Revista do Laboratório de Estudos da Violência da UNESP/Marília Ano 2011 –

Edição 8 – Dezembro/2011 – ISSN 1983-2192 107

OCUPAÇÃO IRREGULAR E CRIMINALIDADE NA REGIÃO DA SERRA DA

CANTAREIRA-SP1

COUTO, Márcio Santiago Higashi

O texto em questão aborda o aumento da criminalidade na serra da Cantareira

onde há a ocupação de áreas precárias sem infraestrutura e seu impacto no
meio ambiente. Deixa claro que tanto ocupações legais ou ilegais causam
impactos significantes a fauna a flora local. Além de discutir e relacionar essas
ocupações e seus problemas sociais com base em pesquisas e teóricos da
sociologia como Sueli Andruciolli Felix.

Para dar início e contextualizar o leitor sobre o processo de ocupação o autor

traz informações sobre o histórico da área e dos seus bairros vizinhos,
apontando o crescimento desenfreado da cidade. Com a ocupação da área
central pela elite, a classe trabalhadora se vê obrigada a ocupar regiões cada
vez mais periféricas da cidade, que em um período muito curto se expandiu do
centro até regiões distantes como Itaquaquecetuba, Guarulhos, Diadema,
atingindo também bairros da zona norte como o Tucuruvi até chegar a Serra da
Cantareira.

A população de baixa renda então começa a ocupar áreas de risco como

encostas e morros, locais onde se torna quase impossível levar infraestrutura
como água, esgoto e energia elétrica, além do acesso da polícia devido a sua
declividade e o risco constante de sofrer erosão. Já a classe alta ocupa esses
lugares com o pensamento de fugir da cidade para locais mais tranquilos, criando
grandes condomínios murados no meio de uma área verde.

Toda essa situação causa um reflexo imediato a população carente, que se vê

sempre desamparada pelo poder público e enxerga a polícia como um órgão
repressor, que não está presente quando é necessário e acaba agindo de forma
violenta com a população quando aparece. Aponta FELIX, Sueli Andruciolli: Se
o crime é um fenômeno social que reflete certas condições de vida, diferenciadas
por situações sócio-econômicas, culturais, políticas, demográficas, espaciais
etc., é o estudo destas condições que levará à compreensão dos níveis de
variação da violência. Para tanto, é imprescindível analisar as condições de vida
do criminoso, suas características demográficas, assim como as demais
condições estruturais (físicas, de aglomerações) relacionadas à criminalidade.

A partir desse ponto o autor tenta mitigar os problemas sociais e dar alternativas
de soluções.
“O Estado deve ainda promover a inclusão social dos bairros carentes,
estudando, planejando e aplicando políticas públicas, para melhorar as
condições de infraestrutura destes locais. Reurbanizando-os, regularizando a
situação de posse de casas e terrenos, readequando as ruas, asfaltando-as e
abrindo novas ruas e avenidas na região, ampliando os serviços de água, esgoto
e eletricidade, incentivando, através de tarifas mais baratas, a regularização
destes serviços. Ampliar também a rede de transporte público da região e
incrementar a fiscalização dos estabelecimentos comerciais existentes,
procurando também incentivar, através de benefícios fiscais, empresas que
queiram
instalar-se na região, para gerar mais empregos.
Coisas básicas, como postos de saúde, escolas, e creches, para esta região tão
carente, são prioridade. Os ricos que moram nestas áreas não sentem falta
destes benefícios, pois possuem carro e podem deslocar-se para outras regiões.
Seus filhos estudam em escolas particulares, e o atendimento médico é feito
através de convênios médicos, em outras regiões de São Paulo.
Embora seja uma grande área turística e de lazer, a região da Serra da
Cantareira oferece poucas oportunidades para que os jovens pobres da região
se divirtam. Cabe ao Estado investir nisso, criando áreas de lazer, com incentivo
a esportes e aproveitando as características da região, promover atividades
relacionadas ao eco-turismo e á preservação ambiental, captando recursos e
formando pessoas qualificadas para trabalharem até mesmo como guias
turísticos da região ou responsáveis por atividades esportivas ou recreativas.
(pág. 124 e 125 )”
O texto aborda o assunto de forma clara e coerente, trazendo informações reais
sobre a região e seus problemas sociais, mostrando que as ações do poder
público são insuficientes quanto a problemas de falta de moradias de interesse
sociais em áreas mais urbanizadas e com infraestrutura, fazendo com que a
população busque outros meios de habitar, cada vez mais longe e segregadas
da sociedade. O texto traz um exemplo da sociedade da idade média na Europa
que podemos adaptar a algo mais brasileiro. Onde a elite vive na casa grande
cheia de mordomias e a classe trabalhadora na senzala, isolada e aglomerada.

Referência Bibliográfica

COUTO, Márcio Santiago Higashi. Ocupação irregular e criminalidade na

região da Serra da Cantareira-SP. Revista do Laboratório de Estudos da
Violência da UNESP/Marília, Marília, 2011. Edição 8. Disponível em: . Acesso
em: 06, nov de 2019

Thais Lucas Ferreira

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