Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bom dia! Nós teremos dois encontros para trabalhar o direito ambiental. No
encontro de hoje trataremos da doutrina, e no próximo encontro faremos exercícios.
Normalmente, na doutrina, eu trago a parte introdutória e a parte geral, e deixo os exercícios para
a parte especial. Nem sempre eu consigo terminar a parte geral na primeira aula. Então, eu dou
uma estendida na segunda aula, fecho a parte geral e a gente faz os exercícios na parte especial.
2. Paulo Bessa Antunes – Direito ambiental, editora GEN. Era editora Atlas, mas a
Atlas foi adquirida pela GEN. Um detalhe é que o Paulo Bessa é integrante do Ministério Público
Federal, lotado no Rio de Janeiro e professor da UNIRIO. Em nível de concurso, ele tem uma forma
mais adequada para apresentar o tema;
Estes três, todos os demais livros que existem na praça, foram abertos para que os
demais livros fossem escritos. Essa que é a verdade. São os três pilares do direito ambiental
brasileiro. São três tijolos. O direito ambiental não para de crescer. Mas eu vivo falando, e
candidato de concurso já é grandinho, logo, não tem que ter medo de livro grande. Você não vai
ler igual a romance, uma folha atrás da outra, mas sim, você vai lendo conforme a sua necessidade
e conforme as dúvidas irão aparecendo. Então, não tem jeito, é melhor você comprar um livro de
ambiental cuspido, mastigado e digerido de uma folha e meia. Você ficará todo feliz, mas vai
aprender errado.
Se você tem outro livro em casa, é melhor ficar com ele, porque o que importa é
gostar do autor e ter a frequência de estudá-lo. Eu penso que estes listados são os melhores do
mercado. Recomendo que procurem uma compilação da matéria. A legislação é muito importante
e temos várias editoras que vendem a compilação, mas eu vou usar a da Saraiva.
Posso lhe dizer que 90% das questões de ambiental (quer prova discursiva, quer
prova múltipla escolha) são respondidas pela legislação. Por esta razão, ter uma legislação e saber
usá-la (importante não levar somente a legislação recém-comprada para a prova. É melhor que se
leve a legislação já estudada e usada) talvez seja mais útil do que ter um livro de ambiental.
Porque não há a menor dúvida de que, até mesmo em prova discursiva, sabendo usar a legislação
será possível responder as questões com base nela. Nas provas do Ministério Público, desde o
último provão que foi múltipla escolha, ainda não caiu mais nenhuma questão de ambiental
praticamente. Elas vão acabar aparecendo, uma vez que já caiu inserida na matéria de civil e de
constitucional.
Então, o direito ambiental não tem uma disciplina própria aqui no MPRJ e vai
acabar caindo inserido dentro de outra disciplina, como constitucional, administrativo,
responsabilidade civil. Quando o provão era de múltipla escolha - acho que foram duas ou três
provas nesse modelo -, em todos eles caíram questões de direto ambiental de forma própria e
específica. Fiquem atentos, pois ainda que não seja uma disciplina que vem caindo, ela pode
começar a cair a qualquer momento.
Peço a sua atenção também que o nosso atual presidente Jair Bolsonaro, porque ele
é um celeiro de questões de ambiental para concursos públicos, vez que ele dá “canelada” na
legislação ambiental, e isto, obviamente, vai chamar a atenção do examinador. Claro que não
estou aqui fazendo uma colocação política, mas sim uma colocação técnica para concursos.
Estão lembrados que ele foi multado enquanto pescava em um local de preservação
em Angra dos Reis? E o que aconteceu depois? No final do governo Temer e depois dele ser eleito
anulou o processo e a prescrição começou a ocorrer novamente. No início do governo Bolsonaro a
multa prescreveu. Após assumir, o Presidente afastou do cargo de chefia o servidor do IBAMA que
aplicou a multa e agora ele tem buscado acabar com a unidade de conservação por meio de
decreto – o que é inviável. Ele quer fazer a “Cancun Carioca” e quer fazer por decreto. E ele tem
predileção por decreto. Não pode fazer por decreto. Isto é uma pergunta certa para prova: Como
se extingue uma unidade de conservação, porque o cara quer fazer via decreto de qualquer
maneira.
Assim, aconselho que vocês pautem os estudos pelo o que é exposto na mídia, isso
porque o examinador não estuda mais. Ele se baseia por aquilo que é veiculado na mídia, no
jornal. Essa é uma forma de contextualizar e estudar a matéria, porque se você estudou a matéria
hoje, você vai ter que lembrar da matéria daqui a um ano. Então, ler notícias e matérias de jornal é
uma forma de recordar o conteúdo estudado. Saliento que não se deve acreditar nas informações
jurídicas lá prestadas, devendo-se, portanto, recorrer à doutrina para saber se de fato as
informações escritas estão corretas.
Feito estes alertas, vamos começar a nossa matéria tratando da natureza jurídica do
meio ambiente.
Eu não vou trazer o conceito técnico de meio ambiente. Aliás, se você quiser, eu lhe
apresento o que eu reputo como a principal lei ambiental: Lei 6.938/81, que define a política
nacional do meio ambiente, a PNMA.
Você vai encontrar no artigo 3º, inciso I desta lei o conceito de meio ambiente. O
conceito trazido é um conceito natural, que busca preservar a vida e que aqueles da área jurídica
não possuem nada a acrescentar para além do que está escrito lá. Inclusive, toda lei ambiental
tem sempre um artigo de conceito, geralmente é o artigo segundo ou terceiro. E, lembre-se,
conceito resolve questão, múltipla escolha principalmente.
Atenção, não há a palavra “público”, não está escrito que se trata de bem público
de uso comum. E todo mundo liga o meio ambiente a bem público, até porque em direito
administrativo a gente estuda a natureza jurídica dos bens, quais são os tipos de bens públicos:
uso comum, uso especial e dominical.
Assim, o meio ambiente NÃO é um bem público, mas sim de interesse público e
esta é a ideia no contexto do direito constitucional. Antigamente, o meio ambiente era dito como
bem público - por isso que o alerta é sempre importante - e um exemplo disto está no
denominado Código de Caça – Lei 5.197/67 (que proíbe a caça). O referido código dispõe em seu
art. 1º o seguinte:
Ao dispor que “são propriedades do Estado”, resta claro que até mesmo os animais
eram considerados bens públicos/ propriedade do Estado. Todos defendem que este artigo não
foi recepcionado pela Constituição, já que o meio ambiente não é um bem púbico, mas de
interesse público, um bem de interesse difuso, um direito humano de terceira geração.
1. Inalienáveis,
2. Irrenunciável, e;
3. Imprescritível.
Logo, sendo o meio ambiente um direito humano de terceira geração, por lógica,
ele seria também inalienável, irrenunciável e imprescritível. No entanto, eu peço cuidado com a
imprescritibilidade.
Assim, o §3º reconhece que o poluidor pode ser punido civil, penal e
administrativamente, ou seja, prevê três sanções em relação ao dano ambiental. Afirmo que, o
crime ambiental e a infração administrativa são prescritíveis.
No direito penal, você até encontra alguns crimes imprescritíveis, mas são poucos,
tais como a tortura, o racismo e os crimes contra o Estado democrático. No entanto, não há crime
ambiental imprescritível. Mas, eu sei que há prescrição na esfera penal, embora eu não saiba
aprofundar muito esta temática porque foge muito da minha atuação no dia-a-dia. Recomendo
buscar junto ao Ricardo Martins ou a Claudia Barros que são dois ótimos professores de direito
penal especial, trabalham bem com a Lei 9.605 e vão saber explicar esta temática melhor do que
eu. Por outro lado, em matéria de infração administrativa já está mais no meu dia a dia, então vou
conseguir trabalha-la de forma mais aprofundada com vocês.
Este dispositivo foi aquele aplicado no caso da multa do Bolsonaro: Ele estava
multado, e no final do governo Temer houve a anulação do processo e, consequentemente, o
prazo prescricional começou a correr novamente, vez que a prescrição só fica interrompida
enquanto há a apuração. Assim, considerando que o prazo começou a correr novamente e que
não houve a instauração de outro procedimento dentro do prazo de cinco anos, ocorreu a
prescrição.
Desta forma, uma vez que se tem 5 anos para instaurar um processo para punição
do agente, não há como falar, inadvertidamente, que dano ambiental é imprescritível.
MATERIAL DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DA TURMA REGULAR AMPERJ
SUA VENDA E DIVULGAÇÃO SÃO PROIBIDAS
8
TURMA REGULAR - CURSO AMPERJ
AULA 01 – DIREITO AMBIENTAL
DATA DA AULA: 13/07/2019
PROFESSOR LUIS OLIVEIRA
Tome cuidado, pois o STJ tem várias súmulas que versam sobre direito ambiental,
inclusive, da súmula 613 em diante, existem vários entendimentos que dizem respeito a direito
ambiental.
A regra que o código florestal cria ao trazer, por exemplo, restrições no direito de
propriedade, não retiram a propriedade do imóvel de seu titular, mas impõem uma obrigação. Isso
porque, não se trata de uma desapropriação, e sim de é uma limitação administrativa.
2. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
São várias as limitações existentes, mas chamo a atenção para a APP e ARL, e
destacaria em especial esta última, pois está em completa evidencia.
A ARL está em evidência porque o Senador pelo Rio de Janeiro, Flavio Bolsonaro,
apresentou um Projeto de Lei que visa acabar com a área de reserva legal, de modo a modificar o
Código Florestal e a pôr fim nesta limitação.
Então, é obvio que quem está antenado vai questionar o que é ARL e onde é
possível encontrá-la. ARL - área de reserva legal, se trata de uma limitação administrativa, criada
pelo código florestal para a defesa das florestas e é regulada pelos artigos 12 ao 24. A ARL pode
ser encontrada tão somente no imóvel rural. Todo imóvel rural sofre uma limitação administrativa
criada pelo código florestal, sendo obrigado a preservar determinado percentual de floresta em
seu imóvel.
A APP - “área de preservação permanente -”, que sempre foi par da ARL, está
prevista dos artigos 4º ao 9º do código florestal e pode ser encontrada na zona urbana e na zona
rural.
Esta informação era o suficiente para responder a questão de ambiental que caiu na
última prova de múltipla escolha do MP.
Não se pode confundir imóvel rural com zona rural. É plenamente possível que
exista um imóvel rural em zona urbana, isso porque o imóvel rural no âmbito do direito agrário é
identificado através do princípio da destinação e não pelo princípio da localização. Assim, o que
interessa é a destinação do imóvel, se é agrícola, pecuária, extrativista, silvicultura ou de
piscicultura. Caso possua qualquer uma destas destinações, o imóvel será considerado rural, ainda
que se encontre no “coração” da cidade.
Assim, por força do que estabelece o artigo 13 do plano Diretor, o Município do Rio
de janeiro deve ser considerado integralmente urbano, não existindo, portanto, zona rural. No
entanto, é evidente que existem imóveis rurais no âmbito Município do Rio de Janeiro, mas para
ser caracterizado como tal se faz necessário que este imóvel tenha destinação agrícola.
O meio ambiente cultural, por sua vez, nada mais é do que tombamento. Em livros
de direito ambiental, o capítulo que trata de meio ambiente cultural abordará os aspectos do
Decreto Lei nº 25/1937 que regula o tombamento.
Por fim, o meio ambiente do trabalho é aquele onde você trabalha. Inclusive, vale a
leitura do art. 200, VIII, CRFB/88:
Você já ouviu falar em CIPA? Ao lado da CIPA está o PPRA, que significa Plano de
prevenção de riscos ambientais. O PPRA irá fazer um Raio-X do quadro da empresa em que você
está trabalhando e irá elencar todos os riscos físicos e biológicos a que o trabalhador está sujeito.
3. PRINCÍPIOS
O provão do TJRJ, por exemplo, cuja banca é a VUNESP, traz umas 6 ou 7 questões
de ambiental e, dentre elas, sempre tem uma versando sobre princípios. E em direito ambiental o
que não falta são princípios.
Um dos princípios que não está previsto dentro do rol do art. 6º e que merece
destaque é o princípio da logística reversa, que aparece com frequência em matéria de
consumidor. Este princípio nada mais é do que o retorno do produto para o fabricante após o uso
do consumidor e encontra-se previsto no art. 33 da lei 12.305/2010. Um exemplo para explicar
este princípio: determinada pessoa compra uma geladeira nova e decide doar a geladeira velha
para alguém. No entanto, devido ao seu estado de conservação ninguém possui interesse em ficar
com ela. Diante do ocorrido, a pessoa entra em contato com o fabricante da geladeira e este
deverá realizar a coleta do bem na residência do consumidor.
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de
luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
# CUIDADO, pegadinha!!
- A linha branca, prevista no inciso VI, é novidade.
- Em provas de múltipla escolha o examinador costuma perguntar quem são os personagens
obrigados a buscar o produto (os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes) ou,
ainda, quais produtos são abarcados pelo princípio da logística reversa.
Fique atento! Quando o examinar questiona acerca dos personagens obrigados a buscar o
produto, é comum que se coloque o consumidor como um desses personagens. A alternativa que
afirmar que o consumidor é um personagem obrigado, por força do princípio da logística reversa,
a buscar o produto estará ERRADA!
Voltando ao artigo 6º da Lei de resíduos sólidos, irei destacar três princípios nele
elencado, quais sejam:
carbono para ficar vendo a floresta crescer, isso porque o pequeno agricultor desmata a floresta
somente para plantação de alimentos para comer e sobreviver. Assim, em suma, pagaria- se uma
bolsa para que este agricultor deixe de plantar.
Se um dia você precisar lembrar disso, o artigo 186 da CRFB/88 conceitua a função
social da propriedade rural e é exatamente o mesmo conceito. A função social da propriedade
rural é aquela que gera desenvolvimento econômico, desenvolvimento social por meio do uso
racional dos recursos ambientais. Então, eu posso afirmar que o conceito de função social da
propriedade rural é o mesmo que o princípio do desenvolvimento sustentável.
da primeira ministra da Noruega que conduziu o referido estudo). O referido estudo revelou que a
situação não estava boa e, por esta razão, agendaram a Convenção RIO 92, local onde nasceu o
Princípio 15 – princípio da precaução.
Atividades que venham a ter um potencial de dano elevado terão que passar pelo
crivo de um licenciamento ambiental rígido, não sendo possível a realização de um licenciamento
com tramitação tranquila e célere. Isto porque, o princípio da prevenção pede esse tipo de
tratamento para atividades causadoras de potencial dano ambiental.
O STJ já ligou a precaução ao in dubio pro natura, ou seja, na dúvida, não libera.
Não sei se vocês estão lembrados, com relação àqueles fatos que eu sempre falo
para vocês contextualizarem, é importante relembrar que a primeira briga da Ministra Marina
Silva com o até então Presidente Lula foi devido a esta Lei e ao princípio da precaução. Na época,
uma soja transgênica entrou no Brasil através de contrabando pelo Paraguai e foi plantada no
Paraná. Depois de feita a colheita, descobriram que a soja era transgênica e, por esta razão, a
Ministra queria que queimasse toda a soja coletada, com base no princípio da precaução. Mas o
Presidente defendia o contrário, buscando atender o programa Fome Zero criado à época, assim
ele assinou Medida provisória liberando a soja transgênica.
Princípio do poluidor pagador - Ninguém quer chegar neste estágio, pois significa
que os princípios da prevenção e da precaução não funcionaram. Alguns até brincam com o
princípio dizendo “poluo, mas pago”. Então, já que é para fazer graça e prefiro dizer “poluo e não
pago”, isso porque dificilmente alguém paga multa ambiental neste País. O IBAMA recolhe apenas
2% das multas aplicadas, mas esta situação não se restringe só ao IBAMA, uma vez que toda
entidade autárquica com poder punitivo não consegue arrecadar.
Por isso a febre nacional entre as entidades autárquicas que aplicam multa é a
realização do Termo de Ajustamento de Conduta- TAC, pois é muito mais eficiente.
Ao mudar o ramo do direito, muda-se também o nome do instituto realizado: No direito
ambiental, a moda é a realização do chamado “PRA”- Programa de Regularização Ambiental; No
CADE ocorre o chamado TCC- Termo de compromisso de cessão, que nada mais é do que o termo
de ajustamento de conduta previsto na lei de ação civil pública.
deveria ser movimentado para ingressar com uma ação em juízo buscando fazer valer a decisão –
ainda que seja a multa considerada um título executivo extrajudicial. O fato é que demorará
bastante tempo e no momento da cobrança a empresa pode decretar falência, o que fará com que
a Autarquia deixe de arrecadar qualquer valor.
A grande questão é: qual teoria eu vou aplicar ao dano ambiental? O poluidor vai
responder com base em que teoria? Vejamos o que dispõe o art. 14, §1º da Lei 6.938/81, que
institui a política nacional do meio ambiente:
Então, resta evidente que, por meio da leitura do artigo, o dano ambiental é
abraçado pela teoria objetiva.
Então, qual seria a variação da teoria objetiva? Dando uma resposta bem lógica e
com base em reiteradas decisões do STJ, eu diria ao examinador que a teoria do risco integral.
Ainda que esteja errado - e na minha opinião está errado mesmo - você estará errando com base
no entendimento do STJ. Este posicionamento do STJ se iniciou no boletim informativo nº 507 de
2012 e vem sendo mantido até hoje.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, teríamos uma outra variação chamada de
teoria do risco suscitado. Para saber mais sobre esta teoria é recomendável que se leia a doutrina
de Celso Antônio Bandeira de Melo. A teoria do risco suscitado também é conhecida como teoria
do risco criado ou teoria do risco produzido.
Saliento que, o capítulo mais importante do livro do Celso Antônio é o que trata
sobre responsabilidade do Estado, por isso aconselho a vocês que irão fazer um concurso de alto
padrão a ler este capitulo.
Em suma, em uma prova eu diria que (i) ao dano ambiental aplica-se a teoria
objetiva; (ii) enquanto na variação aplica-se o risco integral, conforme reiteradas decisões do STJ.
e será obrigado a promover a limpeza da baía, bem como a realizar pagamentos à título de
indenização àquela população atingida, independentemente de o dano ter sido causado por um
raio.
Hely Lopes Meireles defende que não existe risco integral no direito administrativo
brasileiro. E, se existisse, o Estado seria segurador universal, uma vez que qualquer fato que
acontecesse diante da ausência de excludente e de nexo, seria de responsabilidade do Estado.
O exemplo que o Gasparini traz é o caso de uma família que decide pedir indenização ao
Município devido a morte de um familiar que optou por pular de uma janela. Segundo a família, a
indenização seria devida vez que a causa da morte foi o choque do corpo do indivíduo com o
logradouro público pertencente ao Município.
Por estas razões, existem as variações e surgiu a teoria do risco suscitado como
forma de enxergar o nexo.
Voltando ao art. 14, §1º da Lei 6938/81 que fala da teoria objetiva (gênero),
gostaria de destacar e estudar uma expressão existente neste dispositivo.
Logo no início irei destacar, embora não seja a mais importante, a expressão “é o
poluidor”. Quem é o poluidor? O art. 3º, IV da Lei 6938/81 conceitua quem é o poluidor:
Interessante destacar que a Lei 6938 é do ano de 1981. A teoria objetiva nesta
época ainda estava engatinhando e a Lei ambiental já estava mandando aplica-la à pessoa física.
MATERIAL DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DA TURMA REGULAR AMPERJ
SUA VENDA E DIVULGAÇÃO SÃO PROIBIDAS
20
TURMA REGULAR - CURSO AMPERJ
AULA 01 – DIREITO AMBIENTAL
DATA DA AULA: 13/07/2019
PROFESSOR LUIS OLIVEIRA
Hoje, com o código civil de 2002, ninguém se preocupa com isso, mas na época de edição da lei
ambiental era considerado revolucionário.
Ademais, o dispositivo ainda prevê que o poluidor pode ser direto ou indireto.
Atualmente, o poluidor indireto é chamado de corresponsável ambiental e isso tem caído
bastante em prova.
O poluidor direito responderá pela teoria objetiva, porque o art. 14, §1º dispõe
expressamente que “o poluidor responde”. Mas, o poluidor indireto responde pela teoria objetiva,
na variação teoria do risco integral, pois ele possui uma excludente, qual seja, provar que exigiu
adequação do financiado.
Um exemplo mais recente pode ser criado a partir da Lei de Biossegurança. Fazer
pesquisa com organismo geneticamente modificado tem um custo extremamente alto, então as
instituições cientificas procuram instituições financeiras para pedir financiamento. Nestes casos, a
própria lei de biossegurança, em seu art. 2º, §4º trata expressamente da corresponsabilidade:
Assim, esta lei reconhece a figura do poluidor direto, do poluidor indireto e ainda
fala em solidariedade.
Pela literalidade do §2º resta evidente que se trata de uma obrigação propter rem,
ou seja, havendo a aquisição do imóvel há a obrigação de recuperar toda a área indevidamente
desmatada, não importando quem desmatou ou quando aconteceu, vez que a reparação do dano
ambiental é imprescritível.
Veja, o novo titular não vai assumir a multa eventualmente aplicada àquele que
desmatou, pois não há corresponsabilidade em matéria administrativa ou penal, por força do art.
5º, inc. XLV da CF que determina que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. A
corresponsabilidade, igualmente como ocorre na imprescritibilidade, só ocorre na reparação civil.
Não há, portanto, como assumir a multa do antigo dono do imóvel.
Sendo a obrigação propter rem, não há porque discutir qual é a teoria aplicável ou
quem será o responsável pela reparação civil.
Se o empreendedor, neste caso citado, causar algum dano ambiental o Estado irá
responder. E, da mesma forma como ocorre nos casos de instituição científica x instituição
financeira, entre o empreendedor e o Estado é obviamente preferível que se busque a reparação
através do Estado, vez que este possui uma arrecadação tributária altíssima.
ATENÇÃO!! A jurisprudência exige que o Estado entre com ação regressiva contra o
empreendedor, senão a população estará pagando duas vezes. Isto porque, primeiramente estará
arcando com o dano ambiental e, posteriormente, com o valor referente a reparação do dano
causado pelo empreendedor. Então, se o Estado agiu erroneamente na concessão do
licenciamento ele será corresponsável, mas deverá obrigatoriamente ingressar com uma ação
regressiva contra o poluidor direto visando o ressarcimento dos recursos públicos ali utilizados.
aquela coletada, houve a utilização de um recurso natural para a obtenção de lucro, logo, o
pagamento pela utilização do recurso é devida. Isto é a caracterização do usuário pagador.
Enfim, o que não falta em direito ambiental são princípios. A existência de alguns
não é tão compreensível, como ocorre, por exemplo, com o princípio da ubiquidade. Este princípio
estabelece que o meio ambiente deve estar presente em todas as políticas de governo. (Exemplo:
educação ambiental). Em suma, para ele a questão ambiental deve ser trazida para todas as áreas
e políticas de governo.
Vimos os principais princípios, então vamos avançar para uma matéria bastante
cobrada, qual seja, competências.
4. COMPETÊNCIAS
Vamos falar neste tópico sobre: competência normativa - quem pode legislar sobre
direito ambiental; competência administrativa, que será dividia em duas partes, (i) preventiva e
(ii) repressiva (muita atenção aqui pois, por vezes, aparece em prova como poder de polícia
ambiental) e; competência jurisdicional, que traz consigo a competência do Ministério público e
da polícia.
Quem pode legislar sobre direito ambiental? A resposta está no art. 24 da CF.
Vou lhe dizer que, ao comentar o tema, Paulo Bessa Antunes explica que defendia
a aplicação da norma mais restritiva, mas que posteriormente veio a percebeu que se trata de
uma forma equivocada. Isto porque, quando trabalhamos com o artigo 24 a forma de resolver o
problema envolvendo conflito de normas é através do §1º.
Indo mais além, o dispositivo não diz se deve prevalecer à norma geral mais
restritiva, apenas se limita a dizer que as normas gerais devem prevalecer. Desta forma, não
importa se a norma geral é mais restritiva ou não, ela deverá prevalecer por ser regra
constitucional.
O problema é que, em regra, com as normas gerais não é possível se ter precisão.
Por isso, a União abusa do seu poder de criar normas gerais, pois ninguém sabe estabelecer o que
são normas gerais.
Explicando o caso: Temos uma lei federal (L.9055/95) que permite que Brasil ainda
utilize uma variação do amianto. Nesse contexto, os estados começaram a proibir integralmente o
uso do amianto, tendo sido o estado de São Paulo um dos primeiros a editar norma neste sentido.
Neste diapasão, uma indústria que fazia a utilização desta variação de amianto tentou requerer
licenciamento para atuar no estado de São Paulo, tendo sido tal licenciamento negado, pois São
Paulo possui lei própria proibindo integralmente o uso da referida substância. Assim, a empresa
ingressou em juízo requerendo a aplicação da norma geral, na forma como estabelece a
Constituição e a Confederação Nacional das Indústrias impetrou uma ADI para solucionar a
questão. Chegando à Corte, esta decidiu pela prevalência da Lei de São Paulo, ou seja, da lei mais
restritiva. Informativo 509- ADI 3937/2008.
Neste caso, o STF entendeu que, por questões de saúde, a lei federal é
inconstitucional tendo sido esta, portanto, derrubada. Afirmou ainda que, a lei geral no Brasil
sobre amianto é a Convenção 162 da OIT. Esta convenção já foi internalizada pelo Brasil e proíbe a
utilização do amianto e de qualquer variação. Então, veja bem, a lei de São Paulo está no mesmo
sentido da norma geral, logo não prevaleceu a mais restritiva.
Exceção:
Ademais, para dizer que não foi dito, aprendi com Paulo Bessa Antunes que existe
uma norma geral que manda aplicar a norma mais restritiva. Ou seja, existe um momento/um
caso em que a norma restritiva vai prevalecer por força de determinação de lei federal. É a
hipótese de gerenciamento costeiro, prevista pelo art. 5º da Lei 7661/88.
Desta forma, tenham cuidado porque muitos livros afirmam que a norma mais
restritiva prevalece sem fazer qualquer tipo de restrição, mas este entendimento é equivocado.
É possível aceitar que norma especifica estadual ou municipal seja mais restritiva
quando a norma geral permite. Por exemplo, voltando a falar sobre APP, o art. 4º, I do Código
Florestal, traz a conhecida APP das margens dos rios/ das matas ciliares, que veda o
desmatamento para não ter o assoreamento dos rios e etc.
A norma geral elenca a largura mínima, logo, o Município que, visando defender os
interesses locais, quiser aumentar essa largura está liberado, pois a lei está o deixando livre para
isso. O mínimo é aquele estabelecido pela norma geral e consequentemente não poderá haver
mais diminuição, mas aumentar é permitido.
APP o responsável será obrigado a reparar o dano. Em alguns lugares a fiscalização é muito rígida,
como por exemplo, em visconde de Mauá.
Entendo ser uma lei formal, pois não tem densidade normativa, não gera direito
subjetivo para ninguém, o fato de estar previsto lá não significa dizer que será gasto.
Quer dizer, além de ser uma mudança significativa, me chamou mais atenção ainda,
as palavras ditas pelo Deputado Rodrigo Mais. Durante a aprovação da reforma da previdência o
Deputado criticou o governo dizendo que “se não fosse pelo Parlamento essa reforma não sairia e
que era bom que o governo “abrisse o olho”, pois o orçamento agora é todo impositivo”.
Talvez seja melhor esperar os grandes autores se manifestarem sobre o tema, mas,
sinceramente, acho válido que vocês leiam com atenção para ver se possuem a mesma impressão
que eu a respeito de todo o orçamento ser impositivo.
DETALHE IMPORTANTE: Sendo impositivo, o dinheiro vai ter que ser liberado. O
artigo ainda fala que o governo vai ter que se esforçar para cumprir. Claro que, por questões de
contingenciamento e técnicas vão impedir e continuaram impedindo, mas não é mais vontade do
governo executar o orçamento, como até então era. Então fiquem atentos à essa questão bem
emblemática.
Vamos para o art. 23 da CRFB/88. Aqui não há necessidade de utilizar o art. 30 para
definir a competência dos Municípios, pois o próprio art. 23 já o faz.
(I) PREVENTIVA:
E o que ocorreu até o nascimento da LC 140/2011? A CF/88, em seu art. 23, trouxe
essa competência comum, mas a edição de uma lei complementar para organizar essa distribuição
de competência não ocorreu logo, assim como pede o parágrafo único do art. 23.
O mesmo ocorreu com as disposições trazidas por um dos parágrafos do artigo 10,
hoje revogado, que determinava que “assuntos de interesse nacional são de competência da
União”, logo, o art. 4 da resolução que trata da competência da União também surgiu
regulamentando a Lei 6938/81.
Ocorre que a Lei 6938/81 não tratou das competências dos municípios, até porque,
a autonomia municipal só adveio no ano de 1988, ou seja, até 1988 o município sequer tinha
autonomia.
Estão lembrados como era a lei orgânica naquela época? O Estado editava uma lei
orgânica que era imposta para todos os Municípios. Então, uma vez que os municípios eram
completamente ignorados pela Lei 6938/81 surgiu um questionamento: Quando a resolução fala
que o Município tem competência, qual lei está regulamentando isso?
- Resolução é ato administrativo normativo e estes atos, até 1988, eram destinados
a fiel execução da lei.
Cabe aqui a indicação do que eu falei sobre os decretos do Bolsonaro, eles são para
fiel execução da lei. Não há decreto autônomo independente, não há resolução autônoma
independente e, por esta razão, houve muita discussão acerca da validade disso e da existência
(ou não) das atribuições dos Municípios em virtude do que dispunha a resolução do CONAMA.
Vale lembrar ainda que, o art. 23 determina que seja editada uma LEI
COMPLEMENTAR e não uma resolução, sendo assim, mesmo que a Lei complementar não surja,
não pode uma resolução legislar sobre o tema.
MATERIAL DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DA TURMA REGULAR AMPERJ
SUA VENDA E DIVULGAÇÃO SÃO PROIBIDAS
33
TURMA REGULAR - CURSO AMPERJ
AULA 01 – DIREITO AMBIENTAL
DATA DA AULA: 13/07/2019
PROFESSOR LUIS OLIVEIRA
No entanto, embora existam todos estes argumentos, a resolução foi muito bem
aceita. E por que isso aconteceu? Porque quando existia conflito entre os entes acerca de
questões sobre competência, o CONAMA, por meio desta resolução, usava como parâmetro a
área de influência direta do projeto. Guardem isso, pois é uma informação mágica.
Assim, a área de influência direta do projeto é um termo bem técnico, onde, por
exemplo, o empreendedor que irá fazer uma atividade deverá chamar os técnicos e questionar a
amplitude/impacto ambiental da atividade a ser prestada. Este técnico poderá responder que a
atividade será de menor potencial lesivo e que vai se limitar ao território do município, assim
sendo, o licenciamento será requerido para o Município.
Por outro lado, se o projeto tiver uma dimensão mediana e extrapolar o território
do Município, o licenciamento deverá ser requerido ao Estado. Por fim, se o projeto for de grande
dimensão e extrapolar o território do estado de forma a invadir território estrangeiro, o pedido de
licenciamento será feito ao IBAMA, ou seja, à União.
OBSERVAÇÃO:
É claro que poderá ocorrer uma discussão entre os técnicos no momento de verificação da
dimensão do impacto ambiental a ser causado, mas acredito que não vá ser uma grande
discussão, sendo possível chegar a um consenso rapidamente já que ambos possuem a mesma
formação.
Outro artigo que merece ser comentado e que irei adaptar às disposições da LC 140
é o art. 20. Como o CONAMA, orgão extremamente técnico, atribui competências para os
Municípios, mas alguns destes, até hoje têm, não possuem estrutura para dar licenciamento
ambiental à edição do art. 20 foi necessária.
Eu posso afirmar que 90% da legislação ambiental brasileira um dia já foi uma
resolução. Em regra, uma mera resolução nasce em deliberações do conselho nacional do meio
ambientes e, diante da grande importância que aquele tema possui, o Governo decide que uma
resolução/ato administrativo é pouco para tratar da questão, devendo, portanto, se tornar uma
lei. Assim, o Governo copia integralmente a resolução e manda para o Parlamento como um
projeto de lei. Foi exatamente isso que aconteceu com a LC 140/2011.
(II) REPRESSIVA:
Esta competência nunca foi tratada por resolução, foi criada diretamente por lei
complementar.
Pergunta-se: Quem é competente para punir? O art. 17 da LC 140 traz a solução
para a questão, embora não me pareça a mais adequada. Vejamos:
o
§ 3 O disposto no caput deste artigo não impede o exercício
pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da
conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente
poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental
em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere
o caput.
licenciamento aplicar a sanção, esta sanção deverá prevalecer. Ou seja, ele privilegia que aquele
que licencia também sanciona, mas também não impede que os demais fiscalizem e apliquem a
sanção.
Então, no caso da Samarco, o IBAMA aplicou a sanção porque o dano chegou ao Rio
Doce, que é um rio federal. Por esta razão, o IBAMA assumiu todo o procedimento e o Estado de
Minas Gerais preferiu não se manifestar. Vejam, se o Estado de Minas Gerais quisesse aplicar a
sanção, ele poderia e, sendo assim, a sanção do IBAMA não teria qualquer validade, uma vez que
prevalece a sanção do ente licenciador.
Por estes motivos, seria mais interessante que se utiliza como critério a área de
influência do dano e não do projeto, porque alguns danos podem extrapolar a área do projeto,
como ocorreu no caso de Mariana.
OBSERVAÇÃO:
Por isso, mesmo que a sua prova seja para o Ministério Público estadual, você
precisa conhecer o art. 20 da CF que dispõe quais são os bens da União. Se a prova proibir
consulta à legislação, recomendo que você decore, pelo menos, o inciso III do art. 20, já que é o
inciso preferido do examinador.
Imagine que ocorreu um dano ambiental em uma tríplice fronteira, por exemplo, RJ
x SP x MG, por meio de uma única conduta e nenhuma das áreas afetadas é da União. Quem é o
competente nesta situação? Qual MP Estadual vai apresentar a denúncia? Qual polícia civil vai
instaurar o inquérito? Inicialmente, lembre-se que não pode ir para a justiça federal, pois não há
bem da União envolvido. Nesta situação, as três polícias vão agir e os três MPs também, no
entanto, o MP que apresentar a denúncia primeiro tornará o juízo prevento. Não há problema se
os Estados se reunirem para criar uma equipe de trabalho e firmarem um acordo, mas se isso não
acontecer os três vão atuar. O STF é repleto de jurisprudência neste sentido.
Com isso nós fechamos as competências. Para encerrar essa parte introdutória e
começarmos a falar do licenciamento, gostaria de chamar a atenção de vocês para o SISNAMA-
sistema nacional do meio ambiente. Esse sistema é útil, pois, através dele vocês conheceram a
estrutura administrativa governamental para atuação no meio ambiente, art. 6 da lei 6938/81.
E mais, a lei elenca os órgãos federais e cita os estaduais e municipais sem elenca-
los, isso porque não teria como fazê-lo.
A estrutura da União tem um detalhe importante: esta Lei é de 1981 e nesta época
não tínhamos o Ministério do Meio Ambiente, por isso a legislação menciona “Secretaria especial
de meio ambiente”. Ou seja, os órgãos elencados na lei são órgãos ultrapassados ou que tiveram
seus nomes alterados. Então, procure uma lei federal mais atual que elenque estes orgão e eu vou
te dizer uma coisa: embora o SISNAMA não tenha funcionado, a ideia era ótima. Assim, a cada lei
especifica nascem SISNAMAs específicos, como política nacional do meio ambiente e sistema
nacional do meio ambiente.
Desta forma, vamos criar, por exemplo, o sistema nacional de unidades de
conservação, vamos tentar reunir todos os órgãos federais, estaduais e municipais que atuam em
unidade de conservação, vez que é mais fácil do que reunir só aqueles que atuam em recursos
hídricos, ou em poluição sonora, poluição do ar, resíduos sólidos pois assim não deu certo.
A lei do SNUC - Lei 9985/200 para a nossa felicidade trouxe os órgãos federais que
integram o SISNAMA e, por coincidência, também está previsto no art. 6º.Desta forma, embora o
SISNAMA esteja previsto no art. 6 da Lei 6938/81 não aconselho a utilização deste dispositivo pois
está desatualizado, o mais indicado é o rol da Lei 9985.
Âmbito da União:
Orgão consultivo e
deliberativo: CONSEMAC- conselho de meio ambiente da cidade
Vamos falar agora sobre a parte geral que é sobre licenciamento ambiental.
4. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Licenciamento significa processo e licença significa ato. Cuidado com isso em provas de múltipla
escolha, vez que o candidato pode se confundir achando que é a mesma coisa, mas não é. Em
provas discursivas talvez o examinador aceite como se fossem a mesma, mas em uma prova
objetiva pode significar o gabarito errado.
Pode parecer estranho mencionar aqui uma IN, mas ela está presente na
compilação legislativa e não estaria presente na compilação se fosse desnecessária.
estudos ambientais; (ii) criou mais uma fase do licenciamento, o TR- termo de referência, onde
será dito ao empreendedor sobre a necessidade de apresentação do EIA e o RIMA.
Duas informações importantes antes de começar: o que está sendo estudado aqui é
algo complexo, pois é destinada a atividade potencialmente causadora de significativa
degradação ambiental. Para estas atividades é necessário respeitar essas quatro fases e
apresentar os estudos ambientais completos, EIA e RIMA. O que significa dizer que, o que estamos
vendo aqui nem sempre acontecerá, tudo vai depender da potencialidade do dano da atividade.
Isso nos permite dizer que pode ocorrer a flexibilização dessa sequência, ou seja, ter
menos fases, permitir o pedido de menos estudos ou até mesmo estudos mais simples, então isso
é importante para mostrar ao examinador maturidade, pois há quem pense que qualquer licença
exige EIA e RIMA.
Conforme Paulo Bessa defende em seu livro, não há como estudar direito ambiental
sem saber direito administrativo, o que é verdade pois, aqui trabalhamos com processo
administrativo e em caso de omissão legislativa usaremos a lei 9794/99- lei geral de processo
administrativo.
Vamos provar com base nesta mesma resolução que eu posso flexibilizar essa
sequência e esses estudos. São informações importantes que você irá subsidiar na própria
resolução 237.
Vejam, pela lei de concessão florestal é possível que se autorize uma empresa a
ingressar em uma floresta pública para realizar a extração, de forma sustentável, de um recurso
natural. Este recurso será levado para a própria indústria, onde será beneficiado, valor será
agregado e, posteriormente será vendido e gerara lucro. Isto caracteriza a concessão florestal.
Assim, a empresa na concessão florestal não vai instalar indústria no meio da floresta, a
exploração é sustentável, causando o menor dano possível não sendo necessário, portanto, de
licença instalação.
Agora vamos provar que o EIA e o RIMA também podem ser substituídos. Isto está
previsto no art. 3º, parágrafo único da resolução 237:
Ou seja, podem ser requeridos outros estudos - diversos do EIA e RIMA- para as
atividades que não sejam potencialmente causadoras de significativa degradação. Exemplo destes
estudos podem ser encontrados no art. 1º, III da mesma resolução.
Ainda neste contexto, o que é uma atividade de maior potencial ofensivo? Existe rol
previsto em alguma legislação? Existem duas figuras aos quais é preciso chamar a atenção: a
primeira é a resolução 237, que possui o anexo I elencando as atividades e empreendimentos
sujeitos ao licenciamento ambiental. No entanto, como este rol é frágil, já que não diz se a
atividade é de maior ou menor potencial ofensivo, se necessita do EIA ou RIMA e etc, é preciso
lembrar da existência da Resolução nº 01/86 do CONAMA, que explica o que é o EIA e o RIMA.
MATERIAL DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DA TURMA REGULAR AMPERJ
SUA VENDA E DIVULGAÇÃO SÃO PROIBIDAS
46
TURMA REGULAR - CURSO AMPERJ
AULA 01 – DIREITO AMBIENTAL
DATA DA AULA: 13/07/2019
PROFESSOR LUIS OLIVEIRA
Logo, é essencial somarmos as resoluções 01/86 e 237, uma vez que uma vai falar do
procedimento e outra dos estudos.
O art. 2 da resolução nº 01/86 elenca em que casos o EIA e RIMA são obrigatórios, vejamos:
Após ser apresentada, o orgão tem 60 dias para estudar a proposta de TR, art. 11 e
12:
Atenção: Não é o empreendedor que vai decidir a sequência a ser seguida ou qual o
estudo ele vai apresentar, é o orgão ambiental responsável que, após receber a proposta de TR,
vai decidir se a referida proposta, bem como os estudos lá elencados, estão corretos ou não.
LICENÇA INSTALAÇÃO
E o que é o plano de compensação ambiental- PCA? Uma vez que se trata de uma
atividade potencialmente causadora de significativo dano ambiental, já se faz necessária uma
compensação da parte do empreendedor, consubstanciada na destinação de um percentual do
projeto para ajudar uma unidade de conservação. Quem criou o PCA foi o art. 36 da lei do SNUC-
lei 9985 de 2002.
Muita atenção, pois há uma ADI cujo objeto é a disposição trazida pelo §1º da Lei
9985.
LICENÇA OPERAÇÃO
Passada a fase da licença instalação, para que a empresa possa iniciar as suas
atividades é necessário a concessão da licença operação, para isto é necessário observar o art. 32
da IN 184:
Uma questão muito importante e uma das mais conhecidas quando tratamos de
licenciamento em direito ambiental é acerca da do prazo de validade. O Termo de Referência tem
o prazo de 2 anos (art.12 da IN), a LP até 5 anos, a LI até 6 anos e a LO de 4 até 10 anos- art. 18 da
resolução 237.
Assim, não se pode falar que “está licença” e sim que “É licença” com
peculiaridades, quais sejam, prazo de validade e que possibilidade de ser suspensa a qualquer
hora desde que venha gerar riscos.
Antes de o direito ambiental tomar grandes proporções, nós tivemos uma prova da
AGU (1997), feita pela banca CESPE, onde caíram umas 10 questões de ambiental. Lembro que
antes da prova eu tratei de 9 das 10 questões em sala de aula. Essa questão que eu não tratei foi
exatamente sobre isso. A assertiva falava “a licença ambiental é um ato discricionário”. Até hoje os
livros de ambiental não sabem dizer se esta afirmativa está certa ou não, no entanto, o gabarito
da banca dizia que a afirmativa estava certa, ou seja, considerava o a licença ambiental como um
ato discricionário.
Assim, existe forte discussão quanto a natureza jurídica da licença ambiental, se ela
realmente é licença ou se é autorização. Prevalece a tese de que é uma licença com características
próprias, de um ramo próprio do direito, que tem seus princípios próprios.
Qual a diferença entre eles? Esta é uma pergunta basilar, pois estes estudos são
frequentemente mencionados conjuntamente.
Quanto ao conteúdo, não há diferença, vez que ambos apreciam a mesma obra,
mesma atividade, vão relatar o impacto a ser causado. A diferença principal está na forma, porque
voltando ao art. 225, caput da CF veremos que:
Desta forma, o EIA é um termo técnico a ser encaminhado para um técnico, ou seja,
é destinado ao poder público. Já para a coletividade, a informação é prestada por meio do RIMA,
que é basicamente um resumo do que dispõe o EIA. Vejamos o que determina a Resolução 01/86
do CONAMA, art. 9º parágrafo único:
Outro exemplo é a recente Lei geral das agências reguladoras – lei 13848/2019. Esta
lei obriga as agências reguladoras a promoverem uma consulta pública quando forem realizar uma
regulamentação e faculta a realização de audiência.
Voltando à resolução 01, veremos que o art. 11, §2º fala expressamente em
audiência pública:
Ou seja, ele pode julgar NÃO ser necessário a realização de audiência pública.
Para finalizar, é importante que vocês saibam que existe uma resolução do
CONAMA que se destina apenas para audiências públicas, é a resolução 9/87.
Art. 2º - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado pôr entidade
civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos, o Órgão do Meio Ambiente
promoverá a realização de Audiência Pública.
O §2º ainda dispõe que o licenciamento será anulado se não for realizada a audiência pública:
Esta resolução está em revisão pelo CONAMA então, em breve, é provável que surja
outra resolução versando sobre o tema.