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Aula 01 - Direito Consumidor - Amperj 2019
Aula 01 - Direito Consumidor - Amperj 2019
Boa tarde gente! Tudo bem? Bom, meu nome é Renato Porto. Para quem não
me conhece, eu sou professor de Direito do Consumidor da casa. Eu sou um apaixonado por
esse tema. Eu espero que a gente, no curso da aula, consiga a sorte aí de ir direto para aquelas
questões que são as mais sensíveis, as mais importantes.
Eu vou dar uma aula, e fazendo sempre assim: eu jogo o resumo do que eu
irei abordar naquele momento no quadro para que você consiga visualizar. E depois, eu venho
falando de cada um daqueles tópicos, porque, às vezes, no comecinho da explanação, eu vou
falar um pouquinho devagar. E se você quiser anotar alguma coisa em relação ao tópico e
depois, aí eu entro na análise tanto jurídica quanto jurisprudencial.
Hoje em dia, se você quer estudar pra poder passar num concurso público,
não adianta só estudar a doutrina, você tem que estudar a jurisprudência. Na minha matéria,
porque na matéria dos outros eu não sei. Mas na minha matéria, eu já vou te dizer o caminho
de onde as questões estão. Se vocês entrarem no site do STJ, encima você tem as abas. Nas
abas, você tem a terceira aba, e da esquerda pra direita chama “jurisprudência”. Se você clicar
ali, vai abrir uma grande janela em que vai ter assim “informativos - jurisprudência”. Todo
mundo sabe o que é um informativo de jurisprudência. No entanto, essa janela vai se dividir em
duas partes. No seu canto esquerdo vai ter uma barra de rolagem pra você selecionar a
jurisprudência que você quer ou informativo que você quer pelo número. Se você olhar pelo
seu lado direito, ali tá a pergunta da prova de vocês. Por quê? Porque ali do lado direito, você
tem 3 livrinhos, no caso nós estamos em 2019, então vai estar lá 2018, 2017, 2016.
Geralmente, a jurisprudência, a questão de prova que cai em qualquer concurso... Eu não estou
falando só de vocês não. Eu estou falando em qualquer concurso, seja magistratura,
magistratura federal, defensoria pública e MP, assim desse nível. Normalmente, as questões
estão por ali nessa jurisprudência. Então o que eu vou fazer durante a aula, eu vou dar a
doutrina que eu antes vou ter jogado no quadro. E depois vou explicar ponto a ponto. E quando
a gente estiver abordando um tópico de uma jurisprudência extremamente sensível que eu
tenho certeza que aquilo pode virar questão de prova, ai , eu discuto a jurisprudência, dou o
número do acórdão, dou o número do julgado e falo com vocês. E a gente vai elaborando
assim.
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1) Sujeito ativo;
2) Sujeito passivo;
3) Objeto.
O que eu faço a partir de agora? Eu vou estudar com vocês quem é que pode
ser o consumidor. Se vocês estiverem bem dentro disso aqui, quem é que pode ser o
fornecedor, estando ok, produto ou serviço.
Eu fecho esse primeiro tópico e você fala “Olha, eu sei que posso aplicar essa
lei.” Uma vez sabendo que aplicamos essa lei, eu vou ensinar pra vocês quais são os direitos
desses consumidores. Aí fecha para o intervalo da gente. Quando terminar o intervalo, eu volto
colocando em prática o que na teoria vocês aprenderam. “Ah, eu comprei a televisão e ela
explodiu. O que eu posso fazer?” Ai eu vou dar o prazo que você vai entrar com uma ação,
contra quem você pode demandar e contra quem você não pode demandar, quais são os
aspectos processuais, como por exemplo, inversão do ônus da prova. A gente tem vários
detalhes, seja ela ope judicis, ou ope legis, e tudo mais. A jurisprudência está forte nesse
sentido.
Renato, quais são as principais apostas que você vai fazer aqui? Pra nossa
matéria, e ai eu vou colocar e a gente vai trabalhando, tá bom?
Então, vamos lá. Renato, consumidor. Vamos estudar esses elementos. Quem
pode ser o sujeito ativo da relação? Quem é esse consumidor? Qual é a palavra mais bonita do
direito, gente? Isso aí, “depende”. Por quê? Depende da espécie do consumidor. Consumidor
ele tem duas espécies:
Já viu aquele carro básico que quando você pega o cara fala “Olha, o carro é
standard”. Ele está em seu estado natural. É o mais simples de você identificar. Esse cara está
no artigo 2ª do CDC. Vamos falar sobre ele.
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Escrevam:
Por quê? Por que o legislador consumerista, ele falou “pouco me importa a
sua personalidade jurídica. você pode ser pessoa física ou você pode ser pessoa jurídica. Para
você ser consumidor, eu quero saber o que é que você vai fazer com isso que você acabou de
comprar. Qual é a destinação que você vai dar ao bem”. Então, o que é que o CDC falou para eu
achar a figura do consumidor, eu tenho que achar a figura do destinatário final. Visando
encontrar a figura do destinatário final surgiram correntes:
Então, por exemplo, se você entrar numa padaria aqui e disser assim: “me dá
um pãozinho aí! Dá-me um café!”. E alguém for lá e perguntar para o dono da padaria “o que
ele é seu?” O cara vai falar: “meu consumidor, meu cliente”. Porque para ele o ato da compra
lhe torna consumidor. Então, de forma bem palatável, destinatário fático é aquele que compra.
Então, os maximalistas, eles diziam Então, peraí, pra eu lhe chamar de consumidor, para ser o
destinatário desse bem de consumo, é só você entrar numa loja e comprar um produto. Isso vai
lhe tornar um consumidor.
consumidor. Talvez os maximalistas não tenham participado pelo menos um dia do aniversário
do Guanabara. Porque se eles estivessem participado, talvez (...) Eu fui fazer um vídeo do
aniversário do Guanabara para poder trazer aqui para sala de aula um dos manuais fenômenos
de pobreza de espírito. E ai, eu filmando por dentro, eu fiquei atrás de uma pilastra. Da última
vez que eu vi uma dinâmica daquela parecia com o “The Walking Dead”. Sabe qual é? E aí os
zumbis entraram, aquele negócio todo, aquela confusão. Nisso vem minha mulher. Minha
mulher era um dos zumbis. Ela foi mordida. Minha mulher e minha sogra. E aí, as vi entrando, e
aí:
Eu falei: “Mas, vem cá, quantas horas tu estais para parar o carro?”
Renato, por que você está dizendo isso? Porque ela comprou. Vocês já viram a
fila para pagar a compra do aniversário do Guanabara? Tinha um homem com 2 carrinhos de
azeite Borges. Fiquei olhando para aquele homem e pensei: “Se esse homem fosse ungir esse
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azeite de hoje até o último dia da sua existência vai sobrar azeite para próxima encarnação.”
Senhores, os maximalistas não estavam nessa fila, por quê? Porque seguramente aquele
homem, ele ia consumir? Ele era o destinatário fático porque ele estava comprando. Mas o que
ele iria fazer com aquilo que ele comprou?
Alunos: Vender.
Aí, surgiram os finalistas. E aí, você já vai imaginando que eles ganharam essa
briga. Surge a corrente finalista.
pergunta que eu faço: por mais que ela seja a fabricante, foi a Pilot que fabricou essa caneta
aqui? Se eu olhar direitinho vou achar em algum lugar “Made in China”, logo foi algum chinês
que fez isso aqui. O chinês quando vendeu para Pilot ganhou algum dinheiro? Ganhou! A Pilot
quando vendeu para Kalunga ganhou dinheiro? Ganhou. A Kalunga quando vendeu para você
ganhou dinheiro? Ganhou. Você quando comprou aquilo ali ganhou dinheiro? Não, gastou.
Depois de você gera mais renda? Não. Isso é ser o destinatário fático e econômico. É quem
compra para uso próprio. Essa é a raiz preponderante. Então, consumidor é quem compra para
uso próprio. Eu que compro a minha camisa, eu que compro meu tênis, eu que compro minha
bicicleta, eu que compro minha televisão.
Até ai foi? Pois é. Então, vocês falam “aprendi.” Toda vez na vida que a gente
fala dentro do Direito “aprendi”, o professor explicou de um jeito simples. Vem o STJ. Acho que
o ministro acorda de manhã, troca o alpiste do passarinho, coloca um jornal novo por ali, vê o
Vasco no final da tabela, e aí, ele fala: “disseram que o jogador Pikachu bateu no torcedor, né?
E o torcedor ganhou 1 ponto e já ultrapassou o Vasco, e aí, o que acontece? O ministro fala
assim: “tá fácil demais. Será que não irão existir situações em que alguém que compre para
revender que não possa valer o CDC e que eu não possa utilizar o CDC?” Que tipos de situações
são essas? Imagine uma costureira em relação ao fabricante da máquina de costura. Imagine o
taxista em relação ao fabricante do veículo. O caso paradigmático foi o de um caminhoneiro.
Um caminhoneiro quando compra um caminhão, compra pra quê, gente? Ganhar dinheiro com
um caminhão. Então, tecnicamente, você não se valeria do CDC. Você precisaria se valer do
Código Civil. Só que o que o STJ falou que nessas hipóteses de vulnerabilidade econômica se o
fornecedor… olha aqui, o vendedor de picolé da praia e a Kibon, o taxista e o fabricante do
veículo, e nesse caso do STJ do caminhoneiro e a Scania, a Volvo, essas empresas que fazem os
caminhões. O motor bateu e a empresa falava “não tem falha”. E o consumidor dizia: “tem
falha”. Bom, isso tem que virar um processo para dizer se tinha ou se não tinha essa falha. Será
que é mais fácil pra quem fazer essa demonstração? Para Scania ou para um caminhoneiro que
só estava ali dirigindo o caminhão? A máquina de costura parou. O dono do botequim, a
Ambev vira pra ele e fala: “Vem cá, a Brahma está vendendo muito?”
-“E aquela cerveja que também é da Ambev e que não vende muito?”
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-“Então, tem que levar. Toda vez que comprar uma caixa de Brahma tem que
levar duas daquela outra empresa.”
Gente, como é o nome disso? Venda casada. E esse pequeno fornecedor vai
poder brigar com esse fornecedor maior? Não. Então, o que o STJ falou? Nessas hipóteses de
vulnerabilidade, sobretudo econômica estampada, você excepcionalmente poderia se valer do
CDC. Então, “ah, o Barra D’or está brigando com a GE por causa do tomógrafo. Relação civil
comum; relação empresarial não se aplica o CDC. Agora, o vendedor do biscoito Globo e o
fabricante do biscoito, eles estão brigando porque o cara do biscoito Globo quer levar só o de
sal. Análise empírica, gente! Todo mundo aqui conhece o biscoito Globo? Senão você não é
carioca. Na boa, só tem dois sabores: sal ou doce. Normalmente, qual que vende mais? Sal. Aí,
o cara chega e fala:
Você pode ver na praia que sempre o cara está carregando um saco cheio do
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sabor doce e outro menorzinho do salgado. Aí você fala: poxa, Renato, o que é isso? Venda
casada. Aliás, imposição de limites quantitativos é pior. Eu vou estar estudando isso com vocês.
Ah, Renato, então o que a corrente finalista mitigada diz? Agora chegou a
hora de anotar.
Dá uma paradinha e deixa-me explicar uma coisa. A gente está em uma turma
de tiro direto, logo, não dá pra teorizar muito. A vulnerabilidade, essa daqui, ela pode ser
técnica, fática, econômica, informacional, etc. Depois de eu analisar toda a jurisprudência, eu
notei que para se aplicar essa corrente finalista mitigada, o STJ escolhia situações de
vulnerabilidade econômica. Tinha que ser o pobrezinho e o ricão. Claro que esse tema, ele é
muito mais rico. A gente poderia falar muito sobre ele, só que essa aula já é “pá, pum”. Eu vou
estar apontando direto para onde é que tem que seguir. Tá legal? É muito mais fácil ensinar pra
concurso do que para mestrado ou doutorado, porque no concurso… O que o STJ está dizendo?
Aprende depois, porque aqui você está sendo treinado. Existirão situações que eu vou colocar:
“ tem gente que pensa assim. Tem gente que pensa assado. O cara da banca pensa assim e eu
se fosse você colocava isso.” Porque aí também, dependendo do concurso que você vai prestar
é importante você estar em sintonia com a banca. Tem que estudar não é o tema da banca,
mas sim é estudar quem é a banca.
- “Direito Civil.”
Legal! Aí, você pega o livro do cara e têm uns três tópicos que ele pensa
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diferente do mundo. Na prova? Olha, o STJ diz isso, no entanto, pensadores de vanguarda (...) é
a hora que (...), entendeu? Fica mais leve o negócio.
Renato Porto, então quem é consumidor? Quem compra para uso próprio.
Tem alguma exceção à regra? Tem, a corrente finalista mitigada. Se cair na minha prova quais
as correntes maximalista? Afastada. Finalista? Preponderante. Qual é excepcionalmente
utilizada? Finalista mitigada. Até aqui está tranquilo gente? Beleza, esse é o consumidor
standard. Mas eu falei que os consumidores possuem duas espécies. Eu tenho o consumidor
standard e eu tenho o consumidor por equiparação.
Bom, só isso mesmo! Precisa escrever mais não, só bater papo agora. Olha só
gente, quando eu comprei uma garrafa de azeite, aquilo era um evento de consumo. Eu era
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consumidor standard, a Borges. Eu escolhi a Borges pela pobreza e era esse que minha esposa
estava comprando. A Borges que vendeu o azeite é fornecedora e o azeite é o produto. Sujeito
ativo, sujeito passivo, objeto, relação de consumo. Beleza, e assim vai se desenvolvendo.
Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Todo aquele que comete ato ilícito, que pratica ato ilícito, fica obrigado a
reparar o dano. Esquece esse tratamento jurídico da esfera civil e vem para o Código de Defesa
do Consumidor. Se eu comprei a panela e um terceiro sofreu um dano, ele foi vítima de um ato
ilícito. Ah, mas ao invés de eu invocar o Código Civil com essa estrutura jurídica que você criou
para mim, eu posso invocar o Código de Defesa do Consumidor? Pode. Por quê? Porque ele é
consumidor por equiparação. A única coisa que você vai fazer é mudar o artigo.
Aluna: Professor, eu não entendi porque seria ato ilícito. Se a compra, o evento é lícito, você
comprar?”
Professor: Isso! A relação com o consumidor standard é um ato ilícito. Beleza? Isso aqui que ela
colocou é interessante. Veja, a responsabilidade da pessoa que faz a compra e venda é uma
responsabilidade contratual. Essa responsabilidade que atinge terceiros que não participaram
no contrato, e é desse cara que eu estou falando, essa compra e venda ficou pra trás. Eu estou
usando a panela, e a panela explodiu por uma falha da panela que causou uma lesão em um
terceiro. Beleza? Se a panela tinha uma falha, na hora da linha de montagem daquela panela,
não sei por que o motivo houve uma omissão. E um terceiro não sofreu um dano? Sofreu.
Então, não foi da minha compra e venda que teve o ato ilícito, essa relação estava legal. Em
relação à vítima, não estava bacana porque teve o ato ilícito em que ela explodiu e aí causou
um dano, teve nexo de causalidade entre a explosão e o dano, ato ilícito do artigo 176,
entendeu?
Por que foi legal o que ela falou? Porque o consumidor por equiparação ele
se vincula em função de um ato ilícito. O consumidor standard se vincula em função de um
contrato. E aí foi o que eu escrevi há pouco tempo, na verdade o CDC quando cria essas duas
figuras, ele positiva as fontes das obrigações. Como assim positiva? Está na lei, tem um artigo.
Como assim as fontes das obrigações? Quando vocês estudaram Direito das Obrigações, o
professor de Direito das Obrigações falou assim “Quais são as fontes das obrigações? Como é
que uma pessoa se vincula a outra pessoa obrigacionalmente?” Aí o cara fala assim “Contrato é
a primeira fonte das obrigações.” Olha o consumidor standard se vinculando pela primeira
fonte da obrigação, só que sendo positivando isso com o artigo 2º.
Ah, e qual é a segunda fonte de obrigação? Ato ilícito. Olha, o consumidor por
equiparação foi vítima de um ato ilícito, embora não tenha contrato, mas merece a aplicação
do CDC. Ah Renato, mas onde é que está esse dispositivo que positivou essa relação? No artigo
17. Mas no melhor estilo polishop de ser, “não é só isso”. Nós temos o consumidor por
equiparação no artigo 29. Escrevam lá:
Outro dia, eu estava dando essa aula em Porto Alegre, e aí fui ditar isso aqui,
os alunos ficaram me olhando assim. Os caras falam bonito e a gente fala feio. O carioca é
assim né? Aí, olha só, se quem fez essa porra, não era um carioca. Eu vou ditar. Vocês vão
colocar ai. Se colocar no lugar do cara lá no sul escutando o carioca na sala dele dentro do
campo na Arena do Grêmio. Imagina isso! Escrevam lá: “São terceiros expostos, as práticas
comerciais.” Isso não é coisa de carioca? Só carioca tem uma pronúncia dessas.
Nesse momento mágico, você virou consumidor. Olha que coisa louca? Se
você absorver uma oferta, você se torna consumidor. Olha como é diferente dos outros dois. O
consumidor standard fez um contrato, fez uma compra e venda, absorveu, queria aquilo. O
consumidor por equiparação não comprou nada, mas sofreu um dano que foi a panela de
pressão explodiu. O consumidor por equiparação do artigo 29 foi exposta a uma oferta. Gente,
antes de vocês estarem aqui, vocês foram expostos a algum tipo de oferta? Se vocês têm
Instagram, se vocês têm celular, se vocês têm um coisa nova que inventaram, um email. Nunca
se fez tanta publicidade, tanta técnica comercial a fim de angariar renda.
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Alunos: Sim.
Alunos: Standard.
Alunos: Sim.
Professor: Olha como é legal! Eu ainda não expliquei. Olha como isso ficou mais fácil. Todo
mundo, consumidor? Sim. Standard ou por equiparação? Standard. Legal. E fornecedor gente?
Foi aí que deu essa rateada. Deixa-me adiantar. Claro que o Rolex é um fornecedor. Claro que o
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relógio é um produto. Mas vejam como já ficou mais fácil de resolver o caso do consumidor. Eu
poderia até melhorar e falar assim: “Ah, quando eu comprar um relógio da Rolex, eu sou
consumidor? Standard ou por equiparação?” Aí todo mundo “Standard.” Qual o artigo do
consumidor standard, gente? 2º. Qual a corrente preponderante? Maximalista ou finalista?
Qual a não utilizada, maximalista ou finalista? Maximalista. Qual é a excepcionalmente
utilizada, maximalista ou finalista? Finalista Mitigada. Isso aí. Ah Renato, entendi. Eu vou repetir
esse mesmo padrão no final da aula, até o dia de hoje. Por que eu já explico isso? Porque é a
chance de eu ir embora. Você chega ali e fala “eu paguei para ver isso? Pode ir lá”. Esse é o
padrão que eu vou repetir até o final. Tá bom? Renato, consumidor por equiparação, artigo 17
e 29. O que falta estudar agora? A figura do fornecedor. Vamos do sujeito ativo para o sujeito
passivo da relação. Estudei o sujeito ativo. vamos para o sujeito passivo, o Fornecedor. O
fornecedor, gente, está no artigo 3º.
Aluno: Vi um caso, e isso me lembra um caso em que anunciaram o carro a 1 real. Ai eles
foram lá tiraram o anúncio, mas o consumidor já tinha comprado o carro, aí depois ele entrou
com uma ação. A Juíza não deu porque falou que flagrantemente foi um erro.
Professor: Eh, imagina né, cara? Cara sai lá, Mercedes AMG, não sei o que a 1 real. Aí o cara
chega com uma nota de 5 e me dá uma preta, uma prata, uma branca e pode ficar com a azul
para o senhor.
-“Muito obrigado!
- E a outra?”
-“vamos queimar!”
- “Porra não dá! Não é razoável. Isso aí começou com esse negócio do “quer pagar
quanto”. Começou com uma televisão. Era aquele desgraçado das Casas Bahia “quer pagar
quanto?” Aí, o cara entrou, um advogado lá de Recife disse: “quero pagar 1 real”. Aí levou em
primeira instância, eu entendi porque que o juiz julgou daquela forma. Às vezes o juiz de
primeiro plano, eles julgam o procedente pelo chamado caráter político pedagógico da pena.
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Está julgando assim. Ele mudou, de “quer pagar quanto?”, aí virou assim “quer pagar como?”
Mudou, adequou a publicidade. Aí, o mesmo advogado disse: “quero pagar em 500 de 1 real”.
Aí mandaram o cara embora. Ele ficou uns dez anos sumido, voltou agora, mas vê se ele fala
“quer pagar quanto?”, “quer pagar como?” Ele só vem mostrando lá os produtos, entende?
Claro que em segunda instância vai ser improcedente este pedido. Mas em primeira instância,
às vezes, é normal que isso acontece.
3. FORNECEDOR
Tá legal, Renato, fornecedor. Vamos dar uma olhada na lei. Na hora que eu
falo: pega a lei pra você sacudir um pouquinho, fazer uma coisa diferente aqui. A lei vai dizer
que:
Você fica olhando assim e pensando: quem é que não está ai? Então, qual é a
definição do Renato Porto? Escrevam lá:
A única observação que eu tenho para fazer para vocês aqui gente, é que,
realmente é amplo para caramba. Pessoa física, jurídica, pública, privada, nacional, estrangeira,
caraca! Ai, o Renato diz que é todo aquele que... Decidiu ganhar dinheiro com produto ou
serviço? Sim. O que poderia gerar dúvida na vida de vocês? A pessoa física. Quando é que uma
pessoa física poderia se valer do CDC? E por que isso poderia gerar uma dúvida? Imagina que
eu vendi meu carro para você. Esse carro apresentou um problema. Você pode demandar
contra mim, já que aquele carro tinha um problema? É claro que sim, mas isso é um problema
civil, e nós temos a lei dos civis que se chama Código Civil. Se eu vendi o meu apartamento para
você e dei aquela maquiada no apartamento, coloquei o durepox na área, na tampa da
descarga. Ficou bonito. Você entrou.. Dois anos depois, o apartamento que o pessoal chama de
vício redibitório. Você pode demandar contra mim? Sim. Pelo CDC? Não, pelo Código Civil, pela
lei dos civis.
Observação: Para que uma pessoa física seja demandada pelo CDC,
necessário é que a mesma desenvolva a sua atividade com habitualidade.
Vez ou outra, durante as aulas, quando eu estiver dentro tópico que eu ache
muito importante e que pode virar questão de prova, como esse caso, que, de repente, fulano
comprou o carro de beltrano, você fala assim: “em todo o lugar do mundo, menos no CDC”.
Mas, de repente, pode ser justamente pela habitualidade. Quando tiver essas pegadinhas
assim, eu vou me valer de algumas técnicas de memória emocional. Tipo, quer ver? Já vi aqui.
Eu comecei a olhar a rapaziada e já vi que tem muita gente conhecida aqui. Geralmente,
quando eu falo que uma pessoa física pode demandar pelo CDC, eu uso exemplos. E tem um
exemplo que eu já usei aqui. Alguém se lembra de algum exemplo que eu já usei aqui? Um
exemplo para ilustrar quando é que uma pessoa física pode ser demandada pelo CDC? Alguém
lembra? Sim? Medo do bullying? Entendi. Deixa-me mostrar o seguinte: para mim, o melhor
exemplo que eu já tive de pessoa física sendo demandada pelo CDC saiu de uma sala de aula.
Cheguei para dar aula e toda noite eu dou aula. Sou advogado. Trabalho em um escritório
durante o dia e de noite dou aula. Essa é minha vida. E finais de semana, tipo aqui assim... Você
sabe que em toda sala de aula tem um comércio péssimo. Tem um mercadinho péssimo. Você
tem alguém que vende lá uma Natura, vende um bolinho de pote no corredor, na pasta sempre
tem aquele bombonzinho, aquele pessoal lá do Belém que traz um cupuaçu. Aí, entrei em uma
sala para dar aula e estava uma zona lá no final. Geralmente, o fundão ali é um negócio, né? Aí
tá bom, aquela confusão e mais de 20 mulheres. Você sabe que nada é capaz de calar 20
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- “ O que foi?”
Olha que verbo bonito! “umas coisas” deve ser uma frase. É uma palavra só,
“umascoisas”.
-“Peraí, está vendendo ou está dando? Porque pela confusão que está, parece
doce de Cosme e Damião.”
Aí eu falei assim: “Mas, qual problema de não ser qualquer coisa? Calcinha
não é problema.”
Vocês vão ver quando eu voltar do intervalo, eu já tenho esse jeito meio
esquisito aqui. Aí eu fico ali…
Aí ela falou para mim: “Olha, tem framboesa, tem morango, acerola e kiwi.”
Há umas frutas que quanto você fala não dá uma trava? Porra, em uma
calcinha comestível, acerola? kiwi? Kiwi parece até que você mordeu alumínio, fica um negócio
lá no fundo, não é muito legal.
-“É mesmo é? sobrou a de kiwi? Corta uma à francesa e coloca para o povo ai
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experimentar.”
E pronto, foi essa a história, acabou. Legal. Essa aula foi na sexta-feira. Na
segunda-feira, vocês que são do direito e tiveram aula de Penal... Quando a “porrada” canta em
casa, qual é o nome que se dá? Vias de fato. Chegaram às vias de fato. Vias de fato na sala de
aula no melhor estilo da que tinha comprado e falando para quem tinha vendido. “Vou dar na
tua cara, sua…”. Se eu já tinha gostado da fofoca de sexta, você imagina a de segunda. Fiquei,
só que a briga veio para mim. Isso sempre acontece.
Eu falei: “Diga!”
- “o que foi?”
-“Professor, fui usar com meu noivo no sábado. Fui lá à Barra da Tijuca. Tem
uma rua que chama rua dos motéis. O senhor sabe qual é?”
Aí eu: “Não.”
Aí ela: “Na rua dos motéis, lá no final. No começo, quer dizer, tem um
restaurante japonês chamado Manekineko. Já ouviu falar?”
Falei: “Já.”
Falei: “Ehhh?”
Falei: “E aí?”
-“E aí professor, na hora que meu noivo foi degustar, bateu uma inflamação
na glote do cara, uma reação alérgica. O cara começou a…”
Quer dizer, o cara exagerou, deve ter comprado aquela lata, ficou igual a um
bolo do Mundial, jogou umas frutas cristalizadas, ficou ótimo.
-“Só deu tempo de tirar o chantilly dos olhos e o SAMU não entrava no motel
porque o teto é baixinho.”
Você já viu a altura do SAMU? Você já viu a entrada do motel? Sai um cara nu,
a mulher com chantilly nos olhos, e entra… Gente, e a pergunta que ela fazia para mim era o
seguinte:
- “Professor, eu posso demandar contra essa filha de uma égua pelo Código
de Proteção e Defesa ao Consumidor?”
Por quê? Por que ela faz isso com habitualidade. Nunca mais vocês esquecem
isso aqui. Tem que fazer uma brincadeira contextualizada. Entende? Você vai, de repente,
daqui há 5 anos: “Porra professor, lembrei.” Na hora da prova, eu quero que isso aconteça. Eu
acho que esse é um ponto sensível, a demonstração de uma pessoa física que pode ser
considerada como fornecedora e eu fiz isso que é para ativar a tal da memória, emocionar e
você lembrar no dia da prova. Está legal? Eu vou fazer mais isso até o final da aula, então se
quiser ir embora, ainda dá tempo. Entendeu? Eu vou fazer muito.
4. OBJETO
Então, Renato. Tem o consumidor que pode ser standard ou por equiparação.
Eu tenho o fornecedor que pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. E o que está faltando? O
objeto. Vamos primeiro para produto. Produto está no artigo 3º também gente, mas no
parágrafo 1º. E o serviço, vai estar no artigo 3º, só que no parágrafo 2º. Anotem lá:
-“aceito cartão.”
Tá bom, Renato, a vida mudou e ai? É como se a lei estivesse falando assim:
“telefone”. E aí surgiu o telefone celular. Aí, eu: “a lei disse telefone. Não disse telefone celular.
Falou ar-condicionado. Não falou split. Falou geladeira, e não falou frost-free. Falou não sei o
que...”, sabe? Opa, Renato, entendi. Então, o legislador utilizou esse princípio de cláusulas em
aberto para essa lei durar mais tempo. Ok. Isso para produto. Renato, como é que eu faço para
diferenciar produto de serviço para eu nunca mais esquecer? Lá na aula de Direito das
Obrigações, o professor ensinou para vocês que nós temos uma obrigação que se chama
obrigação de dar. E tem uma outra obrigação que se chama obrigação de fazer. Na obrigação
de dar, eu envolvo a transferência de domínio. Por quê? Essa caneta era de uma pessoa e ela
deu essa caneta para outra pessoa. Ela tornou-se o dono, transferiu o domínio, virei o dono
disso aqui. Isso é obrigação de dar. E o que é obrigação de fazer? Alguém é remunerado e não
entrega nada, não transfere o domínio de nada. Ele pratica um ato. Como eu estou fazendo
aqui agora, eu estou sendo remunerado para praticar esse ato que é ensinar vocês. Vocês não
estão virando donos do meu conhecimento. Eu estou trocando meu conhecimento com vocês.
Legal. Renato traz isso para o Direito do Consumidor. Bom, quando vocês
remuneram a AMPERJ, vocês estão remunerando pela aquisição de um produto ou pela
prestação de um serviço? Prestação de serviço. Toda vez que você for obrigação de fazer, é
serviço. Toda vez que for obrigação de dar, é produto. Comprei uma televisão, produto.
Comprei uma geladeira, produto. Comprei um ar-condicionado, produto. Ah, tenho uma conta-
corrente no banco, serviço. Tenho um plano de saúde, serviço. Tá, estou aqui na minha aula,
serviço. Então, vamos fechar essa história aqui agora. Renato, o consumidor pode ser standard
ou por equiparação. O standard está no artigo 2º. O consumidor por equiparação está nos
artigos 17 e 29, na maioria das vezes. O fornecedor está no artigo 3º sempre. E o produto ou o
serviço vão estar sempre no artigo 3º, parágrafo 1º e parágrafo 2º. Até aqui está tranquilo?
consumidor, gente? Sim ou não? Sim. Mas, eu sou consumidor standard ou por equiparação?
Standard. Qual é o artigo do consumidor standard? 2º. Aí, eu venho aqui nessa casinha (do jogo
de forca) e escrevo “2º”. A Rochedo, que fez a panela de pressão, ela faz aquilo sempre para
ganhar dinheiro, sim ou não? Sim. Qual é o artigo do fornecedor? 3º.
Um ladrão foi até uma instituição financeira e abriu uma conta corrente em
nome de outra pessoa, com o CPF dela. Essa pessoa recebeu a cobrança e estava com o nome
negativado. Quando ela vai até o banco pra brigar, o banco fala:
E a pessoa dizia: “Não, eu nunca entrei aqui que não no dia de hoje. Eu sou
cliente do banco tal.”
-“Ah, então você está dizendo para mim que você não é consumidora?”,
-“Não.”
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26
-“Então, você não pode entrar com um processo pelo Código de Defesa do
Consumidor.”
O que ela podia dizer? “Eu não sou consumidora standard.” Mas ela é
consumidora por equiparação. É isso tá? Então, vocês já aprendem a fazer a fundamentação
jurídica preenchendo esse quadrinho aqui, gente. Poxa, explodiu não sei o que! Sujeito ativo?
Alunos: Finalista.
Alunos: Maximalista.
Estou muito feliz com vocês. Vamos para segunda parte agora.
Agora eu vou começar a ensinar para vocês quais são os direitos dos
consumidores. Mas para eu ensinar cada direito, vocês tem que saber o seguinte. Quer ver?
Vou mostrar aqui. A gente a partir de agora vai estudar os direitos básicos dos consumidores.
Os direitos básicos vão estar no artigo 6º.
Então, o que você tem que fazer? Identificar a relação de consumo. Depois
que você identifica a relação de consumo, dá uma corrida no artigo 6º e tenta achar um direito.
Se você achar um direito, é porque o cara tem direitos e você está com a sua questão pronta.
Se você não encontrar o direito, é porque ele não tem os direitos. E aí, eu vou explicar para
vocês quais são as causas excludentes da responsabilidade civil. Vocês sabem que toda história
tem quantos lados, gente? No mínimo 3. A minha versão, a sua versão e a verdade. Não é
verdade? Então tá. Ai, chega outro dia, uma cliente lá no escritório falando:
-“Ah, e aí?”
-“Aí, eu não paguei o boleto do mês passado e eles me negativaram. Você não
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29
Eu falei: “O que?”
-“Eu fui fazer uma compra e não aceitaram a minha compra. Você não sabe a
vergonha que eu passei.”
-“Professor, quando a coisa está braba para o meu lado, eu vou no doce de
leite.”
-“Compro uma lata de leite moça, coloco na panela de pressão e deixo lá não
sei quanto tempo. E aquilo é uma delícia.”
Aí eu fui ligar e..., sabe qual é? Furacão. E o que foi? Era 220V. Eu liguei o
secador 110V e pronto. A outra foi. Caiu aquele tufinho de tão vermelho que ficou. Arregaçou
com o cabelo e ficou com cheirinho de queimado. Fui embora. O que é isso neste caso? Culpa
exclusiva de terceiros, que foi no meu caso (eu e minha mulher). O imbecil aqui que ligou sem
verificar minimamente isso.
Ah, Renato, tá bom. Olha ai, tem relação de consumo, mas não tem direito
básico. A conta vai ser essa. Agora, se eu assistia uma publicidade na televisão que dizia:
- “Não, não teve isso não. Mas, aproveitando que você está aqui, tem aquela
outra ali.”
“Não vai.”
Começa aquela pobreza. Primeira pergunta que eu faço: nessa hora da briga
você é consumidor, sim ou não? Standard ou por equiparação? Standard. Do artigo 17 ou 29?
29. Tá vendo? Exposto à oferta, olha como que na prática vai mudando.
Provavelmente a pessoa diria para você “Mas, você não consumiu nada.
Como é que vai se valer do CDC?”
Você ainda pode meter assim: “Pega lá o CDC para eu te mostrar isso.”
Ai ela vai dizer assim: “Eu não sou obrigada a ter o CDC.”
É verdade, o Lula criou uma lei em que todo estabelecimento comercial tem
que ter um CDC à disposição do consumidor, sob uma multa de 1.780 UFIR.
-“Ah, só um momento.”
-“Acabou? Deixa-me ver a nota fiscal. Porque é de venda, não falou que
acabou? Acabou. Cadê a nota fiscal que prova a venda?”
-“É sim.”
-“Por quê?”
-“Porque agora eu tenho a nota fiscal que prova o número dela e o horário.
Então, eu vou entrar com uma ação de obrigação de fazer, porque eu sou o consumidor por
equiparação do artigo 29, para que o seu patrão me apresente todas as notas fiscais que foram
emitidas entre 10h da manhã e até 10h10minh. Se você me apresentar dentro dessas notas as
370 unidades que já foram vendidas, ótimo. Semana que vem eu volto e chego mais cedo. No
entanto, se isso aqui for mentira..”
-“Na cível, é o teu patrão que vai ter que cumprir forçosamente, porque eu
sou a consumidora por equiparação do artigo 29.”
- “E o bambu?”
Renato, mas tem algum crime de consumo? Artigo 66 do Código, olhe lá.
Fazer afirmação falsa ou enganosa. Detenção de três meses ou multa.
consegue caminhar.
Lindo! O ideal é que vocês tenham esse quadro aqui, que pode ser tanto
assim como eu coloquei ou, se vocês quiserem colocar assim no caderno, porque é como se
fosse um esqueleto o que vai ser abordado. E abaixo disso, eu vou explicar o que é cada um
desses.
esperar a hora do dano para produzir uma indenização. E senhores, eu vou falar uma coisa para
vocês: hoje, eu peguei um vídeo e postei na internet. Ah, quem quiser me seguir, pode me
seguir. Eu estou em um Gol branco... A rede que eu mais frequento é o Instagram. Eu me
amarro no Instagram. Então é só escrever Renato Porto. Sou que nem uma entidade, joga lá
Renato Porto que eu apareço... E ai eu gravei um vídeo de hoje...me sigam por seguir tá! Não
preciso falar: “olha, eu vou dar um livro”. Todo dia, eu posto um vídeo diferente. Por quê?
Porque vocês vão ter a prova. E não é incomum que até lá a jurisprudência se adapte. Irão
surgir novos direitos. Eu ia falar que podia surgir só um, mas não, irão surgir vários direito até o
dia da prova. Então eu vou postando sempre e você vai me olhando ali e dizendo “ah, mudou.”
E se tu quiser saber um pouquinho mais, eu sempre coloco um vídeo explicando um pouquinho
melhor nessas redes sociais. Eu trabalho muito com rede social. Nesse vídeo de hoje que eu
postei, tem uma comunidade que eu acho que é “eu amo direito”, onde eles reproduziram, e
tem um tal de “direito news”, que eles também reproduziram o vídeo que eu postei falando
sobre a matemática jurídica, que é pra falar sobre isso.
Se a lei não tivesse dito risco, mas tivesse escrito dano, a Ford (agora eu vou
caguetar) vendeu um produto (uma picape), que quando abalroada pela traseira (no vídeo eu
não digo Ford, eu digo “uma famosa montadora”),o tanque de combustível se rompeu e duas
coisas poderiam acontecer: o carro explodia, ou então, a pessoa incendiava, porque estava ali
dentro e ia romper o tanque de combustível. Antes do primeiro acidente, a Ford identificou a
falha e falaram:
Vamos estudar isso aqui. Em média, quantas picapes são abalroadas pela
traseira? Ah, é uma média de 10% de todas as picapes que a gente vende no mundo são
abalroadas pela traseira. Quantos abalroamentos são fortes ao ponto de atingir o tanque de
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combustível? Porque às vezes você só tem aquela batidinha. Ah, aí a gente está falando de 1%.
Bom, desses 1%, quantos por cento irão descobrir que morreram por causa disso?
Bom, desses 0,5% quantos vão acionar? 0,3%. Desses 0,3% quantos irão
ganhar, porque vai ter umas feras que vão ajuizar isso no JEC.
- “ é 0,2% “
Eduardo da OI para falar comigo, não ia existir uma indústria, existiria uma fabriqueta de
bricolagem de fundo de quintal. Então, toda vez que você estiver advogando para alguém e o
cara falar “vai fomentar a indústria do dano moral”, você diz: “sua culpa.” Esse argumento é um
tiro no seu pé. É tão imbecil quanto alguém que fala assim: “se estuprou é porque você viu
também o tamanho do vestido…” Cala a ‘porra’ da tua boca! O estupro nada justifica, assim
como isso também nada justifica. Entende? E infelizmente, as sentenças diminuem para
diminuir o trabalho, para desestimular que o consumidor entre com o processo. Se você
condenassem bem, você ia matar o mal pela raiz. O fornecedor não ia errar mais. Entende?
Aluna: Falando sobre o acordo, né? Porque eu já fui a uma audiência que a
própria juíza leiga falou pra mim: “ Dra., é melhor a senhora aceitar o acordo porque a sentença
não vai chegar a isso.”
Professor: Aí, deu ruim né? Não dá! Bom, é porque eu sou advogado, e eu
vivo muito isso, entendeu? Eu não tenho no final do mês certinho! Então, é uma guerra e eu
estou na luta então. Vocês vão ter aula com meu sócio aí. Ele está dando aula e vocês vão ver
também. Tá na luta, na guerra. Ali é brabo. Aquele ali é brabo.
Olha aqui gente, proteção à vida. Então, produtos ou serviços não colocando
em risco a segurança. E olha porque você ver isso às vezes acontecendo, porque acaba valendo
a pena. Aí vem a vírgula, “salvo aqueles normais e previsíveis” que vocês escreveram aí. Por
que? Podem existir produtos perigosos? Óbvio que sim! Até porque se você vender uma faca
que não corte, você vai processar o fabricante dizendo “olha, essa faca não corta”. Tu compra
uma tesoura que não corta? Não, existem produtos perigosos. Existem serviços perigosos. Você
não tem mais o que fazer na vida, você resolve fazer corrida de aventura. Fazer 272 km na
neve. Eu vou subir o Everest, eu vou fazer...Parabéns, legal, mas não vai depois responsabilizar
o organizador do evento. Por que? Porque aquilo é perigoso. Você é cardíaco e vai saltar de
paraquedas. Aí é que vem a questão de prova. Claro que existem produtos e serviços perigosos,
mas quando você estiver diante de produtos ou serviços perigosos, qual será a obrigação do
fornecedor, gente? Informação. É perigoso? É. Então, avisa do perigo. Antes que alguém daqui
dessa sala, levante o braço, e diga “professor, eu preciso avisar que se você for cardíaco, não é
adequado que salte de paraquedas?” Falei: sim. Por quê? Você vai me perguntar. Você tem que
acreditar naquilo que sua mãe falou para você. Você não é todo mundo. E por que você não é
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todo mundo? Gente, na boa, me amarro em dar aula aqui pelo o seguinte: quantos alunos
tinham na faculdade no dia que vocês entraram? Quantos alunos tinham na sala.. Uau, 80, mil.
Quantas testemunhas concluíram junto com vocês? Ah, se tu é da UFRJ, ou da UERJ, que são
universidades que são públicas, normalmente, a taxa de evasão é menor porque você não tem
a mensalidade. Mas quem veio de uma escola particular, sabe que você começa com 80 alunos
e, às vezes, termina com 16, 20. Dos 20, quantos passaram na OAB? Deixa eu dizer a estatística
da OAB: 92% de reprovação. Das 3 testemunhas, quantas estão tentando adquirir
conhecimento, como vocês, em uma das maiores escolas jurídicas do Brasil? Só vocês. Então,
acredite, você não é todo mundo. Percebem, você não pode passar nesse concurso e aplicar a
norma sob a sua ótica. Você tem que aplicar a norma segundo a ótica da média. E a média não
chega nem perto do teu raciocínio. Então aquilo que para você seria óbvio - claro que se eu sou
cardíaco, eu não vou saltar de paraquedas - isso não pode servir para média. E quem é a
média? Quem vai saltar vai ser Caio, Mévio e Tício, porra. Então, tem que avisar.
o Renato falou. E por que eu falo só dos dois, gente? Porque quem já foi bisbilhotar aí e viu que
se eu falo demais, de tudo, desses 10 alimentos, você começa a criar desculpa. Se eu falar que
salgadinho de milho, sorvete de máquina, todos os embutidos..., Renato, o que é embutido?
Presunto, copa, salaminho etc. Se eu for falando ai, daqui a pouco, você está falando: “mais aí
né? Qual o sentido de permanecer vivo?” Entende? A gente arruma essa desculpa. Vou ficar
sem comer meu salaminho, beber minha cerveja. Aliás, é melhor beber cerveja do que
refrigerante. Ótimo, mas saiba disso. Legal, isso é educação.
E por que eu tive que fazer essa brincadeira? Para mostrar o seguinte, que ela
acontece antes da informação. Olha para mim, não escreve não. A informação, eu fui comprar,
e aí, eu sei a quantidade de calorias, o sódio, a rotulagem. A informação é referente à
rotulagem. As informações gerais relativas aos produtos e serviços. Eu sou educado para fazer
escolhas. Depois que eu faço a escolha, eu quero esse produto, aí eu vou saber o que é que
tem. Se tem corante ou se não tem, se tem glúten ou se não tem.
O que é que pode cair na minha prova, gente? Vamos lá. Eu jurei que eu iria
falar de jurisprudência. A todo instante, eu estou trazendo jurisprudência sem vocês
perceberem. Agora não, vou falar que caiu isso. Acho que foi há 2 anos atrás, num dos
informativos de 2017, uma associação entrou com uma demanda contra a indústria do ramo
alimentício para que produtos que contenham glúten venham informando que aquilo é
prejudicial para portadores de doença celíaca. Então vale uma observação no que diz respeito à
informação. Os produtos que contém glúten devem informar dos perigos aos portadores de
doença celíaca. A única forma daquele que tem a doença celíaca sobreviver adequadamente é
sem glúten. Então, se o seu produto pode matar uma determinada faixa da sociedade, então
você tem que informar.
Tem uma segunda observação dentro desse mesmo julgado. Mais a frente, eu
vou mostrar para vocês que o Direito do Consumidor, ele pode se dá de forma individual ou de
forma coletiva. Vocês estão aqui não é à toa e o inciso I do artigo 81 diz que o MP é quem tem a
legitimidade para ajuizar ações coletivas. Além do MP, você tem o MP, os Estados, os
Municípios, o Distrito Federal, a União, os órgãos da administração pública, como o PROCON, e
as associações de defesa do consumidor que sejam constituídas há mais de 1 ano. Isso é uma
regra. Só que você tem uma regra da dispensa da pré-constituição de 1 ano, que é quando for
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situações de clamor público em que a vida estiver em risco ou algo do gênero. E ai, nesse
informativo, ele diz o que o fornecedor deve dizer para os doentes de doença celíaca que
contem o glúten. Só que nesse julgado dispensa-se a pré-constituição de 1 ano. Então, vale
como segunda observação.
OBSERVAÇÃO:
Chegamos à publicidade.
O aluno fez uma pergunta para mim. Ele pensou, pensou, aí olhou para mim e
disse assim: “professor, publicidade enganosa é aquela que engana?”
Aí, eu olhos nos olhos dele e falei: “Exatamente isso. Nossa que sutileza”.
Gente, alguém aqui nessa sala já se enganou com alguma pessoa? Os seres humanos se
enganam com seres humanos e se enganam com bens de consumo. O que é você se enganar
com uma pessoa? É você imaginar que aquela pessoa teria uma determinada postura e ela não
teve. Você se enganou com aquela pessoa. Você esperava que ela fosse ficar do seu lado e não
ficou. Pensou que ela ia comprar barulho e não comprou. Você tinha imaginado a expectativa
que você tem. Você tem expectativas por pessoas e por bens de consumo. Quando você
compra uma televisão, qual a expectativa que você tem? Que aquela televisão vai propagar as
imagens que você imagina que ela propagaria. Ah, quando eu compro um relógio, qual a
expectativa que eu tenho? Para marcar as horas, se ele não marca as horas, eu me decepcionei
com aquele bem de consumo. Sim. Se essa decepção vier pela via da publicidade, aí eu estou
falando de uma publicidade enganosa. Publicidade enganosa é aquela que engana? É. Por quê?
Porque ela me induz ao erro. Ela faz o consumidor crer que o produto tem uma determinada
funcionalidade que o produto não tem.
Aí, falei: “o que é que foi?” Aí, colocou eletrodo, colocou os negócios aqui. Vai morrer do
coração. Nada vai substituir. Não dá.
Vocês já viram os drones agora do plano de saúde? Você paga mais 100 reais
e tem direito ao drone. A ambulância quando sai no resgate, você paga ao plano que dá direito
a ambulância, e quando a ambulância parte para o resgate, no teto da ambulância , você cola
um drone e esse drone tem um desfibrilador. O drone chega à frente da sua casa, porque não
pega trânsito. Chega lá, aí tem uma câmera. Aí, você abre, depois fecha e fica como se fosse
uma maletinha, e tem um microfone em que o socorrista vai lhe orientando como é que você
vai dar os primeiros socorros. Cara, eu que não sou cardíaco e não tenho problema ainda não
cheguei em uma idade mais avançada, eu estou cagando para esse drone, até porque eu
conheço a empregada que eu tenho lá em casa. O dia que eu passar mal, vai está a Nair para
me socorrer, para escutar o que o socorrista está falando. Nair foi essa semana e dei 20 reais, e
falei: “Nair, compra o jornal O DIA e O GLOBO.” É um comando difícil? Não. Pois é, ela veio com
2 jornais O GLOBO. Aí não tinha jornal O DIA, ela trouxe 2 jornais GLOBO. Ai, eu falei: “Nair, o
que eu vou fazer com 2 jornais GLOBO?”
Ela: “O senhor sempre falou que é melhor errar por ação do que por omissão”
olhar aquela mulher. E mais, vai um drone com um desfibrilador e aquilo deve ser uns ‘30
contos’. Passa ali na Maré, e ‘nego’ vai ficar “pega o drone, tira o drone” ou alguma ‘porra’
dessa assim.
O melhor exemplo, no meu modo de ver, é da TV 4K, porque a gente não tem
a tecnologia 4K no Brasil. Você paga mais caro pela TV e se você ligar a TV no cabo da NET,
não tem 4K na Sky, não tem 4K na sua antena. Aí, mesmo, você tentou aquela do Bombril,
mas não deu não. A TV 4k não vai.
PARTE 2 DO ÁUDIO
aonde o sol se põe essa informação não é relevante? É claro que sim. Isso vai influenciar
diretamente na valorização ou na desvalorização do seu imóvel. É também uma publicidade
enganosa por omissão. Tranquilo, gente? Tá bom.
6. PRÁTICAS ABUSIVAS
Isso aqui está lá no artigo 39 do CDC. Peguem lá o artigo 39. Eu vou falar só
algumas, né? Práticas comerciais abusivas, e aí o artigo 39 vai dizer:
X - (Vetado).
Toda vez, processualmente falando, que vocês escutarem esse termo “dentre
outras”, ele tá dizendo que esse rol que está ai embaixo é um rol meramente exemplificativo.
Por que a lei? Porque a lei é principiológica. Vou falar um pouquinho dos princípios do Direito
do Consumidor aqui pra vocês.
Aonde não aplica-se a lei, aplicam-se os princípios. Esse rol tem que ser
exemplificativo porque se ferir um dos princípios, embora não descritos ali, nenhum dos
direitos descritos se cria o princípio.
O que vocês irão escrever ai como primeira prática abusiva? Venda casada.
Renato, me dá um exemplo de venda casada. Você paga 100 reais de entrada e não sei quanto
de consumação mínima. Já ouviram falar da consumação mínima? Então, venda casada. O STJ
falou até nesse ano do seguro da obra, que você é obrigado a pagar o seguro da obra. Também
seria uma venda casada.
Ai você diz: “Olha, fui informado, mas não quero fazer esse seguro.”
- “Tudo bem, mas se você morrer não vai quitar.” Pronto, um abraço.
Aluno: Ah, mas a Caixa Econômica condiciona a aprovação a esse seguro. Ah,
você não quer, não tem.
Professor: E porque eu faço isso com todo mundo? Lembra do caso da Ford?
Entende? É diferente venda casada de imposição de limites quantitativos, que é o que a lei vai
dizer aí. No inciso I vai falar no primeiro direito: “condicionar o fornecimento de produto ou de
serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço.” Aí, você anotou venda casada. “bem
como, sem justa causa, a imposição de limites quantitativos.” É o segundo direito, a imposição
de limites quantitativos. O que é isso? Só pode levar dois quilos de açúcar da promoção. Você é
obrigado a levar não sei quantos não sei o que. Isso é imposição de limite.
Ah, agora eu entendi por que no caso que você deu no primeiro tempo, você
pediu uma nota fiscal e pediu para mostrar quais eram os produtos e quantas vendas tinham
sido feitas. Porque na publicidade estava assim: “40 peças no estoque”. Então eles tinham que
me apresentar quarenta notas fiscais. Porque se eles não fizessem isso, eles estariam
mentindo, não estariam? Sim. Eles cometeram o crime do artigo 66, que é fazer uma afirmação
enganosa. Entende. Toda vez que a lei disser uma coisa e o cara está indo contra aquilo que
está no texto da lei, é crime do artigo 66.
Claro que a lei traz razoabilidade, não é gente? Por isso, que a lei diz ai:
“..salvo se justa causa..”. A lei traz o termo “justa causa” no inciso I. No inciso I, ele fala lá:
“..salvo se por justa causa, a imposição de limites quantitativos.” Não está ali? Por quê? Para
não chegar o cara e fazer assim: pega lá o iogurte, bebe metade e diz “Ah, só quero pagar
metade.” É uma boa. E aquelas pobrezas também do Celso Russomano: “Doze rolos de papel
higiênico, mas eu só quero levar dois. Tem que abater.” Para! Vai levando desse jeito que daqui
a pouco o cara chega: “Ah, não pela necessidade, eu só quero meio metrinho.” Não dá! Então,
tem que ter razoabilidade. Medicamento, às vezes você tira um ou outro, você danifica os
outros. A ANS (Agência Nacional de Sáude) publica a lista. São dois mil e quatrocentos e poucos
medicamentos que podem ser fracionados. Você não é obrigado a levar a cartela inteira.
Quantos medicamentos vocês têm em casa, a farmacinha. Por que farmacinha? Por que só
precisou de três comprimidos e comprou 24. Guarda aquilo lá e, às vezes, fica ai tomando o
medicamento com validade de 1987. Você pode fracionar e isso acontece com anti-
inflamatório. A rapaziada do futebol vai jogar pelada no final de semana. Estuda e trabalha a
semana inteira. E sábado, hoje está aqui. Amanhã, vai lá e faz aqueles aquecimentos. Aquele
time campeão. Pronto, aí toma uma porrada, sai todo torto de lá e aí vai para o ortopedista. Eu
sei tudo o que o ortopedista fala: “Olha, vai tomar uma dose de attack. Depois de 12 em 12
horas passou, beleza?” Geralmente, com 3 ou 4 comprimidos já tá passando. Vai ficando mais
velho, 46, 47, enquanto está mais cedo é só 2 comprimidinhos. “Ah não, deu problema”. Aí,
tem que fazer fisioterapia, tem que fazer não sei o quê. Não é assim? Pois é, mas com 3 ou 4, 5
comprimidos está resolvido. Quantos vêm na caixa? E quanto é a caixa de anti-inflamatório?
Não seria mais interessante comprar só 4 comprimidos, 5 comprimidos? Então, você pode
fracionar sim.
Isso é vedado. Por favor, mente do mal: Lex Luthor, coisa ruim, mulher gato,
presente na sala. Você não vai virar para mim e falar assim: “Ah, recebi o cartão de crédito e eu
li aqui no parágrafo único do artigo 39 que essa hipótese do inciso III que é ter recebido sem ter
solicitado equipara-se (e isso que é importante gente) a amostra grátis. Aí, a mente do mal fala
para mim: “Vou arregaçar no cartão e depois vou dizer amostra grátis”. Não é, não é. Você
desbloqueia e dá sua aquiesciência. No entanto, eu não tenho dúvidas em afirmar que você
pode simplesmente solicitar o não pagamento da anuidade. Se você fizer uma compra não é
justo que você remunere a sua compra. Agora se a lei diz que se você não solicitou , e você
recebeu, você ainda tem que pagar por isso? Você pode falar “Ou você cancela, ou não me
cobra anuidade”. Sabe o que eles irão falar para você? Que não vão cobrar. Pode ter certeza
disso. O cartão, ele recebe uma média de 3 a 5% dependendo do estabelecimento de cada
compra que você faz. Você tem até aquela briga - ah, isso pode cair na prova - aquela briga de
parou no posto de gasolina se você pagar com cartão é um preço e se pagar à vista é outro. Não
podia isso até o Michel Temer baixar uma medida provisória em que é autorizado isso. Você
pode ter preços diferentes em produtos e serviços pagos no cartão. Existe essa possibilidade. E
o cartão é remunerado. Agora você imagina, se o cara ganha em média, vamos lá, pode ser de 3
a 5%, coloca ai 4%. As compras que a gente faz hoje são aonde normalmente? No cartão. Então,
os caras conseguem ser detentores do faturamento bruto do comércio do mundo. Será que isso
é interessante? E será que vai ser a anuidade de 32 reais que ele não vai lhe cobrar e que vai
fazer questão? E mais, deve ter um departamento de oração nesses tipos de operadoras que
eles ficam assim: “Pai, tomara que esse homem atrase, porque se ele atrasar eu vou cobrar
14,99% de juros.” Não existe negócio no mundo melhor do que juros bancário para o banco.
Então você acha mesmo que vai ser a anuidade que ele vai brigar contigo? Não, fica ai bebê.
Gosto mais de você do que de mim. Então, olha aqui, Renato, então envio sem solicitação? O
Inciso IV:
Aí, você vai ver práticas comerciais para idosos e pra crianças. E assim vai. O
último inciso, o XIV fala da Lei Boate Kiss. Você pode ver que ele está lá e foi alterado e tem o
número de uma lei ao lado, não tem? Essa lei é chamada Lei Boate Kiss. Eu acredito que vai ter
uma questão falando desse XIV.
Ele vai está dizendo uma lei, que salvo engano é de 2018. 2017? 2017. Por que
o estabelecimento comercial, a autoridade competente diz: “500 pessoas, 300 pessoas”. Se
você superar ao número presente na documentação competente da abertura do
estabelecimento, você está fazendo uma prática comercial abusiva. A única coisa é que, aí sim
tem que tomar cuidado na hora da aplicação dessa regra, é que é diferente você ter 500
pessoas naquele momento e 500 pessoas no fluxo. Eu advogo muito para casa noturna. Tem
uma grande casa noturna do Rio que cabe lá 6 mil pessoas, 7 mil pessoas. Grande pra caramba!
Aí, mostrou lá a movimentação de 15 mil. Quando eu vi lá aquele negócio com 15 mil pessoas,
eu falei: “Porra, como é que vocês colocaram isso? Artigo 39, inciso XIV da lei de 2017. Está aqui
isso tudo ai.” Ai, ele falou para mim assim: “Não, não. Em nenhum momento.” Aí, eles me
mostraram o fluxo. Você começa à dez horas da noite, abriu a casa, tem pouca gente. Aí, onze
horas vai entrando, vai entrando. Aí, meia-noite. Mas meia-noite começa a entrar outra gente e
vai entrando outro público. Então, nunca aquelas pessoas todas estavam no mesmo momento.
Aí, eles me mostraram com gráfico de entrada e saída, porque também tem que tomar
cuidado, senão nessa hora você vai dizer: “Olha, estiveram 15.000 pessoas ai.” Não, não, não,
mas foi assim, foi assado. Você não pode ter ao mesmo tempo o número que supere aquela
capacidade mínima. Então eu acredito em uma questão por ai.
Eu não vou ficar trabalhando todas elas, até porque o rol é quase que
autoexplicativo. É só ler.
Aí, eu falei da publicidade, falei das práticas comerciais abusivas e vou falar
das cláusulas abusivas. Se você tiver um contrato, para onde você vai correr? Para o artigo 51
V - (Vetado);
§ 3° (Vetado).
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55
Renato, porque você está fazendo tanto salseiro em cima disso. Porque no
ano passado, nós tivemos duas decisões contra o Mc Donald’s, e que no começo do ano não
responsabilizou o Mc Donald’s e no final do ano responsabilizou o Mc Donald’s. O que gerou
muita gente falando, “ué, mas acabou a súmula 130? Como é que fica? como é que não fica?”
Bom, então eu tenho que explicar a jurisprudência para todo mundo não se dar mal na prova.
Vem comigo!
Vamos supor que você foi à padaria. Tem uma padaria lá na esquina. Você
parou o seu carro aqui, fechou o carro e foi na padaria. Fez a compra na padaria e depois veio
andando pela calçada, pela rua, e quando vai entrar no carro te assaltam. Dá pra
responsabilizar a padaria? Não, porque é comércio de rua. Eu parei o meu carro e fui andando
para farmácia. Comprei. Fui ao banco. Comprei. Vou responsabilizar por uma coisa que
aconteceu aqui? Não. Tudo bem?
Então, equiparou ao comércio de rua. Por quê? O STJ disse que nesse
estacionamento, deste Mc Donald’s, não tinha uma transposição de cancela. E como é
necessária essa transposição de cancela para se estabelecer a relação jurídica de consumo em
que produziria uma responsabilidade civil desse fornecedor. Então, para o STJ, para o
estacionamento estar respondendo, ele tem que passar por uma cancelinha e pegar o
papelzinho. Entendeu? Claro que eu acho isso um absurdo. Desculpa-me, mas quando eu entro
no Mc Donald’s, independente se eu peguei o papelzinho ou não, eu tenho uma sensação de
segurança. Tudo bem que é o parqueamento. Não parece com comércio de rua você parar com
seu carro no Mc Donald’s. Quando eu passo por debaixo dos arcos dourados, que é o nome da
pessoa jurídica, eu tenho a sensação de segurança. Quando eu entro no Mc Donald’s, eu tenho
uma expectativa criada em relação aquele consumo. Eu sei que vou ser rapidamente atendido,
que vou comer, que irão me colocar num lugar com ar-condicionado bem gelado para eu não
ficar mais que 15 minutos. Eu sei de tudo. O segundo andar do Mc Donald’s é feito para você
não ficar porque é gelado. O banheiro é em cima justamente para não vir tanta gente e pegar
pela rua. Enfim, eu tenho uma série de expectativas. Mas não foi isso que o STJ entendeu. Ele
entendeu que para poder ter essa responsabilidade tinha que ter essa chamada transposição
de cancela. A gente não tá aqui para fazer juízo de valor. Se fosse um mestrado ou uma pós-
graduação a gente brincava disso. Como não, é só para colocar na prova o que tem que colocar.
Renato, mas você disse para mim que no final do ano teve um julgado que
responsabilizou o Mc Donald’s. Então, peraí. Se cair na minha prova, como é que foi o caso
(para não ter errada) do começo do ano que isentou? Um cara parou a moto no
estacionamento, foi lá dentro e pegou a comida. Quando ele voltou, está entrando na moto,
roubaram ele, a moto foi embora. Disse que não responde, porque se equipara ao comércio de
rua.
No final do ano, outro assalto no Mc Donald’s. Mas sabe onde é que foi? No
drive-thru. O cara estava pagando. Pagou e foi pegar o alimento. Na hora que ele pagou e foi
pegar o alimento, o cara foi e levou comida, levou carteira, levou tudo. Nesse caso, é
considerado um caso fortuito interno e não externo, como este do estacionamento. Então, na
sua prova se cair que o assalto foi no estacionamento, você fala foge. Ah, o assalto foi dentro
do drive-thru na hora que estava fazendo o pagamento. Ai, gera responsabilidade. Tudo bem?
Professor: Não, nenhuma. Porque, salvo engano o artigo 34. Acho que no
artigo 34. Dá uma olhadinha no artigo 34 gente:
Vai falar que o fornecedor responde pelos atos praticados por ele ou por seus
representantes. Então, se ele outorgou poderes para uma empresa guardar os veículos, ele
deve indenizar o consumidor e depois ele tem o direito de regresso contra essa empresa
terceirizada. Beleza? Então, uma cláusula que impossibilita, que exonera, que atenua a
responsabilidade, foge dessa.
Tá bom Renato, cláusulas abusivas. Toda vez que você tiver uma cláusula
abusiva, vai ao artigo 51.
Professor: -Aí, nesse caso, o problema vai ser o seguinte: não tem relação de
consumo. Porque do outro lado você não tem o fornecedor, você tem o município.
Professor: Eu sei. Mas os julgados entendem que não se aplica o CDC. E aí,
nesse caso é violência urbana, não sei o que. Eles não responderiam. Sou completamente
contra, porque é o seguinte, então não cobra. Mas, concordo contigo. Eu estou fechadinho.
Cláusulas abusivas, contratos. Gente, olha só, é só bater. Não tem essa. Teve
um contrato, uma cláusula abusiva ou alguma coisa assim, é só pegar o direito básico. Uma
coisa aqui nós precisamos olhar que é a inversão do ônus da prova. Essa eu preciso explicar
com requinte de crueldade. Por quê? O que é a inversão do ônus da prova? A gente estudou
pela base de que o ônus da prova cabe a quem alega. Eu adoro falar isso do antigo artigo 333
do Código de Processo Civil. Hoje em dia, a gente tem a figura da teoria da carga dinâmica e
tudo mais. No entanto, o que é inverter o ônus da prova no Direito do Consumidor? Só quem é
que pode ser autor numa demanda de consumo, gente? O Código é de defesa de quem? Do
consumidor. Então, só quem pode ser autor tendo como base o CDC é o consumidor. Então,
quando eu falo de inversão do ônus da prova em favor do autor, eu estou falando do
consumidor. Ah, legal, e o que é inverter? Inverter o ônus da prova é o repasse do encargo da
produção de prova para o fornecedor. Se alguém me perguntar por quê? Porque a prova às
vezes é diabólica.
Renato, a prova é diabólica? É! Prove que o airbag não abriu por culpa do
airbag. Prove que o dinheiro não saiu do caixa eletrônico, mas debitou da sua conta. Prove, a
porra da maquininha que pega um bichinho que engoliu a ficha. Prove que a máquina da Coca-
Cola, que você apertou e não caiu a Coca-Cola. Você vira meio neandertal por causa de R$2,00
e quer quebrar aquilo. Não é que outro dia fizeram um TED de R$4,00 para minha conta! Como
é que pode? As coisas estão evoluídas!
Renato, é fácil fazer essa prova? Prove que você foi vítima de agressividade
passiva. Para mim é a pior agressividade que tem. As mulheres entendem aqui. É aquilo que a
sogra faz com vocês. “Ai, essas crianças estão magras.” Ela não vai direto para o embate. “Essas
panelas não tão lá brilhando”. Tá legal! Prova que a pessoa virou para você. O que é
agressividade passiva? A rapaziada que é meio neandertal não entende essa porra. A
mulherada entende. Quer ver?
Gente, olha isso aqu! Loja de pobre, como é que é? Tipo Marisa, Loja
Americanas, Mercadão de Madureira, confusão, um empurrando o outro, delícia, calor, toca
funk e pagode. Legal. Ai, você vai naquele shopping que você só vai por ir, tipo Village. Village é
muito legal! Ai, tem lugar que você não chega muito perto da vitrine. Se tiver uma vendedora
na porta então, aí que você não vai mesmo. Você fica ali. Por quê? Porque eles instalam
“pobrômetros” ali na entrada. O que é o “pobrômetro”? É o preço escrito a lápis, pequenininho
na vitrine. Porque ali eles já identificam. Você é vendedor e você está lá dentro. Aí, chega o
pobre. O pobre é míope, né?
Quando chega à vitrine, o que a vendedora faz? Ela lhe aborda: “Oi, bom dia.
Tudo bem?”. A vendedora dessa loja flutua. Parece que está de patins. Aí, o que é que ela faz?
“Posso dar uma ajudinha?”
E aí, o que você faz? “Só estou dando uma olhadinha.” Isso é agressividade
passiva. O fornecedor estuda isso para fazer. Porque se você coloca o pé dentro da loja, troca a
vez. Você que já trabalhou em loja, tem esse negócio. É a vez. A pessoa lhe aborda na rua e já
lhe coloca para correr. Agora, olha a agressividade passiva. Quando você diz assim: “Só estou
dando uma olhadinha”, ela diz para você: “Parcelamos em até 12x no cartão.” O que a pessoa
está dizendo para você? Você é pobre. Você não tem dinheiro para ter essa roupa, mas eu
parcelo. Rapaziada faça tudo, mas nunca desafie uma mulher. Aquela loja, não do Village
porque ali não vai dar mesmo. Agora se for uma mais ou menos. Aquela loja vira o centro
neural da vida daquele ser humano. Você passa e eu escrevi assim, eu digo que “Toda vontade
quando é muito estimulada se torna um desejo. E todo desejo quando é muito estimulado se
torna uma necessidade.” Então, você tinha vontade de ver aquela bolsa, de adquirir aquela
bolsa. Quando você foi desafiada em “parcelamos em 12x no cartão”, toda vez que você vai
naquele shopping, você vai nutrindo e a vontade vai virando um desejo. Daqui a pouco, você
não consegue mais viver se não tiver aquele sapato. Ai, num dia você chega em casa se
perdoando. O que você diz: “Eu mereço. Eu me dei um presente.” Não é isso? Cada um tem um
hábito de consumo em que você chega até aquele momento. Isso é agressividade passiva. O
cara fez uma técnica de neuromarketing que levou você ao momento do consumo. Rapaziada
tem um outro jeito de envolver e a mulherada tem outro jeito de envolver. Tudo tem uma
técnica muito adequada.
Renato, então como é que eu provo isso? Ah, com a inversão do ônus da
prova? É, porque a prova é diabólica. Como é que se dá a inversão do ônus? Vem pra mim
porque vocês têm que ficar espertos. A inversão tem duas espécies:
a) ope judicis;
b) e pode ser ope legis.
A) OPE JUDICIS
Vamos começar com a ope judicis. Ope quer dizer “por força”. Então ope
judicis é aquela que se dá “por força do direito”. É aquela que se dá por força do direito. Como
assim por força do direito? Ela vai está no artigo 6, inciso VIII, que é essa que a gente vai
estudar agora. E olha o que ele vai dizer:
Olha toda a análise jurídica que tem que ser feita para o juiz inverter ou não. A
lei vai dizer o seguinte: “quando há critério do juiz, a alegação for verossímil ou o consumidor
for hipossuficiente...”. Então quando é que o juiz inverte? Quando a alegação for verossímil ou
quando o juiz verificar que o consumidor é hipossuficiente. Deixa-me explicar: a alegação foi
verossímil ou o consumidor for hipossuficiente.
Renato, o que é uma alegação verossímil? É aquela que parece ser verdadeira,
que parece ser verídica. Renato, o que é uma argumentação que parece ser verdadeira em
direito do consumidor? Vamos supor que o consumidor entra com um processo e pede a
inversão do ônus da prova para que ele possa demonstrar que não está conseguindo consertar
a tv da OI, ou a tv da NET, ou PONTO EXTRA, ou qualquer coisa de tecnologia digital em casa.
Ele está dizendo que já ligou mais de dez vezes, que já marcaram de ir à casa dele e, inclusive,
na primeira vez, eles falaram “Vamos ai no dia 28.”E ele perguntou :“Que horas?” Eles
responderam: “No horário comercial.” E ele disse: “Mas, de manhã ou de tarde?” Eles
respondem: “No horário comercial.” E aí, ele mentiu no trabalho e disse que estava passando
mal e ficou lá. E ai, chegou lá e não foi ninguém. E ai, ele ligou para OI, ligou para NET, para
CLARO. E ela falou: “ Não, o pessoal foi. Ele teve ai e não tinha ninguém.” “Mas como, estou
aqui o dia inteiro. Ah não, não foi ninguém.” “Então, temos que abrir um chamado. Em 48
horas lhe damos uma resposta.” Depois de 48 horas, ninguém liga. Ai, ele entra em contato e
explica tudo o que aconteceu. E a pessoa fala que não tem nada na ficha e que vai marcar um
dia para poder ir lá no dia 7. E aí, que horas que vai? No horário comercial. E esta merda
acontece umas 3 vezes. E se entrar com o processo, eu vou ganhar um mero aborrecimento do
cotidiano. Entende? Não é assim.
Renato, porque você mostrou essa dinâmica para mim? Para mostrar o
seguinte: se alguém entrar com um processo e pedir a inversão do ônus da prova para poder
demonstrar que não está conseguindo cancelar o serviço ou fazer alguma coisa, o juiz vai se
colocar no lugar do consumidor e vai falar: “Isso parece verdadeiro. Isso deve ter acontecido
até comigo.” Entende? São técnicas ordinárias de experiência comum. São aquelas em que
qualquer um do povo, não dotado de qualquer expertise, consegue dizer se aquilo é verdadeiro
ou falso. Você não precisa nomear um perito para dizer que as pessoas passam por isso. E é o
que a lei diz: “a facilitação da defesa dos interesses do consumidor com a inversão do ônus da
prova, quando a critério do juiz, a alegação for verossímil ou o consumidor hipossuficiente,
segundo regras gerais de experiência.” Então, ele se coloca no lugar para dizer se aquilo parece
verdadeiro ou se o consumidor é hipossuficiente.
Aluno: Carlos.
Professor: - Carlos, me diga uma mulher que você fala assim: “Pô, parabéns!”
Professor: Ai, vale nada, bandido. Tá bom. Como é o nome da sua namorada?
Aluno: Marcela.
Aluna: Ricardo.
desgraçado para esse cara. Quando ele aparece na televisão, não sei o que. É ele e um
português. E ai me chama...Isso está lá! Pode ver na minha rede social.
Eu fui na Ana Maria Braga tomar café da manhã. Aí, minha mulher ficou me
enchendo o saco com essa porra. Até ai, estava bom. Aí, era ele e a tal da Ana Furtado. Era o
café da manhã. Ai, estava sentado lá e eles chegam e vai servir o café e eu disse: “Olha, deixa
eu lhe falar uma coisa. Quando eu saí de casa hoje, minha mulher falou que você ia estar aqui e
que você era muito bonito. E você é muito bonito. E pior, você é bonito. Ele falou: “Por quê?”
“Porque além de bonito, você é simpático.” Aí, o cara quebrou, não sei o que. Esse desgraça
desse Rodrigo Lombardi, o cara é bonito também. Aí, ela fica pagando maior pau, e a gente fica
puto com isso. Homem não gosta dessa merda. Ai, tá bom. Eu estou vindo da praia e quem é
que está de sunga? E esse cara de camisa “Vou Ali”. E quem vai atravessar a rua? O desgraçado.
Eu vou só atravessando a rua e mirando com ódio e com nojo da cara dele. E onde é que ele
entra? Entra no meu prédio. Eu entro no elevador, ele entra no elevador. Eu aperto o 14 e ele
aperta o 20. Ou seja, ele mora na cobertura. E ai, ele começa a puxar assunto, ou seja, ele é
bacana. Cheguei em casa, eu falei assim: “A partir de hoje está proibida de andar de elevador.”
E ai, ela falou assim: “Por quê?” “Porque o Rodrigo Lombardi mora na cobertura. Ele é mais
bonito que eu. Ele é mais gente boa do que eu e tem mais dinheiro do que eu, ou seja, acabei
de concluir que ele é melhor do que eu. O mínimo que você pode fazer é dar para esse homem.
Eu não quero você sozinha.”
Por que eu estava brincando com vocês aqui para voltar para aula? O que
acontece que quando eu pergunto a beleza de alguém, a beleza pressupõe vários elementos
intrínsecos a cada pessoa. O que é bonito para um, pode não ser mais bonito para outro.
Simples assim. É o que Lenio Streck fala “o touro é belo para se chove lá fora”. Se você falar “ O
touro é belo?”, ilustrando por exemplo, aquele touro de Wall Street, tem gente que vai dizer
que sim ou que não, porque são pré-concepções que levam a análise. Se eu perguntar “Está
chovendo lá fora?” Eu vou abrir a cortina ou a persiana e vou falar “Tá” ou “Não tá”. É uma
análise denotativa. É um critério objetivo. Se o legislador trouxe a palavra “critério”, critério é
algo objetivo ou subjetivo, gente? Assim como a beleza, é algo subjetivo. Então, a inversão do
ônus da prova do artigo 6º do inciso VIII, ela parte de uma premissa subjetiva. E seu eu tenho o
meu critério, ele tem e ela tem o dela, o juiz deverá inverter o ônus, gente? Poderá. O juiz
poderá inverter o ônus da prova quando? Quando a alegação parecer ser verdadeira ou quando
o consumidor for hipossuficiente. Ok? Essa inversão ope judicis se dá por força do direito.
B) OPES LEGIS
Agora tem uma inversão que se dá por força da lei, aqui não tem quero-
quero. Aqui está escrito. O quê? Artigo 38, quando fala de publicidade:
Renato, dê-me um exemplo clássico que aconteceu aqui e que isso aqui era
invocado toda hora. Uma livraria jurídica, lá de Porto Alegre que resolveu fazer uma grande
promoção no dia do jogo Brasil x Alemanha. A cada gol sofrido pelo Brasil, 10% de desconto nos
nossos livros. E ai, saiu pedido, e ‘nego’: “Não! Mas fiz. Não fiz.” Amigo, nesse caso o ônus da
veracidade da publicidade é de quem patrocina. Já está invertido o ônus da prova por força da
lei. Aqui o juiz não poderá. Aqui já está invertido. Tá legal? Se cair uma questão de publicidade,
você já sabe que está invertido o ônus da prova. Essa é a inversão ope legis.
Renato, o que eu posso fazer a partir de agora? Eu vou ensinar para vocês,
como é que vocês vão dar uma resposta de prova. Como é que vocês vão dissertar sobre esse
conhecimento. Esse conhecimento está dividido em duas etapas.
Vamos juntar esses dois aqui. E como é que a gente junta esses dois?
Contando até 6. Ai, é a hora que você fala:“Porra, não dá pra acreditar no que ele está falando
e ele vai vir com palhaçada.” Acho que 95 a 97% dos concursos públicos até então cobraram,
quando a gente fala de relação de consumo a figura do consumidor standard. Eu ensinei para
vocês o consumidor por equiparação? Pode cair e se cair vocês estão preparados. Mas se eu
tivesse que apostar, o consumidor que cai é o cara que compra televisão, o cara que compra
geladeira. Não é o que a panela de pressão explodiu e feriu a sogra. Normalmente, é o
consumidor standard.
artigos se ele sabe que é o inciso I e você colocou o inciso X, ele bota errado. Simples assim.
Então o que você faz, traz a relação de consumo e o direito básico. Agora vamos abrir o
coração do homem. Vamos abrir o coração da mulher. Como? Todo examinador gosta do
atributo constitucional. Todo mundo gosta de ver. “Ah, porque a Constituição e tal...” A
Constituição do CDC está no artigo 1º. O artigo 1º do CDC vai trazer os atributos de ordem
constitucional, que é o artigo 5º, inciso XXXII e o artigo 170, inciso V da Constituição Federal.
Então, se você trouxer o artigo 1º, você sempre vai estar trazendo a Constituição. Como é que
eu organizaria? Eu traria a relação de consumo, o direito básico e a Constituição, como que um
suporte disso aí. Agora, vamos melhorar. O artigo 4º e o 5º, eles falam dos princípios. Os
princípios gerais do Direito do Consumidor. O princípio da vulnerabilidade, informação, boa fé
objetiva. Se você trouxer as relações de consumo, os direitos básicos, a Constituição Federal e
os princípios, desculpa, não tem como o cara não dar o ponto para você. Isso abre o coração do
cara. Então, pera lá, e é técnico. Como é que eu faço.
Renato, uma vez feito isso, como é que eu coloco no papel. Primeira coisa que
você vai fazer é o seguinte, gente. Vamos fazer aqui uma petição inicial de Direito do
Consumidor. Partindo da base da petição inicial, você faz qualquer outra coisa. Veja o seguinte,
imagina que eu tenho um plano de saúde da Unimed. Unimed não está cobrindo e eu vou
morrer. Legal? Porque eu tenho que fazer uma cirurgia e ela não está autorizando minha
cirurgia. Vamos entrar com esse processo. Como é que faz a inicial? Juízo do quinto dos
infernos. Note que o examinador traz tudo, tudo na questão, só não traz o direito. Como assim
traz tudo na questão? Renato tinha um plano de saúde da Unimed. Quem é o autor? Renato.
Ai, você qualifica o Renato. Quem é o réu? Unimed. Aí, você qualifica a Unimed. Como é que a
petição vai se dividir em linhas gerais? Fatos, direito e pedido. Ok.
Renato, os fatos têm no problema? Tem. Por que lá vem relatando: “Renato
tinha um plano de saúde e na hora que mais precisou iria morrer.”
O pedido tem no problema? Tem. Porque lá está dizendo: “Renato quer ser
internado.” E aí pode ou não pode? A única coisa que não tem é o direito. Não tinha, porque
agora você escreve “1, 2, 3, 4, 5 e 6.” Eu sei que nessa petição inicial esquisita que eu fiz aqui,
tem os tarados pelo nome da ação que devem estar assim “Que merda, né?. Qual o nome da
ação? É espiritual esse negócio?” Mas está bom, o plano de saúde, gente.
Detalhe, o nome de ação é uma coisa que a gente só pode dar depois que vem
o pedido. Como assim Renato? “Eu quero ser internado!” “Ah, a briga é com o plano de
saúde?” “É”. O Renato quando me explicou falou que a prestação de serviço é uma obrigação
de dar ou de fazer. “Ah, você quer ser internado, meu filho?” Então, coloca lá “Pedido A: seja
internado.” Olha o nome da ação “Ação de Obrigação de Fazer”. Aí, no problema ele diz: “ Mas
eu não quero ser só internado não, Renato. Você desculpe, mas quase morri”. É aquele ‘caô’,
né? “Eu não quero nada. Só quero ser internado.” Aí eu fico sério. “Ah é, então vamos pedir só
isso, que só quer ser internado.” E fico quieto.. “Não, mais assim, minha sobrinha, que estuda
Direito, ela falou que tem que entrar com....” “Ah, você quer um dinheirinho?” “Quero.” Aí ,
você escreve lá “Pedido A: seja internado, Pedido B: eu quero um dinheirinho.” Aí, você
aumenta o nome da ação: Ação de Obrigação de Fazer combinada com Perdas e Dano. Se não
quiser isso para agora, eu não estarei aqui na próxima aula. Tem alguma coisa que a gente pode
fazer para abreviar esse processo?” “Ah tá, você quer isso agora?” Então, vamos ter que alterar
o nome da ação. “Ação de Obrigação de Fazer combinada com Perdas e Danos e Pedido de
Tutela.”
Renato, porque que faz isso? Gente, se a gente faz uma inicial, é a mesma
estrutura para você fazer um parecer para o Ministério Público, você dá uma sentença, redigir
uma inicial. Imagina a resposta discursiva de vocês, entendeu? Se você olhar qualquer sentença
hoje de Direito do Consumidor, o juiz começa assim: “Estamos diante de uma relação de
consumo e o direito é tal.” Na sentença, ele fala: “Se com Savigny...” Savigny nunca viu a porra
do CDC, mas é bom trazer as entidades. Traz umas entidades dessas que cai bem. “Se com
Savigny, a Constituição, os princípios, julgo improcedente o pedido.” Legal, gente? Mas não é
só isso. Então, como é que vai responder? 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Legal.
Renato, dá mais uma dica matadora para eu seguir com minha vida. É o
seguinte, não tem livro, não tem ninguém que explica desse jeito e eu ouvi uma coisa e um
aluno até falou assim:
-“Professor, que mal lhe pergunte, mas quer dizer que não tem livro nenhum?
Ninguém nunca falou sobre isso? Só o senhor?”
-“É.”
-“Mas, não lhe ocorreu assim de repente que isso está errado? Não é a toa
que ninguém vende picolé no Alaska, né? Não é à toa.”
-“Não”. Porque eu fui perguntando a esses caras todos do Direito e eles “Boa
Renato, boa Renato.” Tive que escrever rapidinho isso, porque senão ‘nego’ vai furar olho. O
que eu aprendi com o tempo gente, olha só, o artigo 6º é como se fosse um índice de toda a
defesa do consumidor. Como se fosse um sumário da defesa do consumidor. Como assim? Eu
queria que vocês acompanhassem com o Código do Consumidor em mãos. Por que quando
chega lá no artigo 6º e vocês olharam agora, é razoável isso que o Renato está falando. Mas aí
tinha muita gente falando assim: “Renato, ótimo. 1, 2, 3, 4, 5, 6..., resolve?” Eu falo: “Resolve.”
“Então, que eu mal lhe pergunte, por que os homens perderam tempo fazendo mais 119
artigos? Por que não fizeram só esses 6?” “Ah, é verdade.” Toda vez que alguém falava de vida,
saúde, segurança, falava assim “Acabou aqui no artigo 6º, Renato? Será que tem um artiguinho
lá na frente que fala sobre isso não?” Dá uma olhadinha na lei, gente. Depois do artigo 6º,
assim coladinho, quase que por osmose, quais são os artigos que falam sobre vida, saúde e
segurança?
Obrigado. Colega viu, que vocês têm os artigos 8, 9 e 10. Panela de pressão
explodiu, artigos 8, 9 e 10. Carro soltou a roda e eu capotei, artigos 8, 9 e 10. Médico errou,
artigos 8, 9 e 10. Então, tudo que deu ruim para o cara é 8, 9 e 10? É.
Fala-me uma coisa aí Renato, será que isso acontece com os outros artigos da
lei? E eu fui conferir. Publicidade, dá uma olhadinha nos artigos 36, 37 e 38.
§ 4° (Vetado).
Lá em cima do artigo 36, está dizendo alguma coisa? Da Publicidade, não está
escrito isso? Pois é, isso foi se repetindo em toda a defesa do consumidor. Então, o que eu
passei a fazer? 1, 2, 3, 4, 5, 6. Eu chegava no artigo 6º, e olhava qual direito básico era ferido.
Quando eu encontrava o direito básico, eu ia nessa remissão. Gente, é matadora essa dica. E eu
vou dar o código Da Vinci para vocês. Educação e Informação, ambos irão remeter vocês aos
artigos 30 ao 35. Publicidade está nos artigos 36, 37 e 38. Prática comercial está no artigo 39.
Cláusula abusiva está no artigo 51. Contratos estão nos artigos 46 até o 54. Danos estão nos
artigos 12 até o 17. Acesso ao judiciário está no artigo 5º. Inversão do ônus da prova está no
artigo 38. Serviço público está no artigo 22.
Eu, se eu fosse vocês, pegava aquele código, que você usou na faculdade,
comentado, rabiscado, colado. Escreveria de lápis, do lado de cada inciso, porque de repente
você não pode usar no dia do concurso. É só para pegar essa dinâmica do 1, 2, 3, 4, 5, 6 e acha
o direito.
Então, aquilo que eu fiz para vocês, daquela petição inicial que eu só coloquei
1, 2, 3, 4, 5, 6, não é a Unimed que não estava tratando. Aí, eu ia olhar, está colocando em risco
minha vida? Ai, eu ia trazer, estudar o 8, 9 e 10 e observar qual seria o mais adequado. Ah, tem
alguma coisa pedindo Educação e Informação? Não. Publicidade? Não. Práticas Abusivas? Não.
Cláusula Contratual? Não. Opa! Se tiver alguma cláusula que não está permitindo, Cláusula
Abusiva. Ah, Renato, contratos? Pode trazer. Ah, Renato, uma pessoa sofre dano se não fizer
cirurgia? Sofre. Traz o artigo 6. Ah, Renato, posso pedir a inversão do ônus da prova? Pode.
Olha como é que vai ficando mais robusta. E existem situações, como esse
caso, que é uma viagem pela defesa do consumidor. Quanto mais artigos você tiver de verdade,
mais você vai mostrar para o magistrado. Mas você vai mostrar para o examinador, o que
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aquele fornecedor está fazendo com o consumidor, né? Agora que vocês têm noção da base do
Direito do Consumidor, da relação de consumo, do direito básico do consumidor, o que é que
eu vou fazer a partir desse minuto? Eu vou ensinar para vocês como é que vocês colocam em
prática esse direito. Já vou combinar uma coisa com essa turma. Nós temos dois encontros.
Esses encontros eles são divididos da seguinte forma: primeiro encontro é a parte teórica. O
segundo encontro será de exercícios. Só que percebam, o Direito do Consumidor, para o
concurso de vocês, ele é muito importante, muito importante. Então, o que eu farei? Eu olhei
ali no relógio e falta meia hora para acabar com a aula. Então o que eu vou fazer nessa meia
hora que está faltando, eu vou ensinar uma parte dessa matéria. Quando a gente voltar para
próxima aula, o primeiro tempo eu fecho a parte doutrinária, e no segundo tempo, eu venho
para os exercícios, e a gente vem amarrando isso. Eu não podia em meia hora. Eu ia cuspir
matérias para vocês porque não vai adiantar de nada. Então eu vou fazer isso. E venho para a
próxima aula fechando a disciplina e venho resolvendo os exercícios que eu resolveria da
mesma forma. Tudo bem? Legal? Então está bom.
Renato, vi e achei bonito e bacana! Vamos com tudo meu garoto. Então
vamos lá! Vamos para parte prática do Direito do Consumidor.
Vamos nessa? Então, vamos embora. Eu estava doido aqui porque eu estou
ficando bom nesse negócio do Telegram, o primo do Whatsapp. O primo bacana do Whatsapp,
porque ele dá a possibilidade desse negócio de formar grupo, mas um grupo que só você fala. É
uma delícia, entende? Ai, o que eu fiz para a galera do concurso? Eu disse: adiciona-me aqui no
Telegram, porque aí o que eu faço? Saiu a decisão, eu jogo ali. Aí falo: Oh, olha, é isso aí que vai
cair.
Aluna: Só não sei como faz. Mas lá no trabalho, a chefe fez e só ela fala.
Vamos para parte prática. Gente, o que seria o universo ideal em uma relação
de consumo? Simples assim, comprei um produto e ele durar. Ele vai durar até o dia que não
fosse durar mais. Mas a vida, às vezes, é assim. Quem foi que inventou a lâmpada?
Professor: Graças a Deus uma aluna aqui que é direita. Sabia que lâmpada
está acesa até hoje? Entrem na internet e joguem lá: lâmpada de Edison. A lâmpada ainda está
acesa. Quando Edison terminou, a GE abriu e falou: “Não, isso daí está ruim. Aí, não dá não! Se
fizer uma lâmpada e essa porra durar duzentos anos, quem é que vai comprar mais lâmpada?
Como é que eu vou ficar aberto?” Foi a primeira técnica de obsolescência programada. O que é
uma técnica de obsolescência programada? Eu torno o seu produto obsoleto para você
comprar mais comigo. Gente, não é razoável que o tempo passe...agora sim, a tecnologia
quando ela evolui, cada vez que você gasta menos espaço. Como é que era um computador nos
anos 80, como é que era o computador nos anos 90 e como é o seu celular hoje. Mas,
engraçado que os aplicativos eles ficam maiores, consumindo mais memória, para que? Para
você ter que trocar o seu aparelho. Ah, meu aparelho é de 8 GB, depois tem que ser de 16GB,
depois de 32 GB. Tem muita gente que tem 128 GB e que já está com pouco. Você tem 256 GB,
agora já tem 512 GB, e aquele negócio vai. Porra, era para ir diminuindo, sobretudo com os
critérios de nuvem. Com nuvem, era só ligar e acabou, e não tinha que gastar memória
nenhuma. Mas isso é uma técnica de obsolescência programada. Eu troquei um aparelho e
agora o conector do fone tem que ter um adaptador que encaixa num plug e que faz não sei o
que e que não carrega ao mesmo tempo. Porra, como é que pode? Pode, isso é uma técnica de
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obsolescência programada. O ideal era comprar esse celular e ele durar um bom tempo, mas
não. Eles inventam uma forma desse produto quebrar antes. Vocês lembram quanto tempo as
televisões duravam gente? Tem televisão que ia visitar a família. Porque a televisão, hoje em
dia, você compra, paga caro e às vezes com dois anos, três anos aparece uma faixa preta, uma
faixa branca do lado, ou então um fenômeno paranormal e do nada parou. Não é assim? Pois é,
ou seja, os bens de consumo eles apresentam falhas e para cada falha eu vou ter um
tratamento jurídico próprio. Nós temos duas grandes falhas que vão dividir nossa matéria para
na prática a gente comece a trabalhar isso de uma forma diferente. Qual o primeiro nome que
a gente dá para falha de um produto? Vício. O produto está viciado.
está com o capeta. O dan regularis chegou da micareta indo para uma rave. Você abriu aquilo,
botou na boca e desceu bonito. Chegou destruindo. Ficou fraco, ficou que nem em rei no final
de semana, no trono, no Floratil, Gatorade. Vício ou fato? Fato. Quem dizer que isso é vício, não
tem dó do “fiofó” dos outros. É Fato do produto.
7. VÍCIO DO PRODUTO
O tratamento do vício vai do artigo 18 até o artigo 21. É a hora das lendas
urbanas que serão quebradas. Primeira coisa gente, quando eu estou diante de um produto
viciado, adota-se o princípio da solidariedade.
Ah, então o Renato falou que a caneta comprou do chinês, que vendeu pra
Pilot, que vendeu pra Kalunga, que chegou para o Renato. Como é que é o nome disso? Cadeia
de consumo. Todos esses fornecedores responderão solidariamente na hipótese de vício.
Então, seu eu comprei a televisão da GE na Ricardo Eletro, o dia que a televisão apresentou um
vício, eu posso acionar quem? A GE ou a Ricardo Eletro.
Ah Renato, posso acionar ambas? Tecnicamente até pode, mas eu não faria
isso nunca. Por quê? Tem a celeridade, você pode escolher um, aí você demanda contra todo
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mundo para duplicar prazo processual, triplicar prazo processual? Para. Trazer mais um cara
para dizer que o que você está dizendo é mentira. Eu até acho razoável você trazer mais de um
réu quando você tem uma demanda que envolva uma grana maior e que as partes não tenham
às vezes capacidade para você pegar um penhorinha online daqui, uma penhora dali, uma
desconsideração da personalidade jurídica, aí, vai fazendo alguma coisa. Agora porra, você está
acionando a Motorola e o quiosque que lhe vendeu. Para que você vai trazer o homem do
quiosque? Ah, mas foi ele que não sei o que. Foi o que o Dr. lá falou. Mas se o cara do quiosque
xingou você, ele é representante da Motorola? É. Artigo 34, logo, você responde pelo ato
praticado pelo seu representante. E olha como é até mais difícil, já que você não trouxe o
quiosque para a Motorola provar isso. Então, pelo amor de Deus, para com esse negócio de na
dúvida demandar contra todo mundo. Eu disse para vocês que o vício é completamente do fato
e quando a gente estuda fato, o comerciante tem ilegitimidade passiva para figurar numa
demanda de Direito do Consumidor. Ah, como é que é? É. A televisão explodiu, demanda
contra todo mundo? Vai demandar contra o comerciante? Vai perder e depois vai pagar
sucumbência para o cara porque você na dúvida demanda contra todo mundo.
Ah Renato, mas o que pode acontecer? Vamos lá. Celular Samsung S7 que
estava explodindo? Ai, voce está falando no celular. Ele explodiu e arregaçou com seu tímpano.
Legal. Vício ou fato, gente? Fato. Vamos aqui a demanda. Quanto você pediria pelo seu
tímpano?
Aluna: Depende.
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Aluno: 200.
Professor: Gente, para casar. Não adianta o que eu vou falar não. Gente, eu
vou pedir aqui em média...parece até que eu falaria pouco. 1 milhão, 500 mil…A combinação é
essa. Tribunal de Justiça do Rio, o que é um timpaninho? Tem dois. O que é ficar surdinho de
um lado, gente? Bom para ouvir funk. Gente, é isso aí. Aí o que é que vai acontecer? Você pediu
1 milhão. Vamos entrar no JEC? Eu espero que entre. Entrou na vara cível. Tudo bem. Pedido
procedente. Ah não, vai conseguir gratuidade de justiça? Se tivesse que colocar numa regra de
bens necessários, o que é um celular top de linha? Aí, quer dizer, você tem para comprar o
Iphone 10, 512GB, mas não vai pagar a taxa judiciária? Legal. Aí, na dúvida você entrou com a
ação contra a Samsung e contra a Ricardo Eletro, que lhe vendeu o telefone. E eu vou ensinar
na próxima aula que o comerciante, a Ricardo Eletro, não responde pelo fato do produto. Ai
você entrou com a ação de 1 milhão, pedido procedente contra a Samsung, 20 mil, e você vai
tomar na sucumbência de 10% do valor da causa. O que você ganha além da surdez? Perde 80
mil. O que é que você vai contar em casa para as crianças? Para enquanto dá, de na dúvida
demandar contra todo mundo. Se eu estiver diante de um vício, eu posso ir contra o
comerciante e contra o fabricante, mas eu iria contra um. Se eu estiver diante de um fato,
esqueça o comerciante. Mas isso é matéria para aula que vem.
O produto apresentou vício, o que tem que fazer? Levar para assistência
técnica. Por causa do princípio da solidariedade, esse ano o STJ entendeu que se você pode
levar para assistência técnica ou para o comerciante ou para o fabricante. São eles que têm que
se entender para resolver o problema. Então, se você tiver um produto quebrado, não precisa
ficar no livrinho procurando assistência técnica não. Você pode voltar na loja que lhe vendeu e
falar: está aqui. “Ah, tem que ir para assistência técnica!” “Isso é problema seu.” Bonito desse
jeito. Por que aconteceu isso? Porque era muito comum de você não ter o número de
assistências técnicas espalhadas pelo país semelhante ao número de lojas. Então, o cara lá de
Friburgo quebrou o não sei o que e só tem autorizada aqui no Rio. Quem é que desce com
aquela geladeira? O que você faz? Leva lá na loja e fala: está aqui. “Quem desce?” “Sei lá
amigo, não sei. Vai ser difícil, hein.” “E como é que eu faço?” “ Não, precisa não.” Aí, encosta
aquela Kombi, desce aqueles dois homens, bota ali na recepção. “Muito obrigado ai.” “Mas,
onde é que vai ficar isso?” Bate a fotinho, deixou e foi embora. Acabou. Você documentou,
agora é com ele mesmo. Então, você pode levar no fabricante, pode levar no comerciante,
pode levar na loja ou na assistência técnica, por causa do princípio da solidariedade. É julgado
de 2019.
Professor: Chegar na Brastemp e falar: “Senhor Brastemp, bom dia. Aqui está
a geladeira” É isso aí. É desse jeito. Aí, se não for sanado nos 30 dias, você como consequência,
aí pode pedir a troca. Caraca, Renato, então o direito de troca é só para quando o fornecedor
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não consertar em 30 dias? É. Aí é a hora que o povo fica puto. “Como é que é? Peraí, então
você está dizendo que não existe direito de troca?” “Estou.” Inexiste o direito de troca para
produto bom. Seria uma insegurança jurídica muito grande, eu vender um carro para você na
sexta-feira, você usa no final de semana e segunda-feira você vai e diz não. Não dá. Então, não
existe direito de troca. Direito de troca é o seguinte: quebrou. Produto bom não obriga a trocar.
Quebrou, é vício, logo , tem 30 dias para consertar. Se não consertou, aí troca.
Aí o aluno essa hora, revolta e fala: “Professor, desculpa aí, mas eu casei há
pouco tempo atrás. Eu tive aqueles amigos pobres de espírito, e eu ganhei 12 forninhos de
esquentar pão, 15 sanduicheiras, que era o mais barato que tinha na Ponto Frio, na Tele-Rio. Aí,
deu ruim.” Eu tenho uma teoria que aqueles forninhos com aquela bandejinha, aquilo não
presta. Aquilo nem para botar pão presta, porque você bota manteiga fica duro o pão por fora,
por dentro fica melado, o miolo amassa junto com a manteiga, e vira uma canoa de gordura e
quando você morde. Eu não sei se vocês têm a boca com o problema que nem eu, mas escorre
aquilo, e fica uma boca de manteiga. Aquilo não presta para nada. Para mim aquilo fica até
sendo dado de casamento em casamento. Eu ganhei 7. Eu fui num casamento de outro
compadre meu, o que eu fiz? Opa! Aquilo fica rodando, né? Legal.
se aquilo ali presta ou não? À distância não dá para você ter essa integração. Então na compra à
distância você pode se arrepender. São 7 dias de quando você recebe e o produto não precisa
estar viciado. O produto pode estar bom. Pode dizer: “oh, não quero mais”. Se o produto
apresentar vício, você tem 30 dias para sanar. E se não sanar em 30 dias, aí, você pede a troca
ou a devolução do seu dinheiro ou o abatimento do preço. Então, o fornecedor tem 30 dias
para consertar. E não consertando, aí, vem a troca, aí, vem a devolução e aí, vem o abatimento.
Professor, e se o moço falar que “Nós não devolvemos dinheiro. Nós damos
um voucher para você comprar outro produto aqui da loja?” Aí você tem que falar com o cara
“Não, eu quero meu dinheiro.” Ai ele vai falar: “Mas essas são as regras da nossa empresa.” O
que você vai contra-argumentar? “Você está coberto de razão, porque se você não respeitar as
regras da empresa, você será demitido. Eu tenho que respeitar a lei, e o Código de Defesa do
Consumidor diz que eu posso pedir o meu dinheiro de volta ou a troca.” E o direito não é seu.
Pode falar assim: “Isso é um direito potestativo. É o Direito do Consumidor gerando em você
um estado de sujeição. ”Oh, que coisa linda! Nessa hora, quando você falar isso, ele vai falar:
“Não, peraí, só um momento. Oh, aquela mulher lá deve ser da justiça. Está falando que vai
processar...” Aí vocês têm que saber disso quando chegar e: “Ah, vou quebrar um galho.”Na
hora que você ouvir isso, é para gritar: “Como é que é?” “É para quebrar um galho.” “Peraí,
você não vai quebrar um galho não. Não tenta me fazer sentir mal porque eu estou exigindo
meu direito. O errado é você. Eu vou ligar para polícia. Sabe a diferença da responsabilidade
civil para penal? Não? E o bambu?
Gente, foi bom estar com vocês. Como é bom dar aula nessa turma.
FIM