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Os Lusíadas

Reflexões do Poeta

O herói do poema camoniano é um herói coletivo o povo português.

O poema centra-se na viagem que Vasco da gama liderou até à Índia, uma viagem
cheia de dificuldades. A matéria épica abarca ainda os feitos históricos que os
antepassados portugueses realizaram e que merecem ser cantados.

Luís de Camões, seguindo as regras do género épico, apresenta uma ação grandiosa à
qual corresponde um estilo elevado.

Contudo, a par da visão esplendorosa e glorificadora há uma visão sombria e


decadente que o poeta não deixa escapar e que ilustra bem a sua inteligência, o seu
olhar perspicaz, a sua atitude perante o mundo e os homens do seu tempo. Essa visão
está patente nas reflexões que o poeta faz e que se encontram em praticamente em
todos os cantos, no final de cada um, na sequência de acontecimentos que as
suscitam. Elas conferem ao texto, que se assume como humanista e pedagógico, um
tom antiépico. Nestas reflexões, o poeta não só tece duras críticas aos seus
contemporâneos pelo desprezo a que votam as artes e as letras (Canto V), por não
reconhecerem o seu mérito(Canto VII), ou por viverem numa "austera , apagada e vil
tristeza" (Canto X), como também deixa conselhos, sobre o verdadeiro caminho para
atingir a fama(Canto IX) ou sobre o papel do monarca no futuro do país, que se deseja
novamente grandioso(Canto X), por exemplo.

As reflexões do poeta representam também um dos quatro planos da epopeia


camoniana, a par do plano da viagem (a ação central), do plano da mitologia (paralelo
ao da viagem e correspondendo à ação dos deuses que oram se opõem, ora ajudam os
portugueses no sucesso da sua empresa), e o plano da História de Portugal (encaixado
no plano da viagem e correspondendo a relatos da História nacional passados ou
futuros, relativamente ao tempo de Camões).

Quanto à estrutura interna, Os Lusíadas respeitam a organização das epopeias


clássicas, apresentando Proposição(Canto I, est. 1-3; apresentação do assunto),
Invocação (Canto I, est. 4-5; pedido de inspiração) e Narração (a partir da est. 19 do
Canto I; desenvolvimento do assunto, com o relato a iniciar-se já a meio da ação, ou
seja, in media res ). O poema tem ainda uma Dedicatória ao rei D. Sebastião(Canto I,
est. 6-18).

No que diz respeito à estrutura externa, o texto camoniano assume a forma narrativa,
com oitavas em versos decassilábicos e segundo um esquema de rima cruzada nos
primeiros seis versos e emparelhada nos dois últimos.

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