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CM69A - CONSTRUÇÕES EM MADEIRA

Prof. Rodolfo Krul Tessari

AÇÃO DO VENTO
EM EDIFICAÇÕES
A origem do vento e seus efeitos

Circulação global: aquecimento diferenciado


entre a região equatorial e os polos

Aquecimento diferenciado + Rotação da Terra

2
A origem do vento e seus efeitos

Frente fria: movimento da massa de ar frio sob


a de ar quente. Responsável por fortes zonas
de instabilidade, pode acarretar vento da ordem
de 30 m/s.
A origem do vento e seus efeitos

Frente quente: movimento da massa de ar


quente sobre a de ar frio.
POR QUE ESTUDAR?

Ponte Tacoma Narrows


Washington, EUA
Comprimento total: 1.646 m
Inicio da construção:
set/1938
Altura do vão livre: 57 m
Vão livre entre pilares:
853 m
Altura: 155 m

Velocidade de vento
correspondente a ruína:
70 km/h
POR QUE ESTUDAR?
POR QUE ESTUDAR?

Vento em edificações mal executadas:

• Arrancamento de telhas mal ancoradas;

• Danos na vedação de estruturas sem


contraventamento adequado;

• Danos em tesouras e telhados mal conectados e


dimensionados.
Escala BEAUFORT
Quantificação da velocidade do vento:
ASPECTOS METEOROLÓGICOS
Estão relacionados à velocidade do vento a ser
considerada no projeto. Variam de acordo com
os seguintes fatores:
• Aleatoriedade do vento (sazonalidade, por ex.)
• Local de implantação V0
• Topografia do terreno (plano, vale ou morro) S1
• Altura da edificação (perfil de potência)
• Rugosidade do terreno (altura dos obstáculos à
S2
passagem do vento)
• Dimensões da edificação
• Tipo de ocupação S3
ASPECTOS METEOROLÓGICOS
Tipo e ocupação do entorno da edificação:

Variação da velocidade media: V(t) = Vm(t) + dV(t)


ESTUDO DAS FORÇAS DE VENTO

▪ Modelos computacionais: simulação do fluxo


do vento e estudo das pressões causadas nas
edificações por meio de simulação numérica
ESTUDO DAS FORÇAS DE VENTO

▪ Ensaios em túnel de vento: utilização de


modelos reduzidos da edificação e de seu entorno.
Obrigatório para edificações ne natureza especial.
CONCEITOS BÁSICOS

Barlavento / Sotavento
▪ Barlavento: região da edificação onde sopra o vento
▪ Sotavento: região oposta à de barlavento
Analogia “Montante / Jusante”
AÇÃO DO VENTO NOS ELEMENTOS

Provoca sobrepressão sobre o Provoca a sucção do elemento,


elemento, empurrando-o na puxando-o na direção e sentido
direção e sentido do vento. do vento.

Provoca a sucção vertical sobre o elemento,


puxando-o na direção perpendicular ao vento.
AÇÃO DO VENTO NOS ELEMENTOS
Vento com pressão interna:

Provoca sobrepressão sobre


os elementos, empurrando-os
na direção do vento.

Vento com sucção interna:

Provoca a sucção dos


elementos, puxando-os na
direção e sentido do vento.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
1. Velocidade básica de vento (V0)
Velocidade de uma rajada de vento de três segundos com probabilidade
de 63% de ser excedida pelo menos uma vez em um período de retorno
de 50 anos.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
1. Velocidade básica de vento (V0)
Velocidade de uma rajada de vento de três segundos com probabilidade
de 63% de ser excedida pelo menos uma vez em um período de retorno
de 50 anos.

Isopletas: curvas traçada num mapa em que todos os seus pontos


correspondem ao mesmo valor de uma quantidade observável. Neste
caso, a velocidade do vento (em m/s).
PROCEDIMENTO DE PROJETO
1. Velocidade básica de vento (V0)
É registrada com equipamentos e em situações
padronizadas por norma:

Equipamentos:
• Anemômetros e
anemógrafos.
Condições de instalação:
• 10 metros de altura;
• Terrenos planos sem
obstrução (categoria II)
Atualização do mapa de isopletas do Brasil:

BECK, André T.; CORRÊA, Márcio RS. New design chart for basic wind speeds in
Brazil. Latin American Journal of Solids and Structures, v. 10, n. 4, p. 707-723, 2013.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2. Velocidade característica de vento (Vk)
Considera aspectos particulares da edificação:

a) Fator topográfico – S1

b) Rugosidade do terreno e dimens. da edificação – S2

c) Tipo de ocupação e riscos à vida humana – S3

Vk = V0.S1.S2.S3
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.1 Fator topográfico S1
Alteração das linhas de fluxo em função da topografia
2.1 Fator topográfico S1 z: altura medida a partir
da superfície do terreno
no ponto considerado;
Taludes
d: é a diferença entre a
base e o topo do talude
ou morro.

Ponto B

•  ≤ 3°: S1 z = 1,0
• 6 ≤  ≤ 17°:
Morros
𝑧
S1 z = 1,0 + 2,5 −
𝑑
⋅ tan 𝜃 − 3° ≥ 1,0
•  ≥ 45°:
𝑧
S1 (z) = 1,0 + 2,5 − . 0,31 ≥ 1,0
𝑑
Para outros valores de , deve-
se interpolar linearmente.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.2 Fator S2
O fator S2 considera o efeito combinado:
▪ da rugosidade do terreno;
bep
▪ das dimensões da edificação; e
▪ da variação da velocidade do vento com a
altura acima do terreno. z

S2 = b.Fr (z/10)p
Fr = fator de rajada correspondente à terreno de categoria II (padrão)
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.2.1 Categorias de terreno:
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.2.1 Categorias de terreno:
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.2.2 Dimensões da edificação:
Quanto maior a edificação, maior o turbilhão (rajada) e
menor a velocidade média.

▪ CLASSE A: a maior dimensão (horizontal ou vertical) da


superfície frontal da edificação não excede 20 metros

▪ CLASSE B: a maior dimensão da superfície frontal da


edificação apresenta entre 20 e 50 metros

▪ CLASSE C: a maior dimensão da superfície frontal da


edificação apresenta é superior a 50 metros
Cálculo do fator S2
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.2 Fator S2

S2 = b.Fr (z/10)p
Fr = fator de rajada correspondente à terreno de categoria II (padrão)
b,p = coeficientes associados à categoria e classe da edificação
Cálculo do fator S2
PROCEDIMENTO DE PROJETO
2.3 Fator estatístico S3
Considera o grau de segurança requerido e a
vida útil da edificação.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
3. Pressão dinâmica do vento (q)
O fluxo das correntes de ar que se movimentam a uma
velocidade Vk quando incidem num anteparo estático
resultam numa pressão q, denominada pressão de
obstrução ou pressão dinâmica:

q = 0,613 Vk2 [N/m2]


PROCEDIMENTO DE PROJETO
4. Coeficientes de Pressão e de Forma
A incidência do vento resulta em pressões de sobrepressão
e sucção, devido aos efeitos aerodinâmicos.
Essas pressões dependem da forma e da permeabilidade
da edificação ao fluxo de ar.
Para determinar o valor dessas pressões, é necessário
conhecer os coeficientes de pressão e de forma externos e
internos da edificação.
Com base neles, é possível determinar a pressão efetiva,
Δp, que atua num ponto da edificação:

Δp = (cpe – cpi) q [N/m2]


FATORES AERODINÂMICOS

Item 6 – NBR 6123:1988


• São definidos em função da forma da edificação, que
interfere no fluxo das correntes de vento.
• Medidos experimentalmente em túneis de vento com
protótipos de escala reduzida.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.1 Coeficientes de pressão externa – cpe
e coeficiente de forma Ce

▪ Item 6.1 da ABNT NBR 6123:1988

▪ Tabelas 4 a 9 (casos usuais)

▪ Anexos E e F (casos especiais)


4.1.1 Coeficientes de pressão externa (cpe)
e coeficiente de forma (Ce) em paredes
4.1.2 Coeficientes de pressão externa (cpe)
e coeficiente de forma (Ce) em telhados
Tabelas 5 – Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados
com duas águas, simétricos, em edificações de planta retangular
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.2 Coeficientes de pressão interna – cpi
▪ Item 6.2 da ABNT NBR 6123:1988

▪ Estão associados aos esforços de sucção e


sobrepressão que agem nas partes internas
da edificação por meio das suas aberturas.

▪ Está relacionado à permeabilidade da


edificação

▪ Diversas hipóteses quanto à permeabilidade


das paredes
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.2 Coeficientes de pressão interna – cpi
Definições de interesse:
a) Elementos impermeáveis: lajes e cortinas de concreto, paredes
de alvenaria, blocos ou rochas sem nenhuma abertura.
b) Índice de permeabilidade: relação entre a área de abertura e a
área total da superfície considerada.
c) Abertura dominante: abertura com área igual ou superior à soma
das áreas das demais aberturas da edificação.
d) Sinal positivo (+) de cpi corresponde à sobrepressão interna;
e) Sinal negativo (-) de cpi corresponde à sucção interna;
f) A pressão interna é considerada uniforme tanto na sobrepressão
como na sucção e atua em todas as faces internas da edificação.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.2 Coeficientes de pressão interna – cpi
Hipótese a) duas faces opostas igualmente permeáveis e as demais
impermeáveis
– vento perpendicular a uma face permeável:
cpi = +0,2
– vento perpendicular a uma face impermeável:
cpi = -0,3

Hipótese b) quatro faces igualmente permeáveis


cpi = -0,3 ou 0 (considerar o valor mais nocivo)
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.2 Coeficientes de pressão interna – cpi
Hipótese c) Abertura dominante com outras faces permeáveis
Hipótese c.1) Abertura dominante na face a barlavento
(superfície onde o vento incide):
PROCEDIMENTO DE PROJETO
4.2 Coeficientes de pressão interna – cpi
Hipótese c) Abertura dominante com outras faces permeáveis
Hipótese c.2) Abertura dominante na face a sotavento
(superfície oposta a que o vento incide):
Cpi = Ce correspondente à face a sotavento que
contem essa abertura (Tabela 4).

Hipótese c.3) Abertura dominante nas faces paralelas ao vento

()
O objetivo das hipóteses é fornecer o tratamento mais
realista possível ao cpi.
PROCEDIMENTO DE PROJETO
5. Força de vento atuando sobre um plano (F)

▪ Item 4.2.2 da ABNT NBR 6123:1988

▪ Força de vento resultante sobre um elemento


plano de área A:

F = (Ce – Ci).q.A
PROCEDIMENTO DE PROJETO
6. Força de arrasto (Fa)
Em edificações cuja altura é muito maior que as dimen-
sões em planta e possuem aberturas dominantes a
barlavento e a sotavento, o coeficiente de pressão é
representado pelo coeficiente de arrasto – Ca (item 6.3).
E a força global na direção do vento é chamada força de
arrasto:

Fa = Ca.q.Ae
Fa = força de arrasto;
q = pressão de obstrução;
Ae = área frontal efetiva: área da projeção ortogonal da edificação, estrutura
ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento
(área de sombra)
PROCEDIMENTO DE PROJETO
6.1 Coeficiente de arrasto (Ca)
▪ Item 6.3 da ABNT NBR 6123:1988
▪ Os coeficientes de arrasto indicados na Figura 4 e na
Tabela 10 são aplicáveis a corpos de seção constante
ou fracamente variável
▪ Figura 4: aplicável a edifícios de planta retangular cuja
altura é muito maior que as dimensões em planta;
▪ Tabela 10: também aplicável a corpos de eixo
horizontal, distantes do terreno (placas de sinalização,
por exemplo)
6.1 Coeficiente de arrasto (Ca)
O coeficiente de arrasto é dado em função das relações h/I1 e I1/I2

▪ h: altura do corpo
▪ I1,I2: dimensões de
referência, em planta
SOFTWARE VISUAL VENTOS
Ferramenta computacional para o cálculo das forças
devidas ao vento em edificações de planta retangular e
telhado de duas águas, simétrico.
CM69A - CONSTRUÇÕES EM MADEIRA
Prof. Rodolfo Krul Tessari

AÇÃO DO VENTO
EM EDIFICAÇÕES

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