Você está na página 1de 17

COMO CALCULAR

BENEFÍCIOS
PREVIDENCIÁRIOS

POR

Jéssica Matias
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 02

cálculos previdenciários

INTRODUÇÃO

Calcular benefícios previdenciários não é o bicho


de sete cabeças que muita gente imagina ser,
embora seja extremamente importante e, eu ousaria
dizer, essencial para quem deseja alavancar a sua
advocacia previdenciária.

É por meio dos cálculos que você simula todos os


cenários possíveis e encontra a melhor
possibilidade de benefício previdenciário para o seu
cliente.

Por exemplo, já tive um caso no meu escritório em


que, se o cliente esperasse mais 2 meses,
aposentaria por uma regra de transição ganhando
R$ 2.300,00 a mais de benefício.

Por meio dos cálculos previdenciários, você


consegue também analisar os benefícios já
concedidos e verificar se houve algum equívoco ou
se há alguma possibilidade de revisão, o que pode
resultar em bons valores retroativos (e, logo, mais
honorários!).
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 03

cálculos previdenciários

INTRODUÇÃO

Eu sei, fazer cálculos não é o que você tinha em


mente quando escolheu cursar Direito. Eu mesma
pensava que nunca mais teria que fazer uma conta
difícil na vida quando me tornasse advogada. Ledo
engano!

Quando comecei a atuar como previdenciarista,


percebi que seria muito importante me aprofundar
no estudo das regras de cálculo dos benefícios e
entender a lógica por trás de cada uma.

Descobri, na prática, que não adianta simplesmente


jogar dados em um sistema de cálculos e chegar a
um resultado, se você não entender o porquê de
cada informação.

Então, comecei a investir pesado em cursos, pós-


graduação, livros e, ao mesmo tempo, coloquei a
mão na massa.

Sim, de nada adianta aprender a teoria, se você não


souber colocar tudo em prática. E acredite, é nessa
hora que você se sentirá dificuldade e insegurança.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 04

cálculos previdenciários

INTRODUÇÃO

Mas não se preocupe, depois muito estudo, cursos e


centenas de cálculos feitos, eu posso te dizer:
aprendendo os fundamentos e a lógica dos
benefícios e das regras de cálculos, você estará
apto a encontrar com segurança o melhor benefício
para o seu cliente e apresentar um serviço
diferenciado.

Pode até parecer complicado, mas a verdade é que,


com a Reforma da Previdência, houve uma
simplificação nas regras de cálculo.

Agora, temos uma única sistemática de apuração


das alíquotas, com apenas 4 exceções, o que não
acontecia antes. Mas fica tranquilo que eu vou
explicar tudo direitinho para você.

Aproveite ao máximo esse conteúdo, porque é uma


excelente oportunidade para você melhorar o seu
domínio da matéria, ter clientes mais satisfeitos
com o seu serviço e, consequentemente, alavancar
os ganhos financeiros do seu escritório. Vamos lá?.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 05

cálculos previdenciários

COMO CALCULAR O
VALOR DOS BENEFÍCIOS
PREVIDENCIÁRIOS?
Em primeiro lugar, eu preciso que os conceitos
iniciais que envolvem os cálculos previdenciários
entrem na sua cabeça. Então vamos ver
resumidamente o que cada um significa e depois
vou explicar com detalhes. Vamos lá.

- Renda Mensal Inicial (RMI)


É o valor do benefício propriamente dito. É o nosso
objetivo com os cálculos.

- Salário de contribuição (SC)


É o que se considera como remuneração do
trabalhador para descobrir o valor da sua
contribuição mensal ao INSS.

- Salário de benefício (SB)


É a média aritmética de todos os salários de
contribuição, a partir de julho de 1994.

- Alíquotas (de contribuição ou de benefício)


São percentuais que vão incidir sobre um dos
“salários” acima. A alíquota de contribuição incide
sobre o salário de contribuição. A alíquota de
benefício (ou coeficiente), sobre o salário de
benefício.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 06

cálculos previdenciários

Agora que você já está familiarizado com os


conceitos básicos que norteiam os cálculos
previdenciários, vamos nos aprofundar em cada um
deles. 

O salário de contribuição (SC) corresponde ao


salário do trabalhador, desde que não ultrapasse o
teto do INSS (R$ 7.087,22 em 2022).   Se for maior
que esse valor, o teto do INSS será considerado o
valor do salário de contribuição para fins de
cálculo.

Cada salário de contribuição deve ser multiplicado


pela alíquota de contribuição fixada em lei,
obtendo-se o valor da contribuição de cada mês, ou
seja, o valor que o segurado deverá pagar ao INSS
naquele mês específico.

Por exemplo, no caso do trabalhador empregado,


empregado doméstico e avulso, as alíquotas de
contribuição eram de 8, 9 ou 11%.

A Reforma da Previdência alterou essas alíquotas


para 7,5%, 12% e 14%, e agora as alíquotas são
progressivas. Ou seja, as alíquotas são aplicadas em
cada faixa de salário do segurado, até o teto de R$
7.087,22, semelhante ao que acontece no Imposto
de Renda.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 07

cálculos previdenciários

Se você quer entender melhor como funcionam as


alíquotas de contribuição após a Reforma da
Previdência, clique na imagem abaixo para assistir
um vídeo sobre o tema no meu canal do YouTube:

Para os demais segurados (facultativo, contribuinte


individual etc), não houve alteração nas alíquotas
contributivas.

Se você achou isso complicado, não se preocupe. É


tudo que você precisa saber por enquanto.

Nosso foco é o cálculo dos benefícios


previdenciários, então vamos em frente.

O salário de benefício (SB), por sua vez, é a base de


cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI), que nada
mais é que o valor pecuniário do benefício que será
recebido pelo segurado.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 08

cálculos previdenciários

O salário de benefício é calculado pela média


aritmética de 100% dos salários de contribuição. É
utilizado para o cálculo de todos os benefícios, com
exceção apenas do salário-família e do salário-
maternidade.

SB = média aritmética de todos os SC

Entendido isso, podemos tratar sobre o cálculo da


Renda Mensal Inicial.

Quando estamos falando do valor de benefício


previdenciário, também chamado de Renda Mensal
Inicial (RMI), temos uma fórmula de cálculo básica,
que é a seguinte:

RMI = SB x coeficiente do benefício (%)

Essa fórmula não mudou com a Reforma da


Previdência, na verdade sempre foi a mesma.

O que mudou ao longo da história (e novamente


com a Emenda Constitucional 103/2019) foi a forma
de calcular o salário de benefício (SB) e os
coeficientes.

Mas atenção! Os coeficientes citados aqui não são o


mesmo que as alíquotas que falamos anteriormente.

As alíquotas relacionadas ao salário de contribuição


servem para calcular o valor da contribuição, e esse
coeficiente daqui serve para calcular o valor do
benefício previdenciário, ou seja, o valor da
prestação.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 09

cálculos previdenciários

benefício previdenciário, ou seja, o valor da


prestação.

Alíquota de contribuição ≠ Coeficiente do benefício

O coeficiente do benefício dependerá, logicamente,


deu qual benefício você irá calcular. Como eu disse
antes, a partir de agora temos a mesma regra para
calcular os coeficientes de todos os benefícios, com
4 exceções, que vou falar mais a frente.

O coeficiente do auxílio-doença, por exemplo, não


mudou. Continuou sendo 91%. Assim, após calcular
o salário de benefício (SB), o multiplicamos por 91%
e temos o resultado da RMI.

Ou seja, em regra sempre vamos aplicar a fórmula


da RMI acima (com exceção apenas do salário-
família e do salário-maternidade, que possuem
regras próprias).

Mas, de acordo com a fórmula, para encontrar a


RMI, precisamos antes apurar o salário de benefício
(SB) e identificar o coeficiente que vamos utilizar.

Logo, temos 2 passos:

1)    CALCULAR O SALÁRIO DE BENEFÍCIO (SB)


2) MULTIPLICAR O SB PELO COEFICIENTE DO
BENEFÍCIO
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 10

cálculos previdenciários

Ao longo do tempo e das diversas legislações


vigentes, o salário de benefício foi calculado de
várias formas:

Já foi a média dos últimos 60 salários;        


Já foi a média dos últimos 36 salários;  
Já foi a média dos 80% maiores salários desde
julho de 1994;
Atualmente é a média de todos os salários desde
julho de 1994, ou seja, a média de 100% dos
salários de contribuição.

Antes, os 20% menores salários de contribuição eram


descartados, o que, na maioria dos casos, aumentava
o valor final do benefício para o segurado.

Todavia, com a Reforma da Previdência, essa regra


foi alterada.

O art. 26 da EC 103/2019 determina que o salário de


benefício será a média aritmética simples dos
salários de contribuição, “correspondentes a 100%
(cem por cento) do período contributivo desde a
competência julho de 1994 ou desde o início da
contribuição, se posterior àquela competência".

Isso faz com que, de cara, haja uma redução nos


valores dos benefícios concedidos após a EC
103/2019, simplesmente porque esse cálculo
considerará os salários mais baixos na média, de
forma que o resultado geralmente será menor.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 11

cálculos previdenciários

Então, em regra, não podemos excluir nenhuma


contribuição.

Digo “em regra” porque o art. 26, § 6º da EC 103/2019


diz que, se o segurado desejar, poderão ser excluídas
da média as contribuições que resultem em redução
do valor do benefício, desde que mantido o tempo
mínimo de contribuição exigido.

Porém, caso o segurado faça essa opção, os meses


que foram desconsiderados não contarão como tempo
de contribuição.

Ou seja, o legislador “deu com uma mão e tirou com a


outra”. Por esse motivo é que os cálculos
previdenciários e as simulações se tornam mais
essenciais do que nunca! Afinal, podem fazer toda a
diferença.

Então resumindo, a fórmula de cálculo do salário de


benefício é:

SB = média aritmética de todos os salários de


contribuição desde julho de 1994

Aí você me pergunta: mas Jéssica, por que somente a


partir de julho de 1994? Porque foi nesse mês que o
real se tornou a moeda oficial do país, introduzida
pelo Plano Real.

Aqui, é importante observar que foi recentemente


julgada procedente pelo STJ a chamada Revisão da Vi-
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 12

cálculos previdenciários

da Toda, que calcula o valor do benefício


considerando todas as contribuições, mesmo as
anteriores a 1994.

Essa revisão pode ser benéfica para algumas pessoas,


como quem ganhava bem antes de 1994, quem possui
poucas contribuições depois de 1994 ou quem
começou a receber menos depois de 1994.

Mas cuidado! Em nem todos os casos a Revisão da


Vida Toda é vantajosa.

Sem uma análise dos cálculos, o valor do benefício


pode diminuir e o segurado ser prejudicado para
sempre.

Por isso é importante simular o valor da


aposentadoria após a revisão, para decidir se há
vantagem.

Já vi muitos casos de colegas advogados que entram


com a ação e acabam prejudicando o cliente, ou casos
em que o cliente até possui o direito, porém a
diferença financeira é tão ínfima ou inexistente, que
não vale a pena todo o transtorno de uma ação
judicial.

Voltando aos nossos cálculos da RMI, já sabemos que


o passo 1 é calcular o salário de benefício (SB), por
meio da média aritmética de 100% dos salários de
contribuição desde julho de 1994.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 13

cálculos previdenciários

Depois disso, passamos para o passo 2, que é apurar a


RMI (valor do primeiro benefício previdenciário).
Como fazemos isso?

Multiplicando o salário de benefício pelo coeficiente


do respectivo benefício. Vamos relembrar a fórmula
da RMI:

RMI = SB x coeficiente do benefício (%)

Os coeficientes dos benefícios foram drasticamente


modificadas pela EC 103/2019, de forma a reduzir
enormemente o valor do benefício em alguns casos.

Para facilitar o entendimento, segue um quadro


comparativo de como era o cálculo de alguns
benefícios antes da EC 103/2019 e como ficou após a
Reforma:


COEFICIENTE COEFICIENTE
BENEFÍCIO ANTES DA APÓS A

REFORMA REFORMA
Aposentadoria por 100% 60% + 2% para cada
Incapacidade
ano que ultrapassar 20
Permanente
anos, se homem, e 15


anos, se mulher. Se


decorrente de acidente


de trabalho, será 100%
Aposentadoria por 100% x fator

Tempo de Contribuição previdenciário O beneficio foi extinto


JÉSSICA MATIAS PÁGINA 14

cálculos previdenciários


COEFICIENTE COEFICIENTE
BENEFÍCIO ANTES DA APÓS A
REFORMA REFORMA

Aposentadoria Especial 100% 60% + 2% para cada ano




que ultrapassar 15 ou 20


anos, se homem, e 15 anos,


se mulher


Aposentadoria por 70% + 1% a cada grupo 60 + 2% para cada ano


Idade de 12 contribuições que ultrapassar 20 anos,

se homem, e 15 anos, se
(aplicação opcional do
mulher

fator previdenciário)

50% + 10% por


Pensão por Morte 100%
dependente, até o máximo

de 100%

1 salário mínimo
Auxilio-Reclusão 100%



91%
Auxílio-Doença 91%



50% do valor que
Auxílio-Acidente 50% receberia caso
aposentasse por
incapacidade permanente

Vamos a um exemplo: Dona Lúcia acabou de


completar 62 anos e tem 29 anos de contribuição. Seu
salário de benefício é R$ 2.000,00.

Pela regra anterior da tabela acima, Dona Lúcia


aposentaria recebendo 70% + 29% (1% a cada grupo
de 12 contribuições, logo 29%) = 99%.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 15

cálculos previdenciários

Ou seja, o coeficiente seria de 99% que, multiplicado


por R$ 2.000,00, totalizaria R$ 1.980,00 de
aposentadoria por idade.

Já pelas novas regras, a alíquota será 60% + 2% para


cada ano que ultrapassar 15 anos, se mulher. Como
Dona Lúcia tem 29 anos de tempo de contribuição,
faremos a subtração 29 – 15 = 14.

Logo, a alíquota da Dona Lúcia será 60% + 2% x 14 =


88% que, multiplicada por R$ 2.000,00, totalizaria R$
1.760,00 de aposentadoria por idade.

Perceberam como houve uma redução no valor do


benefício? Muitas pessoas nem imaginam como as
novas regras impactarão a sua realidade e o seu
sustento.

Daí a importância de serviços como os cálculos e o


planejamento previdenciário, para que seja feita a
verificação das possibilidades de aposentadoria.

Isso porque, com a Reforma da Previdência, foram


estabelecidas duas regras de transição com
coeficientes diferenciados que podem acabar sendo
mais vantajosas do que a nova regra geral.

Além dessas regras de transição, existem também


outras duas regras nas quais o cálculo não é feito
considerando a regra de 60% + 2% ao ano, e sim
outros coeficientes fixos.
JÉSSICA MATIAS PÁGINA 16

cálculos previdenciários

Logo, temos quatro exceções:

1. Regra de transição 3 (Pedágio 50%) = o coeficiente é


igual ao fator previdenciário
2. Regra de transição 4 (Pedágio 100% + idade mínima)
= coeficiente de 100%
3. Aposentadoria por incapacidade permanente que
decorre de acidente do trabalho ou doença
profissional = coeficiente de 100%
4. Pensão por morte de pelo menos um dependente
inválido ou portador de deficiência mental,
intelectual ou grave = coeficiente de 100%
 
Agora que você leu esse e-book, espero que tenha
entendido a lógica básica utilizada nos cálculos
previdenciários. Esse é o primeiro passo para se
aprofundar no tema.

Com o estudo dedicado dos benefícios, das regras de


cálculo e também das regras de transição, você dará
um passo significativo para mudar a dinâmica da sua
advocacia previdenciária.

Lembre-se que eu estou aqui para ajudar você nesse


caminho, porque um dia estive no seu lugar. E é por
isso que eu produzo diariamente conteúdos no
Instagram, YouTube e WhatsApp. Vou deixar na
próxima página os links para cada um deles.

Espero ter contribuído com o seu sucesso.


Um grande abraço!
SOBRE A AUTORA
Jéssica Matias

Especialista em cálculos previdenciários e advogada apaixonada


pelo que faz, Jéssica Matias é previdenciarista, empreendedora e
dona do seu próprio negócio, além de influenciadora e criadora de
conteúdo digital sobre Direito Previdenciário e advocacia.

Referência na área previdenciária, Jéssica é graduada pela


Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduada em Direito
Previdenciário. Atualmente é sócia-proprietária do escritório
Carreiro Matias Advocacia, escritório especializado em Direito
Previdenciário, tendo atendido centenas de segurados e auxiliado
na concessão de aposentadorias mais benéficas, por meio da
expertise em cálculos previdenciários.

Além de produzir conteúdo de valor na internet, Jéssica é


apaixonada por compartilhar conhecimento e ministra o curso Do
Zero ao Melhor Benefício, onde ensina cálculos e planejamento
previdenciário, de maneira didática e descomplicada. Para saber
mais, clique aqui.

Clique nos ícones ao lado e me


acompanhe mais de perto!
@jessicamatias Jéssica Matias Jéssica Matias

Você também pode gostar