma
mulher que luta com uma espada e pode ser procurada pela coroa por
contrabandear armas como sua esposa. Não que você seja louco, claro.
─ Eu acho-a fascinante.
─ Então eu não vou repetir, apenas dizer que eu não quero que minhas filhas
pensem que elas também podem ser selvagens e indomáveis.
─ Eu não quero parecer pouco caridoso, mas sim. Chame-me de antiquado, mas
uma filha como Pilar teria me mandado para o túmulo há muito tempo. Meu
coração parou quando a vi com o florete na mão e depois descobri que ela
realmente sabia como usá-lo. ─ Ele balançou a cabeça. ─ Eu não podia acreditar.
─ Sim. Quanto mais cedo você e Pilar se casarem melhor seria. É claro que não
tenho ideia se você concorda ou não, mas acredito que sim.
Na verdade, a angústia de Miguel caiu como uma luva nas mãos de Noah, mas
em vez de admitir que ele se casaria com Pilar em uma hora se os preparativos
pudessem ser feitos, ele respondeu:
─ Obrigado, Noah.
─ Nossos aliados nos dizem que a coroa está agora procurando por você
também. Ninguém sabe que informação os homens podem ter revelado antes
de suas mortes, mas seria prudente não retornar a Cuba.
Os rebeldes sabiam dos perigos inerentes à sua luta, mas ela se sentia a única
responsável pelas mortes. Saber que ela nunca mais veria Tomas lhe deixou
uma dor terrível demais para suportar.
─ Disseram-me que o corpo dele junto com os outros foi jogado no mar, e sua
mãe foi levada para um dos campos.
─ Você pode querer desaparecer por um tempo. A Espanha pode ou não ser
capaz de te buscar legalmente aqui, mas eles têm olhos e ouvidos nas Keys e na
cidade de Yorba. Eu pretendo desaparecer por um tempo também. Como você,
eu sei muito sobre as outras aranhas em nossa teia para arriscar ser pego e
torturado.
─ Só que o nosso lado divulgou o boato de que você se afogou naquela noite,
mas se vão acreditar. . .? ─ Ele encolheu os ombros.
Ela entendeu.
─ Você foi um trunfo por muitos anos, Pilar Banderas. Era o mínimo que eu
podia fazer.
─ Tem certeza de que é isso que você quer? ─ perguntou o tio ao chegar em casa.
─ Sim. ─ Ela já havia discutido sua decisão com a mãe e a irmã e, embora
concordassem, estavam tristes.
─ Obrigada, Tio.
─ Entre.
E lá estava ele. Ele observou em silêncio e a preocupação encheu seu rosto. Ela
sabia que seus olhos ainda estavam vermelhos de suas lágrimas, mas isso não
poderia ser disfarçado.
Ele obedeceu.
─ O que aconteceu?
Então ela contou a ele sobre a visita de Calvo, o terrível falecimento de Tomas e
o conselho de despedida de Calvo. Quando ela terminou, ela jurou:
─ Eu não vou deixar a Espanha tirar outra pessoa amada da minha vida, então
eu pretendo seguir o conselho e desaparecer. ─ Mesmo que suas próximas
palavras fossem necessárias, as partes de si mesma que tinham sido
autossuficiente e destemida por tantos anos se rebelaram por dentro com o que
ela estava prestes a fazer. ─ Se você ainda me quiser, eu gostaria de me casar o
mais rápido possível.
Para seu crédito, ele não zombou dela ou fez qualquer outra coisa para
aumentar sua dor.
─ Sua decisão é sábia. E sim, eu ainda te quero como minha esposa - assegurou
ele em voz baixa. ─ Duvido que possamos comprar bilhetes de trem no final do
dia, mas podemos ver isso logo de manhã. Seu tio conhece um padre que
conduziria a cerimônia sem os documentos necessários?
─ Então, faça-o entrar em contato com o padre para que possamos seguir em
frente.
Ela caminhou até a porta e quando passou por ele, ele gentilmente pegou sua
mão.
Eles se casaram uma hora depois. Por insistência de sua mãe, ela
usava o vestido verde-menta que usava na festa de seu tio, enquanto Noah
permanecia no mesmo terno preto que ele usara na chegada. Foi necessário a
doação de uma grande quantia de dinheiro para os cofres da igreja do padre,
em troca da cerimonia apressada e da falta de documentos necessários. Não
haveria nenhuma festa, é claro, mas nenhum deles se importava, desde que o
certificado comprovando que eram marido e mulher fosse assinado e selado.
Feito isso, o padre partiu.
─ Obrigada de novo. Eu farei o meu melhor para ser uma boa esposa.
Já havia sido decidido que eles iriam sair logo após a cerimônia, então ela pediu
licença para fazer as malas.
O constrangimento a aqueceu das raízes do cabelo até as solas dos pés, mas ela
assentiu.
─ A carruagem está aqui, Desa. Noah gostaria que Pilar se juntasse a ele.
Ele se retirou e sua mãe a puxou para um abraço apertado e deu um beijo em
sua bochecha.
─ Obrigada.
─ Eu vou sentir muito a sua falta também. ─ Ela se inclinou para trás e deu uma
última olhada. ─ Você vai cuidar da mamãe.
Pilar não falou sobre isso, mas abraçou a irmã com força de novo e deu um beijo
de despedida na bochecha molhada.
Em seguida veio sua mãe, cujo sorriso se fundiu com suas lágrimas. Segurando
Pilar de perto ela disse com confiança:
─ Não precisa se desculpar. As coisas acontecem como elas devem ser. Eu vou
manter você e Noah em minhas orações.
O amor que ela sentia por sua mãe era inigualável e Pilar não tinha
ideia de como ela passaria pela vida até que ela a visse novamente. Tudo o que
ela era e acreditava tinha sido concedido a ela por seus pais, e todos os dias
desde que sua vida tinha começado um dos dois estava lá. Agora seu pai
estava entre os santos e sua mãe estaria a milhares de quilômetros de distância.
Seu mundo estava quebrado. Ela entrou nos braços abertos do tio.
─ Sinto muito pela vergonha que eu trouxe para sua casa, Tio ─ ela sussurrou.
─ Não é vergonha. Você me fez muito famoso. Todo mundo vai querer vir e
comprar charutos do homem que teve uma luta de espadas em sua festa de
aniversário.
Pegando sua sacola emprestada, ela deu uma última olhada nas pessoas
que amava, se recompôs e saiu para a escuridão.
─ Eu posso carregá-la.
Ela empurrou a sacola praticamente em seu peito. Ela pensou que ele
tinha sorrido um pouco, mas estava escuro demais para ver claramente.
Ele estava certo claro, e porque ela não tinha resposta pronta ela
impacientemente estendeu a mão. Ele a tomou na sua e o calor que irradiava
ondulou acima dela como pedras através de uma lagoa. Assim que seu pé
alcançou a lateral da carruagem, ela interrompeu o contato a fim de restaurar
sua respiração para algo semelhante ao normal.
─ Para a pensão em que estou hospedado. Como eu disse, vamos pegar o trem
de manhã.
─ Quanto tempo para chegar a sua casa na Califórnia? ─ ela perguntou para
cobrir seu nervosismo.
─ Na mesma casa?
─ Não. Meus irmãos têm suas próprias casas. Você e eu ficaremos com minha
mãe na casa onde cresci até decidirmos onde queremos morar.
─ Oh! ─ Ela se perguntou como sua mãe iria encará-la e como ele era quando
criança. Como ele tinha conseguido a cicatriz? Muitas perguntas sem respostas,
então ela sentou-se na escuridão e tentou não lamentar em voz alta essa virada
indesejada da direção de sua vida.
Noah não podia acreditar que ela queria discutir com ele sobre entrar na
carruagem e ria internamente. Tê-la em sua vida seria um desafio contínuo. Ele
teria que ficar lembrando a si mesmo que ela tinha vinte e cinco anos e estava
fazendo o seu próprio caminho no mundo há algum tempo. Enquanto outras
moças de quinze anos tinham as cabeças cheias de festas, novos vestidos e
sonhos de noivos ela partira para a guerra. Atender a assuntos de etiqueta era
sem dúvida algo que ela nunca teve que levar em consideração antes. Ele
recuou para a lembrança dela parada tão estoicamente no escritório do tio.
Provavelmente tinha a matado por dentro pedir que ele se casasse com ela. Em
circunstâncias normais suas palavras teriam sido música para seus ouvidos.
Embora não houvesse nada normal sobre as ameaças que ela e sua família
estavam enfrentando, ele ainda a queria como sua esposa e desafiava os
espanhóis ou qualquer outra pessoa a tentar tirá-la dele.
─ Eu não permito que homens tenham mulheres em seus quartos Sr. Yates.
─ Sim.
─ E ela é uma coisinha linda. Boa sorte eh, Pilar. Muitas mulheres não são
abençoadas com um homem tão bonito. Eu me lembro da minha noite de
núpcias. Eu estava com tanto medo, mas quando meu Jamie começou ...
─ Nós vamos subir, Sra. Fitzhugh. Minhas desculpas por fazer você sair de sua
cama para nos deixar entrar.
─ Você deve ir para a cama e dormir um pouco ─ ele disse a ela. ─ Temos um
longo dia pela frente.
─ Nós vamos deixar a noite de núpcias para o futuro. Eu quero que você esteja
tão preparada para mim como eu estou para você. Esta noite você não está.
Apesar de que estar com ele na cama não era algo que ela estivesse
ansiando, ela estava agora tentando determinar se deveria ficar ofendida. ─
Você não quer uma noite de núpcias?
Ele caminhou até onde ela estava e colocou um dedo sob o queixo para
gentilmente levantar os olhos para ele. ─ Porque você não está. Devo te mostrar?
Pilar tremeu sob seu olhar intenso, mas não querendo admitir a derrota
ela assentiu.
Seus lábios se separaram por conta própria. Ele enfiou a língua para
dentro e ela gemeu da sensação doce.
─ Quando você estiver pronta você vai querer que eu faça isso. ─ Lábios tão
quentes como o tom dele abriram uma trilha preguiçosa até a borda de seu
pescoço, e depois viajaram de volta para recuperar sua boca enquanto a mão
dele segurava seu seio e dedos corajosos brincavam com o mamilo através das
Cada centímetro de seu ser estava em chamas e pulsante. Uma parte dela
queria erguer suas saias e fugir daquele homem avassalador que lhe dera seu
nome, enquanto outra queria abrir o vestido e deixá-lo festejar. Que os santos a
ajudassem.
─ Vá para a cama, Pilar. Quando você estiver pronta vamos brincar novamente.
Dito isso, ele saiu pelas portas francesas que levavam para a varanda e a
deixou sozinha. Pilar caiu de costas no colchão e afundou na cama. Olhando
para o teto sombrio ela ficou lá latejando. Seu vestido ainda estava torto, o
mamilo úmido e duro e a sensação da boca dele reverberava em sua memória
de novo e de novo. Ela se sentou e colocou a cabeça entre as mãos. Nada em sua
vida a preparara para essa agitação sensual. Do outro lado da sala sombria
estavam as portas que ele usara para sair. O breve encontro o afetou também ou
ele era muito experiente para ser afetado por sua esposa virgem? Outra
pergunta sem resposta, então ela se levantou e vestiu suas roupas de dormir.
Debaixo dos lençóis limpos ela se perguntou se ele planejava ficar do lado de
fora pelo resto da noite e como seria dormir ao lado dele. Decidindo que ela
tinha perguntas irrespondíveis mais do que suficiente, ela caiu no sono.
Ela não precisou esperar muito. Quando ele entrou, ela estava sentada
em uma das cadeiras.
─ Bom dia ─ disse ele. Mesmo amarrotado pelo sono sua poderosa presença
encheu o pequeno quarto.
─ Bom dia.
─ Você parecia estar dormindo tão pacificamente. Eu não quis acordar você.
─ Eu vou esperar na varanda para que você possa cuidar de suas necessidades.
─ Sem esperar por uma resposta ela passou por ele e saiu pelas portas abertas.
Noah pensou nela enquanto se vestia. Que tipo de desafios ela traria
hoje? Ela não parecia constrangida pela paixão da noite anterior e ele endureceu
pensando em sua pele macia e acetinada e suspiros suaves de paixão. Puxando
sua mente de volta para o presente ele procurou por uma camisa e um terno
limpos. Uma vez vestido ele saiu para se juntar a ela.
─ Um pouco, sim.
─ Sim.
─ Depois de você.
─ Algo errado?
─ Cereal.
─ É aveia. Um grão.
─ A maioria das pessoas usa manteiga, sal e pimenta para dar sabor. Aqui nesta
parte do país às vezes também é servido com camarão.
─ Por que é tão plana assim? Comemos carne de porco em casa, mas não se
parece com couro de cinto. Como você come isso?
─ Quando chegarmos em casa você pode achar a comida mais familiar, mas até
então será principalmente comida americana.
Mais uma vez decepção, mas ela começou a comer seus ovos.
─ Bom dia ─ ele ofereceu em uma resposta educada. ─Como você está?
─ Sim, nós estamos. ─ A filha o olhava como se ele fosse uma sobremesa que ela
queria provar. Era mais um caso de uma mamãe querendo arranjar um
companheiro para sua filha solteira.
─ E quais são seus planos para hoje, Sr. Yates? Coralina está muito ansiosa para
visitar os jardins daqui. Talvez vocês dois ...
─ Não, querida, estou bem por agora. ─ Ele se virou para os DeValles. ─ Eu
gostaria que vocês conhecessem minha esposa Pilar.
Noah a estudou.
─ Eu sou sua esposa. Podemos não ter um casamento amoroso, mas eu não vou
tolerar garotas de olhos sonhadores ou suas mães babando por você pelo menos
não na minha presença.
─ Anotado
─ Bom.
Ele fez uma pausa e olhou para cima. Seu rosto estava ilegível.
─ E para o registro, eu também não vou querer homens com olhos de boi
babando por você na minha presença.
Ele viu a Senhora DeValle observando-os. Ela não pareceu satisfeita, mas
Noah ficou muito satisfeito com essa primeira refeição compartilhada com sua
nova esposa. No entanto havia algo que ele queria perguntar.
─ Eu os vendi.
─ Sim, mas eu podia ter conseguido mais se eu não tivesse tido que vendê-los
tão rapidamente.
─ Nós precisávamos pagar o barqueiro que nos levou para a Flórida e eu não
tinha o luxo de pechinchar, então eu vendi a ele sua arma e coldre. A pintura foi
para alguém nas docas. Ele queria dar para a mãe no aniversário dela.
─ Eu pensei que poderia ser você. Doneta disse que você tem talento.
─ Falsifica arte?
Ela assentiu.
─ Alguns de seus trabalhos estão pendurados em museus. É claro que eles não
sabem que são falsificações. Nós trocamos as dela pelas versões verdadeiras.
─ Sim, eu terminei.
─ Agora comece de novo ─ ele disse uma vez que estavam acomodados nas
cadeiras.
─ Eu roubo.
─ Tal como?
─ Quando eu era muito jovem fui treinada para roubar pequenos itens das
casas.
─ Por quem?
─ Sim. Na verdade, eu era tão convincente e ele estava tão preocupado que
queria me acompanhar até as outras casas próximas para ajudar na minha
busca.
─ E as pinturas falsas?
─ Estou impressionado.
─ Eu tenho uma pergunta para você. Como você sabia que eu estava na casa do
meu tio?
─ Sim.
─ Aquele bastardo.
─ Ele parecia sentir rancor contra sua família, mas eu não queria perguntar
sobre isso.
─ Ele mentiu para as autoridades espanholas dizendo que meu pai era um líder
rebelde de alto nível. Foi o que o levou à morte. Nenhum de nós jamais vai
perdoá-lo.
Agora ele entendia a acrimônia que ele sentia no homem naquele dia. Ele
se perguntou quanta alegria Gordonez sentiu sabendo que Noah estava
caçando a filha de Desa.
─ E o resto dos meus pertences como a minha roupa, você vendeu também?
─ Tomas pegou sua roupa. Não tenho certeza do que ele fez com isso. ─ Seu
rosto entristeceu.
─ Quanto ao resto de suas coisas dei suas pinturas e cavalete a Doneta. Também
encontramos partituras. Você as escreveu?
Ele assentiu.
─ Sim.
Essa foi a maior perda no que lhe dizia respeito. Sua arma, a roupa, até a
pintura poderiam ser substituídas, mas ele estava compondo aquele réquiem
por vários anos. Agora ele teria que tentar recriá-lo a partir do zero.
─ Obrigado ─ ele disse esperando que não saísse tão bruscamente quanto ele se
sentia.
Pela maneira como seus olhos brilharam ele sabia que tinha sido.
─ Piano.
─Tenho certeza que você faria, mas não há como alterar o resultado agora.
Vamos ver os bilhetes de trem?
Ela assentiu.
─ Minha mãe terá que esconder a prata quando chegarmos em casa? ─ ele
perguntou.
─ Bom saber.
─ Compreendo. Saber que você tem roubado desde pequena também não é uma
coisa fácil para mim.
Se ele levasse uma ladra para a casa de sua mãe e algo sumisse, ela
apontaria uma espingarda para os dois. Mais cedo ele se perguntou quais
desafios sua nova esposa traria para seus dias. Ele teve sua resposta.
Pilar não tinha ideia do que isso significava, mas o gelo que entrou nos
olhos de Noah a deixou preocupada.
─ Fumante, senhor, mas com alguma sorte o gerente em St. Louis será um bom
homem e você e a pequena senhora não terão nenhum problema em chegar a
Denver.
Quando ela e Noah deixaram o depósito, ela notou que seus modos frios
permaneciam.
─ Nós temos que andar de trem separadamente? Homens não podem andar
com mulheres? ─ ela perguntou.
─ Não. Aqui as raças são separadas por lei. Em alguns trens, pessoas como nós
são relegadas ao carro dos fumantes, e em outras é o vagão de carga que
transporta os animais.
─ Não. Eu preciso fazer algo para me livrar desse humor. Quando peguei o trem
para casa para o casamento da minha mãe, passei pelo Texas e não houve
discriminação, mas estar aqui me lembra por que geralmente evito viajar de
trem sempre que possível. Eu detesto o quão humilhante é.
─ Pilar, há algo que você gostaria de fazer? ─ ele perguntou novamente cortando
suas reflexões.
─ A quem?
─ Há mar na Califórnia.
─ Mas estas são as águas do meu oceano. Eu nasci nelas. ─Ela olhou para cima
para ver como ele poderia estar aceitando o pedido dela. ─Você acha que eu sou
apenas uma mulher boba do campo, não é?
─ Gostaria disso.
─ Então vamos? Duvido que os espanhóis subam e tentem tirar você de mim em
solo americano em plena luz do dia.
─ Vou sentir falta disso ─ ela disse baixinho e olhou para cima para encontrar
seus olhos. Ela não tinha ideia do que ele poderia estar pensando, mas a
intensidade era familiar. Memórias de estar em seus braços ressurgiram e ela
apressadamente voltou sua mente para outra coisa, algo que ela sentiu que
precisava ser esclarecida. ─ Eu sou muito grata pelo que você fez por mim.
Pagar de volta roubando da sua família não é algo que eu faria.
─ Eu vou aceitar sua palavra, então não vamos falar disso novamente.
Quando ele não respondeu viu que o sorriso havia sido substituído por
uma máscara sem emoção, como se a pergunta tivesse provocado algo
desagradável.
Noah a observou indo embora. Ele supunha que ela merecia uma
resposta, mas ele tinha segurado esse evento tão apertado que ele não sabia por
onde começar, quanto revelar ou se deveria revelar algo disso. Se ele não fora
capaz de compartilhar a experiência com seu irmão Drew, alguém que ele
conheceu e amou a vida inteira, como era esperado que ele fizesse com uma
esposa de um dia? No entanto sua escolha de ir à praia foi boa. Ele sentia falta
de estar na água. Era seu bálsamo, sua companheira, sua vida e ele também
precisava dizer adeus.
Ele desceu para se juntar a ela na beira da água e por um momento ficou
em silêncio ao seu lado.
─ Como pode ser legal roubar alguém? Soa como escravidão. Este é um país
muito estranho.
─ Os crimpos são pagos por cada homem raptado entregue aos capitães de
navio. Quanto mais homens são fornecidos, mais dinheiro de sangue eles
ganham como é chamado. Uma vez que você é sequestrado eles fazem você
assinar um contrato chamado os artigos, e por lei você tem que cumprir um ano
a bordo, às vezes dois ou arriscar a prisão.
─ Sim. No passado dois homens, Joseph Franklin e George Lewis, foram eleitos
para a legislatura do nosso estado. Ambos eram crimpos bem conhecidos.
─ Não.
─ Sim ─ ele concordou. ─ O único bem que restou foi aprender a amar o mar.
─ Apenas um palpite.
─ É um bom palpite.
Havia um grande tronco na água atrás deles e ela foi até lá e sentou-se.
Quando ela dobrou a saia e expôs as pernas os olhos dele se arregalaram,
depois se arregalaram ainda mais ao vê-la tirando as meias escuras.
─ Ninguém está por perto. Eu odeio meias quase tanto quanto saias e vestidos.
Elas são quentes e úmidas e inúteis na verdade.
─ Não.
─ Oh, vamos lá. Ninguém vai te ver. Vamos estar no trem com porcos, pelo
amor de Deus, pelo menos você deveria se divertir um pouco primeiro.
Ela era tão sedutora quanto uma fada do mar, mas a diversão que Noah
queria ter com ela não tinha nada a ver com porcos ou molhar os pés.
─ Vá em frente.
─ Eu acho que você precisa de mais diversão em sua vida, Sr. Yates.
─ Eu já ouvi isso.
Ela não pareceu convencida, então para evitar que ela tentasse se
aprofundar em seus sentimentos ele se sentou e tirou suas botas.
─ Vou. ─ Com a esperança de que sua mente estaria livre novamente. Suas meias
vieram em seguida e ele levou um momento para enrolar as pernas da calça.
Terminado ele se levantou. ─Agora, mostre como me divertir.
De boca aberta com sua audácia ele soltou uma risada e correu atrás dela.
Ela era rápida. Com a saia erguida e a risada aumentando, ela o levou a uma
alegre perseguição. Quando ele diminuiu a distância entre eles, ela olhou para
trás, gritou simulando medo e correu ainda mais rápido. Ela foi para o mar e ele
a seguiu. Dois passos depois, ele a agarrou e a levantou em seus braços e
começou a girar ameaçando jogá-la nas ondas.
─ Então eu exijo uma recompensa. ─ Um momento atrás ele tinha estado sob as
nuvens negras de seu passado e agora ele sentia como se estivesse sendo
banhado pela luz do sol.
Em vez disso, ele a girou mais algumas vezes e a cada vez fingiu jogá-la.
Suas risadas se fundiram e subiram. Então emocionado com o momento ele
diminuiu a velocidade e parou. Ele queria viver isso com ela pelo resto de sua
vida.
─ Duas coisas.
─ Duas!
Ela se acalmou.
─ Você tem me chamado de Sr. Yates, embora eu tenha gostado de ser seu
querido esta manhã.
─ Um beijo.
─ Agora?
─ Sim. ─ Ele a observou revirar os olhos. ─ Pense nisso como prática ─ ele riu
baixinho.
─ Sim.
Ele sentou no tronco. Ela fez movimento para deixar seu colo.
Mas na mente de Pilar, ela não estava bem. Seu posicionamento íntimo a
deixava muito consciente dele, e a proximidade de seus corpos exalava um
calor que começava a atrapalhar sua respiração e sua capacidade de manter a
indiferença que julgava necessária.
Ele assentiu.
─ Tão mal feito que acho que você deveria tentar de novo.
─ Eu sei que sim ─ ela de alguma forma conseguiu responder. Beijos suaves e
fortes queimavam sua mandíbula e a concha de sua orelha.
─ Está a minha dívida paga? ─ ela perguntou, esperando que ser impertinente a
ajudasse a se encontrar novamente.
─ Por quê?
Pilar não sabia se deveria agradecê-lo, mas seu coração batia tão rápido
que duvidava que tivesse conseguido formar as palavras de qualquer maneira.
─ De nada. ─ Seus olhos se desviaram para sua boca. ─ É isso que acontece entre
todos os maridos e esposas?
─ Nem sempre, mas com o marido certo e a esposa certa pode ser.
Ele assentiu.
─ Por que você realmente quis se casar comigo? E nada dessa história sobre eu
saber manejar uma espada.
─ Você deveria porque era parcialmente verdade. Cruzar espadas com você me
fez sentir mais vivo do que qualquer coisa em muito tempo, anos de fato.
Embora seu tom tenha soado sincero, ela não tinha certeza se era a
verdade.
─ Sim, mas apenas porque não te conheço bem o suficiente para saber o que é
verdade e o que não é.
─ Eu fui sincero. Nenhuma mulher jamais me desafiou com uma espada antes e
eu achei. . . revigorante.
─ Mas revigorou. Na verdade, eu não posso esperar que você fique com raiva o
suficiente para voltar a querer meu coração na ponta da sua espada.
─ Você está seguro então. Minha mãe me obrigou a deixar a espada do meu avô
para trás quando deixamos Cuba, e não havia espaço na minha bolsa para a do
Tio Miguel.
Isso a surpreendeu.
─ Não. Sua postura era muito aberta e você deixa suas emoções controlarem
seus ataques.
─ Não na sua vida, mas posso te ensinar a ser melhor do que você já é.
─ Então suponho que terei que ficar satisfeita com isso. ─ Pilar não queria gostar
dele, mas ele tinha um jeito que tornava difícil manter a distância, e ela nem
sequer queria pensar sobre o que seus beijos estavam fazendo com as barreiras
que ela estava tentando manter intactas.
─ Eu não tenho ideia, mas depois eu gostaria de encontrar alguém que possa
cozinhar uma boa refeição cubana para mim antes que eu seja relegada a comer
couro de cinta de porco pelo resto da minha existência.
─ Isso é só porque você não conhece nada melhor. Você já comeu feijões pretos?
─ Claro. Todo mundo que viaja para o seu país come sopa de feijão preto e eu
gosto disso.
─ Não.
─ Ropa vieja?─1
─ Não. O que é?
─Ah!
─ Seu estômago foi tão privado. Espero que um dia você possa comer como um
cubano e nunca mais se contentará com couro de cinta de porco.
─ Eu sei, mas os maridos gostam de ter suas esposas no colo. Os beijos também
são divertidos.
Ela não olhou para os olhos dele. Eles tinham se divertido, mas ele não
precisava saber como ela se sentia.
─ Isso não.
Ele passou o dedo lentamente sobre a linha dos lábios dela deixando
para trás um rastro de calor.
─ Claro que sim. ─ Ele repetiu o traço preguiçoso. Seus olhos se fecharam e ela
se perguntou se era isso o que Doneta queria dizer sobre ele ser deliciosamente
perverso - ou se fora maldosamente delicioso? Pilar não se lembrava. Na
verdade, ela estava tendo dificuldade em recordar qualquer coisa no momento.
Pilar não conseguia respirar, não podia ver, não podia fazer nada que
lembrasse a mulher forte e destemida que ela costumava ser. Sentada em seu
colo e sendo atacada com o feitiço de seus deliciosamente perversos beijos a
fazia se sentir tão desossada quanto uma água-viva levada pela praia. E na
realidade ela não se importava.
Pilar choramingou.
─ Posso, Pilar?
─ Noah.
Em seus sonhos mais loucos, Noah nunca imaginou querer tanto uma
mulher. Seu desejo por ela o encheu como as notas de abertura de uma bela
─ Deus, você é doce ─ ele sussurrou e deixou seus seios para tomar seus lábios
novamente, enquanto suas mãos mantinham seu ardente jogo.
─ Eu estava de fato.
Ele suspirou.
Ele deslizou um dedo sobre o mamilo agora coberto e ela deu um tapa na
mão dele.
─ Você é a única que insiste que eu preciso de mais diversão na minha vida e
assim que eu encontro uma você já muda o seu tom.
─ Você é incorrigível.
─ Minha mãe me ensinou a nunca fazer promessas que não posso cumprir.
─ Louco Americano.
Ele voltou com uma criada carregando água. Uma vez que os baldes
foram colocados dentro do quarto, a menina partiu.
─ Obrigada.
Depois que ela terminou e vestiu roupas limpas, ela se juntou a ele na
varanda.
─ Bom. Dê-me um momento para me limpar que eu tenho uma surpresa para
você.
─ O que é?
─ Não, eu suponho que não ─ disse ela olhando para ele com um pouco de
ceticismo.
─ Sua surpresa.
─ Vamos jantar?
─ Eu a amo!
Ela assentiu.
A sobremesa foi flan Cubano, um rico creme de caramelo feito com leite
e ovos. Assim que terminou de se servir, Pilar estava tão cheia que não
conseguiu comer mais nada.
─ Foi um prazer.
Algo passou entre eles e ela se perguntou por que esse homem a afetava
tanto.
─ Não realmente, ela cresceu com criados quando era jovem, então quando se
casou com meu pai ela nem sabia como ferver o feijão. Mas minha avó poderia
cozinhar uma caixa de madeira e nós todos comeríamos.
─ Eu fazia a maior parte da comida em casa quando estava lá. Sua mãe é
espanhola, você não cresceu com comida assim?
Ele riu.
─ Ela tem uma cozinheira. Uma irlandesa chamada Bonnie, mas duvido que ela
se importe, especialmente se é isto que você vai pôr na mesa. Assim que
tivermos nosso próprio lugar, você pode cozinhar quantas vezes quiser.
─Não.
─ Nem eu, mas minha mãe realmente amava meu pai. Doneta também quer esse
tipo de amor.
─ E você?
─Eu não sei. Estar com alguém que não se importa com o fato de eu ter
contrabandeado armas e começado a roubar quase tão cedo quanto pude andar,
é o suficiente para mim. Não precisa ter amor.
Ela zombou:
─ Porque sim. Posso te perguntar algo sério? ─ Ela queria mudar de assunto.
─ Claro.
─ O que farei como sua esposa? As esposas dos seus irmãos trabalham em
alguma coisa?
─ Eu não sei, mas gostaria de fazer alguma coisa. Você tem pessoas que cuidam
de seus animais?
No seu lado da mesa Noah quase riu, mas percebeu que ela estava
falando sério.
─ Sim, o rancho emprega homens para fazer isso. ─ Ele não podia acreditar que
ela estava pedindo para ser um peão do rancho. ─ Minha mãe faz algum
trabalho de caridade através de sua igreja. Talvez você queira ajudar com isso.
─ Talvez. Eu sou boa com um facão. Você tem árvores para podar?
─ Não.
─ Não é necessário.
─ Tudo bem, mas eu não vou me sentar como uma flor de estufa, enquanto
outros trabalham por mim.
─ Entendido.
─ Bom.
Ele colocou mais em seu copo. Ela também podia aguentar as bebidas
alcoolicas, ele notou. Eles consumiram a maior parte da garrafa que ele trouxera
com a refeição, mas suas raízes também eram espanholas e ela provavelmente
bebeu vinho como se fosse água sua vida toda, assim como ele. Ele ergueu o
copo para ela.
─ Ao futuro.
─ Ao futuro.
─ Você gostaria de levar seu vinho para fora? Nós poderíamos sentar um pouco
na varanda antes de dormir.
─ Eu adoraria.
Ela pensou se devia dizer a ele a verdade. Ela não queria ser
ridicularizada ou considerada fraca ou evocar qualquer outra reação dele que
pudesse fazê-la sentir-se tola ou ingênua, revelando seus sentimentos internos,
mas ela queria desesperadamente voltar a ser quem ela tinha sido antes dele
entrar na vida dela.
─ Eu não estou rindo de você, querida, apenas vendo você lutar contra algo que
não há antídoto conhecido.
Certo de que ele não tinha ideia do que ela estava referenciando, ela
desafiou: ─ E o que é isso?
─ Beije-me ou toque-me.
─ Ninguém pode julgar o que é adequado entre uma esposa e seu marido,
exceto o homem e a mulher envolvidos.
─ Você não pode. Quero dizer, existem maneiras de obter alívio temporário,
mas uma vez que se estabeleça não há como fazê-lo cessar permanentemente.
Ele usou a ponta do dedo para desenhar uma linha suave em sua
bochecha.
Mais uma vez ela não tinha como medir a veracidade de suas palavras.
Pilar percebeu que concordar mudaria a vida dela, mas a alternativa era
andar por aí com esse calor absoluto dentro de si e ser governado por ele.
─ Minha destemida rainha guerreira. ─ Ele colocou os lábios contra a testa dela.
─ Tudo bem, vou te aliviar, mas pode piorar as coisas, é bom você saber.
Seu sorriso era indulgente quando ele colocou seus braços ao redor de
sua cintura.
─ Não, Pilar. Não estou. ─ Ele a beijou gentilmente, deixando que ela se
acostumasse a ele mais uma vez, depois a aproximou quando a intensidade
aumentou para enlaçá-los.
─ Você quer? ─ ele beijou sua orelha e arrastou seus beijos até a borda de sua
garganta.
─ Você tem certeza? ─ Ele mordiscou o lábio inferior, em seguida brincou com a
ponta da sua língua.
─ Sim.
E logo porque ele era tão hábil e magistral, Pilar estava sem leme ou
qualquer outra coisa para guiar seu curso. Seus beijos se tornaram suas estrelas,
suas mãos quentes explorando suas velas. Seus suspiros eram suaves como o
Observar o corpo dela responder ao seu jogo enquanto ela fluía sob seus
dedos, quase fez Noah chegar ao orgasmo. Porra, ele estava duro e ele desejou
que ela não fosse virgem, então ele poderia amá-la tão ferozmente quanto ele
ansiava. A tensão o tinha esticado como um arco, mas ele se segurou. Ele
poderia dizer pela cadência aumentada de sua respiração e os movimentos
sensuais de seus quadris que ela estava quase pronta para o ápice, e o macho
nele queria vê-la explodir de prazer. Segundos depois, o orgasmo a
despedaçou, fazendo-a estremecer e gritar rouca enquanto ele festejava com
olhos brilhantes e continuava a brincar. Ela estava escorregadia e molhada; seu
corpo se dobrou e ele se inclinou e lambeu um mamilo duro como seixo antes
de fechar a boca em torno dele e puxá-lo entre os dentes, com luxúria
gentilmente.
O macho gostava da bela aflição de sua companheira, mas ele estava tão
inchado que achava difícil respirar. Se ela não aguentasse mais ele concordaria
com sua decisão, mas ele rezou para que ela concordasse com o ato porque ele
não tinha conseguido o suficiente de sua exuberância, e realmente precisava do
doce alívio que só ela poderia fornecer.
Ele sentiu que ela estava tendo segundos pensamentos, mas sabia que o
desejo ardente dentro dele estava dificultando sua mente normalmente afiada a
se concentrar. Para seu deleite ela finalmente sussurrou:
Uma vez lá, ele preparou com todo o cuidado necessário para um momento tão
precioso, tomando tempo para trazê-la para as alturas novamente, saboreando
seus suspiros de paixão e os gemidos de prazer que escapavam de seus lábios
entreabertos. Ela estava se torcendo, molhada e aberta quando chegou a hora de
juntar os seus corpos, então ele empurrou gentilmente.
Ela estava tão apertada e quente, ele queria invadir seu corpo.
Ele podia sentir o quão tensa ela se tornara. O desejo foi substituído pela
apreensão e sem dúvida uma pontada de medo. Ele a beijou
tranquilizadoramente. A última coisa que ele queria era que ela se arrependesse
desta noite e detestasse fazer amor pelo resto da vida de casados.
─ Eu vou devagar. Eu prometo. ─ Ele sentiu seu aceno de cabeça, e então ajustou
as ações às palavras avançando tão gentilmente quanto pôde, então retirou e
lentamente repetiu o movimento de novo e de novo até que ela começou a
devolver o ritmo. Alguns momentos depois, eles estavam se movendo como um
só. Seu domínio firme em sua disciplina quebrou e ele aumentou o ritmo,
esperando que ele não estivesse sendo muito áspero, mas incapaz de parar se
uma arma fosse colocada em sua cabeça. Ela gritou quando o orgasmo a
agarrou, e ele rugiu quando seu próprio rasgou-o e atirou-o para as estrelas.
Mais tarde ele voltou à vida segurando-a em seus braços. Ele quase
podia ver o rosto dela na escuridão.
─ Eu machuquei você?
─ Novamente?
─ Você é uma mulher muito apaixonada, querida. Estou ansioso por muitas
outras noites como esta, mas de manhã você provavelmente ficará dolorida
então vamos dormir um pouco. Nós temos uma balsa para o continente para
pegar de madrugada.
─ Uma pena.
─ Volte a dormir.
Seu silêncio atordoado era como um corte em seu coração, mas ele saiu
para a varanda e sorveu o ar da noite até recuperar um pouco de calma. Deus
ele odiava as memórias. Desde aquela noite horrível, elas haviam atormentado
cada passo de sua vida e pareciam decididas a acompanhá-lo até o túmulo.
Quão ingênuo ele foi ao pensar que um mero deslize de mulher poderia livrá-lo
da degradação e sim, da vergonha. Enquanto estava com ela, ele poderia de
algum modo manter seus demônios afastados apenas para tê-los retornando
─ Noah?
─ Minhas desculpas por ser tão insensível, mas, por favor, volte para a cama. Eu
te vejo de manhã.
─ Como quiser.
Quando ela saiu vasculhou sua bolsa procurando uma saia e uma blusa e
não se importando se ele olhava, se vestiu.
─ Obrigada. ─ E empurrou os pés em seus chinelos gastos. Ela estava grata pela
refeição, mas não tinha mais nada a dizer.
─ Vou levar a bandeja de volta para a Sra. Fitzhugh e podemos partir quando eu
voltar.
Ela assentiu.
─ Pilar ...
Noah viu sua própria frustração espelhada nos rostos daqueles aos quais
o anúncio se aplicava. Ele disse a si mesmo que pelo menos eles não estavam
sendo rebaixados para o vagão de gado, mas era um pequeno consolo
considerando que todos estavam pagando a mesma tarifa.
Não querendo estar perto dos jogadores que fumavam charutos ou das
senhoras da noite que ofereciam sorrisos falsos, ela disse:
Ela viu algumas das mulheres de olho em seu diálogo, então em vez de
chamar mais atenção sentou-se em uma e ele pegou a outra.
─ Você pode ir se juntar às mesas se quiser, eu vou ficar bem ─ ela disse.
─ Obrigado, mas não quero que nenhum dos homens tenha a impressão
equivocada de que você está viajando sozinha.
Não havia ocorrido a ela que poderia estar em perigo, mas na realidade
sabia que ele estava certo. Ela acreditava que não seria abordada pelos homens
sentados com suas famílias, mas os tipos extravagantes com seus ternos
chamativos e cabelo com pomadas eram outra história.
─ É um prazer.
─ Pilar?
─ Eu vou ficar bem. Eu só queria te assegurar que não foi nada que você fez ou
disse.
Estava claro que ele também estava sofrendo. De dentro dela surgiu uma
necessidade de consolá-lo tão grande que ela foi pega de surpresa pela
intensidade. Ela estava desejando cuidar dele muito mais do que queria e se
perguntou se isso era sensato.
─ Eu também.
Ela hesitou. Gato escaldado tem medo de água fria. Ela poderia confiar
nele? Ela não sabia, mas uma parte dela queria então ela concordou.
─ Gostaria disso.
Ele pegou as mãos dela gentilmente e deu um beijo leve nas pontas dos
dedos.
─ Você gostaria de uma xícara de chá ou algo para aquecer para que você não
pegue um resfriado da chuva?
─ Eu volto já.
Noah atravessou a sala lotada e saboreou sua sorte. Sua relutância tinha
sido clara e francamente, esperada. Ele a emboscou, usou a boa vontade que ela
tentou trazer para o casamento não convencional e a apunhalou com sua
tentativa de explicar. Não, ele não tinha dito a ela toda a extensão dos demônios
que o perseguiam, principalmente porque ele não tinha vontade de mergulhá-la
no inferno com ele, mas na verdade ela já estava lá. Na verdade ele não tinha
ideia do que fazer em seguida, a não ser aproveitar cada dia e momento e
esperar que o futuro oferecesse uma solução que libertasse os dois.
Quando eles saíram do trem, a primeira coisa que ela queria era um
banho. ─ Existe algum lugar que eu possa me lavar?
─ Elas são segregadas também? ─ ela perguntou quando eles saíram da estação.
─ Sim, mas há bastante para escolher. Depois novos sapatos e uma mudança de
roupa estão em ordem. Nós dois estamos fedendo.
Para uma mulher criada no campo, a ideia de que ela estaria a milhares
de quilômetros de casa era muito assustadora. As ruas estavam congestionadas
com carruagens e carroças. Havia multidões de pessoas nas calçadas e ela
achava difícil não ficar olhando maravilhada para os jovens garotos que
vendiam jornais, os homens de chapéu e trajes elegantes acompanhados por
mulheres em trajes caros e carregando pequenas sombrinhas.
O lugar não era muito grande ou ocupado, mas estava limpo e os itens à
venda estavam empilhados em mesas e exibidos em armários de vestido.
Enquanto Pilar ia até a área das mulheres, Noah escolheu um terno, algumas
camisas, meias e alguns outros itens. Satisfeito com suas seleções, ele foi até o
balcão. Alguns instantes depois, Pilar se juntou a ele com suas escolhas: um
vestido marrom feio e disforme decorado com laços e babados, uma camisa,
duas saias e um par de botas masculinas. Em resposta à confusão que deve ter
aparecido em seu rosto, ela explicou:
Ele supunha que fazia sentido, mas. . . ele decidiu não discutir, mas o
vestido justificou a discussão.
─ Está tudo bem ─ ela disse. ─Estar na moda não é uma preocupação.
Noah pagou pelas compras e eles saíram para procurar a pensão que o
dono da casa de banhos sugeriu. Demorou um tempo para encontrar um coche
que transportasse pessoas de cor, mas uma vez que o fizeram, eles se instalaram
para o passeio. O trem para Denver só sairia de manhã então eles precisariam
de um lugar para dormir à noite. Eles não tinham dormido em uma cama desde
que saíram da Sra. Fitzhugh. Embora Pilar não choramingasse ou se queixasse
das acomodações pobres no trem, ele sabia que ela adoraria colocar a cabeça em
algum lugar além de um chão sujo. O pensamento de compartilhar uma cama
com ela mandou sua mente de volta para o ato sexual e as consequências
Era tão maravilhoso estar limpa de novo, que Pilar queria cantar. O fedor
do vagão de carga em sua pele tinha sido substituído pela sutil fragrância doce
do sabão que ela usava e ela se sentiu humana novamente. Enquanto o
condutor, um cavalheiro um pouco mais velho e gentil que se apresentou como
Oscar, levou-os ao seu destino, ela olhou para Noah e encontrou-o olhando
para ela. Ele se inclinou, roçou os lábios contra a testa dela e disse suavemente:
─ Mesmo?
Ela assentiu.
─ Bom.
─ Bem vindos.
─Sim. Há apenas duas outras pensionistas aqui agora, então você pode escolher
entre os três quartos normais ou a grande suíte no último andar. Eu cobro mais
por esse, no entanto.
─ Entendido.
─ Sim, senhora.
─ Há uma sala de banho anexa com uma banheira. Se você quiser pagar extra,
pode comer aqui em vez de ir para baixo na sala comum. Há também uma
varanda saindo por aquela porta.
─ Quanto?
Pilar olhou para ele e isso lhe rendeu uma piscada divertida.
Pilar disse:
─ Gostaria disso.
Noah também sentira falta de seus beijos. Ele tinha perdido a suavidade
de sua pele, seus gemidos suaves de prazer e a sensação de seus mamilos
roçando suas palmas. Quando as roupas caíram, ele deslizou a mão para dentro
e encheu-a de carne quente e aveludada. Ele levou o mamilo duro em sua boca.
Enquanto ele ardentemente apreciava primeiro um e depois seu gêmeo, sua
masculinidade se estendia luxuriosamente. Querendo mais ele desabotoou o
botão no cós da saia e puxou-o para baixo até que a roupa se acumulou a seus
Dentro da névoa que cercava Pilar, ela estava ciente de sua respiração
irregular e coração acelerado. Seus mamilos estavam maduros e úmidos, suas
pernas separadas e o calor entre suas coxas implorava por seu toque. Quando
seus dedos a encontraram ela respirou fundo e fechou os olhos contra a
felicidade.
─ Eu poderia fazer amor com você por toda a vida, querida, ─ ele sussurrou
densamente ainda se divertindo na umidade úmida de suas coxas. Nunca lhe
ocorreu que o ato de fazer amor pudesse ser realizado durante o dia com a luz
do sol entrando pelas janelas, mas ela achava o ambiente tão agradável quanto
as mãos dele. Suas calças foram puxadas para baixo e tiradas e lá estava ela com
seu espartilho aberto e meias, enquanto latejava em resposta ao seu contato
perito. O calor em seus olhos queimava como chamas. O toque de seus dedos
instilou sua própria versão de chamas, e o orgasmo, como uma tempestade à
distância, começou a subir.
─ Você é ousada.
─ Eu quero que você se ajoelhe sobre mim. Coloque um joelho aqui e outro
aqui, ─ disse ele indicando as almofadas do sofá.
─ Por quê?
─ Muito.
E ela fez. Era chocante, mas muito satisfatório se mover para cima e para
baixo em tal esplendor masculino. A fricção reacendeu seu desejo, como se um
fogo fosse acrescentado ao calor e a tempestade do orgasmo se aproximando.
Os próximos momentos foram um borrão carnal cheio de beijos, calor, toques e
lambidas. Ele a tocou, ela o tocou e a respiração deles encheu o silêncio do
quarto ensolarado.
Noah não poderia ter escolhido uma aluna mais apaixonada e Pilar
ofegou por causa de seu professor escandaloso. Quando ele pôs a mão entre
seus corpos unidos e brincou com o dedo sobre o botão que a definia como
mulher, a tempestade quebrou e seu orgasmo arrancou o nome dele de seus
lábios. Quando ela se retorceu e estremeceu no ritmo de seu orgasmo, a visão
dela combinada com o aperto de sua vagina fez com que ele agarrasse seus
quadris, bombeasse desinibidamente e explodisse com um grito de alegria
erótica.
─Todas elas?
─ Você acha?
─ Acho.
Encontrei a pirata.
Casado.
Viajando de trem.
Em breve.
Max veio por trás, colocou os braços em volta da cintura dela e roçou os
lábios suavemente contra o seu pescoço. Ela o amava tanto.
─ Você acha que ele se casou com a pirata que pegou seu barco?
Ela concordou.
─ Mas eu tenho a mais interessante, então que tal você vir para a cama e me
deixar te mostrar.
Ele estava certo claro, e por isso ela colocou o braço em volta de sua
cintura e eles entraram.
O trem para Denver não separou as raças de modo que Pilar teve a
chance de ver a paisagem do campo por uma janela. Ela ficou novamente
impressionada com o tamanho e o alcance da América. Eles passaram por áreas
abertas - Noah as chamou de pradarias - e não havia nada parecido com elas em
Cuba. Seus pensamentos voltaram para sua família e ela se perguntou como sua
mãe e irmã Doneta estavam se saindo, e se estavam sentindo falta dela tanto
quanto sentia falta delas. Ela esperava que elas pudessem pegar o trem para
visitá-la em sua nova casa no rancho de Noah o mais rápido possível, porque
ela queria vê-las novamente. De sua parte ela estava mais feliz do que jamais
imaginara que seria quando Noah Yates pedira sua mão. Naquela época ela não
tinha ideia de como ele poderia ser encantador. Desde sua trégua na viagem de
trem, ele tinha sido atencioso, preocupado e delicioso de estar - para não
mencionar extraordinário na cama. Talvez, apenas talvez o casamento deles
fosse um sucesso. Seu fluxo mensal chegou no dia em que deixaram St. Louis,
então não havia bebê a caminho e ela tinha sentimentos mistos sobre isso. Por
um lado ela queria um filho, mas por outro não muito cedo. Ela queria conhecer
os meandros de Noah antes de voltar sua atenção para um bebê. Até onde ela
sabia, ele não tinha sido visitado pelos pesadelos que estavam na raiz de sua
desavença inicial, mas ela não podia deixar de se perguntar sobre o que eram os
sonhos. Porém em vez de importuná-lo, ela manteve as perguntas à parte com a
esperança de que o problema se resolvesse de uma maneira que satisfizesse os
dois.
─ Um penny por seus pensamentos ─ ele disse enquanto viajavam para Denver.
─ É um lugar grande e quando chegarmos a Denver, temos ainda mais dois dias
de viagem antes de chegarmos a São Francisco.
─ Eu também estou. ─ Ele esfregou uma mão gentil sobre as costas dela. ─
Como você está se sentindo?
─ Eu estarei melhor quando minhas regras terminarem, mas não estou muito
desconfortável. ─ Ela não tinha ideia que o assunto não era algo que as
mulheres discutiam com seus maridos, mas desde que se tornou ciente de sua
condição ele não tinha sido nada mais que preocupado e atento indo tão longe a
ponto de perguntar se havia algo que ele pudesse fazer ou fornecer para ajudá-
la. Sua consideração era cativante. ─ Qual é a primeira coisa que você quer fazer
quando chegar em casa?
─ Dormir tudo o que faltou nessa viagem, depois ir a São Francisco e olhar um
novo barco.
─ São águas passadas. Além do mais se isso não tivesse acontecido não
seríamos marido e mulher.
─ Eu estou.
A parada não durou muito tempo, mas durou o suficiente para que
comprassem dois sanduíches recheados com presunto e copos de limonada
gelada. No momento em que retomaram a seus lugares, estavam descansados e
prontos para a jornada restante até Denver.
Ele riu.
─ Você é cubana.
─Obrigada!
Ela teve que se contentar com um manto, mas ajudou. O trem para San
Francisco não partiria até a manhã seguinte, então eles foram para uma pensão
e depois do jantar a exausta Pilar rastejou na cama.
E porque ele devia, também precisava descobrir como ele queria que seu
futuro imediato com ela fosse. Ele duvidava que fosse desistir de seus laços com
o mar, mas ter uma esposa significava que ele não podia mais passar meses e
meses a bordo de um navio a milhares de quilômetros de casa. Embora
encontrar um navio para substituir o Alanza afundado fosse uma prioridade,
navegá-lo como um modo de vida não era, e essa admissão o surpreendeu
porque não era algo que ele tinha pensado antes. Nunca lhe ocorreu que ele
pudesse de bom grado chegar a tal conclusão. Desde que fora sequestrado tudo
que ele sempre quis era estar no mar. Ele olhou para ela dormindo nas sombras
do outro lado da sala. A partir do momento em que cruzaram as espadas ele
sabia que ela poderia mudar sua vida, e ela não o fez de grandes maneiras, mas
de maneiras tão pequenas e tão poderosas quanto ela.
─ Neve.
─ Para onde estamos indo apenas ocasionalmente, mas lugares ao norte de nós
ficam brancos. ─ Ele achou suas reações cativantes.
─ Neve, andar com animais, couro de porco. O que estou fazendo aqui? Eu voto
que voltemos para a Flórida.
Ela lhe deu uma cotovelada de brincadeira nas costelas e voltou os olhos
para o lado de fora de sua janela, enquanto Noah voltava para o jornal que
pegara no depósito de Denver naquela manhã. Um dos itens mais interessantes
foi um artigo sobre o inventor alemão Karl Benz e seu lançamento de algo
chamado Benz Patent Motorwagon. Ele foi anunciado como o primeiro
automóvel a gás projetado para gerar sua própria energia. O relatório
especulou que nos próximos anos o novo motor poderia ser aplicado a todos os
modos de transporte, tornando os motores movidos a carvão e vapor em trens e
embarcações à vela uma coisa do passado. Noah não tinha certeza se acreditava
nisso, mas planejava ficar de olho em novos artigos no futuro. Outro artigo
tinha a ver com o exército e suas tentativas fúteis de capturar o chefe dos
Apaches, Geronimo, que reinava como o último grande líder índio não oficial
em uma reserva. Noah esperava que o velho chefe astucioso continuasse a
persegui-los.
─Já estava na hora. Cuba e Brasil são os únicos dois lugares do mundo que
ainda praticam a escravidão, mas eu não acredito neles até que isso aconteça.
Alguma coisa sobre o general Maceo ou os rebeldes?
─ Não.
─ OK. Obrigada.
Sua tristeza tocou seu coração, mas como ele não tinha como fazê-la se
sentir melhor a não ser deixá-la voltar para a ilha para poder pegar em armas
contra a Espanha, ele voltou solenemente ao seu jornal.
─ Tudo bem, Noah ─ e acrescentou com sinceridade: ─ Minha vida é com você
agora. Espero que eu aprenda a amar sua pátria tanto quanto amei a minha.
Quando chegaram a São Francisco, Pilar não queria ver outro trem por
pelo menos cinco anos. Suas costas doíam não só da prolongada viajem, mas
também de ter que dormir no assento. As escolhas alimentares tinham sido
limitadas e os banhos estavam fora de questão. Sua viagem fora feita, no
entanto, e isso a agradou se nada mais.
─ Nós temos mais um trem para pegar querida, então podemos ambos sentir
alívio.
─ Noah!
─ Acabei de chegar de Los Angeles. Onde você esteve, seu homem malvado?
─ Lavínia, quero que você conheça minha esposa, Pilar. Pilar, esta é Lavínia
Douglas.
─ Sua esposa?
─ Não muito. Nos pegou de de surpresa, devo admitir. ─ Seu sorriso ganhou
um dela em resposta.
─ Devo dizer que nunca esperei que você fosse capturado por alguém tão
....estrangeiro, digamos.
─Sim. Esta é a primeira vez de Pilar nos Estados Unidos. Estou ansioso para ela
conhecer a família.
─Entendo. Não deixe de avisar da próxima vez que estiver em São Francisco
para jantarmos. Papai adoraria conhecê-la também. E, por favor, use esse
pequeno vestido pitoresco Pilar.
─ É bom ver você, Noah. ─E sem uma palavra para Pilar ela se despediu.
─ Ah, Pilar. Você é tão maravilhosa. Ela teria um ataque se escutasse ser
chamada de novilha.
Ainda rindo, ele a levou através da estação para pegar o trem final para
sua casa. Pilar estava exausta demais para interrogá-lo sobre a grosseira Lavínia
Douglas, mas planejava fazê-lo no futuro próximo.
Seu nervosismo logo foi superado pela maravilha. O rancho era vasto.
Ela sabia que ele era rico, mas o grande tamanho rivalizava com algumas das
grandes plantações em Cuba. Havia hectares e hectares de terra até onde ela
podia ver: gado, currais prendendo cavalos, pomares, trabalhadores.
─ Sim, quando eu era muito jovem. Ela trabalhou até o osso para criar isso.
Meus irmãos e eu somos muito orgulhosos de sermos seus filhos.
Pilar notou o respeito e o amor em seu tom. Era claro que ele se
importava profundamente com ela e ela achou essa informação agradável.
A imensa casa que surgia era linda também. Jardins bem cuidados e
varandas de ferro forjado chamavam sua atenção. Até as janelas eram mais
grandiosas do que a casa dela em Cuba. O que sua mãe acharia de seu filho
mais novo trazendo para casa uma quase mendiga no lugar de noiva? Pilar não
teve resposta, mas respirou fundo para tentar acalmar as borboletas em seu
estômago.
─ Você não deveria estar. Ela vai adorar você tanto quanto minhas cunhadas.
Ela esperava que ele estivesse certo apesar de uma parte dela achar difícil
de acreditar. Afinal ela fora responsável pelo naufrágio do navio que levava seu
nome. Como ela poderia ser feliz sabendo que seu filho se casou com a
culpada? Pilar rezou para que essa reunião inicial desse certo.
Ele sorriu.
─ Sim ela é.
─ Agora, eu tenho três nueras! ─ Alanza declarou em uma voz tão cheia de
orgulho e entusiasmo que Pilar não pôde deixar de sorrir.
Pilar congelou.
─ Casei.
─ Sim.
─ Espadas!
Pilar resmungou:
Sua mãe olhou entre os dois, parecia prestes a falar, mas aparentemente
mudou de ideia e riu.
─ Fico feliz que você insistiu que tomassemos lições, caso contrário ela poderia
ter me superado. ─ Seus olhos provocaram Pilar.
Alanza exclamou:
─ Primeiro Mariah, depois Billie, e agora uma espadachim chamada Pilar. Dios!
Que Alanza havia se dirigido a ela em espanhol, uma língua que ela
achava que nunca mais ouviria de novo, somada à sua súbita e embaraçosa
crise de saudade, então ela respondeu em uma corrida de espanhol que ela
estava apenas com saudades de Cuba e de sua família, e de falar sua língua
─ Ele falou, mas apenas ocasionalmente. Eu não tenho certeza de quão fluente
ele é para ser sincera. ─Até agora ela só o ouvira falar em espanhol quando
falava carinhos.
─ Ele fala inglês e espanhol. Sempre fez. Por que sua esposa não sabe que você
fala espanhol?
O calor em seu olhar, potente como uma carícia, fez seus mamilos
apertarem descaradamente e ela rapidamente desviou o olhar.
─ E Max?
─ Na serraria, olhando por cima de alguma madeira. Todo mundo vai estar
aqui para o jantar como sempre. Vocês dois estão com fome? Eu posso pedir
que Bonnie te prepare algo para comer.
Pilar sabia por Noah que Bonnie era a cozinheira da casa. Ela estava
realmente com fome depois do longo dia.
─ Ok, leve minha nuera ao andar de cima e eu vou mandar Bonnie em breve. O
jantar será em poucas horas. ─ Ela fez uma pausa, gentilmente pegou as mãos
de Pilar e disse com sinceridade: ─ Bem-vinda.
─ Minha mãe cresceu nesta casa ─ explicou ao lado dela. ─ Seus pais herdaram
de seus pais e cada geração adicionou ao prédio original. Não é tanto um
labirinto quanto parece.
─ Em alguns lugares é uma tradição para o homem levar sua nova esposa para
a casa deles.
Não sabendo nada sobre tal coisa, ela descansou tranquilamente em seus
braços até que ele a colocou delicadamente de pé. Ela olhou em volta. Como o
resto da casa, o cômodo era grande, tão grande que sua casa inteira em Cuba
poderia se encaixar confortavelmente dentro com muito espaço de sobra. Uma
das paredes continha uma grade e espalhava-se luminárias, cadeiras
confortáveis e um grande sofá. O espaço também continha um magnífico piano.
Vivemos bem, Pilar ─ retrucou, ele. ─ Esta é a sua casa agora também.
─ Eu concordo. ─ Noah seria o primeiro a admitir que tê-la com ele o fez se
sentir ainda melhor. ─ Eu estava certo sobre a reação da minha mãe com você?
─ Sim, Noah. Você estava correto. Ela é muito gentil. Seus irmãos são casados
com mulheres americanas?
─ Não, então não diga a ela. ─ Ele traçou seus lábios. ─ Estava querendo beijar
você o dia todo. ─ Juntando a ação às palavras, ele se inclinou e roçou os lábios
sobre os dela imaginando se seu desejo por sua esposa diminuiria. ─ Nos
próximos dias, vou fazer amor com você de todas as maneiras possíveis e em
cada centímetro dessa sala. . . ─ Ele persuadiu-a e ela se ajoelhou na almofada
da cadeira para que pudessem se devorar mais confortavelmente. ─ . . . em
nossa cama, nos tapetes diante do fogo, do lado de fora, na varanda sob a lua.
─ Então, vou tomá-la em cima do meu piano e pintar seus mamilos com mel. . .
─ Isso seria bom. Por favor, diga a ela que seja bem-vinda.
─ Eu digo.
Caminhando de volta para o quarto, ele parou ao ver sua esposa dobrada
na cadeira dormindo profundamente. Balançando a cabeça um pouco
desapontado, porque ele planejou fazer amor com ela, ele colocou a bandeja no
chão. Depois ele a pegou gentilmente, colocou na cama e cobriu-a com uma leve
colcha. Ela nem se mexeu. Ele acariciou um dedo pela bochecha dela. Eles
percorreram um longo caminho desde que deixaram a Flórida e na verdade ela
merecia algum descanso. ─ Bem vinda ao lar, Pilar. Obrigado pela sua luz do
sol.
Deixando-a, ele pegou a bandeja e levou-a para a sala de estar para que
ela pudesse dormir em paz.
Pilar sorriu por cima do copo. Ela ficou satisfeita por todos a terem
recebido tão calorosamente. Ela ainda estava um pouco nervosa, mas todos
pareciam estar saindo de seu caminho para deixá-la à vontade. Ela não pôde
deixar de notar como ela parecia simples em comparação com suas duas
cunhadas arrumadas. Embora elas não estivessem exageradamente bem
vestidas, ela em sua blusa simples e saia barata parecia uma prima pobre. Ela
não queria ser um embaraço se eles tivessem visitas, então ela esperava
convencer Noah a engordar seu guarda-roupa e que Billie e Mariah poderiam
ajudá-la a escolher roupas mais elegantes. Sua irmã Doneta sabia tudo sobre
esses tipos de coisas, mas ela não estava lá. Sentindo a tristeza descer
novamente ela voltou sua atenção para a miríade de conversas que fluíam ao
redor da grande mesa.
Billie disse: ─ Não deixe ela te enganar, Pilar. Quando ela diz pequena
você pode contar com três quartos do estado sendo convidado.
─ Você pode também dizer sim e acabar com isso porque ela vai conseguir o
que quer. Sempre consegue.
Max disse: ─ Sua sogra é extravagante, mas o coração dela está no lugar
certo.
─ É o que acho.
─ Bom.
Logan olhou para a esposa: ─Só nos deixe dinheiro suficiente para pagar
as contas e os funcionários, ok?
Todo mundo riu incluindo Pilar que decidiu que ela só poderia gostar de
estar nesta família, afinal.
O jantar terminou um pouco mais tarde e Noah e seus irmãos foram para
fora para pegar seus charutos. Logan foi imediatamente chamado por um dos
funcionários, que subiu para dizer a ele que as vacas estavam escapando por
um rombo na cerca.
Rindo, Logan correu para pegar seu cavalo, deixando Noah e Drew para
trás no pátio.
─ Então, Noah ─ disse Drew. ─ Você está mais feliz do que quando lhe vi da
última vez, ou é apenas minha imaginação?
─ Me fale primeiro sobre essa pirata. Seu telegrama enigmático nos deixou
confusos. O que aconteceu com ela?
Noah sorriu enquanto seu irmão tentava limpar o pulmão. ─ Sim. ─ Ele
então contou a história, dando-lhe os detalhes sobre o sequestro inicial, sua
busca para encontrá-la, a luta de espadas e o casamento subsequente. ─ No
momento em que cruzei espadas com ela, era como se meu mundo inteiro se
abrisse.
Drew olhou para ele maravilhado. ─ Tem certeza de que você é Noah
Yates?
─ Eu tive que me fazer a mesma pergunta, mas estou a caminho de uma versão
melhorada de mim.
─ Estamos trabalhando para isso. Eu me senti mal por levá-la para longe de sua
família, mas sua mãe e seu tio concordaram que ela precisava deixar a Flórida o
─ Não. Assassinado pelas autoridades durante a guerra civil de lá. Ela se juntou
aos rebeldes quando tinha quinze anos.
Desta vez Drew não tossiu, mas seus olhos ficaram tão largos quanto os
pratos, então Noah explicou essa parte da história também.
─ Não, e eu prefiro que você mantenha entre nós. ─ E ele sabia que Drew faria.
Estando a apenas alguns anos de distância, Noah sempre esteve mais perto dele
do que de seu meio-irmão nove anos mais velho, Logan.
─ Eu não estou tentando ser ofensivo, mas preciso esconder as joias da minha
Billie?
Noah lhe deu uma olhada. ─ Você acabou de dizer que a mulher é uma
ladra, Noah.
─ Elas são duas senhoras muito especiais, meus irmãos têm sorte de tê-las.
─ Eu deveria estar preocupada com a festa que sua mãe quer fazer para nós?
─ Não. É mais do que provável que seja uma festa enorme, mas como Logan
apontou, será divertido. E, como disse Mariah, você vai comprar roupas e tudo
o mais que precisar ou desejar.
─ Consiga o que você precisa. Pessoalmente, eu prefiro você sem roupas, mas
isso pode ser desaprovado do lado de fora dessas portas.
─ Verdade?
Ele a colocou no colo. ─ Você não teria uma recompensa para seu marido
muito generoso, teria?
─ Que tal eu te amarrar do jeito que você fez comigo e te dar prazer até que me
implore para fazer você gozar?
Ele jogou a cabeça para trás e riu. ─ E você me chama de sem vergonha.
─ Sim.
─ Toda vez que fizermos amor vou beijá-lo para que quando você olhar no
espelho, você vai pensar em sua esposa cubana sem vergonha, e não no
bastardo.
O coração de Noah subiu. Ele a puxou para mais perto e a beijou com
uma intensidade tão profunda que no silêncio, ele se ouviu gemer. Ela era seu
bálsamo, seu anjo, sua razão de existir. E fiel à sua promessa, ela plantou beijo
após beijo fervoroso na manifestação visível de sua escuridão até que a carne
cicatrizada pulsou brilhantemente em conjunto com sua necessidade. Eles se
despiram lentamente, languidamente tomando o tempo para prestar
homenagem carnal a cada extensão desvelada de pele nua. Gloriosamente nus,
eles se beijaram no quarto e na cama. Ele adorou descer pelo seu corpo,
parando para lamber e sugar até que ela estivesse contorcendo e abrindo.
Quando ele finalmente entrou nela, ela arqueou e cantou com prazer
desinibido. A primeira coisa que ele queria fazer quando voltasse para casa era
fazer amor com sua esposa e ele fez, de novo e de novo e novamente até que a
energia para respirar era tudo o que restava. E no rescaldo, ela beijou sua
cicatriz uma última vez, aliviada, e eles deram seus corpos saciados para os
braços de Morpheu.
Ela se virou para vê-lo vestido com uma túnica marrom, de pé na porta.
─ Buenos días.
─ Eu queria ver o sol nascer. Deixarei uma nota para você na próxima vez.
Minha ausência o preocupou?
Ele riu.
─ Gostaria disso.
─ Você monta?
─ Claro.
─ Então depois do café da manhã, vamos encontrar uma montaria e seguir para
a cidade.
Então, enquanto eles observavam o nascer do sol, ele contou tudo sobre o
passado de ouro da Califórnia. Eles então se vestiram e desceram para tomar
café da manhã com sua mãe.
─ Onde está o Max? ─ perguntou Noah quando ele e Pilar se sentaram à mesa.
─ Houve um incêndio violento no início deste verão. A maioria dos edifícios foi
queimada ou severamente danificada. Max está supervisionando a nova
construção.
─ Sim.
─ Billie conseguir fugir por conta própria, e Drew encontrou o bebê com
amigos. Acabou bem graças aos céus, mas tudo começou com o fogo.
Bonnie entrou com a comida deles. Pilar fora apresentada a ela na noite
anterior durante o jantar, e a irlandesa deu-lhe um sorriso antes de partir.
─ Pare! ─ ela disse com uma risada. ─ Agora você vai me meter em apuros. Sua
mãe vai pensar que eu sou mal agradecida.
─ Certamente.
Ela olhava sua esposa com novo interesse. ─ Billie e Mariah nunca
fizeram tal oferta.
─ Nós temos empregados para isso, mas certamente podemos discutir sua
ajuda dessa forma.
─ Bom.
Noah viu que Pilar estava satisfeita e porque ela estava, ele também
estava.
─ Lua é uma boa montaria. Não é menina? ─ Ela deu um tapinha afetuoso na
égua. ─ Ela é mais rápida e mais forte do que os velhos que eu tinha em casa.
Os cavalos foram em passo lento para que ele pudesse desfrutar de sua
companhia, e ela pudesse dar uma boa olhada nos seus arredores ao longo da
estrada arborizada.
Ele riu.
─ Ok, elas podem não ser facilmente visíveis, mas nós temos algumas.
─ Sim.
─ Com meu pai. Meu avô pirata falava inglês também. Minha irmã e eu falamos
principalmente espanhol, assim como minha mãe, mas meus pais nos
incentivaram a aprender os dois.
Ele concordou, mas o inglês era a língua dos negócios então ele
raramente falava espanhol fora de casa.
─ Eu prefiro isso também e minha mãe vai insistir nisso. Ela fala apenas
espanhol com Tonio e a pequena Maria. ─ Noah pensou em sua noite
apaixonada e se perguntou se a intensidade criara uma criança. Se assim fosse
ele ficaria satisfeito.
─ Bom dia, Noah. Não sabia que você estava em casa. Como você está?
─ Muito bem, Will. Quero que você conheça minha esposa, Pilar. Pilar, esse
velho rabugento é Will Sally um amigo de longa data da família.
─ Igualmente.
─ Também recebi uma carta para você aqui, Noah. Chegou há alguns dias. O
escritório da telegrafia também era o dos correios do vale.
─ Mais decepcionante do que qualquer outra coisa. Ele quer dissolver nossa
parceria para poder passar mais tempo com sua esposa e filhos.
─ Eu sinto muito.
─ Ele tem falado em se afastar há mais de um ano. Acho que ele tomou sua
decisão.
─ Bom dia. Eu esperava que vocês dois ainda estivessem dormindo depois de
toda aquela viagem. Você está apenas mostrando à minha adorável cunhada os
arredores ou está aqui a negócios?
─ Ambos. ─ Quando Noah explicou o que ele precisava, Drew fez um dos dois
funcionários lidar com o assunto.
─ Estou ansioso para conhecer sua família, Pilar ─ ele disse genuinamente.
─ Meu clube de armas das senhoras. Estamos nos encontrando aqui hoje. Pilar,
você está convidada a se juntar a nós.
─ Eu nunca ouvi falar de uma coisa dessas ─ disse Pilar olhando para as
mulheres enquanto elas continuavam a se instalar.
Noah nunca tinha ouvido falar de tal coisa também. ─ Vocês duas vão
atirar. Eu vou para dentro onde estarei a salvo.
Ela riu. ─ A primeira vez que elas se encontraram aqui algumas semanas
atrás, a má pontaria de alguém derrubou uma das vacas. Logan ficou furioso.
Desde então aprendemos a mover o gado para uma distância segura. Os
funcionários também dão à área um amplo espaço. ─ Ela o olhou
silenciosamente. ─Você tem tempo para sentar e conversar um pouco com sua
mãe?
─ Boas ou ruins?
─ E você teve grande alegria em nos esfregar com terebintina até que
estivéssemos em carne viva. Até hoje o cheiro faz meu estômago revirar. ─ Ele
parou por um momento e pensou de volta. ─ Então houve a vez em que
trouxemos as vacas para a casa para ver se elas poderiam subir as escadas.
Ela riu.
─ Foi uma maravilha eu deixar vocês dois viverem para serem adultos. Eu
estava convencida de que você ia me colocar no meu túmulo.
─ E houve algumas vezes que pensamos que você ia nos colocar em um túmulo.
─ É bom ter você em casa novamente, Noah. Alguma ideia de quanto tempo vai
ficar desta vez?
─ Não tenho certeza. Eu recebi isso hoje. ─ Ele passou a carta de Kingston e
ficou em silêncio enquanto ela lia.
─ Eu gosto de Pilar.
─ Entendido. Eu duvido que seja ele novamente, mas há pedaços dele por
dentro e tudo de mim ainda te ama. Muito.
Ela assentiu.
─ Eu agradeço que você faça isso por Pilar. Apenas deixe-me saber o quanto ela
vai precisar.
─ Eu vou. Espero que você não se importe de eu gastar parte do meu próprio
dinheiro com ela também.
Por sua vez, ele deixou cair a sua, divertido como sempre por seus
modos mandões. Ele poderia ter mudado, mas sua mãe não.
Em seu quarto ele foi até a varanda para ver como as mulheres armadas
estavam progredindo. O ar se encheu com o estalo de balas disparadas e ele se
perguntou se estava em perigo. Ele viu Pilar entre as dezenas de pessoas
presentes. Ela estava segurando um rifle levantado e parecia estar mirando
duas latas colocadas em cima de um cavalete a poucos metros de distância. Ela
apertou o gatilho. O ombro dela recuou com o coice do rifle, mas a bala não
acertou. Billie disse algo para ela e Pilar mirou novamente. Ela disparou de
novo e de novo, não acertou nada. Rindo ele voltou para dentro.
─ Não seja tão dura consigo mesma, Pilar ─ disse Billie. ─ Você vai ficar bem.
Você está acostumada com pistolas. Rifles são diferentes.
─ Eu não consigo acertar a lata, Billie. ─ Ela não podia acreditar que fosse tão
inepta.
─ Pelo menos você está familiarizada com armas de fogo. Quando começamos
no início deste verão, algumas das mulheres estavam com medo da arma, das
balas e do som da arma.
Ela assentiu.
Billie sorriu.
─ Logan estava tão zangado. Ele fez todas as mulheres irem para casa e não
falou comigo por dias.
─ Você vai ficar bem, Pilar. E mais uma vez, bem vinda ao vale.
─ Obrigada.
Ele parou.
─ Eu fui horrível. Não tinha ideia de que atirar com um bom rifle seria tão
difícil. Eu costumava caçar com um mosquete velho, mas...
─ Você caça?
─ Todo mundo que mora no campo caça, Noah. Se você não caça, não come.
─ Mais uma coisa que sua sogra vai amar sobre você.
─ Ela caça?
─ Bastante.
─ Vá na frente.
─ Max os construiu para minha mãe depois que meu pai morreu para que ela
pudesse vir aqui e chorar em paz. Todo mundo os aproveita agora.
─ Drew e Billie. Ele queria construir naquele ponto desde que éramos jovens.
Max desenhou e os homens do vale ajudaram na construção.
─Não tenho certeza. Não pensei muito nisso até você aparecer ─ ele disse,
sorrindo. ─ Tinha planejado passar o resto da minha vida a bordo de um navio.
─ Não. ─ Noah se perguntou como seriam seus filhos. Eles teriam o queixo
orgulhoso de sua mãe e expressivos olhos escuros? Eles seriam altos e robustos
como ele e tocariam piano? A única coisa certa era que eles não teriam sua
cicatriz e isso era uma coisa boa. ─ Você se importa de esperar até que eu
decida o que vou fazer, agora que Kingston está se afastando da nossa parceria,
para decidir onde queremos viver?
─ De modo nenhum.
─ Podemos ir ver?
─ Claro.
─ Eu gosto disso ─ disse ela enquanto se equilibrava para pular de uma rocha
acima da água em movimento rápido. ─ Me lembra um pouco de casa. Eu não
me importaria de morar aqui.
─ Bom. É perto da casa principal, mas longe o suficiente para nos dar toda a
privacidade que precisamos.
Ele colocou as mãos na cintura dela e a levou até onde ele estava e olhou
para o rosto que estava alterando sua visão da vida.
─ Se você tem que perguntar, é por que você tem que corrigir alguma coisa.
Como sempre, beijá-la encheu sua alma de luz, calor e alegria. Ele recuou
e perguntou:
─ Como foi?
─ Já tive melhores.
Ele a golpeou para trás e a puxou de novo, desta vez beijando-a tão
profunda e arrebatadamente que ela se encostou contra ele e um ronronar
silencioso de prazer escorregou de seus lábios.
─ Melhor?
Rindo, eles correram para a carroça. Ele puxou uma lona, jogou-a sobre
as cabeças e dirigiu os cavalos para casa.
─ Obrigada.
─ De nada
Feliz.
Amor,
Doneta
─ Sim. Eu não posso esperar para vê-las. Parece anos desde que as vi pela
última vez.
Ela olhou para o jogo, viu suas alterações e olhou nos olhos dele.
─ Eu?
─ Nós definitivamente temos que conseguir um. Aquele fogo em seus olhos me
faz querer tirar minha própria espada, se é que você me entende.
─ E eu digo que você não pode. ─ Ela sabia que estava destinada a perder e na
verdade estava ansiosa por isso, mas aquilo era uma dança, um jogo, sua
própria versão sedutora de uma luta e ela esperava que eles jogassem juntos
pelo resto de suas vidas.
─ Eu acho que eu quero você parcialmente nua ─ ele expressou e ela balançou
em sua cadeira. ─ Você pode começar removendo sua blusa.
─ Agora o espartilho, mas não o remova. Eu amo o jeito que molda seus belos
seios quando está aberto. . .
Pilar concordou certificando-se de que ela fizesse isso devagar para que
pudesse saborear o brilho em seu olhar. Seduzi-lo enquanto ele a seduzia a
encheu de uma sensação decadente de poder. Segurando os olhos dele ela
passou a mão preguiçosamente sobre os seios nus. Ele sorriu.
─ As calcinhas também. Você tem cerca de dois minutos antes do relógio bater.
─ Ela se levantou e mesmo que ele não tivesse perguntado, ela levantou a saia
para que ele pudesse vê-la se desvelar e jogar a peça de lado.
─ Deite-se.
─ Estou pensando na noite passada. Com todo esse ato de amor há uma boa
chance de termos criado um filho.
─ Tendo visto o caos que Antonio causou no curto espaço de tempo que
estamos aqui, definitivamente uma garota.
Ele riu.
─ Estou feliz que você pense assim. Eu não tenho tanta certeza.
Ela o abraçou com força então se levantou na ponta dos pés e deu um
beijo suave na bochecha marcada.
Ele a puxou para seu abraço e a segurou com tanta força quanto ela o
segurou. ─ Obrigado por se casar comigo.
Pilar sorriu para essa mulher muito especial e respondeu em sua língua
nativa. ─ Sim. Ela disse para seguir em frente na trilha, correto?
─ Sim.
─ Tudo bem se eu for a cavalo? Faz tanto tempo que não monto regularmente,
estou gostando de andar a cavalo.
─ Claro. Sinta-se a vontade para viajar a qualquer hora para qualquer lugar
exceto para a Flórida, é claro.
─ Tenho medo que seja tarde demais para se livrar de mim agora.
─ Estou. Mais do que eu acreditei que gostaria. Sua família tem sido muito
gentil.
─ Nós levamos nossos laços familiares muito a sério, e obrigada pelo que fez
por Noah. Ele não tem sido o mesmo desde que foi sequestrado, mas parece
mais relaxado agora, e eu atribuo isso a você.
─ Não tenho certeza se essa é a razão, mas gosto de estar com ele e espero que
ele sinta o mesmo.
─ Ele sente. Eu vi o jeito que ele olha para você. Tê-lo de volta é mais precioso
do que qualquer coisa que eu possa ter. Você vai ficar no meu coração para
sempre.
─ Obrigada.
─ Agora vá antes que eu comece a chorar, mas não se esqueça, nós vamos pegar
o trem amanhã cedo para nossa viagem de compras.
─ Que excitante, então vamos esperar e fazer a festa para você e Noah quando
chegarem. Tudo bem?
O interior era tão lindo quanto o exterior. Era bem mobilada, mas não
extravagante.
Sua segunda surpresa foi ver Billie lá. Pilar gostara imensamente da
companhia dela na reunião do clube de armas.
─ Bom dia, Billie. Eu não estava esperando ver você aqui também.
─ Eu não queria ouvir todos os seus segredos de segunda mão. Você é nossa
nova irmã e 'Riah e eu queremos saber tudo, especialmente como você e Noah
se conheceram. Ele parece tão misterioso.
Mariah riu.
─ Posso pelo menos tirar suas medidas antes de você submetê-la à 'Inquisição'?
Pilar riu.
─ Sim e rezando todas as noites e dias para que seja uma menina desta vez.
Pilar pensou na conversa que ela e Noah compartilharam antes. Ela seria
a próxima na fila para trazer um novo bebê Yates ao mundo? Deixando isso de
lado ela olhou ao redor da pequena loja de Mariah e ficou impressionada com
todos os tecidos e aviamentos armazenados e expostos de maneira tão perfeita.
Alguns manequins exibiam vestidos em andamento. ─ Devo dizer que admiro
que você seja capaz de fazer tudo isso. Eu posso substituir um botão e fazer
alguns pontos, mas não muito mais.
─ Não. Minha mãe é uma bruxa. Eu não podia esperar para vir para a
Califórnia.
─ E Billie e Drew?
Pilar começou a tossir o que colocou sorrisos nos rostos de suas cunhadas.
─ Então Pilar agora é a sua vez. Sabemos que você foi a pirata que pegou o
barco dele, mas por quê?
─ Deixe-me começar do início. ─ Então ela contou sobre seus laços com os
rebeldes e sua necessidade de um navio e depois sobre o rapto de Noah.
Mariah disse:
─ Ele estava muito chateado quando veio para o casamento de Alanza, mas ele
não disse nada sobre ser sequestrado.
─ E eu aqui pensando que meu casamento era uma história do século ─ disse
Billie em um tom maravilhado. ─ O meu é uma história de ninar em
comparação.
─ Então eu não tive escolha a não ser pedir a ele para se casar comigo
imediatamente, e estamos aqui.
Esta era a segunda vez que alguém mencionava naquele dia que Noah
estava apaixonado por ela. ─ Não tenho certeza se ele me ama, mas nós estamos
─ O quê? ─ Billie respondeu. ─ Você está dizendo que Logan não faz você
gritar?
A pele clara de Mariah mostrou seu rubor até as raízes de seu cabelo.
─ Pilar, você é agora um membro oficial da Sociedade das Cunhadas Yates. Fico
feliz em ter você a bordo.
─ Obrigada.
─ Obrigado.
─ De nada.
Proposta comercial.
Voltando para a casa, ela viu alguns cavalos presos. Ela sabia de
conversas com Noah que Logan frequentemente reunia cavalos selvagens e os
trazia ao rancho para vender. Um de seus tios tinha sido um excelente cavaleiro
e passou a vida a domá-los para os ricos cavalgarem. Ela e suas primas muitas
vezes ajudavam e era uma tarefa que Pilar particularmente gostava, mas o
método usado pelo pessoal do rancho a fez parar sua montaria e observar.
Aparentemente preparar o cavalo para a sela envolvia nada mais do que um
cavaleiro montando e sendo jogado até o cavalo se cansar e ceder ou pelo
menos foi assim que pareceu. É verdade que ela não vira o processo anterior,
mas achou a prática bastante estranha. Do lado de fora do curral havia um
grupo de homens incitando o cavaleiro e uivando alegremente a cada vez que o
cavaleiro caía das costas do cavalo. Ela observou por mais um momento e
desmontou.
─ Olá, pequena dama. Você é a esposa de Noah? Meu nome é Eli Braden.
─Eu não gostaria de ter um estranho nas minhas costas depois de ter vivido
toda a minha vida livre.
─ Sim.
Mais uma vez o peão tentou subir na sela e o garanhão fez o possível
para esmagar o homem contra as tabuas da cerca, em um esforço para evitar
que isso acontecesse.
─ Não.
─ Porque se você se machucar Logan vai me matar e o que quer que aconteça
seu marido vai me matar.
Ela suspirou.
─ Ei!
─ O prazer é meu.
─ Está bem. Traga-me um balde de água, por favor, ele provavelmente está com
sede.
─ Sra. Yates, por favor, volte aqui antes de se machucar. Se algo acontecer eu
nunca vou me perdoar.
─ Eu fiz isso muitas vezes e, por favor, me chame de Pilar. ─ Ela fez contato
visual deliberado com o garanhão pela primeira vez. Ele olhou para trás com
raiva.
─ Um balde, Sr. Braden. Eu prometo a você, não vou me machucar. Eu sei o que
estou fazendo.
A água foi trazida e entregue. Pilar levou o recipiente pesado até o centro
da arena e o colocou no chão. Ela se sentou no chão ao lado dele.
Noah perguntou a Eli: ─ Por que ela está sentada? Ela foi jogada?
─ Mantenha suas vozes baixas. Ela quer que todos fiquem quietos.
Noah procurou por ferimentos. ─ Ela está ferida? ─ ele perguntou com
urgência.
─ Não. Ela não tentou montá-lo. Ela está sentada falando muito quieta. Já faz
uns trinta minutos agora. Me disse que a maneira como estávamos tentando
domar o garanhão estava errada.
Logan gritou:
─ Não tive escolha. Ela subiu na cerca apesar das minhas objeções. O que é isso
com suas esposas? Elas não escutam muito bem.
Drew disse:
─ Você não estará casando com Naomi Pearl em menos de duas semanas?
─ Noah ─ advertiu Logan. ─ Se ela se machucar, Lanza lhe dará para os ursos
comerem.
─ Ela parece bem Logan, além disso, ela pode empunhar um facão contra nós se
fizermos ela sair. Que tal nós apenas esperarmos e ver o que acontece.
Drew perguntou:
─ Eu não tenho ideia. ─ Esse era um aspecto de sua esposa que ele não
conhecia... provavelmente um dos muitos.
─ Eu sei que você está com sede ─ ela murmurou baixinho. ─ Americanos
loucos machucaram seu orgulho, capturando você e colocando você nesse
curral. ─ Ela lentamente moveu a mão para trás e para frente através da água,
deixando o cavalo ouvir o som. ─ Eu ficaria com raiva também. Venha e beba.
Eu não vou te machucar ou até mesmo tocar em você neste momento. Eu
prometo.
Assim que o cavalo bebeu ele recuou para o outro lado do curral.
─ Como diabos eu vou saber? Mas acho que ela acabou de ser contratada,
especialmente se ele a deixar montá-lo.
─ Sim.
─ Ok ─ ele disse olhando para ela como se não tivesse certeza de quem ela
poderia ser. ─ Mais alguma coisa, chefe?
Logan sorriu.
─Está.
─ Eu sei que minha maneira de fazer isso provavelmente levará mais tempo do
que você e seus homens estão acostumados, mas esse é um animal muito
especial. ─ Quem será o dono dele?
─ Você. Ele é o garanhão mais tonto que já tive. Se você puder montá-lo. Ele é
seu.
─ Verdade?
─ Obrigada!
─ De nada.
Mais tarde, depois do jantar, a noite estava caindo quando ela e Noah
voltaram para o curral. Titã ainda usava a sela. De acordo com Logan, a fim de
conseguir isso inicialmente, eles tiveram que amarrar suas pernas e ele precisou
de todos os funcionários que tinha para realizar a tarefa. Pilar não queria que o
garanhão passasse por isso novamente, mas podia ser necessário para removê-
la.
─ Você não vai entrar lá, vai? ─ Noah perguntou em um tom preocupado.
─ Não, mas eu gostaria de não ir a São Francisco pela manhã, para que eu
pudesse quando me levantasse.
─ Você prefere brincar com um cavalo a fazer compras? Nenhuma mulher viva
disse isso.
─ E você tem um bom motivo. Não posso acreditar que Logan o tenha dado
para mim.
─ Meu irmão tem uma alma generosa sob toda aquela crosta. Ele simplesmente
não gosta de mostrar isso.
─ Está ficando frio. Hora de ir. Ela deu a seu garanhão um último olhar. ─ Boa
noite, Titã.
Ele relinchou. Ela balançou a cabeça para a cena e ela e Noah voltaram
para a casa.
─ Desculpe?
─ Você é o dono?
─ Eu gostaria de comprar o florete exibido na janela, mas ele diz que não posso
pagar e mesmo que pudesse, ele não o venderia para mim porque eu sou uma
mulher.
Ele riu.
─ Claro, mas como eu sou treinado e você não sabe nada sobre essas coisas por
que você não paga apenas pelo que tem na mão e sai da loja?
─ Billie?
─ Seu sobrinho insultou minha cunhada. Disse a ela que ela não pode arcar com
a espada que ela está segurando, e que mesmo que ela pudesse ele não a
venderia por causa de seu sexo. Ela o desafiou para uma luta de espadas. Você
pode querer que os outros clientes saiam. Ouvi dizer que ela é muito boa com
essa coisa e você não quer que eles vejam todo o sangue que vai fluir quando
ela lhe ensinar algumas maneiras.
─ Obrigada.
─ Quando comecei a trabalhar no Black Pearl, ele era um dos meus melhores
clientes.
─ Você deveria ter tido uma menininha boa e quieta. ─ Logan ofereceu.
─ Vou lembrá-lo dessas palavras quando ela ficar mais velha e os meninos
começarem a aparecer.
Max disse:
─ Não.
─ Você não estava passando o tempo com ela uma vez? ─ Drew perguntou.
─ Estava.
Ele assentiu.
Max afirmou:
─ Espero que ela controle suas maneiras enquanto está aqui. Sua mãe pode
levantar um chicote contra ela de outra forma.
Enquanto Noah esperava que seus convidados chegassem, ele foi até
seu quarto e sentou-se ao piano. Uma composição musical passara por sua
cabeça nos últimos dias e ele queria começar a trabalhar nela. Ele já sabia como
seria chamada: Sonata de Pilar. Pegando algum papel ele escreveu algumas
notas iniciais e começou a tocar. Ele queria que a peça fosse a personificação
musical de seu relacionamento: o mistério de seu encontro inicial, sua busca
para encontrá-la novamente e o perigo e a excitação da luta de espadas - um
movimento que ele planejava intitular “La Verdadera Destreza”, seria seguido por
outro representando a paixão que encontravam um no outro; mas no momento
ele se concentraria no começo da sonata.
─ Muito chocante, não estou? ─ Walt falou com uma voz rascante.
Lavínia o interrompeu.
─ Existe uma pensão onde podemos ficar? Eu não vi nada na cidade quando
descemos do trem. Voltaremos amanhã.
─ Vocês são mais que bem-vindos como nossos convidados. Nós temos muito
espaço.
─ Eu gosto disso ─ disse Walt com um sorriso. ─Não vejo sua linda mãe há
bastante tempo.
─ Ela, minha esposa e cunhadas estão em São Francisco, mas devem voltar hoje.
─ Ela é cubana, Walt. Que tal irmos para o pátio sentar e conversar enquanto
peço para Bonnie trazer alguns refrescos?
─ Eu ainda não conheci sua mãe ─ apontou Lavínia. ─ Você nunca me trouxe
aqui para conhecê-la.
─ Vini tem cuspido unhas toda a semana sobre sua nova esposa. Disse a ela
anos atrás que você não ia se casar com ela. Um homem não vai comprar a vaca
quando consegue o leite de graça. ─ Ele riu disso, o que provocou uma crise de
tosse. Ele puxou um lenço e o arrastou pelos lábios.
Isso o surpreendeu.
─ Porque você conhece navios e o mar e você manterá o que eu construí. Ela
quer que eu deixe para ela, mas ela é uma mulher. Nenhum homem vai querer
fazer negócios com ela, o que significa que meu negócio estará quebrado e
fechado dentro de um ano.
─ Não importa, Vini. Você não está entendendo. E nem esse estrangeiro que
você encontrou. O homem não conhece uma vela de uma vigia.
─ Que tal eu te levar para o seu quarto para que você possa descansar? ─ Noah
perguntou.
Ele suspirou.
─ Odeio esta doença. Faz com que as pessoas me tratem como uma criança, mas
eu aceito a oferta. Nós podemos terminar isso mais tarde. Só precisava saber se
você está interessado ou não.
─ Eu estou. Quero ver seus livros contábeis para tomar uma decisão final, mas
tenho certeza de que podemos fazer um acordo que beneficie a ambos.
─ Bom. ─ Ele lutou para ficar de pé. Lavínia estendeu a mão para ajudar, mas
ele se afastou com raiva e colocou a bengala. ─ Me deixe.
─ Nenhum de nós sabe como vamos reagir quando tivermos que encarar a
morte. ─ Por um momento, memórias da ilha passaram pela sua mente. Ele as
forçou para longe.
─ São os tempos.
─ Para o inferno com os tempos. Eu dei meu sangue a meu estaleiro e isso não é
justo. Nem é justo que você tenha me substituído por uma mal vestida ...
─ Desculpe.
E então enquanto lutava para controlar seu temperamento, ele ouviu o som
mais doce do dia:
─ Você está deslumbrante ─ disse ele. Ela estava vestida com um elegante terno
feminino bem cortado da cor de safiras escuras, e havia um pequeno chapéu na
cabeça.
Só então ela percebeu que ele tinha companhia, e pela maneira como
seus olhos esfriaram, ela não estava satisfeita. Para acalmá-la, ele disse:
─ Ela e o pai dela estão aqui para tratarmos de negócios. Ele está lá em cima
descansando. Eles serão nossos convidados até amanhã.
─ Bem-vinda à nossa casa. Espero que você e seu pai aproveitem sua visita.
─ Noah, você não vai acreditar no que eu encontrei. Espere aqui. Eu volto já.
Ela e o florete saíram. Noah queria gargalhar pelo jeito que ela
colocou Lavínia em seu lugar.
Quando Pilar entrou na casa, Alanza deu uma olhada em seu rosto e
perguntou:
─ Qual é o problema?
─ Nada. Noah tem companhia e ela queria saber por que eu desperdiçaria seu
suado dinheiro nisso? ─ Ela levantou o florete. ─ Então, mostrei a ela.
─ Não Senhora.
─ Bom. Bonnie me disse que Walt Douglas e sua filha Lavínia estão aqui. Eu o
conheci anos atrás. Eu não tive o prazer de conhecê-la, embora eu saiba que
Noah se relacionou com ela ao longo dos anos.
─ Sim, e ela fez alguns comentários maliciosos sobre o quão mal vestida eu
estava.
─ Bem, sinceramente você estava, mas foi muito rude da parte dela mencionar
isso em voz alta.
─ Foi um prazer.
─ Divirta-se.
─ Imaginei que você estaria aqui ─ disse Logan. ─ Mariah disse que as senhoras
se divertiram comprando tudo o que viram.
Ela riu.
Eli disse:
─ Pobre bebê.
─ Com meu tio ─ e ela contou sobre seu emprego para cubanos ricos. ─ Às
vezes ele dormia no cercado com os cavalos que treinava. Eu sei que você e
Noah não me permitiriam fazer isso.
Eli disse:
─ Se você diz.
Logan perguntou:
Logan a estudou.
─ Isso funciona?
─ Sim.
─ Então o que seu tio fez com cavalos que não queriam ser domados – desculpe
- treinados, não importa quanta paciência ele mostrou a eles?
─ Então ele fazia algo que aprendeu com um escravo que já teve um mestre no
Texas. Ele levava o cavalo para águas profundas na baía, montava-o e fazia-o
nadar e ficar lá até ficar tão cansado que uma vez em solo firme, Tonio seria
capaz de montá-lo.
─ Um cavalo não pode chutar se seus pés não tocam o chão. De acordo com o
texano algumas das pessoas que vivem no Golfo treinam cavalos dessa
maneira.
─ Vou manter isso em mente. Bem, vamos deixar você com seu cavalo. Eli e eu
temos tarefas para terminar antes do jantar, então nos veremos.
Eli acrescentou:
─ Minha Naomi está ansiosa para conhecê-la. Ela, Mariah e Billie são boas
amigas.
─ Obrigado, mãe.
─ Eu dei diamantes para Mariah e esmeraldas para Billie, e agora lhe dou rubis
pelo seu espírito de fogo. ─ Ela deu um beijo na bochecha de Pilar e voltou para
─ Digo o mesmo.
Deu um beijo rápido no marido e foi até a escada. Olhando para trás viu
Lavínia observando-a. Pilar ignorou-a e subiu as escadas.
─ Pilar?
─ Muito.
─ Que tal isso? ─ Ela pegou um espartilho francês preto com pequenos botões
cor de esmeralda e segurou contra si mesma. Imaginar-se libertando os botões
endureceu-o ainda mais.
─Talvez não. Você pode decidir. ─ Ela entregou-lhe uma caixa grande. Ele
reconheceu o nome estampado na frente e o que ele sentia por ela em seu
coração multiplicou-se cem vezes. A abertura mostrava potes de tintas a óleo e
aquarela. Havia lápis e pedaços de giz colorido e carvão e três pincéis com
cabeças de vários tamanhos.
─ Espero que isso compense eu ter vendido sua pintura para o homem no cais.
Pelo menos um pouco.
─ Oh!
─ Mamãe provavelmente vai querer usar seu chicote em mim porque isso
significa que nos mudaremos para São Francisco. Você se importaria?
─ Não, claro que não. Uma mulher segue o marido especialmente para perto da
água. Acrescente o fato de que eu realmente gostei da cidade e estarei pronta
para ir quando você quiser.
─ Se você não se importa, eu vou pegar o trem de volta para São Francisco com
eles amanhã e dar uma olhada nos livros. Eu quero fazer isso assim que puder.
Walt não tem certeza se verá o ano novo. . .
─ Compreendo. Acho que posso liberá-lo por alguns dias para que você possa
garantir nosso futuro.
─ Agora ─ ela disse ─ eu realmente senti falta dos seus beijos enquanto eu
estava fora. Você se importaria de me oferecer alguns para me dar as boas-
vindas? Então você pode decidir se este vestido tem sua aprovação. Afinal seu
dinheiro suado o comprou ─ ela brincou fazendo referência às palavras de
Lavínia de antes.
Seus olhos brilhantes vagavam por ela da maneira que suas mãos ansiavam. ─
Nós provavelmente devemos tirar primeiro as coisas da cama.
─ De acordo.
─ Obrigado por deixar meu pai e eu ficar com sua família na noite passada.
─ Sim, eu vi. Aquele colar teria ficado adorável em mim, você não acha?
─ Ele é brasileiro, e embora não tenha um estaleiro é incrivelmente rico. Ele está
se mudando para a Califórnia e está procurando empresas para comprar e
investir.
─ Sim. O que acho muito míope considerando que Martinez está preparado
para pagar uma quantia considerável. Estou disposta a negociar com alguém
que me permita estar no comando.
─ Você é mais do que capaz, Lavínia, e eu estaria aberto para discutir se você
tivesse sido mais gentil com minha esposa. Pilar é muito importante para mim.
Eu não a sujeitarei aos seus comentários maliciosos e depreciativos.
─ Então pelo velhos tempos, você pelo menos conhecerá o Sr. Martinez?
─ Sim.
─ Então enviarei uma nota para ver se ele está disponível para o jantar hoje à
noite.
Noah assentiu. Se Martinez quisesse investir, Noah seria um tolo em não ouvir
pelo menos.
─ Eu vou deixar Vini mostrar os livros a você, Noah. Estou muito cansado para
qualquer outra coisa hoje.
─ Compreendo.
─ Ok. Olhe os livros hoje à noite e venha me ver de manhã. Vou pedir ao meu
advogado que nos encontre com os documentos que precisamos assinar para
fechar nosso acordo.
─ Não, obrigado. Vamos apenas seguir nosso caminho, se você não se importa.
─ Só me dê um momento. Vou enviar um dos servos com uma nota para o Sr.
Martinez.
─ Não. A enfermeira está lá. Tenho certeza de que ela tem tudo sob controle.
Você tem um quarto para a noite?
─ Ainda não, mas tenho os nomes de alguns hotéis. Eu vou procurá-los depois
que terminarmos o jantar.
─ Você é bem-vindo para ficar com meu pai e eu. Nós temos um quarto.
─ Não, obrigado.
─ Vamos conhecer seu homem. ─ Ela nunca iria parar? Como ela poderia
pensar que ele iria querer ter uma amante depois de conhecer sua linda esposa
estava além dele. Ele esperava de uma vez por todas que este fosse o fim da
questão porque ela constantemente se atirando nele seria cansativo.
O restaurante não era um lugar que ele tenha comido antes, mas era bem
decorado e limpo.
Noah olhou na direção que ela indicou e jurou que seus olhos estavam
enganando-o. Sua surpresa deve ter mostrado.
─ Esse é Martinez?
─ Eu gostei.
Lavínia parecia surpresa, mas não mais que Noah. Conhecendo Walt Douglas,
ele deu uma olhada no homem e recusou a oferta. Noah não o culpou.
─ Encontrei ─ mas não ofereceu mais nada. Tinha quase certeza de que Lavínia
já lhe contara sobre sua esposa cubana inadequada, e a menos que Gordonez
indagasse mais, Noah não tinha intenções de discutir Pilar.
─ Tenho vários interesses em toda a região, então por que não? São Francisco é
uma cidade próspera. Um estaleiro seria um investimento sólido e ter meus
próprios navios facilitaria o movimento de alguns dos bens que eu compro.
─ Entendo.
─ Empilhe-o tão alto quanto a Grande Pirâmide de Gizé e isso ainda não seria
suficiente.
─ Faz mais de dez anos que tirei a vida de um homem, mas ponha em perigo
Pilar e alegremente vou mandá-lo para o inferno. Não duvide de mim.
─ Está apaixonado.
─ É verdade.
Era mais uma ameaça, mas ele preferiu ignorar. Em vez disso ele se levantou e
jogou algumas notas na mesa.
─ Minha porção da refeição. Se você me der licença eu não estou mais com
fome.
A única coisa que tinha certeza era da morte de Gordonez se alguma coisa
acontecesse com Pilar.
─ Obrigado. ─ Ele não pretendia discutir com ela sobre o assunto. Se ela queria
dançar com uma víbora que assim seja.
No dia em que Noah partiu para São Francisco, Pilar passou a manhã
com Titã. O garanhão ainda permanecia cauteloso com sua presença, mas ele
protestou menos. Ele até se dignou a comer do saco de aveia enquanto ela o
segurava, mas quando ela estendeu a mão para tocá-lo ele correu para longe.
Foi decepcionante em alguns aspectos, mas ela se sentiu encorajada também.
Eles estavam fazendo progresso.
Ela estava sentada no pátio almoçando com Alanza quando Drew apareceu.
─ Por quê?
─ O que é?
─ Por que as mulheres dos Yates são tão teimosas? Você pode fazer o que eu
peço, por favor?
Alanza interveio.
─ Tudo bem, Drew ─ disse Pilar, ─ mas se for algo que me assusta vou matá-lo.
E no pátio estava sua mãe e irmã. Ela deu um pulo e nos minutos seguintes
houve muitos abraços, falas em espanhol e lágrimas de alegria.
─ Mamãe, esta é a mãe de Noah, Alanza Rudd. Alanza, minha mãe Desa
Banderas e minha irmã, Doneta.
─ Bem-vinda ao Rancho Destino. Estamos honrados em ter você aqui. Sua filha
me deu muita alegria.
Drew falou:
─ Por nada. Senhora Banderas e Doneta, bem vindas à Califórnia. Foi um prazer
conhecer vocês duas. Eu verei vocês hoje à noite no jantar.
Alanza disse:
─ Sim. Sua família vive aqui há muitos anos. Eles são espanhóis antigos, mas
não são arrogantes ou formais.
Ela abriu a porta e gesticulou para dentro e as duas mulheres olharam em volta
admiradas. Doneta perguntou:
Pilar assentiu.
─ Quando sua mãe se tornou rica o suficiente para pagar, ela adicionou esta ala
para que Noah e seus dois irmãos pudessem ter seu próprio espaço longe da
casa principal. Noah disse que eles faziam muito barulho e monopolizavam o
único quarto de banho.
─ Mesmo?
Pilar assentiu.
Doneta riu.
Pilar sorriu.
Doneta gritou:
─ Nós nos damos muito melhor do que eu sonhei que faríamos. Ele tem sido
incrivelmente gentil.
─ Pague, mamãe.
Doneta explicou:
─ Eu disse à mamãe na noite em que você nos deixou que ele estava
apaixonado por você e que ela não teria que se preocupar sobre como ele te
trataria.
Desa riu e pegou da bolsa a bolsinha de moedas. Extraindo uma, ela colocou na
palma da mão aberta da filha.
─ Em São Francisco a negócios. Estou esperando ele hoje mais tarde, a menos
que algo o detenha.
─ Drew é muito bonito. Eu sei que você disse que ambos os irmãos dele são
casados. Ele tem algum primo solteiro?
─ Eu não estive aqui o tempo suficiente para conhecer os primos ainda, mas
vou ficar de olho para você.
Bonnie chegou pouco depois levando uma bandeja com chá e sanduíches.
Enquanto comiam contaram a Pilar como iam as coisas na Flórida.
Pilar ficou contente em ouvir isso. Ela esperava que elas fossem tão felizes
quanto ela e Noah.
─ Nós nos mudamos na semana passada. Tem três acres de terra e a casa
precisa de alguns reparos, mas Miguel cuidará disso e prometeu que tudo
estará pronto no momento em que retornarmos.
─ Nossos bilhetes nos dão duas semanas. Isso seria uma imposição?
─ Claro que não. Na verdade, espero que você decida ficar mais tempo. Eu amo
isso aqui e sei que você vai amar também. ─ Pilar não parava de sorrir. Ela não
podia acreditar que elas estavam realmente lá.
─ É isso. Eu não vou voltar para a Flórida, mamãe. Vou encontrar um marido e
morar aqui pelo resto dos meus dias. Aqui é lindo ─ acrescentou ela olhando
em volta do espaço bem decorado.
─ Maravilhosa agora que você está aqui. Mamãe e Doneta também estão aqui.
─ Estou vendo. Bem vindas à Califórnia. Espero que vocês planejem ficar
conosco por algum tempo. Como foi a viagem?
Por fim, Pilar e Noah se levantaram para sair para que Desa e Doneta
pudessem descansar para o jantar. Pilar abraçou-se com a mãe e novamente
sussurrou:
─ Eu senti sua falta ─ disse ele segurando-a firmemente contra seu coração.
─ Como foi a viagem? ─ ela perguntou e então escutou enquanto ele contava a
história. ─ Então você agora possui um estaleiro.
─ Covarde.
─ Definitivamente.
─ O quê?
─ Sim, e ele quer comprar o estaleiro de Walt. Lavínia queria que ele fosse o
dono.
─ Ela está louca para estar do mesmo lado de uma cobra como ele?
Eles conversaram sobre sua viagem por mais algum tempo e então ele
perguntou:
─ Ele está indo muito bem. Quero levá-lo conosco quando nos mudarmos.
─ Eu não quero que você lamente ter casado comigo, Pilar. Eu quero que a
gente seja feliz.
Seu braço sobre seus ombros a aproximou, e enquanto ela descansava a cabeça
no peito dele, se perguntou se era assim que se sentia quando estava
apaixonada.
Naquela noite no jantar, Pilar apresentou sua família ao sogro e aos bebês e
Alanza declarou:
Mariah presenteou-a com ele uma noite no jantar e o vestido vermelho escuro
era tão bonito que Pilar quis gritar.
─ Eu queria que combinasse com seus rubis. Você está planejando usá-los,
correto?
─ Disponha.
Mais tarde quando ela a mãe e a irmã viram o vestido a mãe perguntou:
Pilar explicou.
Desa disse:
─ Estou com ciúmes da sua sogra. Não há como competir com isso.
─ Não há como meu amor por ela superar meu amor por você, então, por favor,
não tente. ─ Desa acenou com a cabeça e sorriu.
─Você está tão bonito que eu estava esperando talvez fugir e induzir você a
fazer todo tipo de coisas escandalosas.
─ Você é a mulher dentro do meu coração, mas minha mãe nos mataria.
─ Como a minha.
─ Um brinde a todas as mulheres que choram hoje porque o último irmão Yates
se casou.
Noah a deixou por um momento para falar com o agente postal, Will
Sally, sobre um pacote que havia chegado para ele e ela continuou abrindo
caminho através da reunião.
Naomi a impediu.
─ Pilar, o que é isso? É delicioso. Você tem que me mostrar como fazer.
─ Você faria?
─ Eu ficaria honrada.
─ Chegou ontem. Ele o teria trazido, mas ele estava tão ansioso para chegar
aqui que partiu e esqueceu. Eu vou buscá-lo segunda-feira de manhã. Eu espero
que seja a papelada do advogado de Walt.
─ Você não disse à sua mãe que estamos nos mudando ainda?
─ Não. Senão eu teria morrido e você ia ter que fazer amor com um fantasma
esta noite.
Ela riu.
─ Eu adoraria.
─ Espero que você tenha dito ao seu exército de pretendentes que estamos
dormindo de manhã e que qualquer um que chegar antes do amanhecer será
morto.
Pilar disse:
─ Mesmo?
─ Sim.
─ Agora eu vou ser incapaz de dormir, imaginando quem poderia ter sido.
─ Só me deixe ficar aqui por um minuto. ─ Ela olhou em volta para o terreno
iluminado por tochas e pensou no momento maravilhoso e sabia que ela se
─ Sim.
Noah perguntou:
─ Vinte e quatro.
Drew acrescentou:
─ Você percebe que antes de você pedir formalmente Doneta teremos que
aprovar.
Noah disse:
─ Somos seus cunhados e como seu pai está morto ficamos na obrigação com a
mãe dela.
Desa sorriu.
Assim pelo resto do dia onde quer que Doneta e seu potencial
namorado fossem, Noah ou um dos irmãos os seguiam. Quando eles foram
passear, Logan também foi. Quando eles almoçaram no pátio, Drew se juntou a
eles. Quando eles foram caminhar, Noah os acompanhou como uma ama de
mais de um metro e oitenta.
Alanza respondeu:
Mariah exclamou:
Naquela noite depois do jantar, Pilar subiu para passar algum tempo
com Doneta e sua mãe em sua suíte.
Doneta reclamou:
─ Você pode, por favor, fazer algo sobre Noah e seus irmãos? Com eles ao redor
eu nunca vou me casar.
Pilar se sentou.
─ Não foi você quem disse que não queria que Noah fosse o cunhado de
qualquer garota, mas o seu?
Desa disse:
─ Eu não estou.
─Do jeito que foi o dia eu ficaria surpresa se ele não fugir assim que escurecer.
─ Eu suponho.
Doneta sorriu.
─ De fato, ele é.
─ Muito louca.
─ Nós não vamos deixá-la ser cortejada por qualquer um; somos a família dela
agora.
─ Mamãe explicou isso para ela. Ela acha que Christopher vai desaparecer
durante a noite.
Noah riu.
─ Se ele for, então ele não é tão sério como ele afirma ser.
─ Concordo.
Durante a hora seguinte, ele a tratou com mais ação do que palavras
e ela decidiu que ele era realmente muito sério.
─ O cavalo de Noah voltou sem ele. Há sangue em toda a sua sela. Mandei
pessoas atrás do Logan e do Drew, mas vou procurá-lo agora. Já falei com sua
mãe e irmã.
Quando elas o encontraram, ele estava tão imóvel que Pilar achou
que ele estivesse morto. Ela pulou para baixo enquanto uma igualmente
perturbada Alanza fez o mesmo e elas correram para o lado dele.
Ela olhou horrorizada para o sangue acumulado nas costas de sua camisa jeans.
─ Meu Deus. Quantas vezes ele foi baleado?
─ O que aconteceu!
─ Ajude-nos a colocá-lo na carroça e depois busque o Dr. Lloyd. Faça com que
ele nos encontre na casa.
─ Eu sei, mas você deve andar filho ─ ela pediu. ─Temos que te levar para casa.
Onde ele encontrou a força Pilar não sabia, mas de alguma forma
conseguiu avançar um pequeno passo de cada vez. Ele estava respirando tão
duramente quando chegaram à carroça, que ela não tinha certeza se ele tinha
─ Vamos descobrir quem fez isso acredite ─ prometeu Drew com raiva. Ele
encontrou a arma de Noah e depois de dar para Pilar ele correu para sua
montaria e cavalgou como o inferno pela estrada em direção à cidade.
─ Não encontramos nada além de um espanhol. Disse que ele foi jogado por
seu cavalo. Eu acho que a perna dele está quebrada.
─ Não.
Ela disse ao homem de olhos arregalados com uma voz fria e mortal:
─ Se você piscar vou explodir sua cabeça. Coloque-o em uma cadeira, Logan.
─ Pilar, eu...
─ Faça Logan! Agora! ─ Ela puxou a arma de volta, mas ela observou o homem
com olhos cheios de ódio.
─ Oh, eu sei quem você é. ─ E para provar isso, ela disse para ele ao pé do seu
ouvido ─Quem é seu mestre?
─ E não minta para mim. Noah é meu marido e esta é a casa de sua mãe. Os
homens que você vê são seus irmãos.
─ O próximo será entre suas pernas. Gordonez mandou você matar meu
marido?
─ Alguém me ajude!
Ninguém se mexeu.
Logan sentou com ela por um tempo durante o terceiro dia. Porque
ela não tinha deixado o lado de Noah ela não tinha ideia do que aconteceu
depois que o homem de Gordonez confessou, então ela pediu a ele.
─ Eu verifiquei com ele ontem. Lavínia foi presa por tentativa de homicídio e a
polícia agarrou Gordonez quando ele estava embarcando em um navio para
deixar o país. Ele também foi preso.
─ Você se levantou por Noah de uma forma que nos assustou a todos na sala,
Pilar. Obrigado por ser tão destemida. ─ Ele beijou sua bochecha.
─ Acho que ele está tendo um de seus pesadelos ─ disse ela enquanto Drew
esfregava o queixo para ter certeza de que não havia sido quebrado.
─ Que pesadelos?
─ Eu não sei sobre o que eles são, mas ele acorda tremendo. ─ E com raiva, ela
lembrou a si mesma.
Drew olhou para seu irmão agora calmo, mas ainda com medo de dormir. ─ Ele
disse a você que ele foi sequestrado?
Ela assentiu.
─ Eu me pergunto se os pesadelos têm algo a ver com aquilo. Algo terrível deve
ter acontecido porque ele estava diferente quando finalmente voltou para nós.
─ Deixe-me pegar um pouco de gelo para meu queixo. Vou lhe dar uma por
isso quando ele estiver em pé e por perto novamente.
Ela sorriu pelo que pareceu a primeira vez desde que o encontrou de barriga
para baixo na estrada.
─ Ele também te ama. Vai levar mais do que um par de balas para manter um
homem Yates longe de sua esposa. ─ Drew deu-lhe um beijo no rosto. ─ Espere.
E a propósito se algo assim acontecer comigo quero que você fique ao lado da
minha Billie.
─ Eu prometo.
─ Bom dia.
─ Eu lembro de você e mamãe, não muito mais. ─ Então como se sua mente
finalmente lembrasse, ele ficou imóvel. ─ Eu lembro da dor nas minhas costas.
Eu fui baleado não fui? ─ Ele olhou para ela como se procurasse uma
verificação.
─ Na prisão junto com Gordonez e Miss Lavínia Douglas. Ela também estava na
trama.
─ Bom, então eu não vou ter que caçá-los. O pobre Walt deve estar devastado
por sua cumplicidade.
Pilar tinha certeza de que ele estava, mas ela estava feliz. As orações familiares
foram respondidas. Noah viveria.
Seus irmãos, por outro lado, tentaram raciocinar com ele em um esforço para
fazê-lo entender por que ele estava restrito ao repouso.
─ Olha ─ Drew disse a ele naquela manhã. ─ Seu mau humor não vai
ajudá-lo a sair da cama mais cedo, então você pode também concordar com
Pilar e com o médico. Eu cuidei do pacote que você estava indo buscar no dia
em que foi baleado. Dentro estavam suas cópias da papelada do advogado de
Walt. Ele me mandou um telegrama para dizer que seus capatazes estão
trabalhando no estaleiro na sua ausência e se saindo bem sem você.
Noah olhava para ele com um olhar hostil. Se ele tivesse que ficar na cama mais
um dia, ele iria enlouquecer.
Logan acrescentou:
─ E se você fosse um paciente melhor iria ajudá-lo a negociar uma trégua, mas
você não está pronto. Não há sentido em deixá-lo levantar apenas para que
todos os pontos abram e você fique de cama por mais duas semanas. Assim,
pare de se comportar como um bebê.
─ Dê o fora.
Ele rosnou.
─ Você me ama?
─ Claro, por que mais você acha que eu não voltei para a Flórida? Você foi rude,
mal-humorado e impossível de estar por perto.
Ele sorriu.
─ Eu também te amo.
─ Bom. Agora, eu vou buscar seus irmãos para que eles possam te ajudar a
voltar para a cama. Se expor ao ridículo deve fazer você se convencer a não
fazer isso novamente até que o Dr. Lloyd diga que você está pronto. Estamos de
acordo?
─ De acordo.
E porque ele manteve seu compromisso, uma semana depois ele foi
capaz de sair da cama. Ele não podia fazer muito mais do que caminhar até o
banheiro, o que o agradava imensamente, e sair para a varanda do quarto para
fazer suas refeições e aproveitar o sol e o ar fresco, mas a cada dia ele ficava
mais forte.
─ Tem certeza de que você está pronto para isso? Pense em quão embaraçoso
seria se eu tivesse que ir buscar seus irmãos para colocá-lo de volta na cama
estando nua e tudo.
─ Então você pode me cutucar como punição ─ ela o pegou pela mão. ─ Vamos.
Ele estava muito à altura disso, e quando eles terminaram, ela adormeceu em
seus braços e com um sorriso no rosto.
─ Sentirei muito a sua falta ─ disse Pilar, chorando enquanto abraçava a mãe na
estação de trem. Ela estava tão acostumada a tê-las em casa quando acordava
todas as manhãs, seria um ajuste difícil saber que elas não estavam mais lá e
sim a milhares de quilômetros de distância novamente.
─ Eu também sentirei sua falta terrivelmente Pilar, mas nós voltaremos e Noah
me prometeu que você virá nos visitar.
Ela se virou para ele com olhos surpresos. Foi a primeira vez que ela ouviu
sobre isso.
Ele explicou:
Pilar achou uma grande ideia. Que ele não dissera nada para ela de antemão
não a aborreceu. Ela estava feliz por ele ter feito a promessa.
Seu próximo abraço foi para Doneta. Ela sentiria mais falta dela.
Billie e Mariah eram cunhadas maravilhosas e ela as amava muito, mas seu
amor por Doneta ocupava um lugar especial em seu coração.
─Vou ficar mais tempo na próxima vez e talvez possamos encontrar um marido
como Noah ─ disse Doneta, abraçando-a com força. Christopher não dera certo.
─ Combinado então.
O trem apareceu cuspindo fumaça e enxofre de carvão. Pilar ficou feliz em ver
sua mãe abrir os braços para um abraço de Noah e ele avançou sem hesitar.
Pilar ficou um pouco melancólica pelo resto do dia e naquela noite, enquanto
estava do lado de fora observando a lua surgir, ela se abraçou em resposta ao
frio.
─ Quanto mais frio vai ficar? ─ ela perguntou a Noah quando ele se juntou a ela
encaixando o braço em volta de sua cintura.
─ Só um pouco.
─ Isso é a verdade?
─ Não.
─ Mas como prometi, vou mantê-la aquecida. Na verdade que tal eu te levar
para dentro e te aquecer agora? Dar-lhe outra coisa para pensar além de sentir
falta de sua mãe e irmã.
─ Eu gostaria de mergulhar em uma boa banheira quente. Você acha que pode
se sacrificar o suficiente para se juntar a mim?
─ Obrigada. E por ser um marido tão maravilhoso você pode escolher o que
você quer que eu use depois que terminarmos na banheira e removê-lo quando
você estiver pronto.
─ Não tenho certeza, mas você pode me dizer enquanto nos aquecemos.
─ Todos esperamos muito tempo para ver Gordonez sendo derrubado, pena
que você quase perdeu a vida.
Ele riu.
Ele se inclinou e deu um beijo rápido em sua testa antes de voltar sua atenção
para o trânsito intenso da tarde.
─ Acho que encontrei para você e aquele seu cavalo uma casa perfeita.
─ Mesmo?
─ Agora?
Era perfeita. Era fora da cidade, mas havia muito espaço para Titã e o limite da
propriedade ficava de frente para as águas da baía.
─ Eu amei, Noah.
Ela sorriu.
─ Podemos entrar?
─ Ainda não. Eu queria que você visse e desse sua aprovação antes de eu fazer
meu lance para o banco.
─ Você tem a minha aprovação e meu amor, o amor de Titã, também. ─ Seu
garanhão estava bem treinado agora para cavalgar e ela mal podia esperar para
montar e explorar seu novo lar quando chegasse a hora.
─ Você sabe ─ ela começou a dizer, mas suas palavras desapareceram quando
ele parou olhando para frente. Sua mandíbula cicatrizada latejava e seus olhos
ardiam. Ela viu um homem idoso se aproximando. Por seu traje grosseiro e
bengala, era evidente que ele tinha visto dias melhores. Quando ele chegou
perto, parou e sorriu presunçosamente.
Sua gargalhada trouxe um acesso de tosse e ele cuspiu o catarro sobre as botas
de Noah.
─ Ainda está com raiva? Não sei por quê. Se não fosse por mim e por aquela
ilha, você ainda seria um babaca mimado chupando o bico da sua mãe. Eu te fiz
um homem!
─ Veja se você não é uma coisinha bonita. Ele te incomodou do jeito que os
garotos fizeram com ele?
─ Noah! ─ Pilar gritou. ─ Pare!─ Ela o puxou. ─ Pare com isso! Noah! Você vai
matá-lo! ─ Ele fez uma pausa e se virou, mas ele não era o homem que ela
amava. Os olhos ardendo fixos nos dela eram selvagens, enlouquecidos,
assustadores. Então eles clarearam e ele deixou o homem cair na calçada. Ele
olhou para baixo sem emoção quando o velho gemeu com o sangue escorrendo
de sua boca e nariz.
Ele não falou com ela pelo resto da noite e ela foi acordada muito
mais tarde por seus choros e gritos enquanto ele lutava no meio de um
pesadelo. Foi a noite mais horrível do casamento de Pilar.
─ O que aconteceu?
─ O que o velho fez para merecer tal surra? Quem era ele?
─ Eu não sei ─ Drew era seu cunhado favorito e ela sabia o quão próximo ele e
Noah eram, então ela contou a ele sobre o catarro nas botas e o que o homem
dissera.
─ Dios! ─ ele sussurrou: ─ Não admira que tenha voltado da ilha daquele jeito.
Meu pobre irmão. Eu acho que vou ficar doente. ─ Ele passou as mãos pelos
cabelos. ─Oh, Deus! Oh, Deus! Eu preciso falar com ele.
─ Não! ─ Ela sentiu que Noah não aprovaria que ela partilhasse o que tinha
ouvido, mas Drew já estava correndo para dentro.
Ele duvidava que Drew fosse forte o suficiente, mas pensou que Logan poderia
ser capaz de estar lá fora também, então ele se levantou, foi até a porta,
destrancou a fechadura e abriu-a.
Noah não queria ter essa conversa. Tudo o que ele queria era ser deixado
sozinho. Ele se afastou da porta e Drew o seguiu para dentro.
Drew perguntou:
─E então?
─ Ajudar se eu puder.
Drew assentiu.
─ Você está atrás da história completa? É por isso que você veio até aqui? ─ ele
gritou. ─ Eles me estupraram por três noites consecutivas. Convenci um guarda
a me dar um facão em troca da medalha de ouro de São Cristóvão no meu
pescoço, e quando vieram para mim naquela quarta noite, cortei o líder tão
ferozmente que seus braços estavam pendurados nos ombros por um fio. Ele
sangrou até a morte aos meus pés e eu fiquei feliz. Seus amigos que assistiram e
riram as primeiras três noites se espalharam como ovelhas. ─ Ele encontrou o
olhar horrorizado de seu irmão.
Alanza chegou em casa algumas horas depois. Pilar estava sentada no pátio
com Drew.
Pilar não suportava ver mais mágoa então ela se levantou. ─ Drew
dirá a você. Vou montar em Titã e clarear minha mente. ─ Ela sabia que estava
seguindo o caminho covarde, mas naquele momento estava cansada de ser
forte. Cada fibra de seu ser queria ajudar seu marido, mas ela não sabia como.
Quando Pilar voltou ela soube que Drew havia contado à mãe a
história porque os olhos de Alanza estavam vermelhos e inchados. Com sua
bênção, Pilar enfiou-se na suíte que sua irmã e mãe haviam desocupado e
passou o resto do dia lá. Ao anoitecer, com o espírito restaurado, ela foi até seus
aposentos para ver se Noah queria conversar. Ele estava na sala de estar e disse
em tom acusador, com voz fria:
Ela fechou os olhos quando seu coração quebrou novamente, mas ela não se
desculpou.
─ Seu irmão te ama, eu também. ─ Ela se preparou para uma discussão, mas ao
invés disso ele disse, ─ Estou saindo para cavalgar. Não há necessidade de você
esperar.
Horas depois ela foi acordada pelo som do piano. Saindo da cama,
ela abriu a porta para escutar. Soava como uma tempestade no mar, muito
parecida com a pintura em seus aposentos no Alanza, completa com o
equivalente musical de trovões retumbantes e relâmpagos, e uma escuridão que
era ao mesmo tempo raivosa e bonita. Ela não sabia se a composição era dele ou
criada por outra pessoa. Ainda querendo ajudar, mas sem saber como, ela
voltou para a cama e sentou-se e ouviu-o tocar por horas. Quando ela
finalmente adormeceu, ele ainda estava tocando.
─ Você estará de volta neste fim de semana? ─ No passado, ele sempre voltava
para casa na sexta-feira à noite.
─ Eu não sei.
Ele terminou de fazer a mala, deu-lhe um último olhar e saiu do quarto. Ele não
disse adeus.
Uma noite depois que os homens foram para casa, ele ficou em pé no
cais silencioso e olhou para a baía. Havia uma tempestade chegando. As ondas
estavam subindo com as cristas brancas e o vento soprava forte o suficiente
para levantar o casaco. As condições espelhavam como ele se sentia por dentro -
bravo, bruto, tão bruto que quase espancara um velho até a morte e causara
talvez danos irreversíveis ao relacionamento com a família e mais importante, à
esposa e ao casamento. A dor no olhar de Pilar era culpa dele e unicamente
dele, mas como ele podia consertar isso quando não conseguia se consertar? Por
muito tempo seu amor e a vida que eles estavam construindo tinham sido sua
salvação. Não havia pesadelos, eles eram felizes, alegres - perfeitos. E então
Simmons apareceu e suas palavras zombeteiras trouxeram de volta o terror, o
horror, e sim, a vergonha, e tudo o que ele queria era que parasse, mesmo que
isso significasse tirar a vida do homem. Ele suspirou e passou as mãos pelo
rosto. Dez anos haviam se passado e os acontecimentos naquela ilha ainda o
mantinham como um escravo acorrentado, e não importava o que fizesse ele
não poderia se libertar. Se ele voltasse e confrontasse seus fantasmas isso o
ajudaria a se curar? Ele sabia que nunca seria capaz de banir as lembranças do
que aconteceu lá inteiramente, mas se ele pudesse fazer as pazes o suficiente
com isso e consigo mesmo, ele poderia continuar com sua vida? Ele não tinha
uma resposta, mas era tudo o que ele conseguia pensar em fazer. Não fazer
nada era viver com a realidade de ter quebrado o coração de Pilar e isso era
mais do que ele podia suportar.
Então ele pegou o trem para casa na manhã seguinte. Quando ele
chegou, ela estava sentada com a mãe em seu escritório.
─ Noah!
Ela não desejou boas vindas ou perguntou quanto tempo ele ficaria,
mas ele supôs que ele tinha parado de merecer uma acolhida tão amorosa. Ele
também era responsável pela mágoa que tinha visto em seus olhos.
Esteve ausente por duas semanas sem lhe dizer uma palavra e a aspereza dela
era esperada.
─Estou voltando para a ilha onde os pesadelos começaram. O velho que eu bati
foi o capitão que me raptou.
Ela não respondeu logo e ele desejou saber o que ela estava pensando.
Finalmente ela disse:
─ Então vá, com minha bênção para que você possa voltar para mim e para
nosso filho.
Ele congelou.
─ O que é?
─ Eu sinto muito por machucar você, Pilar. Eu amo você. Eu posso não ter
agido como se amasse nessas últimas semanas, mas eu amo. Ferozmente.
─ Eu também te amo ─ ela sussurrou. ─ Mas eu não posso viver assim, Noah.
Eu não vou viver assim.
─ Eu não culpo você por querer me deixar, mas, por favor, não.
─ Então vá e faça o que você precisa. O bebê e eu estaremos aqui quando você
voltar. Depois de dar um beijo suave na cicatriz, ela se foi.
─ Pelo que Drew me disse você ganhou o direito a ambos, mas você tratou Pilar
de maneira abominável.
─ Eu sei. Eu vou fazer as pazes com ela. Eu prometo. ─ Ele então revelou seu
plano.
─ Então vá e volte para nós o mais rápido que puder. Faça as pazes com o seu
irmão primeiro.
─ Sim, senhora.
─ Não, Noah, eu vou colocar ela e meu mais novo neto para fora da minha casa
assim que você sair. Que pergunta ridícula, e além disso, Pilar pode cuidar de si
mesma. Pergunte ao homem que atirou em você. Se ela não tivesse intervindo,
Gordonez e Lavínia ainda poderiam estar planejando maneiras de matá-lo.
─ Não.
Então ela contou a história do que aconteceu enquanto ele estava às portas da
morte, e quando ela terminou, ele estava pasmo.
─ Você é casado com uma mulher muito especial, Noah Yates, e o fato de estar
disposto a viajar por todo esse caminho para se reconciliar com seu passado
mostra que você pode ter percebido isso. Agora vá e fale com o Andrew.
─ Eu te amo, mamãe.
─Em casa. Billie e Mariah estão em Seattle para entregar um vestido a um dos
clientes de Mariah. A pequena Maria foi com elas, mas Tonio, o Terror, foi
deixado para trás com o pai.
A caminho da casa de Drew, Noah esperava dar outra olhada em Pilar antes de
partir, mas quando ele olhou para a varanda, ele não a viu.
─ Eu vim me desculpar.
─ Ele vai ficar sem roupa. Não consigo vesti-lo sem amarrá-lo a uma cadeira...
Senhor, como Billie faz isso? Como mamãe fez isso... havia três de nós!
─ Na verdade havia apenas dois. Logan tinha quarenta anos de idade ao nascer.
─ Tio Wo-wa.
─ Bem.
─ Não.
Noah disse:
─ Dois dias. Voltará amanhã e se ela chegar e encontrar a casa assim, eu vou
dormir no celeiro.
Noah esperava que quando Pilar tivesse o bebê ele fosse melhor para lidar com
crianças que Drew, mas ele provavelmente não seria.
─ Então você estava se desculpando. Venha para a cozinha. Ele ainda está para
destruir as cadeiras lá.
─ Como eu disse, eu lhe devo desculpas. Você estava apenas tentando ajudar.
─ Sim. Lamento que tenha acontecido com você, Noah. É o suficiente para dar
pesadelos a qualquer um.
─ Eu irei com você se você achar que assim será mais fácil ─ respondeu Drew.
─ Falei. Eu me sinto tão mal sobre a maneira como eu a tratei. Ela me disse que
temos um bebê a caminho, mas você provavelmente já sabe disso.
─ Você pode dizer adeus a Logan por mim e dizer a ele o que estou planejando?
─ Ele só me quer por perto para que ele possa me bater na queda de braço.
─ Também te amo, Drew. Eu vou procurar uma peruca para você. Eu preciso
que você faça algo por mim.
Drew gritou:
Pilar não soubera nada de Noah. Ela tentou não ficar ansiosa porque
não era bom para ela nem para o bebê, mas sentia muita falta dele e rezava
todas as noites para que ele voltasse com segurança e em breve. Ela estava
convencida de que assim que ele voltasse, os problemas que eles tinham
poderiam ser resolvidos, e assim como nos romances de amor que Doneta
mandou para entretê-la enquanto ele estava fora, ela e Noah viveriam felizes
para sempre.
Pilar olhou para cima e viu Alanza caminhando em sua direção. Ela
estava carregando seu neto mais novo, o filho de Billie e Drew, Logan
Abraham. Ele tinha sido apelidado de Abe para diferenciá-lo de seu tio
orgulhoso.
Alguns segundos depois, ela ouviu uma voz familiar masculina dizer:
─ Você está em casa ─ disse ela olhando para o seu belo rosto marcado. Alanza
desapareceu magicamente.
─ Está indo bem, de acordo com o Dr. Lloyd, e como você pode ver, já não sou
pequeña.
Ele moveu uma mão acariciando seu estômago redondo, em seguida apertou-a
contra ele novamente.
─ Então você quer que o bebê nasça aqui no Destino ou em nossa casa na Baía?
─ Oh, meu Deus. ─ Pilar rapidamente fez a logística em sua cabeça. ─ Que tal
nos mudarmos, mas voltarmos aqui para ver o Dr. Lloyd e para o nascimento?
─ De acordo.
─ Sim. Drew fez Max contar a novidade para ela. Ele imaginou que ela não
mataria o próprio marido.
Ele assentiu.
─ Sim.
Ela ouviu o barulho de sua risada em seu ouvido contra seu peito.
─ E depois eu tocarei para você o começo do concerto que compus para você.
─ Para mim?
─ Desculpe cavalo, eu estou em casa e ela é minha. Você terá que pegar sua
própria mulher.
Mais tarde, após os rigores do parto, Pilar olhou para baixo com
olhos cheios de amor para os bebês gêmeos saudáveis em seus braços, depois
para o orgulhoso pai.
─ Eu espero que não. ─ Uma vez que ele se controlou novamente, ele disse: ─
Obrigado por nossos lindos filhos.
─ Eu é que agradeço.
─ Você quer que eu os pegue e os coloque no berço para que você possa
dormir?
Ela bocejou:
─ Sim, por favor. E depois, diga a Max para começar um novo berço. Acho que
podemos precisar disso.
Ele a beijou gentilmente, pegou cada bebê e uma vez que eles estavam
dormindo tão profundamente quanto a mãe, o muito agradecido Noah
agradeceu a Deus por suas bênçãos e saiu na ponta dos pés.
Aqui estão alguns dos recursos que usei para trazer o Destiny's
Captive à vida:
Gates, Henry Louis Jr. Black na América Latina. Serviços Digitais da Amazon.
2003.
Até a próxima, B