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a) Se 4 ED ) O < Pie any y HOS 192% 77h (i 50 Copyright © InstiTuTo pe CIENCIAS PENAts Direitos desta edigdo reservados ao ICP - Insttuto pe Citncus Pr R Matios Cardoso, 63, Sala 1908. ENANS 30.170:050 - Belo Horizonte - MG. Telefax: (31) 3335-7151. E-mail: fale@icp-org.br Web site: www.icp.org.br Todos 05 direitos reservados. A reproducao néo autorizada desta publicacao, not. em porte, consitui vilagdo do copyright (Lei n® 5.988). no todo oy Os conceitos e artigos emitidos neste livro séo de inteira responsobilidade dos autores convidados. Produgéo: g Instituto de Ciéncias Penais Coordenagao Editorial e Reviséo de originais: Nelson Missias de Morais, Herbert José de Almeida Cameiro Criagéo, Capa e Editoracao eletrénica: ‘Aloisio Henrique Guimaraes ahguimaraes@ig.com.br /telefone:031-9708-0115 Apoio & Impressdo: g Gréfica Banco do Brasil Penais, Instituto de Ciéncias. - 1°. ed. - Belo Horizonte: 2006 Editor(a): ICP - Instituto de Ciéncias Penais 200p. - Volume | - (Ciéncias Penais) Abaixo do titulo: Publicagées ICP - Volume | - inclui bibliografia: 1. Franco, Alberto Silva - “Algumas questées sobre 0 aborto"; 2. Lopes, Jair Leonardo -"Sistema Progressive de Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade”; 3. Carvalho de, Alexandre Victor -“Escutemos também a Ligéo dos Loucos”; 4. Brandéo, Cléudio -*Significado Politico-Constitucional do Direito Penal”; 5. Vedovotto, Marcos -"Individuolizacéo da Pena: Um pouco de_Pelicano”; 6. Bitencour, Cezar Roberto -’A Confusio Proposital do Concurso Eventual de Pessoas - A Formogéo de Quadrilha"; 7. Hassemer, Winfried -"Ressocializagdo e Estado de Direito”. Impresso no Brasil Printed in Brazil v INstiTUTO DE CIENCIAS PENAIS VOLUME I {NDICE 1 - ALGUMAS QUESTOES SOBRE © ABORTO Alberto Silva Franco’... wl 2 - SISTEMA PROGRESSIVO DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Jair Leonardo Lopes’. 3 - SIGNIFICADO PoLtIcO-CONSTITUCIONAL DO DirEiTO PENAL Claudio Brando’. 108 4- EscuTemMos TAMBEM A LicAo Dos Loucos Alexandre Victor de Carvalho’. 5 - INDIVIDUALIZAGAO DA PENA: Um Pouco DE PELICANO Marcos Vedovotto’. - 6 - A CONFUSAO PROPOSITAL DO CONCURSO EVENTUAL DE Pessoas “A FORMAGAO DE QUADRILHA OU BANDO” Cezar Roberto Bitencourt*. 7 - RESSOCIALIZACAO E ESTADO DE DirEITO Winfried Hassemer’ 8 - BIOGRAFIA..... INDIVIDUALIZACAO. DA PENA: Um Pouco be Petcano ‘Marcos Vevovorto § ypiz de Direito Substituto; Especialista em Ciéncios Criminais pela Universidade Federal de Uberléndia; Especialista em Direito Processual Cuil pelos Faculdades do Triéngulo Mineiro; Ex Procurador-Geral do Municipio de Uberldndia; Associado do ICP — Instituto de Ciéncias Penois; vwociado do IBCCRIM ~ Instituto de Ciéncias Criminais e Bacharel em Direto pela Universidade Federal de Uberléndia. Scire leges non est verba carum tenere sed vim ac potestam - Conhecer as leis néo é recordar suas palavras, sendo compreender seu alcance e espirito. 135 | 2nmon -simag sonag 20 ony [85 3 INomouAUZAcAo DA Pena: Um POUCO De Pe UICANO INDIVIDUALIZACAO. pa Pena: Um Pouco pe PELICANO SUMARIO : 1 1.2 - Fungao do Juiz na Aplicagéo da Bae Responsabilidade................. 1.3 - Direitos Humanos. Guardidéo dos Direitos Fundamentais 2, - INDIVIDUALIZAGAO DA PENA. 2.1 - Nogées Introdutérias. 2.2 - Justificativa para a Individualizaga: 2.3 - Método Adotado pela Reforma de 1984... 2.4-Sintese do Critério Trifdsico de Hungria.......... DA FixacdO DA PENA. 3. - ETaras (Agravantes e Atenuantes) — Pena Proviséria.. 3.4 - 3° Fase — Andlise das Causas Especiais de Aumento ou Diminuigéo de Pena Previstas na Parte Geral e na Parte Especial (art.68, terceira parte do Cédigo Penal). 3.5 - Tentativa - Ultima Parcel ; 3.6 - Estabelecimento do Regime Inicial do Comprinen 137 3.9 - Fundamentagéo dos Efeitos dg Referidos no Art. 92 do Mt, i Sigg 4, ~ CONCURSO DE ‘CRIMES. 5, - CONCLUSAQ..++-+++++ = Vowme | InsnTuto bE CitNciAs PeNals 0 icp 1 138 INDMDUAUIZACAO by A Pena: Una : UM Pouco ve Pe UICANI 1- INTRODUGAO 1.1 - Escopo do presente trabalho A justiga penal oferece desafios os mais instigantes ao juiz brasileiro. RENATO NALINI’ explica que em todos os Estados-Nacées reserva-se para a jurisdigao do crime a primicia dos quadros compreende-se ser ela a jurisdigdo cujos efeitos mais atingem a pessoa humana. Ferem-na em sua dignidade, em sua liberdade e, em muitos paises, efeitos suscetiveis desenvolvidos ipdiciais, PO's profundamente em suo honra, de excluir 0 propria vida humana. Para tanto, a tarefa de aplicar o direito as situagdes concretos éregulada pelo ordenamento juridico, através de formas que devem ser obedecidas pelos que nela intervém. AGNALDO MORAES DOS SANTOS? oduz que regras técnicas existem e sGo importantes para que © processo seja caracterizado pela lisura, pela transparéncia, pela eficaz participacao dos partes e pela controlabilidade dos provimentos, elementos que formam 0 op¢ao filoséfica, sociolégica e politica do sistema juridico como um todo. NELSON PALAIA? arremata dizendo que a precisdo técnica prende a atengao do juiz, impée respeito, obriga um pronunciamento mais cuidadoso e estudado da parte contrdria, do juiz ou do Ministério Public, enriquecendo o processo e tornando mais valiosa e mais completa 10 final. Sn rr eee 'N {ALIN José Renato, O Juiz e 0 Acess0 @ Justpa. 2.06. Sto Paulo: RT. 2000, inca Civil. |,¢d. Sto Paulo: 139/140p. *SAN gANTOS, Netto Agnaldo Moraes dos. A Téenica de Elaboragdo da Sente va, 1996 6p. PALA IA, Nelson, Técnica da Contestagdo, 6.04. So Paulo: Sarvs, 1999+ 65. 139 InstiuTo bE CitNcus Penais - Vowume I 1 Tp 140 Por outro lado, ALBERTO ah FRANCO O$seVera gy, ‘uiz, além do normal exercicio ja jurisdigao Penal, due a My ivi mente, os direitos fundamentais e as garantigs ConstityeS® va” ets no campo penal e processual Penal, todas OS ve Weiong * Fe a gorantios suportem ou estejam em vigs de Supe, mete y aie tg, Gi ql tipo de leséo. um Urge, ainda, que 0 juiz criminal tome Conscigncia de au da jurisdigao penal, exerce também a jurisdicéo constitu So liberdades e que, por isso, ndo pode compactuar com nenhumg a a Constituicdo Federal. Assim, além da técnica iuridica, exige-se também tenes postura do juiz criminal, enquanto garantidor dos direitos historic, 08 segundo NORBERTO BOBBIOS emergem gradualmente da: homem trava por sua propria emancipacdo e das transfo, condigées de vida que essas lutas produzem. Qe S lutas que TMOCEES dos Ressalta-se, como exposto, que o reconhecimento dos direitos do homem estéo na base das Constituicoes modemas. © 9 protecég democraticas Neste cendrio, a construgéo da sentenca criminal exige rigor técnico e sensibilidade. Deve-se observar a linguagem direta e simples, obedecendo-se a uma seqiiéncia légica e ordenada, evitando-se consideracées irrelevantes, excesso de citagdes jurisprudenciais e doutrindrias, devendo a conclusdo se poiar no Direito e nas provas. O que se pretende com o Presente trabalho néo é esgotar o tema relative & individualizagéo da pena, mas sim indicar algumas solucées Prdticas, ldégicas e, sobretudo, técnicas relativas ao modus faciendi do mensuracao da pena. Cumpre esclorecer que tais orientagdes foram colhidas, em sv gronde moioria, diretamente No Sétimo Curso de Formacao Inicil 7 FRANCO, Alberto Sil pane Jun92, 555, iva tide crimes hediondos, Fascieulos de Ciéncias Penais. v7 *BOBBIO, N: ; segundo a quale Veitos. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Bobbio detente, tascidos em ceras creas oo P™™, POT Mais fundamenaan, que sejam, so direitos histo hos Se nasidos de moda ny tttetzadas por lutas en detec, dt sovas liberdades 0 ‘aval Bo todos de uma veze nem de uma vez por oda. No. A Era dos Dir fende ate ag Substitutos do Tribunal de Justi wires Supsieia ESCOLA JUDICIAL Desens de Minos Gerais pOTANDES', que Pela magister dix BARGAD it gonham status d OR EDESIO le fundamento 1.2 - Fungao do juiz na a sonsabilidade Plicagéo da peng, Res| GILBERTO FERREIRA’ ressalta que estabelec g obra fécil. Nos ombros do julgador recai uma i pena justa nsabilidade, pois da aplicacao da pena depende o incomensuréve oa e, muitas vezes, de sua familia. Nao é tarefa lestino de uma press0s; sem meditacao! que se faca as 160 NELSON HUNGRIA®, no apéndice denominado “O Arbitrio Judicial na Medida da Pena”, no titulo “A Fungdo do Juiz CriminaP Jaaou otencBo dos mogistrodos brasileiro para a va eleva eérdue fungo, como juiz criminal, na busca da verdade real dos fatos para a coneta aplicagao da lei e da pena, como funcéo precipua daquelas, fener justiga, sem que, com isso, pudesse inovar, criando ou encelfiornets a lei, mas, a0 mesmo tempo, fazer andlise técnica e psicolégica das provas e do direito, com base em sua interpretacdo, em sua experiéncia econsciéncia, na doutrina e na jurisprudéncia. Assim fez registrar: Perante o novo direito brasileiro, o juiz criminal é, assim, chamado a exercer 0 seu nobre oficio com a sua propria consciéncia, com o seu proprio racioc{nio, com a sua livre critica, J6 ndo serd um intérprete escoldstico da lei, um aplicador de justica tarifada, um 6rgdo de pronunciamento automatico de formulas sacramentais: mas uma consciéncia livre a regular destinos humanos. Stet eee aes Sumariante do Primeiro Trl ari it jing, Presi Pi bunal do Jari da Capital; Femando Alvarenga Starling Tn ort da Capi Hetber foe Almeida Cameo, da Vara de Bxecobes C8 FERREIRA, Gilberto. Aplicagdo da pena .1.ed, Rio de Janeiro: Forensey 2000, 47p. HUNGRIA, Nekon;FRAGOSO, Heleno Clu. Cmertris ao Ceo Penal SF orense 4229, 141 InstTuTo DE CIENCUS PENAS - VOLUME | icp 142 RUY ROSADO DE AGUIAR JUNIOR? ensing que, cientista do Direito, um dos temas mais dificeis de sistematizacgg'y® ° teoria do delito; para o juiz, tormento é a aplicacéo da pena inted a0 juiz criminal © enfrentamento dessas duas dificuldades, das Boe aproxima, levando consigo suas idéias e ideologias sobre o delito s Se um fato social e juridico, € sobre o pena como resposta do Estado, mo Deve ele percorrer o arduo caminho de superacg q dificuldades teéricas presentes no process penal para a formulagég e juizo condenatério; a0 final, pde-se frente a frente com o réu para d, ling, o seu futuro. Mais adiante, conclui o Ministr Sabendo-se que aquele primeiro juizo deriva de umy investigagdo criminal com as deficiéncias conhecides e que a sentenca sera cumprida nos estabelecimentos considerados “verdadeiras sucursais do inferno? espera-se do juiz criminal, ao lado de apurado conhecimento teérico, a compreensdo profunda do crime que julga e da pena que aplica. Por fim, FRANCISCO VANI BEMFICA'® assevera que: Se sé Deus é infalivel, o juiz, entre os outros seres humanos, tem o dever de errar menos, o que lhe exige consulta permanente aos livros e respeito absoluto aos ditames de sua consciéncia. Dai porque a lei Ihe confere poderes e direitos e Ihe impée deveres. 1.3 - Direitos humanos. Guardido dos direitos fundamentais A construgdo de uma sociedade justa e fraterna, preceito 0 todos cogente, inclusive aos juizes, é um projeto permanente. O jie brasileiro 0 agente encarregado pela Constituicao de interpretar mensagem normativa de elaborador do pacto. JOSE RENATO NALINI! ressalta que a missGo do juiz nao é apenas processar @ sentencior ee °Ver prefiicio da obs wait an ip Alegre Livia doAdvogede fet Cains de plea de Sot Antonia Paganella Boschi. Por? BEMFICA, Franci on Janeiro: Forense, 1992, 9p" JB: © Promotor, o advogado, seus poderes ¢ deveres. 3, ed. Rio 6 "NALINI, José Re i Snato. O juiz e 0 acesso d justica .2.ed, S80 Paulo: RT, 2000, 143/144P- ~~ Inomor AO DA Peny Pot Peuican UALIZAG) Pena: Um pouco ot CODE Peucanio ge-lhe, sim, cumpra com sua funcGo instituci imbuir-s da responsabilidade de garante do: s da vitima e também do infrator. ional. Mas ao fazé.- peclame s direitos humanos. scisO Keios humane’ A Constituigao Brasileira reservou ao jui: ‘ 10 juiz crimi acao muito diversa daquela de braco repressor de ested ai Adquire relevo sua posicdo garantidora, prépria do Judiciéri tema acusatdrio, onde existe um érgdo especifico para pleteor a sis do acusado. denagdo Ao Ministério Publico o sistema cometeu a atribuicéo @ defesa o exercicio de opor a ela a resisténcia técnica e cont ocusatoriar estratégico- portonto, 6 0 juiz a Ultima insténcia garantidora dos direitos de seus jurisdicionados, por isso, do juiz se espera que faca justica. 2. - INDMDUALIZACAO_ DA PENA 2.1 - Nogées introdutérias Em se tratando de sentenca criminal, como se sabe, néo bosta apenas examinar a existéncia do fato, autoria, culpabilidade e demais fatores de dosimetria na fundamentacéo”. E preciso ir além, ou seja, é necessdrio proceder & individualizagéo da pena. A histéria demonstrou que a individualizagéo feito exclusivamente pelo legislador nao era proporcional, sendo, portanto, injusta. Comprovou, também, que deixar essa tarefa ao exclusivo arbitrio do magistrado poderia levar a abusos. Chegou-se, entGo, a0 meio termo. Olegislador estabeleceria um minimo e um maximo em valores abstratos para cada crime, deixando ao juiz a incumbéncia de fixar, dentre esse minimo e esse maximo, a pena cabivel a cada espécie. el aes tee «haa obstante as tiv itive te a atividades inerentes ao método triffsico concentrerte se TA i enuneta oatenica recomenda Guo jiz ainda na fundamentarSo, de forme ciienenlo meen ona Cxamine todos os fatores que possam influir na dosimetria das pens® provision igo eum fndamentagdo ojuiz examina qust@es core Sot antes, casas Poe ara bento 10 dispositivo, plicara pene cos naconclusto/dispositivo da 143 | wsnrro be Cencus Powis - Vowne | x3 25% rn stitucional da individualizacéo O principio cons i S Den, © inc, XII do Constituigao de 1988) é materializado, Da ed 7 52, inc. XV", : "8 trés niveis: a) legislativo, quando o legislador estabelece osk. i e fixa outras regras as Quais ¢ init, 7 fnimo da pena ° ig méximo e m obedecer; mA b) judicial, quando 0 juiz, atento as Circunsta, a ‘ INCig. ame, do agente e da vitima, fixa a pena cabivel que melhor ret crime, 4 i crime; € previna o Pena se fa, CUCGO @ com ¢) executério, quando a execucéo da indo critérios juridico-administrativos, pelo juiz da exe Ber encifrl auxilio do pessoal penitenciario. Em sintese, tem-se que individualizar o Pena, pois a funcé, do juiz consistente em escolher, depois de analisar os elementos que dizem respeito ao fato, ao agente e 4 vitima, a pena que Seja necessérig 7 suficiente para reprovacdo e prevengao do crime'3. Noutro dizer, nas palavras de NELSON HUNGRIA", como ndo hé dois criminosos iguais, a pena ndo deve ser predeterminada pelo legislador, mas individualizada pelo juiz, pois sé este é que tem diante de si, na realidade viva e palpitante, o autor do crime, o elemento humano dos casos concretos. Na verdade, individualiza-se a pena, alids, precisamente, ndo somente porque cada acusado é um, mas também porque cada fato se reveste de singularidades Proprias e irrepetiveis. Enfim, a individualizagao da pena é, sobretudo, obra do juiz criminal. 2.2. - Justificativa Para a individualizagéo "FEMERA GiaesgS——- IRA, Gilberto, Aplic ill (plicagao da pena, Led, Rio de Janeiro: Forense, RIA, Nelson - ‘4 Nélson; FRAGOSO, Heleno. Claudio, SNE Ismait Robert, Teen ; 24. Riode Sanne Bann nt 61/1 4Gt 4a sentenca criminal: jutzo comum—juizado e?* Pp. 2000, 49/50p. Fe rense, 415P " Comentarios ao Cédigo Penal. $.ed.Fo 1. 161/170, InDMDUALIZAGAO. DA Pena: Una = Un pouco ve Pet Icano ISMAIR POLONI'S assevera que dentro dos limite gtem 0 (vo poder-dever de buscar 0 aplicacdo da le les do ort 5 ndente fixagéo da pena, verificando o que seja ro ea a sSOrio @ corresPO" rovaca' a vficiente PA", © reprovacdo e prevencdo do crime, de conformidad : nalidade social da lei e & consecucéo do bem comum ieee Almeja-se a ressocializagao do condenado e a prevencéo d efeitos sociopedagdgicos, sofrendo, em sua inforér ie toda sorte de elementos préprios e pessoais de ios idade e formagéo sem que, contudo, transforme a sehieais lenatoria em instrumento de suas eventuais revoltas pessoais, Init id ee da légica do razodvel. a aplicagao Antes de instrumento externador de confusées pessoais do jviz, ov de instrumento para satisfacao pessoal, a sentenca condenatéria 60 instrumento disponivel pelo Estado para a manutengao da paz e ordem poblicas, pela reprovagéo do que é, no minimo, moralmente incorreto, pora, entao, transformar-se em norma penal, tendo como norte a dignidade humana. Por fim, arremata: Deve 0 juiz da condenagéo, na fixagdo da pena, realizar sua inferéncia intelectual, com uma abstraco completa de dogmas e preconceitos, préprios ou incutidos, para “sentir” aquilo que pela sociedade, como um todo, e pela vitima, em particular, possa ser considerado necessario e suficiente, sem, contudo, deixar de verificar circunstancias pessoais, subjetivas e objetivas, do agente & dos fatos. ADA PELEGRINI GRINOVER'® esclarece que, infelizmente, decorridos mais de cinquenta anos de vigéncia do Cédigo Penal, em que se deu ao juiz grande poder para exercer importante papel na 0 tem acontecido, individualizagao da pena, isso muitas vezes na preferindo-se a constante e injusta fixagdo de penas minimas, nivelando- Se situacdes e agentes inteiramente diversos. dee ooh eee eels JORNOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES, Antonio Magalhies Filho. ‘Processo penal. ed, Sio Paulo: RT, 261P- Forense,417P- ony : ‘GRIA, Nelson; FRAGOSO, Heleno Cldudio. Comeitrios a0 C6die0 Penal. 5.ed. 145 = Vouume I InsnTuTo DE CIENCIAS PENAIS icp 146 No entanto, conforme preconizado po, Néts v7, ¢preciso insistir que a pena nao pode ser aplicada g Mo oN HUNGRIA”, Porie. A reprimenda deve gjustar-se, de caso em cts de emia ‘a. um individuo no sua personalidade reql, 0 um ente 7 £0 suum cuique de Ulpiano (a cada um o que é sey 2.3 - Método adotado pela reforma de 1994 Consoante a Exposicao de Motivos da Nova Parte Gera} db Cédigo Penal - Lei n. 7209, de 1984, 0 legislador optou, reltvamasg 4s penas privativos de liberdade, pelo método trifasico, cuja inobservéncig implica nulidade insonével da senfenca. Permite-se, com © referido critério, o completo conhecimento da operagao realizada pelo juiz e a exata determinagGo dos elementos incorporados & dosimetria. Discriminado, por exemplo, em primeira insténcia, 0 quantum da majoragao decorrente de uma agravante, 0 recurso poderd ferir com precisdo essa parte da sentenca, permitindo as instancias superiores a correcao de equivocos hoje sepultados no processo mental do juiz. Alcanca-se, pelo critério, a plenitude de garantio consfitucional da ampla defesa. Assim dispée, efetivamente, o atual artigo 68 do Codigo Penal: Art. 68. A pena-base serd fixada atendendo-se a0 critério. do artigo 59 deste Cédigo; em seguida, sero consideradas as circunstancias atenuantes e agravantes; por ultimo, as causas de diminuigo e de aumento. 7 , Dispostos os enunciados, entre pontos e virgulas, sugere™ {rés movimentos distintos: no primeiro, busca-se a pena-base; no segue? 9 pena proviséria e, por ultimo, a pena definitiva, precisamente com? recomendava Hungria, autor do método trifdsico. “BOsct (BOSCH, Jose An io Pa att torr 2008 Nga Penase seus Crtrios de Aplicagio. Led Porto Aka INDMDUALIZAGAO DA Pena: Un Pouco ve Pe CANO Consoante JOSE ANTONIO PAGANELLA BOSCH, 4 fi : it a - 1 Oartigo Cédigo Penal, litera mente, nado demonstra a integral, 68 do o judicial de individvalizagéo da pena privativa de Ibeclodoo® ss fea le, por em verdade, antes mesmo de inicié-lo, necessita escolher r, inadas no ovondendo da situagGo, a pena aplicdvel, dentre as comi set jo penal Assim, quando a lei penal permitir aplicagao alternativa de os, @ OPGEO quolitativa consistird na eleicao, pelo aplicador, daquela e melhor atender ao critério de proporcionalidade (necessidade e suficiéncia). Em suma, conclui o Desembargador: Primeiro ele investigaré e optard, motivadamente, pela pena a ser imposta, se a lei, no caso concreto, lhe der essa alternativa, para, sé depois, obediente ao método estabelecido no artigo 68 do Cédigo Penal, estabelecer as penas base, proviséria e definitiva. 2.4 - Sintese do critério trifasico de Nélson Hungria Pelo exposto, o Cédigo Penal, na Reforma de 1984, adotou 0 critério trifasico de Nélson Hungria (art. 68, caput) em relagéo 4 aplicacéo da pena privativa de liberdade. Com efeito, na primeira fase, fixa-se a pena-base mediante detalhada andlise das condigées judiciais do artigo 59, néo bastando ‘Openas sua mencdo meramente enunciativa, mas sua interpretacéo critica ante os elementos dos autos. Na segunda fase, so aplicadas, primeiramente, as Otenuantes genéricas e, em seguida, as agravantes genéricas. Estao elas sempre na parte geral do Cédigo Penal e nenhuma diminuicao ou acréscimo pode ir aquém do minimo ou além do méximo legal imposto Pelo legislador, 147 EO] instruro o¢ IS = z 8] oe Citwcus Penass + Vowusie 1 diverso geraria um grove perigo oo dire, hiberdade de qualaver pessoo, submetida & ao penal, pois se de® ibe admissivel 6 diminuigdo abaixo do minimo, adm, u a-se ‘ento além do maximo, ensejando a desobedigncig lidade da pene, colocando @ punig&o concreta & m, % ologias dos ivizes era Entendimento Na terceira fase, yéem-se, primeiramente, as CoUsas especigi invicao & finalmente os de aumento, que estéo, em geral, na por mpre em seguida @ definicdo juridica, emboy, por terem a caracteristica de aplicacay de dimi sapeciol do CR quose Se calgumas constem da parte geral, geral a todo e qualquer crime. & pena de multa, ela serd detidamente do, esclarecendo-se, no entanto, que ndo um plus referente 4 situacéo No que se refere exominada em momento apropria segue O critério trifasico, conte econdmica do acusado. 3 - ETAPAS DA FixacAo DA PENA 3.1 - Introdugao Definidas as premissas bésicas do sistema trifdsico, passo- se 6 ondlise detalhada. Na verdade, ao examinar os citados dispositivos do Cédigo Penal (artigos 59 € 68), verifica-se que 0 procedimento de aplicagdo da pena exige o percurso de, pelo menos, oito etapas, a saber: a) — Escolha da pena a ser aplicada quando ao foto for cominada mais de uma alternativamente (art. 59, | do Cédigo Penal); b) Andlise das circunstancias judiciais pore estabelecimento da pena-base (art. 59, caput e art. 68, primeira parte, ambos do Codigo Penal); <) Andlise das circunstancias legais (agravonles ° otenvantes - argos 68, segunda parte; 61, 62 ¢ 65, 10% do Cédigo Penal); dimin, a) Andlise das causas especiais de aumento OY (art 68 te de pena previstas na parte geral e na pare especi® - 68, terceira parte do Cédigo Penal); Iupiinuauizacd AO_DA Penta: U Is POUCO ve Peuc ICAO 2) Estobelecimento do regime inici cumprimento da pena (artigos 59, llle 33, ombor oeay a” come , ambos do Cédigo f) Realizagdo das substituicdes cabi Si IV; 43; 44 e 60, todos do Cédigo Porch {orig 5, Concesséo da suspenséo condici (at. 77 do Cédigo Penal); icional do pena h) — Fundamentacéo dos efeitos da condenacé referidos no art. 92 do Cédigo Penal. lenagao Antes, porém, de se passor ao exame das vérias etapos, & pect exclrecer que, se houvermais de um ocusod,aindviduazocso da pena deve ser realizada isoladamente, para cada réu, por tratar-se |, subjetivo, no se podendo fundir a personalidade dos deospecto pessoal, 5 como idénticas (RT 706/354). acusado: ADALTO DIAS TRISTAO'? ensina que, em caso de condenagdo em mais de um crime, deve 0 Juiz esclarecer a pena aplicada o cada um deles. Justifica-se tal conduta néo apenas com o objetivo de de prescrigdo (art. 119, do CP), mas também elo crime continuado ou concurso formal dos crimes-membros (RT 616/290). verificar a ocorréncia oquilatar se a pena acrescida pé no excede a soma das penas Finalmente, importante lembrar a ligao do DESEMBARGADOR PAGANELLA BOSCHI??, segundo o qual: _anulada pelo érgéo jurisdicional superior 0 parte defeituosa da sentenga por erro na dosimetria, por inadequada ou inexistente fundamentaco, 0 juiz, na nova sentenca, caso ndo tenha havido também recurso do RISTAO, zo de pena e medida de seguranca 46d Bek to Dias, Sentenga Criminal: pritica de apli llrote Dal ey 98S pattica ss anise "BOSCH Jose ; Gap. Joxé Antonio Payanetta, Das Penas e seus Critérivs de Aplicuca. Jed, Porto Alegre: Livraria 'eado I-ditora, 2004. 183p, : 149 Instiuro 0€ CiéNcias Penals - VowuMe | icp 150 acusador, pleiteando expressamente o aumento e lerd impor pena em qualidade ou icf 7 Pe do p- i Wantidgg. “9, wosa que o do sentenca anulada, pois de ® gro do d «9 CO Cont dard causa a declaracao de nova nulidade, ‘eo, a0 principio que proibe a reformatio in Pejus indivee® eto, 3.2 - 1° fase — Andlise das circunsting, judiciais para estabelecimento da pena-base (art oe caput e art. 68, primeira parte, ambos do Cédigo Pon Uma vez definida a pena aplicével dentre as Cominadas ( 59, | do Cédigo Penal), deve-se fixar a quantidade da pena-base in 59, II do Cédigo Penal), levando-se em conta as circunsténcias ivdicioi do art. 59, caput do Cédigo Penal. Tais circunstancias se classificam em dois grupos. No primeiro, esto as circunstancias subjetivas (culpabilidade, antecedentes, conduta, personalidade, motivos) e, no segundo, as objetivas (circunstancias e conseqiéncias do fato e comportamento da vitima). As oito circunsténcias arroladas devem ser efetivamente valoradas, de forma favordvel ou desfavoravel, consoante os elementos de prova constante dos autos, dai a necessidade de o juiz suprir, tanto quanto possivel, eventuais falhas da investigagao policial. E direito fundamental de o cidadao saber 0 quantum basico e como ele foi fixado. Noutro dizer, a valoragéo da circunsténcia judicial — que outra coisa ndo é sendo 0 processo de determinagao da respectiva carga de valor, positivo ou negativo — exige fundamentacao minucios® porque s6 assim, como lembra ALBERTO FRANCO", “serd possivel controlar o proceso mental do juiz, na atividade concretizadora da per’ Para a localizagdo e individualizagao de eventuais erros”. dlise dos . . Passa-se aos critérios recomendados para a andlise circunstancias judiciais, * FRANCO, ; Alberto. Cédigo Penal e sua imerpretagdo jurisprudencial, p. 666. InpiDuAuzacAo DA PENA: Um PoUCO DE Peucano No aspecto da culpabilidade, reiteradas vezes nossos pjonois ocentuam, com propriedade, que ela deve ser aerida rnibuno's Yo-se principalmente 0 grau de reprovabilidade da conduta jevando-se em conta nao s6 as condicdes pessouis de cada doe anlar s também a situagao fatica que o levou a praticar a conduta Os maus antecedentes penais do réu resultam de sentencas s passadas em julgado, sem, contudo, caracterizarem jeriore' iy am G onletfgncio, enquanto néo howver reabilitagao, Importate lembrar que ® eincidéncio nado pode ser examinada nesta fase, porquanto deve-se grr regio segundo @ qual, quando a mesma circunsténcia for c ‘a mois de uma fase da dosimetria, deverd ser utilizada uma so um com ultima fase em que couber. ‘Assim, em se tratando de réu reincidente, em virtude de uma gnica condenacéo transitada em julgado ocorrida antes do pratica da go que se examina, esta circunsténcia néo pode incidir a titulo de infrago sae Saas Pi na primeira fase da dosimetria, mas téo-somente como tecedentes oniecetsrcia legal da segunda fase (art. 61, |, do CP). A proibicdo desse bis in idem é matéria fartamente analisada por nossos Tribunais. A circunstancia de estar o agente envolvido em outros processos criminais nGo justifica, isoladamente, a agravacdo de sua pena, is, também em tais casos, poderd a final prevalecer a presungao de Focéncia que milita em favor de todos os réus. Tolerar-se 0 contrario implicaria admitir grave lesGo ao principio constitucional consagrador da presuncao de nao culpabilidade dos réus ou dos indiciados (CF, art. 5, LVIl). Muitas vezes, uma condenagao por crime onterior ao que se examina pode ocorrer e transitar em julgado durante o processo pelo novo crime, hipétese em que nao haveré reincidéncia, e sim antecedente. Em relagdo 4 conduta social, impde-se a andlise da situacéo do agente nos diversos papéis desempenhados junto 4 comunidade, tais como suas atividades relativas ao trabalho, 4 vida familiar etc. Tal circunsténcia ndo se confunde com os antecedentes criminais. Na verdade, ela é um estudo dos antecedentes sociais do condenado e, caso ndo fique comprovada a mé conduta social do réu, esta deverd ser considerada boa, pois estes antecedentes ndo se avaliam por conjecturas €, muito menos, por ouvir dizer. Na andlise da personalidade, devem ser lembradas suas Quolidades morais, a sua boa ou a ma indole, o sentido moral do iminoso, bem como sua agressividade e 0 antagonismo em relagdo 4 em social e seu temperamento. Também ndo devem ser desprezadas 151 gs | Ivsnmuro o€ Citwciss Penais = Vowune | . éu teve ao longo de sua vida . tunidades que © Fel s a & consi as 101 seravel, reduzida instrucéo e deficign cet dos que tenham im personalidade. vor uma vida mi vi i vim: 7 pedido o desenvolvimento harmoniose Peston ‘Os, Ug Dentre as circunsténcias referentes ao Context criminoso, os motivos do crime demandam @ verificacéo de do fol psiquico do delingdente & ag causagéo 7 crime para uma” Pel imposicao de pena. O crime ¢ ie ser punido em razdo de motive la podem levar a uma substancial a teracao lo pena, aproximande® ue fninimo quando derivam de sentimentos de pobreza moral, ov elevong lo 6 quando indicom um substrato anti-social. nde. As circunstancias do crime podem referir-se & duracg delito, ao local do crime, 4 atitude durante ou apés a conduta Criming’® dentre outras. SGo circunstncias influenciadoras do apenamento base todas as singularidades propriomente ditas do fato e que ao juiz ae ponderar para exasperar ou abrandar o rigor da censura. e A referéncia ds conseqiiéncias do crime é de cardter geral incluindo-se nela as de cardter objetivo ou subjetivo nGo inscrito em dispositivos especificos. Referem-se & gravidade maior ou menor do dano causado pelo crime, inclusive aquelas derivadas indiretamente do delio, Na verdade, tais circunstancias sGo aquelas que se projetam para além do fato tipico, porque, se assim nGo fosse, poderiam ocarretar a quebra do ne bis in idem, nomeadamente naqueies casos em que oparecem compondo a figura penal. Por fim, deve-se examinar 0 comportamento da vitima, ov seja, a contribuicdo desta para a conduta deltiva, Noutro dizer, 0 juiz dosaré a culpabilidade levando em consideragéo que, quanto maior for 2 participacao da vitima na eclosGo dos acontecimentos, menor seré ° grou de reprovabilidade da conduta do acusado. 3.3 - 2° fase — Andlise das circunstancias legais (agravantes e atenuantes — artigos 68, segunda parte; 61, 62 e 65, todos do Cédigo Penal) — Pena provison? circunsté Fixada a pena-base obtida a partir da apreciacéo critica lo ler aes iudiciais entre o minimo e o maximo cominados em OF, crore oposse-se @ segunda fase do método de Nélson Hungior 5°47 do Codigg surcunsténcias atenuantes e agravantes dos artigos al. ae Av ei! iu? As citcunsténcios judiciois, repito-se, s60 volorévels Pe?! Inomou: A IAUZAGAO DA PENA: Uns pouco Pr DE Petcanio sglioU desfavoravelmente e influem ‘ orsvel i na dosimetri fov' e os porticuloridades do caso concretion? da pena-base, 5 legais agravantes e atenuantes trazem ‘come Sue as NSIGO a car, ‘go rt . 4ancio’ ‘lizam a diregao o c uns! ‘ oe geo ‘gstabelecida o priori pelo legislador e sin oe no determinagao da pena proviséria. seguit Esclareca-se, logo de inicio, q 3 yi : » que as penas n& 6 fxd os abaixo do minimo ou acima do maximo legal. Isto Pore mo como ttenuantes genéricas ndo pod: ; sobido, 25,0 e podem levar a «age conscote« Simla 231 do Soper Tibonal de Jest mada em 22,de selemoro Ce 999, que dirimiu, jurisprudencialmente, mos duvidas que ocorriam nos julgados, principalmente open Q emo penal de 1984. Diferentemente, as causas de diminuigéo ou aumento d evistos tanto no parte geral quanto na parte especial do Cédlige rmitem a redugdo ou © agravamento da pena aquém 9 Cédigo eminimo e€ maximo previstos no tipo bdsico ou qualificado. “m pena, pr nal, Pe dos limites Também deve ser esclarecido que as atenvantes e agrovantes nao se confundem com as circunstancias legais qualificadoras, majorantes nao s# oranies porgue estas Ulfimas, olém de se sityarem (fombém) na Parte Especial do Cédigo, cumprem funcgées muito diferentes daquelas. As qualificadoras reposicionam o juiz diante de margens penais distintas dos do tipo basico, e as causas especiais de aumento ou diminuigéo determinam aumento ou diminuigdo da pena proviséria, com vistas 4 concreta determinagéo da pena definitiva. Nesta fase, cumpre alertar que, sob pena de nulidade, néo pode uma circunstancia que serviy como qualificadora ou possibilitou se cesfi¢agao par tipo privilegiodo ser usado tombém para ogravar ov olenvor @ peno, Seria ela utilizada duas vezes”” Noutro dizer, no caso de incidéncia de duas qualificadoras, ndo pode uma delas ser tomada como circunstancia agravante, ainda que coincidente com uma das hipéteses descritas no artigo 61 do Codigo Penal. __ Aaualificadora deve ser considerada como circunstancia judicial lortigo 59 do Cédigo Penal) na fixogao da pena-base, porque © caput do ariga 61 deste diploma & excludente do incidéncia da agrovante epee Gi RINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Searance: As Null idades no Processo Penal. 8. ed. Sa0 Paulo: RT, 26°P. GOMES, Antonio Magalies Filho 153 Insntuto o€ Citncias Penals - Vowume | ICP 154 genérico, quondo diz: “‘sdo circunstdncias que sempre agravamy 4 quando nao constituem ou qualificam o crime”. Peng Oro, se determinada circunstancia j6 qualifica 9 crime pode funcionar como agravante, pois, neste caso, o legislador a Nag, Se for qualificadora, ndo pode ser a0 mesmo tempo agrven ne, permitiv. A presenga de duas qualificadoras deve ser analisadg fose de fixacéo da pena-base, e nGo significa, necessariamente, qu," pena deverd ser bastante elevada, devendo ser examinadas as circunsténcias do artigo 59 do Cédigo Penal, aumentando, ap. reprimenda porque © jvizo de reprovabilidade Passa a ser maior, além de as “circunstdncias” militarem, com maior gravidade, contra o réu, Ue g demaig ends, g Por fim, no concurso de agravantes e atenuantes, © quantum do acréscimo ou diminuigéo deve ficar co prudente critério do juiz que deve dar énfase as circunstancias preponderantes de acordo com 9 comando do art. 67 do Cédigo Penal, excepcionando-se apenas g menoridade, que, a luz de todo o Cédigo, sobrepuja as demais. Melhor explicando, no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve considerar as circunstancias preponderantes. Sao prevalentes as de cardter subjetivo. Sao objetivas as circunstancias relativas & natureza, & espécie, aos meios, ao objeto, ao lugar, 6 modalidade e 4 forma de execugéo. As circunsténcias subjetivas sdo aquelas que decorrem dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e do reincidéncia. Saliente-se que a menoridade teré destaque especial, preponderando sobre qualquer circunstancia de cardter subjetivo. Deve preponderar, até mesmo, sobre reincidéncia ou, pelo menos, a ela se equiporar. Havendo uma circunstancia agravante subjetiva e outra atenuante subjetiva elas se anulam, porque ambas tém a mesmo notureza. Sé haveré prevaléncia de uma sobre outra quando tiverem Natureza distinta. ; Resumindo a ordem Circunsténcias subj objetivas. de importéncia: menoridade, reincidéncio 7 s jetivas e, por derradeiro, agravantes e atenvante Neste caso, entende-se que, pri nas + primei nado o quantum de diminvicéo e, depois, eiramente, ye a diminuicdo, neste caso, deverd ser deva ser © quantum de aumento, deter maior r QUE © aumento, gendo 4 No caso de a pena jd se encontrar no minim veo aumento sera menor porque milita, em favor do rou Pode-se dizer ye deve Ser considerada, néo para levar a pena abone, tenvonie legal, mas pore impedir que o aumento pela agravante seja iripostoon potamor maior. Repita-se que todas estas questdes, em razdo da boa técnica, Jovem ser valorados no fundamentago, em particular, no capfilo referente ao crime em tela, restando para a dosimetria “apenas” a oplicagao. 3.4 - 3° fase — Andlise das causas especiais de aumento ou diminuigao de pena previstas na parte geral e na parte especial (art. 68, terceira parte do Cédigo Penal) Por fim, na terceira fase é preciso atentar para o critério s causas de diminuicéo ou aumento previstas na parte lisadas em fungéo das préprias casas e néo em estas {6 foram analisadas. segundo 0 qual a: especial devem ser ana tazéo das circunstancias judiciais, pois Em outras palavras, as etapas sGo estanques e ndo se comunicam. Tombém entende a jurisprudéncia que, no caso de se efetvor um Gnico aumento, a sua maior ou menor quantidade de acréscimo deve ser cuidadosamente motivada, com base em dados concretos. Especificamente no que refere a0 disposto no artigo 68, Pardgrafo tnico do Cédigo Penal, estabeleceu 0 legislador, no dispositive &m questo, uma forma de concurso homogéneo, is, ali, ele ocorre 5® entre as causas de diminuigdo ou s6 entre os © de aumento, 155 IysnTuro De Citucus Penals - Vowwme | Icp 156 to no concurso heterogéneo previsio NO artigo 67 do ¢ fo erase ocorre entre as agravantes e atenuantes, Sd, nal ver isso dizer que do se pode compensa, «, ‘om causas de aumento, pois © Concurso néo ocon de re diminuigo C ro delas mesmas, i ee mas apenas dent , isolodament, Me duas categorias, Também néo ha concurso entre as causas q, . ou geral, estas devem ser todas aplicadas, Mens previstas na parte O concurso é apenas em relagGo ds causas de diminy : ' - t ‘ou aumento previstas na parte especial e, repita-se, nao entre um outros, mas apenas dentro de cada categoria, ou seja, diminvigo ou sé entre as de aumento. '$00 > 105g SO entre as 4, Importante lembrar que, havendo duas causas de diminuigég previstos na parte especial, néo sendo estabelecido 0 concurso, oy sein néo se escolhendo a causa que mais diminua, conforme Permitido ng pardgrafo Unico do artigo 68 do Cédigo Penal, cada diminuigéo serg imposta sobre a quantidade da pena resultante da operacéo ‘anterior, nao sobre a pena-base. As causas de aumento da parte geral néo podem ser alvo de concurso, devendo ser separadamente aplicadas. Finalmente, néo se pode estabelecer concurso entre uma causa de diminuigéo e uma de aumento, devendo, mais uma vez, ser ressaltado que 0 concurso ocorre sé entre as causas de diminuicéo ou entre as de aumento. A causa de aumento sempre é a Ultima a ser aplicada, pois 6 incidiré sobre pena diminuida, resultando em beneficio para 0 réu. 3.5 - Tentativa — Ultima parcela oie d A diminuicdo decorrente da tentativa constitui o Ultimo i w fose do dosagem da pena, devendo ser aplicada apés as causes UIGG0 ou aumento relativas Qo crime. if vie tro acréscimo ou ec iminvigéo decorrente da tentativa, nenhum todos os eee mo hd de ser feito, uma vez que, depois de on nsténci i a vez qu age a pene, o Ultimo 2° delito, ela constitui a ultima fase da dos0rr . 1a el Considerados, Parcela entre todos os fatores que mere imgono com melon samt 80 diminvigéo pode ser imp Gao. 7 n2 fentativa, néo Verifica-se se 0 réu apenas i me enas iniciou it atingir a, O execu sao auf SoM aa @ consumo, porches Se 8 yontade. Se eI open leu inicio & execucdo, a diminuean heias & sua veri, pois se est6 diante de uma tentativa impertitg, 0° ever ser Deve-se verificar, també: Deve 1 M, se 0 agente es A 01 i execugo, s6 NGO gonseguindo consumar o crime Soe nets aia Speiog & sua vontade jd estando no final da execugio, se ats deen os , iante de ita ou crime falh a uma tentativa perfei e falho, quando en iminuica ue ent Po tamor mime 180 a diminuigGo deveré 3.6 - Estabelecimento do regime inicial do cumprimento da pena (artigos 59, Ill e 33, ambos do Cédigo Penal) A determinacgéo da pena definitiva finaliza as etapas do método trifasico, mas ndo exaure o processo de individualizacéo judicial da pena, globalmente considerado. Sendo a pena imposta a privativa de liberdade, é necessdria a fixagdo do regime (art. 59, Ill do Codigo Penal). Neste aspecto, 6 importante atentar para o fato de que as penas privativas de liberdade, como é préprio do sistema progressivo, séo executadas, em regra, de regime a regime, do mais severo {fechado) a0 mais brando (aberto). A esséncia desse sistema de transferéncia progressiva do condenado do regime mais gravoso ao mais liberal reside na distribuicéo do tempo de duragéo da pena em periodos, cada um regido por regras préprias, todas orientadas na direcao da recuperacao do liberdade e da reincorporagao do condenado ao mundo livre. inacéo do regime inicial de cumprimento Em suma, a determinagao do reg nici be oat do pena néo de das regras do cap : do Cédigo ieee ee em de S08 réprias ressalvas, conjugados com o taal de 99 ¢ nes ll do Couigo Penal. Em outros pos © individualizagao do regime ndo dispensa o andlise das circuns en aa indicia, visto que fombem jungido ao principio do propercion® fecal ecessidade e suficiéncia. 157 Instituto pe CigNciAs Penals - Vouume | icp 158 Por fim, em se tratando de crime hediondo, por entendem pela constitucionalidade da vedacéo g cones os progressao, tecnicamente, nGo existe “regime integralmeny, SSGq : aan ie ‘ te fec 2 A pena é que seré cumprida integralmente em “regime fechiagt We 3.7 - Realizagao das substituigée. Ss ' (artigos 59, IV; 43; 44 e 60, todos do Cédig poole jo Penal) . Julgar e punir alguém, sobretudo com liberdade, é atribyigéo de grande responsabilidade, se verifica que a prisdo vem representando um g sociedade, pois a contaminacao dos males carcerd: cada dia, a tal ponto que hoje se entende que a pen ser imposta em casos extremos, quando o sente: efetivamente, um perigo para a sociedade. pena Privativg de mormente quand, rave tisco Para q rios evidencia-se a 1a de prisdo s6 deve nciado representa, Alids, a propria ExposigGo de Motivos da Nova Parte Geral do Cédigo Penal - Lei n. 7209, de 1984, informa que uma politica criminal orientada no sentido de proteger a sociedade teré de Testringir a pena privativa da liberdade aos casos de reconhecida necessidade, como meio eficaz de impedir a agdo criminégena cada vez maior do cércere, Esta filosofia importa obviamente na busca de sancées outras para delingientes sem periculosidade ou crimes menos graves. Nao se trata de combater ou condenar a pena privativa da liberdade como resposta penal bésica ao delito. Tal como no Brasil, a pena de prisdo se encontra no Gmago dos sistemas penais de todo o mundo. O que por ora se discute é a sua limitagéo aos casos de reconhecida necessidode. Pois bem, consoante o disposto no art. 59, IV do Cédlige Penal, se possivel, a pena privativa deve ser substitufda por outra especie de pena. Desta forma, cumpre analisar a possibilidade de substituice? do pena privativa de liberdade pela restrtiva de direitos, nos termos 4° art. 44 do Cédigo Penal, Bo: cond vop eee Antonio peer : Livearit tora, 200441 gal Das Penas¢ seus Critérfow de Aplicagdo. |.ed. Porto Alegre: Li Inormouauzagao pa Pena: Una POUCO bE PEL ICANO Esta etapa, assim como na fix 4 : ‘G40 da pena de, divide-se em trés fases, previstas n 10 artigo 68 do C, Na primeira, fixa-se a pena-base, ntos dos autos, todos as circunstincias elemer Penal, ndo bastando apenas a sua meni ce uma delas em relacdo & pessoa do « Privativa de digo Penal, interpretando-se, & luz dos ivdiciais do artigo 59 de G40, mas andlise profunda ‘ondenado. Realizada a operacao, chega-se & quantidade de dias-multa | 20 minimo de 10 dias € o maximo de 360, sem se Preocupar com a syagéo econmica do réu, mas com a gravidade da inftacao comand Na segunda fase desta primeira etapa, verifica-se wicolmente, 0 existéncia de circunsténcios alenuantes genéricas e donot dos agravantes genéricas, ndo podendo haver inversdo no seu exome, ou seja, se exominar primeiro as agravantes e depois as atenuantes, pois seria indiscutivel 0 prejuizo sofrido pelo condenado. Oentendimento predominante é que atenuantes e agravantes genéricas ndo podem, respectivamente, levar a pena aquém do minimo, nem além do méximo, néo podendo ser aplicadas quando a pena-base i6ttver sido fixada no minimo, quer se trate das primeiras, ou no maximo, quando se trata das segundas. Na terceira e Ultima fase da primeira etapa, se procede 4 eventual alteracdo resultante de causas de diminuicdo e depois dos de ‘cumento, ndo se podendo inverter a ordem de aplicacgéo, sendo também se evidenciaria prejuizo ao apenado. Chega-se, assim, 4 quantidade final de dias-multa, sem nenhuma preocupagéo com a condig&o econémica do condenado, mas 9penas com as circunstancias e a gravidade do crime. Na segunda etapa, depois de apurado o numero de dios- mula, se procede 6 fixacéo do valor da unidade, isto é, do dia-mult, of, nfo, voltado 0 juiz para a situagGo econémica do rév. 4 - Concurso pe Crimes time, r ‘onforme jd exposto, em caso de condenagdo em mois de um concur ®ve 0 juiz esclarecer a pena aplicada a cada um a ee Pegs 9, Motel (ar. 69 do Cédigo Penal), formal (ar. 70 do Céaka Crime continuado (art. 71 do Cédigo Penal). 161 = Vowme | Insntuto be Ciéncias Penals ICP 162 ecto, para evitar repeticao desnecesséria, pode-se uma Unica interpretacao das circunsténcias judiciais para todos = quando estas devem ser igualmente interpretadas, dizendo que © jsoladamente em relagdo 0 cada um deles, mas de maneira exc pois a regra é o interpretagao diversa, ou seja, cada resultado peculiaridades préprios. Neste asp' Sota, Crime, ficame, ional eSiv0 tom Questéo importante, no que diz respeito 4 fixacéo da peng er, Pe : concurso formal, € 0 critério para o quantum de aumento a ser impos Quanto ao critério, doutrina e jurisprudéncia Moajoritérios entendem que se deve levar em consideragdo o némero de crimes que integram o concurso. Existe um critério acolhido pelo TACRIM-SP que vem sendo adotodo por quase todos os Tribunais: Naquele eg. Terceiro Grupo jé se torou pacifico o critério de vincular o acréscimo relativo 4 continuidade delitiva ‘ao numero de delitos. Quanto maior o némero de delitos, maior seré o aumento. Assim, em se tratando de dois crimes, o aumento sera no minimo de um sexto, incidindo sobre a pena imposta ao crime mais grave; de trés, seré um quinto; de quatro, um quarto; de cinco, um terco; de seis, metade, e finalmente de dois tercos, quando foram sete ou mais delitos. Entende-se que a justificativa da pena mais branda deve estar voltada néo para a unidade de conduta, mas para a unidade do elemento subjetivo que leva o agente a praticd-lo. Por fim, tanto quanto possivel, a fixagéo do aumento deve decorer do critério objetivo referente ao ntmero de infragées, evitando-se, Cm isto, o risco do incidéncia em verdadeiro: bis in idem, ov seja, 0 dese levor em conta as circunsténcias {4 anteriormente no célculo da pene base, deve terial, de sé se jones que se refere a0 regime de cumprimento da panes havendo soma dea sentido de que na aplicagéo do concurso m executor penne Peno® deve-se destacar a obrigatoriedade Primeiramente a pena de reclusdo e apés a de defense determinou o arti 20 i Adi ture? distinta, artigo 69 do Cédigo Penal, quando se tratar de na ~ : i INDIDUALIZACAO Da Py ENA: UM 0 UCO DE Peuican No 5 - CONCLUSAO Consoante a Exposicao de Motivos da Nova gl - lei 9. 720% de 1984, a finalidade d 0 gida no parte final do preceito (art, 59 do dentre as penas cominadas, pela qu Parte Geral do Cédigo 1G individualizagéo esta m Cédigo Penal): importa in opt0t c ie for aplicdvel, or etva quantidade, 6 vista de sua necessidade e eficdci com a oe rovacd € prevencao do crime”. 1a para Nesse conceito se define a Politica Criminal Preconizada no Projeto, al se deverdo extrair todas as suas Igicas conseqiiéncias. Assinale. ge, ainda, outfO importante acréscimo: cabe ao juiz fixar o regime inicial de cumprimento da pena privativa da liberdade, fator indispensdvel da individualizacdo que se completaré No curso do procedimento executério, ‘em fungdo do exame criminolégico. da qu Contudo, a por da técnica, é preciso chamar atengéo para a necessoria compreensGo humana dos processos criminais submetidos a jvlgomento. Conhecer a relagéo dos autos com a realidade. Nos palavras de ALBERTO SILVA FRANCO: 6 necessério que 0 juiz esteja sensibilizado pelo questionamento social. A apreensGo da realidade social, a percepgéo de que lida, antes de tudo, com conflitos e nGo com consensos, e a compreensdo de que o process nao é um monte de papéis, mas representa a expectativa, a pretensdo, a tutela ou a protegao de um ser humano concreto, de carne e osso. Dai, ser grande a responsabilidade do jviz brasileiro. Tem diante de si um sistema carcerario falido. Um Poder Judiciério assoberbado de trabalho, que o obriga a trabalhar durante a noite e nos finais de semana, em processos que, em razGo da enorme demanda, no so suficientemente instruidos, de sorte a permitir uma perfeita individuolizacéo. iuiz, de maneira que letou a prova. Nao social para lhe da vitima e Nao vige o principio da identidade fisica do i {em julga, muitas vezes, ndo conheceu o réu ou col (onla, salvo raras excegdes, com psicdlogo ou assistente omecer informagées sobre a psique e a vida social do rév, * seus familiares, 163 Enfim, é diante desse quero ave © juiz tem de decig 6 iss ial 6 extraordinari . ; um cidadéo. Sua misseo social ria, pois pod ig a destruir um homem. a Todavia, tais dificuldades jamais poderdo servir de a a responsabilidade de bem instruir o processo-crime e Biccata ‘ ore bg individualizagéo da pena no forma da lei e da Constivigg: ‘ a que tem por fundamento, dentre outros, a dignidade da se — 1m na, ‘Assim, consciente de seu dever, em especial no que ref gorantidor dos direitos histéricos, terd ele de ser, nas palavras 40 Ose es n Hungria, um pouco pelicano”, a dar alguma coisa de si mesmo ©M cady um de seus julgamentos. Que Deus nos ilumine! InstiTuTo DE Citncus PeNas - Vowume | 2 Conta a ke —— Mthotes, ou dt, WHE esse 5 Ou també; Passaro, mentor ICP atribur ms, a0 ali na falta de ali bb pelt ime! fo de quem tem @ hon °8 flhos comers aia, Sere o préprio peito para iz abuso 164 a missdo de pro, rarer acarnes a Pelicano repre ms yem-estar.

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