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Ary & Maia, 2008
Ary & Maia, 2008
Ary & Maia, 2008
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Thalita Carneiro Ary*
Ana Clarissa Maia**
13
Introdução
O artigo em tela visa traçar um panorama acerca do crime do
Tráfico de Pessoas, apresentando-o como um problema a ser considerado
pela Comunidade Internacional em virtude dos alarmantes números,
assim como pelo fato de ser um dos objetos da criminalidade organizada
transnacional.
A emergência de novos temas no cenário internacional, na década
passada, surge para permear as relações internacionais com uma nova
agenda social, a qual trouxe à tona assuntos antes considerados low politics
t
Trata-se de uma versão reduzida; o artigo completo será disponibilizado no site do CSEM no seguinte
endereço: http://www.csem.org.br/artigos_port_artigos08.html.
* Mestranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UNB. Estuda a questão do
Tráfico de Seres Humanos na pesquisa do mestrado, tema este inserido em sua área de atuação: os
Direitos Humanos. Esteve cinco meses como visitante profissional da Corte Interamericana de Direitos
Humanos.
** Mestranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UNB.
1
OIT. Relatório sobre tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, p. 12-13.
2
Esse novo contorno do tráfico se caracteriza por um cenário extremamente cruel, haja vista que os
grupos criminosos que traficam seres humanos não necessitam investir grandes quantias de dinheiro na
consecução do crime, enquanto que logram, em contrapartida, lucros impressionantes.
3
Saliente-se que os principais destinos das vítimas do tráfico são países da Europa Ocidental (Espanha,
Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, Reino Unido, Portugal, Suíça, Suécia, Noruega e Dinamarca). Já
a maioria das pessoas traficadas é proveniente do Leste Europeu (Rússia, Albânia, Ucrânia, Kosovo,
República Tcheca e Polônia), Sudeste Asiático (Filipinas e Tailândia), África (Gana, Nigéria e Marrocos)
e América Latina (principalmente Brasil, Colômbia, Equador e República Dominicana). OIT. Relatório
sobre tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, p. 13.
4
O crime organizado transnacional sempre esteve conectado com os chamados hard crimes, sendo
eles o tráfico de drogas e o contrabando de armas de fogo. Atualmente, surge esse novo objeto da
criminalidade internacional: o tráfico de pessoas.
5
Também conhecida como Convenção de Palermo, instituiu dois protocolos suplementares, sendo
que um aborda de forma específica o tráfico de seres humanos e o outro se refere à questão do con-
trabando de migrantes.
6
BERTONE, Andrea M. “Sexual trafficking in women: international political economy and the politics
of sex”, p. 7.
7
CEPEDA, Ana Isabel Peréz. Globalización, tráfico internacional ilícito de personas y derecho penal,
p. 18.
8
Ressalte-se que o Brasil ratificou a Convenção de Palermo e seus protocolos adicionais em março
de 2004.
9
O artigo 3º do “Protocolo contra o tráfico ilícito de migrantes por terra, mar e ar”, que fora instituído
juntamente com o protocolo adicional que se refere ao tráfico de pessoas, estabelece que o tráfico
ilícito de migrantes ocorre da seguinte forma: “(...) a facilitação da entrada ilegal de uma pessoa em um
Estado parte do qual a pessoa não seja nacional ou residente permanente com o fim de obter, direta
ou indiretamente, um benefício financeiro ou qualquer outro de ordem material (...)”.
10
OIT, op. cit., p. 15-16.
11
Ibidem, p. 15.
12
ELIZONDO, Gonzalo; CASAFONT, Paola. Migración y dinámica de los derechos humanos hoy, p.
293.
13
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas, p. 93-102.
14
Ibidem, p. 97.
Conclusão
O presente artigo traçou um panorama do crime do tráfico de
seres humanos, pontilhando dois aspectos principais: a influência do
cenário globalizante na atuação e desenvolvimento de grupos organizados
transnacionais os quais operacionalizam a referida prática, assim como a
existência de rígidas políticas anti-migratórias nos países destinos dessas
vítimas os quais constantemente as propagam como uma ferramenta de
combate ao tráfico de pessoas.
15
SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA. Tráfico internacional de pessoas e tráfico de migrantes entre
deportados (as) e não admitidos (as) que regressam ao Brasil via o aeroporto internacional de São Paulo,
p. 116.
16
Entende-se esta como formada pelos Estados nacionais, por organizações não-governamentais,
internacionais e regionais, pelas transnacionais, por grupos políticos e religiosos, entre outros.
Bibliografia essencial
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1999.
________. Europa. Uma aventura inacabada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BERTONE, Andrea M. “Sexual trafficking in women: international political economy
and the politics of sex”. Gender Issues, v. 18, 2000, p. 4-19.
CEPEDA, Ana Isabel Peréz. Globalización, tráfico internacional ilícito de personas
y derecho penal. Granada: Comares, 2004.
ELIZONDO, Gonzalo; CASAFONT, Paola. Migración y dinámica de los derechos
humanos hoy, in Os rumos do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Ensaios
em homenagem ao professor Antônio Augusto Cançado Trindade. Porto Alegre:
Sérgio Antonio Fabris, v. 4, 2005.
SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório: o tráfico de seres humanos no
Estado do Rio Grande do Sul. Brasília: Ministério de Justiça, 2006.
________. Relatório: indícios de tráfico de pessoas no universo de deportadas e
não admitidas que regressam ao Brasil via o aeroporto de Guarulhos. Brasília: