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Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da atividade turística
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um dos pilares de sua atuação, a CNC abre um espaço de reflexão para

turismo em pauta nº 21 - 2014 - Conselho de Turismo - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
que os maiores especialistas do setor e da área acadêmica possam
tratar dos assuntos com conhecimento e profundidade.

A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe, para contribuir, de


forma efetiva, com a construção de um turismo cada vez mais forte,
vocacionado e integrado à economia do nosso país.

Sena
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ISSN 2178-910X
Excelência em
educação 2 1
profissional 4,5%
do PIB
3,45
milhões de
empregos diretos
26
segmentos de
turismo
brasileiro
e formais reunidos na CNC
O Senac tem como característica a busca contínua pela
excelência na educação profissional para o Setor do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo. Desde sua criação, em 1946, a
Instituição já atendeu mais de 58 milhões de brasileiros. 80 4.610
Sindicatos municípios
E o Senac não para. A cada dia, são criadas mais ações do turismo alcançados
inovadoras, que promovem o crescimento profissional de representados pelo Senac
mais trabalhadores e, assim, contribuem para o constante
desenvolvimento do país.
Em 2013:
320 14.000 3
mil profissionais milhões
Excursões
do turismo de atendimentos
formados pelo turísticas feitas
no Turismo
Senac em 2 anos pelo Sesc no País
Social do Sesc

1
cerca de
milhão de O Sistema CNC-Sesc-Senac trabalha para gerar as melhores condições para o
matrículas gratuitas desenvolvimento do turismo, porque acredita no potencial de crescimento do setor.

mais de Seja na representação dos empresários, na promoção do turismo social e


2,5 milhões sustentável e na educação profissional de qualidade, por meio das ações do Sesc
e do Senac, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
de atendimentos
fortalece as empresas e promove a competitividade do setor.
presente em
Afinal, quando o turismo cresce, o Brasil cresce junto.
4.610 munícipios
www.cnc.org.br | www.facebook.com/sistemacnc | www.twitter.com/sistemacnc

www.senac.br
facebook.com/SenacBrasil
twitter.com/SenacBrasil
Excelência em
educação 2 1
profissional 4,5%
do PIB
3,45
milhões de
empregos diretos
26
segmentos de
turismo
brasileiro
e formais reunidos na CNC
O Senac tem como característica a busca contínua pela
excelência na educação profissional para o Setor do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo. Desde sua criação, em 1946, a
Instituição já atendeu mais de 58 milhões de brasileiros. 80 4.610
Sindicatos municípios
E o Senac não para. A cada dia, são criadas mais ações do turismo alcançados
inovadoras, que promovem o crescimento profissional de representados pelo Senac
mais trabalhadores e, assim, contribuem para o constante
desenvolvimento do país.
Em 2013:
320 14.000 3
mil profissionais milhões
Excursões
do turismo de atendimentos
formados pelo turísticas feitas
no Turismo
Senac em 2 anos pelo Sesc no País
Social do Sesc

1
cerca de
milhão de O Sistema CNC-Sesc-Senac trabalha para gerar as melhores condições para o
matrículas gratuitas desenvolvimento do turismo, porque acredita no potencial de crescimento do setor.

mais de Seja na representação dos empresários, na promoção do turismo social e


2,5 milhões sustentável e na educação profissional de qualidade, por meio das ações do Sesc
e do Senac, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
de atendimentos
fortalece as empresas e promove a competitividade do setor.
presente em
Afinal, quando o turismo cresce, o Brasil cresce junto.
4.610 munícipios
www.cnc.org.br | www.facebook.com/sistemacnc | www.twitter.com/sistemacnc

www.senac.br
facebook.com/SenacBrasil
twitter.com/SenacBrasil
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As matérias podem ser integralmente reproduzidas, desde que citada a fonte.
Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade dos autores.
Publicação disponível também em: www.cnc.org.br
Turismo em Pauta

Conselho Editorial:
Alexandre Sampaio de Abreu (editor-chefe), Eraldo Alves da Cruz (editor Executivo),
Cristina Calmon, Elineth Campos, Geraldo Roque, Nely Wyse Abaur e Tânia Guimarães
Omena.

Edição, ilustrações, capa e diagramação:


Assessoria de Comunicação da CNC/Programação Visual

Revisão:
Elineth Campos

Brasília Rio de Janeiro


SBN Quadra 1 Bloco B nº 14, Avenida General Justo, 307
15º ao 18º andar CEP 20021-130 Rio de Janeiro
Edifício CNC Tel.: (21) 3804-9200
CEP 70041-902 Fax: (21) 2544-9279
PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501 E-mail: cncrj@cnc.org.br
E-mail: cncdf@cnc.org.br

Fale conosco: turismoempauta@cnc.org.br

Turismo em Pauta / Confederação Nacional do Comércio de Bens,


Serviços e Turismo. – n. 01, out. (2010) - . Rio de Janeiro:
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo,
2014.
n. 21, 2014.
Bimestral.
ISSN 2178-910X
1. Turismo. I. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Conselho de Turismo.

CDD 790.1805
Sumário
Editorial .................................................................................................................... 5
A profissionalização do turismo rural ........................................................... 7
Ministro Vinicius Nobre Lages

Associativismo no turismo rural brasileiro .................................................. 11


Francisco de Andrade Garcez e Fabiana Rebouças Ribeiro Sena

Incentivar o turismo rural é estimular mais oportunidades de


trabalho e de renda ....................................................................................... 23
Luiz Barretto

O novo futuro do turismo rural – Uma economia criativa basea-


da nos sentidos .................................................................................................. 29
Maria Celina de Lemos Godinho

Caso de sucesso da Paraíba – Turismo rural criativo e de experiência....... 35


Regina Lúcia de Medeiros Amorim

A mudança no comportamento do turista e a reinvenção do turismo


rural no Brasil ........................................................................................................ 39
Sandro Marcelo Cobello

Interfaces entre a produção científica e o desenvolvimento do turis-


mo rural .................................................................................................................. 43
Karina Toledo Solha

Turismo rural – Reconhecimento e legalização. Como resultado, sustentabili-


dade e mercado....................................................................................................... 49
Andreia Maria Roque

Membros do Conselho de Turismo....................................................................... 55


Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
Presidente
Antonio Oliveira Santos

Vice-Presidentes
1º) José Roberto Tadros, 2º) Darci Piana, 3º) José Arteiro da Silva. Abram Szajman,
Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, Carlos Fernando Amaral, José Evaristo
dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira e Leandro
Domingos Teixeira Pinto

Vice-Presidente Administrativo
Josias Silva de Albuquerque

Vice-Presidente Financeiro
Luiz Gil Siuffo Pereira

Diretores
Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Ari Faria Bittencourt,
Carlos Marx Tonini, Daniel Mansano, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Fran-
cisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino
Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da
Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Raniery
Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida e Zildo De Marchi

Conselho Fiscal
Arnaldo Soter Braga Cardoso, Lélio Vieira Carneiro e Valdemir Alves do Nascimento

Conselho de Turismo
Presidente
Alexandre Sampaio de Abreu

Vice-Presidente
Anita Pires
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Editorial
R ecentemente, o ministro Vinicius Lages compa-
rou o potencial de crescimento do turismo bra-
sileiro com o do agronegócio há algumas décadas.
Para ele, o setor vai impulsionar, no futuro, a eco-
nomia do Brasil. “Será a nova fronteira de desenvol-
vimento no País, assim como foi o agronegócio nos
anos 1960”, disse o ministro.
A visão de Vinicius Lages não tem nada de exage-
rada. Basta refletirmos sobre as condições excepcio-
nais de que o País desfruta em termos de clima, de
paisagens, de vocação natural para bem receber, para
concordarmos com o ministro.
O turismo é uma fonte de riqueza e valor. Seu po-
tencial de geração de empregos e sua capacidade de
dinamização da economia são decisivos para muitos
países do mundo, inclusive os mais desenvolvidos.
Quando observamos as diversas modalidades de
turismo, vemos muito espaço de crescimento em qua-
se todas elas, no Brasil. No entanto, ainda não teste-
munhamos o boom esperado no setor, que pode ser
conseguido, se houver foco, boa vontade política e
capacidade de coordenação de esforços para remover
do caminho aqueles obstáculos que tanto prejudicam
a competitividade e até mesmo a viabilidade de em-
preendimentos no nosso País.
O turismo rural, abordado nos artigos desta edi-
ção temática da revista Turismo em Pauta, é um
ótimo exemplo do que estamos falando. Uma nação
com forte tradição no campo como o Brasil tem
muito a crescer e a oferecer. De forma organizada
e sustentável.
A comparação do ministro Vinicius Lages não po-
deria ter sido mais feliz.
Boa leitura!

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

A profissionalização do
turismo rural
Ministro Vinicius Nobre Lages
É engenheiro agrônomo e doutor em Socioeconomia do Desenvolvimento
(EHESS/Paris) e mestre em Gestão Ambiental (Universidade de
Salford, Inglaterra). Especialista em Economia de Serviços, Turismo e
Desenvolvimento de Negócios, antes de chegar ao Ministério do Turismo
ocupava a gerência da Unidade de Assessoria Internacional do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Foi membro do Conselho Nacional de Turismo e representou o Sebrae na


Organização Mundial do Turismo (OMT) entre 2003 e 2007 e em 2011.
Lages coordenou o Programa Sebrae 2014, para apoiar a preparação
de empresas para a Copa do Mundo. Atuou também como docente na
disciplina Inovação em Serviços Turísticos (2013).

Em meados da década de 1980, quando surgiu no


Brasil, o turismo rural era só uma forma de fazer frente
às dificuldades financeiras que as fazendas, totalmente
baseadas no setor agropecuário, enfrentavam.

A revalorização do modo de vida do cam-


po e as grandes transformações ocorri-
das nele nas últimas três décadas mudaram
o cenário. Com as novas relações de produ-
ção e trabalho e o surgiment­o de funções
econômicas, sociais e ambientais, o turismo
rural ganhou importância e se tornou um
dos principais segmentos do setor no País.
A elevada capacidade de transferência de
riquezas, levando divisas do meio urbano para
o meio rural, é uma de suas principais carac-
terísticas. Além da geração de renda adicional
para as comunidades locais e o consequen-

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

te estímulo à permanência do agricultor no


campo, o turismo rural contribui para a re-
vitalização econômica e social das regiões, a
valorização dos patrimônios e produtos locais,
a conservação do meio ambiente e a atração
de investimentos públicos e privados em in-
fraestrutura para os locais onde se desenvolve.
Apesar da profissionalização cada vez
mais notória do segmento, ainda há mui-
to a ser feito. Nesse sentido, desde o seu
surgimento, o Ministério do Turismo tem
apoiado ações no turismo
rural. A mais recente delas,
o Projeto Talentos do Brasil,
Com as novas relações
uma parceria com o Minis-
tério do Desenvolvimento de produção e trabalho
Agrário e o Sebrae que tem o turismo rural
por objetivo inserir produtos ganhou importância,
e serviços da agricultura fa- tornando-se um dos
miliar no mercado do turis-
principais segmentos
mo, já começa a gerar frutos.
No projeto, 23 roteiros e do setor no País
90 redes e cooperativas de
agricultores familiares, pro-
dutores de alimentos e bebidas, decorati-
vos e utilitários e de cosméticos receberam
assistência técnica para aperfeiçoar seus
produtos e suas estratégias de promoção
e comercialização. Grande parte desses ro-
teiros já foi promovida pelos parceiros para
jornalistas que visitaram o Brasil durante a
Copa do Mundo Fifa 2014. Uma cooperativa
produtora de mel fechou contrato com uma
grande empresa produtora de amenities para
a venda de sua produção até 2020.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Esses são apenas exemplos do que pode advir


da profissionalização do turismo rural, que,
assim como qualquer outro segmento turístico,
precisa estar à disposição dos turistas, sejam eles
autoguiados ou agenciados. A profissionalização
do segmento, sem que se perca a sua principal
característica – a ruralidade –, é fundamental
para a sua sobrevivência.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Associativismo no
turismo rural brasileiro
Francisco de Andrade Garcez e Fabiana Rebouças Ribeiro Sena
Francisco Garcez é presidente da Abraturr Nacional, engenheiro Civil e militar
pelo Exército Brasileiro. Fabiana Ribeiro é turismóloga, secretária Executiva da
Abraturr Nacional e presidente da Aceter.

Mesmo com as características positivas do


associativismo, ele ainda está aquém do seu melhor
aproveitamento no Brasil. A boa notícia é que esse
cenário está se modificando a cada dia, e a atuação
de entidades de classe registra crescimento. Estão
percebendo que, unindo-se, as conquistas são reais.

E screver sobre o associativismo no turismo rural


brasileiro perpassa, primeiramente, pelo enten-
dimento do significado global da palavra asso-
ciação. Segundo o Dicionário Houaiss, associação
significa: “reunião de pessoas que têm interesses
comuns”. E é por interesses comuns e específicos
que um grupo de pessoas se reúne para aprimorar
conhecimento sobre determinado tema, trocar ex-
periências, avançar em ações necessárias à defesa
e ao crescimento desse mesmo tema, para, unidas,
arrecadarem recursos em prol de todos, fortalecer
a entidade criada, entre outras prerrogativas posi-
tivas que uma entidade de classe oferece.
Apesar de todas essas características positivas
intrínsecas ao associativismo, ele ainda está aquém
do seu melhor aproveitamento no Brasil. Pelas expe-
riências apresentadas por várias entidades, o asso-
ciativismo não é compreendido em sua essência. Por
esse motivo, não apresenta grande adesão, rentabi-

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

lidade e resultados alvissareiros


para seus associados. A falta de
O associativismo entendimento sobre os concei-
promove benefícios em tos e propósitos do associativis-
mo acarreta descontinuidade
proporções gigantescas,
nas ações e, por conseguinte es-
que o empresário sozinho tagnação da entidade, chegando
não conquistaria até mesmo a sua extinção.
Outro fator que inibe o avan-
ço das organizações não gover-
namentais são os pensamentos
e as atitudes equivocadas de alguns, cujo imaginário
da conquista pelo necessário, pelo esperado e pelo
desejado se desenvolve diante de qualquer assunto
ou ação individual. Aí está o erro: o individualismo. O
todo é feito de partes. E embora estas sejam essenciais,
o fim só é alcançado quando o todo está completo.
Muitos ainda estão na cultura descrita no ditado po-
pular “cada um por si e Deus por todos”, porém esse
pensamento está obsoleto no mundo atual, em que se
entende e se comprova que “juntos somos mais for-
tes”. Portanto, acredita-se ser esse um dos principais
gargalos do associativismo no Brasil, seja no turismo
rural ou não. O associativismo promove benefícios a
curto, médio e longo prazos, em proporções gigan-
tescas, que o cidadão, o profissional ou o empresário
sozinho não conquistaria.
A boa notícia é que esse cenário de pouca com-
preensão do associativismo vem se modificando a
cada dia, e a criação e a atuação de entidades de
classe registra crescimento. As pessoas estão per-
cebendo que, unindo-se, as conquistas são reais,
maiores e mais rápidas.
O associativismo no turismo rural não é muito
diferente do associativismo em geral, ou seja, está

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

aquém do melhor aproveitamento que o associati-


vismo pode oferecer. Mas também muito já avançou,
principalmente nos últimos cinco anos.
Esse avanço se deu pelo compromisso, pela
vontade de fazer, pelas parcerias firmadas e pelas
estratégias utilizadas na Associação Brasileira de
Turismo Rural (Abraturr), entidade representativa
dos negócios de turismo rural brasileiro.
Como entidade de natureza civil, sem fins lu-
crativos, sem cunho político-partidário, social ou
religioso, que está constantemente em busca do
desenvolvimento e da qualificação dos produtos e
serviços oferecidos na atividade turística rural, de-
fendendo sempre um turismo sustentável, de forma
a criar harmonia entre a população local, o turista e
a natureza na territorialidade rural, bem como valo-
rizando o homem e o campo, sempre com o compro-

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

misso de preservar e resgatar as tradições e promover


o patrimônio cultural e natural da comunidade local
e de seu entorno, a Abraturr foi fundada em 21 de
dezembro de 1994, na cidade de Lages, no Estado de
Santa Catarina, e legalmente constituída em 29 de
fevereiro de 1996. Atualmente, está sediada na cidade
de Fortaleza, no Estado do Ceará, por acompanhar a
localidade de moradia do seu atual presidente.
A Associação tem como missão: representar, apoiar
e assistir seus associados para o fortalecimento do seg-
mento, promover e desenvolver o meio rural de forma
sustentável e comprometida com a preservação do pa-
trimônio ambiental, cultural e econômico. Como visão,
trabalha na consolidação do segmento do turismo rural,
com o fomento de atividades economicamente viáveis,
socialmente justas, comprometidas com a inclusão so-
cial e a valorização do patrimônio turístico social.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Entre seu objetivos estão:

a) Incentivar, estimular e promover, de forma


íntegra e harmônica, o desenvolvimento das ativi-
dades turísticas dos estabelecimentos participantes
da Abraturr Nacional;
b) Proporcionar maior entrosamento entre os
associados que representam os estabelecimentos
de turismo rural e autoridades do País e do exterior,
visando proteger e facilitar o exercício das atividades
de suas seccionais;
c) Estimular o aprimoramento dos recursos hu-
manos e dos estabelecimentos de turismo rural, por
meio de encontros, ciclos, palestras, cursos e outros;
d) Colaborar com as autori-
dades constituídas no desenvol-
vimento do turismo rural, nas A compreensão do
esferas municipal, estadual e
associativismo vem se
federal e com a iniciativa priva-
da, formulando sugestões para modificando, e a criação
a implantação de uma política de entidades de classe
de ação dos estabelecimentos registra crescimento
oficiais do turismo rural, de
conformidade com as diretrizes
traçadas pela Associação;
e) Planejar, organizar e realizar congressos,
exposições, feiras e eventos congêneres, tanto
no País como no exterior, enfatizando a impor-
tância do trade turístico rural do Brasil, além de
conferências, cursos, seminários e simpósios de
interesse para o aprimoramento das atividades
da Abraturr Nacional;
f) Empenhar-se em campanhas promocionais
e publicitárias de âmbito nacional e regional,

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

objetivando captar recursos nos órgãos federal,


estaduais e municipais, bem como iniciativas para
viabilização de seus projetos;
g) Representar os estabelecimentos de turismo
rural nas entidades estaduais, federais e internacio-
nais públicas e privadas de turismo; e
h) Prestar informações periódicas sobre as
atividades aos associados e prestar serviços de
orientação técnica, bem como analisar e enca-
minhar propostas de projetos dos associados aos
órgãos competentes.

O associativismo no turismo rural não é muito


diferente do associativismo em geral. As
pessoas estão percebendo que, unindo-se, as
conquistas são reais, maiores e mais rápidas

E para cumprir os objetivos estabelecidos no seu


Estatuto, a Abraturr Nacional tem uma atuação ine-
gável à frente do turismo rural brasileiro, promovendo
o desenvolvimento de atividades de lazer e turismo
na área rural, conseguindo considerável agregação
de valor ao trabalho do campo. Buscou, ao longo dos
anos, estabelecer a ética e a qualidade de suas ações
ante o panorama turístico nacional, por meio da se-
riedade de suas ações e da preocupação de estimular
a contramão do êxodo rural.
Assim, desde sua fundação, já prestou relevan-
tes serviços aos seus afiliados, com cursos de ca-
pacitação, participação e realização em eventos e
contribuições nas políticas estaduais e na política
nacional de turismo, além de colaborar em ações de

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

fomento ao turismo em programas do Ministério do


Turismo, do Sebrae Nacional e de outras entidades
congêneres, ou por meio de apoio às suas seccionais,
nas ações dos governos estaduais e municipais.
Além disso, a Abraturr Nacional está presente em
inúmeros eventos de turismo, como participante e/
ou expositora, ou ainda ministrando palestras sobre
o turismo rural.
Como membro do Conselho Nacional do Turis-
mo do Ministério do Turismo, o maior colegiado de
entidades da atividade turística do País, a Abraturr
Nacional participa representando o segmento do
turismo rural e seus associados.
A representatividade da entidade, hoje, está em
90% das macrorregiões do País, e suas afiliadas são
as entidades estaduais que representam o segmento
do turismo rural em cada estado brasileiro. Na região

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Norte, instalou-se recentemente


a primeira associação, no Esta-
do de Roraima – a Associação
de Turismo Rural de Roraima –,
com dez empresários. Na região
Nordeste, os associados são: As-
sociação Baiana de Turismo Ru-
ral (Abatur), Associação Cearen-
se de Turismo no Espaço Rural
e Natural (Aceter) e Associação
Pernambucana de Turismo Rural
(Apeturr). No Centro-Oeste es-
tão: Sindicato de Turismo Rural
e Ecológico do Distrito Federal
(Ruraltur), Associação Goiana
de Turismo Rural (Agotur) e
Associação Brasileira de Turis-
mo Rural secção Mato Grosso
do Sul (Abraturr/MS). Na região
Sul a Acolhida na Colônia e o
Tropeirismo estão presentes. E,
finalizando, na região sudeste:
Associação Brasileira de Turismo
Rural, secção São Paulo (Abra-
turr/SP), Instituto de Turismo
Rural do Rio de Janeiro (Preser-
vale) e Associação Mineira de
Turismo Rural (Ametur). No total,
são em torno de 1.500 empreen­
dimentos associados.
Para a gestão e as diretrizes
da Abraturr Nacional e seus as-
sociados, hoje a Diretoria está
assim composta:

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Presidente: Francisco de Andrade Garcez


Vice-presidente: Maria Lúcia Cavalcanti Carneiro Leão
Diretora-secretária: Maria Isabel Scarpa Arruda
Vice-diretora-secretária: Maria Tereza Chaves Fiúza
Diretor tesoureiro: Régis Caminha Barboza
Vice-diretor tesoureiro: José Geraldo da Silva
Martins Filho
Diretor de Promoção: João Pacheco Neto
Vice-diretora de Promoção: Selma Liduína Alves Maia
Vice-presidente Seccional Nordeste: Jane de
Albuquerque M. Figueiredo
Vice-presidente Seccional Sudeste: Leandro Carnielli
Vice-presidente Seccional Centro-Oeste:
Maria Inês Ávilla
Conselheira Fiscal Titular: Andréia Maria
Roque de Arantes
Conselheiro Fiscal Suplente: Sebastião Car-
los Gonçalves Carias
Secretária Executiva: Fabiana Rebouças Ri-
beiro Sena
Com esse time de especialistas no turismo rural a
cooperação traz mais benefícios que a individualidade.
Com o associativismo, por meio
da Abraturr Nacional, hoje o seg-
mento do turismo rural conta com
uma minibiblioteca, com publicações A Abraturr Nacional
sobre o tema, uma sede administra- tem uma atuação
tiva, contato frequente com os as-
sociados, divulgação das principais inegável à frente do
informações turísticas do País para turismo rural brasileiro
seus afiliados, ótimo relacionamento
com o trade turístico nacional e inter-
nacional, organização operacional da
entidade, entre outras ações importantes de manutenção
para o bom funcionamento de uma associação.

19
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Por essa atuação e pela credibilidade con-


quistada pela Abraturr Nacional e seus afiliados,
verifica-se um maior apoio de outras entidades
e instituições públicas e privadas ligadas ao
turismo, como o Sebrae Nacional, o Ministério
do Turismo, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, a Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo, haja vista as ini-
ciativas específicas desse segmento turístico, a
participação das associações de turismo rural
nos principais eventos de turismo do País, a ela-
boração de material promocional, capacitações,
consultorias, entre outros tipos de parcerias.
E para incentivar ainda mais esse importante
apoio das instituições públicas
às ONGs, em 31 de julho último,
Em 31 de julho de sob a Lei 13.019/2014, por meio
de sanção presidencial, foi ins-
2014 foi instituído o tituído o Projeto de Lei do Novo
Projeto de Lei do Novo Marco Regulatório das Organi-
Marco Regulatório zações da Sociedade Civil.
das Organizações Esse instituto contribui de
maneira relevante para o aper-
da Sociedade Civil feiçoamento das parcerias ce-
lebradas entre o poder público
e as organizações da sociedade
civil, com base na valorização e no fortalecimen-
to das organizações, na segurança jurídica e na
transparência e controle sobre os recursos públi-
cos. A nova lei consolidará medidas importantes
para a celebração de parcerias, como exigência
de chamamento público obrigatório, três anos de
existência e de experiência das entidades e ficha
limpa, tanto para as instituições quanto para os

20
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

seus dirigentes. Além disso, a norma prevê regras


mais claras em relação ao planejamento prévio dos
órgãos públicos, à seleção das entidades, à execu-
ção das despesas para atingir o objeto pactuado,
ao monitoramento e avaliação e ao sistema de
prestação de contas. Com isso, as boas iniciativas
de organizações da sociedade civil e as políticas
públicas implementadas em parceria serão forta-
lecidas, reconhecendo-se que as OSCs são atores
fundamentais para a consolidação da cidadania e
da democracia no Brasil, disse a Secretaria-Geral
da Presidência em e-mail enviado às principais
organizações não governamentais do País, como
a Abraturr Nacional.

21
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Ações como essa, em que o poder público en-


tende a importância e a representatividade das
entidades de classe como contribuintes para o
fomento do trabalho e para a qualificação de pes-
soas para uma sociedade mais justa, é que a Abra-
turr Nacional se fortalece para continuar firme no
propósito de atuar no cenário do associativismo
do turismo rural brasileiro.

22
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Incentivar o turismo
rural é estimular mais
oportunidades de
trabalho e de renda
Luiz Barretto
Formado em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São
Paulo. Foi ministro do Turismo de setembro de 2008 a dezembro de 2010. É
diretor-presidente do Sebrae Nacional desde fevereiro de 2011.

Neste mundo globalizado, marcado por alta


competitividade, o diferencial é uma chave básica para
o sucesso no mercado – e esse requisito está presente
na atividade de turismo rural. Estudo inédito do
Sebrae revela desafios para profissionalizar esse
universo empreendedor.

O raro potencial turístico do Brasil é um es-


tratégico fator de desenvolvimento social
e econômico. A cultura e as belezas naturais
sempre atraí­ram visitantes do mundo inteiro.
A realização de grandes eventos, como a Copa
do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016,
reforçam ainda mais a atração de turistas. Na
diversidade que caracteriza o País, as boas
opções de roteiros turísticos vão muito além
dos cenários que tradicionalmente ilustram
os cartões-postais. Exemplo disso é o turismo
rural, também chamado de agroturismo, uma
opção interessante de consumo para visitan-
tes e uma alternativa para criar mais oportu-
nidades de emprego e renda.

23
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Nessas propriedades, os visitantes podem


vivenciar experiências típicas do mundo rural e
bem diferentes da realidade cotidiana das grandes
cidades, como andar de trator, alimentar e ordenhar
animais e participar da colheita de frutas e verduras
que serão consumidas em seguida.
Seguro quanto ao potencial de
crescimento do turismo rural, o Se-
Incentivar a brae Nacional incluiu, em 2012, esse
formalização é a segmento como uma das prioridades
de atuação institucional em relação
chave para propiciar
ao turismo. Em 2013, promovemos
capacitação um levantamento inédito desses em-
empreendedora preendimentos, o Retrato do Turismo
Rural no Brasil, com Foco nos Peque-
nos Negócios. Foram mapeadas 122
propriedades rurais em todas as regiões brasileiras,
a partir de dados oficiais do Ministério do Turismo
(Cadastur) e do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (Programa Talentos do Brasil Rural).
Para o estudo, o Sebrae fez uma amostra por
conveniência com 59 propriedades. A constatação
mais importante diz respeito ao ambiente legal, à
legislação e aos incentivos. Há grandes desafios
para profissionalizar esse segmento, formado
essencialmente por empresas familiares, em que
predomina um cenário de informalidade e de
reduzida capacitação profissional.
Segundo esse estudo por amostragem, a maio-
ria dos empresários de turismo rural são do sexo
feminino (54,2%), com idades entre 25 e 59 anos
(71,2%). Há também uma presença significativa de
pessoas com 60 anos ou mais (25,4%). Dos pesqui-
sados, 27,12% atuam no turismo rural há menos
de cinco anos; 30,5%, de cinco a dez anos; 20,3%,

24
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

de onze a vinte anos; e 22%, há


mais de vinte anos. A renda do
turismo rural, segundo apurou o
estudo, é complementar à renda
da propriedade nas atividades do
agronegócio em 67,2% dos em-
preendimentos pesquisados. Essa
atividade responde pela principal
renda da propriedade somente em
32,8% dos casos. Contudo, 79,7%
dos entrevistados informaram que
a renda do turismo tem crescido
nos últimos anos.
A maioria dos entrevistados
cultiva hortifrutigranjeiros (74,1%).
Vinte e um por cento atuam na
pecuária, e 13,8%, em lavouras.
Um quarto grupo se dedica ao
cultivo de uvas e à produção de
vinhos (13,8%) – típica do sul
do País. Um total de 61% dos
empreendimentos de turismo
rural oferecem visitas às áreas
das propriedades e aos espaços
de produção, com a integração do
visitante às atividades rurais: 39%
deles possibilitam que o visitante
participe da colheita de produtos,
38% incluem a degustação da
produção no pacote turístico e
32% promovem passeios em trilhas.
Os resultados desse
levantamento nos permitem
conhecer melhor o perfil do
empresário do turismo rural e

25
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

definir estratégias prioritárias de atuação para a


evolução dessa atividade. É fundamental a criação
de um ambiente favorável ao desenvolvimento dos
pequenos negócios do segmento. Incentivar pequenos
negócios é estratégico para a macroeconomia
brasileira. Do total de empresas do País, 99% são
pequenos negócios – aqueles que faturam até R$ 3,6
milhões por ano. Esses empreendimentos respondem
por mais da metade das vagas formais de trabalho
criadas no Brasil.
O setor público e o setor privado devem atuar de
forma integrada, em benefício dos empreendimentos
de turismo rural – e, por consequência, em benefício
de mais emprego e renda no País. Um exemplo é a
necessidade de defesa de celeridade na aprovação dos
Projetos de Lei sobre o tema que tramitam na Câmara
dos Deputados. Ou, ainda, na definição de uma nova
abordagem para harmonizar as partes interessadas
no turismo rural e as legislações vigentes.

É fundamental a criação de um ambiente favorável


ao desenvolvimento dos pequenos negócios
no segmento de turismo rural. Esse incentivo é
estratégico para a macroeconomia brasileira

Uma mostra do descompasso entre as necessida-


des reais dos empreendedores de turismo rural e a
realidade normativa é o fato de o turismo rural servir
para complementação de renda de muitos empreen­
dimentos. Não há lei que regule essa situação. A
dificuldade, na prática, é que o empreendedor rural,
muitas vezes, fica impedido de receber um grupo

26
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

de turistas em sua fazenda. Na condição de produtor


rural, ele não pode emitir o documento fiscal exigido
pelas agências e operadoras de turismo referente à
hospedagem ou à alimentação dos visitantes.
Outro desafio diz respeito às questões trabalhistas,
previdenciárias e tributárias. O turismo rural vive um
regime híbrido: o agricultor e o empreendedor fami-
liar rural são, em algumas situações, enquadrados nas
normas da cidade, e, em outras, nas do campo. Esse
processo prejudica o turismo rural, além de incentivar
a informalidade no desempenho da atividade, o que
dificulta um mapeamento mais preciso de quem atua
nesse segmento. Há também as questões sanitárias.
Não convém exigir dos empreendimentos de turismo
rural o cumprimento de regras idênticas às das empre-
sas em áreas urbanas. Dessa forma, não haveria dife-
rencial para motivar a atividade turística no campo, que
costuma valorizar a produção artesanal de alimentos.

27
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Incentivar a formalização de quem já atua com


turismo rural é a chave para propiciar capacitação
empreendedora, com orientações adequadas para
fidelizar e atrair novos clientes. A boa gestão em-
presarial é um motor essencial da economia local e
deve incluir planejamento e respeito à sustentabi-
lidade, por exemplo. O aumento de oportunidades
de trabalho e de consumo no interior certamente
contribuirá para a redução da migração rumo às já
saturadas regiões metropolitanas.
É importante ressaltar que o objetivo maior das
políticas públicas deve ser reduzir a pobreza e au-
mentar a inclusão social. Temos, no Sebrae, a con-
vicção do potencial do turismo rural para contribuir
com essa estratégia, em sintonia com o Plano Na-
cional de Turismo 2013-2016, que tem como meta
tirar o Brasil da posição de sexta economia turística
do mundo para alçá-lo à terceira posição – atrás
somente da China e dos Estados Unidos.
Esse objetivo ambicioso exige um crescimento
anual médio de mais de 8% no turismo brasileiro –
taxa superior ao crescimento médio dessa atividade
no mundo. As prioridades estabelecidas pelo Plano
resultam do esforço integrado do governo federal,
envolvendo a iniciativa privada e o terceiro setor,
por meio do Conselho Nacional de Turismo, sob a
coordenação do Ministério do Turismo. É somente
dessa forma – com o empenho integrado de todos
os setores – que poderemos transformar essas me-
tas de fortalecimento do turismo em realidade que
beneficie não só o empreendedorismo, mas toda a
sociedade brasileira. Sem dúvida, o apoio ao turismo
rural contribuirá muito com esse processo.

28
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

O novo futuro do turismo


rural – Uma economia
criativa baseada nos sentidos
Maria Celina de Lemos Godinho
Licenciada em Filosofia, mestre em Comportamento Organizacional, vogal do
Conselho de Administração do Centro de Formação de Jornalistas (Cenjor)
e da Direção do Sindicato dos Jornalistas, vice-presidente da Direção da
Federação Europeia de Turismo Rural - Eurogîtes, membro do Conselho
Superior Consultivo da Associação Empresarial de Portugal (AEP), sócia-
gerente de uma unidade de Turismo de Habitação (TR) em Portugal.

São os cinco sentidos que criam a emoção, que


convergem para que a vivência do campo, da natureza,
das gentes, das culturas se torne uma experiência única,
que nos faz sonhar, que perdura na memória para além
do momento vivido e que nos faz desejar voltar.

S abe-se como o impacto socioeconômico do tu-


rismo rural (TR) é transversal em todas as so-
ciedades e está intrinsecamente ligado à preserva-
ção da paisagem rural e do patrimônio edificado,
à criação de emprego nos meios rurais, por meio,
da diversificação das atividades econômicas, e ao
desenvolvimento sustentado de projetos ligados ao
turismo, ao ambiente e à gestão do território.
Sabe-se que o TR valoriza o património edificado e
natural, as artes e ofícios tradicionais, os agricultores
e os proprietários de casas no campo, as tradições
históricas e culturais, a biodiversidade, o ambiente,
enfim, a paisagem rural.
Mas também se sabe que o TR integra inovação e
modernidade, padrões de qualidade, entretenimen-

29
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

to e lazer, acessibilidade, sem discriminações. Eco-


nomicamente, é, geralmente, um complemento do
rendimento familiar, e não um negócio enquanto tal,
tendo como motivação principal exatamente tornar
rentável um patrimônio familiar.
Por isso o TR é, também, uma economia criativa.
Tem de sê-lo, porque a forma de mostrar um
território ou as valências de um alojamento mudou
quase radicalmente nos últimos anos. Mudou
porque o perfil do turista rural também mudou: ele
hoje é mais culto, mais exigente, mais preocupado
com as questões ambientais e sociais, sabe o que
quer e sobretudo o que não quer. Sua busca por
um destino e por alojamento é, principalmente,
solitária (isto é, sem recurso a agências de viagens)
e feita através da internet.
A Revolução Industrial do século XIX deu lugar
à revolução comunicacional das novas tecnologias,
da globalização que hoje vivemos.

30
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Para sobreviver e ser rentável, o TR precisa estar


presente na internet, precisa qualificar quem traba-
lha, precisa de promoção, precisa criar sua rede de
parceiros, precisa conhecer a concorrência e, acima
de tudo, precisa conhecer a si próprio. Ou seja, des-
cobrir o que tem de diferente dos outros, aquilo em
que é muito bom, ou único. E se nada de especial o
distingue do vizinho, precisa pôr a imaginação para
funcionar, ser criativo e construir a “sua” mais valia,
de modo a fazer com que o turista
o escolha, e não a outro.
Num estudo que recentemente Para sobreviver, o
a Privetur divulgou – |5x5| Redes turismo rural precisa
Temáticas Integradas de Turismo ser criativo, integrando
Rural – incluiu-se uma checklist do
proprietário que o ajuda a perceber inovação, qualidade,
exatamente o que cada um tem de lazer e acessibilidade
elemento diferenciador em relação
aos concorrentes e qual é, ou deve
ser, o seu nicho de mercado preferencial.
A lista é extensa – tem cerca de 200 entradas –,
abrindo imensas possibilidades de criar um produto
extremamente atrativo, às vezes com um simples por-
menor a que o proprietário não dava o devido valor.
São os cinco sentidos que criam a emoção, que
convergem para que a vivência do campo, da nature-
za, das gentes, das culturas se torne uma experiência
única, que nos faz sonhar, que perdura na memória
para além do momento vivido e que nos faz desejar
voltar e conhecer mais e melhor, no ritmo que, em
cada momento, é, para cada um, o adequado.
Senão, vejamos:
Quando um turista rural chega a um novo destino,
a um território que visita pela primeira vez e que quer

31
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

descobrir, sua primeira impressão se dá pelo que seus


olhos veem. Essa primeira visão o deixa, de imediato,
agradado ou desagradado.
Mas ela pode se confirmar ou se alterar de acordo
com o que os outros sentidos lhe transmitem.
Os cheiros – que vêm das árvores, das flores, das
ervas, da terra acabada de lavrar ou úmida da rega
ou de uma chuvada de verão – chegam-lhe como
descobertas que complementam o que os olhos veem.
A essa descoberta juntam-se os sons do campo que
lhe eram desconhecidos: o canto dos pássaros, o coaxar
das rãs junto às águas, a “conversa” dos grilos pelas suas
asinhas, o chiar da carroça, o trote do burro ou do cavalo
e tantos outros sons que só encontramos no campo.
Colocar a mão na massa, seja na que se vai tornar
pão, seja no barro de que surge a malga para comer
a sopa ou a peça decorativa idealizada pelo artista
oleiro; pôr as mãos na terra para nela colocar o bolbo
que vai nos deslumbrar quando desabrochar em flor;
sentir nas mãos o vime e tentar entrançá-lo para
fazer o cesto da vindima ou o que vai à mesa com o
pão. Pôr no regaço o cavaquinho ou a guitarra para
dedilhá-los, vibrar com seus sons, ouvi-los acompa-
nhar a voz de quem canta a moda alentejana ou o
fado, de Lisboa – ou de Coimbra.
Olhos, nariz, mãos e ouvidos
juntam-se para nos emocionar e
No campo, olhos, nariz, proporcionar uma experiência de
mãos e ouvidos juntam- que nunca nos esqueceremos.
se para nos emocionar E que dizer de partilhar a mesa
e proporcionar uma com quem nos recebe, de sentir
na boca sabores novos, desconhe-
experiência de que nunca cidos, receitas simples ou requin-
nos esqueceremos tadas, que passam de geração a

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

geração e que nos reconfortam o


corpo e a alma? De saber que o que
nos oferecem é puro, natural, sem
adubos ou pesticidas, colhido no
momento, cozinhado com prazer
para dar prazer?
É que o campo estimula os
sentidos, lava-nos a alma.
O campo nos faz bem. Põe-nos
de bem com a natureza e com as
nossas raízes mais profundas, liga-
das à ruralidade.
O campo é vida.
Qualidade e autenticidade, arte
de bem receber, proximidade dos re-
cursos e rede de parceiros locais são
atitudes e ideias centrais que criam
um acesso privilegiado ao campo.
De uma maneira ou de outra,
todos os que lidamos com esses problemas temos
consciência da qualidade dos nossos produtos, da ne-
cessidade de aproveitarmos melhor os nossos recursos,
do poder multiplicador do TR nas economias locais.
Precisamos, agora, olhar o mesmo problema do
outro lado, com os olhos dos nossos clientes, que
buscam no TR novas experiências e sensações, mer-
gulhar em suas próprias raízes ou partilhar de outros
modos de vida e cultura autênticos, já não à escala
de uma região ou país, mas à escala de continentes,
intercontinentes.... à escala global.
Hoje, todos temos consciência de que o mundo é a
nossa casa. E nós nos sentimos bem com isso, porque
queremos conhecer esse mundo dos outros e, sobre-
tudo, dar a conhecer o nosso mundo, a nossa casa.

33
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Há quem tenha a consciência dessa necessidade,


desse desafio de trabalharmos em conjunto para a
criação de uma unidade construída passo a passo,
cada vez maior, de modo que um turista, em qual-
quer parte do mundo, sinta o impulso e a segurança
necessária para partilhar das nossas casas, dos nossos
sítios, dos nossos países.
Temos nas mãos essa possibilidade, hoje, de esta-
belecer esse compromisso com o futuro. Saibamos
assumir esse vínculo, essa ligação: é aí que está o
novo futuro do turismo rural.

34
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Caso de sucesso da
Paraíba – Turismo rural
criativo e de experiência
Regina Lúcia de Medeiros Amorim
Formada em Economia pela UFPB, em 1980, com Especialização em Gestão
e Marketing do Turismo pela UNB. Desde o ano 2000 está atuando na gestão
de projetos de turismo do Sebrae/PB.

Na Paraíba, o Sebrae começou a atuar com o turismo de


experiência desde 2012, e hoje já se somam mais de cem
atividades criativas com foco na produção associada
ao turismo. Ainda para este ano será ampliada essa
oferta turística, totalizando 150 atividades criativas de
vivências e experiências.

V ocê já se imaginou fazendo um piquenique na


mata e se deparando com o bando de Lampião?
Ou você prefere tomar um café na varanda, con-
versando com as artesãs de Flores para sempre
(flores de fuxico), participando de uma oficina de
flores e admirando uma paisagem rural de tirar
o fôlego? Talvez você também queira conhecer a
história e o processo produtivo da cachaça no En-
genho Triunfo, ou apenas conhecer o Memorial
Garimpo de Engenho, em Pilões.
Você também vai gostar de conhecer a Casa dos
Doces e de degustar mais de setenta sabores de
doces caseiros, criados pela doceira Esther.
E no final da tarde, assistir ao Pôr do Sol de
Maria, no restaurante rural Vó Maria, ouvindo a
Ave Maria cantada por cantora da comunidade
rural de Chã do Jardim (voz e violão). Como não

35
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

se encantar com uma comunidade rural onde pelo


menos 15 jovens já têm curso superior e querem
continuar morando e trabalhando nela?
Que tal desfrutar da saborosa culinária de engenho
no restaurante que funciona na antiga Casa de Farinha
do Engenho Várzea do Coaty? A primeira casa construída
com cimento na região. Um lugar que preserva a rurali-
dade e tem em cada espaço uma boa história pra contar.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Cada uma dessas atividades gera, em média,


cerca de três empregos diretos e cinco empregos
indiretos, somando-se oito pessoas beneficiadas
por atividades criativas. Portanto, as 150 atividades
turísticas podem beneficiar cerca de 1.200 pessoas,
o equivalente a R$ 400.000,00 por mês de renda
adicional nesses 11 municípios beneficiados com
a consultoria do Sebrae.
Dois dos elementos mais
importantes para o turismo
de experiên­cia são a cultura e A cultura e a criatividade
a criatividade, que se consti- constituem-se no grande
tuem no grande diferencial dos
negócios, gerando experiên­ diferencial dos negócios
cias únicas para os turistas, no turismo rural
que, atualmente, buscam via-
jar com inteligência, ou seja,
buscam experimentar novas
sensações, novas emoções, vivenciar os saberes e
fazeres da comunidade visitada.
A Paraíba já é referência nacional em turismo
de experiência. Recentemente, o Sebrae Nacio-
nal elaborou o Estudo Nacional sobre o Perfil do
Empreendedor de Turismo de Experiência, pes-
quisando apenas cinco municípios, sendo um de
cada macrorregião do Brasil. Na região Nordeste,
Areia foi o Município escolhido. Nessa localidade,
a Pousada Boutique Vila Real foi escolhida como
caso de sucesso em gestão e organização, fazen-
do parte de um Curta Sebrae – projeto com oito
filmes de casos de sucesso de empreendimentos
de turismo do Brasil.
São frequentes as visitas técnicas de empresá-
rios de outros estados para conhecer o turismo de
experiência na Paraíba.

37
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Durante a 10ª Ruraltur - Feira de Turismo Rural,


que será realizada em Campina Grande no período
de 3 a 5 de setembro, empreendedores de diversos
estados farão benchmarking para vivenciar essas
atividades criativas do turismo de experiência em
Areia, Pilões e Boqueirão, municípios que estão
mais próximos de Campina Grande.
O projeto Sebrae de Turismo de Experiência 2013
a 2016 atenderá 18 municípios. A consultoria ACG,
contratada pelo Sebrae, formatou as atividades
criativas, que geram as vivências e experiências,
possibilitando ao turista permanecer por 30 dias
na Paraíba para vivenciar todas elas, por meio
de roteiros integrados que estarão, em breve,
disponíveis em um site de Turismo de Experiência
da Paraíba, o qual será construído pelo Sebrae/PB.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

A mudança no
comportamento do turista
e a reinvenção do turismo
rural no Brasil
Sandro Marcelo Cobello
Mestrando em Hospitalidade pela Anhembi Morumbi, pós-graduado em
Gestão Mercadológica em Turismo e Hotelaria pela ECA-USP-SP, diretor de
Turismo da Prefeitura de Ibiúna e consultor de Mercado da Idestur.

O turismo rural no Brasil atravessa um interessante


período de amadurecimento e reinvenção, tendo em
vista o atual comportamento dos turistas, que estão
indo além da simples visita, buscando ser atores da
atividade, vivenciando a experiência, deixando de
lado a passividade.

E ssa mudança no comportamento do turista é


uma tendência mundial. E no turismo rural é
uma realidade que pode ser otimizada, pois nesse
segmento o visitante está inserido num espaço
no qual pode interagir de forma lúdica, sentindo-
-se uma pessoa do campo, ao realizar serviços
rotineiros de sítios, chácaras e fazendas, como
a ordenha, a colheita nas plantações ou mesmo
uma simples pescaria.
No Brasil, ofertar o campo como forma de atrair
um novo turista que habita a área urbana e não
conhece as rotinas rurais apresenta-se não apenas
como um diferencial de mercado, mas também

39
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

como uma forma de valorização da cultura e da


atividade rural em uma sociedade que, cada vez
mais globalizada, despreza o que é considerado
antigo ou do campo.
Em um mundo onde crianças e jovens
desconhecem a origem dos produtos
consumidos no seu dia a dia, apresentar essa
realidade pode ser uma grande oportunidade
para que os empreendimentos de turismo rural
se consolidem e participem efetivamente da
atividade turística nacional.

Outra atividade complementar ao turismo rural


que nos últimos anos vem se desenvolvendo em
prol da valorização da cultura do campo é a oferta
da gastronomia tradicional local, com o resgate da
identidade da região.
Ao redor do mundo, temos importantes exem-
plos de como a gastronomia está se tornando um

40
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

diferencial para o desenvolvi-


mento do turismo no espaço Em um mundo onde
rural, como Portugal e Espanha. crianças e jovens
Nesses países, que nos últimos
anos vêm enfrentando crises eco-
desconhecem a origem
nômicas avassaladoras, o retor- dos produtos que
no às ofertas das culturas rurais consomem, o turismo
gastronômicas vem se transfor- rural tem oportunidade
mando em boa opção turística,
de se consolidar
permitindo que o campo, antes
sinônimo de atraso, hoje se torne
palco de experiências gastronô-
micas inesquecíveis. Isso vem contribuindo para o
aumento da renda e para o enfrentamento da difícil
realidade atual dessas localidades.
No Brasil, temos bons exemplos de como a
atividade de turismo rural, diretamente envolvida
com ofertas gastronômicas, vem fortalecendo
destinos turísticos, como é o caso de Venda Nova
do Imigrante (ES), Roteiro do Vinho nas Serras
Gaúchas e, mais recentemente, circuitos próximos
à cidade de São Paulo, como o Circuito das Frutas
e o Roteiro do Vinho, em São Roque (SP), que
propiciam a participação em uma vindima (colheita
e amassamento das uvas), com músicas típicas,
após a realização de banquete com produtos
típicos da região.
Adotar esses diferenciais culturais como a
gastronomia é certamente uma nova forma
de reinventar o turismo rural. Diversos locais
brasileiras podem desenvolver essas ações
interativas, mesmo em regiões inóspitas como a
Floresta Amazônica, onde podem ser encontrados
roteiros em comunidades rurais e indígenas que

41
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

oferecem fabricação de farinha de mandioca


na casa de farinha, venda de produtos típicos,
hospedagem e alimentação.
Na área da releitura do turismo rural, a
gastronomia está diretamente relacionada à
filosofia do slow food, que agrega valor aos
serviços e produtos, mas de forma consciente,
em que se cobra um valor justo que contribua
com ambos os lados e o turista ou visitante saia
satisfeito com o que desfrutou no espaço rural,
podendo o empreen­dedor desse segmento auxiliar
na complementação de sua renda. Essa, porém, é
uma realidade muito recente. Por isso, as empresas,
as operadoras e as agências de turismo serão de
grande importância para a divulgação dessa forma
de ver e entender o turismo rural.

42
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Interfaces entre a
produção científica e
o desenvolvimento do
turismo rural
Karina Toledo Solha
Doutora e mestre em Ciências da Comunicação (Turismo e Lazer) e graduada
em Turismo pela ECA/USP. É docente e pesquisadora do curso de Turismo
ECA/USP e do Programa de Mestrado da EACH/USP.

Este texto é um extrato dos principais resultados


obtidos no estudo acerca da produção científica sobre
turismo rural no Brasil, com destaque para uma
análise das relações entre a produção científica, as
políticas públicas e as demandas dos empreendedores
de turismo rural.

A complexidade e a diversidade do turismo no


meio rural despertam e estimulam o interesse de
pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento,
resultando numa extensa e heterogênea produção
científica sobre o tema e, consequentemente, na
ampliação e no aprofundamento dos estudos e de-
bates. Esse interesse é demonstrado também pelo
poder público e pela iniciativa privada, que têm or-
ganizado sistematicamente espaços para discussão
do tema, caracterizados pela presença e participação
dos diversos grupos direta ou indiretamente dedi-
cados ao turismo rural. Desse modo, visões distin-
tas sobre o assunto são compartilhadas e discutidas,
promovendo parcerias e contribuindo para um sig-
nificativo avanço na compreensão desse fenômeno.

43
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Uma análise sobre essa proximidade entre os dife-


rentes segmentos e as principais transformações ocor-
ridas no período de 1984 a 2014 e as interfaces entre
a produção científica acerca do tema e o desenvolvi-
mento do turismo rural foi parte de um extenso estudo
intitulado O turismo rural como objeto de estudo nas

pesquisas acadêmicas: A realidade brasileira, realizado


em 2011 com o apoio do CNPq (Solha, 2011). O estudo
também buscou traçar um panorama das necessidades
de informação, assim como as temáticas de estudo que
podem ser desenvolvidas no futuro.
Neste texto, apresenta-se um extrato dos principais
resultados obtidos, com destaque para a análise das
relações entre a produção científica, as políticas públicas
e as demandas dos empreendedores de turismo rural.
Para estruturar a evolução dessas relações foram con-
siderados três períodos de tempo, em razão das carac-
terísticas comuns e das mudanças significativas na per-
cepção e no avanço do conhecimento sobre a temática:
”” de 1984 a 2000 – das primeiras iniciativas à ne-
cessidade de qualificação dos produtos e serviços

44
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Esse período se caracteriza pelas diferentes


formas de implementação do turismo rural e
pela elaboração das primeiras diretrizes públi-
cas para o segmento no País. Como resultado
do primeiro encontro científico sobre o tema
(Citurdes) tem-se a criação de um documento
de referência para a área, intitulado Carta de
Santa Maria. Observa-se no período um avanço
nas discussões, que não tratam unicamente do
que pode vir a ser o turismo rural e dos seus
aspectos positivos para as propriedades rurais,
mas também dos efeitos que já podiam ser ob-
servados nos diversos empreendimentos que
investiram no segmento. Também se observa
a preocupação com os aspectos relacionados
à gestão das propriedades e à qualificação dos
produtos e serviços.
”” de 2001 a 2005 – dos desafios da implementa-
ção à organização do segmento

Poder público e iniciativa privada têm organizado


sistematicamente espaços para discussão
do tema, caracterizados pela presença e
pela participação de diversos grupos

No início da década, altera-se a Política Nacional


do Turismo, direcionada à promoção da diversifi-
cação e à qualificação de produtos turísticos. Con-
sequentemente, o Ministério do Turismo elabora
estudos e diretrizes para segmentos emergentes,
como o turismo rural, e inicia uma parceria com o
Ministério do Desenvolvimento Agrário, resultando

45
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

em ações focadas na agricultura familiar. No âmbi-


to acadêmico, elabora-se a Carta de Joinville, que
propõe a investigação profunda de vários temas,
como tipos de turismo, planejamento comunitário,
papel da mulher, trabalho, segurança alimentar e
segurança pública. Na primeira edição da Feiratur,
anuncia-se a formação de associações de turismo
rural em diversos estados e a criação de uma asso-
ciação de caráter nacional – a Associação Brasileira
de Turismo Rural (Abraturr). Percebe-se o avanço
nas discussões, que demonstram maior nível de pro-
fissionalização dos empreen­dedores do segmento
e a crescente preocupação dos pesquisadores com
a busca de alternativas para qualificar o segmento,
embora ainda bastante concentrado na oferta de
produtos e serviços.

”” 2006 a 2012 – da necessidade de ordenamento


à competitividade
Ao mesmo tempo que se verificam sinais indicati-
vos de avanços do segmento, também convivem
temáticas recorrentes, temáticas novas e aprofun-
damentos ou abordagens diferentes no debate de
alguns assuntos. Assim, temas como legislação,
gestão, qualificação, cultura, meio ambiente e sus-
tentabilidade aparecem com frequência tanto nos
eventos científicos quanto nos eventos comerciais.

A produção científica sobre o turismo rural tem-


se mostrado bastante integrada às demandas da
realidade, destacando-se, em vários momentos,
como referência no avanço das discussões

46
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

A profissionalização dos empreende-


dores de turismo rural e a aprendiza-
gem de comercialização estão entre os
principais desafios para os próximos
anos. Contudo, ainda são muitas as
dificuldades vivenciadas pelo turismo
rural, as quais certamente exigem a
atenção de outros segmentos para sua
superação. São elas: a) deficiência no
ordenamento da atividade; b) falta de
debate articulado e pessoas de refe-
rência para discutir o turismo rural;
c) deficiente integração institucional
nas diferentes esferas; e d) falta de
estudos sobre a demanda de turismo
rural (Santos, 2008: 111).
A indicação da necessidade de es-
tudos sobre a demanda do turismo
rural denota que o desenvolvimento
do segmento não depende unica-
mente de investimento na criação
de produtos turísticos, mas que
também se deve levar em considera-
ção os interesses e as necessidades
do público que se pretende atender.

Considerações finais
De certa forma, a produção científica sobre o tema
tem-se mostrado bastante integrada às demandas da
realidade e em vários momentos destacou-se como
ponto de referência no avanço das discussões. Alguns
dos temas mantidos na pauta dos empresários do setor
poderiam ser discutidos de forma mais aprofundada na
academia, como, por exemplo, as questões de legisla-
ção e financiamento do segmento, pois a dificuldade

47
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

na solução dessas questões também está fortemente


ligada ao entendimento do significado e da expressão
do segmento de turismo rural para o País.
Percebe-se ainda que tanto na produção científica
quanto nas discussões técnicas e comerciais o turis-
mo rural é analisado como um segmento descolado
do universo maior do turismo, quase exclusivamente
compreendido pela óptica das propriedades rurais por
si mesmas. Uma ênfase numa perspectiva que entenda
essas propriedades como parte de um destino ou região
de destino pode contribuir para aprimorar as estratégias
de desenvolvimento para o setor, assim como a percep-
ção sobre sua importância.
Verificou-se que esse período não muito longo foi
bastante produtivo, o que pode ser percebido pela
quantidade e pela frequência de encontros para deba-
ter as questões acerca do assunto, e acompanha, em
certa medida, o próprio desenvolvimento do conheci-
mento científico em turismo e seus desdobramentos.
A área superou as dificuldades de implementação,
avançou na busca de soluções para os problemas
enfrentados em sua consolidação e está preocupada
com as transformações decorrentes do seu desen-
volvimento, bem como em se tornar um segmento
competitivo na atividade turística nacional. Isso tem
colaborado para instigar pesquisadores a aprofundar
seus estudos sobre alguns aspectos e a iniciar discus-
sões considerando os novos desafios.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Turismo rural –
Reconhecimento e
legalização. Como resultado,
sustentabilidade e mercado
Andreia Maria Roque
Presidente do Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural; especialista na
área, atuando no Brasil, nas Américas Central e Latina, na África e na Europa,
onde iniciou estudos sobre o Parque Internacional do Douro Vinheteiro.

O turismo rural no Brasil nos últimos anos vem


amadurecendo e alcançando um patamar de atividade
inserida no universo turístico brasileiro. Este artigo se
propõe a descrever um pouco desse percurso, focando o
universo do reconhecimento e da legalização.

O turismo rural brasileiro nos últimos


anos vem passando por um processo
de amadurecimento, posicionando-se como
mais uma atividade no universo turístico
nacional e buscando alcançar o patamar da
modernidade, do profissionalismo, porém
sem perder a ruralidade. Não é mais uma
tendência de futuro, e sim uma questão de
mercado presente.
Os negócios envolvendo atividades turís-
ticas rurais, elaboradas principalmente com
foco na criatividade, na economia da expe-
riência, na produção associada ao turismo e
ao desenvolvimento sustentáveis, surgiram
como diversificação do mercado, ssumindo

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

um papel diferencial e agregando novidades


aos produtos tradicionais do turismo nacio-
nal. A ideia de ofertar algo mais, como uma
aventura trilhando o Monte Roraima, em
Roraima – RR, podendo se deliciar com a

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

abóbora com carne marinada,


da Dona Geruza, da Fazenda O turismo rural não é
Castanhal, ou mesmo de um
mais uma tendência
piquenique na Serra da Man-
tiqueira, surgiu para atender de futuro, e sim uma
a um novo turista, ávido por questão de mercado
vivenciar intensas experiên- presente. Entretanto, para
cias, interagir com o ambien- o fortalecimento dessa
te e participar de atividades
realidade, é necessário
diferenciadas. Entretanto,
para o fortalecimento dessa o reconhecimento e a
realidade, faz-se necessário o legalização da atividade
reconhecimento e a legaliza-
ção da atividade.
O turismo é uma atividade que tem amparo
legal e constitucional. O capítulo da ordem
econômica e financeira da Constituição
Federal promulgada em 1988 faz menção
expressa ao setor de turismo como fator
de desenvolvimento social e econômico.
Posteriormente, houve a promulgação da
Lei Brasileira de Turismo. Devemos, então,
entender o turismo rural como ferramenta
importante na geração de trabalho e
oportunidades, podendo, ainda, ser um
instrumento para a contramão do êxodo
rural e para o desenvolvimento setorial, pois
suas atividades permitem a fixação e até o
retorno do ser urbano ao universo rural.
No entanto, o turismo rural tem
peculiaridades que devem e precisam ser
consideradas. O fato é que até hoje essa
atividade não tem um tratamento legal
específico, submetendo-se a um regime

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

híbrido, parte rural e parte urbana, não


sendo objeto de políticas públicas específicas,
como acontece em outros paí­s es. Por isso,
mais de 90% dos empreendimentos estão
em situação de informalidade, visto que, na
atualidade, para empreender no turismo rural
em conformidade com a legislação vigente é
necessário arcar com elevados custos para a
constituição, a manutenção ou a adaptação
da empresa. Nessa situação de informalidade,
não há como emitir a nota fiscal exigida por
turistas e ou agências e operadoras, bem como
ter acesso a modernidades como o cartão de
crédito, que só a legalização permite. Também
não se pode pleitear linhas de crédito, a não
ser algumas diferenciadas, como o Pronaf
- Agricultura Familiar, exclusivo para essa
atividade, e o Feap Turismo Rural São Paulo.
Como há o reconhecimento nacional de
que a atividade embasa o desenvolvimento
regional, o que está acontecendo em muitos
lugares do País é que o poder público “faz
vistas grossas” e não exige essa legalidade.
E essa atitude, a longo prazo, pode sufocar
o turismo rural.
Considerando-se tal realidade e em busca
da formalização do turismo rural, foi apre-
sentada à Câmara dos Deputados o Projeto

O turismo rural tem peculiaridades que precisam


ser consideradas. A aprovação de proposições
objetivando o desenvolvimento desse segmento
é apenas uma das batalhas a serem travadas

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

de Lei (PL) nº 5.077/2009, que altera a Lei nº


5.889/1973 (Lei Reguladora do Trabalho Ru-
ral) e a Lei nº 8.023/1990 (Lei do Imposto de
Renda da Atividade Rural), objetivando intro-
duzir no ordenamento jurídico brasileiro esse
tipo de atividade turística. Trata-se de propo-
sição com definições legais e enquadramento
da atividade, atendendo a algumas neces-
sidades peculiares de um segmento voltado
para o tripé da sustentabilidade – ambiental,
social e econômica. O PL 5.077/2009 promo-
verá um novo enquadramento legal para o
turismo rural, incluindo-o no rol de ativida-
des turísticas. Por essa razão, a aprovação da
proposição é importante, mas, certamente,
é apenas uma das batalhas, objetivando o

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

desenvolvimento da atividade e seu fortaleci-


mento mercadológico. Outro passo almejado
é a aprovação do PLP 221/2012, que propõe
diversas alterações na Lei Geral do Simples
Nacional e que também terá impacto positivo
na atividade do turismo rural.
Agricultores familiares, produtores rurais
de médio e grande porte, comunidades
quilombolas e caiçaras, todos juntos,
fazem parte do universo do turismo rural.
A aprovação desses projetos é uma das
etapas a serem vencidas, mas sempre será
necessário ir além e buscar boas parcerias,
mentes abertas e sadias, em prol de um
ideal de sobrevivência, manutenção,
comprometimento e viabilização desse
universo de múltiplas identidades.

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Membros do
Conselho de Turismo
AIMONE CAMARDELLA ARTHUR BOSISIO JUNIOR
Engenheiro, Professor e Escritor Ex-Assessor de Relações
Diretor da Câmara de Consultores Institucionais do Senac-DN
Associados (CCA)
ASPÁSIA CAMARGO
ALEX CANZIANI Deputada Estadual do Rio de Janeiro
Deputado Federal pelo Estado do Paraná Ex-Secretária Executiva do
Titular da Comissão de Educação e Ministério do Meio Ambiente
Cultura da Câmara dos Deputados Ex-Presidente do Ipea
Ex-Presidente da Frente Parlamentar de Ex-Assessora Especial da Presidência da República
Turismo da Câmara dos Deputados
BAYARD DO COUTTO BOITEUX
ALFREDO LAUFER Presidente do site Consultoria em
Consultor Empresarial de Turismo Turismo-Bayard Boiteux
e professor da FGV
BEATRIZ HELENA BIANCARDINI SCVIRER
ALLEMANDER J. PEREIRA FILHO Assessora Internacional da Direção-
Brigadeiro R1 e Ph.D. Geral do Arquivo Nacional
Diretor da Aircon – Consultoria Ex-Técnica de Eventos Internacionais da Embratur
de Aviação Civil Ltda.
Ex-Diretor da Anac CAIO LUIZ DE CARVALHO
Ex-Diretor do DAC Diretor-Geral da Enter-Entertainment
& Experience do grupo Bandeirantes
ANTONIO HENRIQUE BORGES PAULA de Comunicação
Assessor de Relações Institucionais Ex-Presidente da São Paulo Turismo S/A - SPTuris
do Senac Nacional Ex-Presidente da Embratur
Ex-Secretário de Estado de Ex-Ministro de Estado do Esporte e Turismo
Turismo de Minas Gerais Professor da Eaesp/FGV

ANTONIO PEDRO VIEGAS FIGUEIRA DE MELLO CARLOS ALBERTO AMORIM FERREIRA


Secretário Municipal de Turismo do Rio de Janeiro Conselheiro e ex-Presidente da
Presidente da RioTur Associação Brasileira das Agências
de Viagens (Abav Nacional)
ARMANDO ARRUDA PEREIRA DE CAMPOS MELLO
Presidente Executivo da União Brasileira CARLOS ALBERTO LIDIZIA SOARES
dos Promotores de Feiras (Ubrafe) Diretor da Faculdade de Turismo e Hotelaria
Acadêmico da Academia Brasileira da Universidade Federal Fluminense (UFF)
de Eventos – Titular Cadeira 11
Ex-Professor de Mídia e Organização de CARLOS ALBERTO RAGGIO DAVIES
Eventos da Universidade Paulista (Unip) Diretor de Turismo e Hotelaria
Ex-Secretário Executivo do Conselho Estadual do Instituto Internacional
de Turismo do Estado de São Paulo de Desenvolvimento Gerencial
Ex-Presidente do Fundo Municipal
de Turismo de São Paulo CARMEN FRIDMAN SIROTSKY
Conselheira do Clube de Engenharia
ARNALDO BALLESTÉ FILHO do Rio de Janeiro
Diretor-Vice-Presidente do Touring Club do Brasil
CLAUDIO MAGNAVITA CASTRO
AROLDO ARAÚJO Presidente da Abrajet/RJ
Diretor-Presidente da Aroldo Araújo Propaganda Presidente do Jornal de Turismo - Aver Editora

55
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

CLEBER BRISIS DE OLIVEIRA Visitors Bureau, da Varig e da Academia


Gerente-Geral do Royal Rio Palace Hotel Brasileira de Eventos e Turismo

CONSTANÇA FERREIRA DE CARVALHO GILSON CAMPOS


Diretora da C&M – Congresses and Meetings Consultor de Jornalismo
Ex-Presidente da Associação Brasileira de
Empresas de Evento (Abeoc/RJ) GILBERTO F. RAMOS
Presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio,
Indústria & Turismo
DALTRO ASSUNÇÃO NOGUEIRA
Tradicional Agente de Viagens de Belo Horizonte GILSON GOMES NOVO
Ex-Presidente da Câmara Empresarial de Turismo Diretor do Grupo Águia e Diretor de Relações
da Federação do Comércio de Bens, Institucionais da Match Connections ,
Serviços e Turismo do Estado de empresa de Logística de mobilidade de
Minas Gerais (Fecomércio-MG) torcedores internacionais Copa 2014
Ex-Presidente do Amadeus
DIRCEU EZEQUIEL DE AZEVEDO Ex-Vice Presidente Comercial e de
Jornalista representante do Marketing da Varig e da Webjet
Brasilturis no Rio de Janeiro
Relações Sociais da Magazine Turismo/ GLÓRIA DE BRITTO PEREIRA
SP e do Sindicato de Turismo do Ex-Diretora de Marketing da RioTur
Rio de Janeiro (Sindetur/RJ)
GUILHERME PAULUS
EDUARDO JENNER FARAH DE ARAUJO Presidente do Conselho de
Diretor-Presidente do Grupo Instituto Administração do grupo CVC
de Estudos Turísticos do RJ (Ietur) Membro representante da Presidência da
República no Conselho Nacional de Turismo
EDUARDO JORGE COSTA MIELKE
Coordenador de Projetos de Extensão HÉLIO ALONSO
do Curso de Turismo da Universidade Presidente da Organização Hélio
do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Alonso – Educação e Cultura

FAISAL SALEH HORÁCIO NEVES
Ex-Secretário de Estado do Turismo do Paraná Diretor e Editor do Brasilturis Jornal

GENARO CESÁRIO ISAAC HAIM


Consultor de Turismo – Presidente Honorário – Skal Internacional/Brasil
Representante da Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do ITAMAR DA SILVA FERREIRA FILHO
Estado do Amazonas (Fecomércio-AM) Diretor-Presidente da Ponto
Forte Segurança Turística
GEORGE IRMES
Presidente da Associação Brasileira de JOÃO CLEMENTE BAENA SOARES
Agências de Viagens (Abav/RJ) Embaixador
2º Vice-Presidente do Sindicato das Ex-Secretário-Geral da Organização
Empresas de Turismo do Estado do dos Estados Americanos (OEA)
Rio de Janeiro (Sindetur/RJ) Membro da Comissão Jurídica Interamericana
Professor de Turismo da UniverCidade, da da OEA, com sede na Colômbia,
Universidade Estácio de Sá e das Faculdades da Academia Brasileira de Filosofia, do Pen
Integradas Hélio Alonso (Facha) Clube e do Conselho Técnico da CNC

GÉRARD RAOUL JEAN BOURGEAISEAU JOANDRE ANTONIO FERRAZ


Diretor de Relações Institucionais Joandre Ferraz Advogados Associados
da Rede Windsor Hotéis Assessor Jurídico Chefe da Presidência da
Ex-Secretário de Turismo do Rio de Janeiro Embratur, na gestão Miguel Colasuonno
Ex-Presidente da Riotur e do Riocentro Diretor de Planejamento da Embratur
Ex-Superintendente do Rio Convention & na gestão João Dória Júnior

56
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

Assessor Jurídico de Abav/SP, Clia LUIZ CARLOS BARBOZA


Abremar Brasil e Sindetur/SP Sócio Principal da Consultoria
Advogado empresarial Organizacional LBC
Ex-Diretor Técnico do Sebrae Nacional
JOMAR PEREIRA DA SILVA ROSCOE
Jornalista, Publicitário e Presidente da LUIZ GUSTAVO MEDEIROS BARBOSA
Associação Latino-Americana de Coordenador do Núcleo de Turismo da
Agências de Publicidade (Alap) Fundação Getulio Vargas (FGV)

JONATHAN VAN SPEIER, Ph.D MARCIO BENSUASCHI


Professor da FGV e da University Presidente do Instituto Brasileiro
of Southern California de Turismólogos (IBT)
Ex-Sócio-Fundador da Master Turismo Mercado
JOSÉ ANTONIO DE OLIVEIRA Central Ltda – Grupo Master Turismo
Presidente da New Century
Technology do Brasil Ltda. MARCO AURÉLIO GOMES MAIA
Ex-Superintendente da Varig Proprietário do Hotel Gloria Garden Suites
Diretor do Macaé Convention & Visitors Bureau
JOSÉ GUILHERME DE MORAES NETO Diretor da Associação Comercial
Oficial da CBMERJ e Industrial de Macaé – RJ
Representante da Associação dos Diplomados
JOSÉ GUILLERMO CONDOMÍ ALCORTA da Escola Superior de Guerra, em Macaé – RJ
Presidente da Panrotas Editora Ltda. Ex-Secretário Executivo de Turismo de Macaé – RJ

JOSÉ HILÁRIO DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR MARCO NAVEGA


Advogado e Diretor da AL Presidente da Federação de Convention &
Viagens e Turismo Ltda. Visitors Bureaux do Estado do Rio de Janeiro

JORGE SALDANHA DE ARAÚJO MARGARETH SOBRINHO PIZZATO


Membro Conselheiro da Associação Presidente da Associação Brasileira de
Brasileira de Imprensa (ABI) Centros de Convenções e Feiras (Abraccef)
Diretor/Editor do Bureau Editorial
de Livros e Periódicos (Belp) MARIA CONSTANÇA MADUREIRA
Jornalista credenciado na Presidência da HOMEM DE CARVALHO
República, no Ministério das Relações Advogada e Professora
Exteriores e no Senado Federal, Brasília – DF Mestre em Direito Econômico e
Hoteleira – Bessa, Homem de Carvalho
JUAREZ AUGUSTO DE CARVALHO FILHO e Gonçalves Advogados Associados
Sócio e CEO da JZ Congressos e Eventos
MARIA ELIZA DE MATTOS
LEILA SERRA MENEZES FARAH DE ARAÚJO Proprietária da Special Tour
Diretora do Grupo Instituto de Estudos Ex-Diretora da Winners Travel
Turísticos do RJ (Ietur) e da Ietur treinamento Ex-Presidente do Skal – Brasil
“In Company” e da Ietur Tour Operator
MARIA ERCÍLIA BAKER BOTELHO LEITE DE CASTRO
LEONARDO DE CASTRO FRANÇA Diretora-Geral da Companhia
Presidente do Touring Club do Brasil Caminho Aéreo Pão de Açúcar

LÚCIO EMILIO DE FARIA JUNIOR MARIA LUIZA DE MENDONÇA


Vice-Presidente da Federação do Comércio Procuradora da Fazenda Nacional
de Bens, serviços e Turismo do Estado
de Minas Gerais (Fecomércio-MG) MÁRIO BRAGA
Diretor Executivo da M. Braga Serviços
LUIZ STRAUSS DE CAMPOS Empresariais e Consultoria Ltda.
Ex-Presidente da Associação Brasileira Consultor Empresarial de Turismo,
de Agências de Viagens (Abav/RJ) Aviação e Hotelaria

57
Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

MÁRIO REYNALDO TADROS ORLANDO MACHADO SOBRINHO


Presidente do Sindicato das Empresas Presidente do Movimento da União para o
de Turismo no Estado do Amazonas Progresso do Estado do Rio de Janeiro (Muperj)
Membro do Conselho da Abav Nacional Jornalista e Executivo de Turismo

MAUREEN FLORES OSIRIS RICARDO BEZERRA MARQUES


Pesquisadora Coordenador do Observatório do
Turismo do Rio de Janeiro
MAURÍCIO DE MALDONADO WERNER FILHO Professor Adjunto do Departamento de Turismo
Diretor-Presidente da Planet da Universidade Federal Fluminense (UFF)
Work - Empreendimentos
OSWALDO TRIGUEIROS JR.
MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRA Ex-Presidente do Conselho de Turismo da CNC
Presidente Executivo da Associação Nacional
de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros PAULO DE BRITO FREITAS
Brigadeiro-do-AR Reformado e Presidente da Associação Brasileira
ex-Ministro da Aeronáutica de Cooperativas e Clubes de
Turismo Social (Abrastur)
MAURO PEREIRA DE LIMA E CÂMARA Presidente do Sistema Brasileiro de
Diretor da Federação das Câmaras Hotéis, Lazer e Turismo (SBTUR)
de Comércio Exterior da CNC
Membro Efetivo da Liga de Defesa Nacional, PAULO ROBERTO WIEDMANN
da Escola Superior de Guerra, da Ordem do Consultor Jurídico e Advogado
Mérito Cívico, da Academia Pan-Americana Militante de Diversas Empresas
de Letras e Artes, da Academia de Letras do Titular da Sociedade de Advogados
Estado do Rio de Janeiro, da Sociedade Amigos Wiedmann Advogados Associados
da Marinha, da Sociedade Memorial Visconde
de Mauá e do Instituto de Cultura Hispânica. PAULO SOLMUCCI JÚNIOR
Presidente da Associação Brasileira
MURILLO COUTO de Bares e Restaurantes (Abrasel)
Consultor de Aviação e Turismo
PEDRO FORTES
NELY WYSE ABAURRE Superintendente de Operações da Rede
Assessora Técnica de Turismo do Senac-DN Tropical Hotels & Resorts Brasil
Ex-Diretor da ABIH Nacional e tradicional
NILO SERGIO FÉLIX hoteleiro no Rio de Janeiro
Subsecretário de Esporte da Secretaria
de Estado do Esporte e Lazer PERCY LOURENÇO RODRIGUES
Ex-Presidente da Turisrio Jornalista e Consultor de Transporte Aéreo
Ex-Subsecretário de Estado de
Turismo do Rio de Janeiro RESPÍCIO A. DO ESPIRITO SANTO Jr.
Professor Adjunto da Escola Politécnica, da
NORTON LUIZ LENHART Universidade Federal do Rio de Janeiro
Consultor para Empresas Aéreas e Aeroportos
Membro da Academia Brasileira
de Eventos e Turismo
RICARDO CRAVO ALBIN
Ex-Presidente da FNHRBS Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin
Ex-Vice-Presidente dos Membros
Afilhados da OMT RICARDO OLIVEIRA DA SILVA
Professor e Coordenador Adjunto do
ORLANDO KREMER MACHADO Curso de Turismo da UniverCidade
Clube Mutua – Recreação e Lazer Diretor Executivo do Instituto de Pesquisas
Executivo de Turismo e Estudos do Turismo (Ipetur).

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Edição Especial/Turismo Rural 2014 - nº 21

ROBERTA GUIMARÃES WERNER SERGIO LUIZ BICCA


Gerente de Hospitalidade - CSM Brasil Coordenador do Programa de Qualidade
da Associação Brasileira de Empresas
ROBERTO DE ALMEIDA DULTRA de Eventos (Abeoc Brasil)
Sócio-Diretor da GB Internacional Sócio-Fundador da Brasil Fidelidade
Operadora de Turismo Receptivo
Fundador e ex-Presidente da Brazilian SÉRGIO PAMPLONA PINTO
Incoming Travel Organization (Bito) Advogado
Fundador e ex-Presidente do Rio Ex-Diretor/Assessor da Presidência da RioTur
Convention & Visitors Bureau (RCVB)
SONIA CHAMI
ROSELE BRUM FERNANDES PIMENTEL Diretora do Hotel Sol Ipanema
Diretora da RBF Agência de Viagens e Turismo, Presidente do Conselho Deliberativo
Diretora da Associação Brasileira das da Associação Brasileira da
Agências de Viagens (Abav/RJ) Indústria de Hotéis (ABIH/RJ)
Diretora da R & R Pimentel Consultoria
Conselheira da Associação Brasileira TÂNIA GUIMARÃES OMENA
de Bacharéis em Turismo (ABBTUR) Presidente da Associação Brasileira de Bacharéis
Conselheira da Skal em Turismo (ABBTUR Rio de Janeiro)Associação
Brasileira de Turismólogos e Profissionais
RUBENS MOREIRA MENDES FILHO do Turismo/Seccional Rio de Janeiro
Deputado Federal pelo Estado de Rondônia Coordenadora do Curso de Turismo da
Presidente do Sindicato das Empresas Universidade Federal do Estado do Rio de
de Turismo de Rondônia (Sindetur) Janeiro (Unirio)/Escola de Turismologia
Ex-Senador da República
VENÂNCIO GROSSI
SALVADOR CONSTANTINO SALADINO Consultor da VG – Assessoria &
Presidente da Brazilian Incoming Consultoria – Aeronáutica Ltda.
Travel Organization (Bito) Brigadeiro da Aeronáutica e ex-
Vice-Presidente Financeiro da Diretor-Geral do DAC
Abav – Conselho Nacional
Diretor de Turismo Receptivo da Abav/RJ VIVIÂNNE GEVAERD MARTINS
Membro do Conselho Fiscal do Sindetur/RJ Presidente da Associação Latino-Americana
de Gestores de Viagens Corporativas (Alagev)
SAMUEL AUDAY BUZAGLO
Subprocurador-Geral da República
Professor Universitário
Advogado Criminalista
Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
(IAB) e do Conselho Técnico da CNC

SÁVIO NEVES FILHO


Diretor do Trem do Corcovado
Presidente da Associação Brasileira
de Trens Turísticos Urbanos
Presidente do Conselho de Turismo da
Associação Comercial do Rio de Janeiro,
Vice-Presidente do Sindicato Nacional
de Parques Temáticos (Sindepat)
Membro do Conselho Nacional de Turismo

SERGIO JUNQUEIRA ARANTES


Jornalista e Fundador da Eventos ExpoEditora

59
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ISSN 2178-910X

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