Você está na página 1de 2

Direitos e Obrigações das Partes

A priori, o mandato é uma espécie de contrato unilateral que só gera obrigações para o
mandatário. No entanto, em sua execução, em algumas situações específicas como é o caso
do mandato oneroso, surgem obrigações também para a figura do mandante. Nesse caso em
específico, o mandato é classificado como um contrato bilateral imperfeito.

Obrigações do Mandatário x Direitos do Mandante

A obrigação essencial do mandatário consiste em cumprir os atos necessários


estipulados no contrato, para que esse venha a ser fielmente cumprido.
Já o mandante tem o direito de exigir a prestação de contas ao mandatário, seja de
forma direta ou por via judicial.
O Código Civil brasileiro de 1916 estabelecia em seu art. 1305 que o mandatário era
"obrigado a apresentar o instrumento do mandato às pessoas, com quem tratar em nome do
mandante, sob pena de responder a elas por qualquer ato, que lhe exceda os poderes". Essa
previsão normativa faz-se ausente no atual Código Civil, contudo, encontra-se prevista de
forma implícita no art. 673 do CC/2002, não sendo afastada a regra, visto que é um direito
do terceiro envolvido de conhecer os limites de poder do mandato.
O mandatário tem ainda como obrigação indenizar o mandante pelos prejuízos que
esse o causar durante o desempenho do mandato, não sendo admitido que essa indenização
seja compensada pelos benefícios que o mandato gerou ao mandante, em face de que este é o
objetivo principal do contrato. E ainda, nos casos em que os atos decorrentes do mandato
acarretam em prejuízos ao mandante, o mandatário ainda assim deverá restituir o valor em
sua totalidade ao constituinte.
Os art. 670 e 671 do CC/2002 tratam do abuso de poder que constitui ato ilícito, na
ocasião em que o mandatário usufrui dos valores depositados em sua confiança com a
finalidade de cumprir com as obrigações do mandato, atribuindo-os em benefício próprio.
Nesta situação, deverá o mandatário restituir a integralidade do valor com adição de juros, a
partir do momento em que ocorreu o abuso.
O mandato é uma avença personalíssima que se extingue com a morte de uma das
partes, todavia, o mandatário não detém autoridade para findar a execução de uma celebração
já iniciada, sob pena de responder por perdas e danos, visto que a manifestação de vontade do
mandante aconteceu previamente ao fato superveniente, e a posterior falta de conclusão do
desenlace do negócio jurídico virá a causar dano potencial aos interesses subjetivos do
mandante ou de seus sucessores.

Obrigações do Mandante x Direitos do Mandatário

O mandatário, concomitantemente, possui obrigação para com o mandante e poder em


relação a terceiros. Em contrapartida, o mandante porta ao menos o ônus de cumprir com as
obrigações contraídas pelo mandato, dentro de seus limites, como previsto no art. 675 do
CC/2002.
Nesta seara, o mandante notoriamente possui a obrigação de arcar com os custos
despendidos pelo mandato, uma vez que é o seu beneficiário, ainda que o mandato não
produza os efeitos dele esperados, como consta no art. 676 do CC/2002.
O art. 678 do CC/2002 prediz que o mandante também tem como obrigação ressarcir
todas as perdas sofridas pelo mandatário, desde que estas não tenham ocorrido em razão de
culpa ou excesso de poder deste.
Quanto ao envolvimento de terceiros contratantes nos negócios jurídicos acoplados ao
mandato, o ocasional risco provocado a eles é de responsabilidade do mandante, uma vez que
é este que estipula os limites de poder outorgados. Isso não significa que no caso de
descumprimento de ordens pelo mandatário, o responsabilizado será o mandante, contudo, os
terceiros de boa-fé não poderão ser prejudicados, uma vez que os negócios tenham sido
celebrados dentro dos limites judiciais impostos.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de

Direito Civil ⏤ Contratos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2023. v. 4.

Você também pode gostar