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Miguel Thompson Eloci Peres Rios Seonavaac A Conexoes coma BIOLOgia RIAA, MANUAL DO Nay JIN ie PROFESSOR juel Thompson Bacharel e licenciado em Ciéncias pela Faculdade de Ciéncias Exatas e Experimentais da Universidade Mackenzie (SP). Mestre e doutor ‘em Cigncias (area de concentracao: Oceanografia Biol6gica) pela Universidade de Sao Paulo. Professor. Eloci Peres Rios Bacharel em Ciéncias Biolégicas pela Universidade Estadual Paulista “folio de Mesquita Filho". Mestre e doutora em Ciéncias (Area de concentracao: Oceanografia Bioldgica) pela Universidade de Sao Paulo. Professora, Conexoes coma Biologia Ensino Médio Componente curricular: BIOLOGIA MANUAL DO PROFESSOR 2+ edicdo So Paulo, 2016 @hoverna Colsbordores ‘Aa Pogna ogni Remaguera Ue ar feaogaga ple Unvortids Etne Camas ISP baste Dosrs an Ecunco ls de coveanbaro Eaucaese, cameamarto. Liguagam 9 tl pl Urs trl ce Comana (3%. rtesora rere aees50 vegoaca, ‘Meare an Gtnces seed exnceclo: Zona gas Uneeice oS Ps Ea Sd naa orc Sige pare lio do concetara Gondtea po rewo se Beaereos a Unreiade ge Sfo Pao Petersow seatom, Felipe Carvaho Btn Cavacar| ‘eAgicliia "Lu ds Gueser"da Unvesiace de Sa Pau. la Blan da Rose Andiade Bases tensieas om bree Selbgca pb nebo de hose ta Unermtads Go SS0 Pus Mester Cire lio concerto Bota ple sat do Bosncis 22 Usmsice se Sioa Coro Bera lenis om Gis Slogcas pened se Fas? Bog ewotscre, Bust om Crea: Bldgcsspblamino de Boceries 30 Untsiade ge Sto Puo ese am Clnces lex Boge — Musi Pagnoea cca oe Unetsde de Sto Pau, Mesto om Clendas lt oe coneentae Paces Eparmartal pl Weti0 20 aera Fernanda de Azvedo Ensures haneoasemCienean Seas pinto de lo concern Sidon ~ Gorse ple nso de atta Moni seu Naser agua omctneas Bidogcarplinsnno de Bloc: ‘Sceaanaaa Bilope~ Geral pes nso de Bosendes |S Umemisde 950 Fut Songs oars Fit Hela Blom odige Lowe Brae om Cres ld9cs8 pt lncinto de iors (: Unersode de Sto Fu, avr am Clans tes ‘5 concaragie:Beguracal polo ret se uma sa ubere Steen Gokdnerg Uensaao am Cnces Bagge pls Unesco fart res IR Mager Score emZootens pl Unread Feral Furl 6 Re srr, BdogD © wae “Thalta Rena Carara da EneanagSo Bus omcreaa Blogcast nsingo do Siocerles ( Unvetode de Sto Fus Mests om Cis leo ‘Seon ota eto de Br Courdengho etre Sis Hsin Baran digo de tent: Vaross Shera wou) Nati emacs de Azoves, Prepraga de ets lento Roce ‘Garncie de sige produgt grate: Ss Basho co Cara Horie ‘Coordanho prods: F de Pala Suporte dinitrate dv Nis de Lourdes Rodiques oor) ‘Coordensto de design prjetoe vou: sts CexasarLene Projet graf: sre de Scars oa, et Meron Gaon Caps: Dowgia sigs St ‘Fa Boy Leave Faas eae) Steinar Gace ‘Coordenehe de risen ez Maccuone ito de arte: ius hos tora dtm Fi Mois Sst alto de infografia Iso dos loner edie Fi Mas Sk ‘Coordeneto de reid: onan Sana Revit one0N Lops, Mexia Caso. vens Texora Monae ‘Courdenho de pesquisa conor Lscio Barna Gata Pesquisa conor: Fuis Ans Mago, LusanaViaro \Coordenato de bureau: 7c 82 “Tetament de imagenes M. uzsro Futana. Roshines Preimpmact:leconcsPonee, Ero Oe, Fe Moana Hae Pe nim it, Mri Kate, vine Sones Coordanagte de produee Indus iono Fen Inprssio mcabamerto: ‘Dados intemacionsis de Catalogo ne Fusing (CP) (Comre Brsiaea do Live, SF, Bat! Therpson Minus en cmmaseona Hobo Rongn, owaenay Comparer cameo | Beoaa(enene met es, Eos) Peres Tie, Indes pas catiogo sstematico. 7 Apresentacao 4 ry “— Gato Cheshire... quer fazer o favor de me dizer qual 6 0 caminho que eu devo tomar? —Isso depende muito do Lugar para onde vocé quer it — disse Gato. ‘—Naome interessa muito para onde... — disse Alice. —Nao tem importancia entéo o caminho que vocé tomar — disse Gato. —-.Contanto que eu cheguea algum Lugar —acrescentou Alice como uma explicagao. —Ah, disso pode tercerteza— disse o Gato —, deste que caminhe bastante.” ‘CARROLL, Lewis As aventursde Alice no pais as marovithas Lanores:Maemilan andCo, 1855. (Que camino tomar? Importa o lugar a chegar? No dia a dia, estamos sempre nos deparando com situacées e problemas que precisamos resolver, decidir rumos,tragar lnhasem algumas irecdes! Dedicamosboa parte donossotempo buscando solugdese aprendemas muito com cada desafio superado ~emesmo com os fracassos. ‘Amedida que compartithamos a vida com outras pessoas, percebemos que os problemas. ficam cada vez mais complexos, pois jé ndo pertencem somentea nés, mas atoda asociedade. ‘Aformagao exigida para conseguirmos entrar no mercado de trabalho, os condicionantes do custo de ida ea necessidadede mantermos uma conduta ica, por exemplo,siopreocupagbes, ‘comuns entre os jovens, Na busca de respostas para algumas dessas questoes, aBiologiasefaz Presente, Boa parte do esforgo cientifico e tecnol6gico tem o objetivo de transformar as descober- tas em methoria da vida dria das pessoas. Para a compreensio de como a vida se organi- 2a, se inter-relaciona, se reproduz, evolui e se transforma, por meio de processos naturals, eda aco do ser humano e no emprego de tecnologias, dependemos dos conhecimentos uimicos, fisicos e biolégicos acumulados pela humanidade ha mithoes de anos. Além, € claro, de nos sentirmas intrigados e convidados a nos engajar no desenvolvimento futuro das ciéncias e das tecnologias. Qualquer que seja nosso projeto de vida, a escola participa do processo de compreendermos esses conhecimentos e participarmos dessa historia, que & afinal, nossa histéria, Eserevemos esta colegae pensando em compartthar com voct, estudante, conhecimentos fundamentals da BioLogia que sero necessarios para resolver situagies-problema, decidir os caminhos aserem trithados e, também, para conhecimento das consequencias das suas.escolhas. \océ teré de busear e construir seus préprios conhecimentos e dar asas a sua cratividade. Nessa busea, as perguntas rao mais importantes do que as respostas, ea cada resposta vocé encontrara umanova pergunta, Em suas maos, as novas ideas se transformarao em agdes para coneretizar 0s sonfios que vocé tem para nossa sociedade. 3¢ oo ‘obra esté organizada em 8 Unidades com diferentes secdes que vao acompanhé-to durante o ano letivo, Veja eentenda, a seguir, a organizagao do seu livro, Abertura de Unidade Em cada uma das abertras deste iro, um problema éapresentad, imagens textos tanvidam voeé aconhecer melhor asituacSo, como fia exéretacionada 20 cotiiano e came a Biolog pode participar da sua esolucs, Perce) ee Pere aed] Ce probiema as atitudes que tomamos eo | ‘queJasabemos sobre ele Cconsutte Sugestes de recursos a internet vio ajudé-Lo ‘camegar uma pesquisa fformarumaopiniae sobre assunta, —_— _ = oxctilettotes nero ‘Uma Unidade éorganizada ‘stdo destacados em ‘Paranda otamanio médlo Pa itr eacans ea indear a altura (1 ou 0 ‘comprimento (—). Elementosgrticos ustragies fotos, tabelas, equag es esquemasegrficos ‘estaodistibuldosa0longo do texto, enriquecendo-o ‘eproporcionando civersas oportunidades eaprencizagem dessas Uinguagens préprias da Ciénda eviacnateomusingle Boxes + Os boxestrazem infermagbes Atividades ‘complementares que judam aestabelecer ‘As quests ao inal de ada Tema 40 uma ‘elagées ene os concsios da Biologia, ‘oportunidade derevisar eaplicar os eneeitos ‘compreender ocontextohistdrieo da sua estudados,além de praticarapesquisae evolugao esua importancia para asoutras ‘communicagdocentieas em suas diversas formas, areas. conhecmento. ‘como textos, pains eesquemas, 5® [REE Organizacao do tivro Infograicos eoutrascombinagées textos eimagens mostram como ‘8 conceltsestudados na Unidade io importantes em aplicagdes teenalgieasecomaimpactama vida fem sociedade enasalde ndvidual e let, Discuta com seus colegas Asquestoes propostas qulam ‘acompreensio e prevocam o debate fas informagaes dessas Segoe. ‘Uma profissio Nessa seg80 580 _apresentadasprovistes ‘relacionadas 4 Eilogia fesuaimportincia para asociedade, Tambem hi ‘exemplos de profissionas ‘de destaque relacionados 8 rofisto desrita, ‘Atividades finals Compreenssodainformasio Uma sele¢iodeaivieades — amaoria desenvolvia ‘Aquivocé ei poder aualar especialmente para est iro, masincluindo questoes suacompreensaodos Temas de vstibulares de todo o pals —ajuda arevsar,aplicar, ‘daUnidade. _aprofundar eatéexpandirosconcetosestucados na Unidade, Organize suas laelas vidades ‘queajudam ‘organizar conceitos erever signifcados® relagies Ientique Questoes {que judam aldentifiear conceltos. Interpretagio eanatise uestdes que ajudama desenvolverahabiidade eresolugao de problemas, propostos, deralmente apart ‘desttuagées reals Felacionadas a Biologia ‘Aplique ‘Aprofunde Questbesque avallamo uestbesqueexigem dominio dos coneeitos pleagao dos Disicos estudados nas conceitosem novas “Temasda Unidace. situagbes. Pensamentocritico (Questées que exigem posicionamento diantede ituacies cotdianas earqumentos ‘baseados em conhecimentosbiligicos. 7@ [REE Organizacao do tivro Uma solugao problema proposto naabertura ‘da Unidade €retomado. su portunidade de avaliaras solugbes propostas ou buscar solugées Inovadora. ‘oumals reas do ‘connecimento, : | Valoreseatites Fue por dentro {estes qu permite repensay, com Seqdo qe azresenas dears flmes ‘os navos conherimentos adqwirides, as ‘e recursos da internet. Dessa forma, vocé sttudes que deversertomadas dante de pee srg nese is ante meeps diverse stuagies, assunio eos concetos da Unidade eda Bolosiaem sea. ‘Aividadeprétien Em grupo, voce val poder Tnvestigarstuagbes, construir modelos, confirmar consis, Interpretar resultados ‘eaté planar seus réprio experiments e aboratéio. segurangaeodesearte sto preseupagées sempre Dresentes nessa sec. OT Projeto Neste tvro dos projetos so propostos para que voc possadesenvolver sua Criatividade, o gosto pela pesquisa ea habiidade de comunicagéoetrabalho em equpe. Part das atividades dessesprojetas sed realizada ao longo do ano, ‘deacordo com asinstrugZes do seu professor, proporonande aintegragéo ea ‘plieacia dos canhecimentos. 9@ ‘Um probtema, uma solugdo = Como connecimento cientficoéproduzico? =o 1. Oqueé Ciencia? 16 Grande parte do conhecimento centco est paurada erates hipéteseseteorias. v Invesigagto centfica 18 2, Uma breve introdugao & Biol 20 /ABlotogia presenteem nosso da ada. 20 ‘ABlotogla €0 conhecimentocientneoiteligado ..... 21 Conceitos unfcadores noestuda da vida 2 3, Biologia eo estudo davvida, B possiveldeinir vida? B 4, Surgimento de novos seres vives 0 process de aceitacao da bogénese 2 Formagdo das primelras molécula orginias 30 Das molécu.as orgnicasspré-c@ulas a1 Surgimento co mater hereto ~ "mundo do RNA. 32 0s procariontes 32 © Ciénciaesociedade “Ete produto centiicamentetestad™ 34 '¢ Umaprofisséo Bistogo 5 © Atividades finais 36 ‘¢ Fique por dentro 40 ‘© Atividade pratica ‘Aaliando ageragioespontinea de seres vvos a Projeto1 Jornal de Cicias| 2 ee Pentre one) ‘Um probtema, uma solugdo ~ Como combater 1s doencas infecciasas ereduzirosurgimento de Imierorganismos resstentes amedicamentos? ‘Teorias da evalucio ‘a Gefciaantiga a séeula xv Asldelas de Lamarck Ateoriada evolugio de Darwin e Wallace (Os fundamentos da evaluesoporselegso natural Teoria snttia da evolugao e8ssas 10 Selegdo natural eadaptagao Selegdoestabilizadora Selegsoairecional Selegsodsrutiva Selegdo sexual Coevoluséo| 3. Evidénclas da evolugdo Fosse Biogeagrana ‘anatomiaComparada Evidéneias moleculares 4. Interferénciahumanana evolugdo Selegso artical Extingo provorada pela ago humana ¢ Clénciaesociedade Uso e abuso dateoria da evolugso ‘© Umaprofissio Geélogo © Atividades finals © Fiquepordentro © Atividade prética Debate: criagao ou evolugao? re cle. ‘Um problema, uma solucio— BYSRe BURRS 238 6 64 6 ‘Que medidas complementares poderiam ser tomadas para combate efetivamenteo Redes egypt? 1 Ecologia e niveis de organizacao O que Ecologia? ives de organizasio dos sistemas ecol6yicos. Habitat enicho ecalégica Componentes dos ecossistemas Definigdo de ecossstema Clima 2 3. Biomas do mundo 0s biomaseo cima (0s princpaisbiomas terrestres 4, Dominios morfoctimaticos brasiteiros Caracteristicas dos dominios morfectimaticas 5. Ecossistemas aquaticos Classificagdo dos organismos aquiicos eossistemas de aqua doce Eeossistemas marinnos 88s Yaa YANN 6. versa bikin 95 | 7 Fes derguagio aspopases 129 seston eget 23 |” amet Fe «+ clinemte + apron ‘Ataque brasileiro contra a leishmaniose 98 Engenhelro ambiental BL $i ween + Giacaetelagi ae soo hte wa (© Atividades finais aor | * Atlvidadesfinais Det i riowepore 10a | * Fiquepordentro 139 a + sia pt ‘¢ Atividade pratica CCrescimento populacional: um modeto 40 Soman ue ws mo a Upon ont uence sree de Un penn urea dno eee ‘efeitos da fragmentagdoda mata nativa? ranap =o — 1s 0 ecoldgic 144 . , suet dy Raises rsfice: 08 Tipos de sucesso ecolégica 144 Se We | 2. marina hanna nab 1x0 de energia nos ecossistemas Relalga a 2. Rowdee ne somite Sateen te lene ex -ao de recursos naturais 149 Produstividade dos ecossistemas — Introdugdo de espécies exiticas. isl 3. Cictos biogeoquimicos 143. Grandes impactos ambientais 152 Sela a Mudangas climéticas 152 ree am Diminui gio da camiada de az6nio. 153 senses ou 2 cnet a | eee ot onesie bgeince = 8 au " teat ‘A. Desenvolvimento sustentavel 155 4. asiesclagne up * Desencnenos % Relagées intraespecificas us Destino do lixo edo esgoto 156 Relagdes interespecificas 120 Conservagio de ecossistemas. 157 S.naaagbraesfaresecligeor RH Tolerancia das espécies 123 Miernations energéticns. 161 raver eS Umaprtants Adaptagoes, 4 Analista ambiental 163, 6. exo poptaies us pops + Gincinesaciade oarkoracel uas | * Siednesza vs Srna EP 6 iiadestinle 6 ue@ SS So + Fique por dentro 170 | Projeto2 Exposigio: arte, corpo ediferenca 202 © Mividade pratica “ * Bioindicadores dapoluigéoatmosférica m 7 Zen Oars (Fp Satide:ber-estar proeeenez ‘Umproblema, umasolugio— ‘Oque deve compor a almentagdo deum adolescente {Um problema, uma solugao— para que elasee consideradasaudével? Come a préeas de Medicina alternaivapoderiam contribur para a melhoria da sae da poputagdo ‘muratat? ao Tt 1L, Composicdo dos seres vivos 206 1. Conceltos de sade 174 | Natériae tomes 206 Diversidad cultura na concep de sade ge | Rarer im ites ecaaven aaa ee ee 2S A croclacksteial inbatee 175 | Meléculasquecompiemos sere vivos 207 2. Satide do adotescente e sexuatidade a7? 2. Aagua eos sais minerais 208 Puberdade eadolescénla ar) Agua 208 Souatine ae | Salsminerls 210 Sexo bilge densa de genera eorietag80 3. Carboidratos 20 sexual 179 | Composigheeclassifiagio dos earboeratos an 3. Principais tipos de doenga 190 | Fungdes dos carboiratos 22 Doengasinfecesas ou transmisivels 180 | 4, Protefnas a3 Doengas degenerates 180 |” Compesigio dasprotinas 23 Doentas ocupaconas 181 Fungbescas proeinas 24 Doengascarendais BL | Estruturadas proteinas 24 as auieenwene ter Lipids a7 jepgssonauent temas Composico eelatscaga dos tpilas 27 4, Tecnologia na sate 184 FangSes dos ipiios 28 Teeroogla no dagnéstio de deen TBt 6. Aeidos nuctlcos 219 eenoogianaprevengio Ter | Composicio dos ids nucecos 29 Teenologia no tratamento de doencas dinates a8 5. Satideno Brasit 188 | Acidoribonucteco 220 A.guns personagens a Medicina no Brasil 198 | FungSesdosdedesnucteicos 220 sistema Unica dean (SUS)... 189 | 2, Vitaminas a (ualidade ce vida nas cferents regiesdo Brasil....189 |” caruerisicasdaswtaminas 2a 6. Qualidade de via e habitos saudveis 190 Tiposdevitaminas 221 Conca maneiasde cuidr de sua saade 190 | Fontesnatuals de wtaminas 2a © Giénciaesatide Naan, co ness sieve Histéia a catindria reser: ntencia igen, cmanien 192 | aicanae europea 23 © Umaprotissao Pirdmidesalimentares 224 Terapeutaocupacional 194 pease © Clénciae sate ‘© Atividades finals 195 | Teedosadipasos 28 ¢ Fique por dentro 199 | ¢ Umaprofissio genera de alimentos. 230 © Atividade pritica Projeto de vide 200 | Atividades finais 21 on + Flque por dentro 236.5. Nicteo celular 31 «pte pain Componentes ote 257 Conecndoelinenosquecontmcabliracs....257 | 6, Resplragdoefermentagdo 20 on 239 esto aria 260 8 ferment 282 capers 7, Fotossnteseequimiossntese 268 prem ne veo a rmeaererro alec stlose cons , ‘direto com 0 ar. Por que isso funciona? Rhleteetanes = * Ciénciae tecnologia ut ‘Virus, seres acetulares. 266 1. Adescobertada cétuta 240 | 5 umaprotesto Odesemobimert omicteeéo nao | * permtemee ast Tose miei 2a fteoiaetar, 22 | Avdadestinls 268 2. biversidade celular 283 | ¢ Flquepor dentro m Tose cas 28 © Rividade pratica 3, Membrana plasmatica 246 (bservando céulas vegetals em micrscéplo 73 strutura da membrana plasmét 246 Permeablidadeseetiva 247 | Centrose museus deCiéncia e Biologia mm 4, Citoplasma e organelas 251 | Siglasdevestibulares 277 Ciosot 251 | Fontes dos infograficos 78 Choesquetet 251 COrganetasctoplasmaticas 252 | Referéncias bibliograficas 279 Be Um problema, uma solucao Pinuura retratando a cidade de Dalf na Holanda, 3 fpoca em que Leeuwenhoek desenvatveu seus trabalhor com lentes (VERMEER, Johannes. Vita de Delf. 1660-1661, Geo sob tes, 98,5 em 117,5em) A aventura do conhecimento e da Ciéncia Asituagao [-] No outono de 1632 nasceu Antonie van Leeuwenhoek, na pequena cidade de Delft, bem a0 sul da Holanda, entre as cidades portudrias de Hala e Roterda. [.] ‘Seu passatempo era fazer lentes; derretia vidro produzindo pequenas esferas que depois polia, Deixou uma colecdo de aproximadamente 400 len- tes, as quais armava em placas de cobre ou prata para examinar fios de cabelo, pulgas e outros pe- uenos insetos. A primeira descricdo detalhada dos lobulos vermelhos vem desse artifice que se tor nou um grande cientista[..] Antes de Leeuwenhoek, Robert Hooke, na In- slaterra, ¢ Jan Swammerdam, na Holanda, haviam construido microscopios de menor alcance e feito descobertas importantes. No entanto, além da ini- gualavel habilidade em preparar suas lentes e do cuidadocom osajustes de iluminacdo, Leeuwenhoek possula enorme curiosidade, paciéncla, perseve ranga e capacidade em descrever de maneira mag- nifica suas observacées. ou 3m Delft vivia um médico interessado em ana: tomia, Regnier de Graaf, descobridor dos foliculos do ovirio (que t&m seu nome), em que os dvulos se ormam, {..] Graaf vislou Leeuwenhoek e viu ma ravilhado a0 microscépio os animalculos que havia ‘uma gota dgua de chuva e escreveu prontamente para a Royal Society Leeuwenhoek [..] era um ho- ‘mem simples, que nfo conhecia latin, na época a Jimguagem dos homens educados e cultos. Escreveu ‘uma longa carta, que precisou ser traduida para 0 inglés, cantando 0 que descobrira(.) Pouco tempo depois a Royal Society o incluiu como um de seus membros Leeuwenhoek escreveu 775 cartas para a Royal Society of London. Desereveu diferentes peque- nos seres vivos, seus tamanhs, como se moviam & quanto tempo viviam: bactérias alas, protozodrios {seres constiruldos por uma tinica eélula), presen. tes nas dguas de rachos elagoas. [..] Fama 2A SARTO. A Avena cediog 0 problema Leeuwenhoek era um homem simples fi- Iho de artesio e de familia de comerciantes. S6 sabia falar e escrever em holandés, idioma que era desdenhado pelos académicas da época, ‘ido como "lingua de pescador”. Nao se familia rizava com o latim, que era a linguagem utiliza- dda pelos clentistas e outros homens cultos. No entanto, mantinha contato com 0s membros da ‘Royal Society of London por meio de cartas que feram traduzidas do holandes para o inglés. Ape- sar de Leeuwenhoek nio ter tido a formacao de um cientista, suas observacbes, descrigoes € descobertas eram respeitadas pela comunidade Clentifica erepresentaram enorme contribuicao ‘para 0 conhecimento cientifico, possibilitando 0 avango do estudo da Biologia e uma nova per- cepedo da ciéncia médica. Pincura etratanda Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723) (VERKOWJE, Jan, 1680. Oleo sabre tela, Sem X 47 can) Pense em uma solucao + Discuta com seus colegas a seguinte afirmagdo: a Hist6ria da Ciéncia pode ser considerada um processo répido no qual o conhecimento é onstruldoa partir de descobertasisoladas de clentistas genias. + Leeuwenhoek era um homem simples, mas suas investigacdes foram cextremamente importantes para diversis areas da Biologia e da Me- dlicina, Como ocorreu esse processo? + Que conjumto de fatores possibiiton @ ampliagao dos connecimentos cientificns em relagdo & existéncia de organismos microscopicos? esi ay VATTTTTINTER responsaemsescaiere el Este problema também é nosso! = A construstio do conhecimento cientfico € composca de uma série de caractersticas pr prias, No entanco, muicas vezes as informagbes acessives a nés podem trazer uma imagem distorcida sobre a Ciéncia, 0 cientista e © conhecimento cientiico, Selecione alguns filmes, eras publictirias, noticias de jornal e analise-os buscando levancar como sao caracteriza- dos os cientistas ea Ciéncia nesses materiais. Fa a também uma busca na internet por ima- gens de cientstae, Depoie,reflita: a imager do cientista e da Cisncia retatada pelos meios de comunicagao contribui para a construcao do conhecimento cientfica? 5e O que é Ciéncia? Como. conhecimento cientifico € gerado? Nao existe uma definigo consensual de Ciéncia, Existem, no entan- to. alguns aspectos essenciais que podem qualificd-Ia: os conhecimentos Cientificos consistem em produgdes humanas, criadas hist6rica e cultu- ralmente e sto, na sua maioria, resultado do trabalho coletivo e colabo- rativo, podendo surgir de interacdes dos sujeitos nos meios sociocultu- rals em que vivem. 0 olhar do pesquisador é direcionado e construido 4 partir de questies e levantamento de hipdteses, seguldos de etapas de observagio, registro e andlise dos resultados obtidos. 0 pensamento Cientffico pode ser considerado, portanto, um método de andlise apro~ fundada.E importante saber, no entanto, que ndo existe receita para a elaboracdo de tals conhecimentos, ¢ sim diferentes caminhos possiveis. Na Biologia, por exemplo, o uso de experimentos e demonstracées € ‘muito comum, Embora nfo haja um conjunto tinico de procedimentos para a produ- lo de conhecimento cientifico — cada drea ou cada subdrea apresenta uma série de agies caracteristicas —, muitos pesquisadores seguem eta- pas semelhantes as apresentadas no esquema a seguit: Uma das vanta- gens de seguir essa metodologia & que ela possibilita que outros cien- tstas tentem reproduzir os experimentos para verificar 0s resultados. aoe Some hipotese i © Grande parte do conhecimento cientifico esta pautada em fatos, hipdteses e teorias Fatos isolados ndo explicam muita coisa. Sioas hipoteses e as teorlas que ajudam os cientistas a interpretar os fatos e prever a ocorréncia e as condigdes que permitem ou causam tais eventos. A diferenca bésica entre hipétese ¢ teoria é que uma teoria procura explicar um conjunto mais abrangente de fenémenos naturais. Uma ex plicacdo sobre por que raios se formam durante a chuvaé uma hipétese: uma explicagao sobre todos os fendmenos elétricos ~ nao apenas sobre raios, mas sobre como a corrente elétrica cizcula pela rede, como corpos eletricamente carregados atraem ou repelem outros corps carregados ‘e magnéticos constitui a teoria eletromagnética. Teorias e hipdteses devem ser guiadas pelos fatos tanto em sua construgo como em seu desenvolvimento, Podemos perceber, entdo, que em Ciéncia a frase popular isto é ape- rnas uma hipétese” ou “Isto ¢ apenas uma teorla’ no indica uma mera especulacao fantasiosa. Fatos, hipéteses e teorias sao coisas diferentes, eles ndo estio ordenados do mais verdadeiro ao mais incerto. [Fatos, hip fas SSS bsenacbesedescrigbs de fendmenos ‘ue corespender oe que score Mb mundo natura fomogso de ‘rathonar plantas 2 mulpleacso de Merrgansines nes abmentos aque Seobhetos ee ipéteses. So expcages Pareles dedetenninados aos da heturema Ur exemple de iptese 2asugasto de ques foge sauece a ‘39033 paras poe ele fomece ‘erola provenler de quem do ‘ombustve paras molculs de ‘etempersutada Sova Teoras Ssoepliaries eaisde ‘temadesnGmenosou fats da ature. A teonadagraveacaoprecura ‘eserves como osabietesseatiaem ‘eating devas masses expands ‘amber aorta de planetase outs, ‘hjetoscelstes bem coma aequeda de ‘bjetos na ea Ateona de evolczo pocura expla de que modo e por cue anjuntos eeergnismos vives musa Solonge hs geacoesapresntand Mumeome suger aovarespecose ‘como ese acon, (Representacie fora de propercao; cores: fanaa) (ED histiria da ciencia Neste tivo, a0 estudar a Biolo Ga tratamos de alguns aspectos historicos da Ciéncia em geral = 4a Biologia em particular. Em al: {uns momentos 0 resumo apre: sentado pode dar a impressio ce uma progressio linear, mas ra realidad muitos conceitos seguiram caminhos diversos, sendo abandonados e/ou resga’ tados tempos depois; problemas sem solucio e falsos inicios so abundantes. importante, por tanto, frisar quatro pontos que precisam estar em perspectiva, quando estudamos a histéria da Ciénciat 1.A escolha dos fates e perso: ragens ¢ direcionada para a historia dos conceltos que aceitamos hoje, mas isso nao significa que sao verdades defintvas, 2..Nem sempre € possivel iden: tifcar quem descobriu ou quando foi descoberto um conceito importante. 3.Mesmo os clentistas_atual mente reconhecisos comete ram equivocos na busca por explicar fenémenos naturals. 4.Mesmo os ciemtistas menos reconhecidos atualmente po: dem ter feto importantes con tribuigées para a construcao ddo conhecimenta humana, ve © Investigacao cientifica Uma hipétese cientifica deve fazer previsbes sobre 0 mundo e dizer 0 que vai ou ndo ocorrer caso ela esteja certa. Por exempla, a hipotese “adi CGionar sal ao gelo faz.com que ele derreta mais rapidamente” prediz que, se adicionarmos sal sobre o gelo, ele se fundira e ficara em estado liqui- do. Essa hipotese decorre do fato de que, se tirarmos um cubo de gelo do congelador e polvilharmos sobre ele um punhado de sal, o gelo comeca a derreter. Porém, outros fatores, como a retirada do gelo do congelador, podem contribuir para esse fato, Assim, a hipétese precisa ser testada. Um bom teste de hip6tese exige um experimento bem planejado e executado com elevado rigor técnico, incluindo um controle. Um con- trole corresponde a uma repetico do experimento que reproduz, as ‘mesmias caracteristicas, com excegao do fator cujo efeito queremos ob- servar, no caso, a adicio de sal. Por exemplo, se pegarmos dois cubos de gelo, colocarmos sal em apenas um deles ¢ observarmos que gelo com sal derrete mais rapidamente que o gelo sem sal, afastaremos a possibilidade de que o gelo com sal tenha derretido apenas por causa da temperatura ambiente No entanto, apenas verificar que o gelo com sal derrete mais rapido ainda nao provaria de modo definitivo que ¢ o sal que derrete o gelo. Outros fatores poderiam interferir ~ por exemplo, poderia haver algu- ma diferenca na posicdo dos cubos ou mesmo nos recipientes em que eles se encontram. Quase sempre € possivel pensar em uma explicacio alternativa para 0 mesmo resultado Por isso ¢ que muitos fldsofos da Ciencia consideram que nao ¢ possivel comprovar definitivamente uma hipotese cientifica quando se obtém resultados de acordo com sua pre- visdo: € possivel apenas refuté-la quando 0s resultados so diferentes dos previstos, 0 efeito do acaso também ¢ importante. pois pode ser que o gelo xno copo com sal tenha derretido mais rapidamente apenas naquela si- tuacdo. Para diminuir a influéncia do acaso, normalmente sio realizadas repetic6es do experimento nas mesmas condicGes, Essas repeticoes $40 chamadas de réplicas. Os testes estatisticas de hipétese tornam mais confiveis as explicacdes cientificas e podem eliminar algumas explica- (bes alternativas menos razodveis, De forma geral, seguindo esses procedimentos para analisar fend- ‘menos naturais, estamos aplicando um método cientifico eecitaca AA Ciencia & uma construcio de nossa sociedade carrega, em seus métodos, principios e preceltos do mode de pensar especifico da nossa cultura. Porém, outras sociedades também possuem formas elaboradas de conhecimento, cam seus préprios “cientstas", que sdo tidos como si: bios, lideres, xamas etc J etnociéncia estuda as formas de conhecimento de outros povos. Ela pode ser dividida em outras éreas, como etnoastronomia, etnomatemt {, etnobotinica e etnazoologla. Os conhecimentos tradicionais dessas ‘utras culturas podem ser em muitos casos incorporadas pela Ciéncia, ‘Muitas pesquisas com plantas medicinals, por exemplo, tim comprovado a eficicia de seus usos tradicionals em cutras sociedades, £Em Madagascar, na Africa, por exemplo, etnomatematicos trabalharam com a etnia Antandroy e estudaram o modo como os adivinhos locas, chamados malgaxes, utilizam complexas combinacbes matemiticas fel” aciinho da etia Anti ois Filofoda Génca, 0 austrace Karl Popper (1902-1994) foie principal detensor da ‘efirabidade das hipoteses ‘entfcas. (Londres, 1973,) 5 ¢ roy, tas com pedias (e no niimeros) para suas precig6es. Isso mostra a va- Sue manipula grics sole urna riedade de formas possiveis de pensar, mesmo para aquilo que parece ina ipa de eaderno, para prever fo mals 6bvio co destino, (Madagascar, 2007.) i z | yagio do fondrneno: gelo com sal derete mai 3 Formalacto de uma hipétese: ‘adicionar sal 20 geo faz com que ele derrta nals epidamente” “Teste da hipétexe com experimentagio reprodutivel © controlada: expenmenta para testar Se gelo derece deforma idéntca fem das scuagdes: 1~ elo fora ‘docongslador;2~gelafora do ‘congelador com adiao de sa Se ahipéwwse for refutada: sar as conclusdes para elaborar nova hipouse evecomecar 0 processo. paleo p Se a hipétese ndo for rfutada:cornar os resultados andlise ereprodicao pela communidade ‘entific, "Gelo com sal dereze mais rapidamente ‘que gel apenas fora de congeladon” pidamente. Tepe ogee nee reer cae eaten oe reseaut con s avestes ea amass Go rmesigagascnthca Oil Sampo os creaS eM [> Atividades ‘Aplicagao 1 Obserando amosiras de gua a0 microscdpio, Leeuwenhoek encontou uma grande dversdade de rierorgaismos, que chamou de “animeulos”(mi- ndzculos arimais),O trecho a seguir descreveum dos procedimentos que ele adotou em suas ivexigagdes. Baseando-e nese toto, eabore um exquera seme- thante ao apresencado acima, incluindo a obsenaga0 Essas criaturas teriam vindo do céu? Leeuwenhoek a lavou com culdado um copo, enxugou-o, deixando- 0 debaixo de uma goteta do telhado ~ encontrou 10s animalculos. Mas talvez vivessem nas telhados e fessem arrastados pela aqua. Nao se satisfer.. La- Respondaem seucaderno srniase creer? do fenrdmeno, a formulastio da hipétese, reste ea 2 Suponha que voce e seu colega fossem os encare- condlusio de Leeuwenhoek (com controle) gados de investigar se uma banana embrulhada em jomal amadurece mais rapido. Fagam um esquema. vestigaeao. Comparem seus passos com as erapas da “nvestigacio cientfien especfieadas anterirmente comunicagao vou cuidadosamente um prato, saiu com ele para 3. O campo que englobaa pesquisa sobre a vida fora a chuva, A primeira agua ele desprezou, colhendo do planeta Terra - como surge, se ela existe em ‘mais chuva, Nao havia dhvida; nenhuma criatura outros pontos do Universo - é denominado Astro- ‘parecia, Os animalculos nfo vinham do céu. Guar- _biologia. Discuta a cescabilidade das hipteses em doua agua limpa que, dias depois, acumulou poet- que se baseia a Astrabiologia, isto &, se ela deve rae apresentou as mindsculas criaturas: inham da ser considerada ou nao um campo das Ciencias, potiral Adicionou pimenta em pé, salsa @ outras plantas; abservou que 0 niimero de animalculos aumentava, Bxaminou a agua dos canais de Delt € agua domar encontrando muitos tipos diferentes de microrganismos da nhac Saas Hache 203 p1916 jos passos que voeés tilhariam para conduzir a in- 1@ Uma breve introducao a Biologia Oquea Biologia estuda? A palavra Biologia é formada pelos termos bios, que significa vida, « logos, que significa estudo, ambos de origem grega. Assim, por uma definicdo puramente etimolbgica, Biologia seria a ciéncia que estuda a ‘vida e suas caracteristicas Nesta obra estudaremos a origem e a historia da vida na Terra, as estruturas que formam os seres vivos, como eles interagem entre si com o ambiente e como funcionam. Assim, poderemos compreender a importancia dos seres vivos na preserva¢ao do ambiente e na manuten- do da vida na Terra e tomar importantes decisdes que envolvem nossa Sociedade. © ABiologia presente em nosso diaa dia A Biologia nao deve ser vista como algo distante, mas como uma area da Ciéncia que produz conhecimentos que podem infiuenciar direta- ‘mente nosso motio de vida. Por exemplo, o conhecimento a respeito da nnutrigdo das plantas e dos animals pode orientar algumas priticas nos campos da agricultura e da pecuaria; saber como o conjunto de organs ‘mos sofre mudangas ao longo das geragdes permite o combate mais efi- caza microrganismos causadares de doencas;o esclarecimento sobre co ‘mo 08 organismos se relacionam com o ambiente pode ser usado para combater a poluigao, Da mesma forma, para decidir se um projeto de hidrelétrica deve ou nao ser levado adiante, ndo basta pensar em quanto isso custaria, quais beneficios materiais a usina traria ou como os engenheiros deveriam construt-la.& preciso também empregar conhecimentos biol6gicos para avaliar como essa hidrelétrica pode afetar o ambiente a seu redor, se algumas espécies correm 0 risco de desaparecer do local € como essa construcdo pode prejudicar a populacio residente ou mesmo atividades econdmicas como a pesca ea agricultura. E isso é vélido para qualquer grande intervengio humana na natureza A Biologia ainda pode auxiliar em questdes filoséficas e algumas vveres polémicas: Quem somos? De onde viemos? Qual ¢ nosso desti- no? Quando comeca e quando termina a vida humana? Por vezes esses questionamentos sao originados de novos conhecimentos biol6gicos. £0 caso da Engenharia Genética, em que 0 uso de novas tecnologias, como clonagem, transgenia e células-tronco, gera diversas dividas éticas na sociedade sobre as diferentes aplicagbes desses saberes. i 5 i E 5 Exemplos de acts da Biologia em nossa sociedade. (A) Bislogo ‘eudanda 2s condigaes de nutngao de plants em cultvo, (lnhumas, CO, 2012.) (8) Cieniza preparando solucdes no Complexa Teenoligico de Vacinas da Fundagso Oswaldo Crus (Rio de]anciv, R, 2010.) (C) Hideelérica de ltaipa. (Foz do Iguagu, PR, 2015.) Anaises dos efeitos de alagamentos foram realzadas, em 1982, para aconstrugao dessa usina $2 © ABiologia eo conhecimento cientifico interligado A Biologia ndo é uma ciéncia isolada. Ao contrario, ela recebe contri buicdes de diversas areas do saber, bem como contribui para elas. A Ma~ temitica ajuda a quantificar e relacionar processos vitals ~ por exem. plo, como tamanho de um organismo se relaciona com a quantidade de alimento a ele necesséria? Ji 0 Dizeito se beneficia da Biologia, por exemplo, com os métodos de analise de paternidade.A Quimica permite ‘acompreensio com mais profundidade dos fendmenos moleculares que ocomem durante a alimentagdo e 0 esforgo fisico e de forma geral dos processos que permitem a Vida. A Arte tem ligacao com a Biologia: as Instracbes cientificas auxiliam os cientistas a Tepresentar as estrururas 08 processos que ocorrem nos seres vivos; da mesma forma, 0 conhe- cimento biolégico pode ajudar os artistas ~a maior expressio disso sao 0s estuclos anatOmicos realizados por artistas renascentistas, como Leo- nardo da Vinci, para a elaboracdo de obras cada vez mais realistas. E mesmo exclusivamente dentro da Biologia podemos e devemos ob- servar suas disciplinas de modo interligado. Por exemplo,a Genética possi- bilita 0 conhecimento de como as informacées responsiveis pelas caracte- risticas dos organismos so transmitidas de pals para filhos,o que facilita, por exemplo, a classificactio dos seres vives (Taxonomia), pols permite a compreensio das diferencas e semelhancas entre os organismos. Muitos conhecimentos da Genética também podem auxiliar no entendimento de como o ambiente atua nos organismos e é por eles alterado; essas so in- formagOes importantes para estudos de Evolucdo e Ecologia. © °o A Biologia integrada & Quimica: em conjunto, ‘esas citacas podem explicar as fenomenos {que acontecem durante 9 esforco Fisica (A) © slimentagho (B), assim como os fendmencs tmvolidos na obcengao de eneria pelas Planas (C)e por outros organismos. 1e ‘© Conceitos unificadores no estudo da vida A Biologia & uma dea do saber cujos conhecimentos devem ser observades de forma intimamente interligada. Nao se trata, portanto, de um amontoado de fatos ¢ dados iso- lads, pois cada um deles deve ser observado de forma abrangente. Algumas ideias so fundamentals para esse tipo de abordagen: elas sto conhecidas como conceitos unifica- dores, pols indicam como podemos relacionar as informagbes a respeito dos seres vivos Diversidade e relagdes entre os seres vivos -Muitas caracteristicas da enorme diversidade de organismos existentes podem ser ana- lisadas do ponto de vista das interagSes entre eles e também com o ambiente, Por exemplo, © formato das nadadeiras dos peixes, que permitem que eles se desloquem pela égua; 0s dentes afiados dos carnivoros, que os ajudam a segurar e matar suas presas, a clorofila, presente nas plantas, que capta a radiacdo luminosa, permitindo a transformacao dessa forma de energia em energia quimica dos acticares. Como nenhum organismo vive isolado, ‘essa abordagem fornece um importante ponto unificador do conhecimento que podemos tera respeito da vida. Composicao cetulai ‘Todos 0s seres vivos sdo constituidos por unidades vivas bisicas: as células. Estas va- ‘lam em forma, tamanha, composi¢ao e fungio. Algumas tém estruturas locomotoras, como ilios e flagelos; outras apresentam cloroplastos que permitem a fotossintese; muitas tém mitocdndrias que possibilitam geracdo mais eficiente de energia. Essa variedade relacio- ‘na-se com a funcdo que a célula realiza no organismo. Organismos mais complexos geral- ‘mente tém um niimero maior de células constituindo seu corpo. Elas podem estar orgar zadas em tecidos, 6rgios e/ou sistemas. Assim, os estudos celulares podem explicar muito sobre o modo de vida dos organismos. (0s fendmenosbiolépins faze mais sentido quando ‘observados de forma inteprada, Os conceizos ‘nifieadores da Biologia propiciam a base para a abordagem dessa forma. (Represenracao fora de proporgso, cores fantasia) ‘Transmissao das informagées hereditarias Os seres vivos tém em suas células moléculas de DNA (acido desoxir- ibomuceico) e/ou RNA (aeido ribonucleico), que contem as informacoes genéticas relacionadas a caracteristias, desenvolvimento e funciona mento do organismo. © processo de transmissio dessas informacies & denominado heranca genética e 6 ele que torna os descendentes parecidos com os ancestrais. AlteracOes ocasionais, denominadas mutagdes, podem ocor- rer no material genético, e elas podem ser propagadas. A compreensio slobal desses fendmenos é outro aspecto tnificador fundamental para entender o funcionamento de um ser vivo. Evolucao As populagdes, ou seja, 0s conjumtos de organismos da mesma espécie de wm determimado local, sofrem mudanas no decorrer do tempo portan- to, das geragdes Toda a diversidade de formas de vida no planeta pode ser entendida como modificacies a partir de um ancestral comm. A ances tralidade partilhada explica muitas similaridades entre os organismos, en- quanto a divergéncia a partir de um ancestral explica boa parte das dic ferencas. De modo geral, quanto mais parecidos sio os organismos entre si, menor é 0 tempo decorrido desde que seus ancestrais se separaram. Humanos se parecem tanto com chimpan- fs porque partlharam um ancestral comum hi cerca de 6 milhdes de anos e se parecem menos com ratos porque seus ancestras se separaram ha cerca de 75 miloes de anos. Mas todos partilham as caracteristicas de amamentacio dos Slhotes pelas femeas e presenca de pelos no corpo. Quanto mais recnamos no tempo, maiores $80 43 diferencas entre os organismos atuais, ssa inter-relaco profunda 60 mais impor- tante elemento unificador dos conhecimentos em Biologia. & a tal ponto fundamental que tum dos mais eminentes bidlogos. 0 ucraniano ‘Theodosius Dobzhansky (1900-1975), disse certa vez que “nada em Biologia faz sentido no ser a uz da evolucdo". Ceres AA vida € um fendmeno bastante complexo. As formas de vida conhecidas s0- ‘mam mais de 1 mithao de espécies, que sao estudadas em detalnes com diferen- tes enfoques peles subéreas da Biologia. Conheca algumas delas a sequic Ecologia stud as reyes entre ‘ot orgeismosecore ‘ier eoambente. Biogen Estuda se reagdes ‘quimicas que Fisiologia Estudao funcionamento dos organises. Zool Paleoncologia Estuda os anima, stud os fae Evolugdo Estuda as alteragaes ‘Anatomia Estuda a estuturs doe oxganiemos. ‘nos organismos durante ‘tempo. suds a heranca Gandticn biogica feuds oF icrorgenizmos Bocinca | Riga stud as planas. | Mirobiologia | Embriologia tstuda © desenvolvimento Virologia Citologia Estuda os evs studs a la, dos seres vos, 4s Fecundagto 20 Produgao académica Cencsvegeeseoneas cum og eiiice 0g inserter [Numero de atiges académicos (publcados por pesquisa dores brasileos nas dez areas mas prolfeas do periods (2008 3 2012) Note que, dessas dez reas, cinco festio bgadas 3s Gidncias Boldgias (dented em verde), inclusive 35 [ts primeira colocadas. Fonte: falhacom/nots41824> Deere fs. 26 ‘Tatabe an questoee a sogur ramerte oom 08 anes pera vita «com rou ortaioos desenvlion ro Teva eee de rsseg cam 2s sees do PEZERTITET TEA Responda em seueaderno Zia uss bolafa het Guess coenton cntesiows da Belge? 1 Procure em um dicionério a definigio de Biologia. © que voet achou dessa definigio? Voce ‘acrescentaria algo a ela com base nos conceitos unficadores da Biclogia? 2, Bxempliique uma situagio em seu dia a dia na qual vocé pode necessitar de conhecimentos da Biologia, 3. Pesquise se os wins podem ser considerados seres vivos mesmo nto sendo compostos de células. comunicagdo 4 Em que sero dos jomais e em que tipo de revista ou paginas da interes sio divulgadas not cias sobre Biologia? O que essa informagao indica a reepeito da Biologia? ou Oqueé vida? Conceituar vida parece algo primordial em Biologia, mas a tarefa é ‘muito mais complicada do que parece, e ainda nao existe uma definigao consensual entre os cientistas sobre esse conceito bastante complexo e abrangente. Um melo de abordar 0 assunto é analisar as caracterfsticas compartiInadas por tudo 0 que é considerado vivo, Neste Tema, estuda remos algumas dessas caracteristicas, esperando possibilitar a constr. lo de uma compreensio individual do que é vida e do que € vivo sob a Visio da Biologia. © E possivel definir vida? Identificar caracteristicas comuns a todos os seres vivos nio é tarefa facil pois deve-se levar em conta desde animais enormes, como uma baleia-azul, até seres unicelulares microscépicos, incluindo também plantas, fungos e outros, Atualmente, considera-se que as principais ca- racteristicas dos seres vivos sao: reprodugao, organizagao celular, cres- cimento e desenvolvimento, metabolismo, resposta ao ambiente e, por fim, evolugdo. Leia a seguir um pouco mais sobre essas caracteristicas. A capacidade de reproduc é uma caracteristica muito evidente marcante dos seres vivos, envolvendo a geracao de novos individuos e a transmisstio de informacées hereditarias. Existem dois tipos de repro ducdo: reproducdo assexuada, na qual um novo individuo é originado dda multiplicacdo de uma ou varias células provenientes de um tinico ser vivo. a reproducdo sexuada, em que wn novo individuo se origina da ‘unido de células especiais, os gametas, geralmente produzidos por dois Porém, nem todos os organismos que consideramos vivos se repro- duzem. A mula, por exemplo, é um animal resultante do cruzamento de um jumento com uma égua, mas é estéril, de modo que nio consegue se reproduzir naturalmente. Seres que ndo sdo ampla- mente aceitos como vives podem de al- guma forma se reproduzir. Os virus ¢ os prions, por exemplo, se reproduzem mul- tiplicando seu material genético no inte Hor de células hospedeiras, mas nio sio considerados seres vivos pela maloria da comunidade cientifica ~ isso porque ne- cessitam obrigatoriamente parasitar célu- las especificas para se multiplicar. Amula éum exemple de ser vivo pluricelular que nao tem a capacidade ‘de produsirdescendences, Biologia eo estudo da vida EA osimboto do Bisiago © circulo no simbalo represen ta a uniao e a perfeicgo. A estru tura do DNA fora um esperma: tozoide que fecunda o ovécito (cireulo azu), simbolizando uma nova vida. A folha verde na base o circulo representa os seres fo tossintetizantes, base da cadeia alimentar. A espiral dentro. da falha€ 0 simbolo da evolucdo; 0 azul & cor da Biologia eo verde {a cor universal de representa: lo da natureza. fonts Corseho ode dig, Organizacao celular Os seres vivos tém uma organizacio bastante complexa, Sdo for- mados por diversas partes dispostas hierarquicamente, sendo as célu- ls sua unidade fundamental, Mesmo nos seres unicelulares, ou seja, formados por uma imica célula, essa complexidade é evidenciada pela coordenacdo entre as fungdes realizadas pelas estruturas que a cons- tituem. Nos seres pluricelulares, formados por varias células, essa organizacio ainda pode atingir niveis de tecidos, érgdos e sistemas. Crescimento e desenvolvimento Apesar de niio se tratar de uma caracteristica exclusiva dos seres vivos, 0 erescimento acontece de maneira diferenciada entre eles. Se res vivos phuricelulares, além de aumentarem de tamanho por meio de crescimento de volume e multiplicagdo celular, também se desen- volvem, tornando-se adultos, por exemplo, No processo de desenvol- ‘vimento nos organismos pluriceulares, ocorre ainda a diferenciacio celular, pela qual as células se tornam mais especializadas em exercer determinadas funcdes. ‘Aldo de eescer, 05 ers sivas podem passar por eransformagoes dristicas, como ‘ocote na deservolvimento de uma lagarta (A)em borboleta (8) Nas fotos lagna © orboleta da espécie Dana plenppes Bacctia da especie Holeobate por, tim organisma unieular organcads ‘omplexamente, (Microscopia ‘lermca;aument 9.800 Colorisada arefialmente.) Metabolismo Outra caracteristica comum aos seres vivos ¢ o metabolism: con- junto de reagées quimicas de um organismo responsdveis por gerar ‘energia e manter sua organizacio interna Em alguns organismos. porém, especialmente em condicbes ambien: tais adversas, ocomre a interrupcdo quase total dessas reacOes. E eles podem permanecer assim por um longo periode, retornando ao estado tivo tAo logo as condicdes do entorno voltem a ser favoraveis. Tardi- grados, artémias e leveduras so algums exemplos de seres em que esse fenomeno é observado, nae (0s tadigrados da espécie Echinscus testudo, também conhecidos como ursos agua, sdo Invertebrados microscopicos que vivem em aguas costeiras e agua {éoce, bem como em locals semiaquiticos, como superfices com musgos «imi dos. Hes necessitam do melo aquatic para reir 0 gis oxiganio dissolvido na gua para a respiracio. Em condiqGes de falta de Sigua, eles entram em estado {Ge criptabiose, ou seja, em que 0 metabolismo fica praticamente interrompido. ‘Quando as conigGes ambientais se tomam favoraveis, voltam a0 estado atv. Tardigrado do género Ethnic. (Microscopa eletbnics: ‘aumenco: 180 %; colrizada arficialmente) iB A : 2 Resposta ao ambiente Os organismos vivos interagem com a matéria © outros estimulos, como luz, som, calor e sinals uimicos provenientes do ambiente ao seu redor. E, obrigatoriamente, produzem uma resposia a eles: fuga de predadores, procura por alimentos, liberacao de composts quimicos, entre outras. Parte dessas respostas ajuda-os a manter as con digdes de seu corpo dinamicamente estiveis, por exemplo, em relagdo a temperatura ou a quanti- dade de agua e de sais minerais. Essa capacidade do organismo de se manter em condigées internas apropriadas ¢ chamada homeostase Evolugao ‘A evolugdo é um processo que resulla em des- cendéncia com modificagGes possiveis de serem transmitidas de uma geragio para outra, levando assim a transformagdo das populacBes ao longo (0 ovoe do mosquito Aad onppt cransmissor de doengas imporeantes como a dengue eo viru za, podem permanceer latentes por mais de um ano quando o ambiente esa seco ou fio semis, Em resposta ao aumento de temperatura ov umidade, @ lana (fo) eclode do ove eo ineto segue sau cio de vida. do tempo. Alguns especialistas sugerem que a evolugao deva ser consi- derada a principal caracteristica definidora da vida. A vida seria entao uma propriedade nao de individuos, mas de um conjunto de individuos. Entretanto, como a evolucdo depende da reproducao, a objecdes feitas a uso da reproducdo como caracteristica definidora da vida podem ser feitas também aqui~ coma diferenca de que a evolucio ¢ um fenomeno populacional e a reprodugio, um proc 0 individual Tabane 2 auton aso eramanta com ox ane po varia acampennto doe Responda emseu caderno chotseoumise smitten aplicagao otsopa can an aucsos So Anas serene gr 1L Um agiculkor cruza duas varedades de milho # abtém uma planta mais robusta, com maior produtividade. Porée, indviduos dessa nova variedade no sio capazes de se reprodusir, Con- Siderando a evolucao 3 principal caracteristica definidora da vida, essas plantas geradas podem ser cassficadns coma sere vvos? 2. Tente formulae sua definicao de vida combinando duas ou mais das propriedades discuti- a. Verifique as possives limiacoes dessa nova definicao, comparando-as com as de seus colegas comunicac: '3. 0 personagem Calvin na trinha afirma ser 0 auge da evolugao, Voce concorda que haja um auge da evolucao? Converse com seus colegas a respeio, hs eves oc anos Tea Rea sf oe 2e Surgimento de novos seres vivos Como surgem os seres vivos que habitama Terra? Apesar de atualmente parecer muito trivial aceitar que seres vivos Seah comarientn sia reste nomen somente surgem pela reproducao de outros seres vivos de sua espécie, Sipnnadouses ness nucesane a como afirma a teoria da biogénese, essa ideia dividiu a comunidade "Unde Cientifica por muito tempo. Desde a epoca de Aristoteles, no século IV a.C, ja eram conhecidos os processos reprodutivos de alguns animais, No entanto, como para outros seres vivos esses processos ainda nao esta~ vam esclarecidos, acreditava-se que eles surgiam da matéria inanimada Essa ideia era conhecida como teoria da geracdo espontanea ou teoria da abiogénese, ® Oprocesso de aceitagao da biogénese 0 processo de acimulo de argumentos contrarios a essas hipdteses de geracdo espontanea foi lento e muitas vezes influenciado no decor- rer da historia por diversos fatores, multos deles sem relagio direta com a Ciencia. Trechos dessa histérla, com alguns de seus personagens principais, serdo apresentados a seguir. Observe no trecho importantes pistas de como o conhecimento cientifico pode ser produzido. Francesco Redi O cientista italiano Francesco Real (1626-1697) fot um dos primeitos Aosciewsdrenesomtretoadecis a colocar em teste a ideia da getagio espontinea. Na metade do sécu-_[retigr ues Pesssnt Ses a Jo XVIL, Redi estudava as larvas (genericamente denominadas vermes, xiao Ndeaes car na época) que apareciam na matéria em decomposigao. Ble observou“W"* = TS Sserromice como essas larvas surgiam na matéria que tinha entrado em contato com moscas e que, posteriormente, essas larvas se transformavam em nnovas moscas. Suas observagdes o fizeram duvidar de que as larvas e rmoscas fossem geradas diretamente da carne apodrecida, como se acre~ ditava na época. Ele props entio um experimento para provar que es~ ses seres vivos ndo surgiam espontaneamente, como podemos verificar pela ilustracio a seguir Red obsevou apenas ns fascos Sherer desu epeimenta 3 fresencadelarave marcas Seas. Ofchareno do asco com uma rode mostra {que orginariam larvas na came Siveten acewo ada Ese permenta foi uma Free tenia a favor da eri da rogers que no ema, ainda ‘spade aecmplada pars ‘Aemorcas ei aaiss pas 0 f ‘resca,resssoimpedias peta resenga deaevos tee de venga carne qualce ‘outros seres vives (Representagho Frascoaberto femoscasna came, Medelanasemoscas ora de proporsio; coresfantasia) 28 Lazzaro Spallanzani A teorla da geracdo espontinea ganhou forga com a descoberta da presenga disseminada de microrganismos em nosso ambiente, gracas as contribuigGes de Antonie van Leeuwenhoek, como visto no inicio desta Unidade. Defensores da abiogénese prontamente postularam que esses pequenos seres surgiam espontaneamente a partir de uma “forga vital” en- contrada no ar. Porém, no século XVIII, outro centista italiano, Lazzaro Spallanzani (1729-1799), acreditava que esses seres seriam apenas gerados partir de outros seres microscépicos como eles, Criou entdo uma forma de {estar essa hipdtese. como podemos observar na ilustracio abalxo. Eequema Go experimento de Spallanzani eigen ¢ \ Qo senmreaa = = 14 =O g- Os resultados de Spallanzani representaram uma forte evidéncia em favor da teoria da biogénese. Contudo, surgiram muttas criticas a0 desenho experimental. O argumento mais utilizado era que no frasco fechado nio havia oxigénio, o que impediria a “forca vital’ do ar de se desenvolver e originar os microrganismos, Louis Pasteur Em meados do século XIX a discussdo ganhou novo e importante pano de Tundo. Teorlas sobre a evolugao dos seres vivos comecaram a ser divulgadas ~ em especial as idelas de Darwin, interpretadas como favoraveis a geracdo espontanea. Apesar de nao ter sido afirmado tex- tualmente dessa forma, esse fato se tornou muito importante, pring palmente na Franca, para que as ideias de geracio espontinea fossem abandonadas. A visio da natureza como autossuficiente contrariava as ideias culturais que prevaleciam na sociedade. [Nese cenério altamente favorivel, Louis Pasteur (1822-1895), pes- quisador francés, idealizou um experimento cientifico relativamente simples que embasou a marginalizacao das ideias de geracio esponta- nea. Vamos observar a ilustraao a seguir para entender melhor No experimento de Spllancan, representado no esquama zo lado, apenas nos Fascos abertos contendo Gilda de came foi observed resimento de microrganizmos [fervuraelminou os seres que exavamalianterormente, €o Fechamento dos fascos imped nova contaminate 20@ [Esquema do experimento de Pasteur e i : A One. @oaargalo éesticadoe ‘ieorgantimos. afaloaetorac Om ‘epecogs decane: gum eans0 0 clio nave spor gree Spend ntsc. Drees ocalsonunno. ‘bead gm Com base no experimento esquematizado acim, Pasteur conclu que, nos frascos tom "pescago de cine", os merorganismos presentes no ar acabaram fcand etidos 1 cunvatura do gargale'¢, assim, nto atingiram o caldo nutes, Aposa ques do fingalo, os microrganismos aleangaram o caldo nutrisvoe se mulpicaram, Os resultados de Pasteur demonstraram que os microrganismos niio surgiam no caldo sem a presenga de outros microrganismos. A forma como as ideias de Pasteur foram apresentadas e defendidas tornou-as ‘um marco para a aceitacio da teoria da biogénese, embora nao tenha sido prontamente bem recebida pela comunidade cientifica, Essa resposta acabou levando a outro questionamente, talvez ainda mais profundo e dificil de ser esclarecido: "Se a vida s6 surge da vida, entdo como ela surgi pela primeira vez?" ® Formacao das primeiras moléculas organicas Awimente amin dos ces cocota eas orion Sinpeenapiom edevem cigemacntae maxconpera serine [gl] tenaete® bo deservoinents via pra converses ne ar unas Cae vias devem ter permitido que a sintese ou a quebra das moléculas ocor- Sabe-se que na Terra primitiva ressem de forma mais eficiente. Desses eventos quimicos para a vida foi pe enim hic. so dr eakater ig tmoal canta ea manela como les detainda Cassano espe- 4. Maus de Sus de culagbes epesaisas no eisa em sua forma ga {osa Tie (0) nem na forma de Oparin e Haldane entnlg (0) Portantoacmada de ozbnio, hoje uma barreira que fila 0s ralos nocivos co Sol, ndo era formada na época, Durante as primeiras décadas do século XX, os centistas Alexander Oparin (1894-1980), russo, e John Haldane (1892-1964), inglés, propuse- ram, de forma independente e quase simultanea, uma hipotese para ten- de modo que a radiacio solar tar explicar a origem da vida a partir de uma sequéncia evolutiva de ge- _auingia dretamente a superficie racio de moléculas cada vez mais complexas. Esses cientistas sugeriram _terrestre. A energia proveniente que 0s gases presentes na atmosfera primitiva eram hidrogénio, ambnia, __ #552 radiacao foi provavelmen: te fundamental para aformacio de novas substancias no plane- ta. De modo similar, a auséneia de gis oxigénio, um potente metano e vapor de agua € que num dado momento a Terra passou por longos periodos de tempestades. Com o tempo o grande aporte de ener Bia da radiagao ultravioleta proveniente do Sol e as descargas elétricas provenientes das tempestades, em um ambiente sem gis oxigenio, ize- _Syidante, perma malot estab ram que as moléculas Inorgdnicas se agrupassem formando moléculas _lidade das moléculas complexas organicas mafores, que se acummularam nos oceanos primitives. formadas. $30 Miller e Urey Em 1953, 0s cientistas estadunidenses Stanley Miller (1930-2007) & Harold Urey (1893-1981) desenvolveram um experimento para testar a formagdo de substancias organicas nas supostas condicées da atmosfera primitiva da Terra, como proposto por Oparin e Haldane. Veja a seguir como foi montado esse experimento. je nk pra un video de atinapto ae aw ets eoolneto neo Rseusoe {Corgiomariaes ao Supimanta para profess. [Esquema do experimento de Miller e Urey 1 << f 3 Descagaselecas serdar osraos das opmantes tempest aera pth z a Gompesieiosimforacuese Scena euorna amnostra Getera pimena ¢adloorada 4 Creuloeie ce agus asim ‘sresanentos dos gases ‘ascamadar malsakae da ‘Stnoereda Te priniva, 1. Agua aquecid, tberando vapor ie agus. aaueomenteconsinee Feqroduz as aastemperatrasd | —~ Aja api sino do puderam ser observadas nessa i teetnanesteds space } ‘Embora diversos experimentos mais recentes indiquem que a atmosfera. a er pam da Tec ets sido um pous diferente da desea por Miler © smelt eguemaid {Uneyseus resultados permitiram comprovar a possive obtencio de molécu- ‘rolls comploas neue | sodas a pari de substncsinornicas em condigespartiares ot craven acdeareseurea, Aun dese i ® Das moléculas organicas as pré-células pore i Acredita-se que. medida que as primeiras molécalas orginicasforam __ lea st obsevaas esas se formando, elas se reuniram em conjuntos de macromoléculas estaveis, senchebea perenne es originando compostos onjnicos mais complexos, como proteinas (04 po~ lipeptiios), iaios polissacaris epolinucleotdens (cides mucleicos). 1 fato que algumas molécvlas distintas em solucio tendem a Scar agregadas on a se auto-organizar Esse fenémeno permite a formacio de estruturascujo interior pode permanecer isolado do restante do am Diente (como ocorre nas cétulas). Ts80 ¢ facilmente observavel na for maciio espontinea de coacervatos (do latim coacervo,“juntar"),aglo merados de substancias orginicas separadas por um ipo de membrana Represencagdo esquematica dda formagio dos coacervatos g (Representacdo fore de proporco; 2 coreefaneania)} # Fone: CAMPBELL NA. eta, 1998 1@ ‘Similarmente,em 1988 0 bioquimico estadunidense Sidney Fox (1912- 1998) descobriu que certas proteinas podiam, quando aquecidas, se as- sociar formando estruturas mais estveis, que ele chamou de microes- feras. Essas estruturas eram delimitadas por uma membrana proteica que se assemelha a formas precursoras das membranas celulares. Fox ainda demonstou experimentalmente que essas vesiculas eram capa- 20s de captar aminodcidos e aciicares do meio exterior para seu interior. Essa separacdo seletiva das microesferas com o ambiente ¢ considerada ‘um primeiro passo para a formacao das células e possibilita que as rea~ ‘cbes quimicas que ocorrem em seu interior sejam mais controlaveis, ‘Tanto os coacervatos quanto as microesferas apresentam outras carac- teristicas comuns as células além do isolamento seletivo do ambiente. Coa cervatos podem aumentar de tamanho e microesferas podem formar novas microesferas menores por divisdo. Porém, nenhum dos dois tem material genética que possa ser passado hereditarlamente. A seguir veremos mais detalles de como essa importante caracteristica da vida pode ter surgice. © Surgimento do material hereditari “mundo do RNA’ 0s acidos mucleicos sao os componentes bioldgicos responsaveis por ‘uma caracteristica marcante dos seres vivos: sua capacidade de se autor- replicar com fidelidade. Isso fica bastante evidente quando vemos que 0 Acido desoximibonucleico (DNA) e/ou o dcido ribonucleico (RNA) esto presentes em todos os seres vivas conhecidos. Essas moléculas armaze- nama informagtio genética e tém a capacidade de se duplicar ede passar suas informacoes para as células geradas pela divisdo celular. Por ser uma molécula mais simples e mais versétil que o DNA. oRNA& atualmente o candidato mais aceito como material hereditario primordial, 0 termo “mundo do RNA’ é usado para se referir a um periodo hipo- tético na evolugao da vida no qual essa molécula acumulava as funcdes de armazenar, copiar e transmitir com relativa fidelidade suas proprias informacbes (no caso, a simples sequéncia de nucleotideos). Acredita- ‘se que em algum momento 0 RNA passou a codificar e realizar a pro- ducdo de proteinas ~ moléculas que, entre outras fungoes, esto envol- vidas no préprio processo de replica¢ao do material hereditério. Em um ‘momento posterior, a fungdo de armazenar a informacdo genética pas sou a ser realizada pelo DNA, uma molécula mais estavel. 0s procariontes A vida como conhecemos hoje esté fundamentada em unida- ddes morfolégicas conhecidas como células, que retinem as carac- teristicas de isolamento seletivo do meio de capacidade de au- torreplicacio fiel. essas céhulas sao classificadas em dois grupos principais: eucariontes, que possuem material genético envolto por membranas:e procariontes, que ndio apresentam essas mem: ‘branas. Bm vista da sua relativa simplicidade quando comparados aos eucariontes, a ideia de que os procariontes tenham sido 0s primeiros seres vivos é bastante aceita. F, de fato, as evidéncias fsseis mais antigas de cétulas achadas em rochas na Groenléndia cena Austrélia datam de cerca de 3,5 bilhSes de anos e apresentam forma e tamanho similares aos dos procariontes atuais. ‘As evidéncas Fei mais antigns de ells Foran encontradas em rochas denominaas estromatdlicos, Na Totoprtia, estromatsltes.na praia de Shark Bay, na ‘Austra (2014), on 0 quesurgiu primeira? [Nio existe muito consenso so breo que ocorreu primeirona his tra evolutva das primeiras bio moléculas da Terr: 0 isolamento seletvo do ambiente (como nos coacenvatos & microesferas) ou 4 capacidade de autorreplcacio de moléculas herediinas. Hi muita especulagio sobre a ordem desses importantes eventos para © surgimento da vide, pois nao dominamas a tecnologia para testar essas hipéteses. Seoundo alguns, avid teria surgido como moléculas heredtarias autor plicartes, isoladas em pequeras ‘uantidades de aqua em super ficies sida, que apenas depois adquirram suas proprias cama: das protetors, Outros acredtam {que oisolamento do meio através cde membranas selewvas permiiy vantagens a molécuas proteicas que catalsam reacoes especit ‘as, sendo aaquisicse de materia hereditanio 0 passo seguinte no processo de surgimento da vida. Hipéteses heterotréfica e autotréfica ‘Uma das principats questdes sobre os primeiros organismos que habitaram a Terra 6 se eles eram autétrofos, ou seja, capazes de fabricar o préprio alimento (como as plantas), ou heterdtrofos, incapazes de produzir seu alimento (como os animais) A ldeia de que os primeiros organismos teriam sido heter6trofos € conhecida como hipétese heterotréfica. De aconio com ela, a abundancia de moléculas organicas nos mares primitivos favoreceria o habito de absorver, do meio que os circundava, as mo- léculas necessérias para sua manutencdo e sobrevivéncia, Esses primeiros organismos heterétrofos provavelmente apresentavam metabolismo anaerébio,ou seja, obtinham a energia necessdria para a vida a partir de um proceso que ndo utilizava gis oxigenio {ainda ausente ou em pequenas quantidades na atmosfera terestre) e possivelmente reallzavam fermentagio, nutrindo-se de moléculas organicas simples e produzindo 48 carbOnico (CO,) e alenol (C:H,0H). Contudo.a ideia atualmente mais aceita para a origem dos primeiros seres vivus €a hipétese autotréfica, segundo a qual os seres pioneiros seriam capazes de obter ener- Sia a partir de matéria monginica. Essa hipotese baseia-se na argumentacdo de que no existiriam moléculas orgénicas formadas de maneira espontanea em quantidade suficiente para sustemtar a reproducao de hetertrofos até o surgimento da fotossintese Assim, de acordo com as ideias mais recentes, inicialmente os seres deveriam ser aut6trofos quimiossintetizantes, ou seja, capazes de obter energia pela oxidac3o de matéria inorganic, Acredita-se que esses organismos seriam muito similares as atuais arqueas, seres vivos procariontes unicelulares que habitam locais com condi- bes extremas, provavelmente como as da Terra primitiva. Em seguida teriam surgido 0s organismos heterdtrofes anaerdbios, que realizavam fermentacio, e $6 entdo os au~ tétrofos, que utilizavam diretamente a luz solar como fonte de energia para a sintese de matéria organica no processo de fotossintese. Esses seres eram provavelmente muito similares as atuais clanobactérias, Sequencialmente, o surgimento de procarlontes fotossintetizantes enriqueceu 0 teor de gas oxigénio da atmosfera terresire uma vez que esse gis @ um produto da fo~ tossintese. Bsses organismos provavelmente se tomnaram to numerosos que 0 oxige~ nio gasoso (O,} que produziam comecou a alterar a composicio da atmosfera primitiva Esse novo cenario favoreceu a selecdo de organismos capazes de utilizar 0 oxigenio atmosférico, Surgiam os primeiros organismos heterdtrofos com respiracao aerobia. Ooxigénio oxidou os minerais do oceano e da crosta terrestre, formou a camada de ozinio (O,) e diminuiu, assim, a quantidade de radiacdo wltravioleta que atingia a su- perficie terrestre,alteranclo definitivamente as caracteristicas que teriam possibilitado a evolugdo quimica, responsivel pela formacdo das primeiras moléculas organicas [lees coins sesacccen on tena nies Us peeps on queues ‘Se Ancapde O Gu azo de Dogeane? Ea tera de gure eoportaa Responda em seu caderno spticagio 1. Qual éaimportincia de os periments de Red, Spullarari Pesteur ert sido reaizndos sempre sede fence rtd spe fe? 2.05 resukados de Pasteur ajadaram a abandonar a teoria da abiogénese, No entanto, as isias de Opsrin «Haldane « os experimantoa de Mill © Ley sugrem 1 poasiidade de formago de me leculasorgdnicas a partir de moléculas inorgnicas sas dias contradizem as conclusGes de Pasteur? Explique 8. Come vio nino da Unidad, a connustio do conhecimento ceric apresenta una séie deca actersticas proprias, Mencfique algumas delas nos ‘experiments de Redi eSpallanzani 4A. Resuma as erapas que teriam sido necessarins para o surgimenta da vida na Terra, ‘comuntcapao ‘5. Apos analise das condigdies em que se originou 2 vida na Terra, discuta com os colegas se a presenga de oxigénio gacoso deve ser uma condisio indispen sivel na atmosfera de um planeta para © desenvol mento da vida {6 Discura com os colegas que relagao se pode estabe- lecer entre a evolugao quimica ea geracao espont- nea nas condigées da Terra primitiva Be faeces [Na televisdo, nos jomnais, nas revistas, no rédio,na ‘internet, em todos 05 meios de comunicacao, ¢ fre- quente depararmos com pecas publictérias de produ- tos que dizem “cientificamente testado’, “a sociedade cientifica X aprova este produto” ou algo semelhante. Mas 0 que isso significa? Sera que essa informacdo suficiente para contiarmos no dado apresentado? ‘Um comercial de margarina anuncia:“Bst4 cien- tificamente provado que nosso produto no contém colesterol”.Mas nao diz que todo produto de origem ‘vegetal é naturalmente livre de colesterol. Um antigo cartaz de cigarro trazia escrito: "20.679 médicos dizem que nosso produto é menos irritante’. Mas nao dizia quantos médicos foram en- trevistados (em 1950, época do aniincio, havia mais de 200 mil médicos nos Estados Unidos). Também rndo dizia que ser menos irritante nao era 0 mesmo, que ser seguro ou que nao ser irritante Em 1997, para um projeto de feira de Ciencias, um estudante americano, entio com 14 anos, apre~ sentou uma peticdo aos seus colegas de classe para banir o uso de um composto quimico. A peticio in- formava que o composto em questio era o principal componenteda chuva dcida, contribuia para oefeito { dd “Este produto é& cientificamente testado” estufa, era capaz de causar queimaduras severas, favorecia a eroso da paisagem natural, acelerava a corrosio e a oxidacio de metals, poderia causar ane elétrica, contribufa para diminuir a eficien- a do sistema de frenagem dos automéveis e era encontrado em amostras de tumor de pacientes terminals. Apesar de todos esses riscos, 0 composto era usado em solventes ¢ refrigerantes industrials, em usinas nucleares, na produgdo de poliestireno expandido, em pesquisas cruéis com animais, na aplicacdio de pesticidas e como aditivo em alimentos altamente caldricos e outros produtos alimenticios, Quarenta e trés de cinquenta alunos assinaram. O produto fora apresentado como monxido de di- hidrogenio. Tratava-se simplesmente da agua. Assim, mesmo que a embalagem ou a propa- ganda de um produto contenha a informacao de que {oi cientificamente testado ou algum outro reca- do semelhante, hd sempre muito a relletir. Foi tes- tado como? O teste envolveu uma andlise rigorosa dos fatores que podem afetar o resultado? Quantas vezes 0 teste foi repetido? Os aspectos analisados sdo importantes para a caracteristica do produto? A metodologia utilizada ¢ adequada? "= Discuta com seus colegas 1L Suponha que uma embalagem apresente a seguinte frase: “80% das pessoas que utizaram 0 produto isseram-se satisfeitas", Essa informacio ésuficiente para atestar a qualidade de produso? Por qué? Que Jnformagoes adicionaisseriam importantes para dar significado a essa frase? 2. “75% das pessoas que usaram 0 medicamento Y se ccuraram da doenca Z." Qual é sua opiniao sobre esse ‘medicamento? Agora suponha que 0 valor de 75% tenha sido obtido a partir do reste do medicamento ‘em quatro individuos, de modo que trés apresencaram melhoras. Com e552 outra informagio, O34 ual ¢ sua opinido sobre o medicamento? Que ‘utos dados, inclusive de pessoas que nio tenharn feico 0 teste, eriam importantes para justificar a efcicia da medicamento? CConsidere que tenham sido tomados todos os cuidados para liberaras informagdes sobre a eicécia de determinado produto. Iso quer dizer que ele & 100% garantido? Por qué? 4. Anunciar que determinado produto passou por testes rigorosos significa que os produtos da concorréncia nio foram testados? O que voce esperaria da conduta dos fabricantes? ees) Compreender a origem, a evolugao, a classificagdo as rela~ ‘Ges com o ambiente, a estrutura e o funcionamento de todas: as formas de manifestacio da vida é tarefa dos profissionais das Ciéncias Biologicas ou Biologia. Tradicionalmente, pesqui- sar e lecionar so as principais atividades desse profissional, que pode desempenhar seu trabalho tanto em Grgiios piblicos {quanto em empresas privadas. Porém,o campo de atuacao dos. Diblogos ¢ bem amplo. Veja a seguir alguns exemplos de areas, ‘em que esses profissionals podem atuar * Consultoria ambiental. Avaliaco dos efeitos de constru- ces e intervenes humanas em ecossistemas, com base na elaboracdo de relatdrios de impacto ambiental, no auxflio da recuperacdo de dreas degradadas e na preservacdo de fauna e flora em areas de protecdo ambiental, + Engenharia genética. Criacdo, manipulagdo ¢ reproducdo de organismos em laborat6- rio, com o objetivo de obter melhorias na produtividade e/ou na resistencia a predadores fe parasitas e no desenvolvimento de organismos geneticamente modificados para a pro- duglo de medicamentos ou outras substancias de Interesse para a sacledade. + Ensino, Propagacio dos conhecimentos tradicionais e mais recentes das Ciéncias Biol6- gicas em escolas de Ensino Fundamental e Médio, assim como em universidades. O pro- fissional também pode atuar no desenvolvimento de atividades relacionadas a0 ensino em museus e unidades de conservacdo ambiental, assim como na elaboracio e ediczo de livros didaticos ou de outros tipos de livros, textos ou artigos de divulgacao cientifica * Bloinformitica. Desenvolvimento de programas de computagio para a criaclo de hips teses que expliquem fendmenos naturals, assim como para acelerar a andlise de resulta~ dos de experimentos diversos com grande volume de dados. + Microbiologia. Manipulacio de microrganismos de interesse econdmico, como os en- volvidos na producio de alimentos (queijos e pies) e de combustiveis como 0 etanol, € também no estudo e andlise da contaminacio de agua e ar por microrganismos. ‘Marta Vannucci ‘A bi6loga Marta Vannucei foi a primeira mu- ther a se tomar membro titular da Academia Bra- sileira de Ci€ncias, em 1955, Nascida na Italia em 1921, se mudou para o Brasil antes de completar nove anos, acompanhada dos pais e da irma mais velha. Apés concluir a educacao basica, entrou no curso de Hist6rla Natural na Faculdade de Fi- losofia, Ciéncias e Letras de Sao Paulo. ‘ar, fol aconselhada a se retirar do pais. Nessa época, aceitou 0 convite da Unesco (Organiza- ‘Gao das Nacdes Unidas para a Educagdo.a Ciencia e a Cultu- 1a) para assumir um cargo de esquisadora na india, onde permaneceu por alguns anos. Bidlogor do Projeto Tamar em trabalho de campo com artarugas marinhas da espécie Chelona myer (Garabs, 5? 2015) 4 Ao condiuir 0 doutorado, foi convidada a tra- bahar no Instituto Paulista de Oceanografia (PO), 0 primeiro instirato de pesquisas dedicado as clénclas oceanograficas no Brasil. Algum tem- po depois, oi uma das responsaveis pela criagao do Instituto de Oceanografia da Universidade de Sao Paulo (IOUSP), onde mais tarde exerceria 0 cargo de diretora, ‘Marta dirigin 0 IOUSP por cinco anos, afastan- do-se em 1969 quando, porcontada ditadura mili~ (S80 Paulo, ay" ‘Sua colaboracdo coma Unes- ae o foi prolifica: durou duas décadas e rendeu tra balhos importantes em diversos paises. Ao longo de sua vida académica, dedicou-se ao estudo dos manguezais, tornando-se referén- ia mundial no assunto, com diversos livros pu- Dlicados, entre eles Os mangues ¢ nds. Sua obra teve grande relevandia por explicar a importén- Gia desses ecossistemas para 0 equilibrio am- Diental e para as atividades humanas. 5o Cee ba) Respondaem ‘Organize suasideias: 1. A partir da lista a seguir copie em seu cademo os termos que podem ser considerados palavras-cha- ve, ou seja, aqueles que representam as principais ‘deias ou temas tratados nesta Unidade. *Cisncia + Origem = Combustiveis = Célula + Esperimentos + Sistema vivo + Exporces + Surgiment da vida + Principios da Ciéncia + Replicas Depois, analise © conjunto de termos que voce se: lecionou e verifique se eles realmente representam as idcias gerais tratadas no texo, Complemente com outros que nio foram incluldos na lisa. ‘dentifique 2. Quais sio as principais caracteristicas dos sistemas, vivos segunda a Cigncia atval? 3. Idensifique a qual caracterstica tipica dos seres vi ‘vos cada uma das frases a seguir se refere. a) Um girino se transformando em um sapo adult. 'b) Um animal perseguindo uma pres, 6) Uma femea e um macho acasalando. 4. Qual € a teoria cientfica atualmente mais accita para explicara origem da vida? Como os experimen: tos de Miller € Urey contribuiram para a aceicagao desea teoria?| 5. Identifique e descreva 0s principais eventos quimi cos © bialégicos que provavelmente precederam o surgimento da vida, Faga em seu cadermo um esque- sma sequencial desses eventos. ‘plique 6. Ac estudar a conservagao de alimentos, alguns al ‘nos resolveram montar um experimento para verificar o eftito da temperatura no tempo de consenacio da geleia de morango, Os estudantes achavam que na geladcira a geleia se conservaria por mais tempo. Para veificarse essa dela esava correra, prepararam uma geleia de morango e a dividiram igualmence em 3 po- tes de vidro de mesmo formato © tamanho. Os ts ‘rascos foram vedados e colocados na gaveta inferior dda geladeira. Cinco dias depois, of alunos no verif caram nenhuma alteragao nas geleias. Concluiram, lento, que a temperatura da geladeira € uma écima forma de conservar os alimentos. 8) Qual foi objetivo do experimento relatado acima? $36 10. ') Qual foia hipscese formulada pelos alunos nesse cexperimento com a geleia de morango? «) Faga um esquema para representar as ecapas do experimento realizado pelos estudances, <) Amontagem experimental feta pelos alunos fo ef ‘iente para testarahipetese proposta? Justifique, 7 Um eriador de codornas encamendou um extudo para avaliar a eficicia de tés vacinas contra a pes- Te avidria: A, Be C. No estudo, 28 codornas, todas com 50 dias de idade e peso similar, foram diididas fem quatro grupos, Um grupo Ficau sem vacina¢ao, e cada grupo restante recebeu um tipo diferente de vacina, Foram feitos os seguintes procedimencos: 0: exragao de sangue para anslise dos ansicor pos e administragao das vacinas. ia 30: excracio de sangue para andlise dos anti- corpos ¢ administragao de virus patogenicos (habi- Titados a transmitir a doenga). Dia 60: concagem dos espécimes de cada grupo que desenvolveram a peste avidra, a) Qual éa hipéese em tesce nesse estudo? ) Por que um dos grupos de codornas ni recebeu vacina? Francesco Redi (1626-1697) foi um dos primeiros cientistas a questionar a teoria da gerasdo esponta: rea. Ele observou que, antes de surgirem seres ver rmiformes em cadaveres de serpentes, peixes © outros Animais, havia moscas sobrevoando esses materia, Com base nessas observacGes, ele elaborou um ex perimento para proxar determinada hipécese De forma semelhance, observarmos que goiabas po: dem ter “bichos” e que moseas podem ser vistas pousadas sobre as goiabas. Tendo por base a teoria de que todo ser vivo surge pela reproducio de ou- a) Identifique © que so fatos nas duas situagSes sescritas acima, 'b) Formule um objetivo ¢ uma hipdtese relaciona: dos a0 surgimento de “bichos” em goiabas, «) Descreva um possivel experimenco para testar sua hipovese .Descreva um experiment para verficar qual €a me Thor quantidade de adubo para o erescimento de uma planta de feito, Formule uma hipétese para seu ‘eaperimento, Nao se esqueca de incluir 0 objetivo do estudo, a montagem dos grupos (incuindo o contre- le) 05 resultados que podem ser esperados. De acordo coma teoria de Oparin e Haldane, a ma- ‘teria orginics teria surgido na Terra primitiva a par ‘ne da matéria inorganica. Explique por que atval- mente isso nde ocorre da mesma forma, 11. Evidéncias vem mostrando que a quantidade de CO, quese acumulana atmosfora ests aumentando desde a Revolusao Industrial, e nos tltimos 50 anos essa tendéncia se acentuou, 0 que sugere que esse aumento esti ligado a aces do ser humano, Essa tendéncia de modificara atmosfera do planeta nio é exclusiva da nossa espécie. Pesquise © apresente cexemplos disso, 12, 0 que ocorrera se, em seu experimento, Pasteur ti- vesse inclinada 0 asco com 0 gargalo “pescaco de cisne” de modo que 0 caldo nutritive entrasse em: ccontato com as curvas do gargalo? 13, Observe as foto abaixo e descreva pelo menos um ‘exemplo de como a Biologia poderia auliar no es tudo destas stuagbes, 14, Alguns ambiences da Terra apresentam caracte- ‘isticas tho extremas, por exemplo, temperacuras akissimas ou grandes pressdes atmosfericas, que praticamente no sio habitados por seres vivos, Geralmente, as arqueas s80 0s vnicos organismos. encontrados pelos cientiscas nesses ambientes, Re- lacione esse fato 2 hipdtese de que esses organismos seriam arualmente os mais semelhantes a0s prime ros seresvivos que surgiram na Terra 15, Em respasta a uma questio sobre as caracteristicas necessariae para que um planeta seja habitado por seres vivos, um aluno citou a presenca de oxigénio gasoso na atmosfera, Voc8 concorda com ele? De fenda sua opinido com base nas condigSes em que se acredita ter surgido a vida na Terra ‘Aprofunde 16. Recentemente, alguns pesquisadores nosaram um aumento no numero de dgunsuivas da espécie Pelagia toctucs em diversas praias do mundo, inclusive do i toral brasileira, Estes pesquissdores obervaram tam: bém que, nas praias onde isso ecorre, a temperatura smédia da agua se elevou signficativamente, t L i : ‘ 4) Formule uma hipdtese sobre a situagdo descrita 'b) Desenhe um experimenco para colocar essa hipé- 17. Uma industria pecuarsta financiou uma pesquisa para sabera relagao entre as quantidades de soma fropina, um horm@nio sintstico fornecido regular mente ds suas vacas, ede leite produzida, Para isso lum experimento com quatro grupos foi desenhado. Em ers grupos, quantidades crescentes da substin- cia foram administradas e, em um grupo, a adminis: tragio foi totalmente suspensa, ) Qual éa hipétese em cesce? ) Por que © horménio foi suspenso em um dos grupos? ©) Em uma observagio mais atenta dos grupos for mados, um dos pesquisadores percebeu que a rmédia de idade das vacas era muito diferente. Esse fato pode afetar o resultado dos testes? Comente 2® IVIDADES FINALS. Em um experimento foram colocados quatro vasos: dois com uma espécie de planta Ae dois com uma es pécie de planta 8. Os vases permaneceram no mesmo ambience, e todas as plantas apreseneavam a mesma altura inicialmente, Durante oito semanas as plantas foram regadas no mes ‘mo momento, mas as plantas Al ¢ BI receberam SO mL. de Sgua, enquanto as plantas A2 e 82 receberam 100 mL. de agua (Os resultados desse experimento foram resumidos na tabela 2 seguir Com base nessas informagées ena andlise da tabela, res ponda as questoes 18 2.21 0 10 10 10 10 1 as | 2 ns | 123 2 | vs | wa | ie [oa a [ a2 | vas | 144 a [ou wa fuss | 152 s | 16 16a | 168 « | ws | tos | 167 | 165 7 | 16 wa | vs [is s | ws | 1 n2 | 185 18. Que hipétese (ou hipéteses) se pretende testar com esse experimento? 19. Que conclusao (ou conclusdes) pode ser tirada dos. resultados da tabela? 20. Compare apenas os dados dos grupos B1 ¢ B2. © que vocé conclui? Alguma erapa tipica do mécodo entifico nio foi apicada nesse experimento? Como sua aplcagio ajudaria nas conclus6es obtidas? 21, Tabelas e gréfices sio formas tradicionais de apre- sentar resultados de experimentos cientificos, Ela- bore em seu cademo um grifico com esses resulta- dos. Na sua opinie, com qual dessas duas formas de apresentacao é mais fail chegar as conclusoes? Respon sm seucaderno Leia o texto a seguir para responder As questies 22 € 23. Em 1953, dois pesquisadores descreveramm o que pa- recia ser uma nova estrutura em bactérias, Era uma $38 imaginagio (uma dobra para dentro) da membra- ra celular que foi chamada de “corpo piférico” e mais tarde de “mesossomo"”. Varias funcdes foram senibuidas a earutura. Cama o ctomozeomo circular das bactérias encontrava-se preso a0 “mesoscomo", alguns imaginaram que poderia ser uma estrutura {que nos organismos de células mais complexas (eu- cariotos) corresponderia a membrana que envolve 0 nucleo. A parti da merade da década de 1970, al- ‘guns cienastas alegaram que se trarava deum arcefa- ‘9 = um fenémeno artificial -causado pelo modo de preparagso da amostra, Os “mesossomos" 50 eram bservados em células quimicamente tratadas; as {que eram congeladas antes da observacio a0 micros- cépio eletrOnico nao apresentavam essa estrucura ‘A partir de meados da década de 1980, a maioria dos pesquisadores passow a aceitar que os “mesos: somos” nio eram estruturas naturalmente presentes ras edlulas vivas, Atualmente, poucos pesquisadores actitam que, pelo menos em alguns casos, 03 “me sossomos” sejam uma estrutura celular natural. 22. Alguns Filscofos da Ciéncia falam em “experimentas cniciais", experimentas que refuram de mado def ritivo uma hipdtese. Na sua apinilo, ese conceito de “experimento crucial” se encaixa ou no no caso dos “mesossomos"? Justifique 23. A existincia do “mesossomo” € um fato? Discuta com os colegas. Leia © texto a seguir e responda as questées 24 a 28. [.JTemos uma civilzagdo baseada na Ciénciae tec- rnolagia, e engenhosamente arranjamos as colsas de modo que quase ninguém entende Ciencia e tecnolo- a. ito mais claramente uma receita para o desastre do que vacé pode imaginar. Embora possamos lidar ‘com essa mistura combustivel de ignordneia e poder por algum tempo, mais cedo ou mais tarde, explod nas nossascaras, O poder da tecnologia modema é ‘30 formidavel que € insufciente apenas dizer:‘Bem, aqueles no comando, tenho certeza, est30 fazendo tum bom trabalho! Isto ¢ uma democracia,e para que ‘tenhamos ceteza de que o poder da inca etecnolo- ‘la seja usado propria e prudentemente, nés mesmos ‘evemas entender Ciencia e tecnologia. Devernos nos envolverno processo de tomada de decisdes. [1 Fone:Aci ¢Omndooonteapsceni 'sioPol Companies Lev 198 24. Com base na leitura do texto e no que vocé estu- dou nesta Unidade, discuta qual & a imporcancia da Biologia para nossa saciedade. Por que deveos estudila? 25. Vocé concorda com a fase “Temos uma ciileaes0 baseada na Ciéncia e tecnologia"? Justifique. | 26. Com base no que voce aprendeu nesta Unidade & ‘em outras fontes, cite elementos em apoio ou con- trdrios 4 frase “Quase ninguém entende Ciéncia ¢ reenologia” 27. Voct concorda com a frase “Devemos nos envolver tno processo de tomada de decisses”, que se refere Respondaem seu caderno Em busca de planetas como a Terra A sonda Kepler foi langada pela Nasa em 6 de marco de 2009 e ficou em funcionamento até janeiro dde 2013, coletando dados e imagens do Universo em busea de outros planetas com caracterstieas seme- Thances as da Terra. 1. sonda Kepler poseui um telescopia de quasetum me- tro de diametr, gararcindo grande campo de visio {que permite moritorar continua simultaneamente 0 brilho demas de 100 mil esrelae. Pesquise como um telescpio amplia as imagens do espaco, levando em consideracio o tipo de lene que o compée, a impor- tancin do diametro da lente ea ditancin focal a0 desenvolvimento e uso da Ciéncia e tecnologia? Justifique sua resposta, 228, Avalie como a tecnologia pode causar impacto tanto positwamente como negativamente em nossa socie dade. De que modo estudos relacionados 2 Biologia podem ajudara diminuir os impactos negatives? 2. Publicacoes no especializadas, quando <2 referem a distancias entre corpos celestes,utizam a unida- de anos-luz, Porém, a unidade de medida preferida pelos astrSnomos & o parsec. Sabendo que um dos planetas encontradas pela sonda Kepler est a 600 anosluz da Terra, qual é a disténcia em parsec? (1 parsec= 3,26156 anos-4u2) 3. Se em 20 a 30 anos formos capazes de chegar a um ddesses planerae parecidos com a Terra, camo essa Visita poderd ajudar em nossas hipdceses sobre a ‘eoria de origem da vida e evolugso na Tera? YARUENTTINT, teres ensecsteno 1. Se vocd pudesseinfluenciar a administrasio de um pals como o Brasil, como voct sugeriia que © ercamento fosse partilhado (em rermos percentuais) entre os Seguintes setores: educacio, sate, pesquisa cienfica, meio ambiente, obras de infraestrucura e propaganda? Que criérios ‘voc’ utlizou para fazer a distribuigio das verbas? 2. Muices aurores argumentam que a Ciéncia é marerialsta e neutra em relagio a ideologias (politias, seciais,cuturas, esportivas cc.) porque os cientistas se baseiam semente em fates. Discura com os colegas a neutralidade cientifica VATERTITETIA. tesponca em seu cad Revise 0 problema proposto na abertura da Unidade Sem sombra de divida, as contibuigdes de Leeuwenhoek foram extremamentevalioess para ‘© conhecimente cientifico, Suas observasSes e andlises sobre 9 mundo microscdpico permiti- rama inauguragio de diversas areas da Biologia e da Medicina, ampliando muito as possbili- Portal que retine noticias ereportagens sobre Ciencia de diversas fonts. bastante atualizacoeatende do pblico ‘edge ao académico. © Gatiiew -revistagalilew globo com/> Site da revista de mesmo titua, que busca tratar de as> Suntos de Imeresse geval a parur da visio da Ciena Costuma apresentar temas bastante atuais com wma abordagem clara e direta, Por se watar de um veiculo 4ecomunicagio voltado a um pibico muito vasta, pode apresentar acepcbes diferentes das amplamente acellas pela comunidade clentifica sto é, uma fala de rigor Cconceitual. No entanta apresenta informacbes e visbes Interessantes que podem ser ulizadat em debates © Instituto Ciencia Hoje Vinculado 2 Sociedade Brasileira para o Progresso da iéncia (SBPC}, ese insttuto produz vasta quantidade de material de divulgacdo clentifica, em geral voliado para 0 piblico escolar O site também canter matérlas Dublicadas nas revistas Cidnela Hoje na Escola e Ciencia “Hoje das Criancus. © Manval do Mundo -ewww:youtube.cam/user/Iberethenorlo> Canal de videos que se prope, entre outros objetivos, a analisar “mitos"clentificos e a investigarfendmenos furiosos que podem ser replicados em casa. Fornece ‘material pura analisar as dferencas enlre senso comumn ecienda © Revista da Biologia -cwwwibusp.br/revistal> ‘A Revista da Biologia publica textos de todas as Areas da Blologia abordando questbes perals (ensals reuisbes) ce especitias artiges experimentais riginais descrigso de téencas ¢resumos expandlidos), 6 espaco também para perspectivas pessoais sobre quosides blolésicas que tém relevanca socal e politica fopinigo) © Revista Unesp Ciencia -cwwwumespdenda.com.br/> Revista de dvulgacio Gentifica publicada pela Univer sidade Estadual Paulista Jao Mesguita Filo (Unesp) Conta oom textos imagens e videos sobre os mais variados temas cientificns, mullas vezes focando no trabalho de pesquisadoresbrasleros E escrte em Unguagem lara falual, embora a abordayem dos assuntos possa parecer profunda para piblicesleigos. © Superintoressante ‘superabril.com.br?> Site da revista de mesmo titulo que, apesar de tratar de {Temas varias, em geral busea apresentar 2 Visdo den- tfica sobre determinados assuntos de interesse eral [Apresenia linguagem Lil e 6 rico em imagens de boa ‘qualidade Assim como a revista Galle, citada anterior ‘ents, fornece um bom mater pare disculiramaneira como a Ciencia édwulgada no pals. © Um clentista, uma historia cw futur ongbr/programas/um-centisticuma- histria/> Série de videos poduzidos pelo Canal Futura. Apresen- 1a, de maneiraIddicae clara a biggrala de alguns dos principals Gentstas brasleros. _Acessos em fe 2016, Wivos__ Filosofia da Ciéncla. Rubem Alves. Loyila, 2007, Livro introdutéria sore a filosofia da Ciencia, O autoe detine conceitos bésicos como senso comm © conne- ‘mento centifico a partir de situagbes e problemas cotiaianos © 0 que cléncia afinal? Alan Francis Chalmers Brasiliense, 200, -Apresenta uma introdudo simples ¢ dara as opinides ‘moderns sobre a natureza da Ciencia, comerficas muito elevantes a0 que 0 autor considera uma “f cega” no ‘hamado metodo cieniica. © que é cientifico? Rubem Alves, Loyola 2007 O autor aborda a natureza da Cleneia de maneia sna sitada e, 20 mesmo temp, intuitiva, comparande 0 tra balho de um cientista a de wm pescador A partir desse paralelo prope umareflexdo sobre o mundo da déncia, Seus objetives @ métodos © 0 que Einstein disse a seu cozinhetro. Robert L, Wolke. Zahar, 2002 presenta diversos aspectos clentificos dos processos tulindres, de forma acessivel e bem-humorada, Inc recetasespecificas para demonstrarfendmenos Genti- fico, inclusive os fenmentatives. Writmes L__ Ahiistoria de Louis Pasteur, 1936, William Dieter Estados Unidos Filme da década de 1980 que trata da careia do micro> biologsta frances Louis Pasteur. O longa tenta recriar © dima de ceticismo que Pasteur enfrentou ao tentar Drovar suas ideias sobre a peracio esponténes, Origens da vida 2001, David Buisco, Estados Unidos. Série de documentiios em 4 DVDs sobre a origem da Vida e@ evolucio das espécies contando desde os ocea fos primitivos onde tude comegou milhdes deanosatras, sto surgimento dos seres humanos. O40 Avaliando a geragao espontanea Weert el Ueda) Prepare prevamente 08 raesos cortendo 2 calsos matv0s Sian de Sevres ViVOS oon re ean ‘ei cw ene, En eps alo amped ogo ue Objetive —escos qe sao ulaados re aidase, Oespleo cao renoscosevede-os ba ‘= Avaliar a possibilidade de a vida surgir espontaneamente em um caldo nutritive nas condigdes atuais do nosso planeta. Pe cpr ab osiwedion Proponhauma hipétese & seguinte questa: Sires arigni Lpoatanneste dONMbAE Sgt Material semviday 12 roses veindes conndocadonaviho | Procectmente csvizado que sete 1. Cada grupo receberé 2 Fascosfechados contendo caldo nutritvo [Jornecidos pelo professor previamente preparados pelo professor. 2. Retirem a tampa de apenas um dos frascos. 1. Deixem os dois frascos (um aberto eo outro fechado) em repose, em um local arejado, de doi tres dias. 4. Apés esse perfodo, comparem o sspectn do caldo nos dois aca. eto s sbeeanoesiseadere, hs en eh ns enn ee. ern aberto, em repouso, por mais ees dias, ‘Apés esse periodo, observem o aspecto do caldo nesses frascos. ‘Anotem suas observages no caderno, Rasultadas mowcipe posvowkwenspeenscunsodesccsves Cada aluno deve registrar no caderno as caracteristicas dos caldos nos dois frascos apés os tratamentos descritos. Os resultados podem ser organizados em uma tabela Discussao 1.0 que esta contido no caldo nutrtivo que é necessério para 0 experimento? Ele funcionaria apenas com agua? 2. O caldo nutritivo ¢ os frascos utilizados foram fervidos por seu professor antes da realizacdo desta atividade, Qual é a importancia desse procedimento? 3. Recorde as ideias contidas na produsao do conhecimento cientifico para a explicagao de fendmenos da natureza e responda. a) Por que foram utilizados dois frascos nesse experiment? 'b) Qual é a funcdo de cada um dos frascos ne modelo de experimentagao? ©) Qual éa importancia da repetigao na etapa 5 do procedimento? Revisem a hipétese proposta no comeco da atividade, comparem-na com suas observacdes e com as de seus colegas e escrevam no caderno sua propria conclusdo. a1¢ 40M Me Jornal de Ciéncias Pesquisadores da drea das Ciencias Natures divulgam suas descobertas por meio de artigos em que des crevem 05 experimentos 05 resultados e as conclusdes obtidas. Com elevado nivel de complexidade, esses artigos, ivulgados em revistascientfcas, to votados para outrs centistos, ndo para opablco em gera ara esse pblico exstem as publicacdes de dilgacao cienifico. Woto-se de revstase ornois que div jgam as novas descobertas, os processos de fozercincia e também discutem assuntos relacionades a meio ambiente, eucacen, pltica cientfienetica,por exemple. Aleiuradessas publicacdes, portato, no serve apenas para satsfazer nosso curiosidade e interesse pelo universe das Cidncias, las ojudam a construir uma visdo critica do mundo que nos cerca e sobre a prépria Conca, alm de constiturem excelontes fortes de informacdes para pesquisa escolares 1m objetivo “28 sola organizard um jornal de divulgacBi cientifiea, que poder ser mantado em um mural da escola ou ‘em um blog, Definam o title e a periedicidade da puticagdo: o mural pode ser mers ou bimestral para o biog, um veiculo de comunicardo mais répido, programem publicasdes semancis ou quinzencis ‘Busquem inspiragdo em bogs erevistas de dvulgacdo cientifca que existem na interne, como as ques roduzidos pelo Laboratério de Estudos Avancados em Jomalismo (Labor) da Unicamp. 1 Secdes sugeridas seguir so sugerdasalqumas segs por ojornal, mas lemrem se Bo apenas sugestes Usem suns prépriasidias,produzam desenos, charges, aos, texas, armas, podcasts importante & tomar 0 ‘contetido trata parolee, ; —— | Historia da Gencia ——— Editorial ene Seren Escreva sobre um personagem (homem € mulher), uma comunidade de cientistas ow um aque se faz uma breve ani f ‘momento importante na Historia da Ciencia, dados, Devem aparecer nele os nomes de todos 0s que participaram da montagem da publicagao, —E —_— | Gincia e soctedade Pesquisa local | ose produtos ease avangos da Celt que podem afetar diretamente nosso cotidiano. ointewa Cina flame Fala ‘ | Fron sortagen crt, cat opm enqepae ponds wie aan ese stes in nl, | wists demnigen es 4x — | —= imagem eentiea Pesquisa no Brasil eno mundo Escotha um agsunte que esteja senso bastante Aiscutido Pode sera iltima grande descoberta, um problema ambiental, uma novidade tecnoligiea coca et ht de ingens agi, and vc poder mos a Epa ie 8 nex eigen —— —E \ ‘*Apesar de 0 foco principal serem as Ciéncias Bioldgcas, assuntos de outras dreas podem e devem ser borates, | Principios e cédigo de ética do jornal fo produzi um jornal, voc seleciona ¢influen- ia0 tipo de noticias que os pessoas vao ler. €ne- cessério,entdo, seguir alguns principios étcos. + Promocdo dos direitos humanos eiqualdode: 05 artigos dever respeitar as diferencas culturas, de género, sexusis, énicas, religiosas e outros, + Respito aos autores: todo texto de outra pessoa usadonojornol deve estar no integra eter sua for- te citada. Imagens devem ter indcagto da forte fou nnome do fordgrafo endo dever mostrar pes sons que no tenham permitido 0 uso da foto para o jornal + Ojornai nd fz promos pessoal ou pertidéia: em epoca de eleigbes (como os de repesentasdo esco- lar), nao deve ser feta propaganda de renhur car- Aida ou orgarizog. + Responsabilidade editorial: nao ¢ publicado material ‘andnimo; todas as produches sao ossindas pelos ‘autores. Caso alguém se sinte prejudicado por al: ‘guma pubiicacdo, essa pessoa deve ter 0 direto de resposta publcode no jar m Discussio Observe acharge abaiso, -L.Qual ¢ a importéncia de pesquisar em Fontes confiaveis ‘20 escrever uma matéria para jomal ou revisa? 2.Escalha um tema e pesquise sobre ele na internet. Pera isso, escola trés bons sites que abordem a tema justi: que criteriode escahaueiizndo, ssquisando na internet internet é uma ferramenta mult importante nas pesquisas escolares, Sequem algumasdicas para tr ‘ar sua pesquisa mais precisa e eonfivel * Ro realizar uma busca, use palavras-chave, ou stja, ‘apenas as principals polars paras pesquisa. Quan do se digitam frases completas o ste de busca con sidera coda polra seporadamente, no necessaric- ‘merteriamesmaordem em queforam escritos, 0 que ‘aumenta as chances de encontrar resultados nates, * Pora fazer ua busca mais restrta e drecionada, coloque as palavras entre aspas. Assim voc® poderé buscar por frases intra, e a site vai retornar so ‘mente resultados que correspondam exatamente ao ‘que ol dgitada. Mas atensdo: dependenda de como Se usc as asp, resultados interessontes podem deixar de ser exibides. * Colocar osinal de + entre dus palovras indica ao site de busca que ele deveré mostrar apenas pad ‘nas que contenham as dus polars pesquisodas Coso contro, sto exibidas pins que tenham as duos, uma ou otra palavra, * Para azer uma pesquisa avancai,ousudro deve ci ar non queem clquns sites selacalizanoredapé da pésina deresultades de uma pesquisatextua simples, em outros aparece ao digtar o texto a caixa de pes: ‘suis. Cicando ne link, 0 usuéro édecionad pre ‘autre pina, no qual poderéreinar a busca textual Ps eaas de texto devem entao ser preenchidas de cordo com as nformacdes eo objetivo da pesquisa. * Pora buscar imogers, dique na palayra Imagens, no eaberalho da pagina. Digte os termos da busca e pressione a tecla encer. A pagina de resultados ‘mastrara diversas imagens em miniatura, Rteng: 10 salvar uma imagem, lembre-se de quardar o en: ereco da pégina da qual ela foi etrada, em como 0 nome do fotdgrafe, Também ¢ possival refinar 0 pesquisa de imagens recorrendo ds opeées que apa- recem logo acima dos resultados. *Fique atento @ terminologia dos sites encontrados nna busca: “org” refere-se a sites de organizagbes ‘nda governamentais, com, a enderecns comerciais, gov, astesda governe, Lembre-se: todo material disponivl na internet fo Jeitopor algueém, Toda ver que le for usado, cite o au- tor ea pagina da qual fo retirada, + Revita Pesquisa Fopesp cevstoesqusafopes b> + Labor awlobacunicamp b> eesss om: fou 2016 Bae PW re OE RUTH} Um problema, uma solucao Pincura retratando 0 fecos dda peste negra na asia, em 1349, com doentes fora de um eemplo senda atendidos por médicos ecurandeves. (Ateoria desconhedida.) O desafio das doencas infecciosas Asituagao Muitas espécies de bactérias so parasitas, isto é retiram de outros organismos os recursos de que necessitam, prejudicando-os. Diversas bactérias parasitas de seres humanos causam doengas que podem ser letais. Um exemplo é a peste bubGnica, causada pela bacteria Yersinia pestis, que se espalhou pela Europa durante o século XIV causando uma epidemia que ficou conhecida como peste negra e que matou dezenas de milhées de pessoas. As epidemias ocorrem quando uma doenca atinge simultaneamen: te grande mimero de individuos em determinada localidade. Além das Dactérias, muitos virus, protozodrios, fungos e outros organismos pa rasitam seres humanos e podem provocar epidemias. O virus da gripe (Influenza) ¢ um exemplo: em marco de 2009, uma variante desse virus, denominada H1N1, surgiu na América do Norte e rapidamente se espa Ihou para mais de 30 paises, incluindo o Brasil, Inicialmente chamada de gripe suina, a gripe A (HIN1) tem sintomas mais graves que a gripe comum e provocou mais de 18 mil mortes. ou O problema “Muttas das doencas que ameagavam a humanida- de, como a peste bubénica, puderam ser controladas apés a descoberta dos antibisticos, medicamentos ue combatem o agente causador. Quando os antibidticos foram descobertos, acre ditou-se que a guerra contra as doengas mnfecciosas causadas por bactérias estava vencida, No entanto, no ¢ isso que se observa, Em alguns casos a maloria dos antibisticos ndo apresenta efeito. A bactéria que causa a tubereulose, por exempla, possul varlantes que slo resistentes a trés antiblotl- os que antes eram efetivos no combate a essa doen ca. Além disso, variedades resistentes a antibicti- cos de bactérias comuns, como Bscherichta colt, ‘Staphylococcus aureus e outras, sobrevivem ese pro-Suageaea wan eee na liferam a todo momento, Genin cuserseo GK) Gael) ‘Fendmeno similar é observado nos virus, que tam- eee bbém podem se tornar resistentes aos medicamentos fata summons mo 208 bial antiviras.Tsso prejudica otratamentoe ocontrole da + fohacominat24259%6> Reessos em dex 2015, 5e Teorias da evolucao ‘i foi identificado e descrito mais de 1,2 milhdo de espécies de seres, vivos, mas estima-se que isso corresponda a uma pequena parcela de toda a biodiversidade existente, Um estudo de 2011, considerado o mais preciso ja feito, apresentou uma estimativa de que hé cerca de 8,7 mi- Indes de espécies no mundo, isso sem Ievar em conta bactérias e outros microrganismos. Como explicar essa enorme diversidade? Amalmente, a teorla mais acelta é a da evolucio por selegio natu ral proposta por Darwin e Wallace na segunda metade do século XIX. Segundo ela, os seres vivos se modificam ao longo das geracées, dando origem a novas espécies. Ao longo desta Unidade, vamos estudar mais profundamente essa idela central a Biologia moderna, que provocou ‘mudancas importantes em diversas areas do conhecimento. _Exemplares da bindversiae brasileira: (A) borboleta monarca (Danavs plewpu (B)pererece (Hypstbos cep); (C)anta(Tapiews ere) (D) fang (Cokes pains, (CE) peuizer (Capocsr bus ema); (F) cianabacténia (Nasa puncfieme) (microseopia tletronice; aumento: 4.000%; colorzada arifiialmente); (G) iperara (Tobe 5 O48 Como surgiu a enorme diversidade de seres vives na Terra? ® Da Grécia antiga ao século XVIII Accrenga de que as espécies de organismos foram criadas por um ato divino e permanecem inalteradas ao longo do tempo, chamada criacio- nismo, foi predominante no Ocidente até o século XIX, em grande parte por influéncia do cristianismo, Ideias sobre a imutabilidade das espécies foram formalizadas pela primeira vez na Grécia antiga, com os fldsofos Platdo (428-347 a.C.) e Aristoteles (384-322 aC). De acordo com Plato, tudo o que tem exis- tencia material é uma c6pia ou reflexo imperfeito de exemplares ideais, que tém uma esséncia tnica e inmutavel Posteriormente, Aristételes es- tabeleceu uma classificacdo hierdrquica dos seres vivos, chamada de escala natural e fundamentada na ideia de que as espécies tinham pro- priedades fixas. Na base da escala estavam as plantas, que eram tidas como ‘seres inferiores’, seguidas sucessivamente por animais, seres hu- manos e deuses. Essa visio linear e hierrquica da natureza foi muito influente até o final do século XVIIT, quando diversos filésofos e naturalistas comeca- ram a cogitar que as diferentes espécies haviam evoluido naturalmente, sem intervenciio divina, Esse pensamento evohucionista era contrério a0 {que se acreditava até entio e motivou intensos debates. O debate entre fixismo e transformismo Segundo o fixismo, as espécies sio fixas, imutiveis e, portanto, nfo podem dar origem a outras. A maioria dos fixistas também era criacio- nista. Jé 0 transformismo sustenta que as espécies mudam ao longo do tempo e que tiveram origem a partir de organismos preexistentes. Essa ideia ¢ incorporada pelos evolucionistas, que defendem a diversidade de seres vivos como produto de leis naturais, e ndo de vontade divina. ® Asideias de Lamarck Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), paleont6logo francés, foi um dos pioneires do transformismo e um dos primeiros a propor uma teoria Clentifica para explicar a evolugdo biolbgica. Sua teoria foi proposta na epoca da Revolucdo Francesa e acredita-se que esse contexto revalucio nario tenha contribuido para a apresentagao de uma teoria contraria as, ideias principais da comunidade cientifica da época. Ela foi primeira mente desenvolvida no seu livro Philosophie Zoologique, publicado em 1809. Ao contrario da maioria dos pensadores de sua época, Lamarck estava convencido de que os organismos poderiam mudar, originando novas espécies no decorrer das geracoes, € tentou explicar de que maneira isso acontecia, Umdbs conceitos fundamentaisapresentados por Lamarck fi 0 de adaptacdo, ou seja, 0 ajuste dos seres vivos em res- posta ao amblente. Lamarck affrmava que 0 uso ou desuso de determinado drgio, dependendo das condicdes impostas pelo ambiente e das necessidades da espécie, poderia interferir no seu desenvolvimento, Assim como a grande maioria da comunidade centifica da época, Lamarck acreditava que caracteristicas adquiri- das pelo individuo a0 longo da vida eram transmitidas aos descendentes. Assim, as modificagdes adquiridas por um or- ganismo em resposta a uma mudanca no ambiente seriam herdadas por seus filhos. Ao longo de muitas geragdes, essas ‘mudangas graduais poderiam levar ao surgimento de novas especies Representagto de escala natural, como a proposta por Ansoteles, Tlustrads por Didacus Valdes (1533-1582), um missionsrio f humanisea espanol. Note a hierarquia das Formas de vid, com as plantas na base da scala. (WALADES, Didacus Retorian Chiiona, 1579. Kilogravura, 3944 em ¥ 55,9 em) ie ‘Obra que representa Lamarck entegando 0 lira Phiphie Zaloxique 9 lmperador Napoleko Bonaparte. (EZUCHEYSRY, Misha Dsitrevich 1920. Pastel sobre papel, 100.cm 80 cm.) a1 Na época de Lamarck, 0s mecanismos de hereditariedade ainda nao eram conhecidos. Hoje, sabe-se que os 6rgdos de um individuo possuem, dentro de determinados limites, a capacidade de se modificar em res- posta ao uso e desuso ao longo da vida, como ocorre com os missculos dos atletas. No entanto, essas alteragdes no so transmitidas dos pais para os flhos, A teorla de Lamarck teve a grande contribuicdo de chamara atenglo para as adaptagdes dos organismos ao meio onde vivem, ao sugerir que essas adaptacées surgiam em consequéncia de modificacées lentas € sgraduais a0 longo de sucessivas e numerosas geracies, EI Halterofitismo © haltrofiismo é um exemplo extremo de mudancas provocadas pelo uso dos masculos. As caracteristicas adquiridas pelo teinamento ndo sio transmi tidas aos descendentes dos atletas, contrariando a ila de transmissio das ca racteristicas adquiridas. © Ateoria da evolucao de Darwin e Wallace A vida de Darwin Charles Robert Darwin (1809-1882) nasceu na Inglaterra, filho de eager os st cena arose let ok nero ang paar Em 7 Dewi re eset nan at baa Ee eee oe seooeane a a a a Se sani io cosine se aera cocnoerl ler ian ce ee ae Auenciaram sua vida, a ponto de ele afirmar Obra que representa Joseph Hooker e Charles Lyell aconsethando O48 E Ainfluéncia de Malthus De volta a Inglaterra, Darwin foi muito influenciado pelas ideias do religioso ¢ economista politico inglés Thomas R. Malthus (1766-1834), gue defendia que a principal causa da miséria era o descompasso entre ocrescimento das populacdes e a capacidade de producio de alimentos, que nao aumentava na mesma proporcio. Usando a esséncia do pensamento de Malthus, Darwin postulou que o mimero de individuos de uma espécie produzidos a cada gera- (0 geralmente maior que 0 nimero de individuos que o meio pode sustentar. Isso 0s levaria a competir entre si por recursos, principal- mente allmento. Como os individuos de uma populagtio apresentam varlacbes entre si, alguns estardo mals aptos a vencer essa competiclo. Assim, os in dividuos que sobrevivem e se reproduzem a cada geragio sdo, prefe- rencialmente, 05 que apresentam caracteristicas que permitem melhor adaptacdo as condigées ambientais. Dessas ideias, surgiu o conceito de selegao natural Darwin e Wallace: svolucao por selecao natural Alfred R. Wallace (1823-1913) nascew na Inglaterra em uma familia, de poucos recursos financeiros e estabeleceu-se como um dos mais, importantes naturalistas de seu tempo. Em 1848, Wallace e seu amigo, © entomélogo Henry Bates, partiram de navio para Belém do Para como intuito de coletar insetos, aves e outros animais na Amazonia, Naquela época, Wallace jé estava desenvolvendo sua teoria da evolu- cio, e a viagem poderia permitir a coleta de evidéncias, Em 1852, apos, percorrer trechos do rio Amazonas e do rio Negro, ele decidin voltar para a Inglaterra para cuidar da satide, Quando estava em alto-mar, o navio pegou fogo e afundou, destruindo sua preciosa bagagem com anotagdes, llustragdes e espécimes. Um navio cargueiro resgatou 0s ndufragos, e Wallace pOde enfim voltar para casa. _Embarcou novamente pouco tempo depols, dessa vez para o arquipé Jago Malaio (a regido de Singapura, Maldsia e Indonésia), onde perma- neceu por quase oito anos realizando extensas pesquisas sobre a fauna e flora locais e sobre os possiveis mecanismos da evolucio biolégica, Em 1858, Wallace concebeu a teoria da evolugao por selegio natural, também influenciado pela obra de Malthus, Escreveu um ensaio e 0 en- caminhou para Darwin, pedindo que ele avaliasse suas ideias e ajudasse em sua publicacao, Uma das especies que Darwin observ em Galapagos foo Jabutrgipante-de-galepagos (Cheba ) Em cada uma das ihas do arquipelago, el encontrou subespecies diferentes dease animal Retrato de Ared Ruel Wallace em 1910. 49@ A.essa altura, Darwin j4 havia teorizado o mecanismo de selecao na- tural, embora ainda relutasse em tornar piblica sua ideia, e ficou sur- preso pelo fato de Wallace ter chegado as mesmas conclusGes. Aconse- thado por seus amigos, Darwin preparou um excerto da obra que estava escrevendo, que foi apresentado junto ao trabalho de Wallace na Socie~ dade Lineana de Londres, em 1" de julho de 1858. Esse evento levou Darwin a finalizar uma versdo reduzida da obra que vvinha elaborando, e assim nasceuo livro A origem das espécies. Wallace re- ‘tornou 3 Inglaterra apenas em 18624 dedicou o resto de sua vida a defender ateoria da evolugio por selectio natural. Apesar de os dois clentistas terem cchegado as mesmas conclusbes.a teoria da evalugdo por selecdo natural é sgeralmente associada apenas a Darwin, sendo chamada de darwinismo, Exemplar da primeira edigao de ‘Sobre a rg depo por rc de selegi natural ow a preserved de ayes favoracids na vt poa vide, publcada fem 1859, Somente na sexta edi (1872) 0 uu fo abraviado para Aorgem de esc, como & populammente conhecdo, © 0s fundamentos da evolucao por selecao natural A teoria de Darwin e Wallace € baseada nas observacées e argumen- tos a seguir + Todas as populasSes apresentam, em condighes étimas, tendéncia ao rescimento exponencial. + A limitagio de recursos, como alimentos, abrigo e parceiros sexuals, Impede o crescimento indefinido das populacoes, + Em decorréncia dos fatores acima, 0s individuos de uma populagio competem entre sipelos recursos naturais, + Em todas as populacées, existem variagdes nas caracteristicas dos in- ividuos, muitas das quais so herdadas pelos descendentes. + Os individuos com caracteristicas mais favoraveis as condigoes do meio tém mais chances dle sobreviver e deixar descendentes, que her- dario tais caracteristicas, Esse é o conceito basico da selec3o natural, + Dessa maneira, pelo actimulo sucessivo de pequenas modificagSes a0 Jongo das geragbes, a selecio natural pode originar novas espécies. (Habitidade de corrida dos quepardos, segundo a teoria de Darwin e Wallace A velocidade de corrda dos ancestrais dos guepardos varava entre os indviduoe dessa opulagSes. Essa caractersica em nacureza heredria, Os individuos mais vores ‘obtinham mais sucesso nas ‘agadas Assim, suas chances de tebreviver e dear descendentes ‘am maiares, em comparacao Sedocindivcuos mai ences ‘Ao longo de muitas geragbes, 2 selegao natural favoreces 0 tstabelecimenco dos puepardos Stas, que so eximios covredores FEU cies te orge das pis Capitulo ll - Variacao sobre o estado natural Capitulo il Luta pela existéncia [Lu] Ninguém pode supor que os individuos de uma. determinada espécie sejam absolutamente idénticos, como se tivessem sido fundidos em um nico malde. As diferencas individuais so muito importantes para nés, uma vez que fornecem su- gestdes do que poderia ser acumulado através da Selecao natural. (..] $50 {1 Portanto, uma vez que nascem mais indviduos do {que o nimero dos que podertam sobreviver, sempre ha vveré uma luta pela existéncia, seja entre os individuos da ‘mesma espécle,seja entre eles e os de outras espécies liferentes, ouainda com as condicbes de vida existentes fem seu habitat. € a dovkrina de Malthus aplicada com redobrads forca a todo o reine vegetal e animal. [.] Fate: DARWT.C Aopen despa Mat Cae 207 Ancestralidade comum Darwin propés que todos os organismos descendem, em dltima and- lise, de um tinico ancestral comum. Assim, dois seres de espécies dife- rentes possuem, obrigatoriamente, um ancestral comum, que pode ser relativamente pouco ou muito distante, Essa proposta fornece explica- (do para uma diivida antiga da Historia Natural: por que existem espé- ies diferentes tao semelhantes entre si? ‘Segundo Darwin, essas similaridades se explicam pelo fato de os or ganismos serem parentes proximos, ou seja, terem descendido de um ‘mesmo ancestral comum relativamente recente, enquanto as diferencas centre eles teriam sido adquitidas desde que as linhagens se separaram, seguindo caminhos evolutivos proprios. E importante ter em mente que aescala de tempo da evolucio é de muitas geragbes, 0 que pode signifi- car milhdes de anos, : fF ke é t lH © Teoria sintética da evolugao Na época da publicacao de A origem das espécies, 0s conhecimen- tos sobre hereditariedade eram rudimentares. Somente na década de 1930 foi possivel complementar a teoria darwinista com os conheci- mentos do entao recente campo da Genética. Esse desenvolvimento da teoria de Darwin, resultado de intenso debate entre cientistas de iuitos paises, ficou conhecido como teoria moderna da evolucio ou. teoria sintética da evolugao. A Genética permitiu explicar a variabilidade entre os individuos de uma populacdo e a transmissdo das caracteristicas hereditarias. Anota¢to pessoal de Darwin feta tem se didio em 1837, em que ele reqjsua a idea de que as especies fdesiam de ances comons eae eee £m sua acepeio mais comum, o termo evolugdo ests associado a ideias de progresso e melhoria. Mas & prec: s0 ter em mente que, no significado comreto da palavra, ‘evolucio significa apenas mudanca, sem nenhum juizo devalor. Assim, a evolurao biol6gica€ o conjunto de mu: ‘dangas que ocorrem nos seres vivos ao longo do tempo, Essas mudancas padem ser de diversos tipos,incluin- ddo moleculares (como 0 surgimento de uma enzima), f siol6gicas (como as alteragSes metabélicas provocadas SIE por essa nova enzima), morfol6gicas (como o surgimen- to de penas nas aves) ¢ comportamentals (como 0 cuids do parental em aves e mamiferos). As mudancas evolu tivas dependem do surgimento, 20 acaso, de varacbes, assim como das condigbes atuals do ambiente. Uma ‘caracteritieafavordvel em certas condigées ambientals pode se tornar desfavorsvel em outras. Portanto, a evo: lugdo nao apresenta uma direcdo preestabelecida nem & sindnimo de progresso. ‘Wate as unto acequir comers co os auncs para vorcaracompreensio Respondaem seu cademo sor ccmnsoss sevens no em avis depeesngrcom seme ce ‘Anteao: Gu ¢ drenea oe sn arearaems? Gute or rtararar ca ool plicagda ——_ovoina poreite raul? Em que sentido © pensamento evolucionista de La marcke Darwin desafiou a visio de mundo da sua época? Esse conflico ainda existe? 2. Liste alguns exemplos contrarios 2ideia da heran- a de caracteristicas adquiridas comunicac! 3. Em grupo, escolham uma caraccerstica marcante cde um ser vivo (por exemplo, o canto de uma ave, a forma de cagar de um predador etc.) e propo: ‘nham uma hipcese para explicar a evolucdo dessa caracterstica pela selegio natural. Represencem a hipézese em uma trinha, como a do exemplo do gucpardo, da pagina anterior. 4, Pesquise mais sobre a viagem de Darwin a bordo do H. M.S. Beagle #0 impacto que teve na formu lagio das ideias de Darwin. Fara um mapa indican- do a rota dessa viagem 5. Apés mais de 150 anos da publicagio de orgom des spices, a eoria de Darwin ainda gera muicas contro vérsias, Discuta com a turma algumas das principais polémicas auais que envolvem essa teora, 1@ Na luta pela sobrevivéncia, os organismos de uma espécie que pos- suem caracteristicas mais vantajosas para aquele ambiente especifico conseguem se alimentar e se reproduzir com mais sucesso. Esse processo de selecdo natural tende.ao longo das geragdes, a favorecer a manutengio © 0 aprimoramento de caracteristicas que conferem melhor desempeniho ou ajuste, resultando na adaptacao dos organismos a0 meio. A seguir, ve remos que a selegao natural pode atuar de diferentes maneiras. ® Selecao estabilizadora Como o nome sugere a selegdo estabilizadora é uma forma de atuacao da selegio natural que favorece a estabilizagio de uma caracteristica em um determinado valor, reduzindo a presenga de variagGes muito discrepantes, Um exemplo é a massa corporal média dos bebés bumanos: 3.6 ke, aproximadamente. Nao havendo acesso a recursos médicos, bebés que nnascem com massa multo menor que essa perdem calor mais rapidamente fe so mais suscetiveis ainfeccSes;além disso, 0 parto de bebés muito acima de 3,6 kg é mais dificil, o que também influencia negativamente sua taxa de sobrevivéncia. A atuaco ao longo de muitas geragies da selegao estabi- lizadora sobre os fatores que influenciam o tamanho do bebe tornou mais provavel onascimento de bebés de massa média, préxima a 3.6 kg, © Selecao direcional Quando uma determinada caracteristica é favorecida, fa- la-se em selecdo direcional. A camuflagem, fenémeno em que a cor e a forma de uma espécie se assemelham ao am- Diente em que vive, é um exemplo desse tipo de selegdo. Ini- cialmente, organismos com alguma semelhanga com o meio, por menor que seja, sto menos predados que outros mais chamativos e tendem, por isso, a deixar mais descendentes. Se essa vantagem persistir por tempo suficlente, a selecio natural vai atuar de modo direcional, favorecendo a cada ge~ Selecao natural e adaptacao Como atun aselegdo natural na adaptagto das especies? ‘e dectro concat slaortua Srtteioos rtac ro urs cesta racio os individuos mais semelhantes ao ambiente ‘Arariposa da esptce Laconia sepering asscncha fobs seca ea oncos de trees. ® Selegao disruptiva GhanqueEaadunl Cars Btaho, P2001) Em alguns casos, o ambiente pode favorecer os individuos que apre- sentam caracteristicas extremas, mais distantes da média. A selegio natural atua entéo de maneira diversificadora ou disruptiva, podendo levar a diversificacdo da populacdo e ao surgimento de outras espécies. Por exemplo, suponha que uma populacdo de borboletas com colo ragio variando do azul-claro ao azul-escuro migre para um ambien- te em que os predadores apresentam maior capacidade de detectar as borboletas de coloragdo azul-médio. Nesse caso, a caracteristica média 6 desfavorecida, ¢ as borboletas multo claras e multo escuras tendem a deixar mais descendentes. O52

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