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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

LETRAS

MAIZA DA SILVA GUIMARÃES

O LIVRO DIDATICO NA ESCOLA


Formas de escolha e utilização dos mesmos em sala de aula

Porto Alegre do Norte - MT


2015
MAIZA DA SILVA GUIMARÃES

O LIVRO DIDATICO NA ESCOLA


Formas de escolha e utilização dos mesmos em sala de aula

Trabalho de Letras Apresentado à Universidade Norte do


Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção de média bimestral na disciplina de
Tecnologias no Ensino da Língua Portuguesa Literatura
Brasileira e Portuguesa II Leitura e Produção de Textos II
Seminário da Prática VI Estágio Curricular Obrigatório III.
Orientador: Prof. Anderson T. Rolin; Profª. Márcia
Bastos; Profª. Vilze Vidotti Costa; Prof. Alexandre Vilas
Boas; Profª. Eliza Nantes; Profª. Juliana Sanches; Profª.
Ana Maria Valle.

Orientador: Eliane Martins Provate Queiróz Rosemari


Bendlin Calzavara Andressa Aparecida Lopes Eliza
Adriana Sheuer Nantes Antonio Lemes Guerra Junior.

Porto Alegre do Norte - MT


2015
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1 INTRODUÇÃO

A cada três anos, as escolas da rede pública brasileira passam pelo


mesmo ritual: a seleção das publicações que vão complementar os estudos dos
alunos e ajudar o professor a ensinar. Esse processo faz parte do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) e é organizado por segmento. São selecionadas
as coleções para os anos iniciais do Ensino Fundamental que estarão em uso nos
próximos três
A importância do livro didático, notadamente como aspecto
fundamental nas políticas educacionais oficiais, fica evidente através
da implantação, pelo Ministério da Educação (MEC), da prática de compra dos
livros didáticos nas escolas públicas, subordinada à análise prévia realizada por
especialistas e materializada através do “Guia do Livro Didático”.
Para isso, é importante que a equipe gestora tenha clareza de seu
papel em todo o processo,. Diretor e coordenador pedagógico podem fazer uma pré-
seleção dos livros antes de disponibilizá-lo ao corpo docente. "É interessante
verificar se os exemplares usados nos anos anteriores atingiram os objetivos".
Também é válido conhecer o ponto de vista dos alunos e perceber se eles se
envolveram com as propostas. Um instrumento fundamental para apoiar essa
avaliação é o Guia de Livro Didático, publicação distribuída pelo Ministério de
Educação (MEC), que traz uma série de dicas e sugestões para ajudar os docentes
na seleção.
Para que essa experiência sirva de base para futuras decisões, os
debates devem ser registrados e acrescentados ao PPP.
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DESENVOLVIMENTO

O material escolhido para a análise foi este acima: EJA Moderna,


Anos iniciais do Ensino Fundamental. O material apresenta atividades bem
coerentes e de bom entendimento para o alunado. Esta segunda fase da
alfabetização requer do professor e do material, ampla dinâmica, para que o corpo
discente, sinta se a vontade na realização das atividades propostas e este livro
contempla esse anseio. Hoje, no mundo em constante transformação, com procura
por profissionais qualificados no mercado de trabalho,é importantíssimo a formação
de cidadãos conscientes a cerca da vida em sociedade e critico quanto a realidade
que o cerca.
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No que se refere à história do livro didático no Brasil, ao nível oficial


e regulamentado, se iniciou com a Legislação criada em 1938, pelo Decreto Lei
1006. Naquela época, o livro era considerado um instrumento da educação política e
ideológica, sendo o Estado caracterizado como censor no uso desse material
didático. Os professores escolhiam os livros a partir de uma lista pré-determinada,
tendo por base essa deliberação legal. O artigo 208, inciso VII, da Constituição
Federal do Brasil, assegura que o livro didático é um Direito Constitucional do
estudante brasileiro.
Somente a partir dos anos 90, começou-se a assistir a uma
veemente e louvável discussão crítica sobre o Ensino Fundamental no Brasil. Na
verdade, um debate frenético sobre os Livros Didáticos para esse nível de
escolaridade.
O mecanismo jurídico que regulamenta o livro didático é o Decreto n.
9154/85, que instituiu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Esse plano estabelece, em seu artigo 2º, a avaliação rotineira dos
livros. Recentemente, a resolução nº 603, de 21 de fevereiro de 2001, passou a ser
um mecanismo organizador e regulador do PNLD. O Ministério da Educação e
Cultura (MEC) criou várias comissões para a avaliação dos livros didáticos, na busca
de melhor qualidade. Não obstante, esse processo, ao longo dos anos, tem sido
lento, confrontando, por vezes, interesses editoriais, que nada têm a ver com as
novas orientações pedagógicas. Este fato interferiu na qualidade do livro didático e,
conseqüentemente, no processo de ensino aprendizagem. A esse fato, acrescenta-
se a limitada preparação dos professores para participar do processo de seleção,
tarefa bastante exigente para um coletivo que pouco tem recebido em termos de
saberes, competências e habilidades.
A educação escolar se caracteriza pela mediação didático-
pedagógica que se estabelece entre conhecimentos práticos e teóricos. Dessa
forma, seus procedimentos e conteúdos devem adequar-se tanto à situação
específica da escola e ao desenvolvimento do aluno quanto aos diferentes saberes a
que recorrem.
Como é objetivo da educação escolar preparar o educando para o
exercício da cidadania e qualificá-lo para o trabalho, o processo formativo deve
realizar uma nova mediação, agora entre a esfera privada das exigências familiares
ou pessoais e a vida pública na qual o aluno está ingressando. Seja qual for a
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disciplina abordada, o livro didático deve servir para a construção da ética


necessária ao convívio social democrático.
Surge, assim, a importância do livro didático como instrumento de
reflexão dessa situação particular, atendendo à dupla exigência: de um lado, os
procedimentos, as informações e os conceitos propostos nos manuais; de outro
lado, os procedimentos, as informações e conceitos que devem ser apropriados à
situação didático-pedagógica a que se destinam.
A LDB n. 9394/96, em seu artigo 4º, inciso VII faz menção aos
programas de apoio ao material pedagógico: “O dever do Estado com a educação
escolar pública será efetivado mediante garantia de atendimento do educando no
Ensino Fundamental, por meio de programas suplementares de material didático
[...]” (BRASIL, 1996, p. 3).
Diante dos avanços tecnológicos e científicos, em vários campos do
conhecimento humano e a configuração social que assume as sociedades
contemporâneas (GALBRITH, 1982; TOFFLER, 1980; TAVARES, 1993), a
necessidade do livro didático é indiscutível, constituindose ainda no principal
instrumento de direcionamento de professores e alunos em suas atividades de sala
de aula. Neste sentido, Freitag (1989) ressalva que professores e alunos
acabam tornandose escravos do livro didático. Ao invés de o utilizarem como
instrumento de contribuição para o desenvolvimento da autonomia, do senso
crítico e de contraideologia, acabam tornandoo roteiro principal, ou exclusivo, do
processo de ensinoaprendizagem.
Considerando, pois, o livro didático a partir da ótica apontada acima,
e efetivando um olhar crítico sobre as possibilidades de contribuição deste valioso
artefato didático escolar, podemos conceber duas possibilidades na condução
de seu emprego na prática educativa: enquanto instrumento que pode contribuir no
favorecimento de uma conscientização sobre as pluralidades culturais que
compõem a realidade social, por meio de uma política cultural comprometida
com a difusão dos valores das diversas culturas, ou ainda, sua utilização como
instrumento de manutenção de preconceitos e fortalecimento dos valores culturais
hegemônicos, através do “silenciamento” sobre determinadas culturas,
principalmente aquelas consideradas “minoritárias” e sobre outras realidades
diversas.
Há mais de um século os livros escolares ou didáticos, também
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chamados de manuais, fazem parte da cultura escolar no país. Apesar da


diversidade de formas nas quais eles se apresentam, têm características comuns,
uma vez que, em tese, contêm os conteúdos que devem ser ensinados e também
indica caminhos pelos quais isso poderia acontecer, tanto por meio de sua
estruturação didático-metodológica quanto pelas atividades propostas. No caso do
Brasil, há um relativo consenso em torno da idéia de que em determinadas situações
muitos alunos têm nos livros a única fonte de conteúdos, além das exposições feitas
pelos professores. Assim, os livros podem ser materiais de leitura e de consulta,
podem gerar debates e atividades, e podem ainda fornecer informações sobre as
quais os professores e alunos trabalham para reelaborar o conhecimento em
questão. Segundo mostram algumas pesquisas – que ainda são poucas, tanto no
Brasil como em outros países –, ao mesmo tempo em que alguns professores
informam não usar os livros, preferindo preparar seus próprios materiais ou fazer
seus alunos copiarem do quadro, outros professores dizem que usam os livros para
estudar o conteúdo, suprindo lacunas na sua formação, e outros ainda afirmam que
os livros são guias para a organização das aulas, orientando temas e atividades que
o professor seleciona de acordo com as orientações da escola ou com seu
planejamento individual. De qualquer forma, essa diversidade de usos revela a
importância que os livros continuam tendo em nossa cultura escolar, embora pouco
se tenha estudado ainda sobre a presença desse material nas aulas, sobre o uso
que fazem dele alunos e professores.
Escolher e utilizar um material são ações que dependem da
capacidade de “olhar profundamente” o conteúdo a ser ensinado, compreendendo
os melhores caminhos e os melhores recursos para percorrê-los em situações
específicas. Se a pretensão é dar às crianças e jovens uma escolarização que
responda às exigências da vida contemporânea, é preciso reconhecer necessidades
como a discussão coletiva no interior das escolas e a formação continuada para
aperfeiçoamento dos professores em conteúdos e metodologias. Mas, para, além
disso, deve-se definir e buscar as condições objetivas de trabalho que possibilitariam
ao professor uma atitude permanente de análise de suas aulas, das necessidades
para o aprendizado de seus alunos e – por decorrência – a análise dos materiais
didáticos que podem dar maior contribuição em cada tema ou conteúdo, em cada
etapa de escolaridade e em cada disciplina específica. Esse processo de formação é
longo, e se diferencia acentuadamente da idéia de “capacitação” – freqüentemente
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indicada como solução quando se constata que os professores têm dificuldades para
escolher ou usar um material didático, ou mesmo para aprender uma nova forma de
ensinar. A questão é complexa e supõe processos de formação inicial e de formação
continuada pautados em outros modelos, nos quais a natureza e as condições do
trabalho do professor, pela sua relação com o conhecimento, sejam entendidas para
além da mera reprodução de práticas.
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CONCLUSÃO

O livro didático utilizado nas escolas, não deve ser apresentado


como única fonte para direcionar o processo de ensino-aprendizagem. Este deve ser
visto apenas como um dos instrumentos de apoio necessário ao trabalho
pedagógico e, que, por melhor que seja, precisa ser ampliado com exercícios,
sugestões de atividades e consultas a outras bibliografias que contemplem a
realidade local do alunado. Além disso, é necessário que o professor esteja em
constante atualização, pesquisando bibliografias várias e consultando outros meios
que lhe possibilitem consolidar os conhecimentos.
É preciso, também, que a escola se organize e tenha estrutura para
apoiar o professor e os alunos, planejando o currículo voltado para o projeto político
pedagógico, tendo em vista as necessidades dos alunos.
É importante destacar o contato do educador com os estudos que a
Lingüística Textual traz hoje e também a necessidade de se estabelecer um maior
contato entre a língua materna e a proposta pedagógica que vem sendo
desenvolvida. Também, deve-se atentar para o enfoque dado à gramática,
considerando que esta não deve ser tomada como verdadeira e absoluta, pronta,
acabada e imutável, mas como instrumento para auxiliar no processo de ensino da
língua. O professor deve considerar os gêneros textuais como prioridade na sua
atuação e procurar inserir a gramática em estudos realizados a partir dos textos.
Por fim, podemos enfatizar que há hoje um grande número de livros
didáticos que contemplam a diversidade de gêneros textuais, além de atividades que
propiciam a reflexão do aluno. Porém, o professor não se sente preparado para
dirigir um ensino interdisciplinar que dê conta de levar o aluno à leitura e à produção
de textos em gêneros variados, estabelecendo conexão entre os diversos
conhecimentos necessários para torná-lo um verdadeiro usuário de sua língua.
Para tanto, a sugestão é o investimento, por parte do poder público,
em cursos de formação continuada, no sentido de oferecer uma formação sólida aos
professores da Educação Básica.
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REFERÊNCIAS

COSTA, Marisa Vorraber. Currículo e política cultural. In: COSTA, Marisa Vorraber
(org.). O Currículo nos limiares do contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2001.
DAMIS, Olga Teixeira. Formação pedagógica do profissional da educação no
Brasil: uma perspectiva de análise. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro e
AMARAL, Ana Lúcia (orgs.). Formação de professores: políticas e debates.
CampinasSP: Papirus.
FARIA, Ana Lúcia G. de. Ideologia no livro didático. 2 ed. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 1994.
OLIVEIRA, João Batista Araújo e, GUIMARÃES, Sonia Dantas Pinto e BOMÉNY,
Helena Maria Bousquet. A Política do livro didático. 2. ed. São Paulo:
Summus/Editora UNICAMP, 1984.
SILVA, Tomás Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias
do currículo. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
VASCONCELLOS, Celso das Santos. Planejamento: projeto de ensino-
aprendizagem e projeto políticopedagógico. 7 ed. São Paulo: Libertad, 2002.
http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-apresentacao -
Acessado em 24/05/2015 as 17:40 hs.
http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/26006/opiniao-o-
papel-do-livro-didatico/ Acessado em 24/05/2015 as 17:55 hs.
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