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Almeida Garrett
Almeida Garrett
Nota
• Todas as citações da obra Viagens na Minha Terra seguem a edição da Coleção Educação Literária, da Porto Editora,
2016.
a. Resumo dos capítulos
Viagem Novela
Viagem
Capítulo
(deambulação (história de Carlos e
(reflexão crítica)
geográfica) Joaninha)
• Embarque no vapor
“Vila Nova” com • Gosto pela cultura
I
destino a Santarém – 17 popular
de julho de 1843
• Espiritualismo vs.
Materialismo
• Paragem em Vila Nova
II-IV
da Rainha e Azambuja
• Crítica aos clichés da
Literatura Romântica
• Crítica à falta de
• Chegada ao Pinhal da
V originalidade e à imitação
Azambuja
dos modelos estrangeiros
• Chegada ao Cartaxo
• Crítica aos horrores da
VI-VIII
guerra
• Chegada à charneca
• Chegada ao Vale de
IX
Santarém
• Descrição do Vale de • Língua portuguesa vs.
X
Santarém francesa
• Início da novela, em
1832
• Apresentação das
personagens e das
relações que se
XI- XXVI estabelecem entre elas
Capítulo I
• Reflexão sobre as idiossincrasias do seu povo e das suas gentes – “o povo, que tem
sempre melhor gosto” (ideologia liberal).
Capítulo V
• Descrição da charneca, uma vegetação típica que ocorre entre Cartaxo e Santarém.
• Descrição do espaço real que o circunda, classicamente locus amoenus, com a sua
claridade serena e vegetação abundante, num quadro harmonioso.
• Espaço real como ponto de partida para a evocação de uma paisagem romântica, com
um bosque que leva à meditação e ao encontro com Deus; um rochedo onde se assiste
ao pôr do sol; uma planície erma e selvagem; um pastio bravo – ambiente idealizado.
Capítulo X
Capítulo XIII
• Antipatia do narrador pelos frades, como o da história narrada, Frei Dinis, apesar de
reconhecer a importância dos símbolos desta classe para a literatura.
• Duelo Idealismo/Materialismo: Frade é o D. Quixote da sociedade velha; Sancho
Pança representa-se pelos barões na sociedade nova, embora com menos piada – retrato
caricatural do barão, que é “o mais desgracioso e estúpido animal da criação” –
enquadramento político: medidas capitalistas de Costa Cabral, que cercearam a
liberdade em prol do progresso material.
Capítulo XX
• Resumo dos capítulos anteriores: relações entre as diferentes personagens, Frei Dinis
visitava Joaninha e a sua avó todas as sextas-feiras, para trazer notícias de Carlos, que
está na guerra – criação de uma atmosfera misteriosa.
• Reencontro entre Carlos e a sua prima, dois anos após a separação: encontro intenso,
diálogo comovente e beijo tranquilizador.
Capítulo XLIV
• Apresentação dos reais laços que unem Frei Dinis a Carlos (pai e filho) e este a
Georgina (mulher).
• Alusão à carta de Carlos dirigida a Joaninha após a morte desta (a missiva foi entregue
por Frei Dinis ao narrador, no capítulo anterior, quando, movido pela curiosidade,
voltou a passar pela casa da “menina dos rouxinóis”).
Capítulo XLIX
• Revelação do narrador a Frei Dinis: foi colega de Carlos, que já não vê há alguns anos.
• Frei Dinis diz-lhe que este está irreconhecível em termos físicos, tendo engordado
bastante, e que se tornou barão.
• Partida de Santarém, deixando Frei Dinis a rezar e a velha a penar; sonho com estas
duas personagens e barões, e com notas a caírem do céu.
• Reflexão crítica final – a viagem na sua terra foi superior em relação a todas as outras
que realizou; promessa de não andar nos caminhos de ferro dos barões, símbolo do
materialismo:
Tenho visto alguma coisa do mundo, e apontado alguma coisa do que vi. De todas
quantas viagens porém fiz, as que mais me interessaram sempre foram as viagens na
minha terra.
Se assim o pensares, leitor benévolo, quem sabe? pode ser que eu tome outra vez o
bordão de romeiro, e vá peregrinando por esse Portugal fora, em busca de histórias
para te contar.
Nos caminhos de ferro dos barões é que eu juro não andar." (Cap. XLIX)
► Estruturação da obra: viagem e novela
Assim, tal como acontece em A Ilustre Casa de Ramires, também na obra garrettiana
em análise é possível identificar diferentes níveis narrativos, como se passa a mostrar:
Assim, o primeiro nível diegético é o da viagem física, que tem início no dia “17 deste
mês de julho, ano da graça de 1843, uma segunda-feira, dia sem nota e de boa estreia”,
e da qual o narrador-viajante-autor dará as suas impressões, tendo a duração aproximada
de uma semana (de segunda a sábado), com outros companheiros de jornada.
Nessa viagem real pelo país real, o capítulo X deve ser analisado com cuidado especial,
já que a casa avistada no Vale de Santarém desperta a curiosidade do viajante, que
deixará de ser o narrador para passar a ouvir a história narrada por um desses
companheiros de viagem.
É desta forma que se dá início à trágica novela sentimental da “menina dos rouxinóis”.