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Açucelia Eliote Mucavel

Adérito Jossias Inguane

Bonifácio Matsumane

Celeste Salvador Cumaio

Gênero Narrativo

Licenciatura em Ensino do Português

Universidade Save-Sede

Chongoene

2021
Açucelia Eliote Mucavel

Adérito Jossias Mucavel

Bonifácio Matsumane

Celeste Salvador Cumaio

Licenciatura em Ensino do Português

Trabalho de caracter avaliativo,


apresentado na faculdade de Letras e
Ciências Sociais, na cadeira de Língua
Portuguesa IV, sob orientação da MSc
Nélia Zevute.

Universidade Save- Sede

Chongoene

2021
Sumário
0.0 Introdução..................................................................................................................................4

1.0 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................................5

1.1 Gênero Épico.............................................................................................................................5

1.2 Gênero épico ao Gênero narrativo.........................................................................................5

1.3 Gênero narrativo....................................................................................................................6

1.4 principais características do gênero narrativo........................................................................7

1.5 características linguísticas......................................................................................................8

2.0 Principais Gêneros Narrativos...............................................................................................9

3.0 Considerações Finais...............................................................................................................11

4.0 Bibliografia..............................................................................................................................12

APÊNDICE....................................................................................................................................13
0.0 Introdução
Falar da narrativa é falar da história dos povos desde os primórdios, pois, desde esses tempos
haviam historias e estas, eram transmitidas de geração em geração, por mais que eram feitas,
unicamente, através da oratura. É para explicar estes e outros factos que o grupo traz como tema:
Gêneros Narrativos. Importa dizer que o gênero narrativo era, nos tempos designado por gênero
épico, representado pelas epopeias, narrativas constituídas por personagens, acção, tempo e
espaço, e eram compostos em formas de versos (Duarte, 2007). Ainda no desenvolvimento deste
trabalho, falar-se-á do gênero épico ao gênero narrativo; Das principais características do gênero
narrativo; Das suas características linguísticas; E dos principais gêneros narrativos.

Como exemplo, o grupo traz, nos apêndices, um texto elucidativo do gênero narrativo. Pelo facto
do mesmo apresentar vários subgêneros, o grupo não irá trazer textos correspondentes a cada
subgênero.

De um modo geral com a elaboração do trabalho pretende-se: falar do gênero narrativo.


Especificamente, explicar as transformações que esta tipologia sofreu até designar-se narrativo;
Identificar as características do gênero narrativo e relacionar estas características com alguns
exemplos de passagem textual.

Para a produção do trabalho, como metodologia, o grupo recorreu à escalonamento e


concatenação da informação, em obras, que achou crível para o sustento do mesmo.

O trabalho apresenta a seguinte estrutura composicional: Introdução, é nesta parte que é trazida e
essência do que irá ser tradado no trabalho. Esta, inclui também os objetivos, responsáveis em
delimitar o pretendido com a elaboração do trabalho e a metodologia, a forma usada para a
elaboração do mesmo; Referencial Teórico, parte em que consta o desenvolvimento de todo o
trabalho; Considerações finais, parte que consta o pensamento do grupo, no que depreendeu
durante a elaboração do trabalho; Referências bibliográficas, citação das obras consultadas e
Apêndice, parte que consta o texto a ser usado como exemplo elucidativo como um dos
exemplos do gênero textual em análise.
1.0 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Gênero Épico


Segundo Duarte (2007:50) o gênero épico remonta à Antiguidade e, posteriormente, se adentrou
pelo tempo. De acordo com os padrões literários greco-romanos pertencentes à Antiguidade
Clássica, o referido gênero era representado pelas epopeias, narrativas constituídas por
personagens, ação, tempo e espaço, compostas em forma de versos.

Retratavam a grandiosidade ligada aos feitos heroicos de um povo com a participação de entes
sobrenaturais relacionados à Mitologia Pagã, como as musas e deuses, agindo contra ou a favor
de um determinado acontecimento ao longo de todo o relato.

As principais epopeias foram: a Ilíada e a Odisseia, atribuídas ao poeta grego Homero, séc. VII
a.C., ambas tinham como relato as lendárias histórias da Guerra de Troia. Os heróis homéricos
são agressivos e ferozes nas batalhas, mas pacíficos e justos na vida normal.

A outra é Eneida, do poeta romano Virgílio, séc. I. a. C., que narra a lenda da fundação de Roma
e exalta a grandeza do Império Romano. Os heróis virgilianos são corajosos e especialmente
piedosos, caracterizados por versos nos quais a temática perfez-se de três palavras de ordem:
justiça, virtude e piedade.

A partir do advento de uma nova concepção, ligada às ideias da era Clássica, desenvolveram-se
na literatura ocidental, outros gêneros oriundos das grandes epopeias: os narrativos,
caracterizados pela representação de um mundo mais voltado para a vida individual por meio da
ficção, ora traduzida para a linguagem verbal, agora sob a forma prosaica.

1.2 Gênero épico ao Gênero narrativo


Duarte (2007:52), considera que a divisão clássica, que remota à Grécia antiga, define três
gêneros literários: gênero épico, gênero lírico e gênero dramático.

Como dito, o gênero épico era entendido como extensas narrativas que contavam feitos
grandiosos de um herói ou de um povo, imortalizando os acontecimentos narrados, visto serem
de interesse mundial, como a fundação de cidades, a descobertas de novas terras, a conquista
territorial.
Usavam uma linguagem elaborada e narravam os acontecimentos de uma forma extraordinária e
sobrenatural, com a presença de personagens mitológicas que participavam no desenrolar dos
acontecimentos. Muitas dessas narrativas foram feitas em verso, os chamados poemas épicos.

Com o decorrer do tempo e a evolução das sociedades, os poemas épicos foram, aos poucos,
caindo em desuso, sendo substituídos por extensas narrativas em prosa - os romances.

Presentemente, privilegia-se a substituição do gênero épico pelo gênero narrativo, mais


abrangente e actual. Os textos épicos passaram então a ser encarados como gênero narrativo,
sendo mais usada actualmente a seguinte divisão: gênero narrativo, gênero lírico e gênero
dramático.

1.3 Gênero narrativo


Na esteira de Vilarinho (2005:70), o gênero narrativo é o que geralmente se chama de prosa de
ficção. No gênero narrativo, o escritor cria uma realidade ficcional em que personagens,
inseridos em um determinado espaço e tempo, desenvolvem suas ações, que são narradas por um
narrador.

A história contada se trata de ficção. É criada pelo autor. Não cabe, portanto, o conceito de
verdadeiro ou falso. Basta que ela seja lógica. O autor pode estabelecer as regras do mundo
imaginário que elabora, mas a história precisa fazer sentido.

O que importa em uma narrativa literária não é a veracidade do relato. O que importa é a
verossimilhança: a coerência das acções com as leis do universo criado.

 Verossimilhança Externa: histórias fictícias que coincidem com a realidade.


Exemplo: Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era
comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo.
 Verossimilhança Interna: enredos que fazem sentido na própria narrativa, mas que
contêm absurdos em relação ao mundo real.

Exemplo: Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o
tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova
para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos
pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".
1.4 principais características do gênero narrativo
Em todo texto narrativo há um narrador, que relata a progressão dos acontecimentos. Há também
personagens, que praticam acções ou sofrem as consequências delas. O texto narrativo constitui-
se de uma série de factos, que se situam em um espaço e se sucedem no tempo.

Vilarinho (2005:76-78), considera que o genero narrativo é caracterizado por:

Presença de personagens

Toda narração geralmente apresenta um ou mais protagonistas e uma série de outros personagens
reais ou fictícios que geram os conflitos, ações e resoluções durante a trama.

Enredo

O enredo é também chamado de trama, que abrange o início, desenvolvimento, clímax e


desfecho da narração.

Definição de tempo

Em todos os gêneros narrativos há uma clara definição de tempo, que consiste no momento em
que todos os personagens vivenciam as experiências narradas. Essa definição de tempo pode ser
psicológica (memórias) ou cronológica (dia, mês, ano, período histórico etc.).

Exemplo: Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto.

Definição de espaço

O espaço na narração corresponde ao lugar no qual as ações ocorrem e se desenvolvem. Pode ser
conhecido também como cenário.

Exemplo: (…) A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que
fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa (…)

Ponto de vista narrativo

O ponto de vista narrativo refere-se à perspectiva da qual o narrador transmite a história ao leitor.
O narrador fala com uma voz específica. Essa voz fala ao leitor e conta a história.

Nesse sentido, a primeira e a terceira pessoa são as mais comuns. Ao usar a primeira pessoa, o
narrador é um participante importante da história e fala usando os pronomes eu ou nós.

Exemplo: Quando eu era garoto, acreditava em bruxas (…)


O narrador pode ser uma testemunha ou protagonista. Na terceira pessoa, o narrador funciona
como uma câmera, relatando apenas coisas que a câmera pode ver e ouvir.

Exemplo: Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido
(…)

Além disso, há narrador onisciente. Nesse caso, o narrador sabe tudo e pode comentar os
pensamentos e sentimentos de qualquer um dos personagens. Além disso, pode comentar sobre
qualquer um dos eventos da história e fazer julgamentos sobre eles.

Exemplo: Os meus amigos também acreditavam nisso.

Conflito como catalisador

No gênero narrativo, o conflito é essencial, pois é a razão da ação. Isso se concentra em um


problema que os personagens principais precisam resolver. Na literatura existem vários tipos de
conflitos. Alguns desses tipos são: homem vs. destino; homem vs. homem, homem vs. sociedade
e homem vs. a natureza.

Exemplo: Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal
nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que
seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela
deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos
o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela.
Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina (…)

1.5 características linguísticas


O texto narrativo expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e as ligações entre esses
indivíduos e o restante do mundo, utilizando situações que contêm essa vivência. Há no interior
do texto narrativo uma progressão temporal entre os acontecimentos relatados. Isso significa que
os factos narrados não são simultâneos: há mudanças de um estado para outro, segundo relações
de sequencialidade e causalidade. Os enunciados relatam ocorrências anteriores e posteriores,
umas às outras. Portanto, não é possível alterar a ordem dos enunciados sem que se altere o
significado básico do texto.
Exemplo: De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna
e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa,
caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura
a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim
sua fúria.

A actividade de narrar uma história é até mais antiga do que o desenvolvimento da língua escrita.
Desde a antiguidade, a narração oral garantiu a transmissão do conhecimento acumulado pela
comunidade.

A narrativa pode utilizar apenas a linguagem visual, em que os elementos são vistos pelo leitor.
Também pode utilizar apenas linguagem verbal (língua falada ou escrita), em que o receptor
ouve ou lê as frases e cria em sua mente as imagens. Há uma terceira possibilidade: a utilização
da linguagem visual e da linguagem escrita simultaneamente. Um bom exemplo dessa terceira
possibilidade são as histórias em quadrinhos, que narram factos – reais ou imaginários – por
meio tanto do desenho como da língua escrita. É necessária uma linguagem descritiva para dar
vida à história. O narrador deve relacionar todos os detalhes e eventos. Detalhes vívidos e
criativos ajudam a tornar uma cadeia de eventos uma narrativa interessante. O narrador age como
os olhos e ouvidos do leitor. Por outro lado, a perspectiva e o tom, do narrador determinam a
linguagem descritiva usada.

2.0 Principais Gêneros Narrativos


Segundo Ceia (2009:115-130), os gêneros narrativos classificam-se em:

O romance – Trata-se de uma narrativa longa, geralmente estruturada em capítulos, compondo-


se por vários personagens, onde vários conflitos estão ligados a um conflito principal, formando
desta forma o que chamamos de enredo. Suas origens remontam à Idade Média, mas a forma
atual desenvolveu-se desde o século XVIII.

A novela – Os episódios são realizados de forma ininterrupta e dinâmica. Os espaços são bem
delimitados e o enredo corrobora-se para o desfecho da narrativa e para a resolução de variados
conflitos. Atualmente, as novelas televisivas visam ao entretenimento.
O conto – Caracteriza-se por uma narrativa curta, envolvendo poucos personagens, onde o
enredo gira em torno de apenas um conflito que se resolve em pouco tempo.

A crônica – Compõe-se de um texto curto, retratando factos corriqueiros ligados à vida


cotidiana, envolvendo aspectos políticos, esportivos ou artísticos. Estruturalmente é redigida de
forma livre e pessoal.

A fábula – Composta por personagens animais, possui um cunho pedagógico, visando transmitir
noções relacionadas à moral e à ética humana. Sua estrutura é simples e de curta duração.
3.0 Considerações Finais
Ao elaborar o trabalho, o grupo pude perceber que a história de narrar acontecimentos ou factos
acontecia desde os tempos. Era e continua sendo uma forma de conservação da informação,
embora desde os tempos da antiguidade clássica passou a merecer uma outra forma de
conservação (a escrita), e antes conheceu se como gênero épico e com o passar do tempo,
conheceu se como gênero narrativo. O gênero narrativo apresenta vários subgêneros (novela,
conto, crônica, lenda).

Pelo facto do narrador participar e fazer parte ou assistir a história, confere e este tipo de gênero,
a predominância do uso da primeira pessoa (eu/nós) e terceira pessoa gramatical (ele/seles).
4.0 Bibliografia
CEIA, Carlos. Estudo sobre os Gêneros Literários. São Paulo: 2009.

DUARTE, Vânia Maria de Nascimento. Gênero Narrativo. São Paulo: 2007.

VILARINHO, Sabrina. Gêneros Literários. 2005.


APENDICE
Bruxas não existem

Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo
maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era
uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de
nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha
uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na
casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando
venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predilecta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali
roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali
perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não
sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil.
Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara
aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho,
que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos
empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

- Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento
exacto em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali
estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho,
era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível
na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a
bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se.
Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida
descarregaria em mim sua fúria.
Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e
instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade
surpreendente.

- Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui
enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou
uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa.
"Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas
semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande
amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana
Custódio.

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