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Dias de sol, mar e paixão!

Katherine e Jake estão vivendo por alguns dias em uma ilha deserta. Sozinhos
por ali podem se amar sem reservas nem pudor. Tudo parece maravilhoso, mas não é!
Ela havia sido seqüestrada e ele tentara salvá-la das mãos de um terrorista. Mas a
missão de resgate falhou e, agora, estão perdidos, dependendo apenas um do outro
para sobreviver. Não há comida, energia elétrica nem mesmo abrigo. Há apenas dois
amantes que vão descobrir que o importante é o amor!
Sabrina 1371
Dois Amantes Amy. J. Fetzer

Querida leitora,
Que delícia de história! Estar em uma ilha deserta, apaixonada e ao lado do
homem dos seus sonhos. Quer coisa melhor? Então leia as páginas seguintes e
aproveite!
Leonice Pomponio
Editora

TRADUÇÃO Eugênio Barros


Copyright © 2004 by Amy J. Fetzer Originalmente publicado em 2004 pela
PUBLICADO SOB ACORDO COM KENSINGTON PUBLISHING CORP.
NY, NY - USA Todos os direitos reservados.
Todos os personagens desta obra são fictícios.
Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas
terá sido mera coincidência.
Título original: Hot Landing Zone
Tradução: Eugênio Barros
Editora e Publisher: Janice Florido
Editora: Leonice Pomponio
Editoras de Arte: Ana Suely S. Dobón, Mônica Maldonado
Paginação: Dany Editora Ltda.
Ilustração da Capa: Hankins + Tegenborg, Ltd.

EDITORA NOVA CULTURAL LTDA.


Rua Paes Leme, 524 - IO5 andar
CEP 05424-010 - São Paulo - Brasil
Copyright para a língua portuguesa: 2005 EDITORA NOVA CULTURAL LTDA.
Impressão e acabamento:
RR DONNELLEY
Tel.:(55 11)2148-3500

Amy J. Fetzer formada na área de cosmetologia, sempre gostou de ler e decidiu


que gostaria de se tornar escritora. Desde então, não parou mais, escreve há
aproximadamente 13 anos e especializou-se em romances de ação e aventura. Casada
com um sargento da marinha, viaja pelo mundo e inspira-se nas paisagens para
escrever seus livros.

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Sabrina 1371
Dois Amantes Amy. J. Fetzer

Capítulo I

Ilhas Natuna Besar, Mar do Leste da China.


Sob um céu de uma noite sem lua, o sargento de artilharia e fuzileiro naval,
Jake Mackenzie, sinalizou para que seus companheiros da Marinha desligassem os
motores. Os dois barcos pretos de borracha, nomeados Zodiak, navegavam sobre as
fortes ondas em direção à praia, e, quando estavam perto o bastante, seis dos
fuzileiros da equipe rolaram de lado para dentro da água, puxaram os barcos de
borracha para a praia, então se apressaram silenciosamente ao longo da margem, em
direção ao alvo. Alguns metros acima da costa, um pequeno navio se balançava
vigorosamente ao final de um estaleiro de concreto flutuante. Sobre a cabeça de
Jake, o céu brilhou com a luminosidade dos raios e os trovões soaram altos, ameaçando
desencadear uma imensa tempestade.
Jake ajoelhou-se atrás de uma palmeira e olhou, através de binóculos de visão
noturna, para combinar as fotos do satélite com a fortaleza à sua frente. O forte não
parecia muito um campo terrorista. Instantaneamente, ele corrigiu aquilo. Bin Laden
vivia em cavernas. Hussein em um buraco no meio da imundície. Por que Kali não
poderia viver em algum lugar que estivesse em ruínas?
Com o tempo, os elementos da natureza haviam corroído um muro de pedra
antiga e transformado-o em uma pilha de pedras afundadas, circulando o lado norte
em direção à água e ao cais. Mais adiante, construções que misturavam palha, latas
velhas e roupas usadas, estavam espalhadas o suficiente para oferecer uma cobertura,
embora apoiadas em penhascos rochosos.
Fácil de entrar, fácil de sair, concluiu ele. Tudo que eles tinham de fazer era
localizar a pessoa que haviam ido resgatar.
Através dos binóculos, ele estudou a área, notando os guardas, armas e barris
agrupados a distância. Possivelmente, havia combustível ou alguma coisa tão explosiva
quanto, dentro de tais barris. Kali, que era conhecido como o maior terrorista da
região, e seus homens, haviam seqüestrado uma cientista. Tudo indicava que estavam
forçando a Dra. Kathenne Collier, cientista química, a criar alguma coisa que ninguém
queria que fosse descoberta. Provavelmente uma bomba química.
O trabalho de Jake era libertá-la, e, se necessário, destruir qualquer um que
estivesse em seu caminho ou tentasse impedi-lo. Spooner já estava embaixo das
docas, preparando os explosivos. Jake pretendia levá-los de volta à escuridão da
Idade Média. A preocupação dele, porém, era o centro da estrutura que era formada
por blocos relativamente novos, ladeada e defendida por guardas bem equipados de
armas.
Ela devia estar lá. Se a Empresa Intel estivesse certa.
Mas Jake nunca confiava em analistas. Eles apenas faziam suposições, e Jake
queria ter certeza absoluta.

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Ele olhou para a sua esquerda, a fim de ver se Spooner tinha acabado sua
tarefa, e viu o homem deslizar para fora da água na praia. Então correu para os
membros do seu grupo, espalhando, com as mãos, a vegetação queimada pelo sol que
cobria o local. Excelente.
— Número Um?
Jake sabia que eles estavam ansiosos e impacientes para entrar em ação.
— Agüentem firmes. Precisamos controlar a situação de qualquer maneira. Não
deixem que essa fortaleza os engane. Esses sujeitos não são nada preguiçosos ou
tolos. Eles trouxeram a cientista para esse fim de mundo sem que fossem descobertos
por ninguém.
O que significava que matariam qualquer um que se pusesse em seu caminho.
— Ninguém se move sem o meu sinal — ordenou Jake e olhou para a bancada,
verificando o tempo restante. — Temos uma hora para sair dessa ilha. — E correr
para a caminhonete antes que os inimigos nos encontrem, acrescentou em pensamento.
Ou a tempestade chegue.
Um grito que mais parecia vir de um filme de terror, soou na noite escura como
uma faca penetrando um metal sólido.
Os olhos de Jake piscaram e seu corpo tencionou em alerta. Ele praguejou e
focou os binóculos de visão noturna. Não podia ver nada de extraordinário ainda, mas o
grito era definitivamente de uma mulher. Eles não tinham motivo algum para machucá-
la. Morta, ela lhes era totalmente inútil!
Os guardas se viraram para olhar o prédio cinzento.
— Lado oeste, no canto — disse Jake, então notou os homens que estavam
perto dos barris de explosivos nadarem, pararem e depois se virarem.
Cada um parou em um ponto preciso, sem se aproximar.
— Riggs e Miller, levem os guardas para o perímetro da frente do prédio
principal. Fletcher e Cook, quando os guardas estiverem fora de alcance, vocês podem
cortar o gerador. Spooner, vá até os barris de explosivos, descubra o que há lá
dentro, depois ajuste a hora do ataque. Nós vamos explodir tudo isso assim que eu
estiver com a refém que vimos buscar — Jake instruiu seu grupo.
— Câmbio, Número Um.
— Prepare um explosivo bem potente. — O tom dele era baixo, porém forte e
decidido, uma verdadeira promessa de vingança.
Os momentos seguintes pareceram como água movendo-se na areia enquanto
Jake esperava Riggs e Miller se aproximarem do campo do lado da terra, fazendo uma
vasta varredura para evitar serem descobertos. Nenhum deles queria complicar-se
com mais do que podiam desarmar. Algumas bombas C-4 e todo o inferno seria
libertado. Era a cobertura e a distração que Jake precisava para localizar e resgatar
Collier.
Desejava apenas estar pronto para isso.
Jake sinalizou e rastejou para frente.
O vento espalhou lixo e destroços da ilha, e a chuva pinicava o pescoço dele.

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Ondas espumavam, aumentando cada vez mais seu ritmo e batendo na praia com
violência. Que noite para um resgate, pensou ele, mas ao menos aquilo servia para
cobrir o som de ruídos. Não que ele planejasse fazer muitos.
Agachado, correu através do campo descoberto em direção ao muro norte.
Encostando-se contra a pedra, ouviu os passos da sentinela do outro lado do muro,
esperando que esses se distanciassem. Quando os guardas estavam fora de alcance,
ele manteve o olhar direto para a única porta que podia ver e, então, ouviu murmúrios
através do aparelho de escuta em seu ouvido.
— Dois guardas fora de combate — homens reportaram.
— Três e quatro fora de combate — falou outro homem.
— O caminho está livre, Número Um — anunciou Spooner. — Estou circundando
em direção aos barris de explosivos.
— Câmbio. Fletcher, Cook, esperem por Spooner antes de cortarem a energia.
— Jake olhou ao redor da extremidade do muro de pedra e teve um sobressalto. E
praguejou em silêncio.
— Tomem cuidado. Do lado da terra, além dos prédios, há aproximadamente
cinqüenta homens embaixo de cabanas, e todos estão armados. Não podemos chamar a
atenção deles. Todo cuidado é pouco — disse Jake, movendo-se para frente.
A qualquer minuto, alguém poderia notar que eles estavam com menos guardas a
postos. E então, ainda precisavam lidar com Kali. Kali, o terrível. Kali, o terrorista que
não pouparia a própria mãe.
Katherine tropeçou e caiu na cadeira mais próxima. Seus ouvidos zuniam, a
cabeça girava e uma dor espalhava-se através do maxilar e subia para os olhos,
fazendo-os lacrimejarem.
Ela esfregou o rosto e movimentou a boca, surpresa por perceber que não
estava sangrando. Então olhou para Kali, um homem magro e baixo com olhos maldosos
e vazios e feições de gorila.
— Eu já lhe falei... — começou ela.
Kali apontou a arma para a cabeça da mulher, impedindo-a de prosseguir.
— Sim, você falou que logo vai conseguir. Logo não é bom o bastante.
Katherine fechou os olhos, o metal frio contra sua testa, relembrando-a de que
a razão não funcionava com aquele homem bruto e insensível.
— Sr. Kali, esses produtos químicos — ela gesticulou com a mão para a mesa do
laboratório, onde havia caixas que continham alguns produtos —, não são refinados e,
se eu apressar o processo de separação, poderei criar um catalisador de insuperável...
Ele empurrou-lhe a cabeça com a arma.
— Vou lhe dar um sério aviso, mocinha. Você tem um dia. — Ele levantou um
dedo, caso ela houvesse se esquecido de quanto "um" realmente significava. — Um dia
para completar a fórmula. — Ele a encarou com expressão malvada. — Caso contrário,
você morrerá.
O terror se instalou no corpo de Katherine, dificultando-lhe a respiração. Ele
estava falando sério. Kali já atirara em um de seus próprios homens por ter

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adormecido quando estava a serviço. Se ela não fizesse o que ele queria, seria uma
ferramenta inútil e dispensável. Então, ele encontraria outro jeito de conseguir o que
queria. Um terrorista como ele, não tinha o menor sentimento e não pensaria duas
vezes antes de se livrar dela.
Contudo, mesmo que ela lhe desse a fórmula, ainda assim seria uma ameaça para
a organização dele.
De qualquer maneira, naquela terrível situação, Katherine sabia que morreria.
Retardar a confissão era a única coisa que a mantinha viva, e não sabia o que estava
esperando. Ninguém tinha conhecimento de que ela fora seqüestrada do táxi quando
estava a caminho do aeroporto de Hong Kong. No instante que parará no semáforo,
seus olhos haviam sido vendados, e ela fora arrastada e jogada em uma van.
Ainda estaria na China?, perguntou-se nervosa. Tudo que sabia era que havia
areia, ar salgado e um laboratório improvisado, parecido com os de algum colégio sem
muitos recursos; e, evidentemente, muito diferente dos laboratórios de pesquisa, os
quais estava acostumada a ter a sua disposição.
Aquela era uma negociação covarde. Sua vida por uma arma química volátil,
criada com suprimentos comprados com facilidade. Kate jamais criaria uma arma
química, mesmo que fosse a única maneira de salvar a própria vida. Era totalmente
contra seus princípios, e, se o fizesse, jamais poderia conviver consigo mesma de novo.
Como parecia não haver solução para o problema no qual estava envolvida, e ela
tinha pouquíssimo tempo, não havia nada a fazer, senão tentar prorrogar a vida. E para
quê?, perguntou-se com tristeza. Talvez porque, no íntimo, tinha uma pequena
esperança de que um milagre pudesse acontecer.
Kali ainda estava esperando por sua resposta, e ela assentiu. Não havia outra
opção. Precisava prometer a ele que tentaria... mesmo que nunca fizesse isso.
O sorriso de Kali foi de satisfação quando pôs a arma de volta no coldre e se
afastou. Os guardas perto da porta deram um sorriso falso. Além de dois deles, Kali e,
ocasionalmente, um químico da Malásia que vinha bisbilhotar o trabalho dela de vez em
quando, Katherine não tinha idéia de quantas pessoas havia lá. Mas não duvidava de que
estavam todos armados, inclusive o químico, que usava uma pistola. Ele não podia dizer
se a fórmula dela realmente funcionava. As anotações de Katherine eram reais e
exatas, mas complexas o bastante para confundir seus seqüestradores. Até agora.
As mãos tremeram quando ela esfregou o rosto, então se levantou da cadeira e
voltou para a mesa. Pegou uma caneta e uma prancheta e estudou a tela de computador
que mostrava seu último experimento de teste. A chuva batia no telhado fino,
produzindo um barulho alto dentro do laboratório. O vento entrava através das
frestas das portas, uivando.
Como aquilo tudo tinha acontecido?, perguntou-se, ainda confusa. Seu mundo
sempre fora tão correto e rotineiro. Durante toda sua vida, estudara com afinco e
trabalhara arduamente para conquistar a posição que alcançara, e nunca, jamais,
fizera algo errado para merecer aquele castigo. Por que o destino estava lhe pregando
uma peça?

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Contudo, de alguma maneira absurda e contraditória, sentia-se até um pouco
lisonjeada por ter sido seqüestrada. Considerando a grande quantidade de pessoas na
comunidade científica que eles provavelmente tinham raptado ou poderiam raptar, a
fim de conseguir a fórmula, ela era pequena e insignificante. Porém, fora escolhida, e,
na verdade, sabia exatamente o que eles queriam.
Ela suspirou. Sentir-se lisonjeada por ter sido escolhida por um terrorista, era
pura insanidade, decidiu, desgostosa. A racionalidade era, definitivamente, a primeira
a sofrer danos em uma situação estressante como aquela. Katherine concluiu que as
infinitas horas longe da luz e a impossibilidade de dormir havia tornado um tanto
filosófica. Ou talvez fosse apenas a falta de esperança? Ela se agarrava à idéia de que
alguém adentraria aquela porta a qualquer segundo e a salvaria das garras de Kali.
Sabia que aquilo era quase impossível, mas precisava ter, no mínimo, um fio de
esperança. Ninguém tinha conhecimento de que ela estava presa na guerra pessoal de
Kali com o resto da humanidade, todavia, a esperança de que algo milagroso pudesse
acontecer, era a única coisa que poderia mantê-la em sanidade.
Os dois guardas a observavam, cada um encostado contra a parede, a porta
entre ambos. Um dos homens olhava intensamente para todos os lugares, exceto para
o rosto dela e, quando se aproximou, ela apanhou uma garrafinha de líquido azul sobre
a mesa e ameaçou atirá-la nele. Rindo com cinismo, o sujeito se afastou para trás,
assumindo sua posição na porta ao lado do parceiro, um homem gordo de olhos grandes
e hábitos nojentos de se alimentar, e que emitia barulhos no corpo em intervalos
regulares.
Uma batida soou à porta, ela ouviu a língua árabe ser falada, e o guarda a olhou
por um breve instante antes de abrir a porta.
Um segundo depois, houve um leve estrondo duplo. Um buraco surgiu na testa
dele, então no peito. O segundo guarda olhou quando seu companheiro caiu no chão,
então gritou por socorro e balançou-se em volta do batente para apontar sua arma
para fora da porta.
Ele atirou.
Katherine tremeu inteira, apavorada. Acreditando que sua hora estava prestes
a chegar, fez uma oração silenciosa, pedindo a Deus que não a deixasse morrer.
Então o guarda tombou para trás, segurando o pescoço com força. Sangue
escorria entre os dedos dele. Katherine ficou imóvel enquanto ele tropeçava, tremia e
finalmente caía no chão. Ele bateu na mesa do laboratório. Produtos químicos
espirraram, capturando o fogo. Chamas corriam através da mesa em direção ao
computador.
Logo em seguida, a energia foi desligada.
Mas Katherine não conseguia tirar os olhos da porta. Primeiro, viu o cano de uma
arma de fogo, depois um grande homem de preto deslizou em volta do batente da
porta. Ele usava binóculos especiais, e a cabeça se movia com o balanço da arma, um
feixe de luz acompanhando. Então ele apontou o cano da arma para ela. Katherine deu
um passo para trás. O homem afastou os binóculos dos olhos, e puxou uma fita de

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velcro sobre o ombro, mostrando a bandeira americana.
— Marinha Americana, madame. Estamos aqui para levá-la para casa.
As pernas de Katherine tremeram tanto que ela quase caiu.
O sujeito vestido de preto estendeu-lhe a mão, e ela correu para ele.
Milagrosamente, alguém fora salvá-la e a tiraria dali. Sua prece fora atendida e, em
silêncio, agradeceu do fundo do coração.
Jake olhou para fora da porta. Um guarda inimigo correu para a posição dele e
Jake atirou, então falou, o aparelho de escuta transmitindo a mensagem para seu time
de fuzileiros:
— Riggs, Miller, vão para os barcos e deitem-se para se protegerem dos tiros.
Fletcher, nós estamos saindo. Spooner, afaste-se dos barris de explosivos. —Ele virou-
se para olhar para a cientista, mas Katherine estava voltando ao quarto. — Dra.
Colher, nós precisamos ir agora!
— Mas eu preciso de minhas anotações — protestou ela. Ele se aproximou e
segurou-a pelo braço.
—Deixe-as aí—ordenou.—Precisamos partir imediatamente.
— Não! Eu não posso. — Ela se desvencilhou com habilidade. — Você não
entende...
A porta dos fundos se abriu de repente. Ela se enfiou embaixo da mesa,
enquanto Jake atirava contra a parede e a porta. Dois homens caíram no chão, com os
rostos para baixo.
Colher apenas olhou fixamente para os homens mortos, as faces pálidas e sem
vida a centímetros dela, embaixo da mesa.
— Agora! — Jake gritou e ela recuou, batendo a cabeça, então agarrando suas
anotações em uma sacola de couro. — Spooner, entre na água. Nós vamos buscá-lo.
Espere pelo meu sinal antes de explodir as bombas.
Katherine engatinhou, jogando a longa tira da sacola sobre a cabeça e
ajeitando-a embaixo do braço enquanto ia até ele. Jake olhou para baixo, encarando-a.
— Você está tentando matar todos nós, moça? — perguntou em tom furioso.
— É claro que não.
— Então, por favor, siga as minhas ordens e sairemos dessa confusão, você
entendeu?
Ela assentiu com um movimento de cabeça e murmurou com voz trêmula:
— Sim.
Jake ignorou o óbvio medo dela e ordenou:
— Não saia de perto de mim e acompanhe os meus passos. Ele saiu do aposento,
então a empurrou para sua frente, virando-se constantemente e atirando em qualquer
um que cruzasse no caminho. Homens corriam de dentro do prédio murado, atirando
cegamente, matando algumas pessoas de seu próprio grupo. Jake correu, puxando
Collier consigo.
— Nós estamos do lado de fora. Spooner, agora, agora!
— Atire no buraco — ouviu-se uma voz através da escuta. Jake jogou Katherine

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no solo quando as explosões se iniciaram na escuridão. O ruído era ensurdecedor.
Tiros soaram no ar como foguetes, e metade do prédio desapareceu com as explosões.
Jake rolou por cima de Katherine e puxou-a da areia.
— Vá para praia — ele a instruiu. — Há um barco lá. Entre nele e fique abaixada
o tempo todo. — Ele deu alguns passos para trás. —- Fletcher, ela está indo em sua
direção. Spooner? — Jake olhou para ver a Dra. Collier pular no barco.
A área inteira estava iluminada como um carnaval de fogos químicos, e Jake se
deitou para se proteger das explosões, até que os motores do barco fossem ligados,
agitando ferozmente a água. Seus homens gritaram para ele e Jake apressou-se para o
mar, entrando no Zodiak e posicionando-se novamente para atirar explosivos na praia.
Kali estava lá, gritando e gesticulando para o navio, enquanto corria em direção
a ele.
— Destruam o navio, destruam o navio! — ordenou Jake.
O navio explodiu em segundos. A madeira se estilhaçou, e pedaços se
espalharam pelo céu. Um fogo amarelo se espalhou através do cais quando o
combustível incendiou. Kali gritava como um lunático, chutando a areia e gritando
ordens, mesmo enquanto os destroços caíam sobre ele.
Riggs pilotou o outro Zodiak para longe, a fim de buscar Spooner. O coração de
Katherine estava disparado de medo, e ela se esforçou para recuperar o fôlego
enquanto o suor lhe molhava todo o corpo. Colocando a mão na água, lavou o rosto e
olhou para a terra, feliz em vê-la cada vez mais distante. Seu salvador estava de
joelhos e continuava atirando contra a fortaleza inimiga.
— Vocês são da Marinha? — perguntou ela com uma voz tímida.
— Agora não é hora de conversa, doutora. Fique abaixada.
Kali estava na visão dele, e Jake não podia perder a concentração. Após alguns
segundos, ela perguntou:
— Aqueles são mísseis? Ele seguiu o olhar dela.
As paredes de uma cabana de palha haviam caído, e havia um lançador de míssil
abaixo.
— Aproximação! RPGs! Aumente a velocidade, aumente a velocidade! Agora!
Agora!
Fletcher acelerou os motores, e a água jorrou, revelando a posição deles.
Jake escutou a explosão um segundo antes de vê-la. Ele olhou a tempo de ver
Spooner ser arrastado para dentro do barco.
— Dividam-se, dividam-se!
Eles se separaram, mas era tarde demais. O míssil atingiu perto do Zodiak, a
grande movimentação de água jogou a embarcação deles e enviou Fletcher para fora
do barco, sobre a lateral. Jake estendeu a mão para tentar alcançá-lo, mas a
correnteza o levou para longe.
— Riggs! Fletcher está dentro da água! — Jake moveu-se para assumir o
controle do barco.
— Nós estamos cientes, sargento.

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O outro barco curvou-se para trás, e Jake empurrou o deles para frente, em
sentido oeste, quando viu Fletcher agarrar o cabo de reboque e deslizar para dentro
do barco de borracha.
Jake pisou no acelerador, tentando distanciar-se das pedras. Kalj não iria cair
calmamente. Não desistiria com facilidade. O céu tornou-se branco de fumaça, a chuva
caindo sem piedade e enchendo o Zodiak de água. Muita água.
Eles estavam afundando!
Outro míssil disparou.
O tempo pareceu parar por um momento. Jake viu o míssil ser lançado através da
água em direção a eles e movimentou o barco em ziguezague para evitar ser atingido.
Então soube que não poderia.
Ele gritou para que Colher pulasse na água. Mas ela estava congelada de terror,
o olhar fixo no míssil que se aproximava, e Jake foi até ela, empurrando um colete
salva-vidas para o seu peito. Então envolveu os braços em volta dela, enquanto rolava
sobre a lateral para dentro da água, levando-a consigo.
O míssil atingiu o barco.
A vibração seguiu através da água, separando-os e formando grandes ondas.
Então, não houve mais nenhum som, exceto o das bolhas de água e dos violentos
estrondos dos trovões.
Jake subiu à superfície, procurou Colher na água escura, viu um pedacinho de
roupa branca e esforçou-se para alcançá-la. Ela estava com o rosto virado para baixo,
o braço preso no colete salva-vidas. Ela engasgou e tossiu, então uma onda os atingiu e
ela desapareceu nas águas.
Um equipamento especial que Jake, assim como todo fuzileiro naval, levava na
mochila para a missão, estava empurrando-os para baixo, e ele se livrou da mochila,
soltando-a no mar. Depois, liberou as tiras do colete e esforçou-se para colocar os
braços da Dra. Colher dentro dele. Ela subiu à superfície com uma expressão de puro
pânico, agarrando-se a ele. Segurando as tiras do colete salva-vidas, Jake a segurou
até que ela fosse capaz de pôr a cabeça inteira acima da água, a fim de respirar.
A cientista o olhou diretamente nos olhos, e Jake quase pôde provar o gosto do
medo que ela sentia.
— Fique calma. Eu não vou deixá-la morrer, doutora — gritou ele para ser
ouvido sobre a tempestade.
Tremendo, ela assentiu com um gesto de cabeça quando uma onda gigantesca
veio por detrás dela e os atingiu em cheio. Jake segurou-se nas tiras do colete
enquanto eles afundavam, então subiu à superfície e, carregando-a consigo, nadou para
a praia, a fim de evitar as grandes ondas.
Era a única opção deles.
A tempestade tropical tinha se transformado em um pequeno e cruel furacão. E
não havia um único navio de salvamento à vista.
Onde estava a Marinha quando mais se precisava dela?

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Capítulo II

Próximo à praia, Jake se movimentou agitado quando a água salgada o atingiu e


entrou na sua boca. Ele tossiu diversas vezes e cuspiu, colocando-se de quatro.
Finalmente conseguia sentir a areia tocando-lhe os pés. Estava na terra. Então
percebeu duas coisas: ainda estava de posse da arma e sua mão descansava sobre algo
macio. Ele piscou através do nevoeiro e olhou.
Eram as coxas surpreendentemente firmes da Dra. Colher.
Notando que ela estava imóvel, Jake rapidamente checou-lhe a pulsação, depois
se levantou, pegou-a nos braços e carregou-a para fora da praia, tirando-a do sol. Ele a
deitou sobre a sombra de algumas árvores e, como ela não despertou, ficou olhando-a
por alguns segundos. As feições eram bonitas e delicadas, e ela parecia um misto de
deusa do sexo com uma bibliotecária. A maioria dos cabelos castanhos ainda estavam
presos em um coque, e, embora as roupas estivessem praticamente rasgadas, a bolsa
de couro a tiracolo continuava cruzando o peito dela. Havia acontecido coisas demais
por causa das preciosas anotações da doutora. Apreciando o corpo feminino mais do
que deveria, Jake se afastou um pouco.
Ela parecia um pequeno bicho indefeso, pensou. A manga da blusa estava
rasgada no ombro, o forro da saia se desprendera em alguma parte e estava caindo
para baixo do joelho. E, embora estivesse determinado a não se envolver com aquela
mulher, Jake seria um tolo se não houvesse notado que Deus lhe dera seios que faria
qualquer homem babar, e um gosto exótico em lingerie. Avisando a si mesmo para não
se empolgar com a beleza feminina e não tocá-la de jeito algum, ele vasculhou a área
para ver se não havia cobras, e só então voltou à praia para ver se podia achar alguma
coisa.
O mar trouxera de volta para a margem a mochila de equipamentos que soltara
na água, e agora percebia que nem mesmo era a sua mochila, e o colete salva-vidas,
rasgado, porém, ainda provavelmente útil. Ele estava com o estojo de primeiros
socorros em seu cinto de guerra, revistas e um cantil com um pouco de água fresca, a
qual duraria, talvez, um dia. Ele bateu nos bolsos do colete LBV e soube que continham
munição e os binóculos de visão noturna, mas o rádio de comunicação estava rachado,
molhado, inútil naquela área, pelo menos. O barco de borracha Zodiak, ou melhor, o que
restara dele, estava furado e flutuava com o movimento das ondas. Sem motor, sem
material que possibilitasse remendos, sem nem mesmo um remo. Eles haviam tido
muita sorte em sobreviver à explosão, sem mencionar à tempestade.
Jake olhou sobre a água e desejou de todo coração que seus homens estivessem
no navio. Sãos e salvos.
Nada além do horizonte azul o cumprimentava de todas as direções. Algo escuro
e estranho flutuava na água a alguns metros de distância, e, ao se aproximar, ele
encontrou duas granadas. Excelente. Levando tudo consigo para a praia, abriu a

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mochila e vasculhou-a, verificando o que havia de útil no equipamento. Só então se
deitou de costas para relaxar um pouco.
Seu rádio de comunicação estava realmente arruinado e o aparelho de escuta
havia desaparecido, provavelmente durante a tempestade, deduziu ele. Além disso, não
possuía nenhum Sistema de Posicionamento Global, que poderia informar aos seus
companheiros onde eles estavam. A chance de eles os localizarem eram mínimas. O que
significava que não havia como alguém encontrá-los e saber que ainda estavam vivos.
Ele e a Dra. Collier tinham sidos levados pela correnteza durante a noite e, como as
correntes de água estavam muito fortes, poderiam estar em qualquer lugar entre a
Malásia e a Indonésia.
Jake desejava muito que não estivessem próximos do Vietnã.
Meu Deus, como isso foi acontecer?, Perguntou-se em voz alta, preocupado.
Levantando-se, reuniu tudo que tinha encontrado, jogou no barco, e arrastou-o
para fora da margem, onde deixara a doutora. Ela ainda não havia se movido. Melhor
assim, decidiu Jake, ou descontaria sua raiva nela por tê-los metido naquela confusão.
Se ela não houvesse sido teimosa em retornar para apanhar as tolas anotações, se
houvesse mantido a boca fechada e obedecido às ordens dele, nada daquilo teria
acontecido. Agora, estavam presos na ilha e, considerando que era um espaço aéreo
restrito, não apareceria um resgate de helicóptero ou avião sem a ajuda de muitos
órgãos diplomáticos. Bem, talvez ele pudesse avistar um barco de pescadores de
passagem, se tivesse sorte.
Jake nunca contava com a sorte para trabalhar a seu favor. Retirando o colete
LBV, o cinto de guerra e sua camisa molhada, verificou a pistola, praguejando quando
água espirrou do cano. Ele jogou-a no barco vazio, pegou o facão que ainda estava
preso ao equipamento da mochila, agradeceu a Deus por pequenos favores, e deixou a
Dra. Colher, gênio do século da química, dormindo.
Jake resolveu explorar a área, embora soubesse que não poderia haver vida
naquele pedaço deserto de areia, mas, naquele momento, queria muito encontrar um
pouco de água doce.
Katherine se mexeu, detestando o gosto ruim na boca enquanto tossia com
vigor. Bebi o oceano inteiro, pensou, e só então percebeu que não estava mais
flutuando. Agradecida pela sensação da terra sólida sob seu corpo, enterrou os dedos
na areia, com medo de abrir os olhos. Porém, após alguns segundos, abriu-os e viu a
copa de várias árvores balançando-se acima de sua cabeça. Uma brisa quente e
aromática acariciou-lhe a pele enquanto se sentava devagar. O estômago revolveu-se, a
cabeça de repente começou a latejar. Ela se recordou da explosão, da força da água e
do fuzileiro naval que a levou, através da lateral do barco de borracha, para dentro do
mar. Ajoelhando-se, olhou para o horizonte, depois se levantou e caminhou até a praia.
Linda água azul cristalina... por milhas. E milhas.
Ela estava sozinha. Oh, Senhor.
O que acontecera com os fuzileiros navais?, Perguntou-se desesperada. Será
que tinham sido assassinados? Seguidos pelo grupo terrorista de Kali? Ou teriam

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morrido afogados?
Ela andou alguns metros, o medo ameaçando se transformar em pânico. O que
sabia em relação a sobreviver sozinha? Nos seus melhores dias, podia cozinhar alguma
coisa no microondas para comer, mas como conseguiria fazer algo ali? Não havia nada.
Ela olhou para a terra. Levantava-se em uma inclinação acentuada, a grossa floresta
com palmeiras e arbustos. Pedras estavam espalhadas por todos os lados, como se
houvessem sido tombadas de um caminhão.
Katherine sentou-se no chão.
Estou sozinha em uma ilha deserta, concluiu em desespero. Lágrimas começaram
a queimar seus olhos, e ela decidiu que não poderia fraquejar. Não entre em pânico,
Kat, ordenou a si mesma. Isso é bem melhor do que Kali e suas ameaças. Alguém virá
procurá-la e irá encontrá-la. Ela gemeu. Na verdade, não esperara que a Marinha fosse
atrás dela. Um batalhão de busca em alto-mar era uma situação realmente distante da
realidade. Ela era uma mulher otimista e de mente bastante aberta, porém, inteligente
e racional ao mesmo tempo.
Katherine colocou-se em pé de novo, sentindo-se pequena e inútil como nunca se
sentira antes na vida, consciente de sua inabilidade naquele momento. Sim, era
considerada uma excelente química e sempre tivera uma mente brilhante. Todavia, no
que se referia às coisas simples e práticas da vida, tinha consciência de que era um
total fracasso. Como sobreviveria sozinha? Jamais seria capaz de matar um animal
para comer, ou construir um abrigo para si mesma. Como poderia produzir fogo para se
aquecer?
Aquele ambiente era novo e assustador, completamente distante de sua
realidade. Ela nem mesmo gostava da praia, preferia o conforto de seu lar, de seu
laboratório. Adorava cosméticos e creme hidratante.
— Bem, você queria perder alguns quilos, não queria? — murmurou, tentando
confortar a si mesma. — Agora é a sua chance.
Meu Deus! Mal descobrira que estava sozinha presa em uma ilha e já começava a
falar sozinha. O que lhe aconteceria nos próximos dias? Bem, nada podia acontecer,
pensou com tristeza, uma vez que certamente não sobreviveria.
Um ruído agudo a assustou, e ela virou em direção à selva, movendo-se para a
esquerda, depois para a direita, incerta sobre o que fazer, e rezando para que não
fosse um porco do mato selvagem.
Então um homem saiu da floresta escura, como um Tarzan, ainda que vestido
com uma camiseta preta justa e calça.
Katherine reconheceu o fuzileiro naval que a salvara das garras de Kali, e ficou
tão radiante em vê-lo que, sem pensar, correu e se jogou nos braços fortes do homem.
— Oh, Graças a Deus — falou excitada, um imenso alívio invadindo-a. — Pensei
que eu estivesse sozinha.
Jake ficou parado, imóvel, envolvido pela mulher de corpo perfeito e pele macia.
Quando ela olhou para cima, ele arqueou uma sobrancelha em uma expressão
interrogativa.

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— Sozinha? Como acha que saiu da água e veio parar na praia? O equipamento a
seu lado não lhe deu uma pista?
Ela deu um passo atrás, afastando-se.
— Qual equipamento?
Jake inclinou a cabeça, apontando a mochila. Ela olhou na direção apontada.
— Oh, eu não tinha visto. — As faces dela enrubesceram.
— Sim, oh. Uma cientista de mísseis distraída — observou ele amargamente.
— Química — corrigiu ela.
— Tanto faz. — Ele começou a andar.
— Você não precisa ser rude.
Ele parou, e Katherine quase se chocou nas costas largas. Jake virou-se e olhou-
a como se ela fosse um inseto, claramente irritado com aquela situação.
— Moça, nós estamos presos aqui, porque você não obedeceu as minhas ordens,
porque insistiu em pegar suas anotações e essa bolsa de couro!
Ela deu de ombros e o encarou.
— Mas era muito importante.
— Não, não era. Seus papéis teriam sido queimados naquele fogo.
— Eu não poderia arriscar — declarou ela com veemência.
— Por que acredita que não? Ela se afastou mais para trás.
— Desculpe-me, mas você sempre fala desse modo grosseiro?
— Apenas com pessoas que arriscam minha vida — replicou ele friamente.
— Este não é seu trabalho?
Os olhos dele faiscaram, como pequenos carvões cruéis.
— Sim — admitiu.
— Então pare de reclamar. — Ela passou por ele e andou em direção ao
equipamento.
Jake a olhou perplexo.
— Reclamar? Eu não estava reclamando. Estava declarando um fato.
— Fatos são apoiados em dados — disse ela, desafiando-o. Ele começou a segui-
la, e Katherine se virou e parou. O homem parecia um gigante perto dela, ameaçando-a.
— Se você não tivesse voltado, nós teríamos fugido sem sermos atingidos pelas
granadas propulsadas pelo projetor de míssil.
— Eles as teriam atirado de qualquer jeito — discordou ela. — Eu os ouvi
dizendo que o fariam se alguém se aproximasse.
— Esse é um fato — continuou ele. Como se ela não houvesse falado nada. — Eu
poderia ter emitido, através do rádio, a ameaça em potencial, e a equipe de comando
teria jogado uma bomba neles. Ou enviado fuzileiros navais para pegar prisioneiros e
oferecer cobertura.
— Duvido muito — murmurou ela. — Os Estados Unidos não teriam sido
diplomáticos, e sim, deixado que o governo local lidasse com isso.
Jake cerrou os dentes, com vontade de sacudi-la. A moça era teimosa e
determinada.

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— Não com um terrorista! Katherine pensou por um segundo.
— Talvez.
— Não existe talvez em relação a isso, moça. Kali foi prisioneiro de Al Qaeda.
Ela empalideceu.
— Oh...
— Segundos podem fazer uma incrível diferença em um caso como o nosso. A
missão estava dentro do prazo de tempo determinado, até que você atrasou tudo.
Conseqüentemente, a Dra. Katherine Colher, cientista ou química de mente brilhante,
está presa nessa ilha deserta, em vez de sentada em um navio de resgate. — Ele fez
uma pausa e suspirou. — Dados suficientes para você?
Katherine pensou que ninguém nunca falara com ela com tanta raiva e
ressentimento. Honestamente, não era como se ela o houvesse forçado a ir buscá-la.
— Eu vou ceder esse ponto. — Era sábio fazer concessões. Afinal, ele era muito
maior do que ela e parecia verdadeiramente ameaçador.
— Ótimo.
— Mas, não às ordens. — Ela saiu andando, afastando-se rapidamente dele.
Jake pôs a mão sobre a cabeça, para conter a vontade de torcer o lindo pescoço
dela. E naquele momento, a mulher estava ridícula andando na praia de saltos altos. Ele
meneou a cabeça, desgostando mais dela do que desgostara cinco minutos atrás.
— O que havia de tão importante na sacola de couro? — perguntou ele, após
segui-la e alcançá-la.
— Minhas anotações — respondeu Katherine. — Quando eles me pegaram, eu as
tinha comigo. Eles me revistaram para procurar armas, mas não leram as anotações.
Não poderiam entendê-las de qualquer forma. — Ela se sentou, abrindo a sacola e
retirando-as de dentro. Ainda estavam legíveis.
— E posso saber no que consistem tais anotações?
— A fórmula de uma cura, fuzileiro — respondeu ela sem rodeios.
— Jake, Jake Mackenzie.
Ela olhou para cima, então limpou a mão na saia antes de estendê-la para ele.
— Doutora Katherine Collier, prazer em conhecê-lo.
Jake olhou para a mão dela. O que a mulher achava que era aquilo? Uma festa?
Uma reunião de negócios? Ele a ignorou.
— Uma cura para o quê?
Ela baixou a mão, embaraçada.
— É um antídoto. Para a bomba química que Kali queria que eu fizesse.
— Você fez? — perguntou ele.
Ela olhou novamente para cima, incrédula com a pergunta.
— É claro que não. Quem acha que eu sou?
Ela imediatamente se arrependeu de ter perguntado. Na verdade, não queria
saber a resposta. Não gostaria de saber. Felizmente, ele não respondeu. Em vez disso,
explicou:
— Estou lhe perguntando isso porque você parecia ter uma espécie de

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laboratório lá dentro daquela sala.
— Sim, você disse bem, uma espécie de laboratório, totalmente sem recursos. E
eu estava protelando até que pudesse pensar em alguma coisa para sair dali.
— Você estava em uma ilha — explicou ele. — Por onde pretendia fugir?
— Oh. — Ela franziu o cenho por um instante. Na realidade, não pretendera
fugir, mas estivera esperando por algum milagre, o qual, de fato, acontecera. — Uma
ilha? Verdade? — Ela deu de ombros. — Eles vendaram meus olhos quando fui
capturada em Hong Kong, e, por isso, eu não sabia que estava em uma ilha. Eu estava a
caminho de volta para os Estados Unidos quando...
— Eu sei como eles a pegaram, Dra. Colher — interrompeu ele. — E foi por isso
que minha equipe estava lá.
Ela o fitou, comprimindo os olhos e Jake teve a impressão que ela usava óculos,
às vezes.
— Como vocês me encontraram? — Katherine quis saber.
— Isso é confidencial — respondeu ele. Ele não estava cooperando muito.
— Mas por que eles fizeram isso? Eu não sou ninguém. Aquilo era humildade
demais, pensou Jake.
— Você fizera uma palestra para metade dos departamentos de proteção de
cinco países. Esse foi o motivo. Acha pouco, doutora?
— Bem, pelo menos causei alguma impressão — murmurou ela com um pequeno
sorriso irônico.
Katherine estava folheando suas anotações, desinteressada do fato de que
chineses e americanos estavam finalmente trabalhando juntos para encontrarem uma
química competente.
— O que você pretendia com tamanha exposição? — indagou ele. — Dinheiro
para fundos?
— Não, eu estava oferecendo a cura para todos eles.
— Por quê?
Ela o encarou atônita.
— Para que todos ficassem seguros contra ataques químicos. Por que outra
razão seria?
— Parece-me que você poderia ter feito uma boa fortuna com isso — replicou
ele.
Ela fez uma careta.
—Salvar vidas é muito mais importante do que ganhar dinheiro. Poderia ter
salvado a sua vida, senhor...
— Não me chame de senhor — pediu ele. — Sargento de artilharia, Jacob
Mackenzie. Também fuzileiro naval da Marinha.
Nossa, aquilo era impressionante.
— Bem, Jake — ela dobrou as anotações e levantou-as um pouco no ar —, essa
foi a apresentação que fiz aos diretores dos departamentos de defesa e seus
químicos. E, como é um antídoto, também contém a fórmula com a qual a arma química

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pode ser feita. Se Kali ficasse com isso, poderia produzir a arma que estava me
forçando a criar. Sem a minha ajuda — acrescentou ela com um longo suspiro.
Jake apenas a olhou, estudando-a com atenção e perguntando-se como podiam
colocar tanto cérebro em uma mulher tão pequena. E por que com tanta instrução, ela
não tinha também um mínimo de bom senso? Uma vez que fizesse a arma para Kali, ele
a teria matado em seguida.
Jake virou-se de súbito.
— Aonde você vai? — Katherine quis saber.
— Procurar lenha.
— Oh, ótimo.
— Para fazer um fogo como um sinal — esclareceu ele com seriedade.
— Você acha que eles irão nos procurar?
— Sim. Porém, não tão cedo — respondeu Jake secamente.
— Você não parece muito seguro disso.
— Eu estou. — Ele pôs convicção no tom de voz, afinal, não queria assustá-la.
Não a conhecia e não tinha idéia do que ela seria capaz de fazer se estivesse com
muito medo. As mulheres eram sempre imprevisíveis, principalmente quando estavam
apavoradas.
— O que você está me escondendo, Jacob? — A expressão dela era de total
desconfiança. — Quero saber tudo que aconteceu e tudo que ainda pode acontecer.
Ele a encarou, decidindo que não adiantava poupá-la. Ela precisava saber da
situação.
—Nós flutuamos em um ciclone. Pelos meus cálculos, por mais de oito horas. Se,
por um lado, temos muita sorte de estar respirando, por outro, podemos estar em
qualquer lugar do mundo.
— Você não sabe onde estamos? — A voz dela aumentou de volume, soando
assustada.
— Não, não sei. Podemos estar perto de Borneo, Sumatra, no mar Java na
Indonésia, no mar da China. — Ele deu de ombros.
— Ainda no mar da China, acredito. — Assim ele esperava. — Próximos às
margens do Vietnã.
Os olhos de Katherine se arregalaram com aquela idéia.
— Essa ilha pode ser uma das ilhas Anambas — continuou ele.
— Há centenas delas, a maioria sem nome. — O que significava que não existiam
oficialmente nem tinham sua localização espacial identificada. Ele esperou que ela
absorvesse suas palavras.
Ela mordiscou o lábio nervosa, e, embora, com certeza, fizera aquilo
inconscientemente, provocou em Jake um estranho desejo de beijá-la.
— Você não tem um mapa? — murmurou ela, trazendo-o de volta à realidade.
— Está perdido no mar como a maioria de meus apetrechos, doutora.
— Katherine, por favor — disse ela, em tom claro e alto. — Quanto tempo
poderemos sobreviver aqui?

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Ele deu de ombros, novamente.
— Teremos que sobreviver por um bom tempo. Não temos outra escolha.
— E quanto à comida, água e abrigo? — questionou ela. Jake ouviu o medo na
voz feminina e delicada, e não gostou da emoção que sentiu em seu interior. Não
gostou de se sentir perturbado pelo medo dela, mas tentou entender e aceitar.
— Nós vamos sobreviver, Colher — assegurou-lhe. — Eu me certificarei disso.
Ela começou a se levantar.
— O que posso fazer para ajudar?
— Nada. Fique onde está e não ande por aí. — Ele começou a caminhar em
direção à praia.
— Por que tenho de ficar onde estou? — protestou ela, irritada. Jake olhou
para trás.
— Porque ainda não verifiquei a área para saber se há armadilhas, pessoas,
cobras, animais selvagens... e você não está muito adequada para esse ambiente. — O
olhar dele baixou para os sapatos de salto que ela ainda estava usando. Bastante
manchados, combinando com a saia feminina.
Katherine tirou os sapatos, inspecionando-os, e fez uma careta.
— Eles eram de seda — comentou.
— Não toque em nada. — Jake virou-se de costas, meneou a cabeça e seguiu
adiante.
Katherine o observou partindo, um pouco nervosa. O homem era força bruta e
músculos. Cabelos escuros, olhos castanhos e uma impaciência cínica no tom de voz.
Agia como se ela fosse um espinho no pé dele. Ela supôs que seria melhor estar
sozinha na ilha, não pensando sobre o fardo que devia ser.
Todavia, ele era a única chance entre a morte e a sobrevivência. Em outras
palavras, sua única esperança. Ele era da Marinha, tinha muitas habilidades. Afinal,
fuzileiros navais não eram largados no meio do nada apenas com uma faca e tinham que
sobreviver por dias? Ele provavelmente podia, no mínimo, esfregar dois pauzinhos e
fazer um fogo. Ela precisava de nitrato e enxofre para isso. E pedra. Necessitava de
água de torneira e um microondas para se alimentar, pensou com honestidade. Assim
como de um restaurante chinês que entregasse comida em domicílio.
Katherine conhecia seus limites. Era uma mulher de negócios e não possuía
habilidades domésticas ou culinárias. Algo que não atrapalhava sua vida de forma
alguma, uma vez que o dinheiro, que ela possuía o bastante, podia comprar muitas
coisas.
Sempre vivera bem, embora com os homens tivesse certos problemas. Nunca
fora capaz de apenas conversar com eles sem lhes contar as mais recentes
descobertas no campo da ciência, ou mencionar suas hipóteses atuais. Ou sem irritá-
los profundamente. Alguém uma vez lhe dissera que os homens fugiam dela, porque não
podiam suportar ser menos inteligentes ou não tão bem-sucedidos profissionalmente.
E, após algumas desilusões, Katherine se enterrara nos estudos e desistira de
relacionamentos amorosos. Passara anos na escola, depois em laboratórios de pesquisa,

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criando uma infinidade de coisas, desde o último e mais moderno creme contra rugas,
até aquele antídoto. E agora, tudo que sabia, era que tinha pouco a contribuir para a
sobrevivência deles.
Então, pelo menos não seja um estorvo, disse a si mesma com tristeza. Não
reclame nem chore como uma criança perdida. Afinal, aquilo não o ajudaria em nada.
Ele provavelmente estava preocupado com os seus homens. Se não estavam lá
com eles, estariam perdidos no mar? O pensamento fez o estômago dela revolver-se, e
a culpa se instalou.
Aquilo era tudo culpa dela. Tudo por causa das anotações que ela insistira em
resgatar. Deveria tê-las deixado queimar em chamas. Mas então, da última vez que
olhara, Kali não estava morto. E ela não se permitira arriscar.
Como ela poderia conviver consigo mesma se deixasse sua fórmula nas mãos de
um terrorista? Agira corretamente ao tê-las pegado, concluiu finalmente. Mesmo que
Jacob Mackenzie, sargento de artilharia e fuzileiro naval, não pensasse assim.
Katherine envolveu os braços em volta dos joelhos e suspirou profundamente. A
brisa quente movimentou seus cabelos molhados, e ela balançou as poucas mechas que
tinham se soltado do coque.
A visão era espetacular, um horizonte azul e limpo por milhas. Um lugar pacífico.
Jake fez diversas viagens até juntar madeira em uma pilha. A doutora não fazia
nada nem falava muito, apenas o observava o tempo todo. Durante um dos retornos
dele, surpreendeu-a tirando uma de suas meias de seda rasgadas e obteve uma boa
visão de um lindo par de pernas escondido embaixo da saia que batia na altura dos
joelhos. Ela parecia desajeitada com o forro de cetim aparecendo abaixo da bainha, os
cabelos em um coque e a blusa para dentro da saia. Jake teve uma súbita vontade de
despi-la e descobrir o que havia realmente embaixo daquelas roupas largas e
desalinhadas no corpo.
Ele virou o Zodiak arruinado para o sol, a fim de secá-lo, então removeu as
cordas de náilon e guardou-as. Ainda não havia encontrado água doce. Precisava
explorar a ilha com cuidado para se certificar de que eles não estavam compartilhando
aquele pedaço de terra como alguma coisa mais perigosa que alguns lagartos e cobras.
E pássaros.
— Você precisa me dar alguma tarefa para fazer — disse Katherine. — Não
posso deixá-lo fazer tudo sozinho.
— Sim, você pode — respondeu ele friamente.
Ela suspirou. Ele nem mesmo a olhava. E ela estava muito ocupada, observando-o.
Havia muito do homem para ser observado. Ele era alto, bronzeado, forte, e
definitivamente bonito. Muito bonito.
A camiseta preta era justa e moldada ao corpo, manchada com sal e água. Mas
isso não escondia o estômago reto e os músculos bem definidos dos braços. Ombros e
costas largos, um corpo praticamente perfeito. O olhar dela moveu-se para cima. Ele a
pegou encarando-o, e Katherine desviou o olhar e começou a mexer em sua sacola de
couro. Depois de um segundo, colocou-a no chão, vasculhando tudo que havia no

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interior da bolsa.
— Alguma coisa útil?
A voz sexy e profunda a assustou. De repente, ele estava agachado a seu lado.
— Não, não realmente — murmurou ela. — Minhas anotações, papéis, algumas
canetas, balas de menta. Um pente, um espelhinho e um batom. E um minúsculo frasco
de perfume.
Ele deu um sorriso forçado, levantando-se.
— Pelo menos, você vai ficar com um aroma agradável — comentou com ironia.
— Minha bolsa ficou no táxi. — Ela retirou o relógio do pulso, sacudiu-o, depois
o jogou de lado.
— Foi assim que descobriram quem tinha sido seqüestrada.
— O motorista levou minhas malas à polícia? — perguntou ela perplexa.
— Isso mesmo. Katherine empalideceu.
— Oh, meu Deus, não. Pobre homem.
— Ele está vivo — Jake a informou. — Testemunhas disseram que ele tentou
ajudá-la.
— Eu não me lembro. Suponho que me preocupar que alguém estava gastando
meu limite de cartão de crédito é algo insignificante, então.
— Eu apostaria que a embaixada está com as suas malas — disse ele.
Ela parecia um pouco triste, então ele não mencionou que o ministério chinês
vasculhara as coisas dela como se fosse uma criminosa.
Jake amarrou o facão no tornozelo com uma espécie de atadura, então girou um
pequeno relógio preso em uma corrente, verificando a bússola. Ele se afastou,
anunciando:
— Vou procurar água.
Katherine se levantou, espanando as roupas e pegando os sapatos e disse:
— Vou junto.
Ele a olhou por um longo instante.
— Não — falou com autoridade. — Fique aqui.
— Eu não sou um cachorro, sargento — protestou ela.
— Eu não falei isso. — Ele não a deixou falar. — Contudo, você é uma mulher
sem experiência e já me causou problemas suficientes. Eu preciso conhecer bem essa
ilha, e não conseguirei fazer isso enquanto me preocupo se você está se machucando,
ou foi mordida por uma cobra, ou desmaiou por causa do calor, enquanto estou
tentando dar segurança à área. Portanto, fique aqui — finalizou ele em tom de
comando.
Aquilo era verdade, pensou ela, e fazia muito sentido. Ela voltou a se sentar no
chão, resignada.
— Da próxima vez eu vou — murmurou ela, mas Jake já havia partido e não a
escutou.
Correndo pela praia, Jake não olhou para trás. Se o fizesse, começaria a notar
quão expressivo era o rosto dela e como a blusa extravagante e a saia não faziam nada

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para esconder o espetacular corpo feminino. Ou se lembraria de que, em determinado
momento, quando ele a pegara observando-o, vira mais do que apenas simples
especulação. Ele queria ficar bravo com ela. Furioso, na verdade. Pelo menos, isso o
ajudaria a manter distância. Uma bela aparência não era tudo, disse a si mesmo.
Quantas mulheres o perseguiam, mas logo se afastavam por causa das atitudes dele?
Jake sabia que não tinha o direito de se envolver emocionalmente com uma mulher e,
muito menos, deixar que alguma se apaixonasse por ele. Optara por uma profissão
difícil, na qual estava sempre fora de casa, viajando e correndo perigo durante suas
missões. Ser esposa de um fuzileiro naval, levava a uma vida de sacrifícios e solidão, e
nenhuma mulher merecia isso.
Além do mais, as mulheres não conseguiam entender sua necessidade de
privacidade. Elas eram grudentas, pegajosas e o sufocavam. E a Dra. Katherine Colher
podia ser uma cientista, mas já provara que quando o assunto era de vida ou
sobrevivência, não tinha a menor idéia do que fazer.
Uma hora depois, quando Jake se sentiu culpado e decidiu fazer companhia à
"srta. Educada e Inteligente Demais", esperava que ela estivesse no mesmo lugar onde
ele a deixara.
Ela não estava.

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Capítulo III

Com o coração levemente descompassado, Jake perguntou-se onde Katherine


estaria. Ele mandara que ela ficasse onde estava, e mais uma vez, ela desobedecera as
suas ordens. Não que ele realmente quisesse lhe dar ordens, mas era seu dever
protegê-la de qualquer perigo que pudesse haver na ilha desconhecida. Ele olhou ao
redor da área, localizando as pequenas pegadas da Dra. Collier e seguindo-as em volta
da fileira de árvores que escondia a posição deles da margem da praia.
Então parou de repente, quando a avistou. Lá estava ela, com os tornozelos
mergulhados em uma pequena lagoa formada com pedras expostas ao ar.
Sem a saia.
Ela estava examinando as costuras detalhadamente, virando-a do avesso, depois
do lado direito de novo, como se considerando de que maneira deveria usá-la. Jake não
se importava. Contanto que ela não colocasse a saia de novo, nem o impedisse de olhar
a delicada pele nua através do tecido transparente e fino da blusa. A luz do sol parecia
oferecer à silhueta feminina uma terceira dimensão.
Perfeita. À parte os cabelos presos em um coque apertado e atrás das orelhas
como uma bibliotecária de sessenta anos de idade, tudo nela era lindo e encantador.
Ele teve a súbita e louca vontade de cair de joelhos e implorar que ela fosse sua.
Jake se aproximou, aproveitando a visão, desejando muito que não tivesse visto
aquilo... que não tivesse visto as longas pernas delgadas e elegantes nem a doce curva
dos seios que o faziam babar de desejo. Respirando fundo para se controlar,
perguntou delicadamente:
— Algum problema?
Em um sobressalto, ela se virou e pôs a saia sobre as pernas nuas, cobrindo-se
envergonhada.
— Posso ajudar em alguma coisa? — Ele não pôde evitar a provocação.
Totalmente boquiaberta, ela o fitou. Pela aparência assustada, qualquer um
pensaria que ela nunca estivera semi vestida perto de um homem antes.
— Doutora? — insistiu ele quando ela parecia incapaz de falar.
— Meu... o forro de minha saia soltou e eu estava tentando removê-lo de vez.
— E veio na praia para fazer isso? — perguntou ele em tom de censura. —Fiquei
preocupado quando não a encontrei onde a tinha deixado.
— Eu estava procurando por uma concha afiada ou algo assim para desfazer a
costura — explicou ela.
Com o coração disparado, ele tirou a faca pequena presa ao tornozelo e a
estendeu para ela. Katherine aceitou, ainda tentando manter-se coberta e cortar o
tecido. Impaciente, Jake se aproximou mais, segurou o forro, deixando a saia ainda
sobre o colo dela, e cortou o cetim com habilidade e rapidez.
Ele entregou-lhe o forro.

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— Você pode se vestir agora — murmurou com a voz levemente rouca.
— Vire-se de costas, por favor. Ele piscou incrédulo.
— Você está brincando?
O olhar de censura dela deixou muito claro que não estava brincando.
— Meu Deus! — Ele se virou. Que sorte a sua, pensou. Sua companheira na ilha
era uma puritana. Melhor assim, decidiu, uma vez que não queria nada com ela.
Katherine vestiu a saia, mortificada de vergonha.
Quando Jake virou-se, a blusa estava arrumadinha dentro da saia. Ambas
estavam manchadas e eram muito finas. Sem o forro, ele podia ver diretamente
através do tecido, e a blusa era fina e transparente o bastante para que ele pudesse
notar a beleza das curvas femininas. O sutiã era de renda e levantava-lhe os seios
como se estivessem em um manequim em uma loja de lingerie. Perfeitos.
— Eu não esperava que você voltasse tão rápido — disse ela, enrubescendo de
leve.
— Obviamente — concordou Jake com um meio sorriso irônico. — E por isso,
você resolveu dar uma voltinha.
— Eu já lhe disse que vim procurar uma concha. Além disso, talvez deva lhe
dizer mais uma vez que não pretendo ficar obedecendo as suas ordens.
— Eu só estou tentando protegê-la — murmurou ele.
A expressão de Jake era carinhosa e, aparentemente, ficara mesmo preocupado
com ela. Arrependida do modo rude que falara com ele, Katherine assentiu com um
movimento de cabeça.
— Eu sei. Desculpe-me. — Ela fez uma pausa. — Você achou água?
— Não.
— Então, por que voltou?
— Para ver se você ainda estava viva — replicou ele, o semblante totalmente
sério agora.
— E por que eu não estaria? — Katherine se irritou com aquele comentário. —Eu
não sou totalmente inútil e indefesa, sabia, Jake? E não toquei no seu precioso
equipamento, mesmo precisando de algo.
— Eu sabia que você não tocaria — disse ele. — Você é muito medrosa.
A raiva a assolou.
— Não sou medrosa.
Ele se aproximou, rápido e de maneira abrupta.
Katherine recuou, jogando o corpo para trás e espirrando água ao redor.
Tudo que ele fez, foi arquear uma sobrancelha como se dissesse: "Verdade"?
— Eu não vou machucá-la. Mais uma vez repito: Meu dever é protegê-la,
doutora.
Ela não estava com medo dele, apenas se sentia intimidada pelo modo rude e
direto daquele homem e por aqueles olhos penetrantes. Como se ele estivesse
tentando ver através dela o tempo todo, ler sua alma.
Ele virou-se de costas, rindo para si mesmo, e ela detestou aquilo. Ele parecia

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dizer: "Eu sou um homem, você é apenas uma mulher, o sexo frágil". Katherine cerrou
os dentes antes que falasse alguma coisa que realmente o aborrecesse.
— Nós podemos usar isso para alguma coisa?
Jake nem mesmo se incomodou em olhar para trás, sabendo que ela abanava o
forro de cetim cor-de-rosa-pálido nas mãos.
— Para nada que eu possa pensar no momento. Suspirando, ela se levantou e o
seguiu. Jake era um sujeito
realmente difícil de se lidar, e ela não sabia por que aquilo a incomodava tanto.
Estava em uma ilha com o único homem de toda a humanidade que poderia mantê-la
viva, e sentia-se irritada? Ela meneou a cabeça, pensando que não deveria reclamar,
nem para si mesma. Tudo que precisava fazer era imaginar que estava sozinha e ainda
saber que possuía a possível ajuda do homem que andava à sua frente de maneira
dominadora. Precisava dele, mas poderia ignorá-lo pelo máximo de tempo possível.
Ele parou e pesquisou o equipamento na mochila, como se duvidando da
declaração anterior dela de que não havia tocado em nada. Katherine não ousaria. Com
certeza, havia coisas muito perigosas na mochila. Talvez armas, bombas e granadas.
Naquela questão, ela estava definitivamente fora de seu ambiente.
Ele consultou o relógio de pulso, olhou para o céu, depois para a área em volta.
— Eu vou continuar explorando a ilha pelas próximas duas horas, então
construirei um abrigo.
Ele não estava falando com ela, apenas falando consigo mesmo, percebeu
Katherine. Ele começou a caminhar em direção à floresta.
— Eu vou com você — anunciou ela.
— Não, fique...
— Não me dê ordens como um sargento. — Agora que estava zangada de novo,
não se importava mais se ele queria protegê-la ou se preocupava com ela. — Eu não sou
um de seus homens.
O olhar de Jake a informou de que ele sabia perfeitamente disso.
—E não vou ficar sentada aqui como uma criancinha obediente — acrescentou
com um biquinho. Então pegou os sapatos e estava prestes a calçá-los quando ele os
tirou de sua mão e quebrou os saltos sem o menor esforço. Só então os devolveu a ela.
Katherine olhou para os sapatos por um momento, agora sem saltos, deu de
ombros, calçou-os e então gesticulou.
— Vá na frente, liderando o caminho.
Jake a estudou por alguns instantes, enquanto ela prendia médias de cabelos no
coque, e finalmente cedeu. Talvez fosse melhor mantê-la por perto. Pelo menos, não
ficaria preocupado e com pressa de voltar. J á que ela era uma mulher teimosa e
desobediente, era mais seguro mantê-la a seu lado.
— Siga meus passos e faça o que eu falar, dessa vez.
— Sempre devo seguir suas ordens, sargento. Que Deus me castigue se eu lhe
desobedecer de novo — murmurou ela em tom de zombaria. — Podemos ser
capturados por canibais.

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— Saiba que isso não é impossível, moça — respondeu Jake com frieza. — No
sul da Indonésia, ainda existem tribos canibais.
Os olhos dela se arregalaram, e Jake pensou que ela não podia enganar ninguém.
A forte expressão facial revelava tudo que ela pensava ou sentia. Ele olhou para
frente, escondendo o semblante divertido, quando começaram a caminhar através da
selva.
Ele não deveria provocá-la, pensou, mas era tentador demais. Como a própria
mulher. Era muita sorte ficar preso em uma ilha deserta com a mulher mais linda que
já vira na vida.
Só que ela não sabia disso. Não tinha a menor consciência da própria beleza.
Jake olhou para trás. Ela franziu o cenho, parecendo ansiosa.
— Eu fiz algo errado?
— Não—Ela apenas não tinha noção do quanto era tentadora. Se ela soubesse,
ele estaria perdido.
Com o facão, Jake ia cortando arbustos como se estivesse descontando sua
raiva na vegetação da ilha. Katherine suspeitava que ele estava imaginando que toda
aquela folhagem verde fosse sua cabeça. Ele não falara uma palavra na última meia
hora, apenas se movia através da floresta.
—- Se você tem uma bússola — disse ela com cautela, fazendo o possível para
não irritá-lo ainda mais —, então sabe onde estamos.
— Não, eu não sei onde estamos. Sei onde fica o norte, o sul, o leste, e o oeste,
e o que deveria estar ali, mas a que distância estamos de qualquer outra terra, é
impossível dizer.
— Oh! — exclamou ela sem graça. Ele parou, virou-se e a fitou.
— Você não sai muito de casa, sai?
Katherine não precisou pensar para responder tal questão.
— Não. Sou do tipo solitária. — Sozinha, solitária, errante. Escolha um dos
adjetivos, pensou ela.
— Bem, então você deveria estar feliz em se encontrar aqui. Afinal de contas,
não há nada mais solitário do que esse lugar. — Ele continuou andando.
— Eu disse solitária, não abandonada em uma ilha deserta e isolada de todas as
coisas maravilhosas que a tecnologia tem a oferecer.
Ótimo, pensou ele com ironia, a garota não era o tipo que gostava de ficar ao ar
livre e, certamente, faria muitas reclamações nos próximos dias. Ele cortou uma
grande folha, o facão afiado deslizando por ela como se fosse água.
— Estou feliz que você esteja aqui, Jacob — murmurou ela com uma voz tímida.
Chamá-lo daquele jeito, fazia a estranha parceria dos dois parecer ainda mais
formal.
— Jake, ou Mac, se você preferir.
— Seus homens o chamam de Mac? — perguntou ela.
— Sim. A maioria.
— Espero que eles estejam bem — murmurou Katherine sinceramente.

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— Também espero muito — respondeu ele.
— Foi tudo culpa minha.
Ele parou e virou-se para trás. Os dois se entreolharam por um longo momento.
Jake sentiu-se atingido diretamente no estômago quando viu lágrimas nos olhos dela.
Lágrimas rápidas e atormentadoras.
— Não foi culpa sua. A culpa é de Kalil por tê-la seqüestrado.
— Mas eu nos coloquei nessa situação — disse ela.
Ele emitiu um profundo suspiro. Ela parecia estar à beira do choro. Ele se sentia
inútil, não sabia o que fazer. Com um inimigo, podia lutar, mas com uma mulher aos
prantos, não.
— Na verdade — o tentou —, se você não houvesse me alertado sobre os
mísseis, nós provavelmente estaríamos mortos.
— Verdade? — perguntou ela com um brilho de esperança nos olhos.
Era verdade, ele admitiu com relutância para si mesmo. Por incrível que
parecesse, Katherine notara os mísseis inimigos antes dele.
— Sim, verdade.
Ela pareceu imensamente aliviada quando soltou o ar que estivera retendo nos
pulmões.
— Bem, suponho que isso torna as coisas um pouco melhores.
— Você está bem agora? — Jake quis saber.
— É claro. Por que eu não estaria? Agora, ela parecia ofendida.
— Você não vai chorar de novo, vai?
— Eu não estava chorando. Fiquei apenas um pouco emocionada ao pensar nos
seus homens. Uma vez que não estão aqui, eles têm que estar em algum lugar, e espero
muito que seja em um lugar seguro.
— Havia um navio esperando por nós — ele a informou.
As perfeitas sobrancelhas castanhas de Katherine se arquearam.
— Eu não vi um navio.
— Isso porque ele estava a três milhas de distância. Além disso, estava escuro
e havia a tempestade. Nós íamos nos reunir com ele através de coordenadas. — Jake
não mencionou que se eles tivessem despercebidos, e não tivessem sido forçados a
explodir as bombas antes de estarem a milhas de distância, teriam chegado ao navio
com facilidade e não estariam presos ali naquela ilha. — Isso faz alguma diferença
agora? — perguntou ele.
Ela esfregou os olhos que estavam um pouco embaçados pelas lágrimas contidas,
e depois deu de ombros.
— Suponho que não. Vamos continuar com nossa busca? Jake recomeçou a
andar, o olhar vagando ao redor da terra densa e úmida. Eles caminharam mais alguns
metros quando ela inalou tão profundamente que o fez virar-se. O olhar dele
percorreu o solo e as árvores, o corpo tencionou quando sentiu o aviso de perigo.
— O que foi? — indagou ela, assustada.
— É uma flor chamada iúca, ou algo parecido, uma vez que eu não sabia que iúca

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poderia crescer aqui, em um lugar tão úmido — explicou ele.
— E? — Katherine não estava entendendo o motivo da tensão de Jake.
— É uma planta... Veja.
— E daí? — perguntou ela. — Há muitas plantas por aqui. Aliás, não há nada,
exceto plantas.
— Esta pode ser venenosa — murmurou ele.
Ela lançou-lhe um olhar exasperado quando ajoelhou-se e quebrou um pedaço de
planta, então espremeu-o entre os dedos. Afinal de contas, de plantas, certamente
entendia melhor do que ele. Um líquido branco levemente prateado escorreu-lhe entre
os dedos, e quando ela o esfregou, este espumou.
— Oh, que maravilha! Tem aloé. Graças a Deus.
— E por que você está agradecendo a Deus?—perguntou Jake.
— Pelos cosméticos — respondeu ela, olhando-o.
— Cosméticos? — Ele franziu o cenho, sem entender o que ela quisera dizer.
— É uma espécie de sabão. Podemos usar para tomar banho. Além do mais, isso
serve para queimaduras. — Ela girou o corpo, olhando em volta, e Jake de súbito ficou
hipnotizado pela delicadeza dela. Katherine tinha curvas generosas, mas a largura dos
ombros devia ser metade dos dele. Os dedos delgados arrancaram plantas com
habilidade, e ela as guardou no cós da saia.
— Tem certeza que sabe o que está fazendo? — Ele a fitou, desconfiado.
— Eu tenho um diploma em Biologia — respondeu ela, e em seguida,
acrescentou: — Com especialização em Botânica.
— Pensei que você fosse química — murmurou ele.
— Também sou química.
Quantos diplomas a mulher possuía? E, pelo amor de Deus, por quê?
— Além disso, trabalhei por um bom tempo para uma companhia de cosméticos.
Ela os usava? perguntou-se Jake, silenciosamente. Sabia como se tornar ainda
mais atraente? Ela era linda, mas parecia não ter interesse em valorizar a beleza
feminina. Aquele coque horrível de matrona precisava ser desfeito, pensou ele com
vontade de desmanchá-lo.
— Então, como passou de batons para antídotos e armas?
— Oh, foi quase por acidente!
— Você gostaria de me contar como isso aconteceu? — pediu Jake, curioso.
Ela pegou algumas flores e pedaços de plantas, amarrando-as como um maço e
colocando-os no cós da saia, juntamente com o aloé.
— Eu tinha um amigo, um físico pesquisador que estava trabalhando para uma
companhia militar e ele não conseguia o antídoto
Certo—começou ela—Então, pediu-me para fazer uma tentativa.
— Ela deu de ombros graciosamente. — E eu fiz funcionar.
— Aposto que isso irritou muito seu amigo — comentou ele. Ela se levantou,
encontrando o olhar de Jake.
— Não sei, ele nunca falou nada.

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— Ah, mas irritou, confie em mim. Nenhum homem gosta de ser superado por
uma mulher.
— Bobagem — replicou ela com um lindo sorriso, embora soubesse que aquilo
era pura verdade. — De qualquer forma, fui contratada para trabalhar nessa
companhia e completar o projeto.
— E por que você apenas não deu o antídoto para seu amigo e voltou a fazer
batons? — De repente, ele descobriu que estava realmente interessado e gostava de
ouvi-la falar de si mesma.
— Ele teve muita dificuldade em explicar como cheguei às conclusões que
cheguei. — Ela fez uma pausa e o estudou. — Você tem certeza de que quer ouvir
isso?
Ele parecia entediado, concentrado nos ruídos ao redor.
— Se eu não estivesse interessado, não teria perguntado. — Ele andou,
cortando o caminho.
— Eu não poderia ter feito isso sem a ajuda de Rodney — continuou Katherine.
Rodney? Pessoas nomeavam seus filhos de Rodney? pensou Jake, divertido.
Nunca ouvira um nome tão estranho antes.
— Ele era físico e sabia que a combinação química faria os sintomas diminuírem,
mas não sabia quais deles causavam os sintomas, ou em que combinação. Bem, não é
verdade. Ele sabia isso também. Ele apenas não podia fazer funcionar sem matar os
ratos do laboratório.
— E você conseguiu? — perguntou Jake.
— Obviamente — replicou ela sem modéstia.
— E aposto que você deu crédito a seu amigo por isso, estou certo?
— Por que eu não o faria? Afinal de contas, a fórmula era dele
— declarou ela.
Aquela mulher era mais generosa do que a maioria das pessoas que ele conhecia.
— Então, por que era você quem estava dando a palestra?
— Porque criei a combinação certa e a entendia melhor.
— Você ainda é amiga desse tal Dr. Rodney? — Jake descobriu que estava
sentindo ciúme de um homem que nem sequer conhecia. O que estava acontecendo com
ele?
Ela parou por um segundo.
— Na verdade... — Ela franziu o cenho para o chão, depois levantou os olhos e o
encarou. — ...ele estava muito estranho e impaciente da última vez que nos falamos
antes de Hong Kong.
Jesus, ela não podia ser tão ingênua em relação à raça humana, podia?
— Você acha que ele armou uma cilada para você? Com Kali?
— Meu Deus, não. Rodney? Oh, não, não. Ele não teria motivo para uma atitude
dessa.
— O governo pagaria bilhões pelo que você fez, Katherine — apontou ele.
Por alguma razão, ela adorou ouvir seu nome sendo pronunciado pelos lábios

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dele. Soava doce e carinhoso. Era a primeira vez que ele a chamava pelo primeiro
nome, o que significava que estava baixando a guarda e abrindo-se para um pouco mais
de intimidade. Bom sinal, decidiu ela, contente.
— Eu não me importo — respondeu. Ele arqueou uma sobrancelha escura.
— Com dinheiro? — Ele queria certificar-se de que era sobre isso que eles
estavam falando.
Ele ficava formidável quando arqueava as sobrancelhas, pensou Katherine.
— Sim — confirmou ela. — Não me importo com dinheiro. Tenho o bastante
para viver confortavelmente e não necessito de mais.
— Nem para sapatos? — ele a provocou de brincadeira. Ela lhe deu uma leve
cutucada com o braço.
— Não sou tão vaidosa assim. Os mais caros geralmente são os menos
confortáveis.
— É o que as mulheres me dizem. — Ele emitiu uma breve risada.
Um pensamento de repente ocorreu a Katherine. —Você é casado? —indagou
curiosa, esperando que a resposta fosse negativa.
— Você não faz rodeios quando quer saber uma coisa, verdade? Vai direto ao
ponto — observou ele com um sorriso malicioso.
Katherine enrubesceu. Não pretendera ser rude ou intrometida, apenas falara
de modo espontâneo, sem pensar.
— Fazer rodeios é perda de tempo — replicou ela. — Então, você é casado? —
Ela não gostou do fato de estar prendendo a respiração. Mas então, quando fora a
última vez que esperara tanto tempo para um homem falar?
— Não, não sou. E você?
— Não.
Aquela única palavra, pronunciada em um suspiro cansado, revelava mais do que
ela queria, pensou Jake, olhando por sobre a cabeça dela e evitando a expressão
sofrida que, de alguma maneira, sabia que estaria nos olhos dela.
— Ah-ah! — exclamou ele, de repente movendo-se para uma árvore.
— Ah-ah, o quê?
— Comida. — Ele deslizou o facão para dentro da capa de couro na cintura e
pulou em uma árvore. Katherine deu alguns passos atrás quando ele alcançou o topo.
Incrivelmente ágil para um homem tão grande, pensou ela, impressionada. Ele cortou
um cacho de bananas verdes e as jogou aos pés dela. Jake não ficou parado ali, e
balançou-se como um macaco para uma outra árvore. Dois cocos caíram. Segundos
depois, saltou para o chão com um estrondo, então endireitou o corpo imenso e
musculoso.
Ela estava sorrindo, e ele se sentiu perturbado por aquele sorriso mais uma vez.
— Você é tão... — Ela parou e pensou em um adjetivo adequado. — Tarzan.
Ele deu uma risadinha sexy e bateu no peito com um punho fechado.
— Vamos voltar. — Jake pendurou as bananas no ombro e Katherine apressou-
se para apanhar os cocos enormes.

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— Nós não podemos comer essas bananas até que amadureçam um pouco. —Ele
inclinou a cabeça, gesticulando para as bananas. — Verdes, fazem um estrago no
estômago, confie em mim.
— Eu confio — murmurou ela, baixinho.
Ele a encarou. Ela não tinha mais ninguém para confiar, pensou ele, penalizado.
Mas então, também precisava dela. Afinal, só tinham um ao outro naquele lugar isolado.
Jake gesticulou para que ela o precedesse.
— Vá, é seguro o bastante.
— Mas nós ainda não encontramos água — observou ela.
— Depois eu encontrarei — ele lhe assegurou. — Caso contrário, vou descobrir
algum jeito de coletar água da chuva.
Katherine não havia pensado que pudesse chover de novo. Estava claro e não
havia nuvens no céu agora. Eles retornaram à área arborizada do campo, onde estavam
os seus pertences.
Jake lhe deu um pouco de água de seu cantil, fazendo-a dar um gole e cuspir
primeiro. Era nojento cuspir na frente de um homem. Ele parecia estar achando aquilo
altamente divertido. Katherine não se importou, contanto que ele sorrisse, em vez de
fazer uma carranca mal-humorada.
Retirando as ervas e plantas da saia e colocando-as de lado cuidadosamente, ela
o viu trabalhar. Não podia evitar observá-lo. As feições masculinas eram angulares,
quase com um aspecto perverso, embora, de alguma maneira, revigorante. Quando
aqueles olhos escuros pousavam sobre ela, Katherine queria confessar todos os seus
segredos em um único discurso. Apostava que inimigos americanos não arriscavam uma
chance quando ele os olhava.
E as mulheres? Provavelmente ficavam loucas por ele e o perseguiam.
Katherine não pensava muito em romances. Pelo menos não com os homens com
os quais trabalhava. Eles estavam sempre usando jalecos de laboratório e mais
interessados em trabalhar do que em falar com ela sobre qualquer coisa, exceto
reações químicas e testes de linha de base. Nunca sobre encontros amorosos, nem
mesmo sobre fofocas.
Na verdade, ela não saía com um homem desde... Não podia nem ao menos se
recordar, o que era uma pena, pensou. Não, era patético. Ela tentou se lembrar da
última vez que fizera amor e uma vaga e triste memória a assolou. Lembrou-se das
carícias desajeitadas e atrapalhadas do Dr. Alan Partridge, e o reviu transpirando
sobre ela, arfando como alguém que acabara de correr uma maratona. Após alguns
momentos, ela perdera todo o interesse e abençoara o instante que ele atingira o
orgasmo e saíra de cima de seu corpo. Desde então, Katherine nunca mais saíra com
ele ou com qualquer outro homem. O trabalho parecia proporcionar-lhe certo conforto,
embora, certamente não a satisfação que queria, que precisava. E que merecia.
E por que estava pensando nisso agora?
Seu olhar fitou Jake. Ajoelhado sobre uma pedra grande, ele estava
trabalhando na casca verde do coco. Oh, Katherine, se for bastante honesta consigo

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mesma, você é realmente uma virgem reciclada. O homem ali presente era diferente
de todos que já conhecera na vida. Bonito, um corpo fantástico, inteligente... bem, ela
conhecia muitos homens inteligentes. Não inteligentes para sobreviverem em uma ilha
deserta, mas racionalmente inteligentes. Jake parecia destemido e decidido. Ou será
que se mantinha sempre ocupado, a fim de não sentir medo?
Ele cortou a casca grossa do coco e rasgou a pele fibrosa do topo. Depois de
retirá-la, algo que ela não teria conseguido fazer, ele pegou uma faca pequena que
estava amarrada no tornozelo com uma faixa, e fez um furo na ponta.
— Você quer um pouquinho da água antes de eu quebrá-lo? — Jake entendeu o
coco a ela, e Katherine inclinou-o sobre a boca aberta. Aproximadamente metade do
líquido passou por seus lábios, o restante escorreu pelo queixo. O olhar de Jake seguiu
o líquido deslizar pelo pescoço dela e desaparecer por debaixo da blusa.
— Não está tão bom quanto eu esperava — disse ela, fazendo uma careta.
— Eu sei. — Ele riu.
Ela levantou a fruta para ele. Jake pegou, abriu o coco no meio e deu um pedaço
a ela.
— Oh, isso está muito melhor. — Ela mastigou, saboreando e, em seguida,
estendeu a mão para pegar mais.
Ele a deteve.
— Você não come nada há muitas horas. É melhor ir com calma
— aconselhou.
Se ela comesse demais, iria enjoar, um erro que Jake cometera muito tempo
atrás. Além disso, tinha a impressão de que a Dra. Collier nunca comera coco fresco
antes. Ele guardou os pedaços, depois começou a fazer um buraco na terra. Katherine
decidiu não pedir uma explicação do que ele estava fazendo, e apenas observou.
Ele reuniu pedras, cercou o buraco com cuidado, então preencheu o buraco com
folhagens de palmeiras e madeira velha. Depois foi até seu equipamento, retirou da
mochila refeições embaladas e prontas para comer e achou fósforos a prova de água.
— Você tinha comida? — perguntou ela, atônita. Ele a fitou.
— Sim, para um dia ou dois, no máximo. Todos os fuzileiros navais têm no
mínimo isso em um equipamento, sempre que saem para uma missão.
— Então por que não falou nada?
— Não fique impaciente, doutora. Nós podemos ficar aqui por um bom tempo, e
precisamos encontrar outras fontes de alimento.
— Ele apontou para as bananas e estudou-lhe a expressão facial.
— Você está com medo — afirmou.
— Não, não realmente.
Aquela era uma mentira corajosa, pensou ele.
— Não tem problema se você estiver com medo.
Ela hesitou antes de confessar:
— Eu acho que estou um pouco assustada. Quero dizer, a situação parece
horrível, não parece?

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Jake olhou para o oceano, esperando ver um helicóptero, um barco, mas não
havia nada além do mar.
—- Sim. — Ele levantou-se, pôs os fósforos à prova de água no bolso, então
puxou o Zodiak para debaixo das árvores. Com o facão, andou alguns metros para
frente e começou a cortar árvores mortas e algumas não tão mortas.
— Diga-me o que você está fazendo — pediu Katherine.
— Cortando árvores — replicou ele secamente.
— Por favor, converse um pouco comigo, Jake. — Ela levantou-se, espalhando a
sujeira da roupa com a mão. — O que eu posso fazer?
Ele abriu a boca para falar, mas ela o interrompeu.
— Se você me disser para sentar ou ficar aqui, eu vou... Jake deu-lhe sua total
atenção.
— Você vai, o quê?
Ela arrebitou o nariz de maneira desafiadora.
— Vou pensar em alguma coisa vil para fazer com você no meio da noite.
Ele sorriu, um sorriso tão espontâneo que o coração de Katherine bateu com
tanta violência que ela achou que fosse desmaiar. Após mais algumas batidas
aceleradas, ela pensou na noite que iria chegar, e em se deitar na escuridão ao lado
daquele homem. Seria uma tentação irresistível. O corpo todo tremeu com o
pensamento, e um sentimento antigo vibrou em suas entranhas. Era o desejo, uma
necessidade que ela quase já não reconhecia.
A expressão dos olhos de Jake mudou, amenizando-se um pouco. Ele a fitou de
cima a baixo, pousando os olhos aqui e ali, e ela imaginou que, a qualquer segundo,
tiraria toda a roupa e imploraria para que ele a possuísse. Então, de repente, o olhar
sexy desapareceu do rosto dele, sendo substituído pela usual carranca zangada, e ele
se virou de costas para ela. Naquele momento, Katherine soube que ele realmente se
sentia atraído por ela, mas não faria nada em relação a isso e jamais tomaria a
iniciativa. O pensamento fez o sangue dela esquentar, uma vez que não via nada sexy
em si mesma naquele estado atual em que se encontrava. Porém, a questão era, se ela
tivesse chance, faria alguma coisa a respeito daquilo?
Ela sorriu para as costas largas e fortes e decidiu. Oh, definitivamente sabia
que faria.

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Capítulo IV

Jake estava tão ocupado com a construção do abrigo, e a ignorava tão


completamente, que Katherine decidiu que o olhar especial que vira no semblante dele
tinha sido apenas sua imaginação. Uma fantasia fraca e sem fundamento.
De qualquer forma, muitos homens não se sentiam atraídos por ela, não viam
nada além de um cérebro brilhante na sua cabeça. Por que Jake Mackenzie seria
diferente? racionalizou com tristeza.
— Você realmente quer ajudar? — perguntou ele de súbito. Assustada, ela o
fitou.
— Quando eu falo alguma coisa, falo sério, Jake. É claro que quero ajudar.
Estou me sentindo totalmente inútil sem fazer nada.
Jake a estudou por um segundo.
Só o fato de sentir os olhos dele tão intensos sobre si, fez o coração de
Katherine disparar e o corpo todo tremer. Não era justo que ele tivesse tanto poder
em um único olhar.
— Certo — disse ele. — Está vendo isso? — Ele levantou uma amostra de
figueira-de-bengala, mostrando-lhe a casca da árvore. Então, demonstrando, ensinou-
lhe como descascar a parte maleável da casca. — Quando eu cortar, você tira quantas
camadas conseguir.
Katherine estava tão ansiosa para ajudar que provocou um sorriso no rosto de
Jake.
Ela piscou e riu envergonhada.
— O que foi? — perguntou ele.
— Você fica tão bonito quando sorri, Jacob Mackenzie.
Um estranho calor subiu através do corpo dele até o rosto, e as orelhas
queimaram um pouco.
— Você deveria sorrir com mais freqüência—acrescentou ela.
— Acho que sim. — Ele evitou olhá-la, não querendo sentir mais do que deveria,
não querendo, na verdade, gostar dela. Afinal, ela era apenas parte de sua missão
profissional.
— Você é sempre mal-humorado ou essa sua atitude se deve apenas às
circunstâncias atuais?
— Sempre — replicou ele brevemente, deixando óbvio que não queria falar
sobre aquilo.
Ela fez uma careta para as costas largas e bronzeadas e agachouse no chão ao
lado dele, pegando os tocos de árvore e descascando-os.
— O que vamos fazer com isso depois? — ela quis saber.
— Cordas.
Olhos céticos o encararam.

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— Isso estou pagando para ver.
Eles trabalharam em silêncio, Jake movendo-se sempre a seu redor. Quando ele
tinha um número suficiente de árvores cortadas, sentou-se na areia, então pôs quatro
tiras entre as botas e começou a trançar.
— Essa é uma trança francesa — afirmou ela, observando o trabalho.
Jake a olhou.
— Você pode fazer isso?
O fato de que ele podia, chocava-a imensamente.
— Sim, claro. Eu faço nos meus cabelos, às vezes. — Ela pegou quatro tiras e as
trançou muito mais rapidamente do que ele fazia. Katherine acabou uma trança e
começou outra, em seguida. — Deixe que eu cuido disso — sugeriu. Pelo menos aquele
era um trabalho que podia realizar com capricho. — Você faz as outras coisas
necessárias.
Assentindo com um gesto de cabeça, Jake levantou-se para cavar buracos,
então posicionou as mudas de árvores que estava usando para fazer tiras, amarrando-
as junto com as cordas que Katherine fazia. Ele drapejou o Zodiak rasgado sobre as
tiras, construindo uma tenda que era grande o bastante para, no mínimo, cinco
fuzileiros navais.
— Você tem irmãos ou irmãs? — perguntou ela, puxando assunto, os dedos
deslizando sobre a trança.
Ela fazia perguntas demais, decidiu Jake naquele momento.
— Não. Eu sou órfão.
Ela o olhou, chocada e imóvel.
— Oh, Jake, lamento. Isso é terrível.
—Não realmente—Eleja devia ter se acostumado com aquele olhar penalizado
que via nas pessoas toda vez que contava que era órfão. Mas certamente não queria
vê-lo no rosto dela.
— Claro que é — discordou ela. — O que aconteceu?
— Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha quatro anos.
Eu sobrevivi. — Ele fez uma pausa e suspirou longamente, como se fosse difícil falar
do assunto. — Como eu não tinha parentes, fui criado em um orfanato católico —
contou com seriedade. — Quando eu tinha dezoito anos, entrei para a Marinha. — Ele
deu de ombros, como se já houvesse dado explicações suficientes. — E quanto a você?
Ela sabia que ele estava mudando de assunto propositadamente, e deixou que
ele assim o fizesse. Ela era implicante e curiosa, mas não era educado pressioná-lo
quando ele era sua única companhia. Além disso, se aquilo o incomodava, ela deveria ter
tato e não insistir no assunto. Descobriria mais sobre ele em um futuro breve.
— Tenho uma irm㠗 murmurou Katherine. — Ela é casada e tem três filhos,
um que já está indo para a faculdade. Também tenho um irmão. Os dois são quase vinte
anos mais velhos do que eu. Minha mãe tinha quase cinqüenta anos quando eu nasci.
— Deve ter sido uma grande surpresa para ela — comentou Jake.
— Oh, sim. Meus irmãos já haviam saído de casa, e tive uma infância

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encantadora, quanto mais velha eu ficava, mais eu me sentia uma neta, em vez de filha.
— Ela continuava trabalhando nas trancas. — A preocupação deles parecia apenas ser
o fato de me colocar em uma boa escola e garantir uma excelente educação. Fora isso,
preocupavam-se com eles mesmos. — Então, fui praticamente criada por babás e
passei anos em colégio interno, acrescentou ela, silenciosamente.
— É por isso que você tem tantos diplomas? — perguntou ele. Katherine abaixou
a cabeça, concentrada nas trancas, e, com
uma voz suave, falou:
— Eu não tive muita escolha. Formei-me no colegial com catorze anos.
— Jesus! Como pôde?
— Eu sabia mais coisas do que era normal para minha idade e fui aconselhada a
pular duas séries no colegial e um ano e meio na faculdade. Eu era muito jovem para
trabalhar, então continuei indo para escola até que tivesse idade o suficiente.
Não que aquilo fizera muita diferença, pensou ela. As firmas adoravam seu
currículo, até que descobrissem sua idade. Um dos empregadores dissera que ela não
proporcionaria à companhia o respeito que ele precisava até que ela crescesse. O que
fora humilhante e injusto. Então ela começara a se vestir de uma maneira que a
fizesse aparentar mais idade.
— Você não bagunçou na faculdade, não se divertiu? — perguntou Jake
intrigado. — Não ficou bêbada e dançou em cima das mesas, como todo mundo? Não
namorou com os amigos nem passou uma noite fora de casa?
Ela olhou para ele, a expressão muito triste.
— Você teria escolhido uma caloura de catorze anos para se divertir?
Jake refletiu sobre a questão por um instante. Então meneou a cabeça.
— Suponho que não, considerando todas as coisas ilegais que isso envolve. Meu
Deus, você era uma isca proibida para qualquer rapaz com mais de dezoito anos.
— Gosto de pensar que os homens me ignoravam somente por essa razão —
disse ela com amargura.
Bem, aquilo dizia muito, pensou Jake. Aquele tipo de inteligência ilustre que ela
possuía, afastava as pessoas e ninguém se incomodava em insistir na amizade. Ela tinha
consciência disso. Na verdade, os homens provavelmente fugiam dela, a fim de não se
sentirem diminuídos intelectualmente.
Ele observou a trança de Katherine, e olhou-a como se a estivesse vendo
realmente pela primeira vez. Não a mulher bonita que podia ficar ainda mais bonita se
desfizesse o penteado de uma senhora de idade, mas a mulher com um QI tão elevado
que a impediu de se divertir durante os anos de faculdade. E durante o período mais
precioso da vida de uma adolescente. Devia ter sido difícil para ela ser mais
inteligente do que todas as pessoas de sua idade, e até mais avançada do que alguns
mais velhos do que ela. Katherine não é para você, pensou ele, surpreso pela
cumplicidade que sentia no momento, especialmente quando estava pronto para não
sentir nada por ela.
— Acho que é por isso que gosto de ficar sozinha — comentou ela, ainda com a

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expressão amarga.
— Não, você não gosta.
Ela girou a cabeça, estreitando os olhos.
— O que disse?
— Você não gosta de ficar sozinha. Pelo menos não mais do que qualquer outra
pessoa normal — afirmou ele com segurança.
— E o que lhe dá tanta certeza disso, Jake?
— Você apenas se acostumou a ficar sozinha e aceitou o fato — murmurou ele.
— Quando eu era criança, eu nunca ficava sozinho. Nunca. Assim que entrei para a
Marinha, era mais ou menos a mesma coisa que no orfanato. Uma fileira de cabides
para roupas de todos, quartos conjuntos, chuveiros abertos. Refeições no meio da
multidão. Agora, quando tenho a chance de ficar só, aproveito-a. Tenho uma escolha,
assim como você — finalizou ele seriamente.
— Sim, agora — concordou ela.
Katherine não escolhia ficar sozinha o tempo todo, mas sabia que a falta de
amigos era sua própria culpa. Ela tinha uma tendência a falar primeiro e questionar
tudo, analisar e racionalizar. As pessoas gostavam de falar de si mesmas e nunca
apreciavam que alguém analisasse de perto o que estavam dizendo. Katherine achava
que todos usavam uma espécie de máscara, a fim de esconder o que realmente seus
pensamentos e sentimentos diziam.
— Você está dizendo que gosta do fato de estar abandonado nessa ilha
deserta? — perguntou ela, intrigada.
— Não. Isso não foi uma escolha. Foi obra do destino. Porém, uma vez que
aconteceu, vou aproveitar enquanto posso.
Jake estava, na verdade, em seu próprio ambiente ali, decidiu ela. Ele gostava
de estar ao ar livre, correndo riscos, aventurando-se.
— O que o fez escolher uma carreira tão perigosa? — indagou ela,
verdadeiramente interessada.
Ele fez uma careta.
— Você está mudando de assunto, Katherine. Ela olhou para trás, sem piscar.
— Quão hábil de sua parte reconhecer isso — devolveu ela. Jake suspirou
resignado. Quando ela queria saber alguma coisa,
não havia o que a fizesse desistir.
— Certo. Gosto da excitação. No meu trabalho, não há rotina, nada é igual todos
os dias. Além disso, ninguém depende de mim, exceto meus companheiros da Marinha.
— Como em sua juventude, pensou ele, dependendo apenas de si mesmo para tudo.
Katherine olhou-o, estudando-o por um momento.
— Acho difícil acreditar que não há uma garota esperando por você em algum
lugar. — Suspirando por ele, acrescentou em pensamento. Deitada nua e implorando
pela presença magnífica de Jake.
— Não tenho tempo para isso — respondeu ele friamente. — Minha vida não é
fácil, e estou baseado em Okinawa. De qualquer forma, não existem muitas americanas

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solteiras hoje em dia. A maioria das mulheres que conheço, ou são da Marinha ou
casadas com um de nós. — Ele fez uma pausa e suspirou. — Essa é minha última missão
antes de eu voltar para os Estados Unidos.
— Uma outra razão para se sentir feliz por estar perdido em uma ilha, não?
— Suponho que sim — disse ele distraído, quando se moveu em volta dela,
testando a força das tiras de madeira. Então espalhou uma pilha de folhagem de
palmeira no chão do abrigo. Da mochila, retirou uma colcha fina que estava camuflada,
como o resto do equipamento dele. Embora estivesse molhada, ele estendeu-a em cima
das folhas de palmeira.
— O abrigo está embaixo das árvores, então deveremos ficar secos se chover
— ele a informou.
— Estou impressionada como você pensa em tudo.
Ele não fez comentário algum e continuou estudando seu trabalho manual.
—E agora?—perguntou Katherine. — Você vai procurar água? Ele assentiu com
um movimento de cabeça.
— Acho que vou ficar aqui dessa vez — anunciou ela. Então esfregou os pés e
ele notou que estavam machucados devido aos sapatos.
— Que coisa, doutora, por que não disse nada?
— Eu estava apreciando a caminhada e realmente não tinha notado.
— Lave seus pés no mar. A água salgada vai ajudar a limpar e curar mais rápido,
mas vai arder um pouco — avisou ele.
— Acho que posso agüentar o ardor sem desmaiar. — Ela sorriu. Ele a fitou por
um segundo, os olhos sem emoção, depois se ajoelhou ao lado do equipamento e retirou
um pequeno tubo de creme.
— Passe isso. E, pelo amor de Deus, não use mais aqueles sapatos.
Ela apanhou o tubo.
— Não me trate como se eu não tivesse cérebro, Jacob.
— Cérebro você tem demais. Só lhe falta aprender usá-lo nas coisas simples da
vida.
Ela piscou, deixando a mágoa transparecer nitidamente nos olhos. Aquilo o
pegou de surpresa e Jake se arrependeu das palavras rudes quando sentiu um nó se
formando no estômago.
— Você precisa redobrar os cuidados em um lugar como esse — murmurou ele
em tom mais ameno. — Eu tenho um estojo de primeiros socorros e sei como usá-lo,
mas há muitas doenças estranhas nessa parte do mundo. Você poderia morrer de
infecção antes de o socorro chegar.
Ele estava realmente preocupado com ela, pensou Katherine com uma pontinha
de satisfação.
— Entendo. Eu não estava pensando...
O suspiro profundo e longo de Jake a fez parar de falar no meio da frase.
— Desculpe-me se fui rude com você.
— Vou considerar isso como um gesto de carrinho e preocupação — disse ela,

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tentando um sorriso fraco.
Ele a olhou por tanto tempo, que Katherine achou que ele ia fazer ou falar
alguma coisa, mas Jake simplesmente levantou-se e saiu andando. Ele precisava mesmo
se abrir mais, pensou ela, observando-o partir. Por que insistia em esconder o lado
terno e amoroso que possuía? Ele se fingia de durão, frio e calculista, quando, na
verdade, era um homem doce e carinhoso. Apenas não se permitia expressar esse lado.
Provavelmente aquilo era um mecanismo de defesa, concluiu ela. Afinal de contas, ele
não tivera pais para amá-lo e aprendera a cuidar de si mesmo muito cedo, defendendo-
se muitas vezes antes de ser ofendido.
— E pare de olhar para o meu traseiro, doutora.
Ela respirou fundo quando ele a tirou de suas reflexões. Era impossível deixar
de olhar para Jake. Ele era uma festa para os olhos.
— Oh! Você é insuportável! — exclamou e não se virou.
— Sim, claro. Mas você não está negando que olhava o meu traseiro, está?
Ele continuou andando e, embora ela não tivesse certeza, suspeitava que ele
estava rindo dela. E aquilo a fez sorrir.
Quando Jake retornou, Katherine estava sentada no chão, o corpo contorcido,
as pernas dobradas, balançando-se para frente e para trás, apertando o estômago com
força.
Ele a encarou por um segundo, mãos nos quadris.
— Você comeu o coco, não comeu? — adivinhou.
— Eu estava com fome.
Ele meneou a cabeça, ajoelhando-se para checar os olhos dela, e sentir a
temperatura do corpo através da testa.
— Vai passar — falou com um carinho que a surpreendeu.
— Deus, espero que sim. Ele riu.
— Não tem graça! — reclamou ela.
— Eu sei. É que já passei por isso uma vez. Vou fazer um banheiro para você.
— Como? — perguntou ela, totalmente atônita.
— É claro que não é um banheiro de verdade. Mas um lugar que lhe dará alguma
privacidade — explicou ele. — Em alguns minutos, você vai precisar disso, confie em
mim.
Ela gemeu, totalmente enrubescida.
— Acho que nunca senti tanta vergonha antes quanto nesse momento.
— É a vida, querida — murmurou ele. — Eu bem que a avisei. Ele a chamara de
querida. Ela reprimiu um sorriso e falou:
— Sim, você me avisou. Já fui punida e estou arrependida, muito obrigada.
Jake a deixou, levando um pedaço de madeira largo e liso consigo, e voltou
depois de poucos minutos. Katherine ainda estava em agonia.
— Venha. — Ele estendeu a mão e a ajudou a se levantar. O estômago dela doía.
— Oh, meu Deus. — Ela pôs a mão sobre a boca quando percebeu que estava
prestes a vomitar.

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—Agüente firme—disse ele com um pequeno sorriso amigável.
— Estou totalmente humilhada, caso você não saiba.
— Entendo perfeitamente o que está sentindo. Mas, imagine sofrer desse mal
em um submarino — murmurou Jake, tentando confortá-la.
Ela pensou sobre aquilo por um instante, então encontrou o olhar dele.
— Certo. Deve ter sido pior do que isso. Jake a conduziu para a área que
preparara.
— Cubra quando você terminar.
— Nunca pensei que pudesse passar por uma situação tão constrangedora na
vida — disse ela com uma fisionomia impassível.
Sem responder, Jake começou a caminhar para longe, dando-lhe privacidade e
rindo sozinho quando iniciou um fogo, mantendo-o pequeno ainda que houvesse muita
madeira morta para alimentá-lo. Katherine não ia sentir fome naquele momento e ele
vasculhou o estojo de primeiros socorros, em busca de algo que pudesse aliviar-lhe o
estômago.
Quando ela retornou, as faces estavam vermelhas como fogo e ela não o olhou,
obviamente envergonhada demais.
— Não fale nada.
— Eu não ia falar. Aqui está. — Ele estendeu o cantil para ela. — Dê um gole,
depois mastigue isso. — Ele lhe deu um remédio branco do tamanho de uma moeda.
— E posso saber o que é isso?
— Kaopectate — murmurou ele.
Ela nunca ouvira falar no nome antes, mas supôs que era remédio para o
estômago e tomou-o sem protestar.
— Vocês, da Marinha, estão preparados para tudo.
— Ajuda quando você não sabe o que vai acontecer em uma missão. — Ele olhou
para a mochila. — Esse equipamento não é o meu, mas sim de Spooner, e ele pode
pressionar vinte quilos dentro de um pacote de dez. No meio daquela confusão, eu
devo ter apanhado a mochila errada. Quando estávamos no mar, a mochila pesou
demais, ajudando a nos afundar, então eu a cortei e me livrei dela. Mas, felizmente, as
ondas a trouxeram de volta para a praia. — Ele fez uma pausa e respirou fundo. —
Não acreditávamos que permaneceríamos em missão por mais que algumas horas,
portanto, não há roupas de cama nem mudas de roupa. Temos um pouco de comida, e
água por um dia. A qual eu achei, a propósito.
Ela o olhou, as faces abatidas agora.
— Preciso encontrar um modo de trazer a água para cá — comentou ele. — Há
um vale de pedras onde a água foi coletada da tempestade.
Katherine olhou ao redor.
— Que tal as partes onde o barco é arredondado? — Ela apontou. — Está vendo
ali, onde está moldado e ainda intacto? Corte um formato de tigela... Também podemos
fazer furos nas extremidades para passar a corda de árvore e poder carregá-lo.
Imediatamente Jake aceitou a sugestão e fez o que ela falou, cortando a parte

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interior do barco de borracha. Ele fez os furos, e ela apertou com a corda. Parecia um
balde com uma alça.
— Magnífico — disse ele, e as faces dela tornaram-se rosadas de orgulho. Pelo
menos estava sendo útil para alguma coisa. — Eu voltarei em meia hora.
— Eu ficarei aqui e aproveitarei para usar o banheiro quantas vezes forem
necessárias. — Ela corou.
— Você não precisa ficar vermelha — observou ele. — Pelo menos, já passamos
do estágio de educação formal, e podemos nos sentir mais à vontade um com o outro.
— Não há outra opção, não é mesmo? — Ela gemeu, segurando a cabeça
dolorida. Devido às circunstâncias, ou não, sentia-se mais à vontade com Jake do que
já se sentira com qualquer outro homem. Tinha a sensação de que o conhecia havia
anos.
— Lave seus pés de novo — instruiu ele e partiu.
— Sim, senhor, sargento — brincou Katherine. Então se levantou e se
aproximou da beira da água.
O sol estava começando a se pôr, e eles tinham alimentos, água e abrigo. Nada
mal para um casal perdido na ilha. Poderia ser pior, refletiu ela.
Oh, sim, muito pior. Poderia estar vomitando o coco nas botas dele.
Após aproximadamente trinta minutos, Jake retornou, segurando o balde de
água em um pedaço de madeira, e moveu-se em volta dela, fazendo alguma coisa no
mato, e ela suspeitou que ele também tinha necessidades fisiológicas. Honestamente,
não se importava. Naquele momento, poderia dormir por uma semana, se seu estômago
lhe desse uma trégua e parasse de se revolver.
Com as costas contra a palmeira, ela fechou os olhos. Não sabia por quanto
tempo cochilara quando um barulhinho de estalo a assustou. Jake estava perto do
fogo, limpando as armas.
— Suponho que isso seja essencial também — comentou ela, agora totalmente
desperta.
— Oh, sim, claro. Fuzileiros navais não estão prontos para uma missão sem suas
armas.
— Eu poderia discutir isso.
O olhar intenso dele cativou o dela, e Katherine tremeu.
— Você fez coisas incríveis sem uma arma, Jake.
Ele deu-lhe um sorriso rápido. Depois bocejou, cobrindo a boca com a mão.
— Por que você não vai dormir? — Ele alcançou a camisa que estava no chão a
seu lado, enrolou-a e estendeu a ela. — Um travesseiro.
— Obrigada. Você vai... — Ela gesticulou para a tenda.
— Preciso fazer isso primeiro, antes que seja tarde demais. Ela assentiu e
encaminhou-se para debaixo da tenda. Estava
exausta e precisava de algumas horas de sono. Acomodando-se, adormeceu em
poucos minutos.
Jake escutou a suave respiração feminina. Estava cansado também, mas aquilo

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precisava ser feito. Ele queria juntar-se a ela na tenda, e queria muito mais do que
apenas dormir. Queria tocar-lhe o corpo delicado e amá-la com paixão. Uma vez que
estava ciente de que não poderia fazer aquilo, continuou cantarolando o hino da
corporação para si mesmo como um mantra: "missão, proteger, defender", enquanto
limpava o cano da pistola e passava óleo nos mecanismos das armas.
Já estava totalmente escuro quando finalmente acabou sua tarefa e aninhou-se
ao lado dela. Katherine não movera um músculo desde que se deitara ali. Ele se deitou
a seu lado, e não pôde evitar olhá-la, admirá-la e afastar uma mecha de cabelos do
bonito rosto. Queria muito ver aqueles cabelos soltos, pensou, mas em seguida, decidiu
que não deveria querer nada da Dra. Katherine Collier. Todavia, sonhou com ela.
O sol ainda estava prestes a nascer no céu tropical quando um grito de horror o
acordou. Jake saiu da tenda rapidamente e seguiu o som em segundos.
— Que absurdo, Jacob Mackenzie! — gritou Katherine. — Ela estava
dependurada de cabeça para baixo na árvore com um tornozelo preso na armadilha que
ele preparara para inimigos na noite anterior.
— Eu lhe avisei para não ir a lugar algum sem me falar antes! — reclamou ele em
tom zangado.
— Eu precisava fazer xixi! — Ela lutou para tirar a camisa do rosto e impedir
que a saia caísse ainda mais. O esforço foi inútil.
— O banheiro que construí para você, é lá, do outro lado do campo. — Ele
apontou, mas não fez muita diferença. A blusa meio destruída estava tapando o rosto
dela.
— Bem, você poderia ter me avisado que preparou armadilhas, pelo amor de
Deus! — Ela balançou-se para ele, o que só serviu para fazê-la girar no ar. — Jake —
implorou —, tire-me daqui. Minha cabeça está doendo.
Ele andou até a árvore e levantou um punhado de pedras.
— Ai!
Quando o bumbum dela tocou o solo, Katherine desvencilhou-se da armadilha e o
fitou. O mundo girou, e ela caiu de costas na areia.
— Oh, pensei que a noite passada tinha sido o pior.
— Sinto muito. Você não tem senso de direção. — Ele voltou a preparar a
armadilha, sem lhe dar muita atenção.
— Obviamente que não.
Arrependido por estar ignorando-a, Jake inclinou-se sobre ela, as mãos nos
próprios joelhos.
— Você está bem? — perguntou com carinho. Ela acenou com as mãos, meio
zonza.
—Logo ficarei. Estou esperando que o eixo da terra se endireite.
Ele a pegou no colo, levando-a de volta para a área do acampamento. Katherine
envolveu os braços no pescoço dele, as faces de ambas muito próximas, tentando-o.
Até aquele momento, ele não tinha percebido que os olhos dela eram verdes. Como
pudera não notar? Provavelmente aqueles olhos mudavam de cor conforme a luz.

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— Quer que eu marque a trilha para você? — ofereceu Jake.
— Não zombe de mim — disse ela. Ele sorriu, colocando-a sobre o chão.
— Vá em frente, diga o que você está pensando — murmurou ela.
— Certo. — Ele fez uma pausa proposital. — Para uma mulher inteligente, você
é densa como um poste.
Katherine sentiu-se estranhamente tocada por aquilo.
— Sim. Dê-me equações químicas e posso lê-las de trás para frente em
segundos, e contar-lhe sobre a reação e que elemento fará explodir ou queimar. — Ela
gemeu, a cabeça ainda latejando de todo o sangue que corria em seu incrível cérebro.
— Mas não consigo encontrar o banheiro no meio da noite.
Jake ajoelhou-se, olhando para o fogo.
— É bom saber disso.
Aquilo a fez se sentir mais normal e não tão desajeitada.
— Você está adorando me ver humilhada — acusou ela.
— Oh, não. É que você é simplesmente... incrível, divertida.
— Que bom que pude divertir um homem tão mal-humorado como você —
murmurou ela com ironia.
— Katherine... Ela o fitou.
— Lamento, mas preciso admitir que é muito engraçado. Ela esboçou um pequeno
sorriso, e então riu.
— Claramente minhas habilidades no que se refere a espaço são fracas.
Ele riu, e ela adorou o som rouco daquela risada.
— Eu realmente preciso sair mais de casa.
— É isso mesmo. Acho que você precisa aprender a se soltar e se divertir mais.
— Ele gesticulou para a praia. — Ninguém pode vê-la aqui. Por que não aproveita essa
oportunidade tão especial para fazer tudo o que quiser? Prometo que não vou julgá-la
de forma alguma.
— As pessoas falam isso e nunca é verdade — replicou ela. — Todos têm uma
opinião e a expressam quando você menos deseja.
Ele franziu o cenho e se deu conta de que aquela linda mulher já fora muito
ridicularizada pelos outros. Que pena, pensou com tristeza.
— Bem, eu estou falando a verdade.
— Então, posso correr nua pela praia que você não fará nada?
— Não. — Ele prendeu o olhar dela, encarando-a fixamente e queimando-lhe os
olhos. — Mas prometo que vou assistir.
Katherine enrubesceu de leve, e a boca secou.
— Você precisa fazer o que lhe deixa feliz — murmurou ele. Ela desejava que
ele soubesse que poderia lhe fazer feliz, pensou amargurada.
— Bem, uma vez que tenho areia em lugares que não deveria ter, um banho me
faria feliz nesse momento.
Ele olhou para o céu e tentou imaginar onde exatamente estava a areia, antes
de falar:

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— Entre na lagoa. Depois, quando você voltar, pode tirar o sal do corpo com a
água doce.—Ele apontou para o balde de borracha preta pendurado por um tronco de
árvore.
— Há água o bastante para isso? — perguntou ela.
—O bastante para nadar. Além disso, chove muito nessa região. — Ele se
levantou. — Eu vou para o lado oeste da ilha. — Ele apontou. — Fique na praia, certo?
Era um pedido dessa vez, não uma ordem. O que era um progresso, decidiu ela,
feliz.
Katherine assentiu e, quando Jake estava fora de visão, ela pegou suas plantas e
foi para a lagoa. Despindo-se, entrou na água fria, boiando, tentando não agitar a areia
do fundo. Depois lavou os cabelos, o líquido prateado da planta formando uma leve
espuma e deslizando por seu corpo. Nua e molhada ao sol, sentia-se feminina, sensual,
erótica, como se algum peso invisível estivesse saindo de seus ombros. Nunca fora tão
ousada, e a imagem de Jake surgiu-lhe na mente quando ela deslizou as mãos pelos
quadris e depois através dos seios. Quase podia sentir o aroma másculo dele,
perguntando-se como seria ser tocada por um homem tão forte, bonito e poderoso. De
repente, sentiu falta de sexo. Queria Jake, queria ficar com ele.
Não se iluda, disse a si mesma e começou a se enxaguar. Alcançando as roupas
na beira da lagoa, lavou-as, sem pensar que teria que vesti-las molhadas, até que fosse
tarde demais. Que grande tolice! Como pudera fazer aquilo? Por que estava agindo sem
pensar? O que lhe acontecera naquela ilha? Olhando em volta para ver se Jake estava
na praia, saiu correndo da água e pendurou as roupas no galho de uma árvore, a fim de
que secassem, então voltou à área do acampamento.
Usando a água doce disponível no balde de borracha, tirou o sal dos cabelos e do
corpo, então, em um rompante de coragem, ficou parada na praia, sob o sol quente,
nua, penteando os cabelos com os dedos para que secassem mais rápido. Continuou
olhando atrás de si, não pronta para ser pega daquela maneira, porém, sozinha, sentia
uma inacreditável liberdade que nunca experimentara antes.
Apenas eu e o sol, pensou feliz. Não havia ninguém para julgar nem ridicularizar.
Sim, por que não aproveitar aquela oportunidade especial, como Jake propusera?
Ali, podia ignorar as vozes de seus irmãos mais Velhos, ambos constantemente
tratando-a como se ela fosse filha deles, dizendo-lhe que sua mente era um dom divino
e que poderia torná-la rica, se ela estudasse e se esforçasse o bastante. Não havia
colegas lançando olhares ressentidos, invejosos. Os homens se aproximavam apenas
para aprender como criar uma fórmula nova, ou com o objetivo de se tornarem seus
assistentes. Lá, sozinha na ilha deserta, não havia ninguém lhe dizendo que ela deveria
agir com mais maturidade, vestir-se de modo a aparentar mais velha, para evitar que
outras pessoas se sentissem desconfortáveis.
Toda sua educação fora um fardo pesado, refletiu ela. Durante toda sua vida,
Katherine desejara que as coisas fossem mais simples. E na ilha, tudo era menos
complicado. Na verdade, tudo era simples demais ali. Aquilo era pura sobrevivência, e
nada mais importava. Sorrindo para si mesma, abriu os braços na lateral do corpo, nua

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para o mundo, e girou tão rápido que quase caiu. Uma canção soou em sua cabeça, lenta
e sexy e, sem pensar, Katherine começou a dançar, imaginando dançarinas, mulheres
que faziam strip-tease, a mente e o coração leves e descobrindo uma liberdade há
tanto tempo almejada.
Ela abraçou um homem imaginário, e descobriu que aquele homem era Jake.
Depois quebrou uma planta de aloé e passou o gel na cabeça. Aquilo a excitou, ela
sentiu um estranho poder, e subitamente entendeu porque algumas mulheres faziam
strip-tease para viver.
Para enlouquecer os homens.
Ela deslizou dentro do sutiã cor-de-rosa de renda e vestiu a calcinha com um
giro sexy dos quadris que não sabia que era capaz de fazer, imaginando-se com
coragem de rebolar na frente de uma sala cheia de homens. Ainda bem que estava
sozinha, decidiu. Era uma má dançarina, e riu alto quando tropeçou e quase caiu.
Depois, seguiu em direção à sua saia e blusa, ainda dançando. As roupas estavam
úmidas e ela não queria vesti-las. O tecido de linho úmido iria irritar-lhe a pele, mas
não tinha muita escolha. Jake chegaria...
— Jesus Cristo!
Ela virou-se, olhos arregalados. Oh, não! Jake estava parado, encostado contra
uma árvore, olhando-a fixamente, boquiaberto.
Katherine apanhou a camisa dos galhos e esforçou-se para vesti-la.
— Eu... ah... eu lavei minhas roupas... elas ainda estão molhadas, e eu... — Ela
franziu o cenho, delicadamente. — Por que você está me olhando assim?
A expressão dele era de pura admiração, não de choque. O olhar escuro de Jake
moveu-se sobre o corpo dela, pinicando-lhe a pele. Ela se sentiu de repente exposta
demais e vulnerável.
— Jake?
— Eu já sabia que você era linda desde a primeira vez que a vi, Katherine —
murmurou ele. — O que não entendo é por que você se esconde com tantas roupas.
Linda? Ninguém nunca lhe dissera aquilo antes, e, pela primeira vez em muito
tempo, ela realmente se sentiu bonita.
— Porque aprendi que, de alguma maneira, intimido as pessoas — respondeu ela
com honestidade. — Todos tendem a me julgar pelas minhas conquistas científicas e
não se incomodam em ver nada além disso.
Ele arqueou as sobrancelhas, em uma expressão interrogativa.
— Um homem fez isso com você, não fez?
Ela assentiu, uma antiga mágoa comprimindo-lhe o peito. Então rejeitou o
pensamento, não querendo se lembrar do homem que a seduzira e a fizera acreditar
que ela significava alguma coisa, apenas para dispensá-la na luz do dia. Jake era a única
pessoa que a tratava como se seu grande cérebro não importasse.
— É por isso que você prende os cabelos em um coque de matrona? — perguntou
ele.
— Sim, para aparentar mais idade — confessou Katherine.

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— Não faça isso. — Ele se aproximou, parando a centímetros dela. — Só porque
você é inteligente e possui um QI mais elevado do que a média das pessoas, não
significa que tem que esconder todo o resto sobre si mesma. — Ele a encarou com
ternura. — Eu precisei de apenas dez segundos para descobrir o que havia além do seu
cérebro.
Os lábios dela se curvaram em um sorriso, o olhar procurando a verdade nos
dele.
— Não brinque comigo, Jake.
— Não estou brincando — disse ele, e, incapaz de resistir, entrelaçou os dedos
nos cabelos macios dela, observando os movimentos do mesmo. - — Eu não tinha idéia
de que eram tão longos. Ele nunca a tocara daquela maneira, e os seios de Katherine de
repente pareciam grandes demais para o sutiã, e todo o seu corpo esquentou.
— São apenas cabelos.
— Mas são partes de quem você realmente é — afirmou ele.
Ela estava tão profundamente tocada que a garganta se comprimiu quando
levantou o olhar para ele. De súbito, estava muito consciente do aroma de Jake, dos
músculos esculpidos do peito, de sua própria necessidade de tocá-lo. Ela levantou o
rosto um pouco mais e ele se inclinou na sua direção. Por um momento abençoado,
Katherine achou que ele ia beijá-la, e se deu conta do quão desesperadamente queria
aquilo.
Então os dedos dele deslizaram dos cabelos macios e alcançaram os seios. Um
dedo deslizou preguiçosamente sobre a extremidade do sutiã, e Katherine quase
derreteu.
— A dança estava... interessante — murmurou ele.
— Você assistiu?
— Pode apostar. — Ele abaixou as mãos, mas não se afastou, o olhar fixo em seu
rosto. — Agora que sei o que há por detrás da grande cientista, vai ser quase
impossível manter minhas mãos longe de você.
— E por que você o faria? — sussurrou ela em um desafio. Ele gemeu, dando um
passo para trás e colocando as mãos sobre a cabeça.
— Porque, independente do que eu quero, a ilha não é o mundo real, doutora.
Doutora. Katherine sentiu tanta tristeza com aquela única palavra que sua
garganta chegou a doer.
— Entendo — disse ela. — Porque no mundo real, você não se aproximaria de
mim, certo?
— Não. Porque você não se aproximaria de mim.
Os olhos dela se estreitaram perigosamente, e a raiva dominou seu tom de voz.
— Você não me conhece e está concluindo muitas coisas sobre mim, Jacob. —
Ela fez uma pausa e então acrescentou: — Não faça isso.
Ela deu-lhe as costas para vestir a saia, depois andou pela praia em direção ao
mar, a fim de lamber suas feridas em privacidade.

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Capítulo V

Katherine estava furiosa com ele, pensou Jake, e por mais que quisesse se
manter o mais distante possível, não gostava disso. Ela era uma boa moça, sensível e
meiga, e ele não queria magoá-la de forma alguma. Tudo que falava ou fazia, era com o
objetivo de não permitir que eles se envolvessem mais do que já estavam envolvidos, o
que parecia estar acontecendo independente de sua vontade. Afinal, tinha plena
consciência de que eles pertenciam a mundos diferentes, e qualquer relação que
tivessem ali, jamais poderia ter futuro. Só faria com que um dos dois, ou talvez ambos,
saíssem magoados no final.
Ele continuou cortando o arpão para atingir um ponto de lâmina, planejando
descontar sua frustração em algum peixe distraído. Porém, a tentação foi mais forte e
ele olhou em direção à tenda e viu Katherine a trezentos metros na praia de onde ele
estava. Esperava que ela ficasse lá por um bom tempo. Na verdade, desejava que nunca
a tivesse visto apenas com roupas de baixo, dançando com uma graça que
enlouqueceria qualquer homem são.
A imagem do corpo feminino seminu queimava em seu cérebro. Atormentava-o.
Os seios arredondados e firmes, preenchendo todo o sutiã cor-de-rosa de renda... Os
mamilos enrijecidos contra o tecido fino, implorando para serem tocados. Jake fechou
os olhos por um segundo, tentando diminuir o ritmo da respiração e também o nível de
sua ereção.
Inútil. Nada aconteceu.
Não que ela fosse linda e ele não soubesse disso desde o primeiro momento que
pusera os olhos nela. Nem era porque era a única mulher à sua volta e ele estava de
súbito extremamente excitado.
Era a inocência de Katherine que o tocava. Ela não tinha noção do quanto era
atraente e provocante. Era estranho que o fato de ela não ter consciência da própria
beleza e feminilidade o agradasse tanto. Era como se ela contivesse uma espécie de
pureza na alma que ele queria só para si.
Era incrível, ela podia fazer armas químicas, antídotos, tinha vários diplomas e
um doutorado, e, entretanto, não tinha noção de que precisava tirar os sapatos quando
os pés estavam inchados ou doloridos? Não sabia a diferença de leste e oeste e caía
em uma armadilha a caminho do banheiro. Embora fosse uma química ilustre e tivesse
um QI elevado, precisava muito de proteção. E ele gostaria de protegê-la!
Jake meneou a cabeça, pensando que era um homem realista, com os pés bem
firmes no chão, um homem que corria riscos para defender o seu país, e não podia se
dar ao luxo de se apaixonar. Porém, com aquela mulher, não sabia bem como agir. Em
menos de vinte e quatro horas, ela passara da digna Dra. Colher para a provocante e
sexy Katherine. Era como assistir a um camaleão mudar de cor.

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Ele desejou poder colocar os cabelos dela de volta naquele coque feio de
matrona, mas sabia que isso não faria a menor diferença. Já sabia o que realmente
havia lá, e continuaria enlouquecendo, pouco a pouco. Como uma tortura lenta.
Meia hora depois que ela ficara na praia, voltou e pediu-lhe uma faca. Por um
segundo, Jake chegou a temer por sua integridade, mas Katherine apenas cortou uma
tira da saia, a fim de encurtá-la e deixá-la acima dos joelhos. Agora, toda vez que se
mexia, ele via um pedacinho da coxa feminina. A vontade de acariciar as pernas longas,
e certamente macias, provocou-lhe uma enorme transpiração e nova inevitável ereção.
O movimento rápido de passos o trouxe de volta à realidade. Ela estava
correndo na sua direção, e se Jake não notara os seios antes, era impossível ignorá-los
nesse momento. A mulher possuía um corpo tão perfeito e era absolutamente tão sexy
que deveria ser considerada ilegal.
Ele forçou-se a voltar sua atenção ao arpão.
— Olhe o que achei — disse ela sem fôlego. Sem olhá-la, Jake brincou:
— Um tesouro enterrado?
— Não. Evidência de que não estamos sozinhos.
Ele olhou para cima, pondo as mãos sobre a testa para proteger o rosto do sol.
Katherine segurava um longo pedaço de borracha transparente.
— É um... um... — começou ela.
— Preservativo — completou ele quando notou que ela gaguejava,
aparentemente incapaz de pronunciar a palavra. — Tenho certeza de que você os
conhece.
Ela enrubesceu, ficando ainda mais linda com as faces rosadas.
— Mas como isso veio parar aqui?
— É meu — declarou Jake. Ela piscou, boquiaberta.
— Seu? Como assim?
— Nós os usamos para tirar umidade e sujeira de revólveres e pistolas.
Katherine olhou para o preservativo, para ele, e de novo para a borracha mole.
— Interessante — comentou com um sorriso. — Ela parou para respirar fundo e
recuperar o fôlego, então perguntou: — Você tem... mais?
Ele engasgou.
•— Jesus, Katherine, o que está passando por essa sua cabecinha perversa? Nem
pense nisso.
— No quê? — Ela se fingiu de inocente.—Eu estava pensando nas suas grandes
armas. Há areia e umidade por tudo aqui — disse ela, alegremente, então deixou o
preservativo cair no chão e saiu andando e meneando os quadris com sensualidade.
Jake cerrou os dentes, sabendo que tinha muitos deles em seu colete LBV, e
não queria nem pensar na hipótese de colocá-los em uso. Com ela. Ele olhou por sobre o
ombro. Katherine estava sentada perto do equipamento, descascando uma banana
madura.
Ela deu uma pequena mordida, então olhou para ele.
— Quer um pedaço?

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Jake meneou a cabeça, jogando a faca na areia.
— Onde você pretende pescar? — perguntou ela.
— Além da lagoa.
— Com suas roupas?
— Não vai fazer diferença—murmurou ele, dando de ombros.
— Há uma teoria realmente séria sobre o peso que faz você afundar na água,
que contradiria o que você está dizendo — apontou ela.
— Poupe-me. — Ele encontrou os olhos verdes e penetrantes justo no momento
que ela envolveu os lábios na banana. Katherine mordeu a fruta com sensualidade e o
coração de Jake bateu um pouco mais acelerado. Senhor, logo não haveria mais espaço
dentro de sua calça. O que faria para aliviar um desejo tão latente?
— Pare com isso — ordenou ele, de repente.
— Parar com o quê? — Ela franziu o cenho. — Não estou fazendo nada.
— Você está me provocando de propósito.
— Quem está lhe provocando? — A expressão dela foi maliciosa quando mordeu
outro pedaço da banana. Agora que descobrira que poderia excitá-lo com o simples ato
de comer uma fruta, iria provocá-lo de verdade, decidiu Katherine.
Jake hesitou. Ela ainda estava zangada, concluiu. Talvez fosse melhor assim,
contanto que parasse de provocá-lo. Ele retirou as faixas que estavam amarradas na
calça acima dos tornozelos, depois tirou as botas e as meias. Enrolando a calça até a
altura do joelho, levantou-se.
Então tirou a camisa e alcançou o arpão.
Katherine engasgou com a banana. Os músculos dele eram fascinantes. Não
eram volumosos, mas longos e robustos, revelando uma extrema força. Não havia um
único pêlo no peito, e ele tinha uma tatuagem com o emblema da Marinha em um dos
ombros. No outro braço, acima do bíceps, havia um estranho símbolo, que parecia algo
referente a alguma tribo celta. Ela sempre achara que tatuagens eram vulgares, mas
agora, de alguma maneira, pareciam incrivelmente sensuais nele. Como se o homem
precisasse de enfeites para ficar bonito!
Ele a fitou, arpão na mão e abriu a boca para falar, mas ela não permitiu.
— Você não precisa me dar ordens ou instruções, Jake.
Ele arqueou as sobrancelhas. Agora ela estava lendo seus pensamentos,
também?
— Acho que já sou capaz de me virar sozinha nessa ilha. Prometo que não vou
me perder. — Ela terminou a banana, depois se levantou para enterrar a casca. —Eu
vou buscar um pouco de água doce.
Ele fez uma carranca.
— Acho que não.
— Que pena. — Ela saiu andando, balançando o balde de água deles.
— Katherine!
Ela parou, virou-se, a expressão neutra.
— Eu ia lhe pedir para ficar aqui, mas já que você está deixando claro que vai

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teimar comigo, leve isso. — Ele entregou-lhe a faca pequena. — Só em caso de você
precisar.
Ela pegou a faca.
— Traga peixe para casa, Tarzan — disse com um sorriso e começou a correr
pela praia.
Jake franziu o cenho para as costas dela, confuso. Se ela não era louca, tinha
um verdadeiro traço sádico que ele estava começando a reconhecer.
O vale de pedras de água era quase tão alto quanto ela, e Katherine escalou as
pedras, ajoelhando-se para lavar o rosto e o pescoço. Então rasgou algumas tiras de
sua saia já desfiada e prendeu os cabelos em um rabo-de-cavalo. sentando-se nas
pedras para trançá-los. Seus cabelos eram espessos e pesados e estava muito calor
para usá-los soltos. Ela abaixou-se para encher o balde e, conforme fez o movimento,
escutou o barulho da saia rasgando. Sem hesitar, retirou-a e cortou-a a alguns
centímetros do bumbum. Daquele jeito, ficava certamente mais fresquinho, pensou
divertida quando estava voltando a área do acampamento.
Então avistou Jake a distância, entre a areia branca e o mar azul. Ainda estava
irritada com os comentários dele. Jake insinuara que ela não iria querer nada com ele
se não estivessem presos na ilha. Embora ela soubesse que teria ficado muito
intimidada até mesmo para iniciar uma conversa com ele, caso houvessem se conhecido
de outra maneira. Mas isso porque era tímida e não se valorizava o bastante, e não
porque ele não lhe despertaria o interesse. Aliás, nunca se sentiria capaz de
conquistá-lo em quaisquer outras circunstâncias. E, refletindo agora em tudo que vinha
acontecendo nas últimas horas, lembrou-se de que Jake lhe aconselhara a fazer tudo o
que quisesse e dissera que não a julgaria. No entanto, ele o fizera, ainda que houvesse
julgado mais a si mesmo.
Como se não fosse bom o bastante para ela.
Ela não pretendia fazê-lo admitir isso, e embora continuasse repetindo a si
mesma que não se importava com o que Jake Mackenzie pensasse, era uma mentira
deslavada. Inesperadamente, água correu sob seus pés e ela se deu conta de que não
prestara atenção para onde estava indo.
Katherine olhou para cima, mirando o campo à direita, então olhou para à
esquerda e voltou a localizar Jake.
— Bem, essa é uma linda vista — murmurou para si mesma em voz alta.
Aparentemente, ele dera ouvidos à teoria de afundar com o peso da roupa, uma
vez que estava com a água até os quadris, nu, exceto por uma cueca samba-canção
verde-oliva.
Ela se aproximou.
— Dia de lavar suas roupas? — perguntou friamente. Ele não a olhou, porém,
sorriu.
— Sim.
— Ótimo, elas estavam começando a cheirar mal.
— Verdade? — Ele enfiou o arpão dentro da água, levantando um peixe de

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tamanho médio, então o jogou na praia perto de mais alguns que já pescara. Só então a
fitou. Os olhos vagaram da ponta dos pés até o alto da cabeça dela.
— O que aconteceu com a sua saia? — perguntou, franzindo o cenho.
— Não lhe parece óbvio?
Ele fez um gesto vago com a mão.
—Minha nossa, Katherine, você está exagerando. Não tire mais roupa alguma.
— Você teme que eu tire alguma peça em particular? — perguntou ela, sorrindo
de modo perverso.
Jake arqueou as sobrancelhas. Parecia que a cada minuto que se passava, ela
estava se tornando mais ousada, mais destemida. E, de alguma maneira, aquilo o
incomodava terrivelmente.
— O que está tentando fazer? Enlouquecer-me?
— Estou apenas aproveitando minha liberdade, Jacob. — Ela se abaixou para
ver os peixes e colocou o balde de borracha ao lado deles. — Afinal, foi você mesmo
quem me aconselhou a fazer isso.
Jake ignorou as palavras dela e foi verificar se as roupas dependuradas no
galho de uma árvore estavam secas, rezando para que seu corpo não o traísse. Foi
inútil. Ele rapidamente vestiu a calça.
As roupas moldaram-lhe o corpo tão bem, que Katherine deduziu como ele era
nu. Era uma bela visão.
Na beira da praia, ela tirou as escamas dos peixes, cortou as cabeças, depois os
abriu para limpar por dentro. Jake observava.
— Não me diga... Que você também tem um diploma da Faculdade de Culinária?
Ela meneou a cabeça, parecendo adorável demais, na opinião de Jake.
— Não, mas gosto de peixe fresco e sou uma excelente cozinheira — declarou
sem modéstia.
— Oh, verdade mesmo? Ela o encarou.
— Não faça essa expressão de descrédito. Afinal de contas, cozinhar é como
misturar elementos. Leite, farinha, açúcar...
— Você sabe fazer doces e bolos? — perguntou ele. Que Deus o perdoasse, mas
era muito guloso no que se referia a doces.
— Quando sairmos dessa ilha e voltarmos para casa, vou lhe fazer o que você
quiser, prometo.
Quando saíssem da ilha, seus caminhos se separariam e eles provavelmente
nunca mais se veriam, pensou ele, mas decidiu manter o pensamento apenas para si
mesmo.
— Eu quase fugi do Vietnã por causa de um bolo. — Ele a olhou, meio
envergonhado de admitir. — É minha fraqueza.
E ele era a sua fraqueza, pensou Katherine. Ela lavou a faca, as mãos, depois
pegou os peixes, enquanto Jake pegava o balde, e eles voltaram juntos para a área do
acampamento.
Minutos depois, ele estava ajoelhado ao lado do fogo, acrescentando lenha, e ela

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olhou em volta, a fim de achar alguma coisa onde espetar os peixes. Percebendo o que
ela procurava, ele ajeitou dois pauzinhos em forma de Y que achou no chão perto do
fogo e entregou-lhe. Katherine colocou cada peixe em um pedaço de galho morto,
colocando-os sobre as chamas baixas.
Então sorriu para a cena como se fosse uma obra de arte, e, em seguida, olhou
para Jake. Por um longo momento, ele apenas a encarou de volta.
— Você ainda está brava comigo? — quis saber.
Ela retirou a faca atada à panturrilha e jogou-a para ele.
— Sim — replicou.
Ele deu de ombros com uma expressão aborrecida no rosto.
— Foi o que pensei.
— Você me insultou, Jake — disse ela.
— A verdade sempre dói.
Katherine ficou furiosa. Esperara que ele fosse desculpar-se e, em vez disso,
magoara-a ainda mais.
— Você nunca dá o braço a torcer, não é mesmo, fuzileiro? As sobrancelhas
dele se arquearam.
— Só quando não tenho razão — respondeu. — Entretanto, admito que deveria
ter sido mais cuidadoso em relação a maneira de falar com você.
— Tolo assustado — ela o acusou. Jake ignorou a ofensa.
— Cuidadoso — repetiu —, mas isso não teria me impedido de dizer o que eu
disse.
— Sim, claro. — Ela pôs as mãos sobre os quadris em uma postura desafiadora.
— Se você me acha tão tola, então, pode me dizer como eu consegui completar meu
doutorado? Como suportei os insultos, a falta de encorajamento e os olhares invejosos
de todos ao meu redor?
— Você não tinha nada melhor para fazer, suponho.
A expressão de mágoa nos olhos dela o fez se arrepender de suas palavras.
Porém, não havia outra saída senão ser duro com ela, decidiu Jake. Caso contrário,
Katherine interpretaria as coisas de modo errado e tentaria se envolver mais, quando,
na verdade, só acreditava que queria um relacionamento com ele porque estava se
sentindo livre e longe de seu mundo real. Aquilo tudo era uma experiência nova e
excitante para ela. Quando voltasse ao trabalho e a sua vida rotineira, perceberia que
ele jamais se encaixaria naquele mundo.
— Você é diferente de todos os homens que já conheci...
— E daí? — ele a interrompeu de modo brusco. — Você está curiosa para
descobrir as razões pelas quais sou diferente?
A expressão dela se acentuou, p olhar estreito se encheu de desprezo.
— Você tem razão, sabia? Eu não devia ficar insistindo em me relacionar com
você. Estou perdendo o meu tempo. E não porque você é um fuzileiro naval dominador,
nem tampouco porque é muito nervoso e mal-humorado, mas simplesmente porque você
é um tolo!

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Ela se virou e partiu dali.
Ótimo, pensou Jake com ironia, agora estava preso na ilha com uma mulher que
o detestava, que o desprezava e o considerava um tolo. Não era isso que você queria,
afinal? Que ela não o tentasse, que não gostasse de você, de modo que as coisas não
fugissem ao seu controle?, perguntou a si mesmo, esfregando o rosto, os pensamentos
em conflito.
Mas Katherine Colher não era para ele. Essa era a única certeza que ele tinha
no momento.
Ela caminhava rápido, meneando os quadris de forma sensual com aquela saia
que agora era tão curta que mais mostrava que escondia. E tudo que Jake podia
pensar, era em trazê-la de volta e fazer amor com ela. Levá-la ao clímax, provocá-la e
excitá-la. Senti-la envolver os braços em volta dele.
Era um depravado, decidiu. Porque, furiosa com ele ou não, ele a desejava.
Muito.
Porém, Jake aprendera a nunca desejar nada demasiadamente porque, quando
criança, tivera seu mundo abalado por imprevistos e nem sempre conseguira o que
queria. As palavras de que mais se recordava em sua infância, eram: “Talvez um dia
você consiga", e outras vezes: "Você nunca vai conseguir isso". E, dessa forma,
aprendera a ser realista e a não sonhar além do que sabia ser capaz de obter.
E agora, não estava pronto para arriscar a alma por aquilo. Katherine era o tipo
de mulher que destruiria para sempre toda sua estrutura emocional, construída
arduamente, se desaparecesse. E Jake sabia que ela desapareceria.
O sol estava se pondo quando Jake saiu de seu longo estado de reflexão e notou
que a faca da panturrilha estava no chão e Katherine não havia retornado. A súbita
necessidade de encontrá-la imediatamente o levou para a beira da praia, onde a vira
pela última vez. Ele chamou o nome dela, o medo fazendo seu coração se acelerar
levemente. A ilha estava perfurada com declives e buracos de tempestades passadas,
e a pedra preta afiada o informava de que fora um dia um vulcão vivo.
Ele andou pela praia, tentando encontrar as pegadas femininas na areia, mas a
maré subia rápido, apagando-as após alguns metros
— Katherine!
Ela estaria sentada em algum lugar, esperando que ele notasse sua ausência?
Estaria se escondendo de propósito, a fim de castigá-lo pelo que ele lhe fizera?
Decidindo que ela não estava na beira da praia, Jake aproximou-se mais da
floresta, parando para tentar decifrar alguns movimentos humanos. Viu então uma
impressão digital na poeira perto das árvores e abaixou-se para tocar o formato e
certificar-se de que era dela, e não uma velha impressão deixada por ele mesmo.
— Katherine! Responda! — gritou, começando a entrar em pânico.
Nada.
Ele continuou andando e fez uma prece silenciosa, pedindo a Deus que ela
estivesse bem e segura. Nunca se perdoaria se acontecesse algo a ela. Por que não a
procurara mais cedo? Por que a deixara ficar longe por tanto tempo? perguntou-se

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cheio de culpa.
Após mais alguns momentos de agonia, escutou:
— Jake? — A voz dela não passava de um sussurro.
— Katherine? Onde você está?
Ela sussurrou alguma coisa que ele não ouviu.
— Fale mais alto, por favor.
— Eu não acho que seja uma atitude sábia nesse momento — respondeu ela,
baixinho.
Franzindo o cenho, ele se moveu vagarosamente, o medo no tom dela,
comprimindo-lhe o peito. Não havia animais perigosos naquela ilha. O que poderia estar
acontecendo?
— Continue falando — pediu ele em tom de comando.
Ela não falou imediatamente, e Jake escutou um leve chorinho.
— Perto da pedra grande — veio a voz fraca, de repente. Jake empurrou
folhagens e folhas gigantes, procurando impressões digitais. Então parou assim que
avistou as pernas dela, o olhar logo subindo para a face. Katherine estava de lado,
totalmente imóvel. Então ele viu o lagarto, do tamanho de um cão pequeno, a poucos
centímetros do rosto dela.
— Estamos fazendo um concurso de encarar um ao outro — murmurou ela, ainda
em tom baixo. — Acho que estou ganhando.
— Não se mova. Fique onde está — pediu ele.
— Por favor, diga-me que você tem um conselho melhor que esse.
Jake pegou o facão da cintura, mirou e o jogou sobre o animal, atingindo o
lagarto em cheio, atravessando-o e tocando o solo, onde uma pequena poça de sangue
se formou.
— Meu Deus, isso é horrível! — exclamou ela, chocada.
— Você está fora de perigo. Agora já pode se mover.
— Não, não posso. Minhas pernas estão dormentes.
— Minha nossa, Kat, a quanto tempo você está nessa posição? — perguntou ele.
— Praticamente desde que eu parti. — Mesmo naquela situação, ela não deixou
de perceber o modo carinhoso como ele a chamara. Kat. Exatamente como gostava de
ser chamada.
— Meu Deus, faz horas que você partiu. — Ele aproximou-se dela, pegou-a do
chão e carregou-a nos braços para a praia. Então a sentou gentilmente sobre a areia, e
começou a esfregar-lhe os pés e os tornozelos, massageando-os.
Ela riu.
— Isso faz cócegas.
— Por que você não gritou? Por que não me chamou?
— Eu não sabia o que o lagarto faria se eu gritasse. Se me daria um bote ou me
morderia. Estava tão perto do meu pescoço, que fiquei com medo de me mexer e
assustá-lo. Lembrei-me do que você falou sobre ferimentos e infecção, então não
ousei agravar a situação. E...

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Subitamente, Jake segurou-lhe a face com ambas as mãos.
— Você está segura, agora. Não se preocupe mais. Ela fitou os olhos profundos
e escuros.
— Sinto muito.
Os olhos dela estavam marejados, e a visão cortou o coração de Jake.
— Está tudo bem, querida. — Ele sentou-se, puxando-a para seu colo, e ela
agarrou-se a ele, acomodando-se sobre o corpo forte.
— Sinto-me uma completa tola. Ele sorriu lindamente.
— Aposto que é a primeira vez que você passa por algo parecido.
Ela empurrou-lhe o peito levemente e admitiu:
— Claro que é. Afinal de contas, não se esqueça do tipo de vida que venho
levando desde que me entendo por gente, sempre estudando e apenas estudando. —
Ela fez uma pausa e suspirou, amargurada. — Eu nem mesmo tive o prazer de acampar
como faz a maioria dos adolescentes. Por isso, não tinha idéia do que fazer quando vi o
lagarto tão próximo. Como você mesmo disse, sou totalmente inexperiente nesse tipo
de aventura.
— Você fez a coisa certa, considerando que não estava armada. — Ele apertou
os braços em volta dela, e desejou poder protegê-la para sempre. — Eu deveria ter
notado que você desapareceu por muito tempo.
— Sim, você deveria.—Ela o fitou.—Por que você não notou? Ele deu de ombros.
— Eu notei, é claro, mas decidi que era melhor deixá-la esfriar os nervos.
— Você realmente é um tolo. Ele sorriu de novo.
— Se é o que você acha que sou...
— E você não conversa o bastante — observou ela.
— Agora você está falando como as esposas de meus amigos. Katherine riu.
—Eu, pelo contrário, falo tanto, que a maioria das pessoas pede que eu me cale.
— Oh, que injustiça — brincou ele. — Você quer que eu bata em todos eles por
isso?
— Você não faria uma coisa dessas, faria?
— Sim — replicou ele. — Então, ainda sou um tolo?
— Vou pensar no seu caso. Tolo é claramente seu nível atual. Jake riu,
apertando-a contra seu corpo. Ninguém falava com
ele daquela maneira. A maioria tinha medo de... Bem, a maioria dos amigos eram
seus homens alistados e seriam repreendidos por isso. Mas as mulheres, bem, todas se
comportavam como anjos perfeitos até que ele lhes mostrasse quem verdadeiramente
era. Então, fugiam sem pensar duas vezes.
Ele continuou esfregando as pernas de Katherine, enquanto ela se aconchegava
mais nele.
— Um pouco mais para cima, por favor — pediu ela. Ele parou.
— Nós não podemos.
— Mas meu bumbum está dormente também — disse ela. Ele sorriu suavemente.
— Você está tentando me torturar.

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— Eu? A instruída? — Ela se moveu sobre o colo dele, sentindo-se triunfante
com a ereção contra seu quadril. — A tola e inexperiente em tudo que não se refere à
ciência? A mulher que jamais poderia querer alguma coisa com você? — Ela mexeu-se
de novo, pressionando, de propósito, o membro rígido e ele gemeu. — A quem está
faltando inteligência agora?
— A você—replicou ele.—Porque posso muito bem torturá-la de volta.
— Verdade? — Ela lançou-lhe um sorriso malicioso.
Em um piscar de olhos, as mãos de Jake estavam embaixo de sua saia. Ele
alisou-lhe as pernas por um instante, antes de subir as mãos e atingir o elástico da
calcinha. Com habilidade, afastou a peça íntima e acariciou-lhe intimamente. A
respiração de Katherine parou na garganta, os olhos arregalados.
— E posso provar isso...
Ele iniciou movimentos circulares no ponto mais sensível dela.
Katherine contorceu-se e gemeu, mas Jake a manteve prisioneira contra seu
corpo, querendo desesperadamente abrir a própria calça e penetrá-la, sentir a mão
dela em seu membro, e não os próprios dedos. Em vez disso, afagou a pele quente e
sentiu a umidade ali, o leve tremor dos músculos. Queria ver o rosto de Katherine,
observar-lhe a expressão quando ela atingisse o clímax, mas já estava escuro demais.
— Você quer que eu pare? — Ele parou por um segundo, e ela protestou,
arqueando os quadris.
— Por favor, não pare — sussurrou ela, o corpo todo tremendo, a respiração
descontrolada.
Jake continuou os movimentos em círculos, depois deslizou os dedos entre os
lábios femininos, enquanto ela ofegava cada vez mais e enterrava os dedos em seus
ombros.
— Jake! Oh, meu Deus!
Katherine atingiu o orgasmo em segundos, agarrando-se a ele e inclinando a
cabeça para trás. Jake movimentou os dedos até que o último suspiro de prazer fosse
emitido por ela. Até ela implorar para que ele parasse.
Então ela relaxou, os pulmões trabalhando para recuperar o fôlego.
— Faz muito tempo? — indagou ele, delicadamente. Aquilo fora a coisa mais
selvagem que já vira.
— Anos — sussurrou ela.
Desde que um homem a tocara? Era isso que ela estava dizendo?
— Isso é absolutamente surpreendente.
— Eu e um vibrador, de vez em quando — confessou ela envergonhada.
Ele inclinou a cabeça para olhá-la, então deu de ombros.
— Tudo bem, se isso funciona para você.
— Nunca funcionou dessa maneira — disse ela com voz fraca. Jake a abraçou. A
luz da lua os iluminava, a brisa morna era
como uma carícia e o barulho das ondas do mar dava uma sensação de paz a
ambos.

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Recostando-se no peito másculo, Katherine tocou a face dele e o encarou.
— Você percebeu que fez isso e não me beijou?
— Sim.
— Por que não? — ela quis saber.
— Porque se eu a houvesse beijado, teria feito amor com você. Aquilo fez o
corpo dela tremer em antecipação.
— E isso é uma coisa ruim?
Ele não pôde evitar e acariciou-lhe ousadamente os quadris.
— Sim — murmurou. Ele nunca pararia, nem mesmo para respirar.
De repente, ela o empurrou com força, surpreendendo-o. Jake caiu na areia e
ela inclinou-se sobre ele, uma sombra escura na parca iluminação.
— Você está sendo tolo de novo, Jake.
Ela saiu de cima dele, e começou a caminhar pela praia, com pernas trêmulas.
Jake ficou deitado ali, refletindo, sem nada dizer. Ela tinha razão, ele era um
tolo. Afinal de contas, que homem não teria aceitado o que ela estava oferecendo, sem
nem mesmo pensar nas conseqüências?
Mas Jake via o futuro distante. Talvez eles nunca conseguissem sair daquela
ilha, mas se saíssem, o mundo real dos dois se chocaria tremendamente.

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Capítulo VI

Katherine mordiscou o peixe que fora assado na fogueira, enquanto Jake


limpava e tirava a pele do lagarto. Era nojento, pensou ela, vendo as mãos dele cheias
de sangue. Mas o homem parecia saber o que estava fazendo. Aliás, possuía diversas
habilidades e parecia sentir-se muito à vontade naquele ambiente selvagem.
— É isso que eles querem dizer com "comer sua própria caça"? Eram as
primeiras palavras que ela lhe dirigia depois de tê-lo deixado deitado na areia. A
tensão entre os dois era quase palpável, e Jake estava mais consciente da presença de
sua companheira do que nunca. O aroma feminino ainda estava impregnado em seu
corpo, a memória de Katherine atingindo o orgasmo dominava-lhe os pensamentos.
Agora ele parecia ter uma ereção perpétua, que não o abandonaria sem uma séria
ajuda.
— Não podemos desperdiçar o lagarto — respondeu ele sem olhá-la. — Afinal,
não sei quando encontraremos outra coisa para comer.
— Nós nunca vamos sair dessa ilha, Jake? — Ela parecia ansiosa de repente.
— Sim, claro, mas levará um bom tempo até que eles vasculhem a área.
— Mas não vi um único avião ou barco — murmurou ela.
— Eu sei, mas ainda não faz nem dois dias inteiros que estamos aqui. Pode
demorar um pouco. — O tom dele não inspirava confiança.
— Olhe nos meus olhos, Jake, e me fale a verdade. Posso lidar com ela. Não sou
tão frágil como você pensa.
Ele a fitou. Ela estava mesmo provando ser mais corajosa do que ele acreditara.
—A Marinha americana usará satélite e pictógrafo térmico para nos localizar.
Só depois disso, enviarão um helicóptero de um navio de West Pac. Mas quando isso vai
acontecer, sinceramente não sei dizer. — Ele suspirou. — Nós fomos levados pela
correnteza, e duvido que já estejam ampliando a busca.
Dessa vez, foi Katherine quem suspirou, enterrando as espinhas de peixe em um
buraco que Jake cavara. Ela lavou as mãos e o rosto, enquanto ele punha o lagarto no
fogo e acrescentava galhos às chamas.
— Isso será feito para o café da manh㠗 ele lhe informou.
— Não me agrada muito a idéia de comer lagarto — murmurou ela, fazendo uma
careta. — Muito menos no café da manhã. Mas aposto que tem gosto de frango, certo?
— Não tenho a menor idéia. — Ele cocou o maxilar, os dedos raspando a barba
crescida que lhe sombreava o rosto.
Katherine bocejou e estendeu os músculos, então, sem uma palavra, engatinhou
para dentro da tenda, afrouxando a saia na cintura. Um pequeno sussurro escapou-lhe
da garganta quando Jake entrou e deitou-se a seu lado. Eles não se tocaram, ambos
olhando fixamente para o teto de borracha preto.
— Por que está me rejeitando, Jake? — indagou ela após um longo silêncio.

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Ele não ficou surpreso com a pergunta. Afinal, ela fazia muitas.
— Nós já falamos sobre isso — replicou ele, de modo breve.
— Estou tentando entender melhor, porque, nesse momento, estou me sentindo
a pessoa mais sem graça e menos atraente do mundo.
Ele a olhou, sobrancelhas arqueadas.
— Você só pode estar brincando.
— Eu praticamente o convido para dormir comigo, e você foge descaradamente.
O que pensaria se estivesse no meu lugar?
— Que um de nós está sendo inteligente — disse ele. Ela riu para si mesma.
— Ou apenas nobre? — Katherine virou-se de lado sobre o cotovelo e apoiou a
cabeça na mão.
Jake a imitou, o olhar percorrendo o lindo corpo feminino.
— Quando você me olha assim, sei o que está pensando — afirmou ela com
segurança.
— Você não poderia saber. — Porque ele queria enterrar a face entre as pernas
dela e acariciá-la até que ela gritasse de prazer.
— Você me quer.
Ele não respondeu. Aquilo era bastante óbvio.
— Mas não vai me tocar — sussurrou ela em uma voz quase inaudível. — Nem
mesmo me beijar.
— Bem, considerando que você não escova os dentes há dois dias... — brincou
ele.
Com a mão livre, ela empurrou-lhe o peito de leve.
— Pelo menos eu tenho balas de menta. A expressão de Jake tornou-se séria.
— Tenho um trabalho a fazer, mesmo que estejamos sozinhos na ilha. Ainda
tenho que me certificar de nossa sobrevivência.
— Eu ainda sou a sua missão, certo? — perguntou ela.
— Sim. — Não, pensou ele.
—Você está fazendo de tudo para não gostar de mim —afirmou Katherine com
veemência. — Tenho certeza de que é algum tipo de mecanismo de defesa para que
você não saia machucado. Você tem medo, Jake, e acho que isso se deve ao fato de ter
crescido e sido criado sem amor suficiente.
— O que você sabe sobre o meu passado? — questionou ele friamente.
Ela ignorou o tom irritado de Jake e falou com suavidade:
— Apenas o que você me contou.
— Não é um passado bonito — murmurou ele com tristeza estampada nos olhos.
— E por que você quer detalhes? Por que alguém quereria?
— Eu quero detalhes, para entendê-lo melhor. — Ela fez uma breve pausa. —
Porque gosto de você. — Mais do que deveria, acrescentou em pensamento.
— Eu era sozinho no meio de uma multidão, Katherine.
— Eu também — disse ela.
Ele lhe lançou um olhar demorado e não comentou nada.

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— De maneiras diferentes, suponho — acrescentou Katherine. — Mas você não
teve o toque, o abraço e o conforto de alguém quando estava triste ou magoado.
— Sem perdas, sem ganhos. Já superei isso — replicou ele, obviamente
desesperado para mudar de assunto.
Ela fez uma careta.
— Já entendi. Você tem medo até mesmo de arriscar sair magoado.
— Um medo monstruoso — admitiu Jake.
Os lábios dela se curvaram em um pequeno sorriso. Em outras palavras, ele
acabara de confessar que não havia superado os traumas de infância, e ela sabia que
ele só conseguiria fazê-lo caso os enfrentasse realmente.
— Acho que você deveria falar mais sobre si mesmo e sobre tudo que o
incomoda. Isso o ajudaria a ser feliz.
—Meu Deus, Katherine, eu não preciso de ajuda. Você também quer que eu lhe
conte toda minha vida?
Também? Ela franziu o cenho, mas logo entendeu o que ele queria dizer.
— Ah, então as mulheres já o molestaram em relação a isso. Ele lhe lançou um
olhar amargo.
— Sim, as mulheres sempre querem saber de tudo, querem ouvir confidencias.
Dizem que preciso entrar em contato com os meus sentimentos. Mas já estou em
contato com eles o suficiente.
— Pelo menos, você admite que os tem.
— Engraçadinha — acusou ele.
— Durão — devolveu Katherine.
— Vamos parar com essa conversa. — Ele suspirou, nitidamente aborrecido. —
Saiba que gosto da minha vida exatamente como ela é.
Mentiroso, pensou ela, mas sabia que contradizê-lo naquele momento não
contribuiria em nada.
— Bem, eu não gosto da minha — contou Katherine sinceramente. — E pretendo
mudá-la em breve.
— Como? — Jake quis saber. Estava aliviado que a conversa mudara de direção
e agora passara a concentrar-se nela.
Ela deu de ombros, graciosamente.
— Eu não sei. Mas nesse período em que fiquei sem nada para fazer aqui,
examinei minha vida e cheguei à conclusão de que o que tenho feito não é o que
realmente quero fazer, mas sim o que as pessoas esperam de mim.
— Você não gosta mais de misturar produtos químicos? — Ele a fitou com
expressão curiosa.
— Eu preferiria levar uma vida mais simples.
— Nada é simples.
— Nossa, Jake, como você é cínico. — Ela bocejou. — E pessimista —
acrescentou.
— Não sou pessimista, Katherine, apenas realista.

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Ele acariciou a face dela por um breve segundo, afastando-a em seguida.
— Agora durma.
Sorrindo, Katherine deitou-se de costas e fechou os olhos. Jake apoiou a
cabeça sobre os braços cruzados e, por um longo tempo, apenas escutou a respiração
dela, sabendo que ela estava certa, porém, não querendo admitir isso em voz alta. A
realidade continuava intrometendo-se em seus sentimentos. Ele já fizera uma opção
de vida quando ingressara para a Marinha. Uma profissão que não dava espaço para
uma mulher. Sim, muitos de seus companheiros eram casados, mas Jake sabia que suas
esposas sofriam constantemente de solidão e ansiedade. Quantas vezes não passavam
o Natal ou o Ano Novo sozinhas, enquanto seus maridos estavam correndo risco de
vida em alguma missão? Ele amava seu trabalho, talvez a única coisa que realmente
amara em toda sua vida, e não estava disposto a mudar essa situação por nada desse
mundo.
— Então, Dra. Katherine Collier, o que você quer da vida? — sussurrou ele no
escuro para si mesmo, achando que ela estava dormindo.
— Pertencer a alguém — murmurou ela, sonolenta.
O coração de Jake disparou e, sem hesitar nem raciocinar, aproximou-se da
linda mulher a seu lado e puxou-a para seus braços. Ela suspirou, alisando a mão dele,
então mergulhou novamente em seus sonhos.
Jake estava na sua centésima flexão de braços quando finalmente admitiu que
estava fazendo aquilo apenas para evitar terapia, para tentar parar de refletir sobre
sua vida e seus desejos por alguns minutos. O que não o deteve de circundar a ilha
duas vezes, juntando algumas plantas para Katherine, deixando-as do lado de fora da
tenda, antes de sair de novo para uma nova corrida exaustiva. Depois de muitos
abdominais, estava totalmente sem fôlego e, em um impulso, mergulhou na água.
Sou um masoquista, decidiu, nadando com vigor perto da beira do mar. Há dois
dias, vinha evitando contato com ela. Há dois dias, eles falavam somente o necessário,
e ele sentia falta do som da voz doce de Katherine. Sentia falta das infindáveis
perguntas, da habilidade feminina de analisar palavras, aprofundar uma conversa e
levá-la a uma nova direção. Ele deitara a seu lado, ouvindo a inquietação dela, a
respiração ofegante e desejando-a com tanta intensidade que chegava a doer.
Jake encontrara duas escovas de dente no equipamento de Spooner e dera uma
a Katherine. Tudo que ela fizera, fora sorrir e usá-la. Jake se barbeara com uma
lâmina descartável que achara também na mochila, mais porque era rotina e porque os
pêlos coçavam-lhe a pele, do que por vaidade.
Quando parou de nadar e saiu da água, olhou para o céu, desejando ver um avião.
Viu apenas algumas poucas nuvens espalhadas no imenso azul, então se aproximou da
área do acampamento, e, no momento que chegou lá, Katherine se dirigiu para o mar,
como se estivesse fugindo dele, evitando sua presença. Ela mergulhou, boiou e brincou
com a água. Apenas com as roupas de baixo.
Ele estava acostumado com aquilo agora. Ela havia cortado as mangas do que
sobrara da blusa rasgada. Os buracos nas cavas eram tão grandes, que ele não

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precisava de muita imaginação para saber o que havia por debaixo do tecido. Além
disso, cada centímetro daquele corpo espetacular estava estampado e marcado a fogo
em seu cérebro. Tentando-o, torturando-o e enlouquecendo-o.
Ela nadou alguns metros, então saiu da água e voltou para tenda, parecendo
procurar por algo. Sem olhá-lo ou dirigir-lhe a palavra, retornou ao mar com algo na
mão que, a princípio, ele não pôde identificar. Parando na beira da água, esticou o que
parecia ser uma rede sobre galhos, e mergulhou o objeto na água.
— Sim! — exclamou, animada.
Um caranguejo grudou na espécie de rede.
Ela retornou para a área onde ficava a tenda, a aproximadamente cem metros
do mar, franzindo o cenho, torcendo a "rede" de ponta cabeça para manter o
caranguejo nela, então parou e Jake soube o que ela estava pensando: O que faria com
o caranguejo agora?
— Nós não temos lugar algum para cozinhá-lo — anunciou ele, respondendo a
pergunta não pronunciada.
Ela o olhou assustada.
— Oh, bem, eu não tinha pensado nisso. Eu estava tentando fazer uma dieta
mais balanceada. — Katherine olhou para o caranguejo. — Ele gostou de minhas meias
de seda. — Ela deu de ombros. — Mas suponho que terei que libertá-lo.
— Apenas o coloque na água. Não tente...
Antes que ele terminasse de falar, ela emitiu um grito agudo de repente,
tentando sacudir o caranguejo que estava grudado no seu dedo. Jake correu em seu
socorro, cortando a garra do animal com habilidade e jogando-o, de longe, de volta no
mar.
Katherine lambeu o dedo.
— Você tirou a garra dele — murmurou em tom penalizado.
— Não se preocupe, outra crescerá — ele lhe assegurou.
— Oh. — Ela deu de ombros novamente e voltou a correr para a água,
espirrando-a para todos os lados, como se fosse a brincadeira mais divertida do
mundo. Ela boiou, e seus seios se destacaram na superfície.
Jake não pôde resistir segui-la e ficou observando-a. Ela espirrou água nele.
— Não faça isso — disse ele em tom de brincadeira. Ela espirrou mais água.
Os olhos dele se estreitaram em um olhar ameaçador. Katherine sorriu e então
mergulhou, e Jake pensou que ela parecia uma sereia nadando por debaixo da água.
Uma sereia linda e sensual. Quando ela subiu à superfície, ele estava perto da água, e,
pendendo a cabeça para trás, ela afastou os cabelos do rosto. O olhar de Jake estava
fixo nos quadris femininos, nas bonitas pernas delgadas. Ela uniu as duas mãos,
fazendo uma pequena concha e jogou água nele.
— O que você acha que é, uma criança? — perguntou ele.
— Estou relembrando minhas brincadeiras de infância. Eu acho que você, Jacob
Mackenzie, esqueceu-se de como é bom se divertir.
Os olhos dele escureceram, ao mesmo tempo em que se encheram de vida.

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— Depende de sua idéia de diversão — murmurou ele.
— Venha me mostrar então como você se diverte — desafiou ela.
— Você só quer dormir comigo.
— Eu tenho dormido com você, Jake. Quero mais do que isso.
— Você só pensa em sexo — acusou ele com um meio sorriso.
— Eu só tenho você na mente — corrigiu ela. — Há muitos homens no meu local
de trabalho, mas nenhum me faz sentir tão... inspirada.
Ele arqueou uma sobrancelha.
Ela adorava quando Jake fazia aquilo, parecia um pirata, desafiando-a a lutar de
espadas com ele. Desafiando-a a derrotá-lo. E ela tinha a arma certa para isso. Em
uma atitude ousada, pôs os braços para trás, alcançou o fecho do sutiã e abriu-o.
Então deixou-o deslizar enquanto afundava na água. Depois o pegou e o jogou para ele.
— Kat.
Ele podia ver o contorno dos seios embaixo da água transparente. E, que Deus o
ajudasse, eram magníficos, de tirar o fôlego de qualquer homem em seu juízo perfeito.
Ela fez alguns movimentos, então jogou a calcinha na direção dele. Virando-se
de costas, mergulhou mais fundo, a clara pele nua fazendo Jake cerrar os dentes com
força.
— Isso não é justo — protestou ele.
— Tudo é justo no amor e na guerra.
Jake praguejou baixinho, mergulhou e nadou em direção a ela, sem esperar que
subisse à superfície para respirar. Então lhe segurou os braços e subiu com ela.
— Você é uma adversária mortal, Kat.
— Nunca subestime uma mulher com uma mente forte — respondeu ela.
— Mas quando isso acabar... Ela pôs os dedos nos lábios dele.
— Ainda nem começou e você já está pensando no que vai acontecer quando
acabar? Preocupe-se com isso quando chegar a hora, sargento.
— Você me deixa louco, Kat — sussurrou ele com voz cheia de desejo.
— Isso é mútuo — disse ela, sorrindo.
— Não, eu não acho que você tenha noção...
— Você está querendo dizer que isso poderia se tornar um pouco... selvagem?
— Oh, sim. — Ele não sabia se fazer amor com ela seria o suficiente. Queria
aquela mulher com tamanho desespero, que não podia pensar em mais nada, exceto em
seu desejo indomado.
— Oba! — exclamou ela suavemente e se aproximou mais, até que os mamilos
frios de seus seios tocassem o peito dele. — Beije-me primeiro.
A expressão de Jake era de puro desejo, o olhar penetrava-lhe a face com tanta
intensidade que ela sentiu o rosto queimar. Ele se inclinou um pouco e a puxou mais para
si, gemendo quando a boca roçou a dela, uma vez, duas vezes, bem de levinho.
Katherine achou que ia desmaiar de prazer e que seu mundo ia se partir em dois.
Nunca pensara que um simples beijo pudesse deixá-la naquele estado. Era como se
houvesse encontrado uma parte de si mesma que não sabia existir. E agora, sentia-se

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completa, inteira. Naquele momento, teve a sensação de que nunca mais poderia viver
sem Jake.
— Jake. — Seu nome sussurrado daquela maneira parecia implorar por mais
carícias.
— Dê-me um segundo. — Ele lambeu o contorno do lábio inferior dela. — Sinto
como se eu houvesse esperado um século para isso.
O coração de Katherine se alegrou com aquelas palavras.
Respirando fundo e reunindo coragem, ele pressionou a boca na dela com mais
firmeza e beijou-a.
Realmente a beijou.
Um beijo profundo, erótico, apaixonado e maravilhoso.
Arrebatador. Sim, aquilo era tudo que queria, pensou ela, a cabeça tornando-se
leve, os pés deixando a areia macia quando ele a puxou mais para perto do corpo
másculo. Katherine envolveu o pescoço dele com as mãos, os corpos se encaixando em
uma harmonia perfeita.
Jake parecia devorá-la com o beijo, e ela ainda queria mais. Queria senti-lo
deslizando dentro de si, a quente pressão masculina, queria unir-se àquele homem
maravilhoso, de corpo, mente e alma.
Como se lesse seus pensamentos, Jake afastou-se um pouco, o suficiente para
fitar os olhos verdes sonhadores.
— Não há mais volta Kat — murmurou docemente.
Ele parecia estar esperando que ela mudasse de idéia, na verdade, oferecendo-
lhe uma chance de voltar atrás. Ela sorriu para o olhar perturbado dele e passou a mão
pela lateral do maxilar masculino, adorando quando ele virou o rosto para desfrutar
melhor de seu toque.
— Eu nunca achei que houvesse — respondeu ela Com total confiança.
Ele a pegou nos braços, carregando-a para fora da água em direção à área do
acampamento. Então sentou-a sobre a areia, o olhar estudando cada centímetro do
corpo nu enquanto retirava a tira que amarrava os cabelos castanhos, deixando-os cair
soltos sobre os ombros. Ela parecia tímida, e Jake ficou emocionado ao descobrir que,
nos últimos dias, embora houvesse sido mais rude do que gostaria, não lhe roubara a
doce timidez.
Ele lhe segurou a face com as duas mãos, forçando-a a encará-lo.
— Sem reservas — avisou.
Katherine tinha a impressão de que sexo não era uma coisa casual com ele.
— Se eu tivesse alguma reserva, não teria me despido para você. Ele sorriu de
modo perverso.
— Eu só estava me certificando disso.
Ela não ia perguntar por que ele estava tão apreensivo, afinal de contas já sabia.
O grande e durão Jake Mackenzie estava com medo, assim como ela. Aquela união iria
virar o destino de ambos em uma direção totalmente nova e nenhum deles tinha
certeza se queria segui-la.

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Kate agarrou o elástico do short que ele usava sem nada por baixo.
Provavelmente o encontrara na mochila de Spooner, concluiu ela. Os olhos de Jake
brilharam. Ela deslizou os dedos ao redor do short, então enfiou a mão por debaixo do
tecido, puxando-o e desnudando-o.
— Acabe de tirá-lo — pediu ela.
Depois que o short foi jogado de lado, ela permitiu-se admirar a ereção
masculina, dominante e espetacular. E como que por instinto, envolveu o membro rijo
com seus dedos macios.
Em um piscar de olhos, Jake estava sobre ela, acariciando-a, beijando-a com
loucura, as mãos em seus quadris, puxando-a para mais perto. Ele a beijou
ardentemente, a boca viajando sobre o pescoço delicado e descendo até o mamilo
rosado e intumescido, que deslizou com facilidade para a boca dele, onde pertencia.
Ela gemeu alto, jogando a cabeça para trás, e Jake saboreou o gosto salgado da pele
de Katherine, querendo mergulhar fundo nela.
O sol brilhava naquele corpo magnífico, ainda reluzindo com gotas de água, e
então ele lhe segurou os seios, lambeu-os e ela lhe contou, através de doces sussurros,
o quanto se sentia bem com suas carícias. O quanto estava excitada por ele. O quanto
ele lhe dava prazer.
Jake a encostou sobre uma palmeira e esforçou-se para saborear o momento.
Queria ir devagar, mas seu corpo estava gritando de desejo. Ele deslizou a língua
sobre os seios dela, massageou-os, depois foi traçando um longo caminho pelo corpo
feminino.
Katherine segurou-lhe a cabeça, sentindo a boca sensual sobre seu corpo, como
se querendo absorver e memorizar para sempre aquelas sensações, desfrutar o
máximo enquanto eles pudessem dar e receber.
— Jake, por favor — sussurrou com voz rouca.
— Ainda não. — A boca dele mapeou-lhe o estômago reto, a curva dos quadris, a
junção côncava quando deslizou as mãos entre as pernas dela, separando-as.
— Eu vou atingir o orgasmo logo.
— Mas, Jake, eu quero atingir junto com você.
— Acredite-me, você vai chegar lá comigo. — Ele ajoelhou-se, e quando a boca
dele tocou o sexo feminino, ela gemeu novamente.
Ele provocou-a intimamente. Katherine respondeu ardente e deliciosa, e quando
Jake tocou o botão feminino, ela arqueou o corpo em delírio e levantou o joelho para
se aproximar. Ele puxou-o sobre seu ombro e continuou provocando-a. Cada toque a
enlouquecia, sensações incríveis atravessavam-lhe a pele. Ela atingiu o clímax,
segurou-lhe a cabeça e impulsionou-se contra o corpo forte e poderoso. Depois
sussurrou o nome dele.
Jake continuou saboreando-a. Estava em um nível de excitação que precisava
desesperadamente encontrar libertação, mas alguma coisa em seu interior lhe dizia
que Katherine nunca fora propriamente amada. Aquilo lhe dava uma sensação de raiva
e, ao mesmo tempo, proporcionava paciência quando queria penetrá-la e acabar com

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aquela agonia. Precisava amá-la como ela nunca fora amada, mesmo que fosse apenas
naquele momento. Um momento que ela se lembraria para o resto da vida.
A respiração de Kate estava entrecortada, entre gemidos.
— Ninguém nunca fez isso comigo—sussurrou com voz rouca.
— Fico feliz que tenha sido eu, então — disse Jake, com honestidade.
Ela sorriu, profundamente contente, e Jake levantou-se, dando-lhe uma visão
total do que ela fizera com ele.
— Eu quero lhe proporcionar esse prazer. Posso? — perguntou ela encantada.
Ela era doce, ingênua, e estava deliciada com as novas descobertas.
— Você pode fazer qualquer coisa que quiser Kat. Mas não isso e não agora.
— Ora, vamos lá. — Ela roçou no corpo dele.
Como uma cobra sendo atacada, Jake rapidamente lhe segurou o pulso.
Katherine sorriu levemente, como uma gata no cio, movendo-se, fazendo Jake
sentir como se houvesse acabado de perder o autocontrole.
— Eu quero prová-lo — murmurou ela com uma ousadia que nunca conhecera
antes.
Jake cerrou os dentes. A excitação ainda mais latejante diante de tal
confissão. Ele alcançou o colete LBV que estava sobre a areia, próximo a eles, e tirou
alguns preservativos de dentro.
— Tenho aproximadamente uns trinta desses. — Ele os jogou para ela.
Kat pegou um, rasgou o saquinho, movendo-se em direção a ele com um intenso
brilho nos olhos.
— Venha aqui, fuzileiro. — Ela entrou na tenda, convidando-o a segui-la.
O olhar de Jake percorreu o lindo corpo de curvas bem definidas
e, sem precisar de um segundo convite, seguiu-a, deslizando a seu lado.
Instantaneamente, ela rolou por cima dele e começou a se mover sensualmente.
— Kat, ponha logo isso — suplicou ele.
— Ainda não. — Ela mudou de posição, deslizando ao longo do corpo grande.
Jake segurou-lhe os quadris, puxando-a para si, e, quando estavam ambos de
lado, um de frente para o outro, Kate colocou o preservativo. Lentamente.
Enlouquecendo-o ainda mais com os movimentos sensuais dos dedos.
— Querida, você está me deixando tão alucinado que tenho até medo de
machucá-la.
— Tenho certeza de que você não fará isso — sussurrou ela, sorrindo. Então,
segurou o sexo masculino em suas mãos, levantando um pouco o corpo, e o guiando para
dentro de si. O membro encontrou o calor úmido. Ela inclinou-se para frente, as mãos
nas laterais da cabeça dele.
— Olhe para mim — disse ele.
Ela olhou, e Jake agarrou-lhe os quadris, puxando-a para baixo. O ponto
feminino quente e úmido quase o fez liberar o orgasmo.
A pressão do corpo másculo provocou em Katherine uma sensação maravilhosa, e
ela soube que queria pertencer a ele, não apenas no que se referia a sexo, mas sim de

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corpo e alma. Apenas a Jake, e a mais ninguém. Ela o fitou, observando-lhe as feições
tensas de prazer e, ao mesmo tempo, ternas. Então mordiscou o lábio inferior,
contendo um gemido que ameaçava escapar da garganta.
Jake suspirou.
— Você pode falar, gritar e se expressar — sussurrou ele. — Pode fazer
qualquer coisa que queira, pois ninguém, exceto eu, a ouvirá.
Ela emitiu um longo gemido de prazer.
— É tão gostoso estar com você, Jake. Ele sorriu.
— Obrigado pelo elogio, madame. Você também é maravilhosa. Ela o puxou para
si e pediu:
— Mais fundo, Jake.
Ele a rolou de costas, deitando-a completamente, e fazendo investidas longas e
profundas.
— Sim, isso mesmo. Oh, Jake. — Ela envolveu as pernas ao redor dos quadris
masculinos. — Posso senti-lo pulsando dentro de mim. E uma sensação mágica. Você
está tocando e provocando todos os pontos certos.
Ele não devia ter pedido que ela falasse, pensou divertido. Do jeito que a mulher
gostava de falar, não pararia nunca mais. Fitando os olhos verdes com intensidade,
continuou sua dança erótica em um ritmo mais acelerado. Os delicados músculos de
Katherine o comprimiam em uma luva de veludo úmida, trancando-o em um mar de prazeres.
— Kate, oh...
A intensidade da paixão chegava a ser assustadora. Ameaçadora. Ela tocou-lhe
a face.
— Mostre-me como pode ser. — Ela entrelaçou os dedos nos dele.
Unido ao magnífico corpo feminino, ele continuou penetrando-a, o olhar nunca a
abandonando, adorando a coragem de Katherine, sem reservas, ousada e selvagem para
ele. Ela tencionou, chamando o nome dele em voz alta.
Jake sentiu o rápido aperto do corpo dela em volta do seu, a pulsação do prazer
feminino arrastando-o para um precipício de desejo. Ele gemeu baixinho. Kate o puxou
para si, movimentando-se freneticamente. Aquilo parecia durar para sempre, uma onda
de paixão aumentando mais a cada segundo. Kate sentiu-se fundida com ele, como se
fossem um só corpo, os corações batendo em um ritmo acelerado, o sangue correndo
alucinadamente através das veias.
Juntos, como se uma onda gigante houvesse rebentado sobre eles, atingiram o
orgasmo e subiram aos céus, alcançando o topo mais alto que poderia haver no paraíso.
— Oh, Jake — sussurrou ela sem fôlego. Nada em sua vida podia ser comparado
com aquele momento final. Nada em sua vida a fizera se sentir tão completa e
maravilhosa.
Ele levantou a cabeça, respirando fundo quando lhe afastou os cabelos do rosto
com carinho e olhou nos olhos verdes.
— Doce Kat — Jake disse apenas e engoliu em seco, mais do que fisicamente
exaurido.

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Dois Amantes Amy. J. Fetzer

Capítulo VII

Jake acordou Katherine com um beijo terno e delicado, deslizando a mão dos
quadris dela até os seios. Ele a queria novamente. E mais uma vez. E quantas vezes
fosse possível. Ela sorriu, sonolenta.
— Estou faminta.
Jake riu, bem-humorado.
— Eu também.
Ela abriu os olhos, fitou-o, e soube que ele não se referia à comida. Katherine
deslizou o dedo sobre o maxilar forte e barbeado, depois traçou-lhe o contorno dos
lábios e então o beijou, colocando a perna sobre o quadril de Jake.
— Eu estou realmente com fome.
— Quer um coco? — brincou ele.
— Meu Deus, não! Qualquer coisa menos coco. Acho que nunca mais quero comer
coco na vida.
Ele riu e saiu da tenda, puxando-a consigo. Então partiu sozinho para dentro da
floresta, a fim de usar o banheiro natural, e Katherine foi em outra direção. Quando
ele retornou, apenas de short, ela estava jogando água sobre o corpo. O sol acabara de
nascer e a lua ainda estava no céu, ambos iluminando-a enquanto a água escorria pelo
corpo esbelto. A boca de Jake ficou seca, e ele perguntou-se se estava salivando. Ela
alcançou a blusa agora sem mangas, vestiu-a sem sutiã por debaixo, depois se sentou
em um pedaço grosso de palmeira caída e cortou uma fatia de lagarto com a mão,
provando-o.
— Tem mesmo um gosto parecido com frango — comentou, segurando um
pedaço e oferecendo-o a ele. Jake aceitou, mastigando-o enquanto a estudava. Kate
virou a cabeça para um lado, sorrindo.
— Acho que o mar levou meu sutiã e calcinha.
— Oh, meu Deus. — Ele começou a correr na praia, em direção ao mar. Ela
escutou o barulho da água espirrando, então, depois de alguns minutos, ele retornou,
segurando as peças em um dedo.
— Meu herói. — Ela jogou a roupa íntima de lado.
Jake arqueou uma sobrancelha, como se tivesse questionando a ação dela e Kate
respondeu, dando de ombros:
— Para que se incomodar com essas coisas? Não tem ninguém nessa ilha mesmo.
— Como não tem ninguém? E quanto a mim? — murmurou ele. — Saiba que se
você ficar andando por aí desse jeito, não vou me responsabilizar por minhas ações.
— E isso é uma coisa ruim?
Rindo, ele se sentou em um tronco de árvore quebrada para saborear o lagarto.
Katherine levantou-se de onde estava e foi acomodar-se ao lado dele na árvore.
— Aquele foi seu primeiro orgasmo com um homem, não foi?

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— perguntou Jake.
Ela enrubesceu, envergonhada, especialmente na sua idade.
— Sim — admitiu. — Triste, não é?
—É que você só teve homens que não se importavam o bastante
— murmurou ele.
— Você se importa comigo, Jake?
— Eu não teria feito amor com você se não me importasse, Kat. Ela pensou nas
palavras dele por um minuto, antes de perguntar:
— Você está me dizendo que se importa com todas as mulheres com as quais
dorme?
— Não, sim, bem... — Ele fez uma pausa, confuso. — Por que estamos discutindo
isso, afinal?
— Foi você quem começou o assunto.
Obviamente, as conquistas passadas de Jake o deixavam desconfortável, e ela
não resistiu provocá-lo. Além disso, era importante saber.
— Eu quero saber. — Ela o encarou com seriedade. — Você é um mulherengo
por natureza, ou não?
— Não — replicou ele. — Mas elas se jogam em cima de mim. Ela podia entender
aquilo.
— Assim como eu me joguei. Ele meneou a cabeça.
—Você foi diferente. Estava morrendo de medo quando chegou aqui.
— Verdade — concordou Kat. — Você pode ser bastante assustador quando
quer. — Ela pousou a mão na coxa bronzeada dele. — Mas agora que conheço seu lado
suave e amoroso, não tenho mais medo de você.
— Conhece mesmo?
Ele pareceu insultado. Katherine sorriu. Depois deslizou a mão pela perna
coberta de pêlos macios até alcançar-lhe o sexo. Era incrível sentir o membro crescer
com seu toque. Ele cerrou os olhos, incrivelmente imóvel.
— Katherine.
Ela deslizou a mão para dentro do short e o acariciou.
— Sim. — Ela observou o rosto dele se contorcer de tensão. Manipulou-lhe o
membro até que ele não pôde mais agüentar e, segurando os ombros dela, empurrou-a
para trás.
— Você está tentando me matar?
Ela se levantou, andou até a tenda e saiu com um preservativo na mão.
— Bem, ainda temos muitos desses por aqui.
Voltando a se sentar no tronco de árvore de frente para Jake, ajudou-o a pôr o
preservativo no membro rijo. Ele a puxou para si, beijando-a, e logo estava dentro do
corpo feminino, as mãos nos quadris delicados, trazendo-a para mais perto de si.
Katherine inclinou-se para trás, incentivando-o a novas carícias. Jake alisou-lhe
o rosto, deslizando a mão através do corpo sensual. Brincou com ela, adorando a
maneira como arqueava o corpo de prazer.

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O fogo brilhava a poucos metros de distância, cobrindo-os com uma luz amarela.
Jake mapeou os contornos, o incrível formato dos seios femininos, a cintura
bem-feita. Ela era tão frágil em suas mãos, macia e doce, e o fazia se sentir mais
forte. Nossa, como adorava ser homem!
Katherine precisava amar aquele homem como ele nunca fora amado. Ele tivera
tão pouco na vida... Ela queria se possuída e possuir.
— Oh, meu Deus, Kat...
Jake agarrou-lhe os quadris e investiu, o calor dela enlouquecendo-o, levando-o
à beira do êxtase com extrema rapidez. Ela falava suavemente, de modo erótico,
dizendo-lhe coisas que seu ego não precisava ouvir, mas que ele adorava escutar
mesmo assim.
— Jacob — murmurou ela com voz rouca.
Ele entrelaçou os dedos nos cabelos sedosos, prendendo-lhe o olhar.
— Eu preciso ver seu rosto.
Ela pressionou a testa contra a dele, os movimentos suaves de ambos em
perfeita harmonia, o corpo de Jake no comando do seu. Ele prosseguiu e Kate
acompanhou-lhe o ritmo, roubando tudo dele enquanto o tocava.
Jake não queria pensar no momento quando ela não estaria mais na sua vida, no
seu mundo, mas, às vezes, era inevitável. O pensamento simplesmente surgia em sua
mente. Ele a abraçou mais forte, envolvendo-lhe as pernas ao redor de si mesmo. Os
braços longos e delicados entrelaçaram seu pescoço enquanto eles se movimentavam
em uma dança sensual e erótica.
Força masculina se misturava com suavidade feminina.
Ele nunca fora ansioso demais, nunca pedira o que não tinha direito, mas com
Katherine, pedia. Sentia-se no direito, pelo menos naquele momento. Katherine, ele a
adorava.
Jake fitou os olhos verdes luminosos e sentiu o puro poder do ato de amor dos
dois. Os olhos dela estavam marejados, o coração neles, e ele a beijou com paixão,
sentindo o clímax de Kate invadi-lo e envolvê-lo até atingir sua alma.
Jake gemeu quando liberou seu prazer e abraçou-a apertado. A transpiração
brilhava na pele de ambos, mesmo assim continuavam com os corpos unidos.
Naquele momento, Jake soube que sem ela, morreria.
Eles ficaram em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos. Então, como
uma concha que fora quebrada, ele de repente começou a falar, e Katherine ouviu
atentamente as palavras pronunciadas, unidas a velhas memórias. Ele se lembrou de
seus pais, como era a aparência deles, de como eram dedicados e amorosos, mas os
rostos tinham quase desaparecido de sua memória através dos anos. Jake conhecia o
aroma de sua mãe, o tom de sua voz. Recordou-se de como brincara no quintal de sua
casa quando era um pequeno garotinho. De como dava gargalhadas quando sua mãe lhe
fazia cócegas. Depois, contou a ela sobre o orfanato, sobre a solidão que sentia no
meio de tanta gente, da rotina que vivera, dos castigos e rezas obrigatórias.
O coração de Katherine se condoeu, ela podia ouvir a melancolia no tom de Jake.

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Embora estivesse cercado de pessoas, ele também se sentia sozinho. Então, ele
continuou falando sobre seus amigos, a família deles, sobre a Marinha e o tipo de
trabalho e missões que precisavam cumprir. Estivera em zonas de guerra pelo menos
quatro vezes, e, às vezes, tinha pesadelos, mas não por muito tempo. Embora tivesse
consciência dos constantes riscos que corria, amava seu trabalho de todo coração.
Sobre a colcha fina da tenda, Katherine aninhou-se contra o peito másculo,
percebendo como o tom de Jake mudava e se enchia de sofrimento quando lhe contou
a dor que sentira quando perdera alguns de seus homens, quando mencionou alguns
fracassos que tivera em missões e momentos que desprezava, enquanto ela os
considerava heróicos.
Os braços dele a apertaram mais, e ela mudou de posição de modo que a cabeça
de Jake ficasse agora em seu peito. Katherine acariciou o grande homem, desejando
desesperadamente amá-lo se ele assim permitisse. Quando ele lhe perguntou sobre
ela, Kate falou, contando-lhe coisas que nunca mencionara a mais ninguém. Explicou-lhe
que amava seus irmãos, mas que eles a consideravam apenas uma mente talentosa que
deveria ser protegida, e, por muito tempo, ela os deixara fazer tal coisa. Seus pais
também não lhe haviam dado a devida atenção, amando-a da maneira deles, porém,
acreditando que ela precisava apenas de uma boa educação, e esquecendo-se de que o
lar era a base de uma personalidade sólida e segura.
Ela contou-lhe sobre os namorados que teve, da mágoa que lhe causaram sem se
darem conta disso. E Jake de repente entendeu que a inteligência dela era a única
coisa realmente valorizada pelas pessoas que a cercavam, causando-lhe tanta
insegurança como pessoa e como mulher que Katherine convencera a si mesma que seu
único valor verdadeiro era seu cérebro e, dessa forma, nunca procurara mudar sua
realidade. Porque não acreditava que merecia isso. Até agora.
Ele rolou de costas, levando-a consigo, deitando-a sobre seu corpo como uma
coberta quentinha e aconchegante. Depois lhe acariciou as costas com movimentos
gentis. Então soube, sem a menor sombra de dúvida, que perdera o que mais guardara
durante a maior parte de sua vida. Seu coração.
E pela primeira vez em anos, Jake sofreu.
Eles brincaram como duas crianças felizes. Jake nunca se divertira tanto na
vida, nunca rira tanto, nunca sorrira com tanta freqüência. Sentia-se tolo e infantil
enquanto corria atrás dela na praia, pegava-a pela cintura e arrastava-a para seu
abraço.
— Que idéia maluca é essa agora? — Eles estavam fazendo uma caminhada
matinal pela praia e conversando sobre banalidades.
— É apenas uma curiosidade.
— Eu não saberia — replicou ele.
— Mas você é homem. Homens sabem se têm o desejo secreto de fazer amor a
três.
Ele fez uma careta, como se estivesse zangado.
— Este homem em particular, não sabe.

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— Oh, você está parecendo muito conservador.
— Nesse momento, eu sou. Ela sorriu.
— Eu também, mas há mais coisas tolas com as quais vocês, homens, parecem se
fascinar.
— Se quer mesmo uma resposta, eu lhe direi um velho ditado: "Um é pouco, dois
é bom, três é demais".
Ele a segurou pela fina camisa, fazendo-a parar. Kate já desistira da saia que
não escondia quase nada, e estava só de calcinha e a blusa rasgada.
Ela se aproximou do corpo másculo, pondo a cabeça um pouco para trás.
— Beije-me — pediu.
— Você não precisa pedir.
— Eu precisei pedir para que fizesse amor comigo. Acho que você é um pouco
lento.
— Lento? E você? É distraída e continua caindo no buraco do lixo — brincou ele.
— Então, marque-o de maneira mais visível — sugeriu Katherine.
— Você deve apenas olhar onde está pisando. É simples.
— Não tenho senso de direção, você sabe disso.
Eles voltaram a andar, sem se tocar, mas querendo isso.
— Conte-me sobre a vida dos fuzileiros navais.
— Estou me sentindo de férias — disse ele. — Não quero falar sobre trabalho.
Ela olhou ao redor.
— E nós temos algum outro programa para fazer agora? — zombou. — Não há
nada para fazer, exceto conversar.
— Certo — concordou Jake. — Então você pode me ensinar como fazer, vamos
dizer...
— Explosivos? — finalizou ela.
— Não. Isso eu já sei.
Ela não se surpreendeu. Jake sabia coisas demais.
— Que tal eu lhe ensinar algumas tarefas domésticas que todos precisam fazer
em suas cozinhas?
Ele tremeu.
— Lembre-me de nunca irritá-la.
Uma vez que ela parecia verdadeiramente interessada, ele lhe contou sobre o
dia-a-dia dos fuzileiros navais, seus acampamentos, o difícil treinamento, enquanto
continuavam caminhando pela praia, alguns momentos de mãos dadas, outros
abraçados, e outros ainda, separados e sentindo-se perfeitamente contentes.
Contentamento. Aquele era um sentimento novo para Jake, uma sensação que
nunca experimentara antes. E era maravilhoso demais. Tão maravilhoso que chegava a
desejar não ser descoberto e resgatado. Sabia que quando saíssem da ilha, todo o
lindo sonho acabaria e cada um seguiria seu rumo, voltando para sua própria realidade.
Conseqüentemente, desejava prolongar a felicidade que sentia agora pelo máximo de
tempo possível.

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Kate estava pensando na mesma coisa. Não queria ser encontrada, não ainda,
pelo menos. A vida na ilha era simples, sem cobranças, sem obrigações, sem
fingimento.
A vida de Jake não era simples. A sua também não era, mas estava decidida a
mudá-la. Chegara à conclusão de que nunca tinha feito o que realmente desejava, e
sim, sempre fora guiada e orientada pela cabeça dos outros. De seus pais, de seus
irmãos. Até mesmo a profissão de química não havia sido uma escolha sua, sua família a
convencera de que, com um QI elevado e um cérebro brilhante, era o melhor que ela
poderia fazer. Como não crescera acostumada a questionar as coisas e saber bem o
que queria, Katherine simplesmente aceitara sem contestar e passara a acreditar que
gostava daquilo. Todavia, nos últimos dias, vivendo ali na ilha deserta, tivera todo o
tempo do mundo para refletir sobre si mesma e sobre sua vida. E estava determinada
a mudá-la, talvez até radicalmente. Fizera a opção dias atrás, e, quanto mais os dias
passavam, mais forte se tornava sua decisão.
Jake era o responsável por aquelas mudanças. Ela não exigiria nada dele, não ali,
nem naquele momento. Mas quando ele a olhava, quando a tocava ou lhe lançava um
sorriso sincero que a fazia enxergar o verdadeiro homem que ele era e que insistia em
camuflar, Kate sabia que estava perdidamente apaixonada por ele.
Uma tempestade chegou. Não tão forte como na noite do resgate, mas com
vento e raios o bastante para forçar Jake e Katherine a ficarem dentro da tenda
durante a noite. Eles se ocuparam na escuridão, amando-se até que estivessem
exaustos e saciados.
Jake estava dormindo nos braços dela quando escutou um leve ruído. Ele se
sentou, ouvindo com atenção, e Katherine acordou em seguida.
— O que houve, Jake?
— Ouça — disse ele.
Os olhos dela se arregalaram.
— É um...
— Helicóptero — completou ele.
Jake saiu do abrigo, agarrando uma granada, puxando o pino e jogando-a. A
arma explodiu no meio do ar e ele correu para a pilha de madeira, tentando acender o
fogo.
— Que coisa — murmurou nervoso. — Não vai acender. Katherine foi buscar sua
bolsa, retirando dela o frasquinho de
perfume e dando-o a Jake. Então ajoelhou-se enquanto ele jogava o fósforo na
fibra do coco. Ela pôs o perfume nas chamas e elas queimaram rápido e forte. A
fumaça formou uma grande espiral no ar. O helicóptero virou na direção deles, e os
dois ficaram parados em pé na praia, esperando o avião se aproximar.
— Eu cheguei a desejar que eles não viessem — confessou Katherine em um tom
amargurado.
Ele levantou a mão dela e beijou-lhe a palma. Entendia aquilo. Aquela ilha era um
paraíso privado, e ele também não queria realmente voltar para o mundo real. Um

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mundo no qual a única mulher que amara na vida não faria mais parte.
A chuva caía com força, transformando rapidamente a fogueira em fumaça
branca. Jake temia que eles não fossem vistos. Porém, imagens térmicas registrariam
aquilo, decidiu. Após alguns minutos, o helicóptero balançou no ar, sinalizando que os
havia visto. O vento soprava pela ilha com um forte ruído, agitando as imensas ondas e
a areia. Um pacote embalado em um pequeno pára-quedas caiu sobre a praia. Jake o
apanhou, abriu-o, e ligou o rádio que encontrou ali dentro.
— Delta Um, aqui é Angel Resgate. Estou feliz em ver que você está vivo,
sargento.
— Estou feliz em vê-los, também. — Ele respondeu a seus homens e sorriu
quando descobriu que todos eles haviam sobrevivido sem graves danos físicos.
— Estamos voando com pouco combustível, artilheiro — veio a voz no rádio com
estática. — Temos apenas o bastante para voltar ao porta-aviões. —Vamos jogar
roupas e comidas e viremos buscá-los de manhã, quando o navio estiver mais perto.
— Entendido. Câmbio, Angel.
Jake suspeitara que eles retornariam apenas no dia seguinte no instante que
vira o helicóptero e nenhum navio à vista. Um outro pacote caiu na areia, maior dessa
vez. e Katherine foi apanhar, arrastando-o pela praia.
Jake acenou para o helicóptero que partia, então a seguiu, levantando o pacote
do chão e levando-o para a tenda. Kate não perguntou nada. Escutara toda a conversa
através do rádio.
— Então, nós temos mais um dia?
Ele a fitou. Um dia sozinhos. Um dia antes de encarar o mundo real e se
separarem. Para sempre.
Como se lendo os pensamentos dele, Katherine sorriu. Abrindo o pacote, falou:
— Então acho que devemos aproveitá-lo ao máximo. — Ela olhou para os
conteúdos do pacote. — Humm, pudim. O que poderíamos fazer com isso?
— Comer — respondeu Jake com simplicidade.
— Eu estava pensando em alguma coisa mais criativa.
Ele piscou, um pouco chocado quando ela desabotoou a blusa, tirou-a e, em
seguida, fez o mesmo com o sutiã. Kathenne estava ficando bronzeada, ele notou,
quando ela começou a espalhar pudim de chocolate no corpo. Então reclinou-se em uma
posição sexy e perguntou:
— Sobremesa?
Jake sorriu, aproximou-se, colocou-se de joelhos e começou a lamber o
chocolate.
— Sempre adorei a sobremesa antes do jantar — murmurou com voz rouca de
desejo.
Ela gemeu quando os lábios dele circularam o seu mamilo. Eles brincaram como
duas crianças felizes, fizeram um amor doce, terno e selvagem, ao mesmo tempo.
Katherine atingiu o clímax antes de Jake penetrá-la. O ato foi incrivelmente saboroso
e erótico. Ambos capturando, absorvendo e tentando guardar para sempre no coração,

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o que terminaria na manhã seguinte.
Ao amanhecer, Jake e Katherine estavam parados na praia, em pé, quando o
helicóptero de resgate aterrissou na areia. Eles olharam ao redor, como se estivessem
se despedindo da ilha, depois se entreolharam por um longo momento, antes de ele
ajudá-la a subir no helicóptero. Jogando a mochila com o equipamento lá dentro, subiu
e acomodou-se ao lado dela.
Seus companheiros lhes sorriram. O piloto de resgate comentou:
— Chegamos a pensar que vocês dois estivessem mortos.
— Talvez se eu estivesse com um marinheiro — respondeu Katherine com um
sorriso. — Mas não com um fuzileiro naval.
Os outros fuzileiros do helicóptero murmuraram alguma coisa entre si, dando
risadinhas, e Jake apertou a mão dela quando o helicóptero decolou e se dirigiu para o
navio. A chegada causou um pequeno tumulto de alegria, a tripulação inteira
comemorando quando saíram do helicóptero.
Katherine sorriu e acenou para todos, cumprimentando o capitão, fazendo
piadas, mas querendo Jake a seu lado. Precisando dele. Era quase devastador. Depois
de dias experimentando uma espécie de solidão pacífica na ilha, aquela multidão de
pessoas comemorando exaltadas deixava-a aturdida, mas quando Jake colocou a mão
sobre suas costas, ela sentiu uma onda de conforto e a tensão se esvaiu.
Kate foi conduzida por uma embaixada oficial e um agente da CIA. A Jake foi
requisitado que se reportasse em duas horas para seu oficial comandante. Ele olhou
por sobre o ombro quando eles a levaram para outra direção. Ela parecia assustada e
ele caminhou em direção a ela. O agente da CIA segurou-a pelo braço, e Jake se
intrometeu:
— Ouça fuzileiro — começou o homem, mas Jake não deixou que ele terminasse
a frase.
— Não, ouça você. Ela não está acostumada com isso. Você a está assustando.
Dê-nos um minuto.
Sem esperar resposta, Jake a puxou para o lado, para longe dos espectadores, e
havia muitos por ali. Poucas mulheres estavam a bordo no navio, nenhuma parecida com
Katherine, que usava uma roupa totalmente inadequada.
Ela encontrou o olhar dele, tanta incerteza e esperança revelada nos olhos
verdes que Jake sentiu-se apunhalado no peito por aquilo.
— Vejo-o mais tarde? — perguntou ela, insegura.
— Não.
— O quê?—os olhos dela ficaram marejados instantaneamente.
— É isso mesmo, Katherine. — Ele suspirou com tristeza. — Não podemos nos
iludir mais. Nós nos separamos aqui.
Ela franziu o cenho, confusa, triste e arrasada.
— Por que está agindo assim, Jake? Por que está fazendo isso comigo e,
principalmente, consigo mesmo?
Jake já pensara sobre aquilo, planejara suas palavras, mas quando elas vieram,

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quase sentiu vergonha das mesmas.
— Escute, eu fui uma pequena distração para você, doutora. Nós dois somos
muito diferentes para que isso possa continuar. Não há a menor possibilidade de
futuro para nós — concluiu no tom mais frio que foi capaz.
Doutora? Aquilo era definitivamente uma despedida.
— Você está dizendo que nosso relacionamento não pode continuar, mesmo
depois de tudo que vivenciamos juntos, depois do tanto que nos amamos? — protestou
ela, secando as lágrimas nos olhos, a fim de evitar que caíssem sobre suas faces.
— Sim. Tudo que vivemos foi maravilhoso, mas acabou — disse ele com firmeza.
— Minha vida não é das nove da manhã às cinco da tarde. Eu não tenho uma rotina.
Você tem — falou friamente, embora estivesse com o coração partido. — Além de
sexo, o que temos em comum?
Ela não saberia dizer. Todavia, precisavam ter algo em comum para se amarem?
Os opostos não se atraíam, afinal?
— Então eu fui apenas conveniente em uma ilha deserta. Uma mulher disponível.
Ele detestou como aquilo soava.
— O que houve entre nós, foi mútuo — respondeu ele.
— Isso foi com o Jake que conheci na ilha. Não com o Jake que estou vendo
agora.
— Pois este sou eu.
—Não, não é — negou ela com veemência.—Você é o homem que está
devidamente preparado para enfrentar a morte por seu país, mas apavorado até a
alma para arriscar o coração por mim. — A voz dela falhou.
— Kat, meu coração nunca esteve nisso — ele conseguiu dizer, embora soubesse
que não era verdade. Talvez fosse o único jeito de convencê-la de que um futuro entre
os dois não era possível, pensou.
— Mentiroso —- acusou Katherine. As sobrancelhas dele se arquearam.
-— Minha vida é assim e não vou desistir dela.
— Não estou pedindo que faça isso.
— E eu não pedirei a você que abandone tudo pelo qual tanto trabalhou — disse
Jake. — Não tenho esse direito.
— Você não acha que essa é uma escolha minha? — Quando ele não respondeu,
ela explodiu: — Você é o homem mais teimoso, mais obstinado que já conheci na minha
vida inteira.
— Imagino que sim — concordou ele secamente.
— E um tolo! Você não entende, Jacob? Eu o a...
— Madame, nós temos que ir agora — interrompeu o oficial.
— Espere um minuto — replicou ela, então voltou a olhar para Jake.
A expressão dele, tão severa e vazia de emoção, alertou Katherine de que não
adiantaria falar com ele naquele momento. Todavia, aquilo não impedia que seu coração
se despedaçasse, cada pedaço perdendo-se no vazio emocional que vinha vivendo havia
anos. Os olhos voltaram a se encher de lágrimas, e, encarando-o profundamente, falou

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com uma voz fraca:
— Obrigada por me manter viva, sargento, e fazer eu me sentir viva.
O agente da CIA segurou-lhe o cotovelo, conduzindo-a em direção à entrada do
convés.
Jake ficou parado ali, enquanto o oficial se afastava com ela, quase arrastando-
a. Para fora dali, para longe de sua vida. Ele não podia pedir a ela que ficasse. Não
tinha esse direito. Mas quando ela desapareceu de vista, Jake soube que acabara de
deixar partir a melhor coisa que já lhe acontecera na vida.
O sargento de artilharia Cook aproximou-se e colocou-se a seu lado.
— Eu pensava que você era o homem mais esperto e inteligente que eu conhecia,
Mac.
Jake apenas olhou para Cook com uma expressão mal-humorada no rosto e não
fez comentário algum.
— Aparentemente não é — concluiu o sargento, dando de ombros quando se
retirou.

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Capítulo VIII

Estação Aérea dos Fuzileiros Navais, Cherry Point, NC.


O avião tocou o solo, e, dentro dele, a torcida animada foi absolutamente
ensurdecedora.
Centenas de fuzileiros navais estavam ansiosos para desembarcar, mas Jake
sentiu um forte aperto no coração. Por fim, tinha chegado o momento que tanto
temera. O posicionamento estratégico de tropas, a viagem para casa e a aterrissagem
no campo aéreo de Cherry Point para ouvir as trombetas da banda da Marinha. Havia
uma multidão de familiares, esposas, namoradas, e crianças alvoroçadas no portão de
desembarque, impacientes para verem e abraçarem seus fuzileiros.
Jake sabia que não havia ninguém esperando por ele e ocupou sua mente
pensando no caminho de teria de percorrer até chegar à sua casa vazia, onde
provavelmente encontraria algumas plantas mortas.
Enquanto se posicionava na fila organizada dos homens, a imagem de Katherine
surgiu em sua mente, ameaçando sua concentração. Tudo que podia ver era a mágoa
vivida nos olhos verdes, escutar as palavras acusadoras e venenosas, porém
verdadeiras, que ela lhe dissera. Sim, Kate tinha toda razão. Ele estava com medo.
Apavorado, na verdade. Sua vida fora da Marinha era tão vazia e insignificante, que
não valia nada, pensou com tristeza. E eram momentos como aquele, quando seu
coração pulsava por uma vida com maior significado, que se sentia de novo como uma
criança no orfanato, desejando mais da vida e sabendo com certeza que nunca obteria.
Embora Jake sempre fora cumprimentado e saudado pela família de seus
companheiros como se fosse parte delas, na verdade, nunca fora. Era um estranho,
uma pessoa sozinha, e quando saiu do C-130 hidráulico, nunca se sentira mais isolado e
solitário do que naquele momento.
Seu tolo, criticou a si mesmo. Você estragou e jogou fora a melhor coisa que já
lhe aconteceu na vida, Mackenzie. Tudo porque é medroso demais.
O barulho atrás do portão de desembarque revelava muita energia e alegria,
como era comum entre os fuzileiros navais: havia músicas, torcidas, gritos e
felicidade. Ele caminhou ao longo de seu grupo, cada um de seus amigos procurando
por sua esposa e filhos, ou namorada.
— Anna emagreceu — comentou Spooner com um sorriso brilhante no rosto.
— Bem, minha esposa engordou um pouquinho.
Jake olhou para a esposa de Cook. Ela estava grávida de três meses quando eles
tinham partido. Agora estava tão barriguda que parecia prestes a parir o primeiro
bebê deles a qualquer momento. Sorrindo, Cook correu em direção à esposa, os dois
outros homens solteiros seguindo ao lado de Jake. Os jovens fuzileiros procuravam
rostos familiares entre a multidão. Jake não se importou. A única pessoa que queria
ver, não estaria ali. E era culpa sua, inteiramente sua.

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— Quem é aquela linda moça? — perguntou o homem que estava a seu lado.
Jake não prestou atenção e nem se deu ao trabalho de olhar e responder. De
qualquer forma, não saberia quem era. Alguns jovens fuzileiros tinham sempre uma
namorada nova esperando por eles, prontas para darem as apropriadas boas-vindas a
seus guerreiros.
— Homem, olhe aqueles cabelos — comentou um dos rapazes solteiros.
—Esqueça os cabelos, veja aquele corpo no vestido cor-de-rosa — replicou
outro.
Jake olhou para cima distraído, não exatamente procurando a pessoa da qual
estavam falando, mas apenas percorrendo o olhar através da multidão. De repente,
parou e ficou imóvel como uma estátua, olhando para o que via, totalmente incrédulo.
Cercada pelas esposas e famílias dos fuzileiros navais, Katherine estava parada
com um lindo vestido cor-de-rosa, os cabelos soltos soprando com o vento debaixo de
um charmoso chapéu de palha que a fazia parecer ainda mais delicada, feminina e
adorável. Ela tirou-lhe o fôlego.
No instante que os olhares se encontraram, Jake soube, sem sombra de dúvida,
que seu mundo acabara de voltar ao eixo. Era como se houvesse reencontrado uma
parte sua que fora perdida. Uma imensa alegria o invadiu.
— Se ela está ali — comentou um dos fuzileiros —, com certeza, pertence a
alguém.
Jake exclamou com total convicção:
— Sim. Ela pertence a mim! — E, sem tirar os olhos dela, começou a andar
rápido.
Katherine estava em pé ao lado da gravidíssima Linda Cook, observando Jake se
aproximar, o coração disparado fortemente no peito. Ele parecia cansado e cauteloso.
Eu estou arriscando tudo por ele, tudo, disse a si mesma com uma grande
esperança no coração e, ao mesmo tempo, com medo de que nada daquilo fosse
adiantar. Ela quase se virou e partiu correndo, de volta para sua vida enfadonha e
bem-ordenada com o medo de ser evitada. Mas não poderia. Aquilo seria como fugir de
si mesma, negar uma parte importante e vital de seu ser. Desde o primeiro instante
que Jake a tocara, ela soubera que seu futuro era ao lado dele. Só assim seria feliz, só
ao lado do homem que amava teria paz.
Apenas esperava que ele fosse inteligente e corajoso o bastante para entender
isso. Para entender e admitir que também a amava e que jamais podiam viver um sem o
outro.
Próximo a ela, Cook abraçou a esposa, beijou-a apaixonadamente, então olhou
para Katherine. Seus olhos se arregalaram.
— Dra. Colher?
Ela sorriu graciosamente.
— Olá, David.
— Você é a Katherine sobre a qual Linda me escreveu?
Ela assentiu com um breve gesto de cabeça, depois piscou para Linda. Elas

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tinham se conhecido alguns meses atrás, e Linda fora gentil o bastante para introduzi-
la na vida dos fuzileiros navais, contando-lhe várias coisas e apresentando-a a pessoas
do meio. Fazendo-a sentir mais de perto como seria sua vida, caso se envolvesse
seriamente com Jake.
Katherine considerou aquilo seu maior desafio e admirou as mulheres que
apoiavam e ficavam ao lado daqueles homens. Mesmo sentindo-se solitárias muitas
vezes e temendo que seus maridos pudessem não retornar de uma missão, elas eram
corajosas o bastante e afirmavam que, apesar de tudo, valia a pena amar homens tão
bravos.
— Bem-vindo ao lar, fuzileiro — disse ela delicadamente.
— Obrigado por cuidar de minha esposa — respondeu Cook. — Ela me contou
nas cartas que você a acompanhou várias vezes ao médico e lhe fez companhia. —Ele
fez uma pausa, estudando-a. Em seguida, desviou o olhar. — Mas Jake sabe que você...
Katherine seguiu o olhar de Cook e virou-se. Jake estava a centímetros dela, o
equipamento no ombro.
— O que está fazendo aqui? — perguntou ele com voz trêmula e só então
percebeu que mal respirara até aquele momento.
— Não lhe parece óbvio? — murmurou ela, sorrindo abertamente.
— Não, não me parece. — O coração de Jake bateu mais forte quando ela se
aproximou, a mão deslizando para atrás de seu pescoço e puxando-o para um beijo. Um
beijo longo e apaixonado, que aqueceu a ambos, e Jake largou a mochila no chão,
puxando-a para seus braços.
Katherine sentiu uma imensa paz ao constatar que estava no exato lugar onde
queria estar. Jake precisava dela tanto quanto ela precisava dele. Aquele homem
lutava pela liberdade dos outros, embora ninguém nunca houvesse lutado por ele.
Ninguém nunca tinha sido corajoso o bastante para se aventurar e tentar descobrir o
que existia além do exterior rude e sério, a fim de entender quão sozinho ele se
sentia no meio da multidão. De qualquer forma, ele não permitiria que alguém fizesse
isso. Presa na ilha deserta com ele, Kate tivera a chance de conhecer o lado gentil e
amável de Jake, um homem que ansiava ser parte de algo que fosse maior do que a
Marinha e seu trabalho de fuzileiro naval.
Ela queria uma oportunidade para amá-lo, para se doar inteiramente, entregar-
se de corpo e alma. E estava disposta a segui-lo para qualquer lugar do mundo, para
conseguir isso.
— Senti sua falta, Jacob Mackenzie.
Lágrimas marejaram-lhe os olhos e o nó na garganta fez sua voz falhar.
— Katherine, meu amor — começou ele.
— Bem-vindo ao lar, Mac — disse a esposa de Fletcher. — Katherine, vejo-a
depois, na próxima reunião da semana.
Ela assentiu, ainda abraçada em Jake. Ele franziu o cenho. Na próxima reunião
da semana? O que aquilo significava, afinal de contas?
— Olá, Srta. Colher.

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Dois Amantes Amy. J. Fetzer
Jake ficou boquiaberto quando um garoto adolescente passou por eles,
acenando e sorrindo.
— Srta. Colher? — Ele olhou em volta, procurando alguém para explicar aquilo.
— Katherine é a nova professora de Química do colégio — Linda Cook o
informou.
Ele olhou para Kat, perplexo.
— Vejo que você andou bastante ocupada.
—Bem, você sabe que sou uma pessoa cujo desempenho supera todas as
expectativas — brincou ela.
Ele sorriu pela primeira vez.
—Todos os dias eu tenho desejado que você voltasse para casa. Voltasse para
mim — confessou ela.
Para casa. Que Deus o ajudasse, mas ter um lar era tudo que ele mais queria na
vida. Colocar um anel de noivado no dedo da doce Katherine, casar-se depois e nunca
mais deixá-la partir. Ele engoliu em seco, dando um passo em direção ao desconhecido.
— Katherine, não é uma vida fácil — murmurou ele, querendo que ela ficasse
ciente da opção que estava fazendo. — Você passará muito tempo sozinha.
Ela o fitou com carinho.
— Eu era completamente sozinha antes, Jake. Acho que poderei lidar com isso,
— Ela acariciou-lhe o rosto. — Pelo menos tenho certeza de que meu coração não
estará sozinho em momento algum.
Enquanto as pessoas falavam com ela e a cumprimentavam, desejando tudo de
bom para os dois, Jake a encarou.
— O que você fez? — Ele não precisava realmente perguntar. Obviamente, ela
já desistira de sua vida anterior, de sua carreira de química, para estar lá, para fazer
parte da vida de Jake.
Ela tocou-lhe o rosto novamente, a expressão tão terna e amorosa que o mundo
ao redor deles pareceu desmoronar.
— Eu me apaixonei por você, Jake.
— Oh, Kat. — Ele engoliu em seco para tentar aliviar o nó que se formara em
sua garganta.
Katherine roçou o lábio inferior dele com o seu.
— Eu o amo, Jacob Mackenzie.
—Eu também a amo — confessou ele—Precisei de um tempo maior para
perceber isso...
— Isso porque você é um tolo.
Ele sorriu, puxando-a para si, enterrando a face no pescoço dela.
— Sim, eu sei. Menti para você. Meu coração estava nisso desde o começo.
— Eu sei Jake, e só por isso não desisti — murmurou ela. — Eu o conheço, mais
do que imagina.
A maioria das mulheres esperaria que o homem amado as procurasse, mas
Katherine não era tão paciente assim e entendia Jake. Depois de tudo que ele

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realizara em sua vida, ainda sentia que não merecia ser feliz. Tolo homem, mas tudo
que ela tinha que fazer era provar-lhe que ele merecia tudo que verdadeiramente
quisesse.
— Sim, você me conhece — admitiu Jake e sentiu como se um enorme peso
houvesse sido retirado de seu ombro naquele momento. — Nossa, Kat, senti tanta
saudade sua. — Ele a beijou levemente.
— Eu também — sussurrou ela contra seus lábios, então se afastou apenas o
bastante para fitá-lo nos olhos. — Nós pertencemos um ao outro.
Jake engasgou, fitando intensamente os olhos suaves de Katherine, seu amor
por ela tão forte e transparente que as pessoas que estavam observando ao redor
sorriram.
— Case-se comigo — murmurou ele baixinho. Ela piscou, atônita.
— O que disse? — perguntou, a fim de se certificar que não entendera errado.
— Case-se comigo, Kat — repetiu ele em tom alto e claro. — Deixe-me amá-la
para sempre.
— Você... tem certeza de que é isso que quer Jake?
— Posso ser um tolo, mas sou inteligente o bastante para reconhecer um
presente dos céus quando vejo um.
O sorriso de felicidade dela era amplo e verdadeiro mas não foi capaz de conter
as lágrimas que desceram sobre as faces rosadas.
— Sim, eu me casarei com você. Isso é o que mais quero na vida. — Ela o
abraçou fortemente, ficando na ponta dos pés para beijá-lo. — Para sempre soa bem
para mim.
Ela ouviu uma leve risadinha de Jake, inconsciente da audiência testemunhando
o amor deles florescer diante de seus olhos. Mas Jake não se importava. Seu mundo
estava em seus braços, e uma vida nova esperava ambos.
Pela primeira vez estava feliz que uma missão tinha dado errado.

FIM

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