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I – Resumo:

O documentário se propõe a retratar a história de um Hospital Psiquiátrico, a partir dos


documentos da instituição e dos depoimentos das pessoas que foram internadas,
torturadas, violentadas e mortas muitas vezes sem diagnóstico de doença mental.

Um hospital psiquiátrico com cerca de oito milhões de metros quadrados e dezesseis


pavilhões, denominando-se de Hospital Colônia onde mais de 60 mil pessoas vieram a
óbito no século XX por condições de extrema precariedade, sem atendimento médico de
qualidade nem saneamento básico e submetidos a técnicas de dor e sofrimento.

A história do chamado “Holocausto Brasileiro” se inicia com a Fundação Educacional


de Assistência Psiquiátrica, inaugurada em 1903 em um terreno que abrigava outros
hospitais com pacientes com tuberculose.

Inicialmente essa antiga organização era um local extremamente opulento, onde as


pessoas internadas se alimentavam em pratos de porcelana e talheres de prata.

O Colônia, como é popularmente chamado, foi inicialmente projetado para abrigar 200
pacientes e mantinha critérios médicos quase inexistentes. Assim, de hospital
psiquiátrico, o local foi transformado em um “depósito de indesejados”.

As pessoas que entravam eram “indesejadas” na família e na sociedade. Pessoas tristes,


introvertidas, epilépticas, alcóolatras, homossexuais, prostitutas, meninas que
engravidaram dos patrões, esposas trancadas pelos maridos, moças que perderam a
castidade antes do casamento, crianças rejeitadas pelos pais por terem nascido com a
genética imperfeita.

Esses indivíduos eram enviados em vagões de carga, semelhante ao que acontecia nos
campos de concentração, em especial o mais famoso da história, Auschwitz.

Ao ser fundado em 1903, o hospital também adquiriu um enorme terreno próximo à


instituição, lugar que posteriormente serviu como cemitério. A intenção nunca foi curar
os pacientes e as pessoas negras, suicidas ou as vistas como “loucas” não poderiam ser
enterradas com outros indivíduos “comuns”. O Cemitério da Paz, como foi nomeado,
encontra-se desativado atualmente por excesso de material orgânico.

Os indivíduos que não conseguiam resistir eram enterrados no cemitério localizado atrás
do hospital, e alguns corpos falecidos eram achados pelas enfermeiras depois de vários
dias, apodrecendo; alguns corpos eram vendidos ilegalmente para faculdades de
medicina.

Até mesmo as vagas para trabalhar no hospital faziam parte de uma estratégia política,
visto que bastava entregar uma carta de algum político da região para conseguir
emprego no local. Dessa forma, presume-se que os funcionários do Colônia eram
inaptos ao trabalho.
Tudo começou a ser descoberto em 1961, quando uma reportagem da então Revista
Cruzeiro denunciou o hospício, até então ninguém sabia das atrocidades que
aconteciam, porém nada foi feito para mudar a situação. No ano de 1970, o psiquiatra
Ronaldo Simões delatou as ocorrências do Colônia no III Congresso Mineiro de
Psiquiatria, e consequentemente perdeu o cargo de chefe de Serviço Psiquiátrico da
Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Inaugurou-se museu em 1996, no
antigo edifício do Hospital Colônia, lá se guardam mais de 60.000 mil histórias, de
pessoas e principalmente, de vidas.

A psiquiatria na época era ineficaz e basicamente experimental. Os procedimentos


consistiam em apenas dois comprimidos – um rosa e outro azul –, eletrochoque,
lobotomia e banhos gelados, com o intuito de contenção e intimidação, sem
propriedades terapêuticas.

A partir do momento em que os pacientes cruzavam o portão do hospital, eles eram


desumanizados. Além disso, os que chegavam sem documentos eram renomeados e os
que eram “abandonados” pela família recebiam a alcunha de “Ignorado de Tal”.

Quanto mais crescia o número de pessoas internadas, a taxa de indiferença crescia


paralelamente. O Diretor do Hospital sugeriu que os pacientes dormissem em “camas de
chão”.

As camas eram apenas um amontoado de capim, recolhido pelos funcionários para secar
logo pela manhã e que acumulava urina, fezes e insetos. As doenças eram inevitáveis
devido a esses maus tratos.

Com a chegada do frio, as pessoas se aglomeravam neste capim para se aquecerem.


Contudo, os que permaneciam embaixo não suportavam o peso e faleciam ali.

Durante o verão, as mortes diárias chegavam a dezesseis pessoas. No inverno, esse


número aumentava para cerca de sessenta pessoas por dia.

Com cinco mil pacientes no local em meados dos anos 30, estima-se que havia dois
funcionários para cada grupo de 400 pacientes. Apesar da verba mais do que suficiente
enviada pelo governo, a estrutura do hospital era precarizada.

II - Pontos Principais:

1. Assim como na Alemanha Nazista, as pessoas eram levadas até o Colônia em


vagões de carga;
2. O hospital se tornou um local para abrigar pessoas que não se adequavam aos
padrões normativos da sociedade da época;
3. Pacientes que não podiam pagar pela internação eram considerados indigentes e
chamados de “Ignorado de Tal”;
4. Mesmo sendo narrada em revistas nos anos de 1960 e 1970, a história do
Colônia continuou ofuscada por décadas;
5. Cemitério criado juntamente com o hospital: já internavam para a morte;
6. As pessoas se livraram das crianças com deficiência,
7. Venda de corpos para as faculdades de medicina
8. Criado como local de tratamento de luxo/spa das pessoas vindas do RJ em
vagões de luxo inicialmente;
9. Pacientes eram submetidos a condições que lhes desumanizavam, como por
exemplo o uso de colchão de capim, chegando a morrer no frio (asfixiados
porque amontoados);
10. Pacientes prestavam serviço a prefeitura e aos diretores do hospital;
11. 80 anos de violação de direitos/ omissão coletiva/ estado brasileiro falhou;
12. Pessoa internadas: empregada grávida de patrão; pessoas que a polícia pegava na
rua, crianças c deficiência; esposa internada por marido; clara atuação higienista;
13. As pessoas eram contratadas para trabalhar no Hospital sem nenhum preparo;
14. A maioria dos pacientes era de negros;
15. Morte de 60.000 pessoas em nome de uma ciência que se propõe a mantê-las
vivas;
16. Funcionários até a década de 70 eram policiais;
17. O estado agiu em consonância com os parâmetros sanitaristas da época;
18. Psiquiatra italiano Bataglia visita na década de 70 e a partir daí começa a mudar;
19. O discurso da periculosidade dá suporte ao higienismo;

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