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Direito Ambiental
Direito Ambiental
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Direito Ambiental
Direito Ambiental
7ª Edição
3
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação ( CIP )
ISBN: 978-85-7699-418-3
CDD: 341.347
Bibliotecária Responsável
Ginamara de Oliveira Lima
CRB 10/1204
Porto Alegre, RS
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Direito Ambiental
APRESENTAÇÃO
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Sílvia Cappelli conheci em Porto Alegre, início dos anos
noventa, jovem Promotora de Justiça então já devotada aos estudos do
Direito Ambiental. Portadora de liderança natural, realizava reuniões
para o estudo da matéria, às quais eu, prazerosamente, comparecia. Ao
longo dos anos seu nome foi se impondo no cenário jurídico nacional.
Discretamente. Passo a passo. Graças a um trabalho sério, despido de
vaidades e voltado exclusivamente para a proteção do meio ambiente.
Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio
Ambiente do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Presidente da
Associação Brasileira de Promotores do Meio Ambiente –ABRAMPA,
organizadora da dezenas de congressos na área, palestrante de sucesso,
sua presença em todas as atividades do Direito Ambiental passou a ser
uma marca de qualidade do evento.
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Direito Ambiental
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Direito Ambiental
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
1. Brasil Colônia ........................................................................................ 18
1.1 Ordenações Manuelinas ...................................................................... 19
1.2 Ordenações Filipinas ........................................................................... 22
2. Império................................................................................................... 23
3 .República............................................................................................... 25
3.1 Formação do Direito Ambiental ........................................................... 26
3.2 Consolidação do Direito Ambiental ...................................................... 28
3.3 Fase contemporânea ........................................................................... 31
CAPITULO II
A TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE
1. O meio ambiente como bem jurídico autônomo .................................... 35
2. Direito ao meio ambiente como direito fundamental .............................. 39
3. O meio ambiente como interesse difuso ............................................... 44
CAPÍTULO III
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
1. A força normativa dos princípios ........................................................... 47
2. Dos princípios em espécie..................................................................... 49
2.1 Princípio do direito ao meio ambiente sadio e ecologicamente
equilibrado como direito fundamental ........................................................ 49
2.2 Princípio da função social da propriedade ........................................... 51
2.3 Princípio da prevenção ........................................................................ 53
2.4 Princípio da precaução ........................................................................ 55
2.5 Princípio do poluidor-pagador.............................................................. 62
2.6 Princípio do usuário-pagador............................................................... 65
9
2.7 Princípio do direito ao desenvolvimento sustentável ........................... 66
2.8 Princípio da cooperação internacional ou da cooperação entre
os povos .................................................................................................... 67
2.9 Princípio da equidade ou da solidariedade intergeracional ................. 67
2.10 Princípio da informação ..................................................................... 68
2.11 Princípio da intervenção estatal obrigatória na defesa do
meio ambiente .................................................................................. 69
CAPÍTULO IV
COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS NA CF/ 88 E NA LEI
COMPLEMENTAR 140/2011
1. Competência Material, ou implicitamente legislativa ............................. 73
1.1 Exclusiva ............................................................................................. 73
1.2 Competência material comum: art. 23 ................................................. 74
2. Competência legislativa ......................................................................... 77
2.1 Competência privativa ......................................................................... 77
2.2 Competência legislativa concorrente ................................................... 79
2.3 Conflitos entre leis especiais e gerais – competência
concorrente entre União e Estados ........................................................... 81
3. Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011.............................. 82
3.1 Histórico............................................................................................... 83
3.2 Critérios definidores da competência para o licenciamento, para
a supressão de vegetação e para o exercício do poder de polícia
administrativo ............................................................................................ 83
CAPÍTULO V
A TUTELA PREVENTIVA DO MEIO AMBIENTE
1. A Política Nacional do Meio Ambiente: Lei 6.938/81 ............................. 87
2. Principais órgãos criados pela Lei 6.938/81 .......................................... 88
2.1 CONAMA ............................................................................................. 88
2.2 IBAMA ................................................................................................. 90
2.3 Órgãos seccionais ............................................................................... 90
2.4 Órgãos locais....................................................................................... 90
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Direito Ambiental
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CAPÍTULO VI
A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL
DO PATRIMÔNIO CULTURAL
1. A proteção constitucional....................................................................... 137
2. As competências em matéria de proteção ao patrimônio cultural ................ 138
3. Instrumentos de proteção ao patrimônio cultural ................................... 146
3.1 Tombamento ....................................................................................... 146
3.2 O Inventário dos bens de valor histórico – cultural .............................. 153
3.3 A desapropriação ................................................................................ 156
3.4 Zoneamento e plano diretor................................................................. 156
3.5 Transferência do direito de construir ................................................... 156
3.6 Direito de preempção .......................................................................... 157
4. Proteção ao patrimônio cultural imaterial............................................... 158
5. Proteção ao patrimônio cultural e função social da propriedade ........... 160
CAPÍTULO VII
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
1. Regime da Responsabilidade administrativa pelo dano
ambiental .............................................................................................................. 165
2. Infração Administrativa: definição .......................................................... 169
2.1 Configuração da infração administrativa ............................................. 171
3. Agentes responsáveis ........................................................................... 172
4. Competência ......................................................................................... 174
5. O Processo administrativo para apuração de infração ambiental .......... 177
5.1. Formalidades do auto de infração ...................................................... 180
5.2. Defesa administrativa ......................................................................... 181
5.3. Instrução e julgamento ....................................................................... 181
6. Sanções administrativas ........................................................................ 183
6.1 Advertência.......................................................................................... 185
6.2 Multa simples....................................................................................... 186
6.3 Multa diária .......................................................................................... 191
6.4 Apreensão ........................................................................................... 192
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Direito Ambiental
CAPÍTULO VIII
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AO MEIO AMBIENTE
1. O Regime de responsabilidade civil objetiva ......................................... 199
2. Teorias do risco ..................................................................................... 200
3. Pressupostos ......................................................................................... 205
3.1 Atividade .............................................................................................. 205
3.2 Nexo de causalidade ........................................................................... 205
3.3 Dano .................................................................................................... 212
4. A identificação do poluidor..................................................................... 223
4.1 O conceito de poluidor ......................................................................... 223
4.2 A responsabilidade do Estado por danos ambientais .......................... 225
CAPÍTULO IX
RESPONSABILIDADE CRIMINAL POR DANOS AO MEIO
AMBIENTE
1. Introdução.............................................................................................. 235
2. Importância da tutela penal do ambiente ............................................... 237
3. A tríplice responsabilização ................................................................... 240
4. Panorama geral do direito penal ambiental ........................................... 240
5. A Lei dos crimes ambientais (L.9.605/98).............................................. 241
6. Co-autoria e participação na Lei dos Crimes Ambientais ...................... 242
7. Responsabilidade penal da pessoa jurídica .......................................... 243
7.1 Principais argumentos contra a responsabilidade penal das
pessoas jurídicas ....................................................................................... 246
7.2 Requisitos para configuração da responsabilidade penal das
pessoas jurídicas ....................................................................................... 249
7.3 Responsabilidade penal das pessoas jurídicas de direito
público ....................................................................................................... 250
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8. Responsabilidade penal da pessoa jurídica e a teoria da dupla
imputação .................................................................................................. 253
9. Desconsideração da pessoa jurídica ..................................................... 258
10. Das penas na Lei de Crimes Ambientais ............................................. 259
10.1 Das penas restritivas de direitos aplicáveis às
pessoas físicas .......................................................................................... 260
10.2 Penas de interdição temporária de direitos aplicáveis às
pessoas físicas .......................................................................................... 261
10.3 A pena de prestação pecuniária ........................................................ 262
10.4 A suspensão condicional da pena (sursis) ........................................ 262
10.5 A pena de multa ................................................................................ 262
10.6 As penas aplicáveis às pessoas jurídicas.......................................... 263
10.7 Critérios para apenamento da pessoa jurídica .................................. 264
10.8 Efeito extrapenal da condenação ...................................................... 265
11. A transação no âmbito da Lei n. 9.605/98 ........................................... 265
12. A composição do dano ........................................................................ 267
13. Reparação do dano ............................................................................. 267
CAPÍTULO X
ATUAÇÃO EXTRAJUDICIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
1. O Inquérito Civil ..................................................................................... 271
2. Compromisso de ajustamento ............................................................... 274
2.1 Conceito .............................................................................................. 274
2.2 Natureza jurídica ................................................................................. 275
2.3 Objeto .................................................................................................. 276
2.4 Possibilidade de cumulação das obrigações de fazer, não-fazer
e condenação em dinheiro ........................................................................ 277
2.5 Aspectos Formais ................................................................................ 281
2.5.1 Qualificação das partes investigadas e correta
representacão............................................................................................ 281
2.5.2 Descrição da situação lesiva ............................................................ 282
2.5.3 Situar perfeitamente as condições de tempo, modo e lugar do
cumprimento das obrigações..................................................................... 282
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Direito Ambiental
CAPÍTULO XI
AÇÃO CIVIL PÚBLICA: QUESTÕES CONTROVERTIDAS
1. Legitimação ativa................................................................................... 297
2. Objeto .................................................................................................... 298
3. Competência ......................................................................................... 299
4. Tutelas de urgência ............................................................................... 307
4.1 Medida Liminar .................................................................................... 308
4.2 Medida cautelar ................................................................................... 310
4.3 Antecipação de tutela .......................................................................... 311
4.3.1 Tutela específica .............................................................................. 312
4.3.2 Tutela inibitória ................................................................................. 313
5. Prova ..................................................................................................... 315
6. Custas ................................................................................................... 318
7. Alcance da Sentença ............................................................................. 321
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Direito Ambiental
Capítulo I
17
atual no final do século XX. Antes disso, elementos que o compõem
eram vistos apenas como recursos naturais necessários ao utilitarismo
de uma exploração economicista, numa ótica exclusivamente
antropocêntrica. Para BENJAMIN, nos modelos constitucionais
anteriores a 1988 a degradação ambiental seria sinônimo de
degradação sanitária, ou pior, mero apêndice do universo maior da
produção e do consumo3.
1 Brasil Colônia
O objetivo primordial de Portugal na época do
descobrimento do Brasil era o comércio e o acesso às Índias. Adverte
PRADO JR. que a idéia de povoar as Américas surge somente quando
se constata a necessidade de organizar a produção de gêneros. Do
descobrimento até meados do século XVI, ela se dava através do
sistema de feitorias, decorrendo do extrativismo do pau-brasil.
Conforme GUIMARÃES: enquanto os exploradores chegavam ao
18
Direito Ambiental
4 GUIMARÃES JR. Renato. O futuro do Ministério Público como guardião do meio ambiente e a
história do Direito Ecológico. Justitia, São Paulo, 43(113), abr./jun. 1981, p. 172.
5 WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental Brasileira: subsídios para a história do direito
ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p. 4.
6 De acordo com MAGALHÃES, Juraci Perez. A evolução do direito ambiental no Brasil. 2ª
edição. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, p. 25.
7 PRADO JR., obra citada, p. 26.
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seu dono em tresdobro. E se o dano que assi fizer nas árvores for de
valia de quatro mil reis, será açoutado e degradado 4 annos para a
Africa. E se for valia de 30 cruzados, e dahi para cima, será
degradado para sempre para o Brasil8.
A decadência do pau-brasil na costa marítima ocorreu
rapidamente: em alguns decênios esgotara-se o melhor das matas
costeiras que continham a preciosa árvore, e o negócio perdeu seu
interesse9.
Diante dos constantes ataques franceses para o
contrabando da madeira, em 1530, uma expedição comandada por
Martim Afonso de Souza veio ao Brasil para promover a distribuição
de terras de acordo com o regime das sesmarias. No Brasil, adverte
FIGUEIREDO, as terras deveriam ser distribuídas pelos donatários a
colonos e peões que as solicitassem, com a condição de que fossem
cristãos10, constituindo-se, o instituto, a origem do latifúndio no
Brasil11. Tratava-se de doação plena e de caráter perpétuo,
condicionada ao cultivo.
As Capitanias Hereditárias, consistentes na divisão da
costa em 12 setores lineares com extensões que variavam entre 180 a
600km, limitadas a oeste pelo Tratado de Tordesilhas e a leste pelo
Oceano Atlântico12, destinavam-se ao povoamento de terras e
obrigavam o donatário a cultivá-las pelo período de cinco anos, sob
pena de perder a doação. A principal atividade econômica passou a ser
a monocultura da cana-de-açúcar que, por sua larga extensão
territorial, exigia mão de obra escrava.
Esse segundo projeto econômico seguia a sanha
destruidora do período extrativista do pau-brasil. Entretanto, com a
8 CARVALHO, Carlos Gomes de. Introdução ao Direito Ambiental. 3ª edição. São Paulo: Letras
& Letras. 2001, p. 25.
9 PRADO Jr., obra citada, p. 27.
10 FIGUEIREDO, obra citada, p. 148.
11 Idem, Ibidem.
12 Capitanias Hereditárias, breve abordagem jurídico-dinástica da experiência feudal no Brasil.
Disponível em
http://www1.universia.net/CatalogaXXI/pub/ir.asp?IdURL=88843&IDC=10010&IDP=AR&IDI=2.
Acesso em 21 de fevereiro de 2010.
20
Direito Ambiental
21
1.2 Ordenações Filipinas
22
Direito Ambiental
2 Império
A época da independência do Brasil coincide com o
declínio do império lusitano. A decadência do sistema colonial,
segundo FIGUEIREDO, está ligada à passagem do capitalismo
comercial para o industrial21.
23
virgens, era essencial um grande contingente humano, com que
explorar as variadas riquezas que a selva oferecia, sem pedir qualquer
recompensa [...] Ateavam-se fogueiras nas matas, como meio mais
veloz de limpar as áreas [...] A devastação do período colonial
prosseguia, portanto, no mesmo ritmo. As plantações se sucediam até
o completo esgotamento da terra que era a seguir abandonada à saúva
e às ervas daninhas. Exigir que se respeitassem as leis de proteção à
floresta seria incidir no desagrado dos fazendeiros que eram o
sustentáculo dos partidos Conservador e Liberal.23
Em 1828, a primeira lei brasileira sobre bens ambientais
após a Independência24 também representou enorme retrocesso ao
descentralizar o poder de polícia e de administração para as Câmaras
Municipais. Poços, pântanos, curtumes, decoro e ordenamento das
povoações eram objeto das posturas, assim como vozerias em horas de
silêncio25. As penas de açoite, degredo e morte foram substituídas pela
de prisão, na esteira na moderna ciência penal.
Embora o Código Criminal do Império de 1830, nos seus
artigos 178 e 257, impusesse penas ao corte ilegal da madeira, o
liberalismo jurídico dava a tônica da transformação dos valores. Na
lição de GUIMARÃES JR. todas as espécies animais, em Portugal
distinguidas pela lei conforme as características biológicas e
utilidades ao meio ambiente do homem, foram reduzidas a um só
vocábulo ‘semoventes de qualquer natureza’ [...] Poluir águas não
mais é crime, mas desvio de seu curso, prejudicando terceiros, sim,
com até um ano de prisão. Plantar árvores ou quaisquer vegetais – e
não mais cortá-los – é que, nessa tendência antinatureza, é crime,
desde que prejudicassem linhas telegráficas ou telefônicas [...] As
queimadas passaram a constituir crime apenas quando nas
proximidades dessas linhas ou quando ateadas sobre plantações ou
campos de culturas ou matas de terceiros ou da Nação – crime contra
a tranqüilidade pública26.
23 Idem, p. 97.
24 Posturas municipais previstas no art. 66 e seguintes do diploma de 1º de outubro de 1828.
25 GUIMARÃES. Obra citada, p. 165.
26 Idem, p. 166.
24
Direito Ambiental
3 República
O regime republicano, que se inicia em 1889 e vigora até
hoje necessariamente precisa ser subdividido para que se possa
compreender as mudanças no pensamento político e jurídico e seus
reflexos sobre a tutela ambiental, até o período contemporâneo.
Nesse sentido, convém subdividi-lo em três fases29:
a) formação do Direito Ambiental – 1889 a 1981;
b) consolidação do Direito Ambiental – 1981 a 1988;
c) fase contemporânea.
27 Um dos maiores méritos de José Bonifácio, de acordo com FIGUEIREDO, foi estabelecer a
conexão entre os elementos que caracterizam a política agrária do Brasil no período pré-
republicano: “a monocultura em latifúndios, a degradação ambiental perdulária e a escravidão”.
Obra citada, p. 157.
28 PEREIRA, p. 98.
29 MAGALHÃES, obra citada, p. 39, prefere dividir tal período como: de evolução do Direito
Ambiental – de 1889 a 1981; de consolidação do Direito Ambiental – 1981 a 1988 e de
aperfeiçoamento do Direito Ambiental, a partir de 1988.
25
3.1 Formação do Direito Ambiental
26
Direito Ambiental
27
15.09.1965), a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197, de 3.1.1967) e o
Código de Mineração (Decreto-Lei 227, de 28.2.1967).
28
Direito Ambiental
36 A tal conclusão se chega pela leitura do conceito de meio ambiente trazido pelo art. 3º, I, da
Lei 6938/81, como “o conjunto de condições, leis, influências e interações que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”, demonstrando que o homem não está no centro ou é
previsto como o destinatário único ou primordial da norma.
37 Art. 225, caput.
29
ambiente é considerado constitucionalmente como bem de uso comum
do povo e, portanto, imaterial, indivisível, inapropriável e inalienável,
pertencente a todos os brasileiros, consagrando, também, assento
constitucional aos direitos difusos.
38 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Processo Civil Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2008.
39 Art. 225, parágrafo 3º.
40 Art. 225, parágrafo 1º, IV.
41 Obra citada, p. 397.
30
Direito Ambiental
31
Não podemos deixar de considerar que a corrida
desenvolvimentista persiste em sua disparada cega em direção a um
futuro incerto, mas marcado por um sem número de tragédias
anunciadas42. Apesar disso, tais circunstâncias não podem impedir que
nos seja restaurada a confiança na possibilidade de implementarmos
novas formas de vida43 e, com isso, um novo modo de criar e aplicar o
direito44.
O risco tecnológico introduzido pela Sociedade Pós-
Industrial ou de Risco45, onde domina a incerteza científica, exige uma
postura diferenciada na interpretação do dano ambiental, tanto para
maximizar a prevenção, quanto para estabelecer mecanismos eficazes
de reparação.
O modelo jurídico-dogmático cunhado pela modernidade,
no mínimo, não possui vitalidade suficiente para enfrentar problemas
decorrentes dos impasses gerados pela sociedade tecnológica associada
ao modo de produção capitalista, no âmbito de uma extrema
32
Direito Ambiental
33
dano e regular o risco passa a ser a atividade primordial do direito
contemporâneo.
34
Direito Ambiental
Capítulo II
48 FARIAS, Paulo José Leite. Competência federativa e proteção ambiental. Porto Alegre:
Sérgio Antônio Fabris, 1999, p. 214.
35
Com isso, supera-se a percepção fragmentária e utili-
tarista até então vigente e refletida em diversas normas ambientais
esparsas49, anteriores à Lei 6.938/81, em que a proteção jurídica incidia
sobre específicos elementos naturais, tais como a fauna, a flora, os
recursos minerais, não em razão de sua importância para a manutenção
do equilíbrio ecológico, mas em razão da utilidade econômica que
representavam como insumos do processo produtivo.
49 Neste sentido são o Código Florestal (Lei 4.771/65), A Lei de Proteção à Fauna (Lei
5.197/67); o Código de Mineração (Dec-lei 227/67); o Código de Pesca (Dec-lei 221/67), dentre
outras.
36
Direito Ambiental
50 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2ª ed., 2ª tir., São Paulo:
Malheiros, 1997, p. 56.
51 SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. O dano ambiental e sua reparação. Revista de
Direito da Associação dos Procuradores do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 1, pp.
49-60, 1999, p. 53.
37
Constituição Federal, de 1988. Portanto, este proprietário não poderá
exaurir o bem ambiental, degradar as características essenciais dos
sistemas ecológicos, percebendo-se a sua responsabilidade pela
conservação destas qualidades e pela sua recuperação, caso o ambiente
já esteja impactado, como vem decidindo o Superior Tribunal de
Justiça:
52 Superior Tribunal de Justiça, Resp. 343.741-PR, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, j. em
04.06.2002.
38
Direito Ambiental
53 SARLET, Ingo. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1998, p. 78.
39
“constitutivo da Constituição material, contendo decisões funda-
mentais sobre a estrutura básica do Estado e da sociedade”54 .
40
Direito Ambiental
58 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Direitos humanos e meio ambiente – Paralelo dos
sistemas de proteção internacional. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1993, p. 51.
59 CANOTILHO, op. cit., p. 363.
41
contundentes consequências, acarretando profundos reflexos na esfera
dos direitos fundamentais”. Consoante lição de Pérez Luño, esta
categoria de direitos fundamentais pode ser considerada uma resposta
ao fenômeno denominado de “poluição de liberdades”, que
“caracteriza o processo de erosão e degradação sofrido pelos direitos e
liberdades fundamentais, principalmente em face do uso de novas
tecnologias, assumindo especial relevância o direito ao meio ambiente
e à qualidade de vida”60.
60 LUÑO, António Enrique Pérez. Derechos humanos, estado de derecho y constitución. 6 ª ed.
Madrid: Editorial Tecnos, p. 476.
61 BORGES, Roxana Cardoso. Direito ambiental e teoria jurídica no final do século XX. in
VARELLA, Macelo Dias e BORGES, Roxana (org.). O novo em direito ambiental. Belo
Horizonte: Del Rey Ed., 1998, p. 21.
42
Direito Ambiental
43
em conta as normas ambientais que impregnam a ideologia cons-
titucional.
63 GAVIÃO FILHO, Anízio Pires. Direito fundamental ao meio ambiente. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2005, pp. 149 a 196.
64 Idem, p. 193.
65 STJ, Recurso Especial 575.998/MG, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 07.10.2004. No mesmo
sentido: Resp. 429.570/GO.
44
Direito Ambiental
45
relevância pública, cuja forma mais natural de agregação é a forma
associativa. Um interesse comunitário de natureza cultural, não
corporativo”66 .
66 ANTUNES, Luís Filipe Colaço. A tutela dos interesses difusos em direito administrativo –
para uma legitimação processual. Coimbra: Livraria Almedina, pp. 22-23.
67 GOMES, Manuel Tomé Soares Gomes. “A responsabilidade civil na tutela do ambiente”.
Revista de Direito Ambiental, v. 4, ano 1, out/dez 1996, ed. RT, p. 09.
46
Direito Ambiental
Capítulo III
68 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, 11ª ed., São Paulo: Malheiros Editores,
2000, p. 228-229. No mesmo sentido, referindo-se a mesma fonte doutrinária, ESPÍNDOLA, Ruy
Samuel. Conceitos de Princípios Constitucionais, 2a tiragem, São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1999, p. 47.
47
condensar valores, conferir unidade ao sistema e condicionar a
atividade do intérprete69.
48
Direito Ambiental
71 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 4ª edição, São Paulo :
Malheiros, 1993, pp. 408-409.
72 CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 3ª ed. – Coimbra:
Almedina, 1998, p. 1086.
73 Celso Antonio Pacheco Fiorillo, destaca que a Constituição Federal, em seu art. 6º, fixa um
PISO VITAL MÍNIMO de direitos que devem ser assegurados pelo Estado a todas as pessoas,
dentre os quais se sobressai o direito à saúde, para cujo exercício é imprescindível um meio
49
preocupação finalística quando procura proteger o meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Tanto a definição constitucional quanto as
infraconstitucionais ressaltam a necessidade de o meio ambiente ser
visto a partir de uma concepção holística, que integre o homem a ele,
descartando as visões meramente antropocêntricas.
ambiente equilibrado e dotado de higidez (FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito
Ambiental Brasileiro. Editora Saraiva, 2001, p. 53).
74 Disponível em:< http://www.tj.rs.gov.br/>. Acesso em 16 mar 2005.
75 Também reconhecendo a fundamentalidade do direito ao meio ambiente, v. PARANÁ.
Tribunal de Alçada. Apelação Cível nº 0171186-2 (15980), Relatora: Maria José Teixeira. j. 12
ago. 2003. DJ 05 set. 2003. JURIS PLENUM, v. 1, mai-jun. 2004, CD-ROM. No mesmo sentido:
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª Região. Recurso em Sentido Estrito nº 3918/RS
(200271050019133). Relator: Élcio Pinheiro de Castro. J. 20 ago. 2003. unânime. DJU 03 nov.
2003. JURIS PLENUM, v. 1, mar./abr. 2004. CD-ROM.
50
Direito Ambiental
51
do direito de propriedade não só condutas negativas (não poluir, não
perturbar, não impor maus tratos aos animais), como também positivas
(averbar a reserva legal, revegetar área de preservação permanente,
fazer contenção acústica numa casa noturna, entre outras).
AMBIENTAL. LIMITAÇÃO
ADMINISTRATIVA. FUNÇÃO ECOLÓGICA DA
PROPRIEDADE. ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. MÍNIMO ECOLÓGICO. DEVER DE
REFLORESTAMENTO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM.
ART. 18, § 1º, DO CÓDIGO FLORESTAL de 1965. REGRA
DE TRANSIÇÃO. 1. Inexiste direito ilimitado ou absoluto de
utilização das potencialidades econômicas de imóvel, pois
antes até "da promulgação da Constituição vigente, o
52
Direito Ambiental
78 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1240122 / PR. Rel. Min. Antonio Herman
Benjamin. J. em 28.jun.2011. Disponível em: Disponível em:<
http://www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp> Acesso em 08 dez.2012.
53
prevenção e a precaução como se fossem um mesmo princípio. Em que
pese a inegável relação entre eles, identifica-se a seguinte distinção: a
prevenção trata de riscos ou impactos já conhecidos pela ciência, ao
passo que a precaução vai além, alcançando também as atividades
sobre cujos efeitos ainda não haja uma certeza científica.
79 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Apelação Cível n. 598080894, 2 ª Câmara Cível,
Rel. Des. Arno Werlang, j. em 30.12.1998.
80 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Agravo de Instrumento n. 597204262, 2ª
Câmara Cível, Rel. Des. Arno Werlang, j. em 08.09.1998. Também aplica o princípio o seguinte
acórdão: BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. 4ª Turma. Agravo de Instrumento n.º
54
Direito Ambiental
55
Resumidamente, poderíamos distinguir prevenção de
precaução, do seguinte modo:
Risco hipótetico = precaução
Risco certo = prevenção
Probabilidade de risco = precaução
Probabilidade de acidente = prevenção
Perigo = idéia de prevenção
Risco = idéia de precaução
56
Direito Ambiental
57
individuais deve harmonizar-se à preservação dos direitos
difusos e coletivos. 2. A preservação dos recursos hídricos e
vegetais, assim como do meio ambiente equilibrado, deve ser
preocupação de todos, constituindo para o administrador
público obrigação da qual não pode declinar. 3. Se há
suspeitas de que determinada autorização para exploração de
área considerável de recursos vegetais está eivada de vício, o
princípio da precaução recomenda que em defesa da
sociedade não seja admitida a exploração da área em
questão, pois o prejuízo que pode ser causado ao meio
ambiente é irreversível. 4. A irreversibilidade do dano
potencial não autoriza a concessão de tutela antecipada. 5.
82
Provimento do recurso.”
58
Direito Ambiental
59
Para a maior parte da doutrina brasileira, trata-se de um
princípio geral de direito, integrante do ordenamento jurídico brasileiro
e de observação obrigatória na aplicação judicial. Entretanto, há certa
divergência sobre o alcance da aplicação judicial do princípio, que vai
desde o reconhecimento do princípio como mero controlador de
decisões políticas ou discricionárias, até a possibilidade de modifi-
cação das decisões administrativas, utilizando-se, o Judiciário, das
tutelas de urgência, como a antecipação de tutela, a tutela inibitória e
as ações cautelares, além da flexibilização do nexo de causalidade, a
inversão do ônus da prova e a carga dinâmica da prova.
60
Direito Ambiental
61
A análise da jurisprudência permite concluir que grande
parte das decisões judiciais ainda confunde os princípios da precaução
e prevenção. São raras as decisões que fundamentam a proteção
ambiental exclusivamente no princípio da precaução.
62
Direito Ambiental
63
custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos,
considerando o critério de que, em princípio, quem
contamina deve arcar com os custos da descontaminação e
com a observância dos interesses públicos, sem perturbar o
comércio e os investimentos internacionais”.
64
Direito Ambiental
65
Importante distinguir esse princípio do já referido
princípio do protetor-recebedor. Usuário-pagador é aquele que paga
pela utilização de recursos ambientais limitados (ex. pagamento pelo
uso da água, pagamento pela exploração mineral). Protetor-recebedor
traduz uma remuneração para aquele que custodia bens ou recursos
ambientais. Pode-se dizer que um é o avesso do outro. O primeiro
envolve pagamento pelo uso; o segundo, envolve recebimento pelo
não-uso.
66
Direito Ambiental
67
importância da preservação ambiental para as presentes e para as
futuras gerações.
68
Direito Ambiental
90 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, p. 96, São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2000.
69
Sendo a defesa do meio ambiente dever do Estado, a
atividade dos órgãos e agentes na promoção da qualidade ambiental
assume feição compulsória, permitindo que se exija do Poder Público
(expressão essa empregada no art. 225 da CF/88 em sua acepção mais
ampla, envolvendo todos os poderes, em suas diversas instâncias) o
exercício efetivo das competências ambientais que lhe estão afetas.
70
Direito Ambiental
Capítulo IV
71
competência legislativa: (a) privativa ou exclusiva91: da União (art.
22), dos Estados (art. 25, §§ 1º e 2º), dos Municípios (art. 30, I); (b)
concorrente entre a União, Estados e DF (art. 24), em que a legislação
da União é de normas gerais e a dos Estados e DF, de normas
suplementares; (c) também está prevista a legislação suplementar dos
Municípios (art. 30, II).
91 Para Patrícia Silveira não há distinção entre competência privativa e exclusiva. Houve
apenas uma alteração terminológica sem comprometimento do conteúdo (SILVEIRA, Patrícia.
Competência ambiental. Curitiba: Juruá Editora, 2003, p. 62). No mesmo sentido, a posição de
Fernanda Dias Menezes de Almeida. Competências na Constituição de 1988. São Paulo:
Editora Atlas S. A., 1991, pp. 86-87.
92 FARIAS, Paulo José Leite. Competência Federativa e Proteção Ambiental, Porto Alegre:
Sergio Antônio Fabris, Fabris Ed., p. 287.
93 SILVEIRA, Patrícia Azevedo da. Competência ambiental. Curitiba: Juruá Editora, 2003, p. 59.
72
Direito Ambiental
b) Estados: Art. 25
94 Idem, p. 141.
73
par. 2º); bem como a competência para instituir regiões metropolitanas,
microrregiões e aglomerações urbanas, constituídas por agrupamentos
de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e
a execução de funções públicas de interesse comum (art. 23, par. 3º).
95 Para Patrícia Silveira esta competência do Município não é privativa, porquanto guarda
relação com o direito urbanístico, sobre o qual a União e os Estados também podem legislar
(op. cit., p. 151).
74
Direito Ambiental
75
processo de descentralização política e administrativa, em outras
palavras, associado ao fortalecimento do poder local”99.
76
Direito Ambiental
2 Competência Legislativa
2.1 Competência privativa
a) União: Art. 22, IV, XII e XXIV
O art. 22, CF/88, estabelece a competência legislativa pri-
vativa ou exclusiva100 da União (IV – águas; XII – jazidas, minas e
outros recursos naturais; XXVI – atividades nucleares de qualquer
natureza).
77
qualquer tema, contanto que não infrinjam os princípios que limitam
sua autonomia, expressamente estipulados nos arts. 21, 22 e 30, que
versam sobre as competências privativas da União e dos Municípios, e
no art. 24, no que se refere aos limites impostos pela norma geral
editada pela União.
78
Direito Ambiental
79
Inexistindo atuação normativa por parte da União, poderá
o Estado exercer a competência legislativa plena (art. 24, parágrafo 3º).
No entanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais
determinará a suspensão da eficácia da lei estadual no que lhe for
contrário (art. 24, parágrafo 4º). É interessante que a CF tenha optado
pela suspensão, e não pela revogação da norma estadual, com isso
prestigiando o Legislativo do Estado, único habilitado a revogar a lei.
Ademais, se a norma geral federal for revogada, torna a vigorar o
dispositivo suspenso da lei estadual.
80
Direito Ambiental
81
invadir a área do interesse local”110. No mesmo sentido o posiciona-
mento de Toshio Mukai111.
82
Direito Ambiental
3.1 Histórico
a) licenciamento
b) supressão de vegetação
83
exceto para a Mata Atlântica e áreas com espécies ameaçadas de
extinção, quando incidirá o art. 11.
112 Nesse sentido, PEREIRA, Henrique Albino. Competência para fiscalizar na Lei
Complementar nº 140/11. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3363, 15 set. 2012 . Disponível
em: <http://jus.com.br/revista/texto/22623>. Acesso em: 26.12. 2012.
84
Direito Ambiental
A LC 140 (art. 17, par. 3º), ao contrário da Lei 9605/98 (art. 76) afirma
que no caso de conflito deve prevalecer o auto de infração lavrado pelo
órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização.
85
86
Direito Ambiental
Capítulo V
87
2 Principais Órgãos criados pela Lei 6.938/81
O art. 6º estabelece que o SISNAMA é integrado por um
órgão superior, por um órgão consultivo e deliberativo, por um órgão
central, um órgão executor, diversos órgãos setoriais, órgãos seccionais
e órgãos locais. Cada um deles possui atribuições próprias, conforme
se verão.
2.1 CONAMA
88
Direito Ambiental
113 MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Impacto Ambiental – aspectos da legislação brasileira. São
Paulo: Editora Oliveira Mendes, 1998, p. 9.
114 Art. 6º, parágrafo 1º - “Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua
jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio
ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA”.
115 SILVEIRA, op. cit., p. 156. A autora colaciona ainda a posição de Luís Carlos de Moraes.
Curso de direito ambiental: São Paulo: Ed. Atlas, pp. 25-26.
89
2.2 IBAMA
Órgão central do SISNAMA, com a finalidade de
coordenar, executar e fazer executar, como órgão federal, a política
nacional do meio ambiente, e as diretrizes governamentais fixadas para
o meio ambiente; e a preservação, conservação e uso racional,
fiscalização, controle e fomento dos recursos ambientais. É autarquia
federal de regime especial, com personalidade jurídica de direito
público, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Conforme o art.
10 da Lei 6.938, o IBAMA pode declarar os tipos ou modalidades de
estabelecimentos e atividades que precisarão de licença ambiental, mas
não tem competência para criar as normas de licenciamento. Realiza o
licenciamento ambiental das atividades e obras elencadas no art. 7º,
XIV, letras a até h da LC 140/11.
Deve-se registrar que o IBAMA teve parte de suas
funções repassadas para o Instituto Chico Mendes, por força da Lei
11.516, de 28.8.07.
90
Direito Ambiental
3.1.1 Conceito
91
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato,
em razão do interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”
117 FINK , Daniel. Aspectos jurídicos do licenciamento ambiental. SP: Forense Universitária, 1 ª
ed., 2000, p. 3.
92
Direito Ambiental
118 MIRRA, Álvaro Valery. “Princípios fundamentais do Direito Ambiental”, Revista de Direito
Ambiental, vol. 02, abril-junho de 1996, SP: Ed. RT, p. 50.
93
reparada pela via da responsabilização civil. O impacto será mitigado e
compensado por intermédio de outras obrigações.
94
Direito Ambiental
95
3.1.3.1 Competência da União (IBAMA)
96
Direito Ambiental
97
“XIV - promover o licenciamento ambiental de
atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e
9º;
98
Direito Ambiental
a) competência supletiva
1. Delegação
99
deve servir de critério para a consideração da capacitação dos órgãos
licenciadores em geral, pois não basta que um município, por exemplo,
seja competente para o licenciamento de atividade de impacto local se
não possuir minimamente capacidade para o exercício desta atividade
e, principalmente, para a necessária fiscalização posterior ao
procedimento.
2. Decurso de prazo
100
Direito Ambiental
ambiental porque ele pode ser criado, mas continuar sem capacidade
técnica, insuficiência de pessoal, etc.
b) competência subsidiária
101
As licenças poderão ser expedidas isolada ou sucessiva-
mente, de acordo com a natureza, características e fase do empre-
endimento ou atividade.
A Resolução 237/97 criou prazos diferenciados para a
vigência dessas licenças:
LP: mínimo cronograma, máximo 5 anos
LI: mínimo cronograma, máximo 6 anos
LO: mínimo 4 anos e máximo 10 anos
102
Direito Ambiental
103
fundamento legal, aumentando a esfera de discricionariedade do órgão
licenciador na sua concessão125 .
Acresça-se a esta crítica que, ao deferir licenças
ambientais simplesmente considerando o estado de fato do
empreendimento, descumpre-se seu principal objetivo que é o da
prevenção de danos e riscos ambientais. Além disso, a “licença
corretiva” pode desatender - caso não sejam estabelecidas medidas
compensatórias para o dano eventualmente causado ou o ilícito
cometido - ao princípio da isonomia, porquanto trataria desigualmente
situações iguais, conferindo tratamento simplificado para atividades
exercidas à margem da lei, enquanto apena aquele que cumpre com
todas as fases do licenciamento.
Não se pode olvidar que a comunhão do licenciamento
ambiental com outros instrumentos de prevenção, como o zoneamento
e a avaliação ambiental estratégica dependem do exato cumprimento
da análise realizada pela administração para o deferimento da licença
prévia, ocasião em que, verificada a compatibilidade da obra ou
empreendimento com as leis de uso do solo e demais condicionantes,
atesta-se a viabilidade ambiental do projeto.
De outro lado, a denominada licença corretiva não
impede a caracterização do crime previsto no art. 60 da Lei 9.605/98
dentre cujos verbos típicos encontram-se os de construir, reformar,
ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais.
A única interpretação condizente com a legislação para
admitir a licença ambiental corretiva decorreria da aplicação do
parágrafo 1º do art. 79-A da Lei dos Crimes e Infrações
Administrativas Ambientais, através de celebração de termo de
compromisso ambiental – TCA para promover, nos termos da citada
125 LEME, Ana Carolina Reis Paes; ALVES, Alexandre Luiz Rodrigues. A Ilegalidade da
Licença Ambiental Corretiva e seus reflexos na proteção da fauna. In: Fauna, Políticas Públicas
e Instrumentos Legais. BENJAMIN, Antonio Herman (Org.). Anais do 8º Congresso Internacional
de Direito Ambiental. São Paulo: IMESP, 2004, p. 801.
104
Direito Ambiental
126 Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do
SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização
dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam
autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com
pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores.
§ 1º O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a
permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover as
necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas
autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha
sobre:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos
representantes legais;
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele
fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com
possibilidade de prorrogação por igual período;
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico
de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem
atingidas;
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos
de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas;
V - o valor da multa de que trata o inciso anterior não poderá ser superior ao valor do
investimento previsto;
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
127 Considerando-se que a Lei 9.605/98 foi publicada no Diário Oficial da União em 13.02.1998.
128 Acrescentado pela MP 2.163-41, de 23/08/01.
105
Posteriormente, o Decreto n.º 3.179/99, regulamentando a Lei n.º
9.605/98, no art. 60, estabeleceu que cumpridas as exigências
estabelecidas no termo, a multa seria reduzida em 90%. Ainda, a
Instrução Normativa IBAMA n.º 79, de 13/12/05 disciplinou os
procedimentos para reparação e indenização do dano ambiental e para
aplicação da conversão de multa administrativa em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
Finalmente, o art. 10, parágrafo 8º, do Decreto n. 6.514/2008, que
dispõe sobre as sanções e infrações administrativas contra o meio
ambiente, limitou-se a afirmar que a celebração de termo de
compromisso de reparação ou cessação dos danos encerrará a
contagem da multa diária.
Percebe-se, portanto, que não há nenhuma referência na
legislação federal à chamada licença. O termo de compromisso
ambiental destina-se a regularizar ilegalidades apuradas em processo
administrativo fazendo cessar a multa diária imposta, que poderá ser
convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental. A regularização através do TCA refere-se,
portanto, a um processo administrativo em que tenha sido imposta
multa, não guardando relação com o procedimento administrativo do
licenciamento, onde não são impostas sanções.
O ato administrativo que defere ou indefere a licença
ambiental, ao contrário, destina-se a “demonstrar a forma como se
chegou à viabilidade ou não de determinada atividade, aos pesos
conferidos às díspares conseqüências da atividade econômica e à
observância dos dispositivos constitucionais que imantam tanto a
ordem social quanto a econômica”129 .
No licenciamento vige a máxima da prevenção. No
processo administrativo, a reparação e a sanção.
ii. Atividades de pequeno potencial de impacto ambiental
A simplificação, ainda, pode ocorrer, conforme
regulamento específico, a ser editado pelos Conselhos de Meio
129 CAZETTA, Ubiratan. Divagações sobre o licenciamento ambiental. In: Política Nacional do
Meio Ambiente. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 107.
106
Direito Ambiental
130 Art. 12. § 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados
pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.
131 Art. 12, § 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para
pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de
planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente,
desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades.
107
responsável pelos projetos, orientação, documentação técnica,
relatórios e demais documentação exigida para o licenciamento132 .
O órgão ambiental emite uma licença ambiental por
integrador, onde constarão os dados necessários à identificação e a
caracterização de todas as atividades integradas.
iv. Gestão ambiental voluntária
Por fim, cria-se a possibilidade de se estabelecerem
critérios para agilizar e simplificar o procedimento de licenciamento
ambiental de atividades e empreendimentos que implementem planos e
programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria
contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental133 .
Nesse âmbito, menciona-se a certificação ambiental,
notadamente a ISO 14.000, instrumento que define standards
internacionais para a gestão ambiental no setor empresarial, tema que
será abordado no item 3.2.6. A Resolução CONAMA 237/97
reconhece, desse modo, a iniciativa voluntária para o aperfeiçoamento
da gestão ambiental na empresa devendo, por isso, ser tratada de
maneira diferenciada, em licenciamento simplificado.
132 Sobre o assunto, consultar SASS, Liz Beatriz. A relação entre a agroindústria e o produtor
integrado diante do dano ambiental: uma análise a partir da responsabilidade civil. In: Flora,
Reserva Legal e APP. Anais do 11º Congresso Internacional de Direito Ambiental. BENJAMIN,
A.; LECEY, E.; CAPPELLI, S. (Orgs). São Paulo: IMESP, 2007, pp. 424-438.
133 Art. 12, § 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os
procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que
implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua
e o aprimoramento do desempenho ambiental.
108
Direito Ambiental
134 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo, 11 ª ed., SP:
Malheiros, 1999, p. 313.
109
AUTORIZAÇÃO LICENÇA
135 Para Antônio Inagê de Assis Oliveira, o ato não é meramente declaratório, mas também
constitutivo, visto atribuir ao proprietário faculdade que não dispunha antes: a de iniciar o ato.
Ainda, não há direito preexistente, mas mera perspectiva de direito. OLIVEIRA. Antônio Inagê
de Assis. O licenciamento ambiental. São Paulo: Iglu, 1998, p. 30.
110
Direito Ambiental
136 MACHADO, Paulo Affonso de Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 7ª ed., SP: Malheiros,
1998, p. 202.
137 FREITAS, Vladimir Passos. Direito Administrativo e Meio Ambiente, 3 ª ed., Curitiba: Juruá
Editora, p. 75.
138 MUKAI, Toshio. Direito Ambiental sistematizado, RJ: Ed. Forense Universitária, 1998, p. 89.
139 OLIVEIRA, op. cit., p. 30.
140 FREIRE, William. Direito Ambiental Brasileiro, RJ: Ed. Aide, 1998, p. 70.
141 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, 5 ª ed., RJ: Lumen Juris, 2001, p. 102.
111
revisão e suspensão em caso de interesse público superveniente e
quando houver descumprimento dos requisitos preestabelecidos no
processo de licenciamento”142.
112
Direito Ambiental
144 TRF-4a Região, AI 2007.04.00.004057-0/RS, Resl. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro, j. em
29.05.2007.
113
A Resolução 237/97 prevê, no seu art. 19 que: “[...] o
órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá
modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação,
suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I –
violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas
legais; II – omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
subsidiaram a expedição da licença; III – superveniência de graves
riscos ambientais e de saúde.”
114
Direito Ambiental
145 SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro, 2ª ed., 2ª tir., SP: Malheiros, 1997,
pp. 403-404.
115
c) omissão ou falsa descrição de informações relevantes
que subsidiaram a expedição da licença: anulação
116
Direito Ambiental
117
Licença Prévia, em que ainda não se cogita do início das obras, não
caberia qualquer indenização diante da revogação da licença,
porquanto o titular teria mera expectativa de direitos quanto à futura
instalação e operação da atividade. Confiram-se as seguintes ementas:
149 Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n. 105.634, 2ª Turma, Rel. Min.
Francisco Rezek, RTJ n. 116, p. 347; grifou-se.
150 Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário n. 85.002-SP, Rel. Min. Moreira Alves,
RTJ n. 70, p. 1016; grifou-se.
118
Direito Ambiental
119
e) estabelecer os programas de monitoramento e audi-
torias necessárias para as fases de implantação, operação e desativação
do empreendimento;
151 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999, p. 211.
152 MIRRA, op. cit., p. 23.
120
Direito Ambiental
153 Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento, ferrovias, portos, terminais
de minérios, petróleo e produtos químicos, aeroportos, oleodutos, emissários de esgotos
sanitários, barragens para fins hidrelétricos, retificação de cursos d’água, extração de
combustível fóssil e de minérios, aterros sanitários, processamento e destinação de resíduos
tóxicos e perigosos, complexos e distritos industriais e agroindustriais, projetos urbanísticos com
mais de 100 he.
121
d) a Resolução posterior (237/97) não dispõe contra-
riamente à Resolução 1/86 porque a dispensa do EIA/RIMA, diante da
ausência de impacto ambiental significativo sempre existiu, não foi
invenção da Resolução 237. É que, não estando incluída no art. 2º da
Resolução 1/86 compete ao órgão licenciador examinar a presença da
significativa degradação ambiental que é um conceito jurídico
indeterminado, podendo haver revisão pelo Judiciário. O que fez,
então, a Resolução 237/97 foi explicitar que, diante da inexistência de
significativa degradação ambiental, serão exigidos estudos ambientais,
substitutivos do EIA/RIMA, pelo órgão licenciador.
122
Direito Ambiental
123
deve ser elaborado por uma equipe técnica habilitada multidisciplinar,
“cadastrada no órgão ambiental competente, não dependente direta ou
indiretamente do proponente do projeto e que será responsável
tecnicamente pelos resultados apresentados, não podendo assumir o
compromisso de obter o licenciamento do empreendimento”. Esta
exigência fazia-se presente também no art. 7º da Resolução 1/86 do
CONAMA, mas este foi revogado pela Resolução 237/97.
124
Direito Ambiental
125
Conforme Álvaro Mirra, o EIA que não contempla todos
os pontos mínimos do seu conteúdo, previstos na legislação, é um
estudo inexistente e um EIA que, embora contemple formalmente esses
pontos, não os analisa de forma adequada e consistente, é um estudo
insuficiente. E tanto num caso (inexistência do EIA) quanto no outro
(insuficiência do EIA) o vício que essas irregularidades acarretam ao
procedimento do licenciamento é de natureza substancial. Conse-
quentemente, inexistente ou insuficiente o EIA não pode a obra ou
atividade ser licenciada e se, por acaso, já tiver havido o licenciamento,
este será inválido158.
126
Direito Ambiental
161 BENJAMIN, Antônio Herman. Os princípios do estudo de impacto ambiental como limites
da discricionariedade administrativa. Revista Forense, n. 317, 1992, p. 25.
162 MIRRA, op. cit., pp. 57-59.
163 TRF –3ª Região, AI nº 07-5, Rel. Des. Fed. Marli Marques Ferreira, j. em 05.01.2001.
127
Deve-se esclarecer que a leitura do acórdão acima deve
ser feita a partir da premissa de que o EIA/RIMA estava realmente
completo e de que foi feito por equipe multidisciplinar qualificada,
pois jamais se poderia concordar com a tese de que o conteúdo do
EIA/RIMA não possa vir a ser discutido em juízo, caso se revele
insuficiente ou ineficiente para o efeito de proporcionar uma adequada
análise de danos futuros e imposição de medidas precaucionais.
128
Direito Ambiental
129
(exemplos: Shopping Centers, casas noturnas, equipamentos de
telefonia móvel). Para vigorar em determinado município, é
necessário, como de resto todos os instrumentos introduzidos pelo
Estatuto da Cidade, que a legislação municipal o contemple e o
regulamente (exemplo: em Porto Alegre ainda não foi regulamentado o
EIV).
130
Direito Ambiental
131
obras e atividades públicas e privadas, que estabelece medidas e
padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria
das condições de vida da população”.
132
Direito Ambiental
133
recompostos pela Administração através de indenização. No entanto,
se o rezoneamento envolver alteração quanto à própria edificação,
tendo o proprietário “habite-se”, deverá ser desapropriado, caso o
poder público entenda imprescindível o rezoneamento170.
170 SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro. 2ª ed., São Paulo: Malheiros, pp.
264-265.
171 Idem, p. 265.
172 Idem, p. 268.
173 O direito subjetivo consiste no poder de o seu titular fazê-lo valer segundo seu interesse,
ressalvados os problemas de caducidade, perempção, decadência ou prescrição, bem como
condições previstas. É nesse contexto que poderá surgir o direito adquirido, que é precisamente
o direito subjetivo integrado no patrimônio do titular, mas não exercido, a respeito do qual milita
a garantia constante do art. 5º, XXXVI, da CF/88.
134
Direito Ambiental
135
3.3.3 Classificação das zonas: Lei 6.803/80
136
Direito Ambiental
Capítulo VI
A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
E INFRACONSTITUCIONAL DO
PATRIMÔNIO CULTURAL
1 A proteção constitucional
137
Extrai-se dessa previsão, a ampla cobertura, na esfera
constitucional, da tutela ao patrimônio cultural em sua acepção mais
abrangente. Consagrou o constituinte a expressão patrimônio cultural
como sendo aquela que se contrapõe ao patrimônio natural: este
último, formado ao largo de qualquer interferência humana; o
primeiro, obra para a qual necessariamente concorre a intervenção
humana.
138
Direito Ambiental
179 SILVA, José Afonso da. Ordenação constitucional da cultura. São Paulo: Malheiros, 2001.
p. 44.
180 SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e proteção jurídica. Porto
Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1997, p. 84.
139
estão sujeitos às normas específicas estabelecidas pela União, em
especial em se tratando de organizar sua competência executiva. O
mesmo se pode dizer dos municípios.
140
Direito Ambiental
A forma pela qual cada um dos entes irá atuar não logrou
ser explicitada no Texto Magno, nem mesmo em lei complementar, em
que pese a dicção do § único do art. 23.
No pertinente ao zelo pelo meio ambiente cultural, parte
da doutrina recomenda como divisor de águas o denominado critério
de avaliação estimativa, tendo por referencial a expressão cultural do
bem em relação a sua abrangência nacional, regional, estadual ou
municipal.
Castro considera que
a Constituição Federal não é explícita quanto ao grau de
interesse. Ao dispor que cabe ao Poder Público a promoção
e a proteção dos bens de interesse cultural, ela estabelece a
concorrência da competência executiva. Esta competência
concorrente deve ser compreendida a partir da sistemática
que deflui de outros princípios constitucionais. Parece-nos
evidente que, se determinado bem não tem importância para
a cultura nacional, falece à União competência para agir na
182
sua proteção por falta de interesse jurídico .
181 ALMEIDA, Fernanda Dias Menezes de. Competências na Constituição de 1988. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2005. p. 131.
182 CASTRO, Sonia Rabello de. O estado na preservação de bens culturais. Rio de Janeiro:
Renovar, 1991. p. 23.
141
demais. Dessa posição compartilham Andrade, Reisewitz e Souza
Filho.
Andrade183 considera que o Poder Público, em todos os
níveis, de forma conjunta ou isolada, deve implementar medidas de
defesa e preservação dos bens integrantes do patrimônio cultural
brasileiro. Reisewitz184, após pontuar que “a pedra de toque para a
repartição das competências na Constituição Federal de 1988 é a
predominância do interesse”, no tocante ao meio ambiente cultural a
competência material é comum, o que respeita a indivisibilidade do
bem e o interesse difuso que sobre ele recai, e permite a cada um dos
entes da Federação cuidar do patrimônio cultural que se ache em sua
circunscrição territorial e, caso se omita, enseja aos demais que atuem
no sentido de garantir a tutela do bem, sem que isso implique invasão
de esfera de competência alheia. Souza Filho185, após esclarecer que o
poder legislativo federal define o que é patrimônio nacional; o
estadual, o que é patrimônio estadual e as leis municipais, definem o
patrimônio local, considera que o Poder Público, independentemente
da origem da definição, está obrigado a proteger esses bens. “Assim,
não importa qual ente define como cultural um determinado bem,
todos são obrigados a protegê-lo, ainda que o considerem desim-
portante para a esfera de poder que representem”.
183 ANDRADE, Filippe Augusto Vieira de. O patrimônio cultural e os deveres de proteção e
preservação. In: FREITAS, José Carlos de (org.). Temas de direito urbanístico 3. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado: Ministério Público do Estado de São Paulo, 2001. pp. 395-396.
184 REISEWITZ, Lúcia. Direito ambiental e patrimônio cultural: direito à preservação da
memória, ação e identidade do povo brasileiro. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. pp. 118-119.
185 SOUZA FILHO, Bens culturais..., p. 92.
186 RODRIGUES, José Eduardo Ramos. Tombamento e patrimônio cultural. In: BENJAMIN
Antonio Herman Vasconcellos (Org.) Dano Ambiental: prevenção, reparação e repressão. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. v. 2. p. 189. Do mesmo autor, vide sobre o tema: Patrimônio
cultural: análise de alguns aspectos polêmicos. Revista de direito ambiental, São Paulo, n. 21,
jan-mar., 2001. p. 176.
142
Direito Ambiental
143
ADMINISTRATIVO – Tombamento – competência municipal.
Pois foi com suporte no mesmo art. 30, inc. IX, da Carta
Magna que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região acolheu ação
civil pública promovida pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual
e pela própria União Federal contra o Município de Cuiabá e seu então
Prefeito Municipal com o fito de condená-los à obrigação de não-fazer
consistente na vedação de expedir alvará autorizativo de restauração,
demolição, edificação ou outra atividade que viesse a descaracterizar,
144
Direito Ambiental
145
A própria Constituição Federal, no já citado art. 216, § 1º, elenca
também o inventário, os registros, a vigilância e a desapropriação,
dentre outras, como formas de proteção. Pela expressão empregada ao
final do dispositivo - e de outras formas... - é possível afirmar não
serem numerus clausus as hipóteses por ele previstas, remanescendo ao
legislador, nas três esferas de poder, a possibilidade de criar e instituir
outras modalidades peculiares para o mesmo fim.
aspecto já que, do ponto de vista normativo, existem várias possibilidades de formas legais de
preservação. A par da legislação, há também as atividades administrativas do Estado que, sem
restringir ou conformar direitos, caracterizam-se como ações de fomento que têm como
consequência a preservação da memória. Portanto, o conceito de preservação é genérico, não
se restringindo a uma única lei, ou forma de preservação específica” (CASTRO, Sônia Rabello
de. O Estado na Preservação dos Bens Culturais, Rio de Janeioro: Ed. Renovar, 1991, p. 05).
193 MELLO FILHO, José Celso. Constituição Federal Anotada, p. 538.
146
Direito Ambiental
194 htto://www.prodam.sp.gov.br/dph/preserva/prtomb.htm
195 SOUZA FILHO, op. cit., p. 61.
147
do bem preexiste ao tombamento, daí por que pode e deve ser
reconhecido pelo Judiciário, incidentalmente, em demandas que
venham a buscar a preservação do patrimônio cultural.
196 MAZZILI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo, 7ª edição, Ed. Saraiva,
1995, p. 167.
197 RT 150/370 e RF 122/50; 114/38, dentre outros.
198 A nosso sentir, é possível admitir até mesmo o ajuizamento de ação civil pública
objetivando a indenização no caso de destruição de bem não tombado, mas dotado,
intrinsecamente, de valor sócio-cultural. Tem-se notícias de ajuizamento desse tipo de
demanda, ainda sem veredito final por parte do Poder Judiciário.
148
Direito Ambiental
149
posterior derrubada. Frustrar-se-iam, inclusive, por uma suposta
ausência de possibilidade jurídica do pedido, eventuais demandas
acautelatórias para resguardo do acervo e do interesse coletivo na sua
preservação202.
202 Na Revista RJTJERS-Lex 122/51, há excelente acórdão negando ser o prévio tombamento
condição de procedibilidade ao ajuizamento de ação civil pública para tutela do patrimônio
cultural, “ in literis” : “ A Lei n.º 7.347, de 24 de julho de l985, não condiciona a propositura da
ação à existência do prévio tombamento do local. Nem se pode dizer que dependa de exclusivo
alvedrio da administração municipal a preservação de locais que tenha por merecedores de
conservação. Seria excessivamente aleatório deixar recantos tradicionais de antigas cidades à
mercê do bom ou mau gosto das autoridades municipais. A questão diz respeito aos próprios
interesses da comunidade, do núcleo habitacional, no sentido de resguardar tradições caras à
própria cidade e a seus habitantes, com o teor de vida pelo qual optem os que se definam no
sentido de fixar moradia na cidade. Esse interesse não é restrito, assim, nem o pode ser,
apenas a alcaides ou a vereadores. Não pode ser jungido aos anseios, objetivos e apegos dos
governantes municipais”.
203 Os autores são colacionados por MACHADO, Paulo Affonso Leme. Ação Civil Pública e
Tombamento, São Paulo: Ed. RT, 2ª edição, 1987, p. 45.
150
Direito Ambiental
204 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. Atlas, 1992, 3ª edição, pp.
106/108.
205 MUKAI, Toshio. Direito Urbano-Ambiental Brasileiro, Ed. Dialética, 2002, 2ª edição, p. 162.
206 Mukai faz um resumo das posições na obra citada, pp. 160/161.
207 Ob. cit., p. 113.
151
Quanto à eficácia, o tombamento pode ser provisório ou
definitivo (art. 10 do Decreto-Lei n. 25/37), conforme esteja o processo
iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens
no competente Livro do Tombo.
152
Direito Ambiental
211 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª edição, São Paulo, Ed.
Malheiros, 1997, p. 492.
212 MACHADO, op. cit., p. 77.
213 RICHTER, Rui. Meio Ambiente Cultural: Omissão do Estado e Tutela Judicial, Ed. Juruá,
1999, Curitiba, p. 64.
214 Afirma o já citado autor: “O inventário, agora reconhecido pela Constituição, é uma forma
de proteção que carece de lei reguladora. Independente da lei, os órgãos públicos responsáveis
pela preservação dos valores culturais podem e devem promover o inventário dos bens, para ter
uma fonte de conhecimento das referências de identidade de que fala a Constituição em vigor”
(op. cit., p. 78).
153
Não em outro sentido, aliás, vem-se posicionando a
jurisprudência majoritária, inclusive a do Pretório Excelso:
154
Direito Ambiental
155
3.3 A desapropriação
A desapropriação está prevista nos arts. 5º, incs. XXII,
XXIII e XXIV, e 182, § 3º, ambos da CF e detalhada no Decreto-lei n.
3.365/41 e na Lei n. 4.132/62.
Enquanto modo de aquisição de propriedade por parte de
ente estatal, deve ser reservado a hipóteses bem identificadas nas quais
se faça necessário ao Poder Público retirar o bem das mãos do
particular para ajustá-lo aos seus planos de preservação do patrimônio.
Exemplo máximo disso pode ser apontado no caso do
centro histórico de Curitiba, onde além do conjunto ter sido protegido
pelo zoneamento urbano, alguns imóveis foram desapropriados para
lhes dar uma destinação cultural devidamente planejada e desejada
pela coletividade.
156
Direito Ambiental
219 GASPARINI, Diógenes. Direito de Preempção. In: DALLARI, Adilson Abreu; FERRAZ,
Sérgio (Coordenadores). Estatuto da Cidade (Comentários à Lei Federal n. 10.257/01). São
Paulo: Malheiros Editores, 2002. P. 191-219.
157
implantação de determinados projetos e não há recursos disponíveis
para a desapropriação imediata de todos os imóveis necessários220.
220 ARAÚJO, Suely Mara Vaz Guimarães de. O estatuto da cidade e a questão ambiental.
Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/publicacoes> Acesso em: 06 nov. 2005.
221 Art. 216 da CF – “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de viver; III – as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” § 1º O
Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação. § 2º Cabem à administração pública, na forma
da lei, a gestão da documentação e as providências para franquear sua consulta a quantos dela
necessitam. § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e
valores culturais. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da
Lei. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.
222 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Ação Civil Pública e Tombamento, 2 ª ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1987, p. 70.
158
Direito Ambiental
223 LOPERENA ROTA, Los Principios del Derecho Ambiental, Madrid: Editorial Civitas, 1998,
p. 89. O autor alerta para a dificuldade que nós juristas temos de entender e tornar operacional
um princípio engajado com direitos de pessoas que sequer nasceram. Para outorgar proteção
às futuras gerações temos de introjetar os valores associados à solidariedade, a fim de que nós,
atuais moradores da “Casa Planetária”, não passemos para a história como os maiores
detratores de nossa memória cultural.
224 Nesse sentido, é de se ter em conta a ponderação feita pelos professores da Universidade
de Granada, Guillermo Orozco Pardo e Esteban Perez Alonso, os quais destacam que os bens
culturais conformam uma noção aberta, cujo âmbito e conteúdo evolui e se adapta aos novos
critérios sociais, tendo em conta outras disciplinas “metajurídicas”. Não obstante essa amplitude,
são feitas distinções em razão da necessidade de especializar e adaptar seu regime jurídico e
seu controle. Para esse fim, o tratamento e a proteção se adaptam e especializam porque cada
tipo de bem está exposto a distintos perigos (PARDO, Guillermo Orozco e ALONSO, Esteban
Perez. La Tutela del Patrimonio Historico, Cultural o Artistico, p. 51, McGraw-Hill, Madrid 1996).
159
O Dec. Federal n. 3.551/00 instituiu, no âmbito do Minis-
tério da Cultura, os livros de Registro dos Saberes, das Celebrações,
das Formas de Expressão e dos Lugares. De acordo com o art. 2º do
referido diploma, são partes legítimas para provocar a instauração do
processo de registro: o Ministro da Cultura, as instituições vinculadas a
esse Ministério (exemplo: IPHAN), as secretarias de Estado, dos
municípios e do Distrito Federal; sociedades e associações civis. O
Ministério Público não se insere no rol de legitimados. Entrementes,
avaliando-se as atribuições constitucionais da Instituição, afigura-se
perfeitamente aceitável afirmar que o rol não é exaustivo, cabendo,
sim, ao Ministério Público provocar o reconhecimento de valores da
cultura brasileira como integrantes do “Patrimônio Cultural do
Brasil”225. Pensa-se que tal missão se insere perfeitamente no rol das
modernas atribuições ministeriais previstas nos arts. 127 e 129, III, da
CF combinados com o art. 1º da Lei 7.347/85.
Da mesma forma como já o fez a União, é possível que
os estados e municípios venham a editar leis protetivas de seus
patrimônios imateriais.
160
Direito Ambiental
227 Esse tipo de limitação interna não é uma criação do Constituinte brasileiro. A Constituição
Italiana, em seu art. 42, reconhece e garante a propriedade privada, mas a submete aos lindes
legais, a fim de se realizar a sua função social e se tornar acessível a todos. O art. 33 da
Constituição Espanhola limita o conteúdo dos direitos de propriedade e de herança à função
social, nos termos da lei.
228 Art. 170, inc. III.
161
interesse social do poder público na preservação do bem
229
cultural .
229 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Cível n.
9104018710. Relator Des. Vladimir Passos de Freitas. Acórdão de 12/11/1992. Disponível em:
<http://www.cjf.gov.br> Acesso em 19 jul 2005.
230 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento n. 70000431890.
Relator Des. Irineu Mariani. Acórdão de 21/06/2000. Disponível em: <http://www.tj.rs.gov.br>
Acesso em 19 jul 2005.
231 EROS ROBERTO GRAU refere o avanço de um conceito de propriedade-especulação
para o de propriedade-função social (Elementos de Direito Econômico, São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 1981, p. 116).
232 Na normativa italiana, caracterizada por MÁRCIA WALQUIRIA BATISTA DOS SANTOS
(Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política, Ano 1, nº 4, 1993) como sendo
desorganizada, além da proteção específica a determinados bens, há o conceito de ZONA DE
162
Direito Ambiental
ENTORNO, definida por GIAN CARLO MENGOLI, em sua obra Manuale Di Diritto Urbanistico,
Milão, Giuffrée Editore, 2ª ed., 1986, p. 453, da seguinte forma: “ Com a expressão de zona de
respeito [...] se pode compreensivamente indicar todas aquelas disposições que limitam a livre
atividade edilícia em consideração aos fins de superior interior público, em determinada
localidade, ou áreas próximas ou circundantes a lugares ou obras de interesse público.
Característica de todos esses vínculos à atividade edilícia, é serem limitações ao direito de
propriedade, enquanto resguardam todos os bens, que se encontram em determinadas
condições previstas na lei, sendo que mais propriamente se define servidão pública ou do direito
público os quais resguardam relações em matéria especial, um determinado bem, sujeito não
mais a uma disciplina jurídica, mas em dependência de um especial direito de natureza real [...]
233 Louvável a iniciativa do legislador que parte de um conceito moderno de meio ambiente e
define, em um único diploma legal, os crimes contra o ambiente natural e contra o ambiente
cultural - Lei nº 9.605/98.
234 Vide lição do sempre lembrado ANTÔNIO HERMANN BENJAMIN, “Reflexões sobre a
hipertrofia do direito de propriedade na tutela da Reserva Legal e das áreas de preservação
permanente”, in Anais....
235 Discorda-se, data venia, da posição externada por ANTONIO QUEIROZ TELLES, que
assevera que a propriedade gravada por tombamento “não mais poderá ser alienada, locada ou
ter o destino que se lhe queira atribuir” (TELLES, Antônio Queiroz. Tombamento e seu Regime
Jurídico, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1992, p. 98). O Decreto-lei nº 25/37 não
restringe o direito de alienação do bem, apenas confere ao ente público responsável pelo
tombamento o direito de preferência.
163
encargo, defende-se benefícios fiscais aos proprietários (como, por
exemplo, isenção ou redução de IPTU; desconto parcial ou total no
imposto de renda dos gastos na manutenção ou restauro do imóvel).
164
Direito Ambiental
Capítulo VII
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
1 Regime da responsabilidade administrativa pelo
dano ambiental
A responsabilidade administrativa por danos ambientais
decorre do poder de polícia e encontra fundamento constitucional no
art. 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal de 1988. A incidência
desta responsabilidade resulta na imposição de sanções
administrativas, que representam um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente, previstas no art. 9º, inc. IX, da Lei
6.938/81. José Afonso da Silva apresenta a seguinte definição de
responsabilidade administrativa:
“A responsabilidade administrativa resulta de infração a normas
administrativas sujeitando o infrator a uma sanção de natureza
também administrativa: advertência, multa, interdição de
atividade, suspensão de benefícios, etc. [...] Fundamenta-se na
capacidade que têm as pessoas jurídicas de direito público de
impor condutas aos administrados. Esse poder administrativo é
inerente à Administração de todas as entidades estatais – União,
Estados, Distrito Federal e Municípios – nos limites das
respectivas competências institucionais”236.
236 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2 ª ed., 3ª tir., SP: Malheiros, 1998,
p. 209.
165
Ao contrário das sanções civis e penais, só aplicáveis
pelo Poder Judiciário, as penalidades administrativas são impostas aos
infratores pelos próprios órgãos da administração direta ou indireta da
União, Estados e dos Municípios.
237 VITTA, Heraldo Garcia. A sanção no direito administrativo. SP: Malheiros, 2003, p. 44. Do
mesmo autor: Responsabilidade civil e administrativa por Dano Ambiental. SP: Malheiros
Editores, 2008.
238 OSÓRIO, Fábio Medina. Direito administrativo sancionador. SP: RT, 2000, p. 317.
239 VITTA, Responsabilidade..., p. 154.
240 Idem, p. 158.
166
Direito Ambiental
167
O Superior Tribunal de Justiça contempla decisões tanto
no sentido do regime objetivo como no sentido do regime subjetivo,
conforme se evidencia abaixo.
[...]
247 Superior Tribunal de Justiça, Resp. n. 442.586-SP, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j.
26.11.2002. Em idêntico sentido o Resp. n. 467.212-RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. em
28.10.2003.
248 REsp 1251697/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª. Turma, julgado em
12/04/2012, DJe 17/04/2012.
168
Direito Ambiental
249 Art. 100 – Aquele que direta ou indiretamente causar dano ao meio ambiente será
responsabilizado administrativamente, independente de culpa ou dolo, sem prejuízo das
sanções cíveis e criminais.
250 CARNEIRO, Ricardo. Aspectos controversos da responsabilidade administrativa ambiental:
breves reflexões acerca de sua natureza subjetiva. In LEITE, José Rubens Morato e BELLO
FILHO, Ney de Barros. Direito Ambiental Contemporâneo. SP: Manole, 2004, pp. 250-255.
169
arroladas no Decreto 6514/2008251, que ampliou significativamente os
tipos administrativos em relação ao que constava do Decreto 3179/99,
outras se encontram em legislação setorial de proteção ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico-cultural.
251 O Decreto 6514, de 22 de julho de 2008, expressamente refere que o elenco das infrações
administrativas constante da seção III não exclui a previsão de outras sanções previstas na
legislação. Cotejando-se com o rol constante no Decreto 3179/99, percebe-se o significativo
aumento das infrações, incluindo-se temas como infrações às normas de proteção da Mata
Atlântica, servidão florestal (art. 51), reserva legal (art. 55), organismos geneticamente
modificados (art. 89), dentre outros. Além disso, houve aumento geral do valor das multas
aplicadas.
252 Idem, p. 532
253 Idem, p. 533.
170
Direito Ambiental
254 FREITAS, Vladimir Passos de e FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 6 ª
ed., SP: Ed. RT, 2000, p. 310.
255 FERREIRA, op. cit., p. 69.
256 FERREIRA, op. cit., p. 67.
257 FERREIRA, op. cit., p. 67.
171
ocorre uma força da natureza irresistível (força maior), ou acidental,
cuja raiz é tecnicamente desconhecida (força maior), não se fala em
voluntariedade, pois não existe a liberdade de opção”258 .
3 Agentes Responsáveis
258 VITTA, op. cit., p. 53. Para o autor, que sustenta a responsabilidade subjetiva pelo ilícito
administrativo, o caso fortuito e a força maior excluem o dolo e a culpa. O autor ainda defende
que, diante do erro de direito ou de fato, não há voluntariedade, quanto mais culpa ou dolo, pois
o agente não atua com consciência. Por este motivo, o erro de direito invencível poderia
produzir efeitos de extinção, ou atenuação, que são próprios de um sistema de responsabilidade
subjetiva. Já o erro de fato, ou a falsa percepção da realidade, leva à exclusão do ilícito: “se o
sujeito transporta mercadoria proibida de comercialização, supondo-a outra que podia ser
transportada, não comete infração administrativa. Se o indivíduo transporta a mercadoria sem
saber que isso era proibido, em virtude de absoluta boa-fé, haverá erro de direito, e, assim,
estará excluída a infração”; (op. cit. p. 54). No mesmo sentido OSÓRIO, op. cit., p. 336.
259 VITTA, op. cit., p. 48.
260 FERREIRA, op. cit., p. 70. Esclarece o autor que um adolescente impúbere, enquanto
utente de uma biblioteca pública, pode esquecer de devolver, no prazo, o livro emprestado,
sujeitando à aplicação de multa.
172
Direito Ambiental
173
O mesmo ocorre com as penalidades reais, que recaem
sobre objeto, coisa, instrumento ou fruto do ilícito administrativo,
podendo ser transferidas aos herdeiros ou sucessores, na forma da lei.
São exemplos de penalidades reais a interdição de estabelecimento
comercial, a apreensão e perda de bens e a demolição de obras265.
4 Competência
174
Direito Ambiental
268 FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba: Juruá
Editora, 2001, p. 113.
175
Todavia, não há que se falar em exclusividade no
exercício desta competência, o que vem ressaltado pelos parágrafos 2º
e 3º da LC 140/2011, segundo os quais:
176
Direito Ambiental
269 TRF 1ª. R., Apelação Reexame Necessário 2002.43.00.002075-3/TO, Rel. Juiz Federal
Rodrigo Navarro de Oliveira, de 03 de julho de 2012. No caso em questão, a impetrante teve a
obra de represamento de águas de um córrego embargada por fiscal do IBAMA, que lavrou
autos de infração e embargo em razão do desmatamento no leito do córrego, área de
preservação permanente, realizada sem licenciamento do órgão ambiental estadual ou federal.
177
configurando esse pedido litispendência manifesta com a
ação mandamental.
270 TRF – 4ª R. Apelação Cível n. 195455-SC, 4ª Turma, rel. Juiz Alcides Vettorazzi, j. em
10.01.2001.
271 O Art. 23 do Decreto 6514/2008 esclarece que os dispositivos relativos à prescrição não se
aplicam aos procedimentos relativos à Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental de que trata o
art. 17-B da Lei 6938/81.
178
Direito Ambiental
179
5.1. Formalidades do Auto de Infração
180
Direito Ambiental
276 RESP nº 395733, 1ª Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, j. em 22.02.2002: “O auto de infração
do IBAMA, porque desrespeitados os limites da autorização de desmatamento, só pode ser
infirmado por vigorosa prova em sentido contrário”.
181
julgadora poderá requisitar a produção de provas necessárias à
formação de sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita
do agente autuante, a qual é definida pelo próprio Decreto como “as
informações e esclarecimentos prestados pelo agente autuante
necessários à elucidação dos fatos que originaram o auto de infração,
ou das razões alegadas pelo autuado, facultado ao agente, nesta fase,
opinar pelo acolhimento parcial ou total da defesa (art. 119, §3º). Ao
final da instrução, admite-se o oferecimento de alegações finais (art.
122).
182
Direito Ambiental
6 Sanções Administrativas
183
Aranha Bandeira de Mello e Flávio Dino de Castro e Costa, havendo
precedentes do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Justiça. O argumento utilizado é que o aspecto de que “os elementos
que servem de parâmetro para a graduação da pena acham-se
regrados em lei. Ademais, o ato punitivo deve ser imperativamente
motivado, inclusive no que tange à espécie de sanção imposta. Assim,
na hipótese de o exame da decisão administrativa não revelar a sua
fidelidade aos mencionados requisitos legais – in casu enunciados no
art. 6º - ter-se-á um vício de legalidade, suscetível por conseguinte de
controle por parte do Judiciário”279 .
184
Direito Ambiental
6.1 Advertência
282 TRF4, AC 2007.71.99.007197-1, Terceira Turma, Relator Carlos Eduardo Thompson Flores
Lenz, D.E. 01/08/2007.
283 “Art. 5º - a sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante a lavratura do auto de
infração, para as infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente,
garantidos a ampla defesa e o contraditório”.
185
direito ao contraditório. No entanto, se não forem sanadas, em
decorrência de negligência ou dolo do autuado, o agente ambiental
certificará o ocorrido e aplicará a sanção de multa relativa à
infração praticada, independentemente da advertência.
186
Direito Ambiental
287 TRF4, AMS 2005.72.00.004171-7, Terceira Turma, Relator Carlos Eduardo Thompson
Flores Lenz, DJ 05/04/2006)
187
A multa poderá ser aumentada em dobro diante da
reincidência genérica, definida como cometimento de infração
ambiental de natureza diversa; e triplicada, diante da reincidência
específica, consistente no cometimento de infração da mesma natureza
(art. 11, I e II, do Decreto 6514/2008). O prazo considerado entre a
infração anterior e a nova, para consideração da reincidência é de 5
anos contados da lavratura do auto de infração anterior devidamente
confirmado no julgamento do recurso. Nesta situação, o Decreto
6.514/2008 previu a necessidade de cientificação do autuado para que
se manifeste sobre o agravamento da penalidade no prazo de dez dias
antes do julgamento (art. 11, §4º)289.
289 O Decreto 6514/2008 retirou a previsão de incidência das agravantes e atenuantes dos
arts. 14 e 15 da Lei 9.605/98 aos ilícitos administrativos, situação que era prevista no art. 7º e
parágrafo único do revogado Decreto 3179/99.
188
Direito Ambiental
290 O Decreto 3179/99 previa a redução de 90% do valor da multa no caso de celebração do
termo de compromisso.
291 TRF4, APELREEX 2008.70.00.009434-2, Quarta Turma, Relator Alexandre Gonçalves
Lippel, D.E. 08/06/2009.
189
Havendo decisão favorável, as partes deverão celebrar
termo de compromisso, contendo as seguintes cláusulas obrigatórias:
“I – nome, qualificação e endereço das partes compromissadas e dos
respectivos representantes legais; II – prazo de vigência do
compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele
fixadas, poderá vairar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de
três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período; III –
descrição detalhada de seu objeto, valor do investimento previsto e
cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços
exigidos, com metas a serem atingidas; IV – multa a ser amplicada em
decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas, que
não poderá ser inferior ao valor da multa convertida, nem superior ao
dobro desse valor; e V – foro competente para dirimir litígios entre as
partes” (art. 146, Decreto 6514/2008).
292 REsp 1248649/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª. Turma, julgado em
16/08/2011, DJe 24/08/2011.
190
Direito Ambiental
191
mediante a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de
reparação do dano.
6.4 Apreensão
192
Direito Ambiental
193
administrativa), a alienação deverá ser onerosa, com o
depósito dos valores líquidos auferidos (descontadas as
despesas de apreensão, transporte, armazenagem e
processamento da venda) em conta bancária à disposição
do juízo, cuja destinação final (se à União ou a quem ela
determinar, se aos proprietários da terra) será aferida após
incidente processual cabível. ii) Na hipótese de inviabilidade
(técnica, de fato ou por ausência de compradores) da
alienação onerosa, o órgão ambiental poderá doar, de
imediato, os bens apreendidos, conforme disposto no art.
25, §2º., da Lei 9.605/98, garantindo-se aos prejudicados o
297
direito de indenização em face dos criminosos.
297 REsp 730034/PA, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª. Turma, julgado em
09/03/2010, DJe 21/05/2010.
194
Direito Ambiental
195
II – quando a obra ou construção realizada não atenda às
condicionantes da legislação ambiental e não seja passível
de regularização”.
298 VITTA, Heraldo Garcia. A sanção no direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2003, p.
22.
196
Direito Ambiental
299 CASTRO E COSTA et alii., Crimes e infrações administrativas ambientais, op. cit., p. 350.
300 Idem, p. 351.
197
7. Sanções administrativas e o Código Florestal
198
Direito Ambiental
Capítulo VIII
199
gerar riscos para a saúde, para o meio ambiente ou para a incolumidade
de terceiros, deverá responder pelo risco, não havendo necessidade de
a vítima do dano ou dos legitimados para a propositura de ação civil
pública provar culpa ou dolo do agente.
2 Teorias do Risco
obtenção do grau de Mestre, Curitiba, 1989, pp. 08-16, PEREIRA, Caio Mário da Silva.
Responsabilidade civil, 9ª ed., RJ: Forense, 1999, p. 261.
200
Direito Ambiental
201
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul conta com
precedentes sobre a adoção da teoria do risco integral:
307 MILARÉ, “A tutela jurídico-civil do ambiente”, Revista de Direito Ambiental vol. 0, SP: Ed.
RT, 1996, p. 33.
308 NERY JR., Nelson. Responsabilidade civil por dano ecológico e a ação civil pública,
Justitia, SP, 46 (126): 168-189, jul/set, 1984, p. 172.
309 SILVA, José Afonso, Direito Ambiental Constitucional, 2ª ed., 2ª tir., SP: Ed. RT, 1997, p. 215.
310 FERRAZ, Sérgio. “Responsabilidade civil por dano ecológico”, Revista de Direito Público,
SP, vol. 49, n. 50, pp. 39-40.
311 TJRS, Apelação Cível 70023524846, 9ª Câmara Cível, Rel. Des. Marilene Bonzanini
Bernardi, j. em 04 de dezembro de 2008.
312 Sentença na Ação Civil Pública 2000.71.01.001891-1/RS, de 20 de janeiro de 2011,
disponível no site www.trf4/processos/visualizar_documento_gedpro.p, acesso em 20 de março
de 2012.
202
Direito Ambiental
313 TRF 4ª. Região, AC 0004155-95.2004.404.7101/RS, 3ª. Turma, Rel. Des. Federal Carlos
Eduardo Thompson Flores Lenz, julgado em 21.09.2010.
314 A “teoria da causalidade adequada”, inspirada na criação do filósofo alemão Von Kries, a
partir da formulação de Von Bar, no final do século XIX, procura identificar, dentre os fatores
antecedentes do dano, aquele que está em condições de necessariamente tê-lo produzido.
Francisco Manuel Pereira Coelho refere que a teoria da causalidade adequada pressupõe que a
ação tenha sido condição sine qua non do resultado, sendo “a adequação um mais que se
acresce à pura condicionalidade”(COELHO, Francisco Manuel Pereira.O problema da causa
virtual na responsabilidade civil. Coimbra: Almedina, 1998, p. 30). Não é uma teoria isenta de
dificuldades. Há controvérsias sobre se esta avaliação deve ser feita em abstrato ou em
concreto. Para Caio Mário, esta avaliação deve ser feita em concreto, apontando que, na
203
seleciona “entre as diversas causas que podem ter condicionado a
verificação do dano, aquela que, numa perspectiva de normalidade e
adequação sociais, apresente sérias probabilidades de ter criado um
risco socialmente inaceitável, risco esse, concretizado no resultado
danoso”315. Como consequência da adoção desta teoria, tem-se a
admissibilidade das excludentes de causalidade.
multiplicidade de fatores causais, deve ser selecionado “aquele que normalmente pode ser o
centro da causalidade, eliminando os demais” (Caio Mário. “Responsabilidade...”, op. cit., pp. 79
e 80). O fato é reputado causa de um dano quando este seja a consequência normalmente
previsível daquele, devendo o intérprete colocar-se no momento anterior àquele em que o fato
aconteceu e tentar prognosticar, de acordo com as regras da experiência comum, se era
possível antever que o dano iria ocorrer. Já para Orlando Gomes, a avaliação deve ser feita em
abstrato. O autor observa que a idoneidade do fato a produzir a causa do dano “afere-se pela
inevitabilidade constante do evento. Assim, a causa considera-se adequada quando o fato é
apto para produzir o dano causado, de tal modo que qualquer pessoa medianamente discreta,
colocada nas circunstâncias do autor, poderia prevenir o dano. Quando, ao contrário, o dano
surge em consequência de circunstâncias extraordinárias que escapam à experiência corrente,
não há causalidade adequada. Importa, por outras palavras, que o ato seja, in abstracto, a
condição essencial da realização do dano” (in GOMES, Orlando. Obrigações, 8ª ed., RJ:
Forense, 1986, p. 334).
315 CRUZ, Branca Martins da. Responsabilidade civil pelo dano ecológico: alguns problemas.
Revista de Direito Ambiental, São Paulo, ano 2, v. 5, jan-mar. 1997, p. 31.
204
Direito Ambiental
3 Pressupostos
3.1 Atividade
316 Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial 1071741/SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
2ª. Turma, DJe 16.12.2010.
317 ALSINA, Jorge Bustamante. Teoria general de la responsabilidad civil, Buenos Aires:
Abeledo-Perro, 1979, p. 217.
205
mando de um enfoque puramente material, de tal modo que, com a
prova de que a ação ou omissão foi a causa do dano, a imputação é
quase automática318 . O ordenamento supõe que todo aquele que se
entrega a atividades gravadas com responsabilidade objetiva deve fazer
um juízo de previsão pelo simples fato de dedicar-se a elas, aceitando
com isso as consequências danosas que lhe são inerentes.
318 PERALES, Carlos de Miguel. La responsabilidad civil por daños al medio ambiente. 2ª ed.
Madrid: Civitas, 1997, p. 155.
319 BENJAMIM, Antônio Herman. “Responsabilidade civil pelo dano ambiental”. Revista de
Direito Ambiental, São Paulo, v. 9, ano 3, jan/mar. 1998, p. 44.
206
Direito Ambiental
320 Hely Lopes Meirelles defendia a exclusão da responsabilidade civil diante da autorização
administrativa (in “Proteção ambiental e ação civil pública”, Revista dos Tribunais, vol. 611, SP:
Ed. RT, p. 11). No mesmo sentido, KRELL, Andreas Joachim, Concretização do dano ambiental:
algumas objeções à teoria do risco integral. Direitos e Deveres, Maceió, n. 1, 1997, p. 15. A
posição majoritária na doutrina brasileira é no sentido de que a licitude da atividade não exclui o
dever de reparar os danos. Assim: LUCARELLI, op. cit., p. 12, PASQUALOTTO, op. cit., p. 458.
321 PASQUALOTTO, op. cit., p. 453.
322 DJ de 11.04.1997, p. 23048, acessível pelo site http://www.juris.cjf.gov.br
207
“Ante o princípio da melhoria ambiental, adotado no Direito
brasileiro (art. 2º., caput, da Lei 6938/81), inconcebível a
proposição de que, se um imóvel rural ou urbano, encontra-
se em região já ecologicamente deteriorada ou
comprometida por ação ou omissão de terceiros,
dispensável ficaria sua preservação e conservação futuras
(e, com maior ênfase, eventual restauração ou
recuperação). Tal tese equivaleria, indiretamente, a criar um
absurdo cânone de isonomia aplicável a pretenso direito de
poluir e degradar: se outros, impunemente, contaminaram,
destruíram, ou desmataram o meio ambiente protegido, que
323
a prerrogativa valha para todos e a todos beneficie” .
323 Superior Tribunal de Justiça, RESP 769.753/SC, 2ª. Turma, Rel. Min. Herman Benjamin,
DJe 10.06.2011.
324 BITTENCOURT, Darlan Rodrigues e MARCONDES, Ricardo Kochinski. Lineamentos da
responsabilidade civil ambiental, Revista dos Tribunais, vol. 740, junho de 1997, SP: Ed. RT, pp.
82-85, MILARÉ, op. cit., p. 34, LUCARELLI, op. cit., p. 17, ATHIAS, op. cit., p. 247, LYRA,
Marcos Mendes, op. cit., p. 75, NERY JR., op. cit., p. 132, BENJAMIM, op. cit., p. 41.
325 Neste sentido, ADAMEK, Marcelo Vieira. Passivo Ambiental. Direito ambiental em
evolução 2. Curitiba: Juruá Ed., 2000, p. 122, MUKAI, Toshio. Direito ambiental
sistematizado,RJ: Forense Universitária, 3ª ed., 1998, p. 61, e KRELL, op. cit., p. 14. Conforme
Adamek, “não se deve simplesmente desconsiderar a invocação de caso fortuito ou força maior,
apenas porque se trata de responsabilidade civil por dano ambiental. Quando presentes os
eventos que os fundamentam, é o próprio nexo causal que resta rompido e o dano não pode ser
imputado ao agente”(op. cit., p. 123).
208
Direito Ambiental
326 Refere Aguiar Dias que “o que anima as causas de isenção no seu papel de dirimentes é,
em última análise, a supressão do liame de causalidade” (AGUIAR DIAS, José de. Da
responsabilidade civil, 10ª ed., RJ: Forense, 1995, p. 687). No mesmo sentido: RODRIGUES,
Sílvio. Direito Civil, SP: Saraiva, 1991, vol. 2, Parte geral das obrigações, p. 288.
327 PORTO, Mário Moacyr. “Pluralidade de causas do dano e redução da indenização – Força
maior e dano ao meio ambiente”, Revista dos Tribunais, dezembro de 1988, SP: Ed. RT, p. 09.
No mesmo sentido: Toshio Mukai, op. cit., p. 61.
209
se esta não contribuiu eficientemente para o dano ambiental.
328
Desprovimento do recurso” .
328 TJRJ, Apelação Cível n. 6392/2002, 2° CC, Rel. Des. Gustavo Adolpho Kuhl Leite, j. em
21.10.2002)
329 MORATO LEITE, “Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial”, São Paulo:
RT, 2000, pp. 208-209. Também Adalberto Pasqualotto entende que a situação de força maior,
por caracterizar uma situação externa ao agente, implicará na exclusão da responsabilidade. O
mesmo não se verificará com o caso fortuito, entendido como risco interno ao empreendimento
(op. cit., pp. 455- 457). Luiz Antônio Scavone Jr. compartilha o mesmo entendimento, aduzindo
que “apenas o fortuito externo (força maior) é excludente do dever de indenizar, afastando a
culpa e, portanto, apenas a responsabilidade subjetiva”. E colaciona precedentes
jurisprudenciais no sentido de que os fatos que não escapam ao poder do agente causador do
dano não excluem a responsabilidade civil (op. cit., pp. 75-76).
210
Direito Ambiental
211
internalizados pelo empreendedor, o qual aufere benefícios com a
atividade. Portanto, embora sejam aceitos por parte da doutrina como
excludentes no Código de Defesa do Consumidor (art. 12, §1º, inc.
III)332, a mesma solução não deve ser adotada em matéria ambiental.
Assim, se, no passado, eram utilizados produtos químicos com maior
poder poluente, impõe-se o dever de reparação dos danos, sendo
irrelevante a circunstância de que o controle da poluição fazia-se de
acordo com a tecnologia disponível da época.
3.3 O Dano
332 Marins de Souza defende a admissibilidade dos riscos de desenvolvimento como causa
excludente da responsabilidade por danos oriundos de fatos do produto (ob. cit., p. 125). Ada
Grinover, por sua vez, diz que a aceitação da excludente deve ser admitida com reservas, pois
certos produtos apresentam nocividade que gera comoção social em virtude de seu poder de
mutilação do gênero humano, como ocorreu com a talidomida (ob. cit., pp. 113 a 115).
212
Direito Ambiental
213
disciplinar, capaz de apurar a totalidade dos impactos, considerando,
inclusive, seus efeitos acumulativos, potenciais e futuros.
335 Sobre o tema, ver: MACHADO, op. cit., p. 228; LYRA, Marcos Mendes. Dano Ambiental.
Revista de Direito Ambiental. São Paulo, ano 2, v. 8, p. 53, out/dez. 1997., BITTTENCOURT,
Darlan e MARCONDES, Ricardo Kochinski. Lineamentos da responsabilidade civil ambiental.
Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 740, p. 79-80, jn. 1997; LUCARELLI, op. cit., p. 10.
214
Direito Ambiental
[...]
336 TRF – 5a Região, Apelação Cível n. 147846, CE, 2 ª Turma, Des. Fed. Araken Mariz, j.
04.04.2000, DJU de 25.08.2000, p. 1065.
337 CARVALHO, Délton Winter de. Dano ambiental futuro – a responsabilização civil pelo risco
ambiental. RJ: Forense Universitária, 2008, p. 149.
215
O art. 187 do Código Civil de 2002 prevê que “também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico e social,
ou pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
216
Direito Ambiental
1. Reparação in natura.
340 TRF – 4ª Região, Apelação Cível n. 428322, SC, 3 ª Turma, Rel. Juiz Carlos Eduardo
Thompson Flores Lenz, j. 06.08.2002, DJU de 04.09.2002, p. 811.
341 Neste caso, a indenização reverte para o Fundo de Bens Lesados, previsto pelo art. 13 da
Lei 7.347/85.
217
compensação física real do prejuízo em um lugar ligado à área
degradada; (c) substituição ou criação de um ecossistema diferente
(reserva ambiental, por exemplo).
342 TJRS, Agravo de Instrumento n. 592088082, 1 ª Câmara Cível. Rel. Des. Milton dos Santos
Martins, j. 22.09.92 e TJPR, 2ª Câmara Cível, Apelação Cível n. 0012874100, Rel. Des. Sydnei
Zappa, j. 14.08.91.
343 A propósito do tema, remetemos o leitor ao nosso trabalho intitulado Possibilidade de
cumulação de obrigação de fazer ou não fazer com indenização nas ações civis públicas para
reparação de danos ambientais, publicado na Revista do Ministério Público 50, pp. 255/270 .
218
Direito Ambiental
344 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do dano moral coletivo no atual contexto brasileiro. Revista
de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 12, p. 44, out./dez. 1994.
345 RAMOS, André de Carvalho. Ação civil pública e o dano moral coletivo. Revista de Direito
do Consumidor, São Paulo, v. 25, p. 83, jan/mar. 1998.
346 LEITE, op. cit., p. 300.
219
A respeito do tema, o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro expressamente reconheceu o dano moral coletivo associado ao
corte de vegetação de árvores sem licenciamento ambiental:
347 TJRJ, Apelação Cível n. 2001.001.14586, 2 ª Câmara Cível, Rel. Des. Maria Raimunda
Azevedo, j. 24.09.2002.
220
Direito Ambiental
348 TJRS, Ap. Cível 70005093406, 10° CC, Rel. Des. Luiz Ary Vessini de Lima, j. em
19.02.2004).
221
uma gama de significados e vivências ali experimentados. Não é
possível preservar a memória de um povo sem, ao mesmo tempo,
preservar os espaços por ele utilizados e as manifestações
quotidianas de seu viver, daí porque associa-se a destruição do
imóvel da Avenida Tiradentes, 294 a um atentado aos valores e à
memória da sociedade de Araguari.
222
Direito Ambiental
4 A Identificação do poluidor
“Art. 3º [...]
223
2. Para correção do meio ambiente, as empresas são
responsáveis solidárias e, no plano interno, entre si,
responsabiliza-se cada qual pela participação na conduta
danosa.
350
3. Recurso especial não conhecido .
2. Lei 6.938/81, arts, 3º, IV, 14, §1º, e 18, § único. Código
Civil, arts. 896, 904 e 1518. Aplicação.
351
3. Recurso especial não conhecido .
350 (STJ, 2a Turma, RESP n. 18567-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 16.06.2000)
351 (STJ, RESP. 37354/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. em 18.09.95).
224
Direito Ambiental
352 STJ, 2ª Turma, Resp. 1.056.540-GO, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 25 de agosto de
2009.
353 RESP 222.349/PR, STJ, 1.a Turma, Rel. Min. José Delgado, j. 23.03.2000.
225
aqui apontar a divergência doutrinária e jurisprudencial sobre se o
Estado responderia em todas as circunstâncias de forma objetiva; ou se
esta modalidade de responsabilização incidiria apenas quando se
tratasse de dano perpetrado mediante ação de agentes estatais, quando,
então, teria plena aplicabilidade o art. 37, § 6º, da Constituição Federal
de 1988.
354 Assinala Juarez Freitas que o fundamento da responsabilidade estatal não é o risco
integral, mas sim o risco administrativo, significando que “o Estado arca apenas com os riscos
inerentes à atuação intervencionista que o caracteriza, daí que a vítima, em razão até de sua
presumida vulnerabilidade, resulta sem ter o ônus de provar a culpa da Administração Pública”
(FREITAS, Juarez. Estudos de direito administrativo. 2.ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p.122).
226
Direito Ambiental
227
Veja-se que, nesta hipótese, inexiste nexo de causalidade
direto entre o dano ambiental e a atividade estatal, uma vez que o dano
resultou de uma atividade clandestina do particular ou de uma
atividade lícita do particular empreendida em virtude de uma
autorização administrativa ou licenciamento ambiental irregular ou
deficiente. Trata-se de uma responsabilidade indireta, decorrente de
omissão, reputada uma das condições do evento lesivo, pelo que se
deve demonstrar que o Estado omitiu-se ilicitamente, “por não ter
acorrido para impedir o dano ou por haver sido insuficiente neste
mister, em razão de comportamento inferior ao padrão legal
exigível”.361 Silveira refere, ainda, que “não basta à configuração da
responsabilidade estatal a simples relação entre ausência de serviço
(omissão estatal) e o dano sofrido. É necessário demonstrar a culpa por
negligência ou imperícia no serviço ensejador do dano, quando ao
Estado era exigido um certo padrão de conduta capaz de obstar o
evento lesivo”, sendo que este padrão de conduta será aferido caso a
caso.362
360 JUCOVSKY, Vera Lúcia. Responsabilidade civil do estado por danos ambientais. São
Paulo: Juarez Oliveira, 2000. p.55. Refere a autora que “toda a atividade que possa levar ao
dano do ambiente está subordinado à Administração, sob a forma de fiscalização, vigilância ou
controle, razão pela qual o Estado deve ser responsável solidário com o poluidor em caso de
dano à natureza, especialmente por omissão do Poder Público, a configurar a culpa in
ommittendo no poder de polícia”.
361 MELLO, C. A. B. de, op. cit., p.672.
362 SILVEIRA, Paulo Antônio Caliendo Velloso da. Responsabilidade civil da administração
pública por dano ambiental. AJURIS, Porto Alegre, n.72, pp.178-179, mar. 1988.
363 MELLO, C. A. B. de, op. cit., p.676.
364 JUCOVSKI, op. cit., p.56; LUCARELLI, op. cit., p.19.
228
Direito Ambiental
229
Constituição, que impõe ao Estado o dever de defender o meio
ambiente e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
No mesmo sentido, vejam-se os seguintes arestos do
Superior Tribunal de Justiça:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO CAUSADO AO MEIO
AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENTE ESTATAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RESPONSÁVEL
DIRETO E INDIRETO. SOLIDARIEDADE. LITISCON-
SÓRCIO FACULTATIVO. ART. 267, IV, DO CPC.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E
365 DO STF.
[...]
1. O art. 23, inc. VI, da Constituição da República fixa a
competência comum para a União, Estados, Distrito Federal
e Municípios no que se refere à proteção do meio ambiente
e combate à poluição em qualquer de suas formas. No
mesmo texto, o art. 225, caput, prevê o direito de todos a um
meio ambiente ecologicamente equilibrado e impõe ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
2. O Estado recorrente tem o dever de preservar e fiscalizar
a preservação do meio ambiente. Na hipótese, o Estado, no
seu dever de fiscalização, deveria ter requerido o Estudo de
Impacto Ambiental e seu respectivo relatório, bem como a
realização de audiências públicas acerca do tema, ou até
mesmo a paralisação da obra que causou o dano ambiental.
3. O repasse das verbas pelo Estado do Paraná ao
Município de Foz de Iguaçu (ação), a ausência das cautelas
fiscalizatórias no que se refere às licenças concedidas e as
que deveriam ter sido confeccionadas pelo ente estatal
(omissão), concorreram para a produção do dano ambiental.
Tais circunstâncias, pois, são aptas a caracterizar o nexo de
causalidade do evento, e assim, legitimar a responsa-
bilização objetiva do recorrente.
4. Assim, independentemente da existência de culpa, o
poluidor, ainda que indireto (Estado-recorrente) (art. 3º da
Lei 6.938/81), é obrigado a indenizar e reparar o dano
causado ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).
230
Direito Ambiental
231
O argumento no sentido de que haveria discriciona-
riedade por parte do Poder Público para realizar ou não obras
necessárias à preservação do meio ambiente, de modo a impedir a
intervenção do Poder Judiciário, em respeito ao princípio da separação
de poderes, tem sido afastado a partir de uma moderna concepção de
discricionariedade, segundo a qual cabe ao Juiz aferir, no caso
concreto, se a decisão administrativa realmente concretizou os direitos
fundamentais que se encontravam em risco. A respeito, Álvaro Valery
Mirra afirma que “toda vez que a Administração não atuar de modo
satisfatório na defesa do meio ambiente, omitindo-se no seu dever de
agir para relegar a proteção da qualidade ambiental a questão de
importância secundária, violando as normas constitucionais e
infraconstitucionais que lhe impuseram a obrigatoriedade de atuar,
caberá à coletividade, por intermédio de seus representantes
legitimados, buscar perante o Poder Judiciário o estabelecimento da
boa gestão ambiental”374.
374 MIRRA, Álvaro Valery. Ação Civil Pública e a reparação do dano ao meio ambiente. São
Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 2002, p. 374.
232
Direito Ambiental
375 STJ, Resp. 429.570-GO, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª T., j. em 11.11.2003.
376 GAVIÃO FILHO, ob. cit., p. 194.
233
234
Direito Ambiental
Capítulo IX
1 Introdução
Também quando se tem em conta a perspectiva criminal
de proteção ao bem jurídico meio ambiente, não se pode olvidar a
necessidade de uma abordagem sistêmica, por meio da qual pode-se
conceituar o meio ambiente nas palavras de José Afonso da Silva,
como sendo “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais
e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em
todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção
unitária do ambiente compreensiva dos recursos naturais e
culturais377.
377 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional, São Paulo: Malheiros Editores,
p.2.
235
meio ambiente cultural e artificial. Trata-se de uma visão unitária que
ressalta três aspectos:
378 RODRIGUES, Marcelo Abelha; FIORILLO, Celso Pacheco. Manual de Direito Ambiental e
Legislação Aplicável. 2. ed. São Paulo: Max Limonad., p.63.
236
Direito Ambiental
379 FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a Natureza.
8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 44
237
acertada. A propósito do tema, cumpre ressaltar que há uma tendência
em rejeitar a alegação do princípio da insignificância380.
238
Direito Ambiental
383 BRASIL. Tribunal Regional Federal 4ª Região, Apelação Criminal 200572000047598/ SC, j.
12/09/2007 Documento: TRF400154709, D.E. 19/09/2007 e Tribunal Regional Federal 4ª
Região, Apelação Criminal 200270080000150/ PR, j. 11/07/2007 Documento: TRF400151720,
D.E. 18/07/2007, ambos da Oitava Turma, tendo como Relator Paulo Afonso Brum Vaz.
384 BRASIL. Tribunal Regional Federal 4ª Região, Recurso em Sentido Estrito
200572000009044/ SC, Oitava Turma, j. 05/10/2005 Documento: TRF400114917, DJU
19/10/2005, p. 1267, Relator Paulo Afonso Brum Vaz.
385 BRASIL. Tribunal Regional Federal 1ª Região, - Apelação Criminal– 200534000179580/DF,
Quarta Turma, j. 20/11/2007 Documento: TRF100262888, DJ 7/12/2007, p. 20, Relator Hilton
Queiroz e Apelação Criminal 200334000196439/DF, Terceira Turma, j.6/12/2005 Documento:
TRF100257848, DJ 28/9/2007, p. 42, Relator Tourinho Neto.
386 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Quarta Câmara Criminal, j. 22/03/2007,
DJ 25/04/2007, Rel. Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto.
239
não pode ser quantificado, pois a agressão ao meio ambiente atinge
toda a coletividade.
3 A Tríplice Responsabilização
A CF/88 não se contentou com a mera reparação do dano,
embora essa também seja uma das tônicas da Lei de Crimes
Ambientais. O art. 225, § 1º, da CF, na esteira do que já apregoava o
art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81, enfatiza a possibilidade de o poluidor
ser simultaneamente responsabilizado nas esferas civil, administrativa
e penal, o que desde já exclui a conclusão de que o poluidor que
posteriormente veio a reparar o dano está isento das sanções de índole
penal.
387 A Lei n. 9.605/98 foi alterada pela Lei n. 11.284, de 2 de março de 2006, a qual
acrescentou dois novos tipos penais, a saber os arts. 50-A e 69-A .
240
Direito Ambiental
241
9.099/95. Quase todos admitem a transação. Outros, a suspensão
condicional do processo.
242
Direito Ambiental
243
NICISTA (Otto Gierke), segundo a qual a pessoa jurídica tem
existência no mundo fenomênico, distinta das pessoas de seus sócios
ou acionistas. Possui uma vontade real que é o somatório das vontades
dos dirigentes.
244
Direito Ambiental
245
No entanto, em julgamento dos Embargos Infringentes nº
70010589323, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul admitiu a
responsabilização penal da pessoa jurídica, asseverando o Relator,
Desembargador Danúbio Edon Franco, que “não há que se falar em
inconstitucionalidade por algo que a própria Constituição previu
[...]”397.
397 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, EI nº 70010589323, Rel. Des. Danúbio Edon
Franco, 2º Grupo de Câmaras Criminais, 11.03.2005.
398 Superior Tribunal de Justiça. STJ 564.960-SC, 5ª Turma, Min. Gilson Dipp, j. em
02.06.2005. No mesmo sentido: o Habeas Corpus nº 43751-ES, 5ª Turma, Rel. Min. José
Arnaldo da Fonseca, j. em 15.09.2005.
246
Direito Ambiental
399 COSTA JR. Paulo José da. Direito Penal na Constituição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1991, p. 254.
247
CONTRA: tais argumentos cedem face à compreensão
de que o princípio da personalidade da pena ou da intranscendência
(art. 5º, inc. XLV, CF) quer dizer que nenhuma pena passará da pessoa
do condenado e que ninguém será responsabilizado criminalmente por
ato de outrem. Ora, quando um preposto, administrador ou sócio de
uma empresa praticam ato típico, e a responsabilidade por esse ato é
sustentada pela empresa, não há ruptura do pressuposto constitucional
causado pela comprovação de que o ato, em verdade, era ato da própria
empresa., apenas praticado por intermédio de seu representante. Neste
sentido foi o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região,
no Mandado de Segurança Criminal n. 2002.04.01013843-0/PR.
248
Direito Ambiental
249
4. Deve haver a utilização da estrutura, da “máquina”, do
poderio da empresa para a prática do delito. Se se puder entender que,
sem a existência da pessoa jurídica, com seus objetivos e meios, o
crime não teria ocorrido, estar-se-á diante de um verdadeiro crime
ambiental cometido pelo ente moral.
250
Direito Ambiental
251
arroladas no art. 44 do Código Civil, não sendo admitido
responsabilizar as universalidades (massa falida e espólio).
252
Direito Ambiental
406 COSTA NETO, Nicolao Dino de Castro e; COSTA NETO, Flávio Dino de Castro e; BELLO
FILHO, Ney. Crimes e infrações administrativas ambientais. Brasília: Brasília Jurídica, 2000,
p. 36.
407 LECEY, Eládio. A proteção do meio ambiente e a responsabilidade penal da pessoa
jurídica, in FREITAS, Vladimir Passos de Freitas (coord.) . Direito ambiental em evolução.
Curitiba: Juruá, 1998, p. 40.
253
final-objetiva. Deve-se, portanto, na responsabilização do sujeito ativo
das infrações através da pessoa jurídica, dar especial atenção, à
figura do dirigente, perquirindo, apuradamente, a par da causalidade
no participar das decisões que levaram à conduta atentatória ao
ambiente, decisões muitas vezes conjuntas, perquirindo, como dizia, do
liame subjetivo a ligá-lo ao delito, liame que também pode decorrer da
decisão pela atividade poluidora, exemplificativamente, ofensiva ao
meio ambiente. De se destacar que, por sua condição, em geral de
pessoa dotada de recursos culturais, o dirigente mais facilmente pode
chegar à consciência de atentar ao meio ambiente.
408 AZEVEDO, Tupinambá Pinto de. Aspectos processuais da Lei n. 9.605/98, in SOARES
JÚNIOR, Jarbas; GALVÃO, Fernando (orgs.). Direito ambiental na visão da magistratura e
do ministério público. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 365.
409 Obra citada, pp. 387-388.
254
Direito Ambiental
Nesse diapasão:
255
imputação necessária. desconstrução argumentativa da
jurisprudência dominante.1. A regra do art. art. 3º da Lei nº
9.605/98 está consentânea com mandato constitucional de
criminalização das pessoas jurídicas por crime contra o meio
ambiente (art. 225, § 3º, da CR). O interprete/aplicador deve
buscar a compreensão que leve a sério a Constituição. No
Estado Democrático de Direito, respondem penalmente por
suas condutas ilícitas apenas aqueles que possuam capacidade
e autonomia para agir de forma diversa, sendo-lhes, sob o
ponto de vista normativo, exigível que assim se comportem.2.
Releitura da norma a partir do paradigma constitucional, e não
ao contrário. Princípios constitucionais que autorizam a
construção de um conceito de culpabilidade empresarial que
autonomize a responsabilização penal da pessoa jurídica por
práticas lesivas ao bem jurídico coletivo ambiente
ecologicamente equilibrado, sem restaurar o indesejável
instituto da responsabilidade objetiva.3. Conceito construtivista
da culpabilidade (CARLOS GÓMEZ-JARA DIÉZ. Fundamentos
Modernos de la Culpabilidad Empresarial, Ediciones Jurídicas
de Santiago, 2008). Ordenamento jurídico e sujeitos de direito
como sistemas autopoiéticos (sistemas autônomos e
autorreferenciados, capazes de engendrar a si mesmos no
contexto social e interagir com base no todo comunicativo que
integram). Teoria dos sistemas e construtivismo operativo de
NIKLAS LUHMANN.4. Superação do "preconceito
antropocêntrico" vinculado ao primado da consciência como
cerne da imputação de uma responsabilidade efetivamente
subjetiva, na medida em que a concepção dos sujeitos de
direito, sob o ponto de vista dos sistemas autopoiéticos, permite
concluir que a culpabilidade não exige uma psique apta a
escolher entre a conduta devida e aquela vedada pela norma,
mas, sim, a presença de uma "autorreferenciabilidade" no
agente delitivo - conceito esse claramente desvinculado, ou
desvinculável, de noções naturalísticas a respeito de qualquer
faculdade propriamente humana, na medida em que também as
operações comunicativas internas, verificadas em subsistemas
jurídicos complexos, podem produzir um ente
"autorreferenciado", cujos atos realizados no contexto social se
submetem, se típicos e antijurídicos, a um juízo de
reprovabilidade.5. O estatuto constitucional conferido às
pessoas jurídicas com base no seu poder auto-organizativo faz
com que sejam titulares de direitos fundamentais, tais como o
direito de resposta, de propriedade, o sigilo de correspondência,
a inviolabilidade de domicílio, as garantias do direito adquirido,
de observância do ato jurídico perfeito e da coisa julgada
(MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.
256
Direito Ambiental
257
atrelada ao prosseguimento da persecução criminal em
desfavor de seu administrador, tampouco havendo qualquer
nota de objetividade na imputação de delito ao ente coletivo.10.
A extinção da punibilidade do corréu pessoa física que atingiu o
marco de setenta anos de idade, em virtude da contagem do
prazo prescricional pela metade (art. 115 do CP), não obsta o
prosseguimento da persecução penal em relação à empresa
codenunciada. Afastada a tese de "a punição da pessoa jurídica
é mera decorrência da prática de um crime pela pessoa física
que a representa", pois o que a norma impõe é que o
cometimento do ilícito pelo ente coletivo resulte de decisão de
seus órgãos decisórios, situação essa absolutamente distinta
daquela de exigir a instauração conjunta de ação penal contra
411
seus gestores (dupla imputação) .
411 BRASIL. TRF 4. APELAÇÃO CRIMINAL 0010064-78.2005.404.7200 Rel. Des. Fed. Paulo
Afonso Brum Vaz. Min. Félix Fischer, DJ 14/08/2006, p. 304. Em sentido oposto, vide acórdão
bastante didático do Tribunal Regional Federal da 5ª Região no Recurso em Mandado de
Segurança n. 2006.05.00.058401-4. Disponível em:
258
Direito Ambiental
412 No sentido de exigir a conjugação do art. 50 do Código Civil ao art. 4º. da Lei 9.605/98,
confira-se o Recurso Especial 647.493-SC, 2ª; Turma, em que figura como Relator o Ministro
João Noronha, julgado em 15 de maio de 2007.
259
10.1 Das penas restritivas de direitos aplicáveis às
pessoas físicas (arts. 7º e 8º)
O legislador destacou a autonomia dessas penas, para
esclarecer não mais serem elas acessórias, na esteira do que já
preconiza o CP desde a reforma de l984.
413 São a favor da aplicação do art. 44, inc. I, do CP, Eládio Lecey (LECEY, Eladio. Direito
ambiental penal reparador. Composição e reparação do dano ao ambiente: reflexos no juízo
criminal e a jurisprudência. Disponível em
http://www.esmarn.org.br/cursos/aperfeicoamentoMagistrados/2008/direitoAmbientalPenalRepar
ador.pdf , acesso em 26/03/2010) e Ney Bello Barros Filho e Nicolaou Dino de Castro e Costa
Neto (COSTA NETO, Nicolao Dino de Castro e; BELLO FILHO, Ney de Barros; COSTA, Flávio
Dino de Castro e. Crimes e infrações administrativas penais. Brasília: Brasília Jurídica, 2000,
p. 79).
414 BITENCOURT, Cesar Roberto. Juizados Especiais Criminais Federais. São Paulo:
Saraiva, 2003, p. 192.
415 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 884.
260
Direito Ambiental
261
10.3 A pena de prestação pecuniária
262
Direito Ambiental
263
Da leitura desse rol, flagra-se um erro de técnica
legislativa, pois a prestação de serviços à comunidade nada mais é do
que modalidade de restritiva de direitos.
417 TRF-4ª Região, MS n. 2002.04.01.01013843-0/PR, Rel. Des. Federal José Luiz Germano
da Silva, j. em 10.12.2002.
264
Direito Ambiental
418 Idem.
419 Nesse sentido, COSTA NETO et alii, op. cit. p. 109.
420 GRINOVER, Ada. Infrações ambientais de menor potencial ofensivo. Disponível em:
http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20080731130105.pdf. Acesso em
07 dez. 2012.
265
ambiental para a declaração de extinção da punibilidade, às infrações
de menor potencial ofensivo previstas na Lei 9.605/98, entendeu que
este diploma teria introduzido no ordenamento jurídico brasileiro um
novo conceito de infração de menor potencial ofensivo, o qual
abarcaria, para os efeitos da nova lei ambiental, os crimes por ela
definidos, para os quais esteja cominada, em abstrato, pena mínima
não superior a um ano (art. 28 da Lei 9.605/98 combinado com o art.
89 da Lei 9.099/95). De consequência, entende a autora aplicam-se a
essas infrações tanto a transação penal quanto a suspensão condicional
do processo, nos termos do art. 98, I, da CF/88.
421 LECEY, Eládio. Novos Direitos e Juizados Especiais. A Proteção do Meio Ambiente e os
Juizados Especiais Criminais", "in" Revista de Direito Ambiental, nº 15, p. 141
422 Nesse sentido, v. LECEY, Eládio . “Novos Direitos e Juizados Especiais”. Revista Ajuris
777, Porto Alegre, p. 153.
266
Direito Ambiental
12 A composição do dano
Pela Lei 9.605/98, a prévia composição do dano é condição
à proposta de transação penal (art. 27). Essa composição consiste na
celebração de um acordo, com força de título executivo (judicial ou
extrajudicial), que tenha por meta a efetiva reparação do dano.
13 A reparação do dano
Na Lei 9.605/98, a composição do dano é requisito para
formulação de proposta de transação penal. Já a reparação do dano é
condição para a suspensão condicional do processo.
423 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. 4ª Câmara Criminal.
Recurso em Sentido Estrito n.º 70005001342. Relator: Desembargador Aristides Pedroso de
Albuquerque Neto. Vacaria, 03 de outubro de 2002.
267
I, da Lei 9.605/98). A reparação do dano também figura como
condição para o sursis especial (art. 17).
424 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. 4ª Câmara Criminal.
Apelação Crime nº 70027624196. Relator: Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto.
Vacaria, 03 de outubro de 2002. No mesmo sentido, v. HC nº 82.911 - MG (2007/0109542-7) .
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima – STJ – J. em 05/05/2009. Em sentido oposto, v. HC
1.0000.09.494459-2/000(1) - TJ/MG – Rel. Desa. Jane Silva, J. em 25/06/2009.
268
Direito Ambiental
269
270
Direito Ambiental
Capítulo X
ATUAÇÃO EXTRAJUDICIAL
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
1 O inquérito civil
O inquérito civil pode ser definido como um proce-
dimento administrativo, de caráter pré-processual e inquisitorial, de
âmbito interno do Ministério Público que, presidido diretamente pelo
Promotor de Justiça ou Procurador da República, permite a coleta de
provas para embasar o ajuizamento das ações cabíveis à tutela dos bens
para os quais a legislação o legitime, especialmente, para a ação civil
pública425. Está previsto no art. 8º, parágrafo 1º, da Lei nº 7.347/85,
nos seguintes termos: “o Ministério Público poderá instaurar, sob sua
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo
425 Antonio Augusto De Camargo Ferraz, no artigo Inquérito Civil: dez anos de um instrumento
de cidadania, in Ação Civil Pública, Reminiscências e Reflexões após dez anos de aplicação,
coord. Édis Milaré, São Paulo, 1995, ed. Revista dos Tribunais, 1995, reporta a origem do
inquérito civil à palestra proferida pelo Promotor de Justiça José Fernando da Silva Lopes, em
Reunião do Grupo de Estudos Média Sorocaba, em 1980.
271
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no
prazo que assinar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis”.
426 José Emmanuel Burle Filho, Principais aspectos do Inquérito Civil, in Ação Civil Pública,
dez anos, op. cit., p. 323.
272
Direito Ambiental
427 Sobre o crime do art. 10 da Lei 7347/85 conferir o artigo de ROCHA JR. Paulo Sérgio
Duarte. Breves Comentários ao art. 10 da Lei 7347/85. In: Ação Civil Pública. 20 anos da Lei n.
7347/85. ROCHA, J.C., HENRIQUES FILHO, T.H.P., CAZETTA, U. (Coord.). Belo Horizonte:Del
Rey, 2006, pp;. 203-219.
273
de arquivamento428, deverão ser submetidos, em três dias, sob pena de
falta grave, à apreciação do Conselho Superior do Ministério Público
que poderá homologar a promoção de arquivamento ou baixar os autos
para a realização de diligências.
2 Compromisso de ajustamento
O compromisso de ajustamento é amplamente utilizado
para a solução extrajudicial dos conflitos ambientais. Suas principais
vantagens em relação à judicialização são a efetividade, a redução de
custos e de prazos para a adequação da conduta à norma. Constituindo-
se em título executivo extrajudicial, prescinde da ação de cognição e,
sem que haja reconhecimento do elemento subjetivo (dolo ou culpa),
para a causação do dano, geração do risco ou do ilícito, faz certos os
fatos nele deduzidos. Contribui para a efetividade a anuência do
compromissário com os prazos, modo e lugar do cumprimento da
obrigação, tornando-o co-participe da solução ajustada.
2.1 Conceito:
274
Direito Ambiental
275
podendo ser imposto ao compromissário, nem tornar-se obrigatório ao
compromitente.
2.3 Objeto
435 REsp 802.060/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 17/12/2009, DJe
22/02/2010.
276
Direito Ambiental
277
em consonância com os princípios da reparação integral, do poluidor-
pagador e da prevenção, além de prestigiar a interpretação sistemática
do art. 3º da Lei 7347/85, aplicável ao compromisso de ajustamento.
No mesmo sentido, a ementa do aresto abaixo transcrita, de relatoria
do Min. José Delgado:
Processo Civil. Direito Ambiental. Ação Civil Pública para
tutela do meio ambiente. Obrigações de fazer, de não-fazer
e de pagar quantia. Possibilidade de cumulação de pedidos.
Art. 3º da Lei 7347/85. Interpretação sistemática. Art.
225,§3o, da CF/88. Arts. 2º e 4º da Lei 6.938/81, art. 25, IV,
da Lei 8.625/93 e art. 83 do CDC. Princípios da prevenção,
do poluidor-pagador e da reparação integral.
1. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente,
disciplinado em normas constitucionais (CF, art. 225, §3º.) e
infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está
fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do
poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem,
para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e
obrigações de variada natureza, comportando prestações
pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem
como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis
de recom-posição in natura), prestações essas que não se
excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.
2. A ação civil pública é o instrumento processual destinado
a propiciar a tutela do meio ambiente (CF, art. 129, III).
Como todo instrumento, submete-se ao princípio da
adequação, a significar que deve ter aptidão suficiente para
operacionalizar, no plano jurisdicional, a devida e integral
proteção do direito material. Somente assim será
instrumento adequado e útil.
3. É por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei 7.347/85
(‘A ação civil pública poderá ter por objeto a condenação em
dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer’), a conjunção ‘ou’ deve ser considerada com o
sentido de adição (permitindo, com a cumulação dos
pedidos, a tutela integral do meio ambiente) e não o de
alternativa excludente ( o que tornaria a ação civil pública
278
Direito Ambiental
438 STJ, 1ª Turma, Resp n. 605.323-MG, j. em 18.08.2005, Rel. Min. José Delgado.
439 Agravo de Instrumento 592088082, Porto Alegre, Distribuidora de Produtos e Petróleo
Ipiranga S.A. – agravante, Ministério Público, agravado, Primeira Câmara Cível, 22.09.92, Rel.
Des. Milton dos Santos Martins. Interessante o acórdão que esclarece a possibilidade de
cumulação de pedidos de condenação nas obrigações de fazer e indenização em dinheiro na
ACP quando os fatos-fundamentos forem distintos. A decisão foi assim ementada: AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. USO DE PRAÇA. PEDIDOS CUMULADOS. Art. 3º da Lei nº 7.347/85. Pagar ou
279
houver parcela da obrigação passível de recomposição in natura e
parcela irrecuperável440.
280
Direito Ambiental
281
inquérito civil o contrato social da empresa e sua última alteração, o
que poderá ser requisitado à Junta Comercial.
282
Direito Ambiental
283
2.5.6. Compromisso de ajustamento parcial:
vantagens e desvantagens
Matéria sumulada pelo CSMP/SP443 (súmula 20), o
compromisso de ajustamento parcial deve ser utilizado quando o
cumprimento da obrigação dependa de condição sobre a qual o
estipulante (Ministério Público) não tenha o domínio do resultado e,
portanto, não possa estimar as circunstâncias exatas para o
cumprimento da totalidade da obrigação. Exemplo: resíduos sólidos
industriais – necessidade de prévio diagnóstico da área degradada
como requisito para fixação das obrigações futuras de recomposição –
verificação da extensão do dano e definição das medidas mitiga-
doras444.
A desvantagem do compromisso parcial é o fato de a
obrigação ficar diferida no tempo, retirando o efeito prático da execução
em caso de descumprimento e retardando a recomposição do ambiente, já
que a discussão judicial limitar-se-á à inexecução de um projeto.
284
Direito Ambiental
445 In Cláusula Penal Indemnização, Coleção Teses, Coimbra, 1990, Livraria Almedina, p. 135.
446 In Alternativa à ação civil pública ambiental (reflexões sobre as vantagens do termo de
ajustamento de conduta), Ação Civil Pública – 15 anos, Coordenador Édis Milaré, São Paulo,
2001, RT, pp. 125 e 126.
447 Obra citada, p. 136.
448 Direito Civil, Volume 2, Parte Geral das Obrigações, 16ª edição, 1986, São Paulo, Saraiva,
pp. 93 e 94.
285
satória e moratória. A primeira refere-se à hipótese de inexecução
completa da obrigação e a segunda às hipóteses de descumprimento de
alguma cláusula especial ou, simplesmente, da mora.
286
Direito Ambiental
450 CAPPELLI, Sílvia, BONATTO, Claudio, TEIXEIRA, ORCI. A inversão do ônus da prova na
ação civil pública ambiental. Anais do 9º Congresso Nacional do Ministério Público, Salvador,
BA, 1992.
287
das mais variadas áreas, a inexistência de padrões uniformes para o
cálculo do prejuízo ambiental e, especialmente, a dificuldade
probatória resultante da ausência de recursos materiais aos titulares da
defesa do meio ambiente.
451 Trata-se dos Embargos de Declaração nº 700002338473, 4 a Câmara Cível, Rel. Des.
Wellington Pacheco Barros. Acórdão publicado na Revista de Direito Ambiental 23, p. 351, cuja
ementa é a seguinte: “Inversão do ônus da Prova e Atribuição dos Custos da Perícia ao
Demandado. Admissibilidade nas demandas que envolvam a proteção ao meio ambiente.
Ministério Público e demais co-legitimados ao ajuizamento de ações civis públicas estão em
franca desvantagem perante os demandados.”
452 STJ, Recurso Especial n. 1.049.822/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, j. em 23 de
abril de 2009.
288
Direito Ambiental
453 Assim, PASQUALOTTO, Adalberto de Souza. Responsabilidade Civil por Dano Ambiental:
Considerações de Ordem Material e Processual, in Dano Ambiental, Prevenção, Reparação e
Repressão, Coord. Antonio Hermann Benjamin, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1993, pp.
444/470.
289
Nesse sentido, o pioneiro voto do então Desembargador
Ruy Rosado de Aguiar Jr. na apelação cível nº 589077148, 5ª Câmara
Cível, extraído, aqui, em parte:
290
Direito Ambiental
454
3. Agravo regimental desprovido .
291
esferas de responsabilidade. No Rio Grande do Sul, a atribuição
cumulativa cível e criminal ao Promotor de Justiça Especializado em
Meio Ambiente foi conferida através do Provimento da Procuradoria-
Geral de Justiça nº 12, de 15 de junho de 2000455.
455 Também há cumulação de atribuições nos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, Bahia e no
Distrito Federal.
456 Assim decidiu o Conselho do Ministério Público de Meio Ambiente do RS – CONMAM,
criado em março de 2000 por ato do Procurador-Geral de Justiça. Ao CONMAM incumbe
elaborar enunciados sem caráter vinculante, com o objetivo de sugerir a harmonização e
diretrizes a atuação e fomentar reuniões dos Promotores de Justiça.
457 Assim, José Carlos Meloni Sícoli, Proposta de Racionalização dos Serviços, obra citada,
item VI.
458 Idem, ibidem.
292
Direito Ambiental
293
294
Direito Ambiental
Capítulo XI
459 Nesse sentido, RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação civil Pública e Termo de Ajustamento
de Conduta, Forense, 2002. p. 2.
460 Lei nº 7.244/84.
295
difusos era circunscrito aos limites estabelecidos pela Lei da Ação
Popular461 que visa exclusivamente a anular ato do poder público
lesivo, entre outros, ao meio ambiente (art. 5º, inciso LXXIII, da CF).
A Lei da Ação Popular, diante da limitação de seu objeto, é pouco
utilizada para proteger o meio ambiente. Hoje a Lei de Improbidade
Administrativa462 permite responsabilizar diretamente o administrador
público que deu causa ao dano ambiental.
296
Direito Ambiental
1 Legitimação ativa
O art. 5º da Lei n. 7347/85 prevê uma co-legitimação
ativa à tutela ambiental inovando para ampliar o acesso à justiça se
comparada à Lei da Política Nacional do Meio Ambiente em que tal
legitimação era restrita ao Ministério Público para a ação de reparação
do dano ambiental465.
465 A legitimação exclusiva ao Ministério Público era prevista no art. 14, parágrafo 1º, da Lei n.
6.938//81 que, neste aspecto, foi revogada pelo art. 5º da Lei n. 7347/85. A ampliação também é
constatada no art. 129, parágrafo 1º, da CF, estabelecendo que a legitimação do Ministério
Público não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses.
466 As associações devem existir há pelo menos um ano, nos termos da lei civil e terem como
finalidade institucional a defesa do meio ambiente, de acordo com o art. 5º, I e II.
467 Admite-se, também, o litisconsórcio entre o Ministério Público Federal e dos Estados no
parágrafo 5º do art. 5º.
468 Art. 82, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor. É que, por força do art. 117 da Lei
8078/90, todo o título III do CDC passa a integrar a Lei da Ação Civil Pública, acrescentando-lhe
o art. 21.
469 Esses entes despersonalizados são os PROCONs, órgãos ligados à administração direta
dos estados, que atendem os consumidores, resolvendo os conflitos extrajudicialmente ou
encaminhando-os ao Judiciário.
297
2 Objeto
O art. 3º dispõe: “[...] a ação civil pública poderá ter por
objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer”. Com relação à responsabilidade civil pelo dano
ambiental, o art. 14, parágrafo 1º, da Lei nº 6.938/81 afirma que “sem
obstar as penalidades previstas neste artigo470, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade [...]”.
298
Direito Ambiental
3 Competência
A ação civil pública deverá ser proposta no foro do local
onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa472. A mesma regra se aplica ao dano
iminente.
299
PROVIDO. (REsp 944.464/RJ, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/12/2008, DJe
11/02/2009).
[...]
300
Direito Ambiental
301
rés, assistentes ou oponentes. Como ressalta Álvaro Mirra478 a
orientação que vem prevalecendo sobre o assunto (nas hipóteses em
que tais entes não sejam autores, réus ou intervenientes) é a de que não
é qualquer interesse que autoriza ou impõe o ingresso desses entes no
processo, mas um ‘efetivo interesse jurídico’. Não basta, assim, uma
intervenção exclusivamente formal, nem o mero ingresso da União é
suficiente para deslocar a competência.479
478 Ação Civil Pública e a Reparação do Dano ao Meio Ambiente. São Paulo:Juarez de
Oliveira, 2002, p. 156.
479 Assim, Rodolfo de Camargo Mancuso, apud MIRRA, op.cit., nota de rodapé 511, p. 156.
480 Rio interestadual é bem da União, nos termos do art. 20, III, da CF.
481 STF, RE n. 300.244-9/SC, j. em 21.11.2001.
302
Direito Ambiental
303
TJSP - AI 182.852-1 - 5ª Câmara Cível - Irrelevante que a
degradação ambiental alcance bens de domínio da União,
mais precisamente um rio interestadual, os terrenos
marginais e suas praias. O interesse que se visa tutelar com
a ação civil pública e o meio ambiente, patrimônio comum a
toda população, e não, especificamente, da União
482
Federal .
482 j. em 28.12.1992, rel. Des. Marcus Andrade – JTJ-LEX 144/149, in notas de rodapé de
MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Ação Civil Pública e a Reparação do Dano ao Meio Ambiente, São
Paulo: Ed Juarez de Oliveira, 2002, p. 159.
483 J. 25.6.1998, rel. Des. Paulo Franco – RT 757/164, in MIRRA, op.cit., p. 159.
484 J. em 30.4.1996, rel. Des. Ribeiro Machado – Revista de Direito Ambiental, vol. 4, p. 143,
in MIRRA, op. cit., p. 159.
485 Citações de Abelha, Marcelo, op. cit., pp. 123/124.
304
Direito Ambiental
305
Percebe-se, nitidamente, como aponta Marcelo Abelha488
a tentativa de fragmentar as ações coletivas e difusas, cindindo o
incindível, na medida em que pouco importa se o objeto difuso ou
coletivo é indivisível, porque o legislador disse que só vale a decisão,
para fins de formação da coisa julgada, nos limites da competência
territorial.
488 ABELHA, Marcelo. Ação Civil Pública e Meio Ambiente, Rio de Janeiro, 2003, Forense
Universitária, p. 127.
489 O art. 93 do CDC, assim como todo o capítulo da defesa do consumidor em juízo da Lei
8078/90 aplica-se à Lei da Ação Civil Pública de acordo com seu art. 21: “aplicam-se à defesa
dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do
Titulo III DA Lei 8078, de 11 de setembro de 1990, que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor”.
306
Direito Ambiental
4 Tutelas de Urgência
O fundamento constitucional para as tutelas de urgência
encontra-se no art. 5º, XXXV, da CF que afirma, como direito
fundamental, que nenhuma lei excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito.
490 Paulo Valério Dal Pai Moraes, A coisa julgada “erga omnes” nas ações coletivas (Código
do Consumidor) e a Lei nº 9.494/97, Revista do Ministério Público do Rio Grande do Sul, 44,
jan/mar/2001, p.40.
491 GRINOVER, Ada Pellegrini. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos
autores do anteprojeto. Rio de Janeiro:Forense Universitária, 1999, p; 818.
307
seguintes modalidades: contra danos ocorridos (lesão), contra riscos
(ameaçada de lesão), contra ilícitos perpetrados (direito lesado) e
contra ameaça a direito (ameaça de ilícito).
308
Direito Ambiental
492 Sergio Ferraz, Provimentos Antecipatórios na Ação Civil Pública, in Ação Civil Pública, 15
anos, coord. Édis Milaré, 2a edição, São Paulo, ed. Revista dos Tribunais, 2002, p. 833.
493 Art. 12, parágrafo 2º, da LACP.
494 Luiz Guilherme Marinoni, A Antecipação de Tutela, Malheiros, 6 a edição, 2000, pp.
217/223.
309
concessão de liminar contra o Poder Público viola o princípio da
isonomia495.
495 Conferir os seguintes arestos sobre o assunto: Resp. 171.258-SP, 6a Turma, Min. Anselmo
Santiago, j. 10.11.98, DJU 18.12.98 e Resp 447.335-RS, Min. Luiz Fux, j. 11.2.03, DJU 24.3.03
496 Sergio Ferraz, op.cit., p. 835.
497 Superior Tribunal de Justiça, Ag Rg na Suspensão de liminar e sentença no. 127-BA, Corte
Especial, Rel. Min. Edson Vidigal, j. em 20 de março de 2006.
310
Direito Ambiental
311
§ 6º - A tutela antecipada também poderá ser concedida
quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela
deles, mostrar-se incontroverso.
...
§ 7º - Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer
providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
312
Direito Ambiental
...
§ 5º - Para efetivação da tutela específica ou a obtenção do
resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a
requerimento, determinar as medidas específicas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de
atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva,
499
se necessário com requisição de força policial.
313
Dano e ilícito não se confundem. Segundo MARINONI,
quando a doutrina associava o ato contrário ao direito à
responsabilidade civil e, mais do que isto, partia do pressuposto de
que a lesão ao direito sempre poderia ser reparada pelo seu
equivalente em pecúnia, o processo civil era estruturado para conferir
ressarcimento em dinheiro. Este modelo de processo, de marca
nitidamente patrimonialista, estava preocupado com a repercussão
danosa do ilícito. O ordenamento jurídico que admite um processo
civil voltado apenas à reparação do dano, evidentemente não dá
importância à violação da norma que não produz dano500.
500 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória. Individual e coletiva. 4 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006, p. 62.
501 MARINONI, Luiz Guilherme. As ações inibitória e de remoção do ilícito (na dimensão do
direito ambiental). Mudanças Climáticas, Biodiversidade e uso sustentável de energia.
BENJAMIN. A.H, LECEY, E., CAPPELLI, S. (Org.). São Paulo, Imprensa Oficial, 2008, p. 344.
314
Direito Ambiental
5 Prova
A prova é o momento essencial de qualquer demanda e a
demonstração do dano ambiental é cercada de particularidades que
dificultam, senão impedem, o sucesso das ações coletivas voltadas à
proteção ambiental. Isso porque, não obstante a responsabilidade civil
pelo dano ambiental ser objetiva, a maior dificuldade na obtenção da
procedência das ações ou da resolução de conflitos extrajudiciais
ambientais reside na comprovação do próprio dano, da lesividade da
conduta e do nexo de causalidade.
Se a demonstração dos fatos que geram o dano ambiental
se reveste de complexidade, a prova do nexo causal entre a causa ou
condição e o resultado, se mostra ainda mais difícil. Circunstâncias
como (1) a multiplicidade de fontes de contaminação, fazendo com que
o resultado danoso decorra da concorrência de vários focos de
poluição, que se combinam através da sinergia; (2) a distância entre a
fonte de contaminação e os efeitos produzidos, como nos exemplos da
chuva ácida e do aquecimento global; (3) o tempo para que o dano se
315
manifeste e; (4) a dúvida científica que muitas vezes gera conclusões
insatisfatórias nas perícias com, por exemplo, no que diz respeito aos
organismos geneticamente modificados, na poluição eletromagnética
ou na mudança climática revelam a magnitude do problema.
O dano ambiental (efetivo ou potencial) é, portanto, um
dano muito peculiar por tratar-se de lesão causada à qualidade
ambiental e não a uma vítima determinada. Tal dano, freqüentemente,
possui grande extensão e não se limita a um determinado bem
ambiental específico, podendo afetar mais de um bem (ecossistemas,
fauna, flora e suas inter-relações). Por último, a prova do dano, que
pode ainda não ter ocorrido, recai tanto sobre as providências
preventivas, quanto sobre as reparatórias, cuja demonstração envolve
perícias altamente técnicas, onerosas e que exigem a intervenção de
expertos das mais variadas áreas.
De acordo com o art. 333, I e II, do CPC, incumbe ao
autor provar o direito que alega e ao réu o fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito daquele. Não há na Lei da Ação
Civil Pública nenhuma exceção a essa regra.
No entanto, consoante já se mencionou no item 3 do
capítulo anterior, ao qual nos reportamos, é possível de inversão do
ônus da prova em matéria ambiental. O fundamento é a peculiaridade
do dano ambiental, muitas vezes presumido, e a adoção dos princípios
da hipossuficiência, posto no Código de Defesa do Consumidor, aliado
aos princípios da precaução, da prevenção e do poluidor-pagador e
reparação integral.
O STJ vem decidindo sobre a possibilidade de utilização
dos critérios estabelecidos pelo CDC para a inversão ope judicis do
ônus da prova, bem como, com fundamento no princípio da precaução:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – dano ambiental – Prova – Inversão
do ônus probatório em desfavor de empreendedor de
atividade potencialmente perigosa – Admissibilidade –
Observância ao princípio ambiental da precaução –
Interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.0781990, c/c o art. 21
da Lei 7347/1995. (STJ – REsp 972.902/RS – 2ª T. – j.
25.08.2009. Rel. Min. Eliana Calmon.RDA 56, out.-dez.
2009, p. 334-341).
316
Direito Ambiental
502 No mesmo sentido conferir: Agravo de Instrumento Nº 70035596386, Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 09/04/2010. Em
sentido contrário, não aceitando a inversão, podem ser citados, no TJRS, os seguintes julgados:
Agravo de Instrumento nº 70035563881, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Armínio José Abreu Lima da Rosa, Julgado em 01/04/2010; Agravo nº
70033835364, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rejane
Maria Dias de Castro Bins, Julgado em 25/02/2010.
317
produzida em sede de inquérito civil e a reinterpretação de princípios
processuais, como o princípio dispositivo503, são exemplos de
mecanismos auxiliam o intérprete na efetivação do direito ambiental.
6 Custas
Diz o art. 18 da LACP: “[...] nas ações de que trata esta
Lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e
despesas processuais”.
503 Nesse sentido MIRRA, Alvaro Luiz Valery. A prova na ação civil pública. VII Congresso do
Ministério Público de Meio Ambiente. 2007. Disponível em www.planetaverde.org. Acesso em
15.07.2007.
318
Direito Ambiental
319
transindividuais, reservando-se o pagamento do perito para
o final da ação.
4. Recurso especial provido.
(REsp 900.283/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p/
Acórdão Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/03/2008, DJe 06/02/2009).
504 Trata-se do Resp 358.884-RS, Min, Fernando Gonçalves, que entendeu inaplicável a
isenção de custas ao processo de execução da ação civil pública, diante de sua autonomia e
porque os exequentes eram pessoas físicas e, não o autor da ACP, o Ministério Público (j.
23.4.2002, DJU 13.5.2002).
320
Direito Ambiental
7 Alcance da sentença
Talvez a grande contribuição que o direito brasileiro
possa ter dado ao meio ambiente, além da responsabilidade civil
objetiva, da responsabilidade penal da pessoa jurídica e do compro-
misso de ajustamento, seja a solução legal para a tutela dos direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos, aí se incluindo os efeitos
da sentença nas ações coletivas.
321
É certo, também, que a ação civil pública não pode
prejudicar as ações das pessoas que foram lesadas pela mesma
atividade ou obra poluidora objeto da ação coletiva.
322
Direito Ambiental
b) para os indivíduos :
323
324
Direito Ambiental
QUESTÕES DE CONCURSOS
325
3. (Juiz Federal / TRF1ª - XI Concurso) A responsabilidade civil ambiental
foi introduzida no ordenamento positivo brasileiro com a:
a) Constituição de 1988;
b) Lei nº 9.605, de 12.2.98;
c) Lei nº 7.913, de 07.12.89;
d) Lei nº 6.938, de 31.8.81.
326
Direito Ambiental
327
10. (Juiz Federal / TRF1ª - XII Concurso) A competência para o
licenciamento de construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento:
a) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, no caso de significativa degradação ambiental,
e do órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA, nos demais casos, sem prejuízo de
outras licenças exigíveis;
b) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA e, em caráter suplementar, do órgão estadual
ou do órgão municipal competentes, integrantes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, nos demais casos, sem
prejuízo de outras licenças exigíveis;
c) do órgão estadual ou do órgão municipal competentes,
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, em caráter suplementar, sem prejuízo de
outras licenças exigíveis;
d) do órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter
supletivo (de atividades e obras com significativo impacto
ambiental, de âmbito nacional ou regional), sem prejuízo de outras
licenças exigíveis.
328
Direito Ambiental
329
14. (Juiz Federal//TRF1ª - 10° Concurso) O meio ambiente,
ecologicamente equilibrado, é:
a) um bem de uso especial.
b) um bem de domínio útil.
c) um bem de uso comum do povo.
d) um bem dominical.
330
Direito Ambiental
331
19. (Juiz Federal/TRF4ª- V Concurso) Amadeu Gaspar, munido de
machado, à noite, ingressou em área de reserva indígena, pertencente à
União Federal. Lá, cortou três árvores de porte, transportou-as para
fora da reserva, vendendo-as por um bom preço a terceiro não
identificado. A conduta de Amadeu Gaspar configura:
a) furto praticado contra a União Federal;
b) contravenção florestal;
c) crime de dano praticado contra a União Federal;
d) crime de furto em concurso material em contravenção federal.
332
Direito Ambiental
333
c) ficam automaticamente declarados de interesse público para
desapropriação futura;
d) ficam sujeitos à administração da União.
334
Direito Ambiental
335
a) de forma objetiva, cabendo à vítima demonstrar apenas o nexo
causal entre o fato e o dano, bem como o seu montante.
b) de forma objetiva pelo dano causado, desde que haja sentença
julgando procedente a ação civil pública, com trânsito em julgado.
c) de forma subjetiva, cabendo à vítima demonstrar a culpa do
causador do dano.
d) de forma subjetiva, cabendo à vítima apenas demonstrar o nexo
causal entre o fato e o dano, bem como o seu montante.
336
Direito Ambiental
337
33. (Juiz Federal//TRF4ª - 2005) Dadas as assertivas abaixo, assinalar a
alternativa correta.
I. Consoante entendimento majoritário na doutrina e na jurisprudência, a
responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e fundada na teoria
do risco (integral ou criado). Algumas conseqüências desta modalidade de
responsabilidade são: a irrelevância da intenção danosa e da licitude da
conduta, e a inversão do ônus da prova quanto ao nexo causal, emrazão
da presunção de causalidade.
II. O princípio do poluidor-pagador, amplamente reconhecido no direito
ambiental, está, única e exclusivamente, direcionado para a reparação do
dano ambiental.
III. Embora reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência, não há na lei
infraconstitucional previsão expressa para reparação do dano
extrapatrimonial ambiental.
IV. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard of legal entity)
em matéria ambiental, consoante prevê o art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei
dos Crimes Ambientais), pressupõe o abuso do poder e a confusão
patrimonial.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.
c) Estão incorretas apenas as assertivas II e III.
d) Todas as assertivas estão incorretas.
338
Direito Ambiental
339
particulares permanecem na posse e domínio dos proprietários, os
quais deverão adequar suas atividades às funções socioambientais
da APA.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Está incorreta apenas a assertiva III.
c) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.
d) Todas as assertivas estão corretas.
340
Direito Ambiental
341
obrigado a ressarcir aos proprietários os prejuízos que
experimentarem.
III. A preservação da diversidade genética do país, na concepção
ecológica do pluralismo genético, encontra fundamento
constitucional no Dever de Preservação e Restauração dos
Processos Ecológicos Essenciais e Promoção do Manejo
Ecológico das Espécies e Ecossistemas.
IV. A supressão parcial ou total de uma Floresta de Preservação
Permanente pelo Poder Público, para satisfazer necessidade
pública, independe de autorização legislativa.
342
Direito Ambiental
343
42. (Juiz Federal / TRF4ª - XIII Concurso) Dadas as assertivas abaixo,
assinalar a alternativa correta quanto à responsabilidade penal da
pessoa jurídica por crime ambiental.
I. A ausência de vontade própria da pessoa jurídica, que é um ente
fictício, sem existência real, impossibilita aquilatar a culpabilidade,
elemento essencial do crime, a tornar objetiva a responsabilidade
penal.
II. Quanto à prescrição, à míngua de previsão legal, deve-se
considerar, por analogia, as penas cominadas abstratamente ao
delito para a pessoa física.
III. O habeas corpus é o instrumento processual adequado para o
trancamento da ação penal contra pessoa jurídica (paciente) por
crime ambiental.
IV. Segundo entendimento dominante dos tribunais superiores, a
pessoa jurídica somente pode ser demandada se figurar no pólo
passivo da ação penal também a pessoa física que determinou a
prática do ato causador da infração.
a) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.
b) Estão incorretas apenas as assertivas II e III.
c) Estão incorretas apenas as assertivas I, II e IV.
d) Estão incorretas todas as assertivas.
344
Direito Ambiental
345
tombamento, do qual se valeram a UNESCO e o governo brasileiro para
preservar o Plano Piloto de Brasília, considerado patrimônio histórico
da humanidade.
346
Direito Ambiental
347
referente à poluição e descrita na Lei de Crimes Ambientais fala em
causar poluição de qualquer natureza, não especificando a forma.
348
Direito Ambiental
349
Considerando a proteção do patrimônio cultural brasileiro, julgue os
próximos itens:
350
Direito Ambiental
351
atingidos, tanto áreas de preservação permanente, quanto áreas
destinadas a reserva legal, bem como demais áreas, até então não
submetidas a qualquer limitação de ordem ambiental, ficaram
circunscritas ao perímetro da unidade de conservação criada.
Considerando a situação hipotética apresentada e as limitações à
propriedade de cunho ambiental, julgue os itens a seguir.
352
Direito Ambiental
353
(Juiz Federal / TRF5ª - 2006) Uma empresa ferroviária insurgiu-se contra
decisão de juiz federal que, nos autos de ação civil pública, deferiu
liminar suspendendo a realização de obras não autorizadas pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na
estação ferroviária de uma cidade do interior de um estado da
federação, cujo conjunto arquitetônico foi tombado pela referida
autarquia federal. Em contraminuta, o Ministério Público Federal expôs,
com base em provas, que:
I - o alegado estado de abandono da estação não pode ser argüido
pela empresa na tentativa de realizar as obras por ela pretendidas
e que serão ofensivas ao patrimônio cultural, eis que, segundo o
contrato de arrendamento firmado entre a empresa e a União, a
responsabilidade pela manutenção da estação ferroviária compete
à própria empresa arrendatária, consoante se verifica em cláusula
do contrato firmado entre ambas;
II - o IPHAN só firmou convênio de colaboração mútua porque a
empresa omitiu alguns dados importantes da intervenção
arquitetônica que pretendia realizar na estação ferroviária objeto de
tombamento, bem como alterou a verdade de outros, fazendo que
a referida autarquia federal incidisse em erro;
III - far-se-á a demolição parcial de um bem integrante de um
conjunto urbano tombado.
354
Direito Ambiental
82. (Juiz Federal / TRF5ª - 2006) Um sítio fossilífero pode ser tido como
exemplo de patrimônio cultural brasileiro, de natureza material, por seu
valor paleontológico e científico.
355
(Juiz Federal / TRF5ª - 2007) Em relação ao licenciamento ambiental, ao
estudo de impacto ambiental (EIA) e ao relatório de impacto sobre o
meio ambiente (RIMA), julgue os itens a seguir.
356
Direito Ambiental
95. (Juiz Federal / TRF5ª - 2007) Por ser comum a competência material
para a proteção do patrimônio cultural, a União, o estado e o município
podem, simultaneamente, instituir tombamento sobre um mesmo bem,
desde que haja relevância histórico-cultural de âmbito local, regional ou
nacional.
357
97. (Juiz Federal / TRF5ª - 2007) Pelo instituto do tombamento, o
proprietário fica impedido de usar e gozar livremente o bem dotado de
relevância histórico-cultural, havendo direito a indenização quando a
propriedade perder sua capacidade plena de utilização econômica.
100. (Juiz Federal / TRF5ª - 2007) A reserva legal florestal tem como
características a compulsoriedade e a perpetuidade, transferindo-se,
pois, para o adquirente de um imóvel desmatado o ônus de instituir a
reserva, independentemente de ter sido ele o responsável pela
supressão da vegetação.
358
Direito Ambiental
359
c) está na posição de, no exercício de sua competência legislativa,
exercitar seu poder de polícia para a preservação meio ambiente,
subordinando-se às diretrizes fixadas em norma estadual.
d) não detém qualquer competência, seja material seja legislativa
para a matéria.
e) é completamente estranho para a matéria.
360
Direito Ambiental
361
106. (Procurador do Município - Porto Alegre) A restrição do Estado
sobre a propriedade privada que tenha por objetivo a proteção do
patrimônio histórico e artístico é denominada
a) requisição administrativa.
b) ocupação temporária.
c) tombamento.
d) servidão administrativa.
e) desapropriação.
362
Direito Ambiental
363
ambiente. Fato 2: O fazendeiro D, numa época de poucas chuvas na sua
fazenda, deixando de empregar a atenção necessária quanto ao lugar
em que se encontrava e ao forte vento que soprava no momento,
visando apenas à queima de alguns arbustos secos, ateou fogo no local,
disso resultando a queima de uma significativa área de mata de
preservação permanente. Esses dois fatos considerados, diz-se:
(I) Somente as fabricas A, B e C devem responder, pois a respon-
sabilidade do fazendeiro D fica excluída ante a ausência de culpa
grave pelo dever de indenizar o dano ambiental causado, pois a
responsabilidade do fazendeiro D fica excluída ante a ausência de
culpa grave.
(II) As fábricas A, B e C respondem solidariamente pelo dano
ambiental.
(III) As fábricas A, B, e C respondem pelo dano ambiental, salvo se
o lançamento dos resíduos químicos no leito do rio se deu pelo
fato de vários raios terem atingido às suas instalações.
(IV) As fábricas A, B e C bem como o fazendeiro D, considerada a
teoria da responsabilidade civil objetiva, respondem pelo dever de
indenizar os danos causados ao meio ambiente (poluição do rio e
queimada de área de preservação permanente),
independentemente da aplicação das sanções administrativas.
(V) As fábricas A, B e C respondem pelos danos patrimoniais e
extrapatrimoniais causados ao meio ambiente.
364
Direito Ambiental
365
IV – A Lei da Ação Civil Pública previu a possibilidade do Ministério
Público instaurar, privativamente e sob sua presidência, um
inquérito civil destinado à apuração de fatos e elementos de
convicção preparatórios para a propositura da ação ou a tomada
de compromisso de ajustamento de conduta.
V – podem firmar termos de compromisso de ajustamento de
conduta os mesmos órgãos públicos ou privados legitimados à
ação civil ou coletiva, sendo indispensável a integral reparação do
dano em face da natureza indisponível do direito violado. a.
a) apenas I, II e III estão corretos.
b) apenas IV está correto.
c) apenas II e V estão corretos.
d) apenas II, IV e V estão corretos.
e) apenas IV e V estão corretos.
366
Direito Ambiental
367
113. (Promotor / Estado do Paraná - 2004) Assinale a alternativa
incorreta:
a) a administração dos recursos hídricos é feita pelo Conselho
Nacional dos Recursos Hídricos, pelos Comitês de Bacias
Hidrográficas e pelas Agências de Águas;
b) a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar
com a participação do poder público, dos usuários e das
comunidades;
c) a gestão dos recursos hídricos deve evitar o uso múltiplo das
águas;
d) em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é
o consumo humano e a dessedentação dos animais;
e) a política nacional de recursos hídricos tem, dentre seus
objetivos, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
sustentável.
368
Direito Ambiental
116. (Promotor / Estado de São Paulo - 2008) Indique a conduta que não
está descrita na Lei n.º 9.605/98 como crime contra o meio ambiente.
a) Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie
de minerais.
b) Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de
que trata o artigo 27 do Decreto n.º 99.274, de 6 de junho de 1990,
independentemente de sua localização.
c) Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável
e licença expedida por autoridade competente.
d) Fazer ou usar fogo, por qualquer modo, em floresta ou nas demais
formas de vegetação, ou em sua borda, sem tomar as precauções
necessárias para evitar propagação.
e) Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente.
369
117. (Promotor / Estado de São Paulo - 2008) Considere os seguintes
enunciados:
I. Há dois tipos de área de preservação permanente: a instituída
diretamente pelo Código Florestal e a instituída por ato da
Administração Pública.
II. De acordo com o Código Florestal, consideram-se área de
proteção ambiental as florestas e demais formas de vegetação
natural situadas nas restingas, como fixadoras de dunas ou
estabilizadoras de mangues.
III. O regime jurídico das áreas de preservação permanente
possibilita a exploração dos recursos naturais existentes.
Está correto somente o contido
a) na assertiva I.
b) na assertiva II.
c) na assertiva III.
d) nas assertivas I e II.
e) nas assertivas II e III.
370
Direito Ambiental
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
371
b) A Lei nº 9.433/97 previu a necessidade de licitação para a
outorga de uso dos recursos hídricos, a qual configura prestação de
serviço público.
c) A outorga tem valor econômico para quem recebe, já que
oferece garantia de acesso a um bem escasso; nessa medida, a Lei
nº 9.433/97 autoriza a alienação parcial das águas.
d) A Lei nº 9.433/97 autoriza a perfuração de poços para extração
de água subterrânea em terras particulares, sem necessidade de
outorga pelo Poder Público.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
372
Direito Ambiental
373
d) restauração, segundo a definição estabelecida na lei citada, é a
restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada a uma condição não degradada, diferente de sua
condição original.
e) a Estação Ecológica, como Unidade de Conservação de Proteção
Integral, tem como objetivo a preservação da natureza e a
realização de pesquisas científicas, sendo públicos a posse e o
domínio de sua área. Havendo áreas particulares incluídas em seus
limites deverão ser cedidas, a título gratuito, ao Poder Público,
sendo esta uma das restrições legais ao direito de propriedade.
374
Direito Ambiental
375
pela Lei nº 11.284/06, a expressa possibilidade de se exigir seguro
ambiental, entretanto, é possível tal exigência, em face dos
princípios da prevenção e da precaução.
376
Direito Ambiental
377
I. São autorizados a celebrá-lo os órgãos ambientais do Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), responsáveis pela
execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização
dos estabele-cimentos e atividades suscetíveis de degradarem a
qualidade ambiental.
II. Destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas
e jurídicas possam promover as necessárias correções de suas
atividades, para atenderem as exigências impostas pelas
autoridades ambientais competentes.
III. Será obrigatório que, no referido instrumento, conste o nome, a
qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos res-
pectivos representantes legais; e conste a descrição detalhada do
objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico da
execução e da implementação de obras e serviços exigidos.
IV. O prazo de vigência do compromisso, que, em função da
complexidade das obrigações nele fixadas, poderá ser de até dois
anos, considerando, nesse aspecto, o prazo de duração razoável
de eventual processo administrativo.
V. Deve ser fixada a multa para as hipóteses de rescisão ou de
não cumprimento das obrigações pactuadas, cujo valor não poderá
superar p do investimento previsto.
Marque a opção CORRETA.
a) I, IV e V estão corretas.
b) II, III e V estão corretas.
c) I, II, III e V estão corretas.
d) I, II, III e IV estão corretas.
e) Todas estão corretas.
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Direito Ambiental
379
130. (Promotor / Minas Gerais - 2009) A respeito do Estatuto da Cidade
(Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001), pode-se afirmar
I. O Estatuto da Cidade estabelece normas de ordem pública e
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol
do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem
como do equilíbrio ambiental.
II. São diretrizes gerais da política urbana, entre outras, a
integração e complementaridade entre as atividades urbanas e
rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do
Município e do território sob sua área de influência, bem como a
adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e
de expansão urbana compatíveis com os limites da
sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do
território sob sua área de influência.
III. O plano diretor, aprovado por lei municipal e considerado o
instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão
urbana, poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá
ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico
adotado, que é a relação entre a área edificável e a área do
terreno, ficando os beneficiários isentos de contrapartida.
IV. O direito de preempção, que confere ao Poder Público
municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de
alienação onerosa entre particulares, poderá ser exercido para fins
de implantação de equipamentos urbanos e comunitários, criação
de espaços públicos de lazer e áreas verdes, criação de unidades
de conservação ou proteção e outras áreas de interesse ambiental,
bem como para a proteção de áreas de interesse histórico, cultural
ou paisagístico.
V. O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que deve contemplar
os efeitos positivos e negativos de atividade ou empreendimento a
ser implantado em área urbana, inclusive em relação a bens de
valor natural e/ou histórico-cultural, pode substituir o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA).
Assinale a opção CORRETA.
a) I, II, III e V estão corretas.
b) I, II, III e IV estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) I, II e IV estão corretas.
e) Todas estão corretas.
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Direito Ambiental
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132. (Promotor / Minas Gerais - 2009) Considere as seguintes assertivas
a respeito da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente
I. São princípios da Política Nacional do Meio Ambiente a
proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas, a proteção das áreas ameaçadas de degradação,
bem como a recuperação das áreas degradadas.
II. O poluidor é obrigado, independentemente da existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros afetados por sua atividade, sendo que as medidas de
responsabilização civil e a recuperação ambiental podem eximir o
poluidor de sanções administrativas.
III. As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente obrigam
não apenas as atividades empresariais públicas, mas também as
privadas.
IV. São instrumentos da PNMA o zoneamento ambiental, a
avaliação de impactos ambientais, as penalidades disciplinares ou
compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção da degradação ambiental, a criação de
espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público,
assim como instrumentos econômicos, inclusive o seguro
ambiental.
V. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual
competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), em caráter supletivo, sem prejuízo
de outras licenças exigíveis.
Assinale a opção CORRETA.
a) I, II, III e IV estão corretas.
b) I, II, III e V estão corretas.
c) I, III, IV e V estão corretas.
d) I, III e V estão corretas.
e) Todas estão corretas.
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Direito Ambiental
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134. (Juiz Federal – TRF 4ª., XI Concurso)Assinalar a alternativa correta:
A autoridade ambiental, verificando que está sendo construída obra
em área declarada por lei como de preservação permanente, com
alvará de edificação concedido pela autoridade municipal, deve:
a) abster-se de tomar qualquer medida, porque o alvará permitindo
a construção torna lícita a conduta do suposto infrator.
b) embargar a obra tendo em vista o descumprimento da legislação
ambiental.
c) requerer o embargo da obra à autoridade judiciária, vez que na
esfera administrativa é vedada a providência.
d) requerer ao Ministério Público que promova o embargo da obra e
providencie a apuração da responsabilidade civil e penal do infrator.
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138. (Exame de Ordem – 2010.3) O Estudo de Impacto de Vizinhança –
EIV é uma espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental e está
disciplinado no Estatuto da Cidade, que estabelece e enumera os
instrumentos da política de desenvolvimento urbano, de acordo com
seus arts. 4º. e 36 a 38. A esse respeito, assinale a alternativa correta:
a) As atividades de relevante e significativo impacto ambiental que
atingem mais de um Município são precedidas de estudo de impacto
de vizinhança.
b) O estudo de impacto de vizinhança só pode ser exigido em área
rural pelo órgão ambiental municipal.
c) A avaliação de impacto ambiental é exigida para analisar o
adensamento populacional e a geração de tráfego e demanda por
transporte público advindos da edificação de um prédio.
d) A elaboração de estudo de impacto de vizinhança não substitui a
elaboração de estudo prévio de impacto ambiental, requerida nos
termos da legislação ambiental.
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Direito Ambiental
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entorno de unidades de conservação, visando reduzir os impactos
ambientais dos empreendimentos potencialmente poluidores,
especialmente aqueles que emitem gases causadores do efeito
estufa.
b) A compensação ambiental é exigida nos processos de
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente
causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será
exigida em espécie, apurando-se o valor de acordo com o grau de
impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade de
conservação do grupo de proteção integral.
c) A compensação ambiental é exigida nos processos de
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente
causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será
exigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo com o grau
de impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade
de conservação à escolha do empreendedor, em virtude do
princípio da livre iniciativa.
d) A compensação ambiental foi considerada inconstitucional, por
violar frontalmente o princípio do poluidor-pagador, uma vez que
permitia ao empreendedor compensar os possíveis danos
ambientais de seu empreendimento por meio de um pagamento,
em espécie, destinado a uma unidade de conservação do grupo de
proteção integral. Logo, não pode mais ser exigida ou mesmo
oferecida pelo órgão ambiental competente.
388
Direito Ambiental
389
c) se o EIA/RIMA for desfavorável ao administrado interessado, a
licença ambiental deve obrigatoriamente ser denegada, pois à
Administração não remanesce nenhuma liberdade de afastar as
objeções do EIA/RIMA.
d) o RAIAS poderá ser um indicador ao órgão público licenciador
se deve ou não exigir o EIA ou se o empreendimento poderá obter
de imediato a licença ambiental.
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Direito Ambiental
149. (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) Com base na legislação
vigente a respeito da proteção às florestas, assinale a opção correta.
a) Em matéria de proteção às florestas, a competência de legislar
dos estados é suplementar.
b) O Código Florestal proíbe que o poder público realize
reflorestamento de preservação permanente em áreas de
propriedade privada.
c) A fiscalização ambiental das atividades florestais deve ser
realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), em caráter exclusivo, quando se
tratar de florestas públicas.
d) Na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
Brasileiro atua exclusivamente na gestão das florestas públicas, com
competência para exercer a função de órgão gestor.
e) A concessão florestal consiste em delegação onerosa do direito
de realizar manejo florestal sustentável a pessoa física ou jurídica,
mediante licitação.
QUEST
ÃO 84
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150. (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) Em defesa do meio
ambiente, o STF assim se pronunciou:
“O direito à integridade do meio ambiente — típico direito de
terceira geração — constitui prerrogativa jurídica de titularidade
coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos
humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao
indivíduo identificado em sua singularidade, mas num sentido
verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social”.
Tendo o texto acima como referência, assinale a opção correta com
base nas disposições legais de defesa do meio ambiente.
a) Em atendimento ao princípio do poluidor pagador, previsto no
direito positivo brasileiro, a Política Nacional do Meio Ambiente
determina a proteção de áreas ameaçadas de degradação.
b) A defesa do direito ao meio ambiente equilibrado nasceu a partir
da Declaração de Estocolmo, em 1972, cujas premissas são
marcadamente biocêntricas.
c) O objeto de proteção do direito ambiental concentra-se nos
fatores bióticos e abióticos, que devem ser tratados isoladamente.
d) Em razão do tratamento dispensado ao meio ambiente pelo texto
constitucional, depreende-se que é exigido dos cidadãos,
predominantemente, um non facere em relação ao meio ambiente.
e) O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado afasta eventual tentativa de desafetação ou
desdestinação indireta.
151 . (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) Assinale a opção correta
com referência ao ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção dos
recursos hídricos.
a) A lei de gestão de recursos hídricos permite ao Poder Executivo
federal delegar aos estados e ao DF competência para conceder
outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
b) Quando se tratar de bacia hidrográfica situada em terras
indígenas, a comunidade indígena deverá ser representada por
membros de entidades ambientais federais.
392
Direito Ambiental
152 (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) A tutela do meio ambiente
envolve a institucionalização de normas, o estabelecimento de
objetivos e princípios claros, a identificação de instrumentos efetivos de
proteção bem como a organização de uma estrutura que possa
realmente implementar a política ambiental. A respeito desse tema,
assinale a opção correta.
a) O relatório de qualidade do meio ambiente, instrumento da
Política Nacional do Meio Ambiente, é entendido como aplicação do
princípio da responsabilização.
393
153. (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) Na defesa da matéria
ambiental, o legislador constituinte abraçou a teoria da
responsabilidade objetiva, considerando a possibilidade de ocorrência
de dano ambiental. A esse respeito, assinale a opção correta.
a) Ao impor a obrigação de reparação ao poluidor, o legislador
b) sugere a demonstração da culpa em razão de as atividades
poluidoras causarem danos ao meio ambiente ou a terceiros.
c) No Brasil, vigora, nas situações peculiares de tragédias, a teoria da
irresponsabilidade do Estado em matéria ambiental.
d) Em matéria ambiental, a administração responde civilmente por
ato de terceiros, por culpa in omittendo proveniente de medidas de
polícia.
e) A teoria da faute du service public não é aplicada em relação à
administração pública envolvida na proteção ambiental por
ausência de acolhimento da jurisprudência nacional.
f) No que se refere ao reconhecimento da responsabilidade
administrativa em caso de dano ambiental, adota-se, na legislação
brasileira, a teoria do risco criado.
394
Direito Ambiental
395
156) (Juiz Federal – 1ª. Região, XIV Concurso) Assinale a opção correta
com referência a impactos ao meio ambiente causados pela exploração
de recursos naturais.
a) Ao inserir entre os bens da União as reservas minerais, inclusive
as de subsolo, o legislador constituinte reconheceu a condição
monopolizadora conferida à União para atividades de exploração de
petróleo, por exemplo, entendendo como fator fundamental
vinculado à tutela dos bens ambientais o seu direito de propriedade.
b) Os biocombustíveis, incluídos na Lei de Política Energética, são
regulados pela Agência Nacional de Petróleo, que deve cumprir os
objetivos relacionados à proteção do meio ambiente como os
aplicados ao petróleo.
c) A utilização de áreas naturais para a lavra de minerais pode ser
realizada por decreto federal, estadual ou norma municipal, desde
que não comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a
proteção das referidas áreas.
d) A legislação federal vigente não permite a importação de
agrotóxicos, sendo possível, contudo, importar seus componentes
em separado, o que dificulta a ação fiscalizadora da administração
pública.
e) Florestas ou áreas tombadas podem ser modificadas pela exploração
mineral, desde que mediante proposta viável de recuperação total da
área, com assinatura de termo de compromisso para o seu
cumprimento.
QUESTÃO
91
396
Direito Ambiental
Gabaritos
397
79-E 105-C 131-A
80-E 106-C 132-C
81-C 107 133-D
DISSERTATIVA
82-C 134-B
108-C
83-E 135-B
109-B
84-E 136-D
110-B
85-E 137-B
112-E
86-C 138-D
113-C
87-E 139-D
114-D
88-C 140-D
115-E
89-E 141-B
116-D
90-E 142-B
117-A
91-E 143-B
118-B
92-E 144-C
119-D
93-C 145-C
120-E
94-E 146-A
121-B
95-C 147-D
122-C
96-C 148-A
123-C
97-C 149-D
124-A
98-C 150-E
125-B
99-C 151-A
126-A
100-C 152-E
127-C
101-E 153-E
128-C
102-B 154-A
129-D
103-A 155-C
130-D
104-B 156-B
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REFERÊNCIAS
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