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No capítulo final de Russell, Idealism and The Emergence of Analytic Philosophy,

nomeado Judgement, Belief and Knowledge: The Emergence of a Method; Hylton busca
lidar com dois distintos desenvolvimentos no pensamento de Russell no período de
1906-13. O primeiro é uma mudança de metafísica de base, a qual já mencionei e sua
relação com a apresentação da ‘teoria do juízo múltiplo’. O segundo é uma mudança de
interesse, em que Russell passa a ficar cada vez mais preocupado com a questão do
conhecimento: como, e em que medida, nos podemos saber as coisas que nós nos
tomamos como sabedores (HYLTON, 1990, p. 328).

Hylton conecta esses dois desenvolvimentos distintos através de algo que, aparece com
destaque especialmente no segundo: o construcionalismo como um método filosófico
geral (Ibid., p. 328). O método científico de se filosofar coincide em muitos aspectos
com o construcionalismo – em especial se levarmos em consideração a máxima do
filosofar científico dita em RSDP.

Ao tratar de tais desenvolvimentos Hylton narra um processo que deixa claro que
Russell, cedendo a um psicologicismo, vai introjetando o que não devia na lógica:

Philosophical theories therefore appear to be answereable [...] (p. 330)

Acquaintance, em OKEW, é uma relação limitada ao nosso conhecimento direto com o


que é dado nos sentidos (HYLTON, p. 332) (Cf. OKEW, p. 51; p. 118). Entretanto,
como Hylton apontará, as doutrinas do livro ainda demandam que tenhamos
conhecimento de objetos que não podem ser dados no sentido – formas lógicas por
exemplo. Essa necessidade de uma experiência lógica aparece de modo bastante
evidente em POP. Engelmann (2021) tece comentários a respeito de como a ideia de
uma experiência lógica afeta a soberania da lógica e introduz em Russell um místico.

Hylton atenta-se bem ao fato de que, mesmo Russell desejando uma filosofia
piecemeal, passo a passo, que se altera de modo a comportar novos datas, sua própria
filosofia não segue esse modelo:

His account of what the data are, or at least which data are saliente [...] (p.

333)

Fui correto em apontar que, ao dar uma teoria do juízo, o que está realmente em questão
é o conhecimento/entendimento. Hylton (p. 335) percebe isso também anteriormente:

Although Russell continues to speak [...]


Uma consequência da teoria do juízo multiplo/ da mudança de metafísica de base é que
as proposições serão um caso especial de fatos. Isso antecipa o TLP. Devo buscar em
Notes On Logic algo que dê indícios se isso é uma ideia que parte de Russell ou
Wittgenstein. Isso é, como apontado por Hylton, mais uma ilustração do que ele
chamava de construtivismo de Russell:

it suggests that we can identify propositions with any entities which will play
a certain role [...] (p. 336)

Hylton (p. 337, n. 14) apontará que a mudança de uma ênfase em proposições para uma
ênfase em fatos terá como consequência também uma mudança de uma priorização da
busca pela forma lógica das proposições para a forma lógica dos fatos:

This shift of emphasis from propositions to facts goes along with a shift from
talk about the logical form of propositions to the logical form of facts [...] (´.
337, n. 14)

Hylton aponta duas razões para a mudança de metafisica de base (Cf. p. 338, 339). Em
341 ele diz porque um novo entendimento de juízo e verdade serão necessários a partir
dessa mudança.

Algo de grande importância que aparece em SMP e OKEW é antecedido por TOK.
TOK é o que traz à tona a necessidade de se investigar formas lógicas. Cito Hylton (p.
343):

The difference between this tatement of the matter and the ealir ones is of
course that a new idea is now invoked: that of (logical) form [...]

A noção de forma não resolve o problema da ordem. Menciono isso no meu texto, mas
me limito aos meus propósitos (para ir além, cf. Hylton, 1990, p. 344).

Mesmo Hylton não mencionando uma mudança de método – em Beginning with


Analysis ele indica que uma mudança de metafisica de base tem como consequência
uma mudança na análise.

Formas precisarão ser fatos com os quais temos acquaintaince. Como Hylton (p. 346)
coloca, por exemplo, “The form of the fact that Socrates precedes Plato, for exemple, is
the abtract fact that something has some relation to something”. Formas serão fatos que
precisam ser verdadeiros para que possamos julgá-los. É por isso que Russell precisa
que seja admitida a realidade das relações.
Now facts which are forms are quite unlike other facts [...] (p. 347)

Hylton (p. 352) sugere que a visão do TLP de que as proposições do mesmo dizem o
mesmo, i.e., nada, parte de uma ideia de TOK: [...] “It thus becomes natural to think that
two sentences or beliefs which are made true (or false) by the same fact have the same
expressive power [...]

A questão da unidade de um fato/proposição também será um problema para Russell, no


meu trabalho farei no máximo um esboço de tais problemas, para mais Cf. Hylton, p.
352-3, e Engelmann 2021, p..

Em TOK o acquaintance com formas lógicas será um constituinte primitivo da


experiência.

Hylton (p. 354:

Russell speaks of logical forms as ‘logical objects’ [...] These ideias are like
those of Principles [...] unlike the earlier view [...] knowledge of logic is
somehow implicit in the understanding of any proposition.

Essa mesma ideia reaparece em OKEW. Isso dá mais base para a ideia de Landini de
que OKEW ocuparia o papel de TOK como sequência de POP. De todo modo, essa
ideia estaria implícita na construção do mundo a partir dos hard data executada em
OKEW.

Hylton, falando de TOK, indica mais consequências de se tomar a lógica como um data:

The constraints of psychological realism which Russell now attempts to


impose on the notion of acquaintance may conflict with the [...] And clearly
one may think or como to believe [...] (p. 357)

Wittgenstein, tomando a lógica enquanto um hardness presente no que é soft e não


como um data distinto ao soft não incorre a esse erro.

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