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TURMA REGULAR - CURSO AMPERJ


AULA 01 – ADMINISTRATIVO
DATA DA AULA: 06/04/2019
PROFESSOR LUIS OLIVEIRA

1. INTRODUÇÃO

Boa tarde a todos! Eu sou o professor Luís Oliveira! A primeira colocação que eu faço
é: Parabéns por escolherem a AMPERJ! É um ótimo curso, dos funcionários aos professores, e da
carga horária.

E a carga horária é sempre problemática. Apesar daqui ter uma carga horária das
melhores, nenhum professor fica satisfeito com a carga horária que lhe é dada, principalmente as
matérias que não param de crescer como a nossa. Essa matéria todo santo dia tem um tema novo,
tem uma matéria nova, e sábado é mais estrangulado ainda. Então, a gente tem que tomar muito
cuidado com o estudo de vocês.

Porque eu sei que você estuda aos sábados, você tem uma semana muito atribulada, e
tem poucos momentos de estudos. Então, eu lhes digo o seguinte: Quem tem poucos momentos
de estudos não precisa de estratégia. Quem precisa de estratégia de estudo é quem estuda oito
horas por dia, porque esse se cobra. São oito horas por dia estudando, então, se ele não tem
estratégia, ele esquece no mesmo dia o que ele estudou.

Você tem que estudar, só isso! Apareceu um espaço, estuda. Procure fazer o estudo de
várias disciplinas ao mesmo tempo para ir crescendo nessas. Não se preocupe com a carga horária
que você está dando a ela, apenas não perca as oportunidades de estudo. Esse é o melhor recado
que tenho para quem tem pouco tempo para estudar. E sem paranoia, porque senão, quando
você estiver se divertindo, você vai estar com dor na consciência porque devia estar estudando. E
quando você está estudando, você vai estar com dor na consciência porque devia estar se
divertindo. Então, o negócio não var dar certo. Então, dê valor a hora que você tem para estudar.

E outro alerta que eu gosto sempre de fazer inicialmente: Eu dou aula desde 1987,
para concurso desde 1990, portanto, são 30 anos basicamente de sala de aula focado em concurso
público. É muita coisa! Eu quero dizer o seguinte: Concurso público não é a sua vida! Ele faz parte
da sua vida! Não fique paranoico com concurso! Isso não vai dar certo. Você tem a sua vida e ela
vale mais do que uma aprovação em concurso público.

Eu sei que aprovação em concurso público é ótimo para todo mundo, mas você tem a
sua vida, logo, não a desperdice. E mais, ela acaba, e às vezes mais rápido do que você possa
imaginar. Então, muita atenção com isso. Você ainda vai ter que achar tempo para se divertir.
Você ainda vai ter que achar tempo de cuidar das pessoas que você ama e que te amam, porque

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elas são importantíssimas nessa jornada.

Quando você está feliz e aprovado em concurso, você não precisa de ninguém, você
fala com as paredes, você está feliz da vida. Agora quando você não passa, e perceba bem, o
normal é não passar, concorda? O normal é não passar, e aí você precisa do quê? De um ombro
amigo. Você precisa de alguém para te dizer: “Vamos em frente! Isso acontece! Levanta aí”. E se
você não cuidar, nessa hora que você vai precisar, não vai ter ninguém.

Caetano tem razão: “Quem não cuida, perde”. Então, fique atento, porque isso vale
para mãe, pai, filho, esposa, marido. Isso é fundamental. Quer dizer, já trabalhou a semana inteira,
vai estudar o sábado inteiro, vai chegar em casa e fazer o quê? Vai fazer alguma coisa para a sua
família, para as pessoas próximas. Eu vou chegar em casa, vou me ajoelhar e falar: “Doçura, o que
você quer?” É isso, com certeza! Olha que eu sou Fluminense, sou doido por um jogo, mas se ela
quiser ir ao cinema eu vou, e não vou ficar ouvindo o jogo não! Eu vou fingir que estou curtindo,
ok? Porque senão, ela vai ao cinema com outro. Eu vou chegar em casa: “Cadê ela?” Eu estou
afim, estou apaixonado, e eu não quero perder.

Então, embora eu tenha que trabalhar, eu sou professor. Ninguém é perfeito. Eu


escolhi ser professor, fazer o quê? Tenho que trabalhar de segunda a sábado, mas eu tenho que
dar atenção.

E você vai precisar disso, porque eu volto a insistir: Um ombro amigo na hora que você
balança, todo mundo aqui já passou por isso, desistiu, voltou, está difícil de continuar estudando,
dá aquele desânimo, então você precisa dar uma sacudida.

E por fim, deu desânimo, ficou difícil? Pegue a matéria que você gosta, porque tem
sempre uma coisa a mais para aprender na matéria que você gosta. Ela vai te dar ritmo de novo.
Você vai ler com mais facilidade, mais tranquilidade, e aí quando você pegar o ritmo, aí você vai
para outra.

Matéria que você gosta dá aquele ânimo, dá aquele empurrão quando você está
travando, e é normal travar, não é só com você, é com todo mundo, porque é um caminho árduo.
Vocês já perceberam que é um caminho árduo.

2. BIBLIOGRAFIA

Muito bem! Indicações bibliográficas do Direito Administrativo.

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Se você está na AMPERJ, presumo que você quer MP, e MP é discursiva de cabo a
rabo. E discursiva é conhecimento, logo, você tem que acumular conhecimento. Por isso você não
pode escolher um curso de administrativo “cuspido, mastigado e digerido”. Não é para esse tipo
de concurso que esses livros prestam.

Esses livros são válidos para fiscal, analista, aquele concurso que qualquer formado em
qualquer carreira pode fazer. O militar não quer aprender Direito, então, ele vai pegar o direito
administrativo “cuspido, mastigado e digerido”, e para ele vai estar ótimo.

Agora, você é bacharel, você quer entrar no MP, e você não pode ler um negócio
desses. Ele até tem a sua hora, falta uma semana, vai numa revisão, enfim, aí é com cada um, mas
você tem que ter um livro decente. Não é para ler, não é romance. Não se preocupa com o
tamanho. Não é romance. É um livro para na hora que você tiver uma dúvida, você vai lá e tem um
autor confiável na mesa.

Veja! Um paralelo que eu costumo fazer: Vamos imaginar que você tem uma doença
no cérebro, e precisa fazer uma operação complicadíssima, pergunto: Você vai num cirurgião que
escreveu “Operação de Cérebro Descomplicada”? Pensa bem! Você está rindo, mas eu estou
falando sério. Você vai? Duvido! Você não vai!

Então é isso que você está fazendo com a sua cabeça, ou seja, está estudando por
esses livros que são poucos rasos para concursos que exigem terceiro grau, que trabalham
discursivas. Estou falando mal deles? Talvez! Acho que eles têm a sua vez, mas a sua bola é outra.

E mais, todos eles abriram os três que eu vou indicar para vocês. E não sei se vocês já
repararam, todos eles são do mesmo tamanho. Se o “cuspido, mastigado e digerido” fosse bem
pequeno pelo menos, que no fim de semana você lê, mas nem isso. Então, pega um negócio desse
mesmo tamanho, mas vá ler de quem é confiável. Então, eu vou te indicar três autores.

O primeiro é o único curso de direito administrativo que não é paranoico com


concurso, é um que vai te dar a matéria, você vai aprender o curso, quem aprende faz qualquer
coisa, inclusive concurso, que é o rei Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito
Administrativo, Editora Malheiros.

Ele não é focado em concurso, mas ele vai lhe dá a matéria, e você vai aprender. Ele
não entrou nessa paranoia. Não sei se vocês já perceberam, a maioria dos cursos é tudo
igualzinho, porque um autor fala uma coisa, o editor já liga para o outro e diz: “Olha, tem que falar
isso!” Vai o autor e fala: “Mas isso não existe”. “Mas se não botar, não vende”. “Ah! Então, eu
falo”. E aí começa aquela coisa tudo igual e com erros absurdos.

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Já devem ter percebido que em concurso público uma mentira contada várias vezes
vira uma verdade, e você ainda vai ter que botar a mentira na prova porque você quer passar,
você não quer ir lá para dar aula para examinador (Regra nº 1).

Você não vai lá ensinar nada para o examinador, você quer é passar. “Quer que eu
escreva errado?”. Escreve errado e acerta com o gabarito. Depois você faz um parecer, diz que
teve que mentir para entrar nessa instituição, e sai falando mal de todo mundo.

Atenção! Não é depois da aprovação não. É depois de concluído o estágio probatório


ou confirmatório. Aí você faz o que quiser, faz tatuagem na testa, escreve lá: “Lula Livre”. Faz o
que você quiser, já é vitalício, acabou. Não vai ser chamado para a chapa, nem para jantares e tal,
mas ninguém aí vai lhe mandar embora.

Então, cuidado, porque esse fenômeno é a coisa mais normal do mundo, e os livros
estão embarcando nessa, e eu particularmente acho que nada é pior do que aprender errado,
você está perdendo tempo e está aprendendo errado. Porque pense bem, depois que passar, você
vai usar tudo isso que você está estudando. Aí, você passa e vai usar tudo isso e está errado?! Meu
Deus do céu! Vai passar vergonha, vai ser chato lá. Quer dizer, então, muito cuidado com isso!

O Celso Antônio escreve independente das asneiras que colocam por aí, então você
aprende a matéria. Os outros cursos estão todos focados em concursos, porque é mercado, e se
eu fosse editor faria a mesma coisa, pois o objetivo é vender.

E ao lado do rei, eu cito a rainha, a nossa grande Di Pietro, Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, Direito Administrativo, Editora Forense do Grupo Gen.

Vou lhe dizer uma coisa: Todos os cursos de administrativo que estão aí abriram a Di
Pietro para serem escritos. E todos os autores que publicaram livro falam assim: “Não leiam Di
Pietro, porque ela tem muitas posições isoladas”.

Mentira deslavada! Sabe por que não querem que você leia Di Pietro? Porque vai
descobrir o segredo dele: o cara copiou Di Pietro de cabo a rabo. É isso, essa é a verdade, então
rola um boato que Di Pietro tem muitas posições isoladas. Olha, todo mundo tem posição isolada.
Ela não tem nada além do que os outros, e é um livro sensacional. É um livro muito bom!

E o terceiro livro a ser indicado é José dos Santos Carvalho Filho. É o nosso querido
Carvalhinho, integrante aqui do MPRJ, aposentado, participou da banca por longos anos. José dos
Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, Editora Atlas do Grupo Gen.

É um MA-NU-AL, o que é bom para um candidato de concursos. O que é um manual?

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Vocês sabem que não é só na minha matéria, em várias matérias isso acontece, você tem três,
quatro, cinco posições sobre o tema. Cai uma questão conflitante numa prova, o que o candidato
tem que fazer? Questão conflitante, temos tais e tais posições. Não precisa dar nome de autor
nenhum, basta guardar as posições, e no final se posicionar. Tem que se posicionar.

Agora, ao se posicionar, por favor, nunca escreva “eu acho”, “eu entendo”, “eu
penso”, porque para o examinador, claro que está errado, você não acha, você não pensa, você
não entende nada. Você é um número. Ele acha presunçoso, não gosta. Então, coloque lá: “A
terceira posição colocada assim é a mais adequada”. E procure trazer uma argumentação. É isso!
Isso dá trabalho!

Você pega o livro do Celso Antônio, só tem a opinião do Celso Antônio. Ele não diz o
que os outros falam. O Celso Antônio vem e lhe fala: “Comprou o meu livro, então você quer saber
o que eu falo. Se quiser saber o que os outros falam, vá ler o livro dos outros”. É isso! É
sensacional! Celso Antônio é radical.

E quando ele cita alguém, ele cita autor espanhol, francês. O nível é outro. Ele é o rei.
O Hely morreu em 1990, o antigo rei. E Celso Antônio sentou no trono e está lá até hoje, grande
autor da nossa matéria.

Então, a Di Pietro já cita mais gente. E o Carvalhinho cita todo mundo porque é um
manual, e traz a opinião dele. Então, o livro do Carvalhinho, esse em particular, é bem estratégico
para concurso público, porque toda hora a gente vai encontrar posições conflitantes.

Não temos um Código de Direito Administrativo, quer dizer então que os temas são
entregues à maioria da doutrina para serem solucionadas, e aí, cada autor acaba falando uma
“santa” coisa.

Esses são os três grandes cursos para os grandes concursos públicos. Se você fizer
concurso para analista, técnico, esses de âmbito federal, estadual, municipal, já era. Agora é tudo
terceirização, e vocês já devem ter lido na mídia.

Fiquem tranquilos que na nossa área jurídica todos basicamente são indelegáveis a
particulares. Não vai ter terceirização em fiscal, em PGM, PGE, AGU, MP, Magistratura, Defensoria.
Tudo isso é concurso, e o que pode ter é uma redução de vagas e repor aposentadorias e
demissões, o que torna mais difícil a prova porque eu reduzo o número de vagas, mas os
concursos para a nossa área, claro, continuarão existindo, graças a Deus!

E esses concursos que eu acabei de mencionar aqui, todos são concursos que exigem
conhecimento. Todos vão passar num certo momento por uma prova oral. E prova oral é

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bagagem, não é decoreba, é conhecimento, é torcer para o examinador perguntar algo que você
tenha maior afinidade, e sair falando.

Agora, não sai falando tudo de uma vez não. Deixa sempre uma reserva porque o cara
gosta de retrucar. Prova oral, vocês vão passar por isso, o examinador tem que ser igual criança,
responde curto. Ele sorriu, está ótimo. Se ele quiser mais, ele que pergunte.

Aprendi isso com meu filho. Uma vez estava cozinhando eu e minha esposa, ele entra
na cozinha e pergunta assim: “Papai, como é que eu nasci?”. Minha mulher olhou para mim e
disse: “Perguntou para você”. Aí, eu falei para ele: “Papai ama a mamãe”. Pronto! Ele saiu todo
feliz para brincar. Se ele perguntar “Como é que você ama a mamãe?”... “Ah! Está andando com
quem? É isso mesmo, aonde é que você ouviu isso”. Aí, é de cada um, senta lá e explica como é,
mas se ele não retrucou, me livrei da pergunta complicada.

Agora, se eu chego lá e saio falando tudo, na hora que o cara retrucar não tem mais
nada para falar. Então, essa é a clássica regra de prova oral, dá uma resposta curta e se o cara
quiser mais, ele está conversando com você, ele joga uma segunda indagação.

Você tem outro livro de administrativo, está lendo e gosta? Fica! Porque o importante
é ter afinidade com o autor. Eu aconselho pegar os três ali, certamente você deve ter esses três,
dá uma folheada. Tem gente que não gosta de Di Pietro. Eu, hoje, acho o livro da Di Pietro melhor
curso de administrativo para qualquer concurso público, da esfera federal a municipal, qualquer
um basta a Di Pietro.

Agora, tem gente que não decola. Então, para que eu vou ter a Di Pietro se eu não
decolo com ela. Aí vai para outro, busque outra alternativa.

Sobre a aula:

A minha aula de Direito Administrativo vale para qualquer concurso, e não tem
nenhum viés aqui de Defensoria, MP, Magistratura. Não tem nada disso.

O que eu vou falar aqui para vocês vale para qualquer concurso, de fiscal, de analista,
de administrativo específico, PGE, PGM, AGU. Vale para qualquer um deles. Não tem diferença
nenhuma.

A diferença é a intensidade com que a matéria vai ter que ser tratada e estudada por
vocês. Então, estudou aqui administrativo comigo, está valendo para qualquer concurso público.

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Sobre a legislação:

Procure aí uma compilação. Sugiro a de 2019. Começam a sair agora as compilações de


2019, pois a legislação é sempre importante. Todas têm as suas falhas, todas têm os seus méritos.
Aconselho também a pegar todas as compilações, e isso é fundamental. Se se sentir à vontade
para achar a legislação, tem umas que são mais enroladas que a outra, então dá uma geral, olha a
que você sentir mais facilidade, maravilha, porque questão de tempo em concurso público é muito
importante.

Você nunca tem tempo para responder tudo, então você fica perdido numa legislação
procurando algo que não acha, além de tudo vai ficar nervoso.

E por fim, um último alerta sobre legislação: Assim que saiu uma lei que regulamenta a
LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), acrescentando artigos de direito
público, que é a Lei 13.655/2018 (abril de 2018). Essa lei 13.655 acrescenta 10 artigos à LINDB de
direito público (arts. 20 ao 30). São regras de direito público que alguns falaram que estavam
faltando na LINDB.

Já que não é mais Lei de Introdução ao Código Civil, e sim Lei de Introdução ao Direito,
onde estão as regras de direito público?! Aí acharam por bem criar mais 10 artigos lá na LINDB, e
através da Lei 13.655/2018 apareceram 10 artigos.

Pois bem, não é uma leitura fácil. Não é de fácil entendimento, é muito abstrato,
porque você lê e não sabe o que se trata. Então, a primeira coisa que eu fiz ao ler isso é o seguinte:
Ninguém nunca mais deixa em branco uma questão de administrativo. Eu tenho 30 anos de
magistério, e ninguém mais deixa questão em branco.

Você vai fazer o seguinte: Não tem a menor ideia do que escrever? Então, você vem
aqui e procura um artigo que pareça com a questão e joga.

Sabe o que o examinador vai falar? “Merda! Ele citou essa lei, eu não entendo nada
dessa porcaria”. Porque ninguém está entendendo, e nem ele.

Aí o que vai acontecer? Ele vai ficar sem graça de lhe dar zero, porque ele pode passar
vergonha num eventual recurso. Ele vai te dar alguma coisa, tipo um cala boca, pronto, toma aí
meio ponto. É isso aí! Quer mais? Já acertamos. A segunda fase de administrativo do ano passado,
a nossa examinadora (presidente do TCE), que deu até gabarito – pela primeira vez eu vi o MP dar
gabarito – na primeira questão, ela fala, fala, fala, e conclui: “Podia ter citado o art. 26 (se não me
engano) da LINDB e que foi acrescentado por essa legislação”.

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Olha lá! Já surtiu efeito. Então, quando você não tem o que escrever, não tem a menor
ideia do que se trata, procure um artigo parecido com a questão.

“Professor, não achei nenhum!”. Então, vai no “salame mingue” e chuta qualquer um.
O examinador vai soltar um palavrão: “Porra, vou ter que ler”. Aí o cara vai ler, vai pensar, vai
pensar... “Ah! Já está tarde, quero dormir, toma aí um pontinho e pronto”. Acabou! Vai ganhar de
graça um ponto. Aí soma com o resto todo, vai para uma segunda fase, não precisa recorrer, ou
para recorrer, diminuiu o número de pontos que você tem que fazer e tal.

Olha! É uma técnica interessantíssima. E olha, eu não pensei que ia surtir efeito tão
rápido assim. Na segunda fase do MP, procurem no site do MP. É a primeira questão, uma questão
lá de consensualidade que ela queria, e tem aqui o art. 26 que fala em chamar o particular, fazer
um acordo. Então, é um artigo parecido com a questão, joga lá o artigo. Ela cita no gabarito que
ela deu: “Olha, podia citar também o art. 26 da lei”. Perfeito! Então, nunca mais deixe uma
questão em branco de administrativo, acha um artigo aqui pertinente.

Muito bem! Nós vamos ter cinco encontros, mais um de exercícios. Então, nós vamos
ter 20 horas de estudo do Direito Administrativo. Para um sábado está bom demais, mas para a
matéria lógico que não é bom. Não é bom em lugar nenhum, mas aqui até que eu tenho bastante
tempo.

Então, eu vou fazer o seguinte, é evidente que eu vou ter que deixar muita coisa pela
garra de vocês. Eu quero passar pela matéria inteira. Eu quero que pelo menos o seu caderno
tenha uma visão de todos os pontos.

3. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

Nós vamos começar com a estrutura administrativa brasileira. Afinal de contas, o


Direito Administrativo foi criado para estudar a função administrativa.

E a função administrativa é realizada por quem? Pela estrutura governamental, pela


máquina administrativa em essencial, porque é claro, o Judiciário vai administrar, o Legislativo vai
administrar. Lembram-se das aulas da faculdade? As funções não são rigidamente distribuídas
entres os poderes, mas é óbvio que a função administrativa é maciçamente realizada pelo Poder
Executivo.

Então, vamos trazer a máquina administrativa. Eu costumo trazer a máquina com uma

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introdução, trazendo quatro artigos da ordem econômica.

O Título VII da CF, muito desprezado pelos professores de Direito Constitucional. Mas
para quem vai fazer MPF é extremamente importante. Na prova de Procuradoria da República se
destaca o direito econômico como uma disciplina a ser estudada. E eu como vou trazer aqui, é
uma introdução ao direito econômico, que vai mostrar qual é o papel do Estado pedido pela CF.

Então, nós vamos analisar os arts. 170, 173, 175 e 174. Será nessa ordem para
entendermos o que a CF deseja do Estado, qual é o papel que ela quer que o Estado venha a
realizar na nova ordem constitucional.

Então, vamos lá para o art. 170 da CF, e eu destaco lá três momentos, três passagens
do art. 170:

Art. 170, CF. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração
no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos

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públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Pois bem, pelos textos em destaque, vejam quanta liberdade que eu tenho na ordem
econômica: livre iniciativa, livre concorrência e livre exercício assegurado a todos.

Meu filho, faça o que você quiser com o seu diploma. Nosso país permite até que seja
vagabundo, não neva, não vai morrer congelado. Olha que beleza! Então, é isso, faça o que você
quiser da sua vida. Com isso é óbvio que fica claro que não é papel do Estado ser um agente
econômico, e sim nós, o cidadão, o cidadão empreendedor, aquele que fala: “Detesto o patrão,
quero criar a minha empresa”. Daí, ele cria a microempresa dele, e ele faz o que ele quiser.

Você se formou, quer abrir o seu escritório, boa sorte! Você se formou e prefere fazer
concurso. Boa sorte! Você se formou e prefere trabalhar num escritório já montado, contratado, a
escolha é sua. Livre exercício de qualquer atividade econômica.

Então, a CF não quer que o Estado seja o agente econômico, e sim, o empresariado, o
cidadão, o empreendedor.

Isso é neoliberalismo, gostando ou não da expressão. Ninguém sabe dizer direito o


que é neoliberalismo, mas ela é meio mal vista, me lembra FHC quando PT (oposição, ainda
partido ético) chamava o FHC de neoliberal. Ao invés de explicar o que é o neoliberalismo, onde
está na CF: “Jurei cumprir a Constituição, e eu estou fazendo isso”. Mas não! Fica esse negócio que
parece que é um monstro o tal do neoliberalismo.

Olha, se acha que estou forçando a barra, veja o art. 173:

Art. 173, CF. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a


exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.

“(...) só será permitida (...)”: nitidamente em grau de exceção. Olha a clareza! “Está
bom Estado! Pode prestar atividade econômica, mas só nesses dois casos aqui: relevante
interesse coletivo e segurança nacional, acabou!”. “Por quê?” “Porque não é o seu papel. Olha o
art. 170: quem tem que ser agente econômico é o empresariado, é a iniciativa privada, é o cidadão

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empreendedor. Você quer ser agente econômico, Estado? Somente nesses dois casos aqui”.

Olha! MP/RJ, provão, na década de 90,perguntou assim: “Pode o Estado do Rio criar
uma empresa estatal para realizar atividade de restaurante de comida típica regional?”.

Atenção! Não é restaurante social a R$1,00 na Central. Claro que é papel do Estado,
atuação na ordem social, dignidade da pessoa humana, um bando de miserável sem dinheiro para
comer. Não se esqueça de que o salário mínimo não passou de mil reais. Isso é um tapa na cara,
isso é um escarnio, porque ninguém consegue viver com menos de mil reais o mês inteiro, mas a
maioria da população brasileira consegue.

Então, a atuação social é claro que é papel do Estado. Mas a questão falou
“restaurante de comida típica regional”. E o que ela queria era que você batesse exatamente aqui
com o art. 173.

E aí, restaurante de comida típica regional tem alguma coisa a ver com segurança
nacional? Claro que não!

Agora, e o que é o relevante interesse coletivo? Aí, chama o líder da oposição para
jantar, aquela festa toda, tudo vira relevante interesse coletivo. Já vimos isso! Mas acho que é
uma forçação de barra, ainda mais aqui no nosso Estado. Se tivesse na Bahia, que tem aquela
culinária forte, MG. Mas, no RJ? Qual a comida típica do RJ, você conhece? Bife com fritas, feijoada
nas escolas de samba aos sábados, sei lá! Ninguém sabe! Então, não tem lógica o Estado criar um
restaurante de comida típica regional. Isso não se encaixa nas exceções.

Qual é a resposta? É não, porque a atividade em questão não se encaixa nas exceções
do art. 173 da CF. Acabou, mais nada, só isso.

Então, muita atenção porque isso já foi cobrado, e vai ser de novo, porque o tema é de
momento. Isso aqui é o berço da desestatização. E a desestatização está na moda, tanto no
Estado que está batendo cabeça se vai desestatizar a CEDAE ou não. Não sei qual é a dúvida, o
dinheiro já entrou. Estão lembrados? Já entrou 2,9 bilhões do banco francês adiantando com as
ações da CEDAE em garantia. E aí, não vai vender a CEDAE? Como é que vai pagar essa grana toda?

E na União estamos falando de desestatização até da PETROBRAS, que é um ícone e


que é um tema, claro, sempre polêmico. Vamos fazer a liquidação do BNDES. O governo está
radical. Óbvio que ninguém quer comprar o BNDES, banco de fomento não interessa a investidor.

Então, já se falou claramente em liquidar, então chega de BNDES. Já o resto, vende


tudo. E o fundamento está aqui, gostando ou não da desestatização, o fundamento está aqui, e é

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isso que você na prova tem que colocar.

Eu não quero saber se você é favorável ou não à desestatização na prova. Eu quero


saber se você sabe me dizer onde é que está o fundamento. Está aqui! Não é papel do Estado ser
agente econômico.

Quando veio a CF/88, a União tinha mais de 500 estatais fazendo atividade econômica.
O que ela faz? Programa nacional de desestatização. Vamos cumprir a CF. Tanto é que o primeiro
governo eleito, Governo Collor, cria a Lei 8.031/90, o nosso primeiro programa nacional de
desestatização.

Atenção! Hoje essa lei já está revogada pela lei do governo FHC, Lei 9.491/97, que é a
atual lei que regula desestatização em âmbito federal.

Lembrem-se, os Estados podem desestatizar, só que os estados fizeram o PED


(Programa Estadual de Desestatização). É sempre bom lembrar isso!

Curioso, não é verdade? Programa Nacional de Desestatização: o “nacional”, na


verdade, é federal.

Então, é um tema que está se discutindo, é um novo governo falando em nova política,
novas filosofias. Então, desestatização não é um tema passado, e o fundamento está aí: arts. 170 e
173 da CF.

Agora, muita atenção! Isso é em atividade econômica, mineração, siderurgia,


instituições financeiras. A CF pediu também que o Estado revisse o seu papel em serviços públicos,
só que aí ela foi mais suave, porque quanto ao serviço público, nós sempre ouvimos: “O Estado
serve para que, meu filho? Para fazer serviço público”. Lógico! É papel do Estado.

Então, aí ela não foi tão radical como foi na ordem econômica, literalmente. “Sai daí,
não é seu papel, só fica aqui segurança nacional e relevante interesse coletivo”. Não! Em matéria
de serviço público, ela falou: “Sai daí também!”, mas de uma forma muito mais suave. Veja o art.
175:

Art. 175, CF. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou


sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.

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Então, ela está dando uma alternativa. “Olha, Estado, ou você faz diretamente ou você
passa a bola para o empresariado”.

E ainda soma o Princípio da Eficiência. Eu não acredito nisso não, mas some, porque
na prova vem direito, o Princípio da Eficiência. É aquela velha história: o Estado é ineficiente e o
empresariado é eficiente.

Então, é melhor para a população que o Estado também faça a desestatização em


serviço público. “Saí daí Estado”. E todos nós estamos vendo o que é o setor do chamado Estado
gerencial brasileiro que não para de crescer, que é a delegação de serviço público (art. 175).

Pode prestar diretamente? Pode! Mas, tem um setor aqui bem mais interessante, uma
parceria com as empresas privadas para elas, com a eficiência que o empresariado tem, melhor
realizar a atividade.

E à época, vão lembrar, se não viveram na época, certamente já leram sobre isso, para
fomentar isso, o Estado, logo no engatinhar da internet, criou um site: “Eu odeio a TELERJ”.
Famosíssimo na época, e agora eu tenho a convicção que foi o governo que criou esse site.

Bombou! Todo mundo foi lá, descascava, falava mal da TELERJ. Na época, eu tinha
acabado de me formar, abri um escritório e quis comprar um telefone. Olha, parecia que eu estava
comprando drogas, parecia mercado negro, e três da manhã o telefone enrolado em jornal. “É
telefone mesmo?” “É!” “E vai funcionar?” “Só Deus sabe!” “Poxa, é caro para caramba”.

Era assim, cara, era um inferno. Então, todo mundo: “TELERJ é uma porcaria”. Aí
depois que todo mundo foi, o governo soltou essa: “Bom, já que é uma porcaria, vamos vender”. E
pegou todo mundo. “Você vai se levantar? Olha aqui, você acabou de descascar, falou mal para
caramba. Vamos vender, bota o empresariado aí, muito mais eficiente”. É isso!

Eu pergunto: Já viram algum site: “Eu amo a Vivo”? Já viram algum site: “Eu amo o tele
atendimento da Claro”? Tem umas conversas inteligentes, que geram um acréscimo no nosso
conhecimento. “Eu amo o sinal da TIM”: já viram esse site? Se tem, é institucional, e é feito por
eles mesmos.

O país que abandona a educação não tem eficiência em lugar nenhum. Mas eu não vou
para a prova para falar verdade, eu vou para a prova para passar, e o Princípio da Eficiência está
vendendo que é uma beleza, é o recheio disso tudo. Aqui está o fundamento constitucional,
normativo: “Estado, saia da execução”.

E o fundamento principiológico: Princípio da eficiência. O empresário é mais eficiente

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que o Estado. Aí, é aquela história: vamos falar mal de servidor, não faz nada, se encosta atrás da
estabilidade funcional. Aí, vem o próprio governo com a reforma da previdência: vamos acabar
com os privilégios. Olha que coisa! Mentiroso, safado, sabe por quê? Porque privilégio está na
ativa, não está na inatividade.

Por que eles fizeram a “PEC da Bengala” para ficar lá até os 75 anos? Porque quando se
aposentava aos 70, perdiam 30, 40, 50, 60 mil reais dependendo das verbas indenizatórias que
cada um leva.

Então, o político sério fala: “Vamos cortar as verbas indenizatórias. Vamos fazer o teto
do teto”. O Temer ameaçou a Procuradoria da República: “Olha, me larga, deixa eu completar meu
mandato senão eu faço o teto do teto”. Muita gente não entendeu: “Ora, já tem o teto”. Não! Ele
está falando o teto da verba indenizatória. Hoje, o teto é 39 mil. Com certeza que quem ganha 39
mil, ganha mais do que isso de verba indenizatória, e muitas categorias funcionais levam três
dígitos para casa antes do primeiro ponto, num país miserável como o nosso. Isso é que tem que
acabar! É aí que o dinheiro público vai embora. Quando o cara se aposenta, a maioria das verbas
indenizatórias não são levadas para a aposentadoria, inclusive a mais polêmica que todo mundo
conhece, a tal do auxílio moradia para quem mora no local de trabalho.

O cara quando se aposenta, ele perde o auxílio moradia. Por quê? Porque com certeza
ele não está em outro local. Ele vai morar no lugar dele, não vai sair para trabalhar. São menos
cinco mil reais, olha aí.

Aí, coloca aquele bando de auxílios que todos têm. E todos os governos falam: a
reforma da previdência vai acabar com os privilégios. Na verdade, não querem acabar com nada,
porque o cara quando se aposenta ele perde a maioria das verbas indenizatórias, mas ele tem que
perder é agora, já. Num país miserável é um absurdo o cara ganhar cem mil reais por mês. Isso é o
fim da picada.

Quer ficar rico, meu querido? Abre uma empresa, um escritório, uma indústria, e boa
sorte! Tomara que fique, porque aí vai circular riqueza e tal, agora quer ficar rico em cima de
orçamento de país miserável. Isso é palhaçada. É isso que a gente não aguenta mais.

Então, são discursos fáceis que se colocam, que obviamente gera uma total distorção,
e o povão já indignado adora falar mal, adora crucificar lá o servidor, dizendo que não faz nada e
ganha muito e tal. Então, viva, a terceirização, é isso mesmo e tal. E aí, venderam esse peixe para a
gente da desestatização.

Então, é fato, o que nos interessa para concurso é isso aí: “Examinador, está aqui! A CF
fala que quem vai fazer a atividade econômica é o empresariado, o Estado somente em grau de

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exceção. E, veja, serviço público também, está induzindo passar a bola para o empresariado
porque ele é mais eficiente”.

Então, olha aqui, com os arts. 170, 173 e 175 já concluo o que a CF não quer do Estado:
“Eu não quero o Estado executor, eu não quero o Estado fazendo, pois tudo o que o Estado faz é
ruim”.

E é verdade! Já foi atendido bem alguma vez em algum serviço público? É por isso que
eu morro de pena da magistratura, porque nada funciona e querem que o Judiciário funcione. É
isso que eu não entendo, pois é claro que não vai funcionar, nada funciona. É até injusto você
querer que só a magistratura funcione. Normal que ela não funcione. É absolutamente normal, é o
contexto. Mas, a magistratura sofre que é uma beleza.

Então, o que a constituição quer do Estado? Aí, eu fecho a introdução. O que ela quer
do Estado? Olha o art. 174, com direito à palavra mágica. Leia só a primeira frase do art. 174:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o


Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.

Olha aí, agência reguladora, Estado regulador. O Estado deixa de ser executor e passa
a ser gerente, regulador. O Estado sai da execução e cria uma agência reguladora para controlar
quem entra no lugar dele para executar.

Desestatizei a TELERJ e criei a ANATEL. Quem faz telecomunicações agora é uma


empresa privada, mas tem uma entidade autárquica de olho nela, uma agência reguladora. Então,
é a palavra da moda, é o que eu quero do Estado.

Eu adoto a expressão “estado gerencial” que é uma expressão do governo Fernando


Henrique Cardoso, que foi um dos governos que mais rumaram para este rumo de desestatização
e de diminuição do tamanho da máquina. O Ministro Bresser Pereira oficialmente usava a
expressão “estado gerente”, “o estado gerencial”.

Então, você dê o nome que você quiser, Estado gerencial, Estado mínimo, Estado

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subsidiário. Quem fez aí mestrado, doutorado, eles adoram essa expressão “Estado subsidiário”,
Estado neoliberal, a que você queira. Eu prefiro Estado gerencial.

Está aí a nossa introdução: O que a CF quer do Estado? Ela quer um Estado pequeno,
assumindo as atividades fundamentais.

E olha, se você for aqui na Lei de Desestatização está escrito para você. Olha lá a Lei
9491/97, art. 1º, I:

Art. 1º. O Programa Nacional de Desestatização – PND tem como objetivos


fundamentais:

I - reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à


iniciativa privada atividades indevidamente exploradas pelo setor público;
(...).

Aí você soma com o inc. V:

V - permitir que a Administração Pública concentre seus esforços nas


atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a
consecução das prioridades nacionais; (...).

“Deixa de ser empresário, deixa de ser executor, e vai se preocupar com saúde,
educação, segurança”. É isso! Que bonito, romântico até, mas está escrito aqui, não estou
inventando nada: art. 1º da Lei 9.491/97, que fala dos objetivos do PND. Isso é para você ver que
essa introdução e esses artigos têm tudo a ver com desestatização, e aqui está o fundamento de
todo programa de desestatização do país.

Se deu certo ou não é outra questão. Eu vi estatal ser vendida com mais dinheiro em
caixa do que o que foi pago por ela. Desestatização foi uma coisa muito estranha, mas isso não
interessa para a prova.

O que interessa é você saber falar para o examinador: “Olha, tem fundamento
constitucional e está aqui, porque não quero mais o Estado executor, mas eu quero o Estado

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gerente”.

Isso vai modelar toda a nossa estrutura administrativa. Então, vamos começar agora a
trazer essa organização do Estado brasileiro pós-mandamento constitucional.

4. SETORES DO ESTADO GERENCIAL :

Vamos trazer, agora, os três setores do chamado “Estado gerencial”.

ESTADO GERENCIAL

1º SETOR 2º SETOR 3º SETOR

RPPS PARCERIA CONVÊNIO

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INICIATIVA PRIVADA COM FINS LUCRATIVOS PARCERIA COM A SOCIEDADE CIVIL SEM FINS

(DL 200, artigo 4º e 5º) (MERCADO) – artigo 175 CR/88 (licitação) LUCRATIVOS (ONGS/OSC)

Lei 8.987/95 e Lei 11.079/04

ADM DIRETA ADM INDIRETA CONCESSÃO PERMISSÃO SISTEMA “S” SISTEMA “OS” SISTEMA OSCIP

1º Setor: Administração Pública.

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O primeiro setor é o clássico, que sempre existiu, a famosa Administração Pública, que
desde criança pequena na faculdade você divide em administração direta e indireta.

Com certeza, aquele setor cujo alvo foi a sua diminuição. Se de fato diminuiu também
é outra história, mas o objetivo aqui é diminuir o tamanho da máquina.

Olha o discurso que todo dia está no jornal: “Diminuir o tamanho da máquina contém
o déficit público, não aumenta o gasto previdenciário”. Porque aqui é que está o tal RPPS (Regime
Próprio de Previdência Social).

A PEC 6/2019 está pegando os dois regimes, do celetista que é o regime geral, que é
matéria de Direito Previdenciário, e o regime próprio do estatutário, que é nós aqui que
estudamos, o regime próprio, art. 40 da CF.

PRIMEIRO SETOR

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

ADM DIRETA ADM INDIRETA ADM INDIRETA

ENTE DA FEDERAÇÃO AUTARQUIA FUNDAÇÃO DE DIREITO FUNDAÇÃO PÚBLICA DE EMPRESA ESTATAL

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PÚBLICO DIREITO PRIVADO

ESTUDO DO ÓRGÃO PÚBLICO DL 200/67 EMPRESA PÚBLICA SEM SUBSIDIÁRIA CONTROLADA

art.5º,IV

Então, se eu diminuo o tamanho da máquina, eu contenho o déficit, porque eu


diminuo o pagamento de servidor, diminuo o gasto com aposentadoria. Essa é a ideia! E aí você
também contém, o que está muito na moda hoje em dia, as despesas correntes, as despesas de
custeio, que é manter a máquina estatal funcionando. É caro!

Então, se eu diminuo isso, é óbvio que eu contenho o gasto público, e aí sobra dinheiro
para pagar a dívida. Não é para investir em educação e em saúde não, é para pagar a dívida.
Porque ninguém fala nada! É estarrecedor que entra governo e sai governo – até o governo do PT
ficou calado – metade do orçamento desde da LRF/2000 é para pagar a dívida. É uma fortuna!

Como é que isso não está pago ainda?! Onde está uma auditoria da dívida pública
brasileira?! Aí, me chamam de “petralha” quando eu peço uma auditoria. Eu não sou “petralha”,
eu sou tricolor, não gosto de fila, Maracanã vazio e eu lá sentado. Os caras adoram ficar rotulando,
coisa ridícula. Qual o problema de eu pedir uma auditoria da dívida, se desde a LRF/2000, metade
de tudo o que é arrecadado vai para pagar dívida, o resto divide com previdência, saúde,
educação, servidor. Mas, enfim, quem questiona a dívida pública é chamado de “petralha”, ex-
petista desempregado, xiita do PT que não tem o que fazer, porque acham que a gente é
revolucionário, e não é. Isso é uma ciranda financeira, isso é uma escravização atual dos países da
parte de baixo do planeta.

E a ONU dorme em berço esplêndido, porque podia já está feito. O caso da Argentina,
estão lembrados? Argentina lá com fundos abutres e tal. Todo mundo pediu: “ONU, faz aí uma
conferência sobre a dívida pública, vamos lá, não está dando mais”. Quer dizer, um juiz lá de Nova
Iorque está arrebentando com um país soberano?! Que palhaçada é essa! E a ONU: “Está bom,
pode deixar e tal, e nada”. É estarrecedor!

Então, é uma coisa a ser analisada: os países da parte de baixo do planeta estão
sofrendo com isso, mas enfim, está cheio de artigo na CF sobre dívida pública. É um tema

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importante.

ALERTA!!! E, olha, não se esqueçam, esqueci de dar esse alerta e trago agora. A nossa
presidente da banca, acho que vai ficar, porque fez um bom trabalho, foram quatro questões
formuladas, muito bem-feitas, é presidente do TCE. Ela gosta de Direito Financeiro, que nasceu no
Direito Administrativo. A quarta pergunta que ela fez, a segunda da prova específica, foi Direito
Financeiro puro e simplesmente. Não foi Administrativo. Eu até critiquei porque a prova não é de
Financeiro, é de Administrativo, mas eu alertei a todo mundo isso. Falei: “Olha, tem que estudar
Financeiro”. “Ah, mas eu já odeio Administrativo, eu tenho que estudar Financeiro que eu detesto
mais ainda?” Paciência! Você não vai estudar só o que você gosta, não vai estudar só o que você
gosta, tem que ter noções de Direito Financeiro. Ela já mostrou que vai perguntar de novo porque
a prova específica, segunda questão, foi um prefeito ordenador de despesa, e ela queria saber
quem controla.

E olha, é uma mudança de posição do STF recente sobre a questão. Uma questão de
quem está atento ao Direito Financeiro. Antigamente, quando o prefeito era ordenador de
despesas, o tribunal controlava, agora o STF entende que é só o Parlamento, o tribunal não. Ele dá
um parecer, não controla coisa nenhuma. Foi puro e simples Direito Financeiro.

Então, temos vários artigos na CF sobre dívida pública, e é um tema também toda hora
chamando a nossa atenção em matéria de gasto público.

Então, a ideia qual é? Reduz a máquina para sobrar dinheiro, essa que é a verdade,
reduz a máquina para sobrar dinheiro.

Agora, se eu reduzo a máquina, o que acontece? Aumentam as parcerias, aumentam


os outros setores. Só que antes de chegar nos outros setores um alerta!

ALERTA!!! Desde criança pequena você escuta que essa estrutura é trabalhada no DL
200/1967, arts. 4º e, especialmente, o 5º, que conceitua as entidades da indireta. Muito bem,
cuidado, porque agora esse art. 5º, nos incisos II e III não podem mais ser utilizados, porque o inc.
II do art. 5º do DL 200 conceitua empresa pública, e o inc. III do art. 5º do DL 200 conceitua
sociedade de economia mista. E hoje para elas, eu tenho a Lei 13.303/2016 (o Estatuto da Estatal),
que conceitua empresa pública no art. 3º, e conceitua sociedade de economia mista no art. 4º.

Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio,

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cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios.

Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em


propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a
entidade da administração indireta.

§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os


deveres e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos
na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de
controle no interesse da companhia, respeitado o interesse público que
justificou sua criação.

§ 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista


com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições
da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976.

Então, cuidado, que você vai mostrar desconhecimento ao exanimador se apresentar o


conceito de empresa pública e sociedade de economia mista usando o art. 5º do DL 200. Não me
jogue o artigo no lixo, porque o inc. I, que é conceito de autarquia está valendo; e o inc. IV, que é
conceito de fundação pública está valendo. Morreram só os incs. II e III.

Art. 4° A Administração Federal compreende:

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na


estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de

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entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:

a) Autarquias;

b) Empresas Públicas;

c) Sociedades de Economia Mista.

d) fundações públicas.

Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta


vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver
enquadrada sua principal atividade.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade


jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada.

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado
por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja
levado a exercer por força de contingência ou de conveniência
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em
direito.

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração
Indireta.

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução
por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

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§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a regime de


monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à União, em caráter
permanente.

§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Administração Indireta


existentes nas categorias constantes deste artigo.

§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem


personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua
constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as
demais disposições do Código Civil concernentes às fundações.

Repito: Agora, empresa pública e sociedade de economia mista é o Estatuto da Estatal


que vai trabalhar a sua conceituação.

Então, está valendo ainda o DL 200. O art. 4º faz essa divisão em direta e indireta, e o
art. 5º se preocupa com as entidades da indireta.

2º Setor: Parcerias COM fins lucrativos.

Muito bem! Vamos avançar! Diminuo o primeiro setor, aumentam os parceiros. A


expressão da moda: parcerias da Administração Pública.

Agora, virou tudo parceria. Tenha muito cuidado com essa palavra, porque coisa que
não tem nada a ver com parceria estão chamando de parceria, então, virou um gênero enorme.
Cuidado com essa palavra! Mas, enfim, é a princípio bem empregada. Então, vamos lá, parceria
com o segundo setor do estado gerencial brasileiro.

Quem compõe o segundo setor do estado gerencial brasileiro? É uma parceria com a
iniciativa privada com fins lucrativos.

Nossa rainha, professora Di Pietro, fala que é uma “parceria com o mercado”. Perfeito!
É uma parceria com o mercado, iniciativa privada com fins lucrativos, o que vai nos levar mais uma
vez ao art. 175 de nossa CF. O art. 175 utilizado aqui na nossa introdução, mais uma vez trabalha o
chamado segundo setor do estado gerencial. Olha lá:

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Art. 175, CF. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou


sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.

Então, sempre através de licitação eu escolherei o meu parceiro, e esse parceiro ou é


concessionário (concessão) ou é permissionário (permissão). E é sem dúvida nenhuma o setor que
mais cresceu desde 1988, ou seja, cada vez mais os serviços públicos são entregues à iniciativa
privada e escolhidos por licitação: ônibus, trem, barca, metrô, rodovias.

Olha, seja lá como você veio para a aula de hoje, eu aposto que você pagou a palavra
mágica desse setor: tarifa pública.

Isso é que atrai o empresário. Ele não vem ser parceiro do governo porque ele é
bonzinho e ama o interesse público. Ele vem ser parceiro porque ele ver chance de ganhar
dinheiro, e o dinheiro ele ganha com tarifa pública.

Eu vim dar essa aula aqui de metrô, paguei tarifa pública. Veio de barca, pagou tarifa
pública. Veio de trem, pagou tarifa pública. Veio de Niterói de carro, vai pagar tarifa quando
voltar, o seu pedágio.

Tudo hoje é entregue às empresas privadas, foi a escolha da CF. Atenção, isso não é
partidário! Isso é mandamento constitucional! Quer a prova de que não é partidário? Veja que o
art. 175 começa dizendo: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei (...)”.

“Na forma da lei”: A lei que organiza o segundo setor, chamado marco legal, foi feita
no governo FHC, Lei 8.987/95. Ela é fundamental para concurso, super cobrada, e é a principal lei
do segundo setor do qual o PT (oposição) falou mal “pra caramba”. E aí, o PT vira governo, e no
governo PT ele cria a Lei 11.079/2004 (a famosa Lei da PPP), que nada mais é do que uma
concessão.

Sai governo e entra governo, um partido e entra outro completamente diferente, o


rumo é o mesmo, continua apostando no segundo setor do estado gerencial. Quer dizer, a Lei
11.079/04 é do governo Lula, que quando era oposição falou mal da lei do Governo FHC. Todo
mundo fala isso: “O Governo Lula entrou e não mudou nada”. E por que não mudou nada? Porque
é mandamento constitucional. A questão não é partidária. Quer mudar, faz a alteração da CF. Isso
que é importante, ficar atento, e é isso que ninguém faz.

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Preste atenção, fiquem atentos com a utilização de reservas indígenas por contratos
de parceria e arrendamento rural, que nosso atual governo está batendo palmas. Mandou os dois
ministros visitarem um desses contratos no MT. Tiraram fotos, falaram que o Brasil inteiro tem
que fazer isso, isso é um exemplo. Isso é inconstitucional, isso é uma vergonha. Ministros foram
visitar uma atividade ilícita e bateram palmas.

“Governo, você acha que isso é bom? Então primeiro faça uma PEC, altera o art. 231
da CF, muda o §3º e tira lá o texto que diz ‘usufruto exclusivo dos índios’”. Se é exclusivo, não
pode ter parceria, porque na parceria, metade é do índio, metade é do parceiro. Não pode ter
arrendamento. O dinheiro é todo do fazendeiro que arrendou, e ele paga um aluguel.

Isso é inconstitucional! E vai cair com certeza numa prova de Direito Constitucional. É o
art. 231 da CF que ninguém lê. Todo mundo cai nessa hora porque ninguém quer saber direito do
índio, compreensível. Ninguém lê, e aí todo mundo vai cair na prova nessa.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles


habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua


posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais


energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas
só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas
as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
resultados da lavra, na forma da lei.

§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e


os direitos sobre elas, imprescritíveis.

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§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad


referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia
que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese,
o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que


tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se
refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União,
segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a
extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma
da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.

§ 7º - Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

E aí é que eu falo: Vocês têm que ler jornal. Do jornal, o cara tira uma questão de
concurso na hora. “Deixa-me ver se o cara conhece alguma coisa sobre o direito do índio”: Por que
é inconstitucional parceria e arrendamento rural? Porque o §3º do art. 231 fala que é usufruto
exclusivo do índio, e ainda escreve lá “defesa do solo”. Mas claro que isso é impossível, e aí o
nosso atual Presidente ainda manda o Ministro ir numa atividade inconstitucional bater foto, e
ainda dizer que é um exemplo para o Brasil. Meu Deus, que exemplo é esse?! Rasgar a CF é um
exemplo?! Veja lá o §2º:

§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua


posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes.

O cara está falando: “riquezas do solo”. E eu não posso dividir com parceria nenhuma,
muito menos fazer arrendamento rural. Que vergonha isso! Isso é uma tristeza! Então, vira para o
governo e diz: “Governo, o senhor pensa isso? Então, primeiro faz uma PEC, depois manda o
Ministro ir lá tirar foto”. Porque mandar o Ministro visitar uma coisa inconstitucional é uma
vergonha. E ainda estimular e dizer que é modelo para o Brasil. Pelo amor de Deus, o que é isso?!
Eu não tenho nada contra Bolsonaro não. Não votei nele não, estou torcendo para dar certo, mas

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eu não posso ficar calado vendo um negócio desses, rasgando a CF na cara de todo mundo. E na
hora da prova você tem quer ter essa informação, e você acha que o examinador não vai abordar
isso?!

Olha, a Procuradoria da República adora esse tema. É um tema forte, por isso vocês
devem estudar os arts. 231 e 232. Inclusive, o art. 232 fala que o MP tem que atuar, e claro que é
o MPF, pois legislar sobre população indígena é exclusivo da União.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas


para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo
o Ministério Público em todos os atos do processo.

São esses temas que quem sabe ninguém estuda, e o cara toma pelo cano. Mas ele
poderia ter estudado. Olha, basta assistir a um documentário da Globo News sobre isso. Vários
procuradores estão dando entrevistas. Passe a ficar atento nisso! Está repetindo toda hora! Vários
procuradores da República estão sendo entrevistados e estão falando exatamente isso: Não dá, é
lamentável, isso não existe!

Então, muita atenção! Saiu no jornal, vai para a prova. Não tenha dúvida, porque é
criatividade para o examinador. Então, entra governo e sai governo, o rumo é o mesmo.

E olha só, tarifa pública, mais uma informação importante: O governo alega que não
tem dinheiro para fazer obras de infraestrutura. Então, o que ele faz? Ele abre uma licitação e
arruma um parceiro que tem dinheiro, a iniciativa privada.

Se ela não tem dinheiro, ela tem crédito e consegue dinheiro emprestado em
instituição financeira. Muito bem, aí a iniciativa privada vai lá e investe o dinheiro dela, oferece
algo que o governo não conseguiu oferecer. O governo não tinha dinheiro, arrumou um parceiro
que tem dinheiro, o parceiro investiu, e agora?! Na hora em que ele vai cobrar o investimento
dele, ele cobra de quem? Cobra do usuário. Tarifa pública. Não cobra do governo. Quer um
parceiro melhor do que esse?! Eu arrumo um parceiro que investe no meu lugar e na hora que vai
cobrar a conta, ele não me cobra, mas cobra a conta do usuário, que paga a tarifa pública.

E o povão, que é ignorante, mas não é burro – tem uma diferença grande entre
ignorância e burrice – diz o seguinte (e você já ouviu isso): tarifa pública é bitributação. Isso é
ignorância, porque tarifa não é tributo, então não pode ser bitributação. Mas o cara não é burro,

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ele sabe que está pagando duas vezes, porque ele paga uma carga tributária violenta, e na hora
que ele vai pegar a rodovia, ele está pagando de novo.

O cara tem um conhecimento empírico: “Poxa, eu estou pagando duas vezes, logo, é
bitributação”. Repito: Não é bitributação, tarifa não é tributo. Você jamais pode falar isso numa
prova, porque tarifa não é tributo, mas o cidadão está pagando duas vezes, e o Estado não gasta
nada.

Por isso o segundo setor não parou de crescer. Por isso o segundo setor é uma
maravilha para um Estado falido que não tem dinheiro para nada. Ele passa a bola para o parceiro
privado. Ele investe e cobra de terceiro, e eu, Estado, crio uma agência reguladora para ficar de
olho nele.

Vou desestatizar as rodovias, crio a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)


que fiscaliza os concessionários que administram as rodovias. Olha o Estado gerencial aí! É isso o
que o estado faz, ele vai gerenciar o que hoje quem está fazendo é o seu parceiro da iniciativa
privada com fins lucrativos.

3º Setor: Parcerias SEM fins lucrativos.

O terceiro setor do Estado gerencial nos apresenta mais uma parceria, só que agora é
uma parceria sem fins lucrativos.

E essa é a primeira parte da matéria, superimportante, cobrada em concurso: a


estrutura administrativa.

Então, o terceiro setor é outra parceria, só que agora com a sociedade civil sem fins
lucrativos. É a parceria com as famosas ONG’s (Organização Não Governamental), ou seja,
sociedade civil.

Cuidado que está na moda agora escrever OSC (Organização da Sociedade Civil). Dá na
mesma: não governamental é sociedade civil. OSC é sociedade civil (Organização da Sociedade
Civil).

ALERTA!!! Cuidado! Diga um ou diga outro! Mas não diga que são sinônimos, não diga
que são a mesma coisa.

Eu vou dizer para você, eu penso que é a mesma coisa. Mas uma vez aqui no MP a

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gente fez uma palestra, trouxemos a professora Di Pietro, e ela ia falar sobre terceiro setor, e aqui
no RJ o problema das OS’s é violento, quer dizer, um problema seríssimo que você vai ter que ficar
atento com essa integrante do terceiro setor, e como o voo dela chegou atrasado e logo em
seguida ela embarcaria novamente, eu só tive tempo de fazer uma pergunta para ela: “ONG e OSC
é a mesma coisa?”.

Ela deu um pulo no sofá e disse que de forma alguma. A explicação dela eu não capitei.
O problema é meu com certeza, mas eu não consegui captar.

Mas eu descobri que para ela são diferentes, e até hoje eu não consigo entender qual
a diferença que ela me falou. No livro dela ela não escreve isso. Ninguém perguntou lá no livro, ela
não escreveu.

Agora, vejam, se eu sou não governamental, eu sou da sociedade civil. E se eu sou


sociedade civil, eu sou não governamental. Então, eu não consigo enxergar a diferença, mas a
nossa rainha viu e disse que tem.

Lembro-me que o grande Sergio de Andrea estava do lado também conversando e


falou: “Não, mas é isso mesmo e tal”. Aí, eu fiquei calado, paciência, passou e tal.

Então, hoje em dia eu falo: Ou você usa ONG, ou você usa OSC! E não ouse dizer:
“Gostaria de preliminarmente dizer que são a mesma coisa (...)”. Não faça isso, porque pode ter
problema, ou um ou outro, ONG é mais tradicional.

Muito bem! Atenção! Está na moda os cursos de administrativo dividirem esse setor
em três sistemas:

1) Sistema ‘S’ (Serviço Social Autônomo):

Super tradicional, que está aí desde o Governo Getúlio Vargas. Sistema ‘S’ de serviço
social autônomo: SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem da
Indústria), SESC (Serviço Social do Comércio), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem do
Comércio).

São bem tradicionais, criados lá em 1941, 1942. E não para de crescer, cada hora
aparece um novo. O Governo Collor criou o SEBRAE. Estão lembrados? Foi a coisa mais engraçada
do mundo: ele criou o CEBRAE. Isso mesmo! Com “C” de Centro, e a doutrina não estava
conseguindo colocar CEBRAE no sistema “S”.

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Sabe o que ele fez? Uma lei tirando “C” de Centro e colocando “S” de Serviço. Você
acredita nisso? Procure a lei criadora do SEBRAE e você vai ver que o nome mudou porque Sistema
“S” não comportava o “C” de CEBRAE.

Claro que a lei mudou outras coisinhas, mas curiosamente mudou o “C” e colocou o
“S” de Serviço, aí o SEBRAE passou a ser com “S” de Serviço para entrar no Sistema “S” de fomento
a micro e pequenas empresas.

E não para de crescer, e é esse setor que todo governo eleito olha a grana que eles
administram.

Olha o nosso Paulo Guedes, atual Ministro da Economia, se for inteligente... “Eu tiro só
30%”... E querem meter a mão porque quem alimenta o Sistema “S”? Só essa informação
responde muita questão de concurso. De onde vem o dinheiro do Sistema “S”? Art. 149 da CF.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,


de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a
que alude o dispositivo.

Veja aí, pessoal da indústria e do comércio. É tributo e se é tributo, o governo quer


meter a mão na grana. Claro! E nunca conseguiu. Lembro-me do Haddad, como Ministro da
Educação do Governo Lula, que falou que ia meter a mão no dinheiro do SEBRAE também. Deu um
entrevero com o pessoal do SEBRAE e não conseguiu.

Todos entram e falam que vão meter a mão, mas não conseguem. Vamos ver se Paulo
Guedes consegue, e eu não sei se é bom ou é ruim o governo meter a mão no dinheiro do Sistema
“S”. Sinceramente, eu não tenho convicção sobre o assunto.

O Sistema “S” é sim um ramo, um local muito difícil pouco tratado na doutrina. A
maioria das pessoas nem sabem de onde vem o dinheiro do Sistema “S”, que é tributo, então não
é uma coisa fácil de estudar.

Quando você não tem uma convicção e você não tem uma coisa fácil para estudar, fica
mais difícil, mas enfim, é uma informação importantíssima essa, ou seja, de onde vem o dinheiro

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do sistema S.

2) Sistema “OS” (Organização Social):

Pois bem, aí o Governo FHC, em 1998, cria o Sistema “OS” (Organização Social). O
Sistema “OS” tem uma lei geral federal que é a Lei 9.637/1998. Diferentemente, nós não temos
uma lei geral no Sistema “S”, o que dificulta o seu estudo.

DICA!!! E atenção! Se você for estudar apenas um integrante do Sistema “S” é a OS


que você tem que estudar, pois é a bola da vez, é o que está administrando os hospitais do
município do RJ, é o que está administrando as UPA’s em âmbito do estado do RJ, e é o que está
deixando o MP/RJ de cabelo em pé pela má gestão do dinheiro público que estão administrando.

É sem dúvida nenhuma a entidade que você tem que focar. É claro que você tem que
estudar todas elas. Mas é aquela história, a prioridade, não há dúvidas, é estudar o Sistema “OS”.

Eu apostei que ia cair “OS” nessa prova última do MP. Apostei! Entrei pelo cano, nem
sempre a gente acerta, pois não caiu nada sobre o Sistema “OS”. Mas quem conhece e que é
integrante do MP e tal, você pode perguntar que o cara vai falar: “Nossa, isso está dando um
trabalho danado e tal”.

O fato é que está chamando atenção da categoria essa relação do governo com as
organizações sociais.

3) Sistema “OSCIP” (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público):

E no ano seguinte, 1999, também Governo FHC, nasce o Sistema “OSCIP” (Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público), Lei 9.790/1999.

Insisto, esse rol é exemplificativo. Tem muito mais aqui! Os cursos estão fazendo essa
frequência, mas isso é exemplificativo. Por exemplo, quem aqui nunca ouviu falar no famosíssimo
convênio? Convênio entra aqui, mais um vínculo.

O convênio é o vínculo mais conhecido, diga-se de passagem, do terceiro setor do


Estado gerencial brasileiro.

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E tirando o Sistema “S” que tem essa peculiaridade de ser administrado por tributo,
vamos a uma pergunta básica: De onde vem o dinheiro do Sistema “OS” e do Sistema “OSCIP”? De
onde vem o dinheiro para eles administrarem? De onde vem o dinheiro que a “OS” que está
administrando o hospital do município do RJ para pagar pessoal, comprar remédio e tal? Chama-se
– palavra da moda (Direito Financeiro) – transferência voluntária, também conhecida como
subvenção social, como queiram.

Transferência voluntária é o nome mais usado, mas eu lembro sempre que essa
transferência voluntária quando é para instituição sem fins lucrativos, pode vir com o nome
também de subvenção social.

O que é a transferência voluntária? O que é a subvenção social? É a saída do dinheiro


da administração direta para ser administrado pelo terceiro setor.

E é isso que chama atenção do examinador: “Espere aí, doutor, então o dinheiro sai do
orçamento?”. Isso, o dinheiro sai do orçamento e eu vou repassar para os parceiros do terceiro
setor sem fins lucrativos administrarem.

Aí, vem aquela famosa pergunta: “Doutor, se o dinheiro é público e sai do orçamento,
quando o Sistema “OS” for contratar pessoal, tem que fazer concurso público? Quando o Sistema
“OS” for fazer uma obra, uma compra, tem que fazer licitação?” E a resposta é: “Não e não!”. E
toda hora a resposta vai ser “não”. Por quê? Clássica lição do saudoso Diogo de Figueiredo
Moreira Neto, no meu entender o melhor de todos, mas já falecido, que para mim é o imperador
da galáxia do Direito Administrativo, é espetacular, que usava a seguinte colocação: “Se eu
começar a exigir do terceiro setor as mesmas regras do primeiro, eu não preciso do terceiro”.

Parece-me tão obvio isso, não é?! Com certeza! Se eu começar a exigir do terceiro
setor as mesas coisas do primeiro, eu não preciso do terceiro setor. Se o terceiro setor passa a ser
obrigado a licitar, então, deixa que o primeiro faz, pois ele já tem a equipe montada, já sabe
administrar corretamente o recurso, logo, não seria conveniente arriscar o cara que nunca
administrou e ele acabar fazendo bobagem. É isso! Deixa que o primeiro setor faz!

Então, essa colocação dele é perfeita. Não tem lógica! Então, o grande barato do
terceiro setor é essa agilidade operacional: vai administrar o mesmo dinheiro, mas sem concurso e
sem licitação.

Aí, começam os problemas: Vai gastar esse dinheiro aonde? Aí, o governo chama para
jantar: “Olha, vou te passar esse dinheiro, mas contrata essa empresa aqui”. “De quem é essa
empresa?”. “De mamãe”. “Mas essa empresa é uma porcaria!”. “Não interessa, você vai contratar
porque ela vai repassar 10% para o partido, 15% para mim, 20% para mamãe”. “E o interesse

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público?”. “Que se dane o interesse público, depois eu te xingo, você me xinga, ninguém sabe
quem é o culpado, e acabou. Vamos tomar vinho na França e botar guardanapo na cabeça e rir da
galera”.

Mas um dia a casa cai! É a famosa frase do MP. Se roubasse uma vez só, mas não...
Então, um dia a casa cai. E tem mais é que cair, seja lá para quem for. “Ah, mas nunca caiu antes!”.
Antes tarde do que nunca. Não é porque nunca prenderam os outros, que não vai prender o
“senhor”. É a tese do PT! Sensacional!

Tudo bem! Eu quero saber é se vão continuar prendendo, pois se não for assim deixa
de ser impeachment e passa a ser golpe. Fica a critério de cada um! Eu quero saber é se vão
continuar prendendo.

Se você levantar o que o Temer já fez, ele fez mais crime de responsabilidade que a
Dilma, e o Bolsonaro já fez mais que o Temer, curiosamente. É só colocar essa lá da comunidade
indígena. Está previsto na lei, é crime de responsabilidade incitar o desrespeito à legislação. Do
“golden shower”1 então nem se fala: ética, moralidade... Que é isso?! Quer dizer, está cheio de
coisa lá. Por isso que eu falo, impeachment é decisão política. Tem que saber isso: Claro que é
decisão política!

“Ah, é o conjunto de obra!”. Claro que é o conjunto da obra, mas é decisão política,
todo mundo sabe disso. Porque fazer por fazer, todos fazem. Então isso que é o “X” da questão. E
para órgãos de controle, isso é importante. É por isso que eu falo “subvenção social”.

Veja o art. 70 da CF: controle parlamentar externo. O art. 70 não fala “transferência
voluntária”, mas ela está lá. Por quê? Veja o art. 70:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.

1
Ao pé da letra o golden shower em inglês significaria "chuveiro dourado", mas a expressão significa algo que é do campo um pouco
mais que estranho ou bizarro. Golden Shower é o ato de durante o ato sexual, o parceiro urinar sobre a parceira ou vice-versa. Esse
ato, para as pessoas que praticam, não tem nada a ver com tortura ou castigo, mas sim prazer.

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“Aplicação das subvenções”: olha aí a transferência voluntária. Então, é claro que os


Sistemas “OS” e “OSCIP” prestarão contas ao Tribunal de Contas, porque é o controle externo com
o auxílio do Tribunal de Contas, caput do art. 70 da CF: aplicação das subvenções sociais. Então, vai
ser controlado, pois é dinheiro público. Observe o parágrafo único do art. 70:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Se eu faço transferência voluntária, a pessoa vai administrar dinheiro público. Então,


teremos prestação de contas parlamentar com auxílio do Tribunal de Contas. Importantíssimo!

Então, muita atenção, o controle do Sistema “OS”, em especial, é feito pelo


Parlamento com o auxílio do Tribunal de Contas, porque consta lá “controle da aplicação das
subvenções”.

Pois bem, está aí apresentado genericamente o Estado gerencial brasileiro. Temos que
passar agora por todos eles. É um “trabalhão”! Podíamos ficar aqui as cinco aulas que me deram
falando só sobre isso aqui. Adoraria, mas não há como. Então, vamos passar por esses três setores
trazendo as informações básicas sobre eles.

Então, vamos refazer o quadro (gráfico completo está na página 17) focado aqui no
primeiro setor para começarmos a detalhar as informações sobre esse setor, cuja ideia básica está
se enxugando com a aplicação do texto constitucional.

DICA!!! Quem quiser melhorar o conhecimento sobre o Estado gerencial, existe um


livro do Diogo de Figueiredo, que não é uma leitura fácil, mas eu quero chamar atenção é para a
introdução desse livro. O livro se chama “Direito Regulatório”, que no meu entender é o marco do
Direito Regulatório. O Direito Regulatório hoje é uma disciplina autônoma. Nasceu a agência
reguladora no Direito Administrativo, foi para o Direito Econômico, e agora é uma disciplina
própria com esse livro do Diogo: “Direito Regulatório”, Editora Renovar.

E nesse livro tem uma introdução de 60 páginas de Luís Roberto Barroso sobre o
Estado gerencial brasileiro. Maravilhoso! A única pessoa que vai sair perdendo se vocês lerem isso

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serei eu, porque vocês vão me achar um saco, e ainda vão achar que perderam tempo num
sábado assistindo a minha aula, pois poderiam ter lido isso há mais tempo. É excelente! Diogo de
Figueiredo, “Direito Regulatório”, Editora Renovar, introdução de Luís Roberto Barroso explicando
o estado gerencial brasileiro.

A Di Pietro tem lá um capítulo no livro dela sobre o terceiro setor e paraestatais, e


também traz uma explicação muito interessante sobre essa visão geral. Veja que curioso: a Di
Pietro tem um capítulo sobre terceiro setor, mas não tem um capítulo sobre o primeiro e sobre o
segundo, que ela trata com outras denominações. Então, quando ela chega no terceiro, ela se
sente obrigada a dizer o seguinte: “Olha, eu vou falar do terceiro, mas do primeiro, eu falei lá no
capítulo tal, é assim, assim, assado. O segundo, eu falei no capítulo tal e é assim, assim, assado”. E
aí ela acaba contando também essa história geral de reformulação do estado brasileiro. Então, é
outro local bem interessante para você aprofundar essa nossa primeira aula.

5. PRIMEIRO SETOR DO ESTADO GERENCIAL: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Então, vamos lá, vamos trazer o primeiro setor do Estado gerencial, que a própria
Administração Pública. E antes de dividir em direta e indireta, eu proponho a seguinte divisão: um
grupo formado por pessoas jurídicas de direito público. Obviamente, pois se eu estou falando de
Administração Pública, eu espero encontrar pessoas de direito público.

No entanto, dentro da Administração Pública, eu vou ter um grupo formado por


pessoas jurídicas de direito privado.

Pessoas Jurídicas de Direito Público

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Pessoas Jurídicas de Direito Privado

E muita atenção, a Administração Pública não é parceira. Aqui ela está integrando, o
parceiro é o segundo setor, pois a Administração Pública está no primeiro. Então, essa pessoa
jurídica de direito privado está dentro da Administração Pública. Sempre teve, não é nem
novidade. Sempre existiu, mas ainda assim, eu chamo a atenção. Quais são os integrantes da
Administração Pública? Se eu te falo que são pessoas de direito privado, é claro que causa espécie,
e é claro que é exceção. E é evidente que eu tenho em menor número.

Então, vamos começar por elas. Quais são e onde estão essas pessoas jurídicas de
direito privado que integram a máquina? Elas estão num lugar só: na administração indireta.
Dentro da Administração Pública só vamos encontrar pessoa jurídica de direito privado na
administração indireta.

Quais são? A mais fácil de enxergar, que é até a mais importante, é a empresa estatal.
E de imediato, empresa estatal é gênero do qual tenho quatro espécies:

1) Empresa pública;

2) Sociedade de economia mista;

3) Suas subsidiárias, e;

4) Controladas.

E não há mais dúvida sobre isso, pois o Estatuto da Estatal estancou qualquer questão
sobre o tema.

Então, atenção, Lei 13.303/2016, no art. 1º, caput, traz a empresa pública, a sociedade
de economia mista e a subsidiária, e no seu §6º traz a controlada.

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e
qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos

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Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade


econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de
monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos. (...).

§ 6º Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, inclusive a de


propósito específico, que seja controlada por empresa pública ou
sociedade de economia mista abrangidas no caput.

Então, não há mais discussão, pois está expresso na lei. Alguns cursos começaram a
questionar se subsidiária seria empresa estatal. Lamentável, mas começou a dar uma balançada
porque começaram a aparecer críticas, só que agora elas estão estancadas. Basta ler o art. 1º do
Estatuto da Estatal. Ele diz quem está abraçado por ele: empresa pública, sociedade de economia
mista, suas subsidiárias, e o §6º diz que se aplica também às controladas. Portanto, essas são as
quatro variações do tema “empresa estatal”.

Tudo o que você estudar para empresa pública e sociedade de economia mista, essa é
a regra, e você aplica para subsidiária e controlada.

Você já deve ter percebido que dificilmente um curso de administrativo abre um item
para subsidiária e controlada. O cara fala de empresa pública e sociedade de economia mista.
Raramente se fala, porque não precisa, visto que tudo o que você estudar para empresa pública
vale para as suas subsidiárias e controladas. Tudo o que você estudar para sociedade de economia
mista vale para a subsidiária e para a controlada.

Não tem diferença, por isso que é uma aberração quando alguém tentou inventar esse
negócio que subsidiária não era estatal. Só acreditou nele a Presidente Dilma. Estão lembrados
quando ela estava perdida, falando de estoque de vento lá na ONU, naquele discurso da mandioca
dela, a coisa mais sensacional do mundo! Coitada! A Dilma tomou porrada de todo lado, e ela me
veio com essa: “Ah, contrata via subsidiária que não precisa fazer licitação”. Apareceu no Jornal
Nacional ela falando um negócio desses. Eu falei: “Meu Deus! Cadê o assessor?! Ela, eu até
entendo, mas o assessor não. Porque senão a subsidiária vira laranja, concorda? Contrata tudo por
ela e repassa para empresa pública. É claro que ela tem que fazer licitação tanto quanto a estatal
que a criou. Não tem lógica isso, mas ela acreditou e jogou esse papo no Jornal Nacional, na época
lá em matéria de gastos com as empresas estatais.

Então, é só ler o art. 1º, e você não terá mais dúvidas quanto ao gênero empresa
pública e suas quatro espécies.

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Agora, sempre foram pessoas jurídicas de direito privado. Vamos confirmar isso? Arts.
3º e 4º do Estatuto da Estatal que conceituam empresa pública e sociedade de economia mista.

Art. 3º. Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio,
cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios.

Art. 4º. Sociedade de economia mista é a entidade dotada de


personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei,
sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto
pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios ou a entidade da administração indireta.

Aliás, o DL 200 já falava isso desde 1967. Não é novidade nenhuma, apenas muda o
fundamento normativo agora, art. 3º e 4º da Lei 13.303/2016.

Muito bem! Problema! Ao lado da empresa estatal, temos como outra pessoa jurídica
de direito privado a fundação pública.

ALERTA!!! Agora, muita atenção, eu vou colocar fundação pública, mesmo que
redundantemente, porque eu já estou aqui nesse grupo de direito privado, mas eu tenho que
colocar fundação pública de direito privado.

Você, candidato, vai ter que colocar as quatro palavras porque já, já, vamos ver que ela
também se encontra no direito público. Tem fundação pública lá como pessoa de direito privado,
tem fundação pública aqui como pessoa de direito público.

Então, se você, numa prova, escrever só “fundação pública” estará sendo muito vago,
estará sendo muito incompleto. É isso mesmo que você quer? Tudo bem, melhor ser vago do que
errar na precisão, mas o examinador gosta de precisão.

Então, se você for falar em “fundação pública”, você tem que ser claro. “A qual
fundação pública você está se referindo, doutor? À fundação pública de direito público ou a
fundação pública de direito privado?”.

A fundação pública é pessoa de direito privado porque o DL 200 fala isso no art. 5º, IV.

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Este é o fundamento normativo para você afirmar que a fundação pública é pessoa jurídica de
direito privado.

Art. 5º. Para os fins desta lei, considera-se:

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução
por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

Então, aqui está dizendo que a fundação pública é pessoa de direito privado. Não é a
doutrina, é a lei. Decreto-lei tem força de lei. Então, a lei está dizendo que a fundação pública de
direito privado é uma pessoa de direito privado. Portanto, a Lei 13.303/16 está dizendo que a
empresa pública é uma pessoa de direito privado.

São coisas que podem incomodar, pois parece tão óbvio se falar que a empresa pública
deve ser pessoa de direito público, mas não é. É pessoa de direito privado. É isso que mata aquelas
pessoas que são formadas não em direito, mas vão fazer aqueles concursos que qualquer um pode
fazer, aí você vai explicar isso pra ele, que a empresa pública não é pessoa de direito público, o
cara não entende, lógico que não entende.

Nós estamos acostumados com essas coisas estranhas do nosso mundo do direito, que
nem sempre é o que parece. Mas aqui é pacífico, pois tem lei dizendo.

Então, estão aí as pessoas de direito privado da Administração Pública encontradas na


indireta.

Vamos ver agora quais são as pessoas de direito público encontradas no nosso
primeiro setor. E a gente vai ter visão geral do primeiro setor.

Onde estão e quais são? Pessoa de direito público tem em qualquer lugar, então
estarão tanto na administração direta quanto na administração indireta.

Na administração direta é o próprio ente da Federação. Só que cuidado: Você vai


estudar o ente da Federação tanto no Direito Constitucional quanto no Direito Administrativo. No

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Direito Constitucional, você vai estudar as atribuições do ente da Federação. Aqui no Direito
Administrativo, a máquina, a sua organização, você vai estudar a estrutura do ente da Federação.
Então, eu não vou falar o que cabe a cada ente da Federação, eu vou falar como ele se subdivide,
como ele se organiza. Por isso o Direito Administrativo, no estudo da administração direta,
apresenta para você o estudo do órgão público.

E olha, fundamental para você, porque 99% dos concursos que você vai fazer é para
um órgão público, de uma administração direta ou da União ou do Estado, ou do município.

O MP é um órgão público, quer o federal, quer o dos estados. Você vai fazer um
concurso para um órgão público do Estado do RJ, MP estadual. Magistratura, Defensoria, PGE,
PGM, AGU, delegado de polícia civil, delegado de polícia federal, tudo isso é órgão. Então,
conhecer o que é o órgão, o conceito de órgão é fundamental, porque o seu órgão vai atacar.

Eu sei que volta e meia você faz concurso para algumas estatais, deve fazer,
departamento jurídico do BNDES. É um “concursão”! Você vai ser celetista, já vou trazer isso, mas
é um belo de um concurso. Mas, a maioria dos nossos concursos da área jurídica está aqui, você
vai entrar num órgão público de um ente da Federação na administração direta. E é isso que a
gente vai estudar, e você sonda o seu caderno de constitucional e você vai encontrar a atribuição
do ente da Federação. (gráfico completo na página 17)

E na administração indireta? Quais são as pessoas de direito público na administração


indireta?

Eu poderia usar apenas uma expressão, mas eu vou subdividi-la. Então, vou trazer
primeiro a expressão que me parece única, perfeitamente aplicável aqui: entidades autárquicas.
Entidades autárquicas são as pessoas jurídicas de direito público da administração indireta.

Agora, quando falamos em entidades autárquicas, no plural, já dá a entender que tem


muita autarquia por aí, e o que não faltam são variações. Autarquia hoje virou um monstro cheio
de tentáculos. Se cair uma entidade na prova e você não sabe o que é, chuta autarquia, pois a
chance de acertar é enorme.

Veja só, agência reguladora é autarquia, agência executiva é autarquia, ou seja, o


negócio perdeu tanto o rumo que o STF já falou que empresa estatal prestadora de serviço público
é autarquia. “Que é isso! Não exagere, professor!” Pois é! Não fui eu que exagerei, foi o Ministro
Carlos Velloso, e com toda falta de respeito ele fala assim: “No meu entendimento que vem de
longe (...)”. E eu falo assim: “De longe do Direito Administrativo, não de longe no tempo, o senhor
vai me desculpar, porque isso não existe: uma pessoa de direito privado, espécie do gênero
pessoa de direito público?”.

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Vocês já devem ter visto o STF mandando a precatório para estatal que presta serviço
público, imunidade tributária para estatal que preste, isso é tratá-la como autarquia, e é
exatamente isso. Então, o negócio autarquia perdeu o rumo. Até estatal. E normalmente são os
Correios que vai capitaneando essas decisões, que é uma empresa pública prestadora de serviço
postal. Então, é uma coisa impressionante, virou um monstro cheio de tentáculos.

E, claro, que dentro dessa ideia de entidade autárquica vai aparecer a fundação
pública de direito público.

Então, para ficar bem pontuado, as entidades da administração indireta com


personalidade de direito público são a autarquia e a sua variação, que gera maior polêmica,
fundação pública de direito público. (gráfico completo na página 17)

É uma redundância porque eu estou aqui no grupo das pessoas de direito público, mas
eu tenho que fazer isso, porque com certeza só um desavisado vai para uma prova sem ter essa
resposta aqui na ponta da língua.

Não é curioso? Não é interessante? Tem fundação para os dois lados. “Então, doutor,
qual é a diferença entre fundação pública de direito público para fundação pública de direito
privado?” Pergunta inevitável.

Já viu essa pergunta cair alguma vez na vida? Nunca vi! Sabe por quê? Porque é difícil
de responder, não é fácil. Tem algumas respostas básicas, mas desde criança pequena a forma de
perguntar é sempre a mesma: “Dê três de alguma coisa”.

Agora, achar três diferenças já não é tão fácil assim não. E não adianta chegar lá e
dizer: “Ah, uma é pessoa de direito público e outra é de direito privado”. Pelo amor de Deus, é
chamar o examinador de débil mental, vai ter que achar outra.

Então, é uma pergunta difícil que o examinador também se enrola, mas um dia o cara
vai perguntar, e aí você não vai estar lá desavisado. A gente vai trazer, tem que trazer, isso é
inevitável. É enrolado? Que seja! Olha só, se fosse fácil não ia ter graça. Então, curte. Está difícil, a
aula está chata? Finge que está boa, porque senão seu cérebro não vai assimilar. Finja que está
bom.

E vou dizer o seguinte, eu estou me divertindo a valer, espero que você esteja
gostando. Eu acho essa matéria o maior barato! Não fiz Administrativo porque eu gosto não. Eu
virei professor de Administrativo porque meu pai falou: “Acabou o dinheiro, se vira”.

Eu fazia Cândido Mendes Centro, uma porcaria e cara pra caramba, e eu queria acabar

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aquela porcaria. E o que eu fiz? Fui lá na secretaria: “O que tem aí para ganhar bolsa?” “Coral!” Eu
cantava muito mal, nem tentei. “E tem monitoria”. “Ah! Eu quero monitoria. Qual matéria que
tem? . “Tem essa aqui que ninguém quer” “Qual?”. “Administrativo”. “Merda! Adoro essa matéria,
desde criança pequena”. E assim comecei a dar aula de Administrativo. Aí, eu virei professor de
Administrativo e estou até hoje dando essa matéria. Veja só que beleza! E hoje eu já curto,
comecei a gostar. Dei sorte porque Diogo de Figueiredo voltou de Brasília no mesmo ano que eu
assumi a monitoria, quer dizer, fui monitorado por Diogo de Figueiredo. Veja que beleza!

É uma coisa engraçada isso, porque o auge da minha carreira foi logo no início, depois
ela só vem caindo, eu só estou dando a ladeira, porque eu duvido que eu consiga algo melhor do
que ter sido monitorado por Diogo de Figueiredo. Dei uma encostada no mestre, foi sensacional,
foi o auge.

De lá para frente, só está descendo a ladeira, mas enfim. Aí, é aquela história, o Direito
Administrativo apareceu na minha vida assim.

Então, vocês têm que gostar porque cai na prova. Tudo o que você fizer gostando é
muito mais fácil, aí você se diverte a valer, estudar é o maior barato. Tem que vencer esse ranço,
ainda mais que tem que estudar Financeiro. Isso mesmo! Vai ter que estudar Financeiro porque a
nossa presidente da banca gosta de Financeiro.

E olha aqui, estão falando que vem PGM, concursão, não tem nem interior, é só
capital. Pode continuar morando com mamãe, chega em casa e comidinha quente, não paga
aluguel, todo o dinheirinho para ir para Europa... Olha só, sensacional! Agora, quer passar em
PGM? Administrativo na veia, Tributário e Financeiro também. E não é difícil, é só sentar e
estudar.

Muito bem, voltando! Então, olha aí sob o aspecto subjetivo... Já não viram isso várias
vezes? “Tragam o conceito sob o aspecto subjetivo”. É o sujeito. E quem é? Sob o aspecto
subjetivo está aí quem é a administração pública, ora pessoa de direito público, ora pessoa de
direito privado, dividido em direta e indireta, com o ente da federação, entidade autárquica e a
fundação pública de direito público.

Agora pensa bem, nesse grupo aqui mais conhecido: Quantas vezes você já abriu o
texto constitucional e encontrou essa trilogia: direta, autárquica e fundacional? Toda hora elas
estão juntas, são as pessoas de direito público.

Agora, quem diz que a fundação pública é pessoa de direito público? Complicado.
Quem diz que ela é de direito privado até que é fácil, DL 200, art. 5º, IV. Quem diz que a fundação
pública é pessoa de direito público? Bom, a doutrina afirma que quem diz isso é a CF ao tratar a

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fundação pública toda hora ao lado da autárquica e da direta um grupo de pessoas de direito
público. É uma constatação.

A CF confirma que existe a fundação pública com personalidade jurídica de direito


público ao trabalhar a fundação pública ao lado da direta e da autárquica com frequência.

E mais, quem bate o martelo afirmando isso é o rei Celso Antônio Bandeira de Mello, e
aí começa a confusão. O rei ainda afirma que a CF não recepcionou o inc. IV do art. 5º do DL 200.
Que não existe mais a fundação pública de direito privado, porque a CF só trabalha ao lado da
direta e da autárquica que são pessoas de direito público. Raciocínio correto!

Veio uma nova ordem, e toda hora que eu vejo a CF falando em fundação, ela está ao
lado da autárquica e da direta. E você tem alguma dúvida quanto a personalidade jurídica da
administração direta, do ente da federação, da autarquia? Ninguém tem, sempre foram pessoas
de direito público.

Então, se a fundação veio para o lado de cá, ela só existe agora na versão fundação
autárquica. Pode inverter se quiser, autarquia fundacional, o nome que você quiser. Isto é,
fundação pública de direito público é sinônimo de autarquia.

Por isso que eu falei que podia ter colocado aqui apenas entidades autárquicas, que a
fundação pública de direito público já estaria, mas eu pontuo, por quê? Porque é uma trilogia
muito comum: direta, autárquica e fundacional.

Agora, um detalhe: A posição do Celso Antônio, entendendo que o inc. IV do art. 5º do


DL 200 não foi recepcionado pela CF ficou minoritária. Apesar de ser o rei, não contaminou a
maioria da doutrina. E a maioria da doutrina entendeu que nós passamos com a CF a ter a
variação.

Tanto faz! O Governo quer criar uma fundação pública? Qual? A de direito privado ou a
de direito público? A escolha é do Governo. A CF não matou a existência da fundação pública de
direito privado. É a posição majoritária e que exige de você, então, um estudo de como diferenciá-
la, já que ambas estão aí.

Agora, vejam que ainda nesse quadro introdutório vamos trazer uma informação que
também responde uma tonelada de questões de concursos públicos.

 REGIME DE CONTRATAÇÃO NO PRIMEIRO SETOR:

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Qual é o regime de contratação do pessoal das pessoas de direito privado e das


pessoas de direito público?

E aí, nós vamos achar a primeira diferença entre elas, porque é bem provável. Olha
aqui, eu tenho dois grupos, e é bem provável que eu tenha duas respostas, uma para cada uma. E
é isso mesmo! Só que tem que tomar cuidado que com a Emenda 19/1998, essa resposta deu uma
balançada. Então, nós temos que tomar muito cuidado.

Eu vou começar a pergunta: Qual é o regime de contratação de pessoal lá naquele


grupo menor, das pessoas de direito privado? Quem trabalha numa estatal é celetista ou
estatutário? Quem trabalha numa fundação pública de direito privado é celetista ou estatutário?
Essa é a questão!

Em relação a estatal, a resposta é fácil porque a CF responde no art. 173, §1º, II. Então,
não tem discussão, não é posição doutrinária, é imposição constitucional.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade


de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, dispondo sobre: (...);

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive


quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
(...).

“Sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas”: Bastava isso, e eu já


saberia que são celetistas. Mas, ele insiste: “(...) inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, – atenção que esses dois vieram com a Emenda 19/88 – trabalhistas e tributários.
“Trabalhistas”, ou seja, vai ter o mesmo tratamento dado às empresas privadas, inclusive o regime
trabalhista (CLT).

E olha, não foi novidade, sempre foi assim, não foi inovação constitucional, pois as

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estatais sempre trabalharam com o regime da CLT.

Tivemos uma novidade! Qual foi a novidade em relação a contratação do celetista pela
estatal? A novidade foi a forma, ou seja, para contratar o celetista tem que fazer concurso público.
Não tinha isso. Antes de 1988 não tinha não. Era o caminho do trem da alegria. Eles não gostam de
falar, mas era. Não tinha concurso, então nomeava-se quem quisesse, quem o Presidente
mandasse. Era assim o caminho do trem da alegria. Incomoda quando alguns ouvem isso, mas é
fato, pois se não tinha impessoalidade eu vou falar o quê?! Mas agora é obrigatório. Então, a
novidade está no art. 37, II, da CF. Vamos lá, olha o art. 37, II, quando ele pede o concurso ele
pede para o cargo que sempre existiu, mas olha a novidade:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...);

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração; (...).

Atenção! Na iniciativa privada é emprego privado. Nossa querida Jana, funcionária


aqui, é emprego privado. Isso aqui é uma associação, é uma pessoa jurídica de direito privado, não
tem concurso para ser contratada. A empresa privada contrata a hora que quiser, demite a hora
que quiser.

Agora, empresa pública e sociedade de economia mista é emprego público, faz


concurso e vira celetista. E se ele vira celetista, nada de estabilidade funcional. E ele além de
celetista, vai ter FGTS e vai se aposentar no RGPS. A única diferença é que ele fez concurso para
ter impessoalidade, já que está na Administração Pública indireta.

Mas depois de ter feito concurso, eu vou assinar carteira de trabalho, o senhor vai ter
FGTS, e vai se aposentar no INSS, no Regime Geral de Previdência Social. A peculiaridade é o
concurso público.

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Então, quem trabalha no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, no BNDES, na


Eletrobrás, na Petrobrás, é celetista concursado, tem FGTS e vai se aposentar no INSS (RGPS). E
não é doutrina, é previsão constitucional, não tem o que discutir.

Agora, onde está escrito que a fundação pública de direito privado terá a mesma
regra? Aí é o problema! Em lugar nenhum! Porque a CF não versou sobre a fundação pública de
direito privado. O Celso Antônio tem razão, só tratou a fundação pública como pessoa de direito
público.

Então, eu não acho na CF a resposta como está para a estatal (art. 173, §1º, II). Não
tem isso para a fundação pública de direito privado.

Então, atenção! Sempre, isso é uma regra que você tem que cumprir como candidato,
sempre que você puder trazer uma norma para mostrar para o examinador que a sua resposta
está certa, você tem que trazer. Para a estatal eu consegui trazer a CF, mas não tem nada na CF
para a fundação. Então, eu pergunto: E na legislação infraconstitucional, será que tem?

Olha, também é difícil, porque eu vou lhe dizer o seguinte: A posição do Celso Antônio
foi minoritária, mas o rei não erra, o rei acertou na mosca, e não sobrou nenhuma do lado de cá
para contar história, e já te explico o porquê.

Só que o que acontece? Em 2012, o governo federal resgata a fundação pública de


direito privado, o que eu não via há muito tempo. E olha, não é uma fundação qualquer não, é
tema de momento, é tema de reforma da previdência.

O governo federal regulamenta a previdência complementar e cria uma tal de


FUNPRESP. Vocês já ouviram falar: FUNPRESP é a fundação pública de direito privado que
administra a previdência complementar da União (Lei 12.618/2012). Infelizmente não tem na
compilação aqui da Saraiva – é um erro porque é uma legislação importante.

E no art. 4º, §1º, diz que essa FUNPRESP é fundação pública de direito privado.

Art. 4º É a União autorizada a criar, observado o disposto no art. 26 e no


art. 31, as seguintes entidades fechadas de previdência complementar,
com a finalidade de administrar e executar planos de benefícios de caráter
previdenciário nos termos das Leis Complementares nºs 108 e 109, de 29
de maio de 2001 :

I - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal

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do Poder Executivo (Funpresp-Exe), para os servidores públicos titulares de


cargo efetivo do Poder Executivo, por meio de ato do Presidente da
República;

II - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal


do Poder Legislativo (Funpresp-Leg), para os servidores públicos titulares
de cargo efetivo do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas da União e
para os membros deste Tribunal, por meio de ato conjunto dos Presidentes
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; e

III - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal


do Poder Judiciário (Funpresp-Jud), para os servidores públicos titulares de
cargo efetivo e para os membros do Poder Judiciário, por meio de ato do
Presidente do Supremo Tribunal Federal.

§ 1º A Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud serão estruturadas


na forma de fundação, de natureza pública, com personalidade jurídica de
direito privado, gozarão de autonomia administrativa, financeira e
gerencial e terão sede e foro no Distrito Federal.

§ 2º Por ato conjunto das autoridades competentes para a criação das


fundações previstas nos incisos I a III, poderá ser criada fundação que
contemple os servidores públicos de 2 (dois) ou dos 3 (três) Poderes.

§ 3º Consideram-se membros do Tribunal de Contas da União, para os


efeitos desta Lei, os Ministros, os Auditores de que trata o § 4º do art. 73
da Constituição Federal e os Subprocuradores-Gerais e Procuradores do
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União.

E atenção, fazendo um paralelo, o RJ, no mesmo ano, criou a RJPREV, Lei 6.243/2012 e
o art. 5º diz que a RJPREV é fundação pública de direito privado.

Art. 5.º Fica o Poder Executivo autorizado a criar entidade fechada de


previdência complementar, de natureza pública, denominada Fundação de
Previdência Complementar do Estado do Rio de Janeiro – RJPREV, com a
finalidade de administrar e executar plano de benefícios de caráter

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previdenciário complementar, nos termos das Leis Complementares


federais nºs 108 e 109, ambas de 29 de maio de 2001.

§ 1.º A RJPREV será estruturada na forma de fundação pública de direito


privado, gozará de autonomia administrativa, financeira e gerencial e terá
sede e foro na Capital do Estado do Rio de Janeiro.

§ 2.º A entidade criada na forma deste artigo submete-se à legislação sobre


licitação e contratos administrativos.

§ 3.º À exceção dos cargos considerados de livre nomeação, a contratação


de pessoal deve se dar por meio de concurso público de provas ou de
provas e títulos, na forma do art. 37, II, da Constituição da República
Federativa do Brasil.

§ 4.º O regime de pessoal da RJPREV será o previsto na legislação


trabalhista.

§ 5.º A criação de empregos e fixação dos quantitativos e dos salários será


definida em ato do Poder Executivo;

§6.º - A RJPREV deverá publicar, anualmente, na Imprensa Oficial do Estado


e em sítio oficial da administração pública, os seus demonstrativos
contábeis, atuariais, financeiros e de benefícios, sem prejuízo do
fornecimento de informações aos participantes e assistidos do plano de
benefícios previdenciários complementares, ao órgão regulador e
fiscalizador das entidades fechadas de previdência complementar, na
forma das Leis Complementares federais nºs 108 e a 109, ambas de 29 de
maio de 2001, e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ao
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e ao Ministério Público.

§ 7º - A RJPREV será fiscalizada pela Assembleia Legislativa do Estado do


Rio de Janeiro, Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Ministério
Público e pelos órgãos fiscalizadores de Previdência fechada.

Portanto, a União e o Estado do Rio já têm sua previdência complementar, e como isso
muda a vida do servidor.

E vou dizer mais, para você desistir logo, porque é triste ouvir isso, a Emenda 20/1998

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acabou com a diferença entre vitalício, leia-se MP e Magistratura, com estável para fins de
aposentadoria. Desde a Emenda 20, a regra é a mesma. E com a criação da previdência
complementar, você passa no serviço público a pagar o teto do INSS, isto é, quem entrou pós-
efetivação da FUNPRESP vai ter que tomar cuidado com um pequeno detalhe: Não é a data da lei,
é a instituição estar criada, aprovada e abrindo as suas portas. Isso demora mais ou menos um
ano, não tenho a data precisa que a porta se abriu da FUNPRESP e do RJPRE, mas eu diria que em
2013 ela começou a funcionar.

Então, todo e qualquer servidor público da União e do Estado, quer vitalício, quer
estável, que ingressou no serviço público depois de 2013 vai se aposentar com R$6.800,00. O
integrante do MP ganhando R$39.000,00 de verba remuneratória, e muito mais com as verbas
indenizatórias, mas ao se aposentar, vai se aposentar com R$5.800,00. É regra constitucional, não
tem para onde correr. Confirmem isso no §14 do art. 40 da CF, que regula a previdência
complementar.

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...).

§14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que


instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos
servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata
este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201.

Então, se você está aqui dentro dessa sala de aula, você ainda não passou, quer dizer,
então, que quando você entrar já tem isso. Você vai se aposentar com R$5.800,00. “Poxa, mas e o
meu padrão de vida, o que eu faço?”. Previdência complementar! Vou presumir que você não vai
querer esse baque enorme.

Olha, quanto ao MP/RJ, eu não tenho essa média, mas a Folha de São Paulo trouxe que
o MP/SP tem uma média é R$60.000,00 por mês. De R$60.000,00 por mês, provavelmente mais,

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vai passar a ganhar R$5.800,00.

Aí, o que eu vou pensar?! Que eu não quero isso! Com R$5.800,00 eu vou comprar
remédio e olhe lá, aquela choradeira toda, enfim. Então, você vai para a previdência
complementar, entra lá, escolhe o plano. “Ah, eu quero mais 10 mil por mês”. Aí, você vai
contribuir, de novo, para esse plano, e vai se aposentar hoje igualzinho o cara da estatal. O cara
que está aposentado na Petrobrás ganha R$5.800,00 pelo INSS e ganha mais uns R$12.000,00 pela
PETRUS, previdência complementar da estatal.

O que já acontece na estatal, vai acontecer agora com todo e qualquer servidor
público, sabe por quê? Porque a PEC do Temer 287/2017 e a PEC do Bolsonaro 6/2018 estão
obrigando a todos criar a previdência complementar. Estão obrigando! O município do RJ não
criou ainda, mas vai passar a ser obrigado. Tem um prazo de dois anos para que todos os entes
criem a previdência complementar, e aí iguala, ou seja, todo e qualquer trabalhador no Brasil terá
o mesmo teto, o mesmo do INSS, quer estatutário, vitalício ou estável, quer o celetista.

E é verdade, o Temer falava isso: “Vamos igualar a aposentadoria”. Está previsto lá na


PEC 287 do Temer, e também na do Bolsonaro. “Obrigo a vocês da Federação a criar uma
previdência complementar”.

Por isso olha aí, a prova da PGM pode ser uma das últimas alternativas de fugir disso,
porque vai entrar antes do município criar a previdência complementar, se é que ela virá esse ano.
O município está falido, e se bobear daqui a pouco sem prefeito, se é que já não está.

Então, vejam que o negócio é muito interessante, e você está fazendo esse esforço
todo para se aposentar com R$5.800,00. Mas não se esqueça, a aposentadoria está lá longe. Você
vai ganhar uma média de R$60.000,00 por mês, mas pode até ganhar mais com as verbas
indenizatórias que não tem limites. Aí, dá para guardar bastante dinheiro. Além de ser um dos
grandes órgãos da República, MP e Magistratura, ainda paga muito bem. Então, não fique inibido
com essa aposentadoria reduzida, porque você tem a previdência complementar.

Agora, você não é obrigado a ir na previdência complementar, você pode confiar mais
no Banco Itaú, então, vai lá fazer um plano de previdência no Banco Itaú. A pergunta é: O Banco
Itaú vai estar aí daqui a 30 anos? Esse que é o problema.

Estão lembrados do Lehman Brother2 lá em 2008, com a crise econômica? Obama


2
Lehman Brothers Holdings Inc. foi um banco de investimento e provedor de outros serviços financeiros, com atuação
global, sediado em Nova Iorque. Era uma empresa global de serviços financeiros que, até declarar falência em 2008,
fez negócios no ramo de investimentos de capital venda em renda fixa, negociação, gestão de investimento.

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deixou morrer, tinha plano de previdência do Lehman Brother. Muita gente se jogou na frente do
metrô de Nova Iorque. Por quê? Porque acabou. E ainda deixou ser liquidado. Esse é o grande
problema! Daqui a 30 anos sei lá o que vai acontecer. Aí, é que eu acho que é seguro olhar para a
RJPRE e para a FUNPRESP, porque são fundações.

DICA!!! Cuidado com o que eu vou falar, ninguém diz isso, deixa embaixo da manga,
não diga de graça. Eu penso que se a entidade da indireta for liquidada, eu tenho responsabilidade
subsidiária da direta. Olha que tese interessante! Então, se ela for liquidada, eu vou morder o
orçamento, e meu dinheirinho vai voltar. E sabe quem vai dar isso? O magistrado julgando a sua
ação que vai se beneficiar com essa jurisprudência, quer dizer, então eu tenho mais convicção
ainda que é o que vai acontecer.

Aí, eu lhe digo que é mais seguro escolher uma FUNPRESP do que um Banco Itaú, do
que um Banco Bradesco, porque talvez tenha essa carta na manga: uma responsabilidade
subsidiária caso ela venha a ser liquidada daqui a 30, 40 anos, quando você precisar dela.

Pergunta da aluna: Mas no caso da Postalis3 essa tese não colou, correto? Tiveram que
ratear o prejuízo entre os contribuintes, inclusive aposentados.

Resposta do professor: É, mas o Postalis você tem que tomar cuidado.


Responsabilidade subsidiária é uma coisa, cobrir déficit enquanto ela está viva é outra. A Postalis
não foi liquidada, ela está em prejuízo. Então, o governo não vai botar dinheiro na FUNPRESP. Eu
estou dizendo o seguinte: A FUNPRESP foi liquidada, ela morreu, aí o controlador pode ser
chamado. É diferente do que está em dificuldade.

Pergunta da aluna: Você falou que essa fundação FUNPRESP é pessoa jurídica de
direito privado, mas §15 do art. 40 fala que elas têm que ser entidade pública...

Resposta do professor: Pública de direito privado. Esse é o truque. Não é uma pessoa
de direito público, mas é uma entidade pública de direito privado. Está resolvido o problema.
Realmente os §§14, 15 e 16 da CF pede uma entidade pública, mas nada impede que a
personalidade seja de direito privado, que é o caso.

Então, olha aqui, fechamos a primeira parte. Qual o regime de contratação das pessoas

3
O Postalis é um fundo de pensão que gerencia a previdência complementar dos funcionários dos Correios. Ele foi
criado em 26 de fevereiro de 1981, para garantir aos empregados dos Correios benefícios previdenciários
complementares aos da Previdência oficial. Desde 2013, o Postalis tem sido alvo de investigações por denúncia de má
aplicação de recursos das contribuições dos empregados. Segundo a Polícia Federal, a má gestão dos recursos e os
desvios investigados geraram déficit de aproximadamente 6 bilhões de reais.

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jurídicas de direito privado? É o regime da CLT, regime trabalhista com concurso.

Se você for aqui na Lei da FUNPRESP, o art. 7º pede o concurso público, para você ser
celetista da FUNPRESP.

Art. 7º. O regime jurídico de pessoal das entidades fechadas de previdência


complementar referidas no art. 4º desta Lei será o previsto na legislação
trabalhista.

Na lei do Estado está tudo nos parágrafos do art. 5º. A lei do Estado é até mais
organizada do que a lei federal nesse particular, pois está tudo no art. 5º, onde se diz que a
fundação pública é de direito privado, diz que o pessoal é celetista, diz que o acesso é via
concurso. Na Lei da FUNPRESP tem uma parte no art. 4º, outra no art. 7º, mas se procurar vai
achar.

Então, para as pessoas de direito privado, o regime de contratação é o regime da CLT


com concurso.

Intervalo

PARTE 2 DO ÁUDIO

Agora, vamos trazer o regime de contratação das pessoas jurídicas de direito público,
aquelas que naturalmente esperamos encontrar na Administração Pública, e vamos encontrar o
tradicional regime do cargo público. E esse regime do cargo público, a expressão vulgar, é o
regime estatutário, que é o regime tradicional das pessoas de direito público.

Para confirmar isso, você precisa analisar três momentos:

1º) CF/88, especialmente art. 39, famoso regime jurídico único;

2º) Emenda Constitucional 19/98;

3º) ADIN 2135/2000.

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São três momentos que você precisa dominar para saber explicar ao examinador
porque as pessoas de direito público direta, autárquica e fundacional – fundacional leia-se
fundação pública de direito público – tem o regime do cargo público.

Então, vamos lá! Em 1988, surge uma nova ordem constitucional, onde o congressista
constituinte – não foi uma Assembleia Constituinte, mas o Congresso eleito é que fez a
Constituição – olha para a direta, autárquica e fundacional e fala assim: “Mas que bagunça, que
zona, olha, tem concursado de cargo público, tem celetista sem concurso fazendo a mesma coisa,
uma mesa do lado do outro no mesmo Ministério”. Isso sem contar a criatividade com outros
regimes mirabolantes, mas, normalmente, celetista de um lado sem concurso, que o povão
chamava de “janelista” ou “paraquedista” porque não fez concurso. Esse era o famoso apelido da
população, que você jamais traz para a prova, nem entre aspas, pois você é bacharel e não pode
brincar com isso em concurso público, “laranja”, enfim, nada disso. Então, você coloca celetista
sem concurso, e ao lado dele estava o estatutário concursado na direta, autárquica e fundacional.

Aí, veio a nova ordem e disse: “Chega, eu quero (art. 39) um regime só, um regime
jurídico único. Vamos ler a redação original do art. 39, que já adianto, está resgatada em razão do
terceiro momento da ADIN 2135.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão,


no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)

Se a sua CF está com outra redação é por isso que essa história toda é importante para
você entender. A redação que ela apresenta agora é diferente da EC 19 que caiu com a ADIN 2135.

Então, entendendo essa história aqui, você vai perceber porque cada editora fez a
opção de como tratar o tema. Essa redação que eu li é original e afirmo: Hoje está valendo! Ele
olhou para a direta, autárquica e fundacional, e disse: “Eu quero um regime só, chega dessa
bagunça”.

Detalhe importantíssimo: Ele não elegeu o regime, ele pediu um regime só. Pergunta:
Direta, autárquica e fundacional poderiam ter escolhido o regime celetista para todo mundo?
Nesse contexto sim.

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E olha, 40% dos municípios brasileiros assim fizeram. Fato! Optaram por um regime
único da CLT. Não vi nenhum estado fazer isso, nem a União. O que eu vi, seguindo o modelo da
União, clássico exemplo da União, criou-se o regime único com base no cargo público e a nossa
famosa Lei 8.112/90.

O estado do RJ criou a Lei 1.698/90. Desconhecidíssima, por quê? Porque essa lei tem
oito ou nove artigos e diz assim: “Olha, não estou a fim de fazer uma lei nova. Faz o seguinte: O
regime único do Rio é o estatutário, e continua sendo o DL 220/75 e seu Decreto Regulamentar
2479/79. É o regime único do Estado do Rio: estatutário. É uma tragédia, pois a legislação é da
década de 70, totalmente defasada com a CF/88. Se você pega hoje o DL 220/75 tem artigo
dizendo que governador pode fazer prisão civil de subalterno, e pode delegar secretário de
Estado, quer dizer, é uma coisa horrorosa, pois ninguém atualiza. Está lá, é uma pena, por isso que
é ruim estudar servidor público.

Agora, se você faz concurso aí para analista do MP, analista da Defensoria Pública, essa
é a legislação que vai regular o analista, porque é o servidor do estado. Não é a Lei 8.112/90, pois
essa lei é só para o servidor público federal.

E seguindo a nossa trilogia aqui, o nosso município do Rio fez a mesma coisa que o
legislador estadual, ou seja, fez uma lei pequena (Lei 2008/93) que manteve em vigor a Lei 94/79,
que é a lei municipal, estatuto do servidor.

Essa lei, quem há pouco fez o concurso de analista do TCM, pagando quase 11 mil
reais, teve que estudar essa lei, porque esse é o estatuto do analista do TCM, que é o órgão do
município. É o regime único do município do Rio.

Cada ente da federação criou o seu regime único, e é por isso que cada ente que cria o
seu regime único, também cria o seu regime próprio de previdência. O servidor da União se
aposenta na União, o servidor do estado se aposenta no estado, o servidor do município se
aposenta no regime próprio de previdência social de cada município.

Então, eu optei, na maioria dos casos, nos três entes que nos interessam, para o
regime único estatutário. Pós-88, nós unificamos a contratação da direta, autárquica, fundacional
com base no regime estatutário.

DICA!!!! Atenção! Não vou poder explicar isso, mas eu faço uma indicação. Como o
tempo já passou, a pergunta é válida, mas, enfim, meio fora de momento. Mas a pergunta é:
“Doutor, eu tinha celetista sem concurso e estatutário concursado. Maravilha! Optamos pelo
regime estatutário. E o que aconteceu com o celetista sem concurso ao criar o regime único
estatutário?”.

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Olha, a pergunta é interessantíssima, veja a pergunta é meio fora de moda, essa


pergunta era lá em 1988 com a CF pedindo o regime. Você vai achar essa resposta no art. 19 do
ADCT. Então, é um indicativo de estudo.

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das
fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição,
há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos
na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no
serviço público.

§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado


como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na
forma da lei.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções


e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de
livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins
do "caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor.

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior,


nos termos da lei.

Cuidado que ninguém cumpriu o art. 19 do ADCT, mas oficialmente é a resposta. Nossa
Constituição, nosso país, é estranho, tem lei que não pega, tem artigo constitucional que ninguém
cumpre, faz parte, mas a resposta oficial está lá.

Vocês já estudaram isso? “Servidor celetista com mais de cinco anos ganhou
estabilidade, fez concurso e virou estatutário. Com menos de cinco anos, tchau e benção!”. É o
que está escrito lá no art. 19 do ADCT.

Ninguém foi mandado embora, todo mundo virou estatutário sem concurso, uma
festa, porque não é qualquer um que ganha bilhete azul do trem da alegria, não é verdade?! É o
pé rapado que ganha bilhete do trem da alegria?! Não é! Tem que ter padrinho quente, senador,
ex-governador. Vai brigar com padrinho quente?! Não vai! Estão lembrados daquele senador da
serra elétrica?” Vai, corta ele aí!”. É isso aí! Vai brigar com esse cara?! De jeito nenhum!

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Então, ficou todo mundo, nada aconteceu, foi uma vergonha total, ninguém cumpriu a
CF. Mas para concurso você não conta a história verdadeira, você vai lá no art. 19 do ADCT e vai
transcrever aquilo lá.

Aí, vem a prova oral: “Foi isso que aconteceu, Doutor?”. Bom, aí já é outra história. Por
isso eu falo que vocês têm que acumular conhecimento, porque na prova oral o cara pode
perguntar: “Entendi, o senhor acertou! É o art. 19. Agora, alguém cumpriu o art. 19?”. A resposta
é: Ninguém! Ninguém cumpriu o art. 19.

A história é cumprida, não dá para trabalhar isso aqui, apostando, que como já é bem
antiga, o cara não vai ressuscitar essa questão, mas se ressuscitar o caminho é o art. 19 do ADCT.

Muito bem! Aí, vem a Emenda Constitucional 19 e propõe o fim do regime jurídico
único. Quer dizer, deu tão certo, foi tão moralizador, que o governo não aguentou. Foi uma onda
moralizadora muito grande, e o governo FHC, não esquecendo de dar nomes, PSDB, propõe a EC
19 pedindo o fim do regime único e o fim do concurso para o emprego. Olha que beleza!

Isto é, pensa bem, voltaram ao que era antes. Exatamente! Voltaram com a bagunça
anterior porque foi muito moralizador. “A galera está reclamando, domingão lá todo mundo
desempregado, tendo que dar dinheiro, está chato. Como é que eu vou enfiar essa gente inútil
para dentro via trem da alegria, se não tem mais trem da alegria?”. Ficou complicado! “Vai fazer
concurso!”. “Você acha que está falando com quem, é meu sobrinho, que concurso o quê”. “Mas,
doutor não tem jeito e tal”.

Solução! Modificar a Constituição. Lamentável! Agora, o mais interessante foi o que


aconteceu: A EC 19 não conseguiu acabar com o regime único, e isso vocês têm que tomar um
cuidado porque foi muito mal interpretado.

ALERTA!!! Por exemplo, com todo o respeito, mas discordando, o professor José dos
Santos Carvalho Filho escreve no livro dele que a EC 19 aboliu o regime jurídico único. Isso não é
verdade! Ele não foi abolido, ele não foi extinto.

Vejam a redação que ficou para o art. 39 com a EC 19:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)

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É isso o que ficou no lugar! Aí, eu pergunto: Mas onde está o regime único? Sumiu.
Então, acabou? Não! Deixou de ser obrigatório, é bem diferente, isto é, “Quer continuar com o
regime jurídico único ente da Federação? Continua!”. A CF não fala mais nada. Ela não obriga
mais, mas também não extinguiu, também não proibiu.

“Quer acabar com o regime único, ente da Federação? Acaba, ela não obriga mais”.
Veja a redação aqui no lugar. Nem regime único é citado mais.

Então, o impacto da EC 19 foi o seguinte: “Ente da Federação, faça o que você quiser, a
matéria agora é infraconstitucional, eu não estou obrigando mais nada. Antes eu obrigava, você
tinha que ter regime único. Agora, com a EC 19, eu não obrigo mais, faz o que você quiser”.

E vou te dar um exemplo: A União acabou com o seu regime único, o estado do RJ não,
e ambos estão de acordo com a CF, com a redação dada pela EC 19, porque ela não aboliu, ela não
extinguiu e ela não obriga mais. Ela não fala mais sobre o assunto, foi isso o que aconteceu. O
assunto deixou de ser constitucional.

Então, a União, nesse meio tempo, cria uma lei que nunca saiu do papel, mas ela foi
publicada, que é a Lei 9.962/2000. A Lei 8.112/90 era do estatutário e a Lei 9.962/2000 era para o
celetista. E isso tudo da direta, autárquica e fundacional, das pessoas de direito público.

Agora, olha que interessante, veja a data dessa lei quando morre o regime único da
União: 2000. A EC 19 é 1998. A EC 19 aboliu o regime único? Não! O regime único não morreu
porque quando a EC 19 foi publicada, o regime púnico deixa de ser obrigatório, e o ente da
Federação resolveu acabar com ele em 2000 fazendo a Lei 9.962/2000. Foi o que aconteceu!

Então, a data prova que o regime único não morreu na União com a EC 19/98. O
regime único morreu na União com a publicação da Lei 9.962/2000.

Mas, atenção! Olha o jogo de datas! Essa lei é de fevereiro de 2000, foi uma
convocação extraordinária do Congresso que gerou essa lei. A ADIN é de janeiro de 2000. O que
aconteceu? É uma história grande, eu vou ter que resumir. O PT, oposição ao governo FHC,
conseguiu impedir que ele aprovasse o fim do regime único. Então, o PT apresentou um destaque
para salvar o regime único e é essa redação que eu li há pouco, isto é, o PT só esqueceu de
escrever regime jurídico único para salvar o regime jurídico único.

Lamentável! Olha, você conseguiu o mais difícil que é derrubar o governo FHC no voto,
que era um governo super sólido no Congresso, era o PFL hoje DEM, e o PSDB com maioria total.

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Aí, quando derruba, toma a caneta aí, escreve, faz um destaque para salvar o regime único, e o
cara só esqueceu de escrever regime jurídico único. Lamentável!

Não sei se estão lembrados, o governo perdeu a votação e saiu comemorando, a


oposição ganhou a votação e também saiu comemorando. O Bonner não entendeu nada! “Meu
Deus e agora, o que está acontecendo?!”. E aí chamou o Franklin Martins, cara inteligentíssimo –
“sumidão”, eu queria até ouvir a opinião dele lá do golpe/impeachment, impeachment/golpe, até
hoje não vi, um cara muito inteligente, sumiu, mas na época ele era o comentarista da Globo – e
ele falou o seguinte: “Olha, também não estou entendendo”. Foi a maior sinceridade, ninguém
está entendendo nada. Tiveram que esperar um dia para entender e explicar.

Aí, o cara explicou isso: “O governo perdeu e saiu ganhando, porque sumiu a obrigação
do regime único, e é só fazer uma lei ordinária que ele acaba. E a oposição está comemorando à
toa, porque ganhou no voto, mas esqueceu de escrever regime único”. Foi isso, lamentável!

Só que aí entra em ação o Celso Antônio Bandeira de Mello. Fato! Ele liga para o PT –
Celso Antônio tem uma ligação histórica com o PT – e passa o sabão: “Poxa, nem para me mandar
aqui para eu fazer a redação do artigo, e vocês me escrevem essa porcaria”. “Ah, Professor, foi mal
e tal. Mas por que o senhor está ligando, só para dar bronca?”. “Não! Tem jeito! Sabe essa
porcaria de redação que vocês fizeram?! Não voltou para uma das Casas para ser aprovado, ou
seja, desrespeitou o processo de elaboração de emenda. É vício formal na aprovação do destaque
do art. 39”. “E o que isso tem a ver, professor?”. “Vamos impetrar a ADIN!”. Aí, o PT impetra a
ADIN contra o destaque que ele mesmo escreveu. Sensacional!

Aí, eles impetraram uma ADIN, que veio a ser a ADIN 2135/2000, e a lei vem em
fevereiro. O governo viu a ADIN: “Ihhhh! Ferrou! Os caras têm razão, realmente não voltou para
uma das Casas. E agora?”. Aí, eles mandaram não contratar ninguém aqui com base nessa lei.
Graças a Deus! Porque ia ser uma confusão danada. Não contrataram, mas a lei veio. Então,
oficialmente, na União quebrou-se o regime único em 2000. Se essa lei saiu do papel é outra
história. Mas, eles seguraram a contratação dessa gente porque quando viram a ADIN viram que
não ia dar certo.

Só que essa ADIN mostrou a falência do Poder Judiciário porque a liminar foi conferida
apenas em agosto de 2007. E é liminar até hoje! Tem livro que fala que é mérito, demorou tanto,
eu até desculpo o cara, eu também pensaria que ela é mérito, mas tem que ver com atenção, é
liminar. “Poxa, mas mais de sete anos para dar uma liminar?”. Sim, mais de sete anos. E mais: 8 x
3. E apesar de ser o normal, foram bem claros em afirmar efeito ex nunc. “Demoramos tanto que
não vamos desfazer o que foi feito nesse período”.

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Agora, muita atenção! Neri da Silveira, já aposentado, foi o relator, e recebeu a ADIN e
fez um contato com o Parlamento. “Olha, estão falando aí que vocês falharam na aprovação do
art. 39. Quero uma opinião de vocês”. E eles devolvem dizendo: “Realmente, o cara tem razão,
pisamos na bola, não voltou para uma das Casas para ser votado”. Então, o mais interessante é
frisar que o Congresso reconheceu.

Atenção! A ADIN não questiona toda a EC 19. A ADIN questiona só o art. 39 da CF com
a redação dada pela Emenda. A ADIN não questiona toda a Emenda, está questionando só o
destaque do art. 39, e o Congresso disse que realmente falhou.

Aí, o Neri da Silveira vota favorável a dar a liminar. Aí, a Ellen Gracie pediu vistas,
demorou dois anos para devolver, e devolveu em 2002 o processo. Poxa! Dois anos para fazer o
que num vício formal já reconhecido pela Casa?! Eu não consigo entender isso, mas devolveu, e
pelo menos disse que realmente foi vício formal, e votou favorável. Vocês estão rindo? Três
acharam que não teve. Eu vou chegar lá com a argumentação, é bem interessante.

Aí, o Sepúlveda Pertence pegou, não precisou nem pedir vistas: 3 x 0 contra a redação
da EC 19. Mas era 2002! E gostando ou não, em 2002 aconteceu um fato histórico mundial no
Brasil: um torneiro mecânico virou Presidente da República. Não é comum trabalhador ser eleito
Presidente da República em lugar nenhum do planeta. Então, foi uma coisa sensacional! Chama a
atenção, gostando ou não. É fato, e você não pode negar a importância dessa data.

Aí, o que acontece? O PSDB, percebendo que ia dançar, que já estava mal o negócio, se
cai a EC 19, que era uma das bandeiras, aí ficava difícil. O que faz o PSDB na época?! Liga para o
líder do governo no STF, – não pode falar isso na prova nunca, jamais, e eu digo porque a mídia
falava na época, não estou inventando nada, e vou dar o nome – Ministro Nelson Jobim, e fala
assim: “Pede vista disso daí, essa liminar não pode sair antes das eleições”. Então, o Ministro
Nelson Jobim vai lá e pede vistas do processo. Sabe quando ele devolve?! Em 2006. Ele pediu
vistas em 2002, mas só devolveu em 2006.

Sabe por que ele devolveu em 2006?! Porque ele pediu aposentadoria, e quando você
pede aposentadoria você limpa a mesa, pega o retrato das crianças, da patroa, leva para casa, e de
repente: “Ih! Esse processo está aqui ainda. Nossa, e agora?”. “Devolve, você está indo embora”.
Aí, ele devolveu. Aí, atenção! O Ministro Nelson Jobim, um cara muito inteligente, – acho que às
vezes seduzido pelo lado negro da força e tal, não gosto muito de algumas posições dele não, mas
eu não nego que é um cara muito inteligente – devolveu dizendo que não houve vício formal.

Aí, eu fui ler o relatório dele. Eu tive que ler, pois até o Congresso falou que houve,
como é que o cara conseguiu enxergar que não houve?! E ele foi quase o pai da Constituição, ele e

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Ulisses Guimarães. Ele diz isso: “Eu, Ulisses Guimarães e Johnnie Walker fizemos vários artigos
aqui, inclusive em sessões secretas”. Estão lembrados disso? Já deu em várias reportagens que ele
mudou artigo da Constituição sem avisar ao Plenário. Ele fala isso: eu, Johnnie Walker e Ulisses. Só
o Johnnie Walker é testemunha, porque o Ulisses já se foi.

Então, o cara é bom, e aí eu fui ler o relatório, e o cara me convenceu. E eu fui verificar
e ele tem razão: O PT não redigiu uma redação, nem isso ele conseguiu fazer. O PT pegou o §6º e
jogou para o caput, e ele alega que o §6º foi votado duas vezes nas duas Casas, logo, se o
parágrafo virou só caput não precisava votar de novo. Uau!!!

Aí, no Direito Constitucional não se vai a tanto, não sei se o parágrafo virar caput tinha
que ser votado só porque virou caput. Mas, eu fui verificar e a redação era igualzinha. Realmente a
redação passou duas vezes pelas duas Casas. A diferença é que o §6º virou caput. E convenceu
mais dois outros ministros, pois foi 8 x 3 ao final. Mas, enfim, vem em agosto de 2007 liminar para
derrubar a redação dada ao art. 39 pela EC 19, considerando, então, a redação original válida
desde então.

Então, de agosto de 2007 para cá, a redação que você tem válida do art. 39 é a
original. Vamos ler de novo:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão,


no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)

Então, regime único volta a vigorar e a nossa divisão volta a ser radical: Pessoa de
direito público, o regime é estatutário; pessoa de direito privado, o regime é celetista, ambos via
concurso. Então, a divisão agora volta a ser radical com a ADIN 2135.

Assim, eu fecho a introdução da matéria “primeiro setor”. O que eu tenho que fazer
porque eu tenho só a aula de hoje para falar sobre o estado gerencial, é olhar agora para toda
essa estrutura e tentar pensar algumas informações.

Como vocês sonham com MP, eu quero aprofundar órgão público, porque o MP é um
órgão público e quero trazer algumas informações.

Agora, atenção! Essas informações, talvez, bem provável, vocês possam ter também

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nas aulas de Instituições do MP. Não sei se vai ser o Tenório que virá aqui, mas se for é um ótimo
professor, integrante da Casa. Se eu falar uma coisa e ele falar outra, fiquem com ele. Ele é da
Casa, ele conhece a lei orgânica do MP. Eu vou te dar uma visão do Direito Administrativo, não vou
te dar uma visão de quem é da Casa, ou seja, vou dar uma visão totalmente imparcial do Direito
Administrativo. Pode ter um certo conflito se você olhar a fundo a lei orgânica do MP e gerar
alguma controvérsia. Então, eu vou entrar aqui no órgão público.

Só para finalizar, eu queria chamar a sua atenção para o fato de que eu lhe dei a
principal diferença entre fundação pública de direito público para fundação pública de direito
privado, que é o regime de contratação. Numa eu tenho o regime da CLT e na outra eu tenho o
regime estatutário, somente com o retorno do regime jurídico único.

E foi isso que selou o fim da fundação pública de direito privado. Vocês estão
lembrados de que quando eu falei da previdência complementar, eu falei que ela resgatou a
fundação pública de direito privado, porque, pense bem, você está lá no trem da alegria, celetista
sem concurso, numa fundação pública de direito privado, e vem uma nova ordem constitucional e
você toma um susto porque um tal de Celso Antônio Bandeira de Mello está falando que não
existe mais o lugar onde você trabalha. Estão lembrados?! Celso Antônio falou que a CF não
recepcionou isso aqui. Aí, você fica: “Meu Deus, e agora?! Eu vou perder o emprego?”. “Não!
Espere aí, calma, o cara está falando lá outra coisa, sabe o que é?”. “Ah! Ele está falando que eu
fui transformado em fundação pública de direito público. Então, ainda existe! Eu não desapareci,
eu apenas virei de direito público”. Aí, você fica um pouco mais calmo, ninguém vai te mandar
embora. Mas, aí você vai para a casa, e as coisas vão entrando no lugar e de repente você: “Opa!
Se agora eu virei fundação pública de direito privado, então agora eu virei estatutário. Olha o trem
da alegria chegando no porto seguro, eu virei estatutário sem esforço nenhum”.

Aí, eu volto no dia seguinte dizendo: “O negócio é o seguinte: Tem um tal de Celso
Antônio aí dizendo que agora a gente é de direito público e sequer existe a de direito privado, e
pensa bem, se somos de direito público, estamos no regime único, somos estatutários”.

Todo mundo embarcou nessa! E foi assim: Plim!!! E ninguém criou caso. A última que
eu vi foi a FAETEC aqui no RJ. O Governo Garotinho fez uma lei: “A FAETEC agora é fundação
pública de direito público. O celetista lá encontrado agora é estatutário”.

Acabou, ponto! Foi o que aconteceu, por isso que o Celso Antônio acertou, ele não
tinha mais sequer exemplo de fundação pública de direito privado.

Por isso que a previdência complementar (FUNPRESP e RJPREV), são exemplos


importantes – primeiro porque o tema é importante, previdência complementar, está na ordem

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do dia, a reforma da previdência está vindo aí e vai mexer tanto com o regime geral tanto com o
regime próprio, ou seja, vai obrigar todo mundo ter previdência complementar – e segundo,
porque é a União que fez essa transformação, o Estado do Rio foi atrás, mas é uma lei federal.
Então, eu voltei a ter exemplo de fundação pública de direito privado, e isso pode resgatar o
interesse do examinador e fazer essa pergunta.

Agora, vamos lá para matar, desde criança pequena, quando me pedem diferença, eu
sei que eu tenho que chegar no mínimo a três – dê três “alguma coisa” – então, vamos lá, três
diferenças.

A primeira é o regime de pessoal, acho fundamental, essa é a grande questão. A


segunda diferença é quanto a lei criadora. Se você for no art. 37, XIX, CF, olha o que tem lá:

Art. 37, XIX. Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação;

Logo, vou concluir que a fundação pública de direito público é sinônimo de autarquia,
então, se autarquia é criada por lei específica, fundação pública de direito público é criada por lei
específica. Enquanto, que a fundação pública de direito privado é criada por lei autorizativa. A
segunda diferença, portanto, está no art. 37, XIX, da CF: lei específica para fundação pública de
direito público, porque é assim que eu crio uma autarquia, e a fundação pública de direto público
é espécie do gênero autarquia, por isso fundação autárquica, enquanto que a fundação pública de
direito privado está na segunda parte, lei autorizativa para empresa pública, sociedade de
economia mista e fundação.

Quer dizer, então, que fundação pública de direito privado é lei autorizativa. Está
vendendo bem essa diferença e está lá no art. 37, XIX, CF.

E para trazer uma terceira diferença – vejam que estou procurando sempre trazer
fundamento normativo para mostrar que não se está inventando nada – vou usar agora o CC, art.
98:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas

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jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja


qual for a pessoa a que pertencerem.

Então, fundação autárquica tem bem público, primeira parte do art. 98 do CC. E na
segunda parte, nós temos que todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem, então, o bem da fundação pública de direito privado é particular.

Posso até encontrar doutrina flexibilizando esse rigor do art. 98, mas está no art. 98,
eu estou usando o CC. Ele está dizendo que pessoa de direito público, o bem é público, e todos os
outros são particulares, seja lá a quem pertencer.

E eu aplico essa regra para a estatal. O bem da estatal é particular com base no art. 98.
Posso ter variação doutrinária questionando isso, mas eu estou me pautando pelo art. 98 do CC.

Olha aí, três diferenças entre a fundação pública de direito público (a fundação
autárquica) e a fundação pública de direito privado.

Muito bem! Com isso vamos lá para o órgão público.

Pergunta do aluno: INAUDÍVEL.

Resposta do professor: Da empresa pública prestadora de serviço público, autarquia...


Dando a ela imunidade tributária... Eles usam muito essa expressão, eu não gosto de “monopólio”,
eu não dou aula de Direito Econômico, mas a expressão “monopólio” é sempre muito perigosa.
Ele usa a palavra “monopólio”, você não está errado não. É constitucional, mas está no art. 177,
petróleo e energia nuclear. Pois é, mas é aquela história, não é o art. 171, mas é o art. 177. Tem
que tomar cuidado! O ideal é falar que ele exerce o serviço público com exclusividade. Fica mais
técnico! Ele fala monopólio, volto a insistir, mas não é técnico. O técnico é: Correios e telégrafos
prestam serviço público e não tem concorrente, presta serviço público por exclusividade.

DICA!!! O fato é: Toda estatal que presta serviço público, eles estão empurrando para
o lado do poder público; toda estatal que presta atividade econômica, eles estão empurrando para
o lado da iniciativa privada. Isso é uma ótima forma de você raciocinar uma questão de concurso
se você não souber.

Porque vejam, é mais ou menos o que eu estou falando aqui. Tem fundação pública de
direito público e fundação pública de direito privado; tem empresa estatal que presta atividade
econômica e tem empresa estatal que presta serviço público, e empresa estatal seja ela qual for.
Qualquer uma daquelas quatro que eu coloquei anteriormente, ora presta atividade econômica,

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ora presta serviço público.

E isso tem uma enorme diferença nas respostas, e normalmente a resposta é a


seguinte: Presta serviço público?! Vai para o lado do Poder Público, por isso que é empresa pública
prestadora de serviço público ou sociedade de economia mista prestadora de serviço público, eu
dou precatório, eu dou imunidade tributária, eu até chamo de espécie do gênero autarquia, e
normalmente com exclusividade, sem concorrente da iniciativa privada.

Agora, quando a estatal preta atividade econômica, aí você dá resposta da iniciativa


privada. É o que acontece lá na iniciativa privada. Quer uma confirmação disso para uma questão
muito interessante e fácil de enxergar na constituição?! Questão usual de concurso: Empregado
público concursado de uma empresa estatal, no exercício da função, causa danos a terceiros.
Vamos processar a empresa estatal. Doutor, qual a teoria que eu vou usar?”.

Sabe qual é a resposta?! “Depende!”. Eles adoram essa pergunta porque a resposta é
“depende”. Depende de quê? Depende do que ela faz, se ela presta serviço público eu vou aplicar
a teoria objetiva; se ela presta atividade econômica, eu vou aplicar a teoria subjetiva.

“Doutor, de onde é que o senhor tirou isso?”. Do art. 37, §6º, CF. Veja como ele
começa:

Art. 37, §6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Citou estatal? Não! Estatal é de direito privado. Mas, olha a sequência: “e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos”. De atividade econômica não está aqui, só de serviço
público. Continuando: “responderão pelos danos que seus agentes”. Teoria objetiva, não tem
culpa e dolo aqui, não tem elemento subjetivo culpa e dolo.

Olha só a confirmação do que eu estou falando: Presta atividade econômica? É uma


empresa privada como outra qualquer. Pela teoria subjetiva, a prova cabe a quem alega. Presta
serviço público? Aplica-se a mesma regra do Poder Público, ou seja, teoria objetiva para ela:
imunidade tributária, precatório e assim vai. Isso ajuda a responder questões que você não
domina, porque é uma visão geral. Eu posso até ter um detalhe aqui e outro acolá que mostra

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errado essa radicalização, mas ela está acontecendo.

Estatal que presta serviço público, você não sabe a resposta, faz assim: Se fosse a
União, o que eu responderia? Aí, você aplica a mesma resposta. Estatal que presta atividade
econômica, você não sabe a resposta, reformule e fala assim: Se fosse uma empresa privada, o
que eu responderia? Aplica-se a mesma regra porque a chance de acertar é enorme, porque é o
que vem de fato acontecendo, inclusive com o colega lá lembrando da decisão do STF aplicando a
espécie do gênero autarquia para estatal que presta serviço público.

6. ÓRGÃO PÚBLICO

A primeira informação que eu tenho que trazer é o que ele não é. É impressionante
como todo mundo começa a explicar órgão público dizendo o que ele não é, e é o que vou fazer
também, não vou ser diferente aqui.

Então, primeira informação, o órgão público não é uma pessoa jurídica. O órgão
público ESTÁ em uma pessoa jurídica. Ele não é, ele está, ele integra.

Claro que a gente olha sempre para o Executivo. Mas vale para os outros poderes, vale
para o MP, eu vou, claro, trazer o MP, mas vamos olhar primeiro para o Executivo que é o que
Direito Administrativo faz.

Presidência da República é pessoa jurídica? Não! Pessoa jurídica é a União. Presidência


da República é órgão público da pessoa jurídica União. Isso vale por simetria à governadoria do
estado, ao gabinete do prefeito. São órgãos da pessoa jurídica ente da Federação.

MP é pessoa jurídica? Não! TJ é pessoa jurídica? Não! A pessoa jurídica é o Estado do


Rio ou se for MPF, a União. Se for justiça federal, a União. São órgãos de um ente da Federação.
Por isso que eu falo: Nossos concursos todos miram um órgão público.

Polícia Civil é pessoa jurídica? Não! Pessoa jurídica é o estado. Polícia Civil é um órgão
da pessoa jurídica do Estado do Rio; Polícia Federal é um órgão da pessoa jurídica da União. Então,
órgão público não é pessoa jurídica.

Muito bem! Se ele não é pessoa jurídica, o que ele é? O MP já perguntou isso, se você
for pegar provas anteriores, a pergunta foi: “Qual é o conceito de órgão público? E qual a sua
classificação na escala governamental?” Essa é a classificação mais importante, porque traz o

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órgão independente que é o caso do MP, por isso que ele perguntou qual é a sua classificação na
escala governamental.

Então, o cara já perguntou: “Qual é o conceito de órgão público?”. Pergunta errada! O


candidato não dá conceito, o cara vai e me pergunta conceito?! Pior do que isso é perguntar a
natureza jurídica, porque aí eu nem sei o que o cara quer. Quando ele pergunta qual é a natureza
jurídica, eu vou ficar dez horas lá pensando o que eu respondo. O conceito pelo menos é mais
focado, mas eles adoram falar que candidato não faz doutrina, para que então pedir conceito.
Maldade! Mas, enfim.

Dê o conceito: “Não é um órgão público”. Isso é conceito? Eu vou ter que dar um jeito
de dizer o que é o órgão público. Para a nossa felicidade, não precisa mais apelar para a doutrina,
mas eu vou primeiro lembrar o saudoso rei Hely Lopes Meirelles:

Órgão público é o centro de competência. Brilhante! É isso aí, qualquer nomezinho,


menos pessoa jurídica. Órgão público é o centro de competência.

O saudoso Diogo de Figueiredo, sempre mais rebuscado, falava que órgão público é
uma universalidade reconhecida. Olha que lindo! Universalidade reconhecida. “Sábado, 4 horas da
tarde, eu já estou de saco cheio, e o cara vem com universalidade reconhecida”. Pelo amor de
Deus, não vá embora, a culpa não é minha, eu estou mostrando que qualquer coisa menos pessoa
jurídica. Qualquer coisa menos pessoa jurídica! Dê o nome que você quiser, não está errado o
Diogo de Figueiredo.

Agora, olha aqui, para a nossa felicidade, nós temos a Lei 9.784/99, uma lei que está
vendendo que é uma beleza em concurso: a lei geral de processo administrativo.

Essa lei resolve várias questões de ato, porque processo administrativo é uma
sequência de ato, então, essa lei resolve muita questão de ato administrativo. Veja o art. 1º, §2º:

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo


no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial,
à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos
fins da Administração.

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes


Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função
administrativa.

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§2º. Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração


direta e da estrutura da Administração indireta; (...).

Órgão, portanto, é uma unidade de atuação. Pergunto: Qual é a diferença de unidade


de atuação para centro de competência? Nenhuma. Então, está aí. Agora, essa aqui é mais fácil,
abro a lei e copio, não preciso guardar nada.

Agora, eu vou para a prova do MP e o cara pergunta o conceito de órgão e respondo


que é uma unidade de atuação. É pouco, claro que é pouco, tem que dar uma engordada aqui, e
nessa hora não olha para o lado. O pessoal olha para o lado, o cara todo empolgado na terceira
parte que ele escreveu, meu Deus! Não olha para o cara porque ele pode estar cometendo aquele
erro grosseiro que você jamais vai fazer. Ou seja, antes de falar o que é órgão público, ele acha
que vale à pena contar a história da República, e ela é grande, três páginas é pouco.

Agora, pensa bem, o examinador tem três mil provas para corrigir, ele te pergunta
uma coisa e você vem com esse papo: “Olha, antes de responder o que o senhor quer, eu gostaria
de falar da minha mãe”. Não! Pelo amor de Deus! Ele vai pegar sua prova e vai fazer assim: “Cadê,
onde é que ele começa a falar o que eu pedi?!”. Ele lá quer saber a história da República?! Quer
dizer, é um erro grosseiro que o candidato não pode cometer. Você não enrole o examinador
trazendo o que ele não quer ouvir, e se quer enrolar, enrola no meio.

DICA!!! Então, se você quiser, e isso vale para qualquer ramo do direito, engordar um
conceito, traga a origem, traga a gênese do negócio.

Veja que informação útil para o examinador: Como é que o órgão público é criado?!
Olha lá: uma unidade de atuação criada por lei, portaria, decreto, resolução. Como se cria um
órgão público: é uma informação útil. E a reposta está na CF, art. 48, caput e inc. XI:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da


República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
(...);

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração


pública; (...).

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Veja, sanção do Presidente, então, é lei, estou falando de lei. Agora, o inc. XI traz uma
redação infeliz, pois parece que Ministério não é órgão. Olha só, está faltando uma coisa, porque
diz lá “criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”, como se Ministérios
não fossem órgãos.

Claro que Ministério é um órgão! A redação correta seria: “criação e extinção de


Ministério e demais órgãos”. Aí sim ficaria legal, mas está aí com esse erro de redação. Não
interessa, está aqui no inc. XI do art. 48 como se cria órgão público, ou seja, por lei.

Logo, entenda-se em âmbito federal, por Medida Provisória. Olha aí, o Governo
Bolsonaro assume e edita a MP 870, que faz toda aquela reformulação ministerial, reduz a 17 ou
22 ministérios, enfim, eram 30 e tantos. Ministério é o quê? É um órgão.

E como é que eu crio? Via lei, e medida provisória tem força de lei. Não tenha dúvida, é
isso aí, tem que ter lei, e é a CF que está mandando.

DICA!!! E para fechar, o nosso saudoso Diogo de Figueiredo sempre falava isso, na
hora que você conceituar alguma coisa, dê sempre três informações. É a paranoia que temos
desde o primário: Dê sempre três pilares segurando qualquer conceito. O órgão público é uma
unidade de atuação criada por lei, e aí você traz uma doutrina que você já ouviu falar:
desconcentração. Todo mundo já estudou isso! O provão da Defensoria Pública perguntou assim:
“Doutor, qual é a diferença de descentralização para desconcentração?”. Moleza, doutrina básica.

E a resposta é a coisa mais simples do mundo, a resposta é o produto, é o resultado da


brincadeira. Descentralização aparece nova pessoa jurídica, então, criar um novo município é
descentralização, e eu posso até chamar de territorial, uma nova pessoa jurídica de direito público
política, um novo município. Criar uma autarquia é descentralização, uma nova pessoa jurídica.
Agora, ao criar um órgão público, dá para falar em descentralização? Não! O órgão público não é
pessoa jurídica, então, eu tive que inventar o par da descentralização: desconcentração.

Então, olha aí, o que é órgão público? Unidade de atuação, criada por lei, através de
uma desconcentração. Acabou, ótimo conceito. Três partes básicas e você tem um bom conceito.

Quer florear um pouco? Qualquer conceito no Direito Administrativo termina com


“para melhor atender o interesse público ou algo do gênero”, porque é o objetivo do Direito
Administrativo. Pronto!

Então, órgão público é uma unidade de atuação criada por lei por força de um

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processo de desconcentração.

Classificação:

Qual é a classificação do órgão público? O saudoso Hely me dava três classificações,


mas eu vou trabalhar só uma, que foi, inclusive, a pedida no MP. O MP usou a expressão quanto a
escala governamental.

Mas, a doutrina é até mais pontual, pois ela fala quanto a hierarquia. Dá na mesma,
concordam?! Hierarquia dá uma ideia de escala, tem lá sequência de quem manda, subalterno e
tal. É a mesma coisa: quanto a escala governamental ou quanto a hierarquia.

E nós temos quatro órgãos públicos dentro dessa classificação, e nos interessa o
primeiro lá no topo da pirâmide, o órgão público independente.

Então, classificação do órgão público quanto a hierarquia ou escala governamental:

1) Órgão público independente;

2) Órgão público autônomo;

3) Órgão público superior;

4) Órgão público subalterno.

Tirando o subalterno, que não nos interessa no nosso universo jurídico, eu chamaria a
sua atenção, para você ter uma ideia básica, e todo mundo vai conhecer essa trilogia: Presidência
da República, Ministério da Economia e Secretaria da Receita Federal.

Presidência da República é órgão independente; Ministério da Economia é órgão


autônomo; Secretaria da Receita Federal é órgão superior. Está aí a classificação hierárquica.

Todo mundo declara o Imposto de Renda, Secretaria da Receita Federal, que é um


órgão superior vinculado a um órgão autônomo, que é o Ministério da Economia, que por sua vez
está vinculado a um órgão independente, Presidência da República.

ALERTA!!! Agora, você que sonha com MP tem que ficar atento é com o órgão
independente, porque o MP é um órgão independente.

E muita atenção! A doutrina afirma que o órgão público independente é aquele em


que a CF para, perde o seu precioso tempo, e elenca as atribuições do órgão. Se as suas

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competências, se as suas atribuições, se a sua função está elencada pela própria CF, você é um
órgão independente. E todo mundo aqui conhece de cor e salteado o art. 129 da CF, que trabalha
o MP.

E o art. 129, diz o seguinte:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de


relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do


patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos;

IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins


de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta
Constituição;

V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações


indígenas;

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua


competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na
forma da lei complementar respectiva;

VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei


complementar mencionada no artigo anterior;

VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito


policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;

IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que


compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial
e a consultoria jurídica de entidades públicas.

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Temos aí nove atribuições, então, o MP é um órgão independente, porque tem


atribuição elencada pela própria CF. Isso faz do MP um órgão independente.

Agora, não é o único. Olha, tirando a Defensoria Pública, porque sinceramente você só
acha que a Defensoria Pública é um órgão independente na prova da Defensoria Pública. Aí não há
dúvidas, é o órgão independente mais importante da galáxia. Aconselho a falar isso também na
presença do professor Luiz Paulo, que já foi defensor geral, ama a Defensoria Pública. Se você falar
que não é órgão independente, ele vira uma arara, começa a encher a paciência até você falar:
“Está bom, é um órgão independente”.

Mas eu tenho as minhas dúvidas. Então, deixando de lado a Defensoria Pública, eu vou
dizer o seguinte: Nós temos cinco órgãos independentes no Brasil. Três são vinculados aos
poderes da República: Presidência da República, Congresso Nacional e os Tribunais Federais, são
os órgãos independentes. Todo e qualquer tribunal é um órgão independente, seja ele qual for.

Então, eu tenho três órgãos independentes para três poderes. Só que a conta não
fecha, porque fora dos três poderes, eu tenho mais dois órgãos independentes: o MP (art. 129) e o
Tribunal de Contas (art. 71).

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido


com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a
contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por


dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de


pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das

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concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as


melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado


Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo


capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União


mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por


qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre
a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou


irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá,
entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências


necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a


decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos


apurados.

O art. 71, portanto, elenca as atribuições do Tribunal de Contas. São onze incisos, ou
seja, onze atribuições para o Tribunal de Contas.

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E aí, muita atenção! Vem Diogo de Figueiredo Moreira Neto, saudoso professor, no seu
Curso de Direito Administrativo, Editora Forense, e fala assim: “A CF/88 abandonou a tripartição
de poderes”. Não conte isso para o seu professor de Constitucional porque ele não vai gostar. Não
escreva isso numa prova de Constitucional porque você vai tirar zero.

Mas eu vou lhe dizer, quem disse isso não fui eu, foi um dos maiores autores de Direito
Público da América Latina: Diogo de Figueiredo.

Agora, o que eu quero é que você guarde a alternativa que ele traz, porque ele usa
uma expressão que pouquíssimos conhecem, e se o cara usar na prova vai quebrar todo mundo. O
Diogo de Figueiredo afirma que a CF/88 abandona a tripartição de poderes porque eu tenho cinco
órgãos independentes para três poderes.

Então, o que a CF/88 trabalha é o chamado estado policêntrico. Imagina só você vai
para uma prova: “Doutor, fale do estado policêntrico”. Acabou! Você vai ficar desesperado, vai
pensar na mãe do examinador e tal, e depois de se acalmar, quem sabe lembra da minha aula
citando Diogo de Figueiredo: polos de decisão, policêntrico.

E quer mais? Se você enxergar as agências reguladoras no extremo que alguns acham,
você terá muito mais polos de decisão aí. Muito mais!

Mas, só olhando para a CF, eu tenho cinco. Então, a ideia dele não é de toda errada,
pois eu tenho cinco órgãos independentes para três poderes, então eu não tenho tripartição de
poderes, eu tenho o estado policêntrico.

E no topo da pirâmide hierárquica, esses cinco órgãos comandando a sua estrutura. O


MP é um órgão independente.

E atenção! Costuma ser colocado pela doutrina que o órgão independente é chefiado
por um agente político. Então, o integrante da carreira do MP é um agente político. Não gosto!
Quanto mais eu lutar para a Magistratura e o MP fugirem de conotações políticas, acho melhor.
Então, chamar o cara de agente político, eu já não acho interessante.

A Magistratura já mudou e já vem falando que o integrante da carreira é membro de


poder. Servidor são vocês, serventuários, nós somos membros de poder. Eu não posso falar
membro de poder para o MP, porque não é um poder, então, para o MP sobrou o agente político.

Hely falava isso, Diogo falava isso, então, eu estou bem acompanhado, não estou
inventando, não estou puxando saco de ninguém, não é “juizite”, não é nada. É uma maravilhosa
conquista entrar nos órgãos mais importantes de qualquer República, difícil para caramba, aí você

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entra e vai querer ser chamado de servidor público?! Duvido, sem nenhum preconceito com
preconceito, literalmente, você não vai querer.

Você sabe que a nossa posse aqui é no Teatro Municipal. Olha que lindo! Imagine você
lá no camarim, bota aquela capa bonita, se olha no espelho. “Não! Servidor não, me dá outro
nome aí!”. Agente político! “Gostei, é isso aí”. E na prova você agrada quem vai corrigir a sua
prova, não puxa o saco também não, mas também não vai criar caso: “Vocês não são agentes
coisa nenhuma”. Que é isso?! Nós falamos o que o cara quer ouvir, e mesmo que você não
concorde, quando passar vai querer ouvir também. Servidor o caramba, servidor é o analista, o
técnico aqui, eu sou agente político, eu sou vitalício.

Olha, o Celso Antônio discorda. O Celso Antônio vem e fala assim: “Agente político é
aquele que tem vínculo transitório, isto é, mandato”. O cara é eleito, termina o mandato e vai
embora, esse é agente político.

Se eu tenho um cargo vitalício, eu não sou agente político, eu sou vitalício para o resto
da vida, isso não é transitório. Então, o Celso Antônio chama de servidor com autonomia
funcional. Expressão interessante! Membro da Magistratura, membro do MP para Celso Antônio é
servidor com autonomia funcional. Parece-me mais técnico, mas enfim, na prova do MP: agente
político. Ou a expressão que o Tenório venha a apresentar para vocês como mais adequada.

Classificações do MP:

Por fim, quanto ao MP eu falei que nós temos três classificações. Eu vou trazer as
outras classificações para localizar o MP apenas. Então, vamos lá! A primeira, nós já falamos.

Quanto a hierarquia: órgão independente, autônomo, superior e subalterno.

A segunda classificação, mais fácil, é:

Quanto à composição: órgão simples e composto.

Com uma pergunta se resolve: O órgão se subdivide em outro? Se a resposta for


afirmativa, ele é comporto; se a resposta for negativa, ele é simples, aí ele já é a última subdivisão.

Com certeza todo e qualquer órgão da área jurídica é um órgão composto, basta ter
departamento pessoal para você assinar o tão sonhado termo de posse que já é um órgão
composto.

Agora, o que você vai fazer que sonha com o MP?! Você vai chegar em casa, vai abrir

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na internet e vai lá no organograma do MP. Tem lá PGJ, Central de Inquérito, Curadoria de não sei
o quê, e começa a se familiarizar com a estrutura do órgão que você quer entrar. Quer coisa
melhor do que isso?! Chega numa prova oral: “O MP é um órgão composto, porque tem o PGJ,
tem a Curadoria de não sei o quê...”. E aí, é você cheio de intimidade falando da estrutura. “Nossa!
Caramba! O cara nem entrou e já é colega. Rapaz, sabe mais do que eu, parabéns!”.

Aí vem um outro e começa a falar: “Ah! A Presidência da República, Ministérios”. “Não,


meu irmão, aqui é o MP. Foque meu caro!”.

Então, não custa nada. Não sonha com o MP?! Então, comece logo a conhecer a
estrutura, não vai doer nada, guarda uns três ou quatro, só para você citar adequadamente.

Então, se subdivide em outro é um órgão composto. Assim, o MP é um órgão


independente e composto.

Vamos, agora, à terceira classificação. Insisto, essas classificações são do Hely Lopes
Meireles. Não estou inventando nada!

Quanto ao poder de decisão: singular e colegiado. E aqui também uma pergunta


resolve tudo: Quem manda? Voz de comando: Quem manda no MP? É o procurador-geral. “Ah,
mas tem o Conselho”. Tem o Conselho, mas quem manda é o procurador-geral, então, é órgão
singular.

E aí você soma! “Doutor, o que é o MP?”. Meu amigo, vai ter gente falando: “É uma
pessoa jurídica de direito público”. “Parou! Próximo!”. Acabou! Espere aí, vai pisar na bola assim
numa prova oral?! “O que é o MP, Doutor?”. O MP é um órgão público independente, composto e
singular. Independente porque tem atribuição dada no art. 129 da CF; composto porque se
subdivide em vários outros órgãos na sua estrutura (PGJ, Central de Inquérito, Curadoria não sei
de quê); e singular porque quem manda é o procurador-geral.

DICA!!! Olha, se você fizer isso a cada concurso que você entrar, porque eu aconselho
sempre isso, duas coisas que ninguém faz: ler o edital (não só a matéria) e fazer o Raio-X do órgão
que você quer entrar. Você vai guardar as classificações já, já, porque você não vai passar na
primeira prova. Concurso público é uma série de reprovações para um dia ser aprovado, e ainda
vai ser aprovado no concurso mais inusitado que você nunca pensou em fazer na sua vida. E sabe
o que você vai fazer? É claro que você vai lá assinar o termo de posse. Deixa de ser besta! Vai que
não passa mais, então, vá lá e assina a porcaria do termo de posse e continua estudando buscando
o seu sonho.

Agora, já vai buscar o seu sonho aprovado, num cargo estável, quiçá, vitalício, já

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ganhando bem. De repente até gosta e nunca mais faz concurso. Mas é isso, você não vai perder
essa chance jamais. “Ah, mas eu não quero!”. Vá, vá lá! Eu só não aconselho, desculpe a
sinceridade, eu sei que volta e meia tem aqui integrante aqui da carreira, mas eu não aconselho,
principalmente para as mulheres, a fazer concurso para Delegado. Tem gente até acha bonito e
tal, mas eu não acho interessante, ainda mais fora do Estado do Rio.

Os concursos, que também me desculpem os estados, eu não vou citar nomes aqui, vai
que me acham preconceituoso porque você é de lá, porque quando você passa nesses concursos
você não vai ficar na capital, não. Você vai para o interior do interior do interior, é maluquice. E
aqui no Rio tem delegacias que daqui pra cá quem manda não é o delegado, e daqui para lá
acontecem várias irregularidades. E se pegarem, quem é que vai ser responsabilizado? O
delegado. Aí, você sofre um processo disciplinar e nunca mais faz concurso.

Então, pense bem, com todo o respeito. Já melhorou muito o ambiente de delegacia,
sem dúvida nenhuma, mas ainda... São as chamadas “delegacias depósito”, onde o delegado não
manda em certas áreas não, e tem um comércio sensacional. Mas se acontecer lambança, a culpa
é do delegado. E agora?! Vai explicar lá: “Não, é porque daqui pra lá eu não mando”. “Como é que
não manda? O senhor é o titular da delegacia”. “Mas não! O cara lá...”. “Quem falou? Seu
subalterno?”. “É! Mas se eu mexesse eu tomava um tiro”. “Ah, bom, então fizesse outra coisa”.

Então, me desculpem, eu sou muito sincero, pensem bem. Eu sei que a gente faz
muitos concursos antes de chegar no nosso sonho, mas tem alguns que sinceramente eu não
aconselho, mas enfim, é de cada um.

Muito bem! Fechando órgão público, duas questões importantes. Eu falei que órgão
público não é pessoa jurídica, então, vem a seguinte pergunta: “Doutor, se órgão público não é
pessoa jurídica como é que a Procuradoria do Estado representa o estado em juízo?”.

Boa pergunta! Só representa alguém quem é alguém, se eu não sou alguém como é
que eu posso representar?! Pergunta interessante! É uma pegadinha! Porque a Procuradoria do
Estado não representa, ELA É o Estado em juízo. Ela não representa, ela é! É atribuição dela.

O Direito Civil veio com essa história de Teoria da Presentação. Certamente já ouviram
isso! O Direito Público prefere a Teoria da Imputação, ou seja, o órgão está imputado na função.
Ele não tem personalidade jurídica, mas ele pode ter capacidade processual, que é o que
interessa.

Isso é o que importa e é normalmente dado pelas constituições, pelas leis orgânicas.
Então, cuidado, a PGE não representa o Estado em juízo, ela é o Estado em juízo.

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Por isso que procurador não precisa de procuração do governador a cada ação.
Imagina a cada ação tem que passar no Palácio e pegar procuração do governador... E se ele está
em Paris? “Calma, já vai votar de jatinho da empresa contratada por dispensa de licitação”. “E
ninguém faz nada?”. “Não, ninguém vai fazer nada e fica quieto, não adianta reclamar”. “Mas
quando é que ele volta?”. “Só semana que vem. Quem mandou o senhor deixar para o outro dia”.
E aí?! Agora já era porque o governador não deu procuração? Não preciso, eu não represento, eu
sou, tenho capacidade processual. Isso é muito significativo e muito cobrado.

E por fim, perguntinha básica: Um órgão público briga com outro órgão público do
mesmo ente da Federação. Antes era muito comum, no âmbito do governo federal, o Ministério
da Agricultura e o Ministério do Meio-Ambiente darem cabeçada, cada um xingando a mãe do
outro e tal. E um dia, um cansado de absurdos do outro entra em juízo. O Ministro do Meio-
Ambiente entra em juízo contra um programa do Ministro da Agricultura, realizado numa unidade
de conservação, pondo em risco recursos naturais e tal. Pode?

Qual é a pessoa jurídica que está em juízo? Uma só, é a União. A União entrando com
ação contra a própria União? Não pode! Não tem lógica, a pessoa jurídica é uma só. Então, conflito
de órgãos se resolve em casa, conflito de órgãos se resolve na hierarquia.

Se os ministros estão batendo cabeça, o que o Presidente faz?! Chama os dois: “Senta
aí meu filho. Está gostando de participar da equipe de governo? Maravilha! Agora, vamos lá para o
assunto: no próximo bate-boca, os dois estão fora”. Acabou! É assim que se resolve: “Quem
manda aqui sou eu, não quero mais bate-boca na mídia”. Pronto! Está resolvido!

ALERTA!!! Agora, tem sempre uma exceção. Muito cuidado com isso! Eu acho que só o
Carvalhinho fala isso, dos poucos livros que chegam a esse detalhe, que é o órgão independente.

O órgão independente pode ir a juízo contra outro órgão independente, e


normalmente é por questões orçamentárias. Vou te dar um exemplo que já é frequente em juízo:
O prefeito encaminha um projeto de lei para a Câmara Municipal, e a Câmara Municipal não
aprova. Aí, o prefeito fica indignado, fica uma arara, liga para o Secretário de Fazenda e fala assim:
“Segura a grana da Câmara esse mês. Vamos dar um susto nesses desgraçados, não libera o
dinheiro deles”. Aí, o secretário: “Mas, prefeito, eu sou obrigado. É o tal do duodécimo, todo dia
20 eu tenho que liberar. É mandamento constitucional”.

DICA!!! Olha, para quem faz prova do MP, o presidente da banca é do TCE, ou seja,
tem que conhecer o art. 168 da CF.

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Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,


compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da
Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em
duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

E aí, quantas vezes você já leu o art. 168 da CF? Bem-vindo ao time! Não é só com você
não, ninguém nunca leu essa porcaria. É o tal duodécimo, ou seja, todo dia 20 eu tenho que liberar
o dinheiro dos outros poderes, porque quem arrecada é o Executivo, então, ele tem a chave do
cofre.

Se o prefeito fala: “Vou dar um susto nos caras, não libera a grana não”. Isso é crime
de responsabilidade, isso dá impeachment. Ele é obrigado a liberar.

Olha só, eu vou te contar uma historinha que você vai lembrar: Quando o governo do
estado do RJ ficou sem dinheiro para pagar os aposentados, o dinheiro do Legislativo, do
Judiciário, do MP, chegava. Por quê? Porque é o duodécimo, ele não podia segurar, ia ser crime de
responsabilidade.

Ele podia ter chamado esses outros órgãos independentes: “Vem cá, vamos ajudar?
Vamos cortar aí também?”. Acho até que tentou e não conseguiu. Então, os outros poderes
recebiam e o pessoal do Executivo não, porque ele não tinha o poder de cortar. É isso, se ele
segura é crime de responsabilidade.

Então, nesses casos o que faz a Câmara Municipal? Vai a juízo contra o Gabinete do
Prefeito, mesmo sendo uma pessoa jurídica só.

E quer mais? O STJ editou uma súmula recente confirmando isso, e aliás a redação é
até muito boa. Veja a Súmula 525, STJ:

Súmula 525. A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica,


apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo
para defender os seus direitos institucionais.

A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, claro, é órgão. Ela apenas

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possui personalidade judiciária, por isso tem o procurador municipal, para exercer essa
personalidade judiciária. E ela somente pode demandar em juízo para defender seus direitos
institucionais, ou seja, se o dinheiro não chega, ela não funciona, e para defender os seus direitos
institucionais, entra com uma ação contra o Gabinete do Prefeito.

Por isso que tem Procuradoria do Município e Procuradoria da Câmara do Município,


por isso que tem PGE e Procurador da Assembleia Legislativa. Aliás, é um “concursão”. Você que
está fazendo prova para o MP é do mesmo porte, tão difícil quanto. No dia em que sair, são
poucas vagas, mas, enfim, é um belo de concurso público. Que eu saiba pode advogar ainda, se eu
não me engano, mas, enfim, vai depender de cada ente da Federação.

Então, isso é muito interessante e a súmula confirma isso, ou seja, a possibilidade disso
acontecer. Muito bem! Com isso fecho a administração direta.

7. AGÊNCIA REGULADORA

Olhando para a administração indireta, eu acho que nós temos que falar,
inevitavelmente, da agência reguladora, que é a cara do estado gerencial brasileiro. Eu deixo de
ser executor e crio uma entidade autárquica para controlar o meu parceiro: agência reguladora.

José dos Santos Carvalho Filho, na banca do MP, não me lembro agora se foi provão ou
prova específica, fez a seguinte pergunta: O que caracteriza o regime especial de uma agência
reguladora?

A resposta é a mais simples que você possa imaginar. Veja, nós não temos uma lei
geral de agência reguladora, até hoje não veio, então é complicado. Porque há pouco eu falei, para
traçar a diferença aqui de fundação de direito privado para fundação de direito público, que
autarquia é criada por lei específica.

Então, cada agência reguladora tem uma lei própria, e como eu não tenho uma lei
geral, uma lei de uma agência reguladora é completamente diferente da outra agência. São
mundos completamente diferentes, quando deveriam ter uma espinha dorsal. Não tem! Porque a
lei geral não veio!

Quer uma prova disso? Você sabe que o integrante da agência reguladora, conselheiro,
membro da diretoria e tal, tem um mandato fixo. E aí, qual é o mandato fixo do integrante da
agência reguladora? Só posso te responder se você me falar qual, porque cada lei diz o prazo que

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quer. O Rio quando criou a sua, deu sete anos de mandato fixo. Marcelo Alencar, sete anos de
mandato fixo.

Atualmente, o Rio tem duas, mas já estão falando que vão ser unificadas novamente.
Hoje, eu tenho a ARSERJ (Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado do Rio de Janeiro) e
a AGETRANSP (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários,
Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro), e se eu não me engano, são
quatro anos de mandato fixo.

Na Anatel são cinco anos. Tem agência reguladora que tem mandato de três anos.
Enfim, cada uma diz o prazo que quer para o seu mandato. Por que não tem uma lei geral?!

ALERTA!!! Agora, atenção! Eu não tenho uma lei geral, mas a lei da Anatel, sob o
enfoque jurídico, é excelente. Sob o universo jurídico, a Lei da Anatel (Lei 9.472/97) é tão boa que
você não vai acreditar no que eu vou falar: foi a Lei da Anatel que criou o pregão.

“Uau! O que é isso professor?! O pregão quem criou foi a Lei 10.520/02”. Sim! Essa é a
lei que generalizou o pregão para o Brasil inteiro. Mas o pregão nasceu no século passado, em
1997, na Lei da Anatel. Depois deem uma lida no art. 54 da Lei da Anatel, pois ali está a origem do
pregão.

Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita


ao procedimento das licitações previsto em lei geral para a Administração
Pública.

Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá


utilizar procedimentos próprios de contratação, nas modalidades de
consulta e pregão.

Então, sob o universo jurídico, a Lei 9.472/97 é uma referência, é a melhor lei de
agência reguladora, que me traz informação jurídica útil. E veja o que eu tenho no art. 8º, caput, e
depois vejam também o §2º.

Art. 8º. Fica criada a Agência Nacional de Telecomunicações, entidade


integrante da Administração Pública Federal indireta, submetida a regime

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autárquico especial e vinculada ao Ministério das Comunicações, com a


função de órgão regulador das telecomunicações, com sede no Distrito
Federal, podendo estabelecer unidades regionais. (...).

§ 2º A natureza de autarquia especial conferida à Agência é caracterizada


por independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica,
mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira.

Pelo caput, nós já extraímos três informações importantes:

a) está na indireta;

b) é uma autarquia de regime especial e;

c) está vinculada ao ministério da sua área de atuação.

Agora, reparem no §2º, e quem tinha ciência do teor na época da prova do


Carvalhinho soltou um sorriso. Olha aqui, o Carvalhinho, repito, perguntou: O que caracteriza o
regime especial da agência reguladora? Art. 8º, §2º, da Lei 9.472/97.

§ 2º A natureza de autarquia especial conferida à Agência é caracterizada


por independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica,
mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira.

Já estava respondido! É claro que precisava enxertar um pouquinho em cada um,


explicar e tal, pois era uma prova discursiva, mas pelo amor de Deus, isso aqui era a ementa da
resposta e de graça.

E vou dizer uma coisa: As três primeiras aqui elencadas, ou seja, independência
administrativa, ausência de subordinação hierárquica e mandato fixo, é o que eu tenho em toda e
qualquer agência reguladora.

A tal independência administrativa pode sofrer um temperamento aqui, outro acolá,


mas isso que está aqui é doutrina.

DICA!!! Veja, o que eu estou querendo dizer é o seguinte: Se o cara me pergunta sobre

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outra agência reguladora, eu venho na Lei da Anatel e copio isso daqui. Omito o número do artigo,
é claro, e da lei, que só vale para a Anatel, mas para qualquer outra agência reguladora, eu posso
dizer que seu regime especial se caracteriza pela independência administrativa, ausência de
subordinação hierárquica e mandato fixo. Isso caracteriza o seu regime especial, e eu tenho de
graça aqui na Lei da Anatel. Claro, vamos dar uma enxertada aí explicando o que é cada um deles,
mas eu tenho aí o meu roteiro.

Muito bem! Aí, vamos lá, de cara um assunto mais importante: A agência reguladora
vai regulamentar um setor. A agência reguladora vai criar regras para um setor. Já devem ter visto
que elas escolheram o ato administrativo normativo denominado Resolução.

Resolução é o ato administrativo das agências reguladoras que impõe regras para o
setor. Resolução é ato administrativo normativo, e a resolução das agências reguladoras, deixo
claro, cria direitos e obrigações para fora da agência, vai atingir o empresariado.

Uma resolução, um ato administrativo criando direitos e obrigações para terceiros, isso
não é estranho pós-88? Não era só a lei que tem esse poder? Pós-88 tem decreto autônomo e
independente?! Estão lembrados daquela discussão?! Não tem, morreu! Mas espere aí, se morreu
o decreto autônomo e independente como é que tem resolução autônoma e independente de
uma agência reguladora? Tem!

“Professor, mas é incoerente!”. Não! Não é incoerente, esse é o X da questão. Então,


eu vou ter que fazer um parêntese: O que ERA o decreto autônomo e independente? Era o
seguinte, antes de 88: O Presidente da República, diante da omissão do Congresso Nacional,
pegava caneta e papel e fazia um decreto e regulamentava a matéria, gerando para você, cidadão,
uma obrigação, e valia.

“O Legislativo não gostou?! Então, faz o seu trabalho aí: cria a lei que o meu decreto
morre e passa a valer a sua lei. Agora, enquanto você não cria a sua lei, esse é o decreto
autônomo e independente.”. Decreto autônomo e independente criava direitos e obrigações para
terceiros na omissão do Legislativo.

Aí, vem a CF/88, e eu faço três passagens para provar que isso morreu. Primeiro, art.
25 do ADCT:

Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação


da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os
dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo

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competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional,


especialmente no que tange a:

I - ação normativa; (...).

“Acabou a festa, Presidente. Na omissão do Legislativo, o senhor não faz mais decreto
autônomo independente”. “Está bem, mas tem aí 180 dias para se divertir a valer, mas depois
acabou”.

Aí, você pula para o art. 84, IV: “Decreto agora, Presidente, é para fiel execução da lei”.
Veja o art. 84, IV:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...);

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir


decretos e regulamentos para sua fiel execução; (...).

Então, decreto não cria mais direitos e obrigações para ninguém.

Assim, já temos o art. 25 do ADCT e o art. 84, IV, do Corpo Constitucional. Agora,
atenção! Sabendo que o Chefe do Executivo ia continuar fazendo, porque eles não gostam de
perder poder, temos o art. 49, V da CF, que diz:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...);

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder


regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; (...).

Olha aí! “Não bote as asinhas de fora porque o Congresso vai sustar o seu decreto”. É
isso! Então, é muito claro, não tem mais decreto autônomo independente (art. 25, I, do ADCT;
arts. 84, IV e 49, V da CF).

E aí, como que diante disso eu posso falar, então, que tem resolução de agência

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reguladora com esse poder? Se decreto que é o ato administrativo normativo mais importante,
porque é exclusivo do Chefe do Executivo, como é que uma resolução de uma autarquia vai ter
esse poder? É muito incoerente, mas não é, porque tem uma explicação fundamental para dar
legalidade à normatização das agências reguladoras. E é uma palavra mágica que não pode faltar
na sua resposta. E mais uma vez é Diogo de Figueiredo que traz naquele livro que eu citei
chamado “Direito Regulatório”. A palavra mágica é: deslegalização.

A deslegalização dá legitimidade e legalidade às normas da agência reguladora. A


deslegalização pode ser colocada também – está vendendo bem também – com o nome
discricionariedade técnica. Isto é, a agência reguladora cria normas técnicas por técnicos que
conhecem da matéria.

A norma da agência reguladora não é política, não está usurpando atribuição do


Legislativo, está regulamentando uma matéria de forma técnica, e isso é diferente do decreto
autônomo independente.

O decreto autônomo independente gera uma decisão subjetiva, discricionária, política


do Presidente. A norma da agência é técnica, então, ela não está usurpando atribuição do
Legislativo.

Aliás, ela foi criada pelo Legislativo para isso. O parlamentar para e fala: “Eu não tenho
a menor ideia de quantos quilowatts tem que ter uma pequena usina hidrelétrica para poder ser
entregue sem licitação a uma empresa X, eu não entendo nada disso. Então, vamos fazer o
seguinte: Vamos criar uma agência reguladora, a ANEEL, e passar para eles a regulamentação do
tema, porque eles entendem disso”. Isso é a deslegalização!

DICA!!! E olha, aprenda a responder questão de concurso público. Pensa bem, o


examinador tem três mil provas para corrigir e você vai dar aquele garrancho para ele?! Ele não
vai ler, ele vai te dar zero, e você que recorra. Então, você tem que oferecer a questão fácil. Eu
digo isso porque eu sou professor, eu corrijo provas. Você coloca DESLEGALIZAÇÃO em caixa alta
lá no meio, porque se ele está cansado, ele já vai colocar aquele olhão na sua questão e procurar
as palavras-chaves. Aí, ele vai circular e vai te dar dez. Acabou, pronto! Ele não leu mais nada.

Gente, esse fenômeno acontece, então, você saiba oferecer isso para o examinador.
“Dê diferença etc. e tal”, e aí você faz aquele garrancho tudo junto. Aí, o cara: “Poxa, tem um
negócio aqui, outro acolá, está tudo bagunçado”. Agora, se o cara bate o olho e já encontra o que
procura, acabou! Então, saber oferecer com facilidade a resposta é uma arte e te dá um ponto
sensacional porque o cara tem outros milhões de prova para corrigir.

Então, se surge a questão “Escreva sobre poder normativo da agência reguladora” e

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você não destaca a palavra “deslegalização” ou nem menciona, não dá. O examinador está
procurando essa palavra para rapidamente avaliar a questão: “Opa! Pronto, fechou! Menos uma!
Próxima prova”. E assim vai!

Então, não se esqueça, da palavra mágica. O ato da agência reguladora tem poder de
criar direitos e obrigações para terceiros porque não é um ato político, ele não está criando norma
política, ele não está usurpando atribuição do Legislativo, ele está criando norma técnica. Então, é
o técnico criando norma técnica, e ninguém melhor do que a agência reguladora.

Aliás, por isso que eu dou para ele mandato fixo justamente para que quando o
telefone vermelho tocar, ele não ficar seduzido com algumas vantagens estranhas. E é difícil
corromper o técnico, sabe o porquê? Porque ele tem limite.

Vejam, corromper o agente político todo mundo sabe que é possível, estamos
cansados de ver frequentemente exemplos, porque o agente político vai para a tribuna e blá-blá-
blá. Agora, o técnico tem limite técnico. Se o técnico ficar seduzido para escrever uma asneira, o
que eu faço?! Chamo outro técnico: “Meu filho, o que você acha disso aqui?”. “Meu Deus! Que
parte da galáxia que esse cara se formou porque na nossa isso não existe”. “É o que eu queria
ouvir”.

Técnico que não ouviu falar em teoria dos motivos determinantes, eu pego essa
decisão e levo ao juiz: “Excelência, olha aqui, o técnico Fulano de Tal está dizendo que isso aqui é
um absurdo”. O que a excelência vai fazer?! Vai pegar o perito de confiança dele e qual é a opinião
correta?! É assim e assado. Pronto, 2 x 1 para cá, anulo o ato do técnico.

Então, o técnico tem limite, ele não pode agradar totalmente aquele que está lhe
corrompendo, senão o ato dele beira o ridículo. E isso gera o quê? Segurança jurídica. Isso está
vendendo que é uma beleza! Agência reguladora gera segurança jurídica ao mercado, porque
quem vai tomar a decisão é um agente técnico e não o agente político, e um agente técnico
blindado com um mandato fixo. É a cara da agência reguladora isso, é a estrutura de uma agência
reguladora.

Portanto, a agência reguladora gera segurança jurídica porque o seu ato é técnico e é
feito por um agente técnico blindado com mandato fixo. Não tem exoneração, tem que esperar
acabar o mandato.

Mandato fixo e nada é a mesma coisa, mas para concurso não é, pois isso gera
segurança jurídica. Eu resolvo tranquilamente mandato fixo, é só chamar o cara para conversar:
“Espere aí, se você pedir exoneração eu te coloco no outro órgão lá que ganha muito mais”. O cara
vai pedir exoneração na hora.

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Quando o Lula foi eleito, vocês estão lembrados, no seu primeiro ano ele usou muito
uma expressão: “(...) terceirizaram o país, aumento de tarifa eu só vejo nos jornais, ninguém pede
minha opinião”. Enfim, ele começou a bater sutilmente na agência reguladora. Aí, veio o
Secretário do Tesouro americano aqui e colocou uma certa ordem na casa, ele deu uma rebolada
e tal, e aí o que ele faz? Ele sutilmente faz uma mudança.

Qual é a mudança que ele faz? Ele chama o presidente da Anatel... O presidente da
Anatel foi nomeado no último ano do governo FHC para cinco anos de mandato: o último do FHC e
os quatro inteirinhos do Lula. Aí, o que o Lula faz? “Meu irmão, vai para o Conselho de não sei o
quê, pago o triplo para você, entrega aí o mandato”. O cara entregou o mandato e o Lula nomeou
o novo presidente da Anatel. Simples assim!

Estão lembrados do Nelson Jobim na crise aérea que ele tinha que mudar a ANAC?
“Entreguem os seus mandatos!”. E aí, teve dois integrantes da ANAC que não entregaram o
mandato, o tal do Zuanazzi e a tal da Denise de Tal que era presidente... Olha lá, pressionaram e
pressionaram, e eles entregaram o mandato. O cara foi para o jornal: “Não vou entregar, eu vou
sair no último dia”. Eu me lembro, eu levei o jornal para a sala de aula e perguntei quem achava
que esse cara ia ficar até o último dia. Ninguém achou! Pressionaram o cara! Qual foi a pressão?
Não sei! Não é o país do dossiê?! “Entrega o seu mandato ou esse dossiê vai parar em mãos
erradas”. Simples assim! Então, isso é para você ver que mandato fixo e nada é a mesma coisa
nesse país.

E mais, tem o cara que é profissional de mandato fixo, não tem? O cara tem açúcar,
entra governo e sai governo, ele está lá. É impressionante! Então, é aquela história! Querem a
frase mais horrorosa que ele não quer ouvir na vida dele?! “Olha só, entrega o seu mandato senão
eu nunca mais te nomeio para nada”. “Não! Eu entrego, claro, eu vivo disso”. É isso!

Então, tudo tem o seu jeito. Então, mandato fixo e nada é a mesma coisa, mas para
concurso não é não. Para concurso gera segurança jurídica, e isso a agência reguladora traz.

Por fim, casca de banana interessantíssima! Aconteceu o seguinte: A ANTAC negou um


recurso de uma empresa de navegação, e essa empresa recorreu até o presidente da ANTAC, que
continuou mantendo a negativa. Aí, insatisfeita, essa empresa vai ao Ministério dos Transportes,
por recurso hierárquico impróprio. Quando eu saio de uma pessoa jurídica e vou a outra tem o
nome de impróprio, quando eu recorro dentro de uma pessoa jurídica é recurso hierárquico
próprio.

Então, eu saí da autarquia ANTAC e fui à pessoa jurídica União, na figura do Ministro
do Transporte. Aí, o ministro recebe o recurso e pergunta assim: “Mas posso? Ela não tem

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independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica?! Eu posso rever o seu ato?


Assessores?”. Aquele silêncio! Aí, o que fizeram? Vai para a AGU, o famoso despacho “au-au”,
manda para alguém e alguém deve responder isso. E foi para advogada, e ela devolveu com um
parecer famosíssimo (Parecer AC 51/2006). É uma aula de agência reguladora.

E acreditem, o advogado da União disse que cabia recurso hierárquico. A primeira vez
que eu vi o parecer, eu falei assim: “Não vou ler isso mesmo, porque é obvio que ele está dizendo
que cabe recurso hierárquico para puxar sardinha para o lado do Ministro. Está lá para isso, fazer o
quê?!. Como que eu vou aceitar um negócio desse, olha lá a segunda característica do §2º do art.
8º: ausência de subordinação hierárquica. Como é que eu vou aceitar recurso hierárquico se está
escrito aqui que tem ausência de subordinação hierárquica?!”.

ALERTA!!! Aliás, cuidado! Essa é a posição majoritária da doutrina. Se você chegar em


casa e pegar seu livro, o autor vai falar que não cabe recurso hierárquico, porque tem ausência de
subordinação hierárquica. Mas a AGU disse que cabe! E olha, a preguiça é um negócio sério, não é
tão grande, mas também não é tão pequeno assim o parecer, enfim, eu bati o olho na ementa e
ficou por isso mesmo. E falei: “Tenho que ler esse parecer”. Mas nunca li! E aí quando eu viajo eu
sempre levo alguma coisa para ler, e vai que pinta uma alternativa, o pessoal está distraído. “Opa,
deixa eu ler aqui e botar a coisa em dia”.

E eu me lembro que nesse dia, eu saí correndo, peguei a primeira coisa que vi pela
frente e no elevador vi que era esse parecer, ainda rosnei: “Peguei essa porcaria e tal. Não vou
voltar, família já no carro. Meu irmão, não perde essa oportunidade. Vamos embora!”. E chegou lá
na viagem e deu tempo para ler. E o parecer é sensacional, e o cara me convenceu que cabe. Ele
foi inteligentíssimo, pois ele já não falou “recurso hierárquico”, ele já começou assim: “Da
revisibilidade administrativa”. Aí, o cara já me ganhou ali. “Uau! Gostei! Sensacional”. Isso é
inteligente, porque se fala “do recurso hierárquico” de algo que não tem subordinação hierárquica
aí já é uma forçação de barra, então, o cara já veio comendo pela beirada.

Aí, ele conclui o seguinte de forma perfeita e super técnica: “Olha, não cabe ao
ministro rever o ato técnico da agência. Então, realmente é o caso de deslegalização e o ministro
não pode rever, mas, veja bem, se a agência cometeu um ato ilegal, por que o ministro não pode
rever?!”. Todas as entidades da indireta estão vinculadas ao Ministério da sua área de atuação.

Acabei de ler o art. 8º, caput, da Lei da Anatel, que fala três coisas: integra a
administração indireta, é autarquia de regime especial, e está vinculada ao Ministério da
Comunicação. Então, a Anatel está vinculada ao Ministério da Comunicação, logo cabe essa
revisibilidade ao ministro, desde que ele não venha a mudar o ato técnico.

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Então, olha aqui, a agência reguladora faz licitação. E se tem um vício no edital de
licitação favorecendo a empresa do filho do diretor da agência, o ministro não pode anular? É
claro que pode! Viva o Princípio da Legalidade, a agência está vinculada ao ministério. “Eu respeito
a sua liberdade de atuação na área técnica, mas se cometer ilegalidade, eu vou anular”. É isso!

Ela faz concurso público! Se tiver um vício na nomeação do concurso, vai ferir a ordem
de classificação. O ministro não pode anular? Claro que pode!

Então, ele alegou e usou essa expressão: “Os atos de gestão podem ser revistos”.
Exemplo clássico: concurso e licitação. Os atos técnicos não. Então, acho que foi bem cirúrgico, ele
acabou me convencendo que é possível.

Agora, cuidado que você vai chegar em casa, vai pegar o seu livro e vai ver que o autor
vai falar que não cabe o recurso hierárquico impróprio porque eu tenho ausência de subordinação
hierárquica.

Fecho com isso os comentários que eu tinha que fazer sobre a agência reguladora.

8. EMPRESA ESTATAL

Muito bem, queria chamar a sua atenção para uma questão que foi cobrada no MP, no
provão da nossa examinadora, nossa nova examinadora, e, diga-se de passagem, sem falsa
modéstia, acertei na mosca, porque todo mundo estava esperando isso.

Existe no Estatuto da Estatal um artigo que é similar a Súmula Vinculante nº 13, que
elenca requisitos para escolha dos diretores e conselheiros de administração das estatais, e que
proíbe certas escolhas, ou seja, certos profissionais que integram o governo, que integram
sindicato, não podem ser escolhidos. Eu esperava esse tipo de questão e veio logo no provão.

Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos

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poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,


compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

ALERTA!!! Então, atenção, leia, decore o §2º do art. 17 da Lei 13.303/2016. Esse é o
dispositivo que todo mundo está esperando em toda e qualquer prova.

Art. 17, §2º. É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e


para a diretoria:

I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pública ou a


sociedade de economia mista está sujeita, de Ministro de Estado, de
Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular de cargo, sem
vínculo permanente com o serviço público, de natureza especial ou de
direção e assessoramento superior na administração pública, de dirigente
estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo
de qualquer ente da federação, ainda que licenciados do cargo;

II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, como


participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho
vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral;

III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;

IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor


ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer
natureza, com a pessoa político-administrativa controladora da empresa
pública ou da sociedade de economia mista ou com a própria empresa ou
sociedade em período inferior a 3 (três) anos antes da data de nomeação;

V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de


interesse com a pessoa político-administrativa controladora da empresa
pública ou da sociedade de economia mista ou com a própria empresa ou
sociedade.

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Este dispositivo me traz cinco proibições. O que fez a nossa examinadora?! Colocou
exatamente essa parentada e perguntou se podia nomear para o Conselho de Administração, para
a Diretoria e para o Conselho Fiscal, que ele não traz restrição.

Então, o que ela trabalhou foi exatamente um dispositivo muito esperado. Fiz um
paralelo com a Súmula Vinculante nº 13 que fala em cargo e comissão. Todos conhecem, é mais
antiga, e que proíbe nepotismo e tal no cargo em comissão, logo, é algo muito parecido. Então, é
um artigo fundamental.

Agora, outra informação importantíssima: A EC 19 pediu o Estatuto da Estatal


modificando o art. 173 da CF. E o art. 173 fala em atividade econômica.

Vamos lá! Eu falei para vocês há pouco que a empresa estatal ora presta serviço
público, ora presta atividade econômica. Quando presta serviço público em monopólio, como o
Supremo fala, mas eu prefiro exclusividade, sem concorrente, e quando presta atividade
econômica compete com o mercado. Então, tem que ter o mesmo tratamento que o mercado e
tal.

E por isso se esperava – isso que é importante frisar, e saibam que é praticamente
uniforme na doutrina, por isso que é importante a informação, isto é, a lei ignorou a posição
majoritária – que o Estatuto da Estatal viesse trabalhar somente a prestadora de atividade
econômica, que as regras do Estatuto não valeriam para aquela que presta serviço público. Porque
aquela que presta serviço público não precisa de agilidades operacionais para competir com a
iniciativa privada porque não tem com quem competir. Ela presta o serviço com exclusividade.

Então, por exemplo, onde eu quero chegar?! Era muito comum, antes do Estatuto da
Estatal, aparecer pessoas falando assim: “Licitação na estatal: está obrigada a licitar”. Claro! Agora,
a que presta atividade econômica vai licitar com base no Estatuto da Estatal. E a que presta serviço
público? Vai continuar na Lei 8.666/93, porque ela não estará abraçada pelo Estatuto da Estatal. O
Estatuto da Estatal é só para a que presta atividade econômica.

Pois bem, veio o Estatuto da Estatal e ele abraçou as duas. É muito importante ficar
claro: O Estatuto da Estatal, as suas regras valem tanto para estatal que presta atividade
econômica, que era o que todos esperavam, quanto para a estatal que presta serviço público, o
que ninguém esperava. Ninguém não, tem alguns autores, o Eros Grau, o Carvalhinho, um dos
poucos autores de Administrativo que aceitavam isso. Eu também adotava essa corrente
minoritária, principalmente do Eros Grau. Mas, a maioria entendia que não era cabível.

E onde está isso? No art. 1º da Lei 13.303/16, você vai encontrar isso:

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Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e
qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de
monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos.

Então, a lei é nacional, vale para todos os entes da Federação. Falar em atividade
econômica e regime de monopólio não está errado. A que não eu gosto que fale de monopólio é a
de prestação de serviços. Prestação de serviço fala de exclusividade. Mas, olha lá, ficou claro: Vale
também para aquela que presta serviço público.

Então, atenção, a estatal que presta serviço público fará licitação com base no Estatuto
da Estatal. Ela também está fora da Lei 8.666/93. Isso é uma surpresa! Todos achavam que a
estatal que presta serviço público não seria abraçada pelo Estatuto, ficaria fora, mas próxima ao
ente da federação (Lei 8.666/93): precatório, imunidade tributária e tal. Coloca a Lei 8.666/93 para
ele também. Mas não! Ela veio para o mesmo tratamento da estatal que presta atividade
econômica.

E não sei se já viram, o Estatuto da Estatal dos arts. 28 ao 84 é sobre licitação, ou seja,
é uma nova lei de licitação. A maior parte da lei regula licitação, que sempre foi uma grande
questão em matéria de licitação da empresa estatal. E a regra hoje é igual para qualquer uma
delas. Vamos aplicar as mesmas regras do Estatuto da Estatal.

E olha, para pensar em casa! Depois leia no Estatuto da Estatal, que eu acho que é a
coisa mais importante e surpreendente, o art. 68 que fala dos contratos, e você vai perceber que
os contratos das empresas estatais não admitem cláusula exorbitante de modificação unilateral e
rescisão unilateral. “Uau! Um contrato que não tem as duas mais importantes?!”.

Art. 68. Os contratos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas,
pelo disposto nesta Lei e pelos preceitos de direito privado.

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ALERTA!!! Atenção! Tem cláusula exorbitante no Estatuto da Estatal, não tem essas
duas. Você vai perceber do art. 68 em diante isso. O Estatuto da Estatal não admite mais que a
estatal use cláusula exorbitante de modificação unilateral e rescisão unilateral.

Espero que tenham gostado. Eu fiz o melhor possível, e eu me diverti a valer. E no


próximo encontro, nós já vamos para “Ato, Licitação e Contrato”.

Próxima aula: Ato Administrativo, Licitação e Contrato Administrativo.

Obrigada pela atenção!

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