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Fernão Lopes,

Crónica de D. João I
Síntese da unidade
Retoma de conteúdos

Encontros – Português
10.º e 12.º anos
Crónica de D. João I| Síntese da unidade ● Retoma de conteúdos

Contexto histórico

Afirmação da consciência coletiva

Atores (individuais e coletivos)

Estrutura, linguagem e estilo

Em síntese
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

Friso cronológico
IDADE MÉDIA RENASCIMENTO
Século XII Século XIII Século XIV Século XV Século XV Século XVI

Fernão Lopes (c. 1380-1460)


Crónica de D. João I (c. 1450)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

São escassos os dados biográficos conhecidos sobre


Fernão Lopes Fernão Lopes. Os testemunhos documentais de que
dispomos informam, sobretudo, sobre os cargos que
ocupou ao serviço dos primeiros reis da dinastia de
Avis. Por certidões de 1418, sabe-se que exercia as
funções de “guardador das escrituras do Tombo” e
“escrivão dos livros” de D. João I e D. Duarte. […]

Enquanto cronista oficial sob as cortes de D. João I, D.


Duarte e regência de D. Pedro, redigiu as crónicas de
D. Pedro, D. Fernando e D. João I . As suas funções
simultâneas como guardador das escrituras e
cronista-mor do reino acabam por favorecer o seu
Nuno Gonçalves,
Painéis de São Vicente,
legado como historiador, visto que a composição das
c. 1470 [frag.] crónicas dependeu do conhecimento e seleção do
material a que tinha acesso.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

Mas é acima de tudo pelas crónicas de D. Pedro, de D.


Fernão Lopes Fernando e de D. João I (que chegaram até nós por
apógrafos do século XVI) que o talento e
excecionalidade como historiador e como escritor,
relativamente aos cronistas medievais, se afirmou. Não
se trata para o cronista de refundir textos
historiográficos anteriores, mas de elaborar em novos
moldes a narração do devir histórico, individualizando
os protagonistas na sua compleição psicológica
denunciada em ato, encenando os episódios históricos
no mesmo momento da sua ocorrência, emprestando
tanto quanto possível verosimilhança ao
encadeamento dos factos.
Nuno Gonçalves,
Painéis de São Vicente,
c. 1470 [frag.] “Fernão Lopes” [em linha], in Infopédia [com supressões]
CONTEXTO HISTÓRICO

Crónica de D. João I
1383 1384 1385

• Morre D. Fernando, nono rei • O bispo da Guarda • Início do


de Portugal. facilita a entrada reinado de D.
• Regência de D. Leonor Teles. naquela cidade do João I.
• Revolução de Lisboa. monarca castelhano.
• O Conde Andeiro é • João I de Castela
assassinado pelo Mestre de chega a Santarém,
Avis. onde se encontra com
• O Mestre de Avis pede auxílio D. Leonor Teles.
a Ricardo II de Inglaterra. • João I de Castela
• O Mestre de Avis é elevado a cerca Lisboa.
regedor e defensor do reino. • Epidemia de peste.

Esquema feito com base em Joel Serrão (dir.), Dicionário de


Voltar História de Portugal, Porto, Figueirinhas, 1990 [p. 674]
AFIRMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA COLETIVA

Crise política Afirmação da


de 1383-1385
Período histórico em que o
consciência coletiva
país esteve sem rei / período
de tomada de consciência de
liberdades e responsabilidades. POVO
• Papel decisivo na fase de nomeação
do Mestre (cap. 11).
• Vivência heroica dos grandes
momentos da revolução
– preparação do cerco, de forma
empenhada e valorosa (cap. 115);
– vivência da miséria associada à falta
de mantimentos durante o cerco
(cap. 148).
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ATORES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Atores
Individuais Coletivos

Povo
Personagens (massa anónima,
históricas “arraia meúda”)
Ex.: Mestre de Avis Ex.: populações civis (com
Álvaro Pais destaque para a de Lisboa)
D. Leonor Teles grupos militares
Nun’ Álvares
Forças gregárias, animadas
por uma só vontade
ATORES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Principais atores individuais


D. João, Mestre de Avis D. Nun’Álvares Pereira D. Leonor Teles
O novo rei O herói guerreiro A vilã

Acácio Lino, pintura


Retrato de D. João I, Xilogravura da Crónica do
representando D. Leonor Teles
autor anónimo, século XV Condestabre, 1554
ATORES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

População (massa coletiva)


A ideia deem
Quando, pátria
1434,em D.Fernão
DuarteLopes
encarregou
é
Fernão Lopes
diferente da dos
da seus
importante
antecessores:
missão não
de é
escrevera
um espaçoHistória
geográfico
de Portugal,
delimitado
proporcionou
que é
um grande defender
necessário avanço sobredos invasores,
a historiografia
mas uma
medieval. Uma
sociedade de abrigo,
das inovações
que gera,da defende
prosa de
e
Fernão
salva osLopes
seus habitantes.
foi a capacidade
Uma salvação
de nos dar
uma visão
coletiva quedeseconjunto
situa acima
da sociedade
dos interesses
que
descrevia. Segundo
particulares e só obedece
a Crónica
a umdeimperativo
D. João I,
foi bem
de o Povocomum.
quem salvou
A manta Portugal
retalhada
emdo 1383 e,
num estilo
domínio feudal
quasedáépico,
lugar oà povo
consciência
anónimo (a
Panorâmica de Lisboa na primeira metade do séc. “arraia miúda”)
nacional e a Nação
torna-se
já nãoopertence
herói da ao
Pátria
rei,
XVI – pormenor do fólio iluminado, atribuído a livre.o rei é que pertence à Nação.
mas
António de Holanda, da Chronica de D. Afonso
Henriques, de Duarte Galvão.

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ESTRUTURA, LINGUAGEM E ESTILO

Fernão Lopes,
Crónica de D. João I
(cap. 11, 115 e 148 da Primeira Parte)

Crónica medieval
Género da tradição
historiográfica e literária

Características comuns Características inovadoras


a outras crónicas de Fernão Lopes
medievais • Articulação entre a compilação de
• Texto em que se registam
fontes e a investigação original e crítica.
acontecimentos históricos por • Dimensão interpretativa e estética.
ordem cronológica. • Visão global e integradora de várias
perspetivas.
ESTRUTURA, LINGUAGEM E ESTILO

Estrutura global

Crónica constituída por duas partes


(divididas em capítulos)

1ª parte 2ª parte
Relato dos Relato dos acontecimentos
acontecimentos ocorridos durante o reinado
ocorridos entre a morte de D. João I, até 1411 (ano
de D. Fernando e a em que foi assinada a paz
subida ao trono de D. com Castela).
João I.
ESTRUTURA, LINGUAGEM E ESTILO

Articulação • Objetividade presente no rigor da pormenorização (cf.


entre descrições pormenorizadas com valor descritivo e informativo).
objetividade • Subjetividade presente na apreciação crítica e emotiva dos
e subjetividade
factos relatados (cf. interrogação retórica; frase exclamativa).
Coloquialismo • Interpelação do interlocutor (narratário), recorrendo à 2.ª
pessoa do plural e à apóstrofe.
• Utilização do verbo ouvir, sugerindo a interação oral.
• Reprodução de cantigas populares.
• Uso de palavras/expressões de sabor popular e/ou arcaizante.
Visualismo • Articulação entre planos gerais (focalização da cidade e dos
e dinamismo atores coletivos que nela intervêm) e planos de pormenor
(incidência em grupos de personagens e/ou em situações
particulares).
• Recriação dos acontecimentos de forma dinâmica.
• Emprego de vocábulos que marcam o sensorialismo da
linguagem (atos de ver e ouvir).
Voltar • Emprego de recursos expressivos que conferem visualismo ao
relato: comparação, personificação, enumeração, hipérbole.
EM SÍNTESE

Crónica de D. João I, Fernão Lopes


 Contexto histórico.
 Afirmação da consciência
Coletiva.
 Atores (individuais
e coletivos).

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