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Universidade São Judas Tadeu

Jennifer de Jesus Taveira da Silva

Paisagem fluvial oculta:

Requalificação Urbana e Ambiental no córrego Perus

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade São Judas
Tadeu como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo.

Orientadora: Adriana Afonso Sandre

São Paulo

2021
 Figura 1┃Recanto dos Humildes - Autor: Paulo Pontes
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me dado força em todos os

momentos da minha vida.

A minha mãe Tatiana por ser uma mulher guerreira e me

apoiar em todas as minhas decisões e me consolar nos
momentos mais difíceis.

Ao meu irmão Jhonatan Izael por todo amor e carinho, que

me deram motivação para nunca desistir.

As minhas amigas Thais e Kely, por todo apoio e pela ajuda,

que muito contribuíram para a realização deste trabalho.

A minha orientadora Adriana Sandre, por ter me encorajado

em todo o processo do trabalho e compartilhado com
maestria seus conhecimentos, ao professor Luis Octavio
presente na banca, por toda a atenção prestada.

Agradeço a todas essas pessoas e especialmente ao meu avô

Izael que com toda certeza teria orgulho de mim, por tudo o
que fiz até aqui.

Figura 2 - Recanto dos Humildes

Autor: Paulo Pontes
Tão importante quanto o ar

A água tem seu papel

Ajuda a manter nossa vida

Caindo de lá do Céu

Molha o chão, apaga a poeira

Enche o rio, faz cachoeira

Recupera a natureza que morta já parecia

Transformando a paisagem em encanto e

Fantasia

(Everton Krull)
Resumo
O bairro Recanto dos Humildes é escasso em questão de espaços
públicos e de lazer. O objetivo central do trabalho é
compreender as necessidades da área para requalificar o parque
linear existente minimizando os problemas da área e valorizando
o curso hídrico. Sendo assim, foi necessário realizar uma extensa
pesquisa bibliográfica sobre espaços públicos livres e de lazer e a
importância da água, realização de visitas em campo para
analisar as problemáticas e necessidades da área e a elaboração
de mapas para auxiliar no entendimento. Elaborando um projeto
que levou em conta todas as pesquisas realizadas neste trabalho.
Palavras chave: Córrego. Parque linear. Espaços públicos e de
lazer.
Abstract
The Recanto dos Humildes neighborhood has few public and
leisure spaces. The main objective of this work is to understand
the needs of the area in order to requalify the existing linear park
minimizing the problems of the area and valuing the water
course. Therefore, it was necessary to carry out an extensive
bibliographic research about free public and leisure spaces and
the importance of water, field visits to analyze the problems and
needs of the area, and the elaboration of maps to help in the
understanding. Elaborating a project that took into account all
the research carried out in this work.
Key words: Stream. Linear park. Public and leisure spaces.
 Figura 2┃Recanto dos Humildes - Autor: Paulo Pontes
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................ 7

CAPÍTULO 1 – A importância dos espaços públicos livres e de

lazer ............................................................................................. 11

CAPÍTULO 2 – A água e a representação social........................... 19

CAPÍTULO 3 – Análises projetuais .............................................. 25

CAPÍTULO 4 – Estudo do lugar .................................................... 33

CAPÍTULO 5 – Projeto conceitual ................................................ 49

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 63

 Introdução ocupação do espaço, invadindo sua paisagem natural,
canalizando nossos rios e córregos e depositando dejetos.
7 A escolha do local de estudo primou por optar por um recorte
onde houvesse espaços públicos livres subutilizados ou que não As águas urbanas poluídas causam o afastamento do convívio de

causassem impacto positivo para a população e o meio ambiente pessoas no seu entorno, por conta do forte odor causado pela

como é o caso do córrego Perus. poluição difusa e pontual, causando impacto ambiental negativo
e maior possibilidade na transmissão de doenças.
A vila Recanto dos Humildes cresceu a partir do ano de 1992,
através do plano proposto pela Prefeita Luiza Erundina, logo Neste dossiê será tratada a importância dos espaços públicos

depois Paulo Maluf assumiu o cargo de prefeito e o plano foi livres e de lazer e como esses espaços podem contribuir com a

abandonado, causando assim a ocupação desordenada da vila, qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente,

na falta de espaços de qualidade para habitar, fizeram uma especificamente no bairro do recanto dos humildes.

ocupação à beira dos córregos, da Mina e o Perus que são

Os espaços públicos livres são escassos no recanto dos humildes
afluentes do córrego Ribeirão Perus.
assim como o olhar do poder público sob os espaços já

A cidade de São Paulo tem um grande problema com existentes, obrigando a população que habita essa área a gerar

saneamento básico, inundações e falta de gestão da água. A seus próprios espaços de lazer e cultura. Como é o caso da Casa

cidade vive em conflito com a natureza, o crescimento do Hip Hop Perus que nasceu em 2015, através de uma ocupação

desenfreado da população, a desigualdade social e a necessidade de um lote existente na vila Recanto dos Humildes, para atender

de habitar faz com que a cidade busque formas improvisadas de as necessidades da região.
 Os espaços públicos livres trazem incentivos para a preservação
do meio ambiente e geram espaços de lazer e cultura para a
8
população mais carente. Muitas vezes esses espaços contribuem
com o aumento da segurança local, causando impacto positivo
na qualidade de vida.
Também será tratada a importância da água para o meio
ambiente e sua representação social, como podemos unir
espaços públicos e de lazer com o curso hídrico em prol da sua
valorização e preservação.
É a partir dessa problemática que surge a proposta para este
trabalho final de graduação, analisar a importância dos espaços
públicos livres para as áreas carentes desses espaços e a
necessidade da requalificação da paisagem urbana e ambiental,
em especial a água.
O córrego Perus se encontra degradado, recebendo poluição
pontual e difusa. Em 2007 o córrego passou por um projeto de
reurbanização onde foi realizada a canalização do córrego e
criado um parque linear oculto entre as residências existentes no
afluente, um córrego quase que inexistente aos olhos de quem
circula pelo local, o que afetou a segurança, gerando o
afastamento da população, que não desfruta desse espaço.
Além da insegurança local a água poluída afasta a população,
que acaba perdendo o interesse de se apropriar do espaço, por
isso será tratada a importância da água, um elemento necessário
para a nossa existência e reacender a relação entre a sociedade e
a água é significante não só para nós seres humanos, mas
também para o meio ambiente onde vivemos.
O projeto tem como partido essas reaproximações e o incentivo
a qualidade de vida e do meio ambiente, expondo o que hoje é
oculto, devolvendo espaços livres de lazer em prol do meio
ambiente e da sociedade que frequenta aquele espaço.
O córrego está localizado em um trecho da Bacia hidrográfica do
Ribeirão Perus, mais especificamente na vila Recanto dos
Humildes em Perus um distrito da Zona Noroeste de São Paulo.
O projeto tem como objetivo a requalificação do parque linear
do córrego Perus, propondo a qualidade ambiental e a criação de
espaços públicos livres de lazer e cultura, valorizando a cultura
 local e as atividades existentes na área, trazer a segurança para o Capítulo 3: Análises projetuais de parques e espaços de lazer,
local, tornando-o um espaço mais agradável para a permanência trazendo embasamento necessário para a criação da proposta.
9
e contemplação, valorizando o espaço público existente no
No capítulo 4: Refere-se ao contexto histórico do local de estudo,
córrego Perus, criando uma proximidade da população que mora
como ocorreu à ocupação da vila Recanto dos Humildes que
próximo ao córrego com a natureza incentivando a preservação
passou por vários governos e processos como a autoconstrução
e a valorização do recurso hídrico, recuperação da paisagem
e os mutirões para que os moradores pudessem habitar e ter o
fluvial e a valorização da qualidade de vida através do espaço
direito à moradia. Também abordaremos neste capítulo o estudo
público, que o mesmo seja utilizado.
do lugar que dará apoio para realização do projeto, para a
Para entender a dinâmica do espaço foram realizadas visitas de elaboração desse capítulo foi realizada diversas visitas a área,
campo e leituras relacionadas à área e sua história, buscando para compreender a dinâmica espacial e as necessidades.
entender como se deu as problemáticas e qual a importância de
Capítulo 5: Neste capítulo será apresentada a proposta
solucioná-las.
conceitual de projeto que tem como base todo o estudo
Capítulo 1: Neste capítulo será tratada a importância da criação realizado até o capítulo 4, criando o projeto através da
de espaços públicos livres e de lazer. motivação do trabalho, entendimento do lugar e as necessidades
de implantação do projeto.
Capítulo 2: Refere-se na relação do homem com a água e sua
importância no lazer visando que haverá uma requalificação no
córrego Perus.
 10

Figura 3┃Autor: Paulo Pontes

Figura 4┃Capa do capítulo 1 – Fonte: Elaborado pela Autora

11
 Os espaços livres se configuram da seguinte forma: São espaços
sem edificações que podem ter relação com espaços públicos ou
12
privados e configurar a paisagem urbana e que sejam de uso
comum e posse de todos. Como indicado nas leis:
Segundo o Código Civil Brasileiro, Lei nº 10406 de dez de janeiro
de 2002, Capítulo lll
Indicam no Art. 99- São bens Públicos: I – os de uso comum do
povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.
Legislação de parcelamento do solo Federal e Estadual, Lei nº
6766/79 de dezenove de dezembro de 1979.
Indicado no art 4º: I – as áreas destinadas a sistemas de
circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário,
bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à
densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada
por lei municipal para a zona em que se situem.
São ambientes abertos como, praças, praias, ruas, calçadas,
jardins ou parques. Esses espaços são de extrema importância
para a diversidade cultural e qualidade de vida. Um espaço que
deve abrigar todos os grupos sem segregação, servir de
acolhimento para todos os indivíduos, pois é nele que os
diferentes grupos se unem criando o reconhecimento afetivo
local do espaço.
Os espaços públicos livres podem conter diversas atividades que
criam conexões e relações entre pessoas, como caminhar ao ar
livre, andar de bicicleta, fazer um piquenique, ler um livro, jogar
futebol e praticar outros esportes.
Essas atividades geram o desejo de permanência, trazendo
segurança, pois o lugar estará sempre com grande movimento,
principalmente nos fins de semana, quando as empresas
costumam dar folgas aos seus funcionários e as escolas aos seus
estudantes. É importante também promover atividades
noturnas, como saraus e eventos culturais como shows, para que
os jovens façam parte e o local fique seguro e confortável para
utilização em período noturno.
 Os espaços públicos livres quando bem projetados reduzem a
taxa de criminalidade local e contribuem para uma maior
13
familiaridade e segurança do local. Ainda, esses espaços
propiciam atividades formais e informais socioculturais,
econômicas e de lazer, o que contribui ainda mais com a
segurança do espaço e o desejo da população local de cuidar de
um bem comum. Esses espaços têm importância em diversas
frentes:
Importância Ambiental
Os espaços públicos não necessariamente precisam prestar
serviços ambientais, mas quando isso acontece agrega muito no
meio urbano, trazendo a valorização ambiental e a qualidade de
vida, aproximando a sociedade e o meio ambiente, criando locais
de preservação ambiental e também urbana já que nossa
sociedade tem uma escassez de áreas voltadas para a
preservação ambiental.
Estamos cada vez mais distantes do meio ambiente e do cuidado
com nossos recursos naturais, porque estamos cada vez mais
construindo e ocupando o meio ambiente e também o
degradando, vivemos em uma sociedade que por muitos anos
pouco se pensou na esfera ambiental, destruindo nossas
florestas e poluindo nossas águas sem pensar nos problemas que
esses impactos negativos poderiam causar a sociedade.
“Os espaços livres, privados ou públicos, são os principais
elementos capazes de prestar serviços ambientais no meio
urbano”. (QUEIROGA, 2014, p.105).
Os espaços públicos livres que contém vegetação contribuem
para a permeabilidade e drenagem no solo também contribui
com a diminuição da ilha de calor urbana e melhoria na
qualidade do ar, ajuda na umidade do ar, principalmente quando
está atrelada à água. Ainda, estimulam a preservação do meio
ambiente, pois as pessoas tendem a cuidar e valorizar espaços
livres de qualidade, quando o mesmo tem papel fundamental em
um bairro ou uma cidade. Conforme acrescenta QUEIROGA:
“A vegetação apresenta papel fundamental nas capitais e
metrópoles brasileiras, é um importante elemento para a
drenagem urbana, para a manutenção de microclimas mais
agradáveis e como fator simbó-lico e de embelezamento
urbano” (2014, p. 112).
 Os espaços também contribuem com os fluxos da cidade no mercado imobiliário, valorizando também o comércio criando
incentivando o transporte não motorizado, incentivando o uso um desenvolvimento socioeconômico local.
14
de bicicleta ou o transporte a pé. O que contribui com a
qualidade de vida dos indivíduos, já que a bicicleta e a
Importância Social
caminhada são atividades físicas que previnem doenças e criam
Os espaços públicos livres são importantes não só pela prestação
indivíduos mais saudáveis.
de serviços ecossistêmicos e ambientais para a cidade, mas

Importância econômica também por sua relevância social, são neles que as pessoas
buscam relações e vivência. Trata-se de praças, parques, centros
Conforme acrescenta QUEIROGA,
culturais entre outros elementos que compõem os espaços
“Compreende-se, também, a importância de espaços não livres.
vegetados para inúmeras práticas sociais: das feiras às festas
populares, das manifestações políticas à valorização de
A área social é de extrema importância, pois nós seres humanos
determinadas paisagens e patrimônios culturais” (2014, p. 112).
somos sociáveis por natureza e quando frequentamos o espaço
Ainda, a criação de espaços públicos livres, não tem importância
público, estamos convivendo com pessoas de diferentes culturas.
somente quando se trata de lazer vinculado à natureza, ele
Esses encontros e conexões são importantes para a socialização
também é importante para a geração de espaços comerciais,
do nosso ser, pois nós costumamos conviver em grupos sociais
como feiras realizadas em praças. Esses espaços são de extrema
semelhantes a nós, como por exemplo: pessoas que trabalham,
importância para expor a cultura local e a valorização de uma
estudam e convivem diariamente na mesma área e local e
paisagem existente que muitas vezes está oculta aos olhos do
consequentemente tendem a buscar os mesmos interesses.
pedestre. Os espaços públicos livres contribuem com a
Então quando nós saímos do nosso meio em busca de lazer,
valorização do entorno tornando-o atrativo para investimentos
 geralmente procuramos os espaços públicos livres, onde nós
deparamos com pessoas que se diferem do nosso grupo
15
cotidiano, que consequentemente nos trará culturas e sensações
diferentes do que estamos habituados, quebrando barreiras de
preconceito, unindo diferentes grupos de uma comunidade,
esses espaços criam também conexões com o meio ambiente,
gerando um significado único para cada indivíduo que o
frequenta, já que o espaço é configurado pelas pessoas que se
apropriam dele e não o contrário.
Figura 5┃Mapa de densidade populacional (habitantes/há) - Fonte: Origem e destino 2017
Quando criança esses espaços abrem espaços para a brincadeira
e colaboram com a imaginação, e o desenvolvimento físico e
psíquico das crianças, na fase adulta surge à necessidade de se
distanciar da rotina, principalmente em uma cidade como São
Paulo, que contém uma rotina exaustiva na qual a maioria da
população mora longe do seu trabalho.

Como podemos observar no estudo de Origem e Destino 2017

que mostra a concentração de Empresas e a Densidade
demográfica por hectare:

Figura 6┃Mapa de densidade de empregos (empregos/há) - Fonte: Origem e destino 2017

 Essa configuração gera grande aumento de tempo na locomoção
do indivíduo, pois os empregos estão mais concentrados nas
16
áreas centrais enquanto a uma parcela de maior densidade
demográfica afastada do centro e quando o trabalhador vive
essa realidade e tem um tempo livre, busca espaços livres
públicos ou privados para fugir do que está habituado e muitas
vezes optam por locais com vegetação e água, para se reconectar
com a natureza e desfrutar de um tempo de lazer e fugir da
rotina, o transporte público lotado e uma grande aglomeração
de pessoas.
É muito importante trazer esse lazer mais próximo da população,
criando laços sociais e espaços de uso comum para ativar o
comércio, lazer, cultura, prática de atividades físicas,
movimentos políticos entre outras atividades que contribuem
com a qualidade de vida.
Importância cultural
Criar espaços para a cultura dentro dos espaços livres públicos,
gera liberdade e a criatividade para os artistas ligados ao circo,
dança, teatro, arte de rua, música que incentivam ainda mais a
interação social e podem mostrar através desse espaço o seu
trabalho, podendo lucrar ou não através das apresentações.
Ainda, essas apresentações criam espaços confortáveis que
estimulam a permanência dos indivíduos no local e atraem
diversos públicos criando um local mais seguro e agradável.
Possui extrema importância cultural e também social, pois a
cultura pode contribuir com a transformação de vida de cada
cidadão e tem papel fundamental quando se trata do
crescimento de uma sociedade ou de um indivíduo. A cultura
gera conhecimento e questionamento transformando e
ressignificando o espaço público trazendo diversidade social,
realizando o encontro de diferentes culturas e artistas.
 Falta e dispersão no Estado de São Paulo
17 Na cidade de São Paulo existe uma falta de espaços públicos
livres voltados ao lazer, cultura, convívio e preservação
ambiental, principalmente quando se trata da periferia que
contém uma ocupação urbana desordenada. Um exemplo disso
são ocupações em áreas de risco ou áreas que foram destinadas
para a preservação ambiental. Conforme afirma Maricato:
A tolerância pelo Estado em relação à ocupação
ilegal, pobre e predatória de áreas de proteção
ambiental ou demais áreas públicas, por parte das
camadas populares, está longe de significar uma
política de respeito aos carentes de moradia ou
aos direitos humanos. A população que aí se
instala não compromete apenas os recursos que
são fundamentais a todos os moradores da
cidade, como é o caso dos mananciais de água.
Mas ela se instala sem contar com qualquer
serviço público ou obras de infra-estrutura
urbana. Em muitos casos, os problemas de
drenagem, risco de vida por desmoronamentos,
obstáculos à instalação de rede de água e esgotos
torna inviável ou extremamente cara a
urbanização futura. (2001, p. 158)
A periferia cria seus próprios espaços de lazer através das
necessidades previstas pela população, pois a maior parte do
investimento do poder público está ligada ás áreas de maior
concentração econômica onde há grandes corporações e
empresas, a periferia que costuma estar mais distante desses
locais e sofre com a falta de melhorias. A periferia utiliza as vias
existentes em seu entorno para criar espaços de lazer, como
bailes, futebol ou até mesmo fecham a rua para lazer da
comunidade que habita aquela área, como soltar pipa entre
diversas atividades. Conforme Ana Cláudia Castilho Barone em
entrevista para Flávia Coltri em 2019:
Ana conta que áreas mais ricas, que, sobretudo
centralizam grandes empresas e corporações,
tendem a disputar e receber maiores
investimentos públicos, e essa realidade acaba
por prejudicar toda a população que não está
inserida nesses centros, principalmente as que
vivem na periferia. Com o meio ambiente não é
diferente – devido ao avanço desenfreado da
ocupação urbana, diversas áreas de risco que
necessitam de preservação ficam suscetíveis e
trazem problemas, como deslizamento de terra,
para os moradores.
Geralmente os planos de gestão de São Paulo visam investir no
tratamento das vias e pouco se fala sobre o tratamento dos
 Figura 7┃Figura Avenida Paulista – Fonte/Autor: Helen Dutra
espaços públicos livres, como praças, parques entre outros que
oferecem lazer e serviços ambientais para a cidade. Estes planos
18
visam o tratamento de vias, pensam mais na escala do
automóvel e muito pouco na escala do pedestre e na mobilidade
a pé. A ocupação realizada pela população nas vias, utilizando-as
como forma de lazer é interessante, como por exemplo, a
Avenida Paulista aos domingos, que tira o foco do transporte
motorizado na utilização da via e coloca como prioridade os
pedestres e as atividades de lazer e cultura. Para a aplicação dos
espaços públicos livres é necessário conhecer as necessidades da
população e aplicar essas necessidades no planejamento urbano
na escala humana criando uma relação de pertencimento
trazendo a identidade do entorno e aplicando nos espaços livres
criados.

Propondo atividades que promovam encontros e interações

entre pessoas, isso consequentemente gera uma maior
segurança para o local e estimula a mobilidade a pé.
Figura 8┃Capa do capítulo 2 -Fonte: Elaborado pela autora

19

Figura 3 – Avenida Paulista

Fonte: Helen Dutra - Autor: Helen Dutra
 As cidades nasceram às margens dos rios e sempre fomos muito
dependentes deles, pois a água é um recurso muito importante
20
para a nossa existência e ela faz parte de diversas atividades do
nosso cotidiano como lavar as roupas, pescar, higienização,
coleta de recursos e também a utilizamos para o lazer.
A cidade foi crescendo e os rios se tornaram obstáculos da
urbanização, o que antes era visto como principal instrumento
do crescimento da cidade estava sendo visto como um grande
vilão. O viaduto do chá no vale do Anhangabaú foi o primeiro
marco da quebra de barreiras entre os rios e a urbanização, o
projeto do viaduto foi idealizado em 1877 e inaugurado no ano
1892.
Em 1930 Prestes Maia criou um plano de avenidas para São
Paulo que tinha como foco a expansão e a modernização da
cidade, Ana Barone destaca:
O sistema de estruturação viária proposto
compunha-se de 17 vias radiais que partiam do
centro em direção aos bairros e por três anéis
perimetrais concêntricos de distribuição do fluxo.
Além disso, o plano previa algumas obras viárias
essenciais: a retificação e canalização dos rios
Pinheiros e Tietê, a implantação das marginais,
além de pontes, túneis, viadutos e obras de
drenagem. (1990, p.04).
No plano também continha o planejamento de parques, com um
foco secundário, foi pensando uma hierarquia de parques, um
dos maiores era o parque do Ibirapuera e os médios foram os
parques, Cantareira e Pary da Mooca, entre outros parques
citados no plano que montariam um sistema de parques ao
longo da cidade.
Muitos rios foram canalizados para dar lugar às grandes avenidas
e hoje exercem o papel de esgotos a céu aberto e estão ausentes
do seu papel de recurso natural, se tornando ocultos no nosso
cotidiano.
 Figura 9┃Área alagada do Butantã, na zona oeste de São Paulo - /fev de 2020 – Fonte: G1 - Autor: Rahel Patrasso/ Reuters
Conforme Gorksi:

21 Por um lado, em todo o mundo, ao longo do

tempo, grande parte dos cursos d’água que se
localizam no meio urbano sofreu um processo de
degradação contínua, transformando-se em alvo
de esquecimento e rejeição. Por outro, o meio
urbano vem sendo constantemente exposto a
inundações, à carência de mananciais adequados
para abastecimento público, além de sofrer a
desqualificação da paisagem fluvial. (2010, p.22).

Isso gerou o distanciamento da população com as águas, mesmo

sendo um elemento indispensável, pois ela é fundamental para a
nossa sobrevivência e da nossa fauna e flora e tem um grande
valor social, econômico e ambiental.

A sociedade começou a sofrer os impactos, ocultar os rios, o

desmatamento causado pela urbanização, construções
inadequadas, alteração dos cursos naturais dos rios, projetos
ineficazes de captação da água fluvial, trouxeram consequências
como as inundações. A natureza das águas mesmo passando por
tudo isso não perdeu a sua essência e a sua força natural,
invadindo assim a cidade como um pedido de socorro em
períodos de grandes chuvas.
 Consequentemente nos afastamos da nossa relação com o meio
natural em especial a água, atividades como lazer e esportes que
22
eram praticados nas várzeas já não são mais possíveis, pois a
água é vista como um inimigo, por estar poluída, podendo
transmitir diversas doenças e causar diversos estragos através
dos alagamentos.
contemporâneas. Pois quem vive no meio rural depende do meio
natural para a sobrevivência, pois vendem e consomem o que
vem da terra e costumam morar às margens de rios. Por isso,
essa população tem uma visão mais aprofundada sobre
preservação, pois sentem a necessidade de preservar para
manter os seus recursos.

Os rios que eram à base da cidade hoje já não podem ser Realizar a despoluição das águas com o intuito da criação de
acessados ou utilizados. Segundo Gorski: lazer faz com que a sociedade perceba a necessidade de sua
preservação e estabeleça novos laços entre o homem e o meio
No Brasil, ao se tratar de paisagens urbanas
relacionadas a cursos d’água, por exemplo, natural principalmente na sociedade contemporânea. Colocando
quando se cruza com um córrego na abertura de
novas ruas, é muito comum lançar-se mão de a água como elemento principal da paisagem expondo
galerias para interpretá-lo, estrangulá-lo ou,
ainda, embuti-lo em dutos, o que contribui para a
totalmente a paisagem fluvial muitas vezes oculta. Valorizando
descaracterização dos vales e para a ocorrência de essa paisagem que já era existente, mas que sofreu muito com o
inundações. (2010, p. 42).
crescimento da cidade.
A água tem grande importância cultural e espiritual em nossa
sociedade, diversos povos têm uma forte conexão com a água, e
essas representações alteram de acordo com a cultura e crença
de cada povo.

Quem vive em área rural, por exemplo, tem uma aproximação

muito maior com a água e o meio natural do que as cidades
 Como afirma Gorski:
23 A mídia tem veiculado notícias sobre córregos em
processo de despoluição, implementação de
parques lineares, remoção de população das áreas
ribeirinhas ou de proteção de mananciais,
demonstrando, assim, preocupação com as áreas
de risco para a população e para o ambiente
urbano. (GORSKI, 2010, p.74).
Foram criadas leis para a conscientização e valorização do meio
ambiente, visando à diminuição dos impactos negativos
causados pela sociedade. Mesmo com a existência das leis e
ONG’s que cuidam do meio ambiente, a sociedade continua
degradando o meio natural realizando a extração de recursos
naturais.
Essa lei impõe diversas mudanças e reflexões que devemos
tomar com relação à gestão da água, pensar na reconciliação e
tratar melhor o meio natural.
Também foi criado pela ONU o dia mundial da água em 22 de
março de 1992, onde foi realizada também uma Declaração
Universal dos Direitos da Água.
Continuaremos dando valor ao transporte individual, ou vamos
olhar pelo ponto de vista do pedestre e o que é mais importante
para a cidade, será que apenas os carros merecem espaço ou
devemos dar espaço ao meio natural que tinha uma presença
antes da colonização e urbanização do Brasil.

Lei nº 6938 de trinta e um de agosto de 1981: A Política Nacional

do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana.
 Figura 10┃Crianças na água – Fonte: Pinterest – Autor:
Devemos fazer uso racional da água e a preservação de rios,
córregos e lagos entre outros recursos hídricos, a água tem uma
24
forte presença no turismo, as pessoas sempre buscam locais com
água, como praias, rios, lagos e represas, para realizar atividades
como o rafting, jet ski, entre outros esportes aquáticos. O
turismo valoriza muito os nossos corpos hídricos, e o lazer está
atrelado a eles, como por exemplo, o circuito das águas em São
Paulo.

Criar espaços públicos que respeitam e valorizam a paisagem

fluvial, traz uma grande representatividade de preservação e
conservação do meio natural mesmo em áreas urbanas. Colocar
a sociedade em contato com os nossos recursos hídricos de
forma consciente seja para lazer ou turismo é de extrema
importância nos dias de hoje, que estamos criando uma
consciência ambiental e entendendo a importância da
preservação do meio natural e da água, para a nossa
sobrevivência.
Figura 11┃Capa do capítulo 3 - Fonte: Elaborada pela autora

25
 Projeto elaborado em 2000:

Parque Dongshan Shaoye

26
O Parque Dongshan está localizado no distrito de Yuexiu, em
Guanzhou na China e contém uma área de 898 m² e foi
elaborado pelo escritório WAY Architects no ano de 2020.

O parque une a parte comercial e residencial do distrito e está

próximo do terminal de ônibus. O parque também serve como
Figura 12┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: WAY archtects
ponto de conexão para as pessoas que vão em direção ao metrô
do distrito. Reforma realizada em 2020 atual:

O parque Dongshan já havia sido reformado em 2000, mas após

10 anos a qualidade do espaço público estava comprometida,
então surgiu uma nova proposta de reforma, o escritor WAY
architects: Foi proposta uma nova circulação para esse espaço
público, segue os diagramas que demonstram essa mudança:

Figura 13┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: WAY archtects

Figura 4 - Fonte: Elaborada pela autora

 Além da mudança na circulação que traz curva mais sugestiva, Esse projeto foi criado para se tornar um espaço de
fazendo com que o trajeto se torne interessante, foram criados permanência, onde as pessoas se conectam com o meio natural
27
também mobiliários urbanos mais atraentes que fazem com que e conseguem se sentir bem e seguros naquele ambiente. O
as pessoas tenham contato com as áreas verdes. projeto também está próximo das residências, tornando ele uma
extensão da casa, como se fosse o jardim de cada residência,
O gramado e as árvores então inseridos no mobiliário urbano,
também atrai os trabalhadores do comércio para apreciarem o
então ao invés do gramado estar sob os pés dos visitantes, ele
local em seu tempo livre.
está próximo ao corpo tornando essa conexão física mais direta,
fazendo com que os visitantes notem o meio natural existente no
parque.

Por ser um espaço público, próximo ao transporte público ele

também atrai turistas para esse espaço, onde tem um grande
mural que conta a história e a cultura regional de Guangzhou.

Contribuições
Esse projeto está inserido próximo a um centro comercial, metrô
e bairro residencial, e o objeto de estudo deste trabalho está
inserido próximo a uma estação de trem, um centro comercial e
Figura 14┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: Siming Wu
um bairro residencial.
 Diagramas elaborados pela autora

28

Figura 15┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: Mingjun Peng

Figura 16┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: WAY Architects

Figura 17┃Parque Dongshan Shayoye – Fonte: Archdaily – Autor: Siming Wu

 Requalificação Urbana da Lagoa do Tabapuá Contribuições:
Esse projeto traz como inspiração a valorização do recurso
29
O projeto contempla uma área de 13709 m² e foi realizado no ano de
hídrico e equipamentos que trazem a permanência da
2019 pelo escritório Certare Engenharia e Consultoria a pedido da
população, como o restaurante que está frequentemente
Prefeitura de Caucaia que fica em Fortaleza, Ceará.
funcionando e atraindo clientes e quadra de vôlei, entre outras
O projeto tem como objetivo estimular a aproximação da população diversas atividades que promovem a permanência das pessoas
local e o espaço público localizado no entorno da lagoa.
no local, incentivando a qualidade de vida e a segurança local.
Foram propostos usos diversificados ao longo do espaço e a
valorização do potencial paisagístico do recurso hídrico local.

Segundo Matheus Pereira para o site Archdaily: As edificações

propostas tomaram como partido o aproveitamento dos recursos
naturais de ventilação e iluminação para garantir mais eficiência
energética. A edificação também contém um vão livre que serve como
passagem e conexão entre os equipamentos públicos projetados e a
lagoa.

Figura 18┃Lagoa do Tabapuá – Fonte: Archdaily – Autor: Igor Ribeiro

 Diagramas elaborados pela autora

30

Figura 19┃Lagoa do Tabapuá – Fonte: Archdaily – Autor: Igor Ribeiro Figura 20┃Lagoa do Tabapuá – Fonte: Archdaily – Autor: Igor Ribeiro
Figura 22┃Lagoa do Tabapuá – Fonte: Archdaily – Autor: Igor Ribeiro

Figura 21┃Lagoa do Tabapuá – Fonte: Archdaily – Autor: Certare

 Minghu Wetland Park
31 O projeto está localizado na Cidade de Liupanshui na China,
província de Guizhou e contém 90 hectares, sendo 32 hectares
construídos e foi elaborado pelo escritório turenscape em 2009.
Liupanshui é uma cidade industrial que foi construída em 1960 e
é cercada por colinas e o Rio Shichenghe que percorre toda a
cidade, em 2009 o escritório Turenscape foi contratado para
elaborar um projeto com estratégias para requalificar a área,
pois o governo criou uma campanha de melhoramentos
ambientais para a cidade.
Os problemas a serem solucionados pelos arquitetos e
paisagistas eram: poluição das águas, inundações, recuperação
do rio principal e criação do espaço público.
proposta de tornar esse rio canalizado em um parque alagável
trazendo a proposta de wetlands.
Contribuições
A criação de espaços de lazer e permanência próximos à água
aproxima as pessoas do curso hídrico gerando uma maior
conexão com a paisagem natural local. Os trechos de passeio
exploram a paisagem e torna o caminhar agradável para os
visitantes, o fato de o parque ser alagável e tratar a água com um
sistema de wetlands resolve o problema das inundações e
poluição da água e valoriza o recurso hídrico, tornando-o o
protagonista do projeto.

Segundo o escritório Turenscape: O projeto contempla uma área

de 90 hectares no Rio Shichengue que foi canalizado em
concreto no ano de 1970, porém a canalização não resolveu os
problemas de inundações e o escritório Turenscape trouxe a

Figura 23┃Minghu Wetland Park – Fonte/Autor: Turenscape

 Diagramas elaborados pela autora

32

Figura 24┃Minghu Wetland Park – Fonte/Autor: Turenscape

Figura 25┃Minghu Wetland Park – Fonte/Autor: Turenscape Figura 26┃Minghu Wetland Park – Fonte/Autor: Turenscape
Figura 27┃Capa do capítulo 4 - Fonte: Elaborada pela autora

33
34
Inserção

‘
Figura 28┃Mapa de inserção – Base de dados: geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
 Ocupação
35
No ano de 1980, em São Paulo, houve uma crise no trabalho que
aumentou o desemprego, a crise também gerou o aumento dos
preços imobiliários nas zonas centrais paulistanas. Como Perus
era um local que continha diversos terrenos vazios com valores
relativamente baixos e por conter transporte público como a
Estação de trem Perus, atraia os olhares das pessoas que
buscavam um local para morar. Figura 29 e 30┃Grafícos censo demográgico – Base de dados: IBGE
Fonte: Elaborado pela autora
Passada a crise do ano de 1992 a atual prefeita da época Luiza
Em 2000-2010 a população de Perus teve um acréscimo
Erundina deu início a um projeto de mutirões de autoconstrução
considerável como podemos observar no gráfico acima, esse
junto do Movimento dos trabalhadores sem terra (MST) para
crescimento se deu devido às ocupações desenfreadas que
ocupar a área hoje então chamada de Recanto dos Humildes.
estavam ocorrendo, essa ocupação não ocupou somente os
No período de 1990 a 2000 houve um aumento de 7,13% da terrenos livres, ocuparam também os afluentes do Ribeirão
população em Perus como podemos observar no gráfico abaixo, Perus, como o córrego Perus e o córrego da Mina localizado na
momento que marcou a chegada dos imigrantes nordestinos no vila Recanto dos Humildes.
bairro que ocuparam não somente o Recanto dos Humildes
As considerações citadas se baseiam no estudo feito por
como o Jardim do Russo e a Vila Caiuba.
CHOCHIK (2018).
 Segundo Pellegrine (2011), às ocupações da vila Recanto dos
humildes são divididas em duas formas: a mais antiga que se
36
iniciou em 1992 na gestão da prefeita Erundina com os mutirões,
onde os lotes eram comprados para atender as demandas e
moradias do MST e a segunda uma ocupação desordenada
gerada por barracos às margens de córregos que depois se
transformou em casas de alvenaria. Essa ocupação surgiu
quando houve uma troca de governo, com o Maluf eleito
prefeito, a população ficou sem auxílio então começou a ocupar
o Recanto dos Humildes de acordo com seus próprios critérios,
tornando assim uma ocupação desordenada.

A vila Recanto dos Humildes é mais residencial, como podemos

observar na figura ao lado, mas o comércio vem crescendo, por
ser um ponto próximo à estação de trem o que gera uma grande
aglomeração de pessoas, como está cada vez mais adensado
contendo 13.838 pessoas de acordo com o a soma dos Setores
Censitários estudados e também pelo seu adensamento
construtivo.

Figura 31┃Mapa de ocupação – Base de dados: Geosampa - Fonte: Elaborado pela autora
 Densidade morfologia das quadras entre as duas vilas, e a morfologia das
ruas, mostrando que o Recanto dos humildes expandiu sem que
37 O recanto dos Humildes é mais adensado que a Vila Perus
houvesse uma preocupação com a qualidade das vias e calçadas,
quando comparamos os dados do IBGE dos Setores censitários,
a ocupação partiu dos moradores que ocuparam espaços
foram analisados:
ociosos, sem se preocupam com a morfologia das quadras e
como isso causaria impacto na mobilidade do bairro.

Depois de relacionar e separar os dados do IBGE de acordo com

a idade de cada morador se conclui que a maioria dos moradores
da área de estudo são crianças e adultos, avançando esse estudo
para os setores que se encontram no perímetro de intervenção,

Figura 32┃Censo demográfico – Base de dados: IBGE - Fonte: Elaborado pela autora
encontrasse maior concentração de crianças e adultos entre 25 e
44 anos. Como podemos observar no perfil morador por idade:

A vila Perus é uma vila mais consolidada, composta por

loteamentos regulares, enquanto o Recanto dos Humildes sofreu
por uma ocupação desenfreada o que contribuiu na morfologia
de suas quadras que são maiores quando comparadas com a Vila
Perus e suas ruas e vielas estreitas.

Podemos observar a densidade dessas vilas através da figura 34,

a figura 31 de ocupação nos mostra a diferença entre a
Figura 33┃Censo demográfico – Base de dados: IBGE - Fonte: Elaborado pela autora
 O parque linear do córrego Perus possui um público diverso,
durante o dia de segunda a sexta, quem frequenta o córrego são
38
crianças e pessoas que trabalham no comércio, durante a tarde e
período da noite são vendedores ambulantes, que vendem
alimentos para os moradores que vem do trabalho e chegam de
trem na estação Perus e caminham até suas casas e córrego se
encontra nesse percurso e os vendedores aproveitam para
lucrar.

Porém a ocupação se dá somente no início do córrego, as

pessoas não frequentam outros trechos do córrego por falta de
insegurança e pelo desconforto causado pela poluição.

Durante os finais de semana ele é frequentado no período

noturno, por vendedores ambulantes de alimentos como
podemos observar nas imagens da página 39 e os
frequentadores da Casa do HIP-HOP Perus. No período da
manhã o movimento se dá apenas as pessoas que circulam pelos
comércios existentes na região e pessoas que vem da estação de
trem ou crianças que fazem o seu trajeto até a escola.

Figura 34┃Mapa de densidade – Base de dados: Geosampa e IBGE - Fonte: Elaborado pela autora
Figura 36┃Vista da praça 1 diurno
Fonte: Acervo da autora 2021

39

Figura 37┃Vista da praça 1 noturno

Fonte: Acervo da autora 2021

Figura 38┃Vista da praça 2 diurno

Fonte: Acervo da autora

Figura 39┃Vista da praça 2 noturno

Fonte: Acervo da autora
Figura 35┃Situação atual – Base de dados: arq e urb/autora - Fonte: Elaborado pela autora
 Projeto de Urbanização SEHAB
40 O parque linear elaborado pela SEHAB em 2007 com a intenção
de canalizar o córrego Perus contempla uma praça com
playground e uma quadra poliesportiva. Esse projeto não
resolveu os problemas da área, somente os problemas das
inundações e transformou o córrego em um local visto como um
local inseguro pelos moradores, pois o projeto contemplou
apenas 5m de borda tornando-o um corredor estreito e oculto
Figura 40┃ Córrego Perus - Fonte: SEHAB
na paisagem do bairro.

O projeto implantado não está exercendo sua função ambiental

e social, pois se tornou um local perigoso e não diminuiu o
acúmulo de lixo e entulho e nem gerou diversidade de usos, para
que as crianças e jovens do local pudessem fazer uso do espaço,
tornando-o um local de permanência.

A intenção deste trabalho de conclusão de curso é valer-se desse

projeto como base fazendo a requalificação urbana e ambiental
do parque linear do córrego Perus, já existente, trazendo mais Figura 41┃ Córrego Perus - Fonte: SEHAB
qualidade para a paisagem e tornando-o um local atrativo para
os moradores, suprindo as necessidades do local de estudo.
 Equipamentos
41 A área contempla equipamentos de saúde e educação, que
surgiram conforme a demanda dos Bairros Vila Perus e Recanto
dos Humildes. Observando o mapa ao lado, nota-se que os
espaços de lazer e cultura da região são mais escassos, mas os
líderes comunitários, juntamente com os moradores criam seus
próprios espaços de lazer e cultura. Um exemplo é a Casa do Hip
Hop Perus que foi escolhida como objeto de estudo, pois está
mais próxima do perímetro de intervenção.
Para que possamos entender como funcionou a criação desse
espaço, foi entrevistado um dos líderes da Casa do Hip-hop
Perus, o Eduardo de 35 anos:
A casa do Hip-hop começou no ano de 2015, depois da realização
do curso de gestão cultural na comunidade quilombaque. Neste
curso estavam, lideranças culturais, coletivos e artistas de todo o
Bairro. Foi realizado um mapeamento dos locais ociosos do
bairro, então encontramos um espaço que era um antigo tele
centro e que estava abandonado. Decidimos ocupar esse prédio
e fundamos a Ocupação Casa do Hip-Hop Perus. Contou Eduardo
¹ entrevista semiestruturada pela autora e realizada no dia 24/abril de 2021.
que já era demanda antiga ter locais que fomentam a arte no
bairro, o hip-hop chegou em Perus na década de 80 e desde
então é fortemente praticado e sempre lembrado no bairro por
revelar grandes talentos da cultura. Eduardo complementa, vale
destacar as conquistas importantes tendo diversos grupos de rap
locais que fizerem parte do famoso espaço rap, e street son crew
que venceu o campeonato nacional de breaking e foi disputar o
mundial na Alemanha, acreditamos no poder da arte como
agente transformador e potencialização de talentos, é primordial
prezar pelo processo de gestão compartilhada entre sociedade
civil e “sem mancada” estamos nessa briga a 5 anos buscando
desenvolver um modelo de gestão ainda nunca executado,
pautado em valorização dos gestores e mestres locais.
Somamos 5 anos de resistência, mesmo decretada casa de
cultura, ainda somos ocupação e estamos fazendo pela arte, pela
quebrada, pela cultura. Como diria nosso mestre Soró: Ferve
Território. Eduardo conta também que a Casa já recebeu visitas
de estudantes americanos. ¹
 Através desse depoimento, podemos afirmar que os
equipamentos públicos de lazer e cultura não são apenas
42
espaços que intervém no bairro e na paisagem, são espaços que
causam impacto na vida social das pessoas, trazendo a
identidade dos moradores para o bairro e suas lutas e histórias.

Podemos observar a localização da Casa do hip-hop na figura 43.

Figura 42┃ Casa do hip-hop - Fonte: Acervo da autora 2021

Figura 43┃ Mapa de equipamentos -- Base de dados: Geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
 Estudo de polígono de voronoi
43 Observando o mapa do polígono de Voronoi ao lado, notamos
que os espaços públicos livres, mas precisamente as praças
dessa região, atendem mais a Vila Perus, tornando o Recanto
dos Humildes um bairro escasso em questão e espaços públicos
livres. As praças mais próximas da rua Júlio Maciel, onde se
localiza o nosso perímetro de intervenção, são praças mais
secas, sem ambientes de permanência e apenas um único
mobiliário voltado para crianças.

Figura 44┃ Trecho do parque linear do córrego Perus

Fonte: Acervo da autora 2021

Figura 45┃ Mapa de área de influência - Base de dados: Geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
 Estudo isocrona
44 O bairro possui a estação de trem Perus, próximo ao local de
estudo e também vias principais onde há circulação de ônibus,
como a Avenida Dr. Sylvio de Campos, estrada São Paulo-
Jundiaí, rua Júlio Maciel. A melhor forma de chegar ao local é a
pé, ou utilizar o ônibus para acessar uma das vias citadas e
através dela executar o caminho a pé até o local, pois é
contramão para ônibus para quem já reside no bairro.

O bairro é bem íngreme em sua totalidade, porém como

podemos visualizar na isócrona isso não dificulta a chegada ao
local, às pessoas conseguem fácil acesso ao Parque linear, pois
as inclinações das ruas não interferem o trajeto, fiz o trajeto em
diferentes dias e horários e consegui realizá-lo tranquilamente a
pé. A área possui linhas e pontos de ônibus que atendem ao
deslocamento dos moradores, essas linhas tem fácil acesso ao
centro de Perus onde está localizada a estação de trem.

Figura 46┃ Mapa de isocrona - Base de dados: Geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
 Zoneamento
45 A área de estudo segue o Plano Diretor Lei 16.05, de 31 de junho
de 2014.

O parque linear do córrego Perus é considerado ZEIS 1, que são

zonas especiais de interesse social, que estabelece planos para a
moradia digna para a população de baixa renda, a área de
intervenção está localizada nessa zona. Já existe um parque
linear do córrego Perus realizado pela SEHAB em 2007 na área,
que está em condições precárias, assim como as moradias.

Essa zona também impõe melhorias urbanísticas, regularização

fundiária de assentamos precários, irregulares e recuperação
ambiental.

Figura 47┃ Mapa de zoneamento - Base de dados: Geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
46 Elementos Ambientais
As áreas verdes são escassas e o córrego está canalizado com
gabiões e tamponado em alguns trechos como podemos
observar no mapa ao lado.

A área contém um ecoponto próximo e mesmo assim as pessoas

continuam jogando dejetos no córrego, o que contribui para o
aumento da contaminação das suas águas por poluição difusa e
também pontual causada pelo esgoto que é depositado.

As moradias no entorno do córrego são precárias e sofrem com o

mau cheiro que vem do córrego, durante a noite o local é
evitado pelos moradores como opção de caminho, por ser um
elemento oculto na paisagem, o que acaba afetando na
segurança do local.

Figura 48┃ Mapa de elementos ambientais - Base de dados: Geosampa/EMURB – Fonte: Elaborado pela autora
 Bácia Hidrográfica Ribeirão Perus
47
A bacia do Ribeirão Perus tem uma área de 2869,924 ha e abriga
diversos cursos d’água que descem dos morros e chegam e
desaguam no Rio Juqueri e depois alcançam o Rio Tietê.

A bacia está localizada na zona norte de São Paulo e abrangem

os distritos Perus e Anhanguera onde existem importantes
remanescentes de vegetação como a Cantareira, parque
Anhanguera e parque Jaraguá.

O córrego ribeirão perus tem um projeto de parque linear, o

projeto promete resolver os problemas das inundações, ampliar
as áreas verdes e as áreas de interesse cultural e de lazer, o
projeto é muito criticado, pois pode gerar a gentrificação o que é
inviável para o bairro, e muito criticado pelos moradores da
região.

Figura 45┃
49┃ Mapa de zoneamento - Base de dados: Geosampa – Fonte: Elaborado pela autora
 Levantamento fotográfico
48
Através do levantamento fotográfico realizado, podemos
observar todas as problemáticas citadas durante todo o trabalho,
e qual foi a motivação para o estudo do tema! Um bairro muito
adensado com uma escassez de espaços públicos, moradores
interessados em cultura e lazer e a importância da requalificação
do curso hídrico e a melhoria do espaço já existente.

Figura 50┃ Recant o dos Humildes - Autor: Paulo Pontes 2021

Figura 51┃ Córrego Perus - Autor: Paulo Pontes 2021 Figura 52┃ Córrego Perus - Autor: Paulo Pontes 2021 Figura 53┃ Córrego Perus - Autor: Paulo Pontes 2021

Figura 41 - Fonte: Elaborado pela autora

Figura 54┃Capa do capítulo 5 - Fonte: Elaborada pela autora

49
50
51
 Conceito/partido do Hip-hop, as feiras de alimentos noturna e diurna, buscando
evitar a gentrificação para que os moradores do Recanto dos
52
O córrego Perus está oculto no ponto de vista dos pedestres que Humildes possam usufruir do espaço que foi criado para eles.
circulam pela Rua Júlio Maciel e a Rua Violeta dos Alpes, isso se
dá por conta das moradias que formam um paredão ao redor do
córrego e também da declividade presente na Rua Júlio Maciel.

Em 2007 foi realizado um projeto de urbanização e canalização

do córrego, com a proposta de um parque linear, mas esse
parque não realiza a sua função social, através disso foi criado
uma proposta de projeto, voltada para a valorização do córrego
e do parque linear, melhorando a qualidade do espaço e a
qualidade de vida da população do Recanto dos Humildes que
sofre com a falta de espaços públicos.

O partido é implantar praças que façam a transposição entre as

ruas Júlio Maciel e Violeta dos Alpes através do parque linear
Perus, e que cada praça tenha um equipamento de apoio que
valorize o existente no entorno, por exemplo, a casa
Figura 55┃Diagrama de conceito - Fonte: Elaborada pela autora
 As praças foram criadas para aumentar a circulação e
permanência de pessoas e para exercer a função ambiental e de
53
lazer para a população, pois o parque linear esta sofrendo com a
falta de segurança, iluminação e com a poluição difusa e pontual
das águas do córrego o que acaba afastando os moradores e
tornando o local desagradável para habitar, para que esses
problemas fossem resolvidos, foi necessário ampliar as vielas
existentes transformando as em praças, para isso foi necessário à
desocupação de 30 moradias, em prol do bem comum da vila
Figura 57┃Vielas - Fonte: Acervo da autora 2021
Recanto dos Humildes.

Figura 56┃Brinquedo - Fonte: Acervo da autora 2021

Figura 58┃Córrego Perus - Fonte: Acervo da autora 2021

 Figura 59┃Planta de desocupações - Base: arq e urb - Fonte: Acervo da autora 2021

Planta de desocupações

54
 Figura 60┃Planta de novos espaços - Base: arq e urb - Fonte: Acervo da autora 2021

Planta de novos espaços livres

55
 A proposta inicial era de desapropriar todas as moradias que Outra proposta surgiu, manter todas as moradias e as vielas
se encontram no córrego e criar um HIS na quadra ao lado, transformando-as em galerias de arte a céu aberto, voltado
56
realocando todas as famílias, assim o córrego se tornaria um para exposição de grafites realizados pela Casa do hip-hop,
espaço público livre mais amplo e os moradores teriam mas isso não geraria o fluxo necessário para que o córrego
moradia digna e próxima ao córrego. Perus se tornasse um local mais seguro e mais utilizado, pois
ele continuaria totalmente oculto como podemos observar na
Essa proposta surgiu, pois o córrego está próximo da estação
figura 62.
de trem Perus e o seu entorno tem um crescimento
considerável em relação ao comércio, essa proposta teria um
impacto muito grande na área, podendo gerar gentrificação e
descaracterizando totalmente o local conforme a figura 61.

Figura 61 –Proposta inicial 1 - Fonte: Elaborado pela autora

Figura 62 –Proposta inicial 2 - Fonte: Elaborado pela autora
 Figura 63┃Planta de novos espaços - Base: arq e urb - Fonte: Acervo da autora 2021
Planta de atividades

57
Figura 68┃Praça para idosos Figura 66┃Praça para worshops Figura 64┃Espaço de contemplação

58

Figura 67┃Praça comercial Figura 65┃Praça da igreja

Figura 69┃Praça esportiva

Diagramas elaborados pela autora

Figura 72┃Local para contemplação Figura 70┃Espaço lúdico

59

Figura 71┃Praça de apoio a casa do hip-hop

Figura 73┃Fachada das praças

Croquis elaborados pela autora

 Situação atual:
Cortes

Figura 75┃Corte transversal A1

60
Figura 74┃Sessão 1

Seção do córrego atual

Corte transversal A

Proposta:

Figura 77┃Corte transversal A2

Figura 76┃Sessão 2

Seção do córrego proposta

Corte transversal A

Figuras elaboradas pela autora

 61
Figura 79┃Diagrama vielas
Cortes

Figuras elaboradas pela autora

Corte transversal C
Corte longitudinal B

Figura 80┃Corte transversal C Figura 78┃Corte longitudinal B

 Considerações finais
62
Quando se iniciou o trabalho de pesquisa, contatou-se que
havia a falta de espaços públicos livres no Bairro do Recanto
dos Humildes e que o córrego Perus se encontrava degradado
recebendo poluição difusa e pontual e que habitar aquela
área não era agradável para a população, pela falta de
insegurança e por toda a configuração deste córrego oculto.
Isso demonstrou a importância da requalificação do parque
linear do córrego Perus para contribuir com a qualidade do
meio ambiente e do recurso hídrico e da população local.
Diante disso, a pesquisa teve como objetivo geral realizar
uma análise sobre a importância dos espaços públicos livres,
em uma área carente desse espaço e a necessidade da
requalificação da paisagem urbana e ambiental,
principalmente se tratando dos cursos hídricos.
O objetivo geral foi atendido, por que o trabalho
efetivamente conseguiu demonstrar a importância dos
espaços públicos e de lazer e como esses espaços contribuem
de modo geral com a qualidade de vida das pessoas e do meio
natural e como a água é um recurso importante para nós
seres humanos e como ela contribui para o lazer. O trabalho
buscou soluções para alguns pontos problemáticos existentes
na área, como a insegurança existente, a escassez de espaços
públicos livres e de lazer e a escassez de atividades.
Buscando atender todas as necessidades, como tornar o
córrego mais exposto e visível, criando transposições que
geram fluxo e atividades que minimizem a insegurança que se
sente ao caminhar pelo perímetro do córrego. A criação de
espaços públicos e de lazer que geram permanência,
apreciação e a valorização de atividades já existentes no
córrego, como espaços destinados a Casa do HIP-HOP Perus e
a valorização do comércio local que gera um grande fluxo de
pessoas.
A despoluição do córrego tornando-o um espaço mais
agradável para permanência e contemplação, valorizando o
meio natural e o recurso hídrico, criando espaços que
permitem com que as pessoas tenham mais acesso à água.
 Criando um espaço público e de lazer destinado para a expunham essas percepções dando um entendimento maior do
população do entorno que sofre com a sua falta. local e do tema proposto.
63

O processo de criação ou melhoria do espaço público deve ser Diante da metodologia proposta, percebe-se que o trabalho
analisado caso a caso. Em relação ao córrego Perus, é uma área poderia ser realizado utilizando-se de mais entrevistas e um
que sofre com a insegurança, falta de iluminação, poluição do contato mais direto com os moradores da área, o que não foi
córrego e a falta de espaços públicos e livres de lazer no bairro possível, por motivos de saúde pública, mais precisamente os
do recanto dos humildes. A função do arquiteto nesse processo é impactos da covid-19. Mais entrevistas contribuiriam para
se atentar às problemáticas da área e propor melhorias que se maior entendimento das necessidades da área do ponto de
encaixem no ambiente estudado causando impactos positivos. vista dos moradores e qual a percepção que eles têm diante
de toda a problemática.
Para entender esses problemas e propor soluções, foi necessária
a realização de visitas locais, porém não foi possível fotografar
muito ou permanecer por muito tempo no local, por conta da
sensação de insegurança que o local transmite, mas as visitas
proporcionaram o melhor entendimento da área e como ela se
configura e quais as necessidades da mesma, para que o projeto
pudesse ser proposto e vivenciar toda a problemática do local.

Foram realizados também estudos bibliográficos que auxiliaram

na compreensão e deram embasamento necessário para
entender o tema e a sua importância, realizando mapas que
 Referências bibliográficas
64
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Archdaily: Requalificação Urbana da Lagoa do Tabapuá /
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 65

Figura 81┃Árvore no Recanto dos humildes – Fonte: Acervo da autora 2021