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PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: UM ARTICULADOR DE

AÇÕES NA ESCOLA

MOLLER, Cristina Almeida 1 – Notre Dame Menino Jesus

Grupo de trabalho – Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação


Agência financiadora: não contou com financiamento
Resumo

Neste artigo, pretendo apresentar questões referentes à estrutura do Projeto Político


Pedagógico de uma Instituição de Ensino Particular. Explicitar e compreender o seu
significado, a sua relação com o funcionamento da escola e com a prática pedagógica. Pois, o
que na maioria das vezes acontece é que o PPP é pouco conhecido da comunidade acadêmica
e escolar. Por que então um Projeto Político Pedagógico? Qual é a identidade da Instituição?
Qual o caminho a seguir? Qual a linha pedagógica? E outras perguntas pertinente ao contexto
escolar e que quero refletir ao longo deste texto. Toda instituição de ensino tem objetivos para
alcançar, metas a cumprir e uma missão a realizar. Todos estes elementos somados aos meios
para concretizá-los, são a estrutura do Projeto Político-Pedagógico. Assim como os seres
humanos se distinguem uns dos outros por meio da sua identidade o PPP distinguem uma
Instituição da outra. Documento este que é a identidade da Instituição de Ensino, o que a
difere das demais Instituições, sendo o alicerce das ações da comunidade educativa, o
indicador de caminhos e possibilidades no cotidiano escolar.O PPP tem a força de um guia.
Aquele que indica a direção a seguir, para todos da Comunidade Educativa. Este documento
precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre o caminho e os procedimentos
a serem realizados na caminhada educativa.Esta pergunta fica como o eixo da pesquisa, o
porque de um PPP e qual a melhor estrutura para organizá-lo.

Palavras-chave: Projeto Político-Pedagógico. Finalidade. Estrutura.

Introdução

Neste trabalho propõe-se a apresentar questões referentes ao Projeto Político-


Pedagógico e a sua visibilidade no contexto escolar. Explicitar e compreender o seu
significado e a sua relação com o funcionamento da escola e com a prática pedagógica.

1
Pós-Graduada em Administração Escolar – in Company Notre Dame, da Faculdade de Ciências Econômicas,
Administrativas e Contábeis da Universidade de Passo Fundo. Coordenadora Pedagógica da Escola Notre Dame
Menino Passo Fundo RS.
e-mail: cris@notredame.org.br
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Projeto Político Pedagógico é inserido no planejamento das atividades pedagógicas e


administrativas. Mas, ainda há poucos momentos de reflexão e entendimento das diretrizes do
mesmo. A própria equipe diretiva e o corpo docente, por vezes, não percebem o valor
pedagógico que é mensurado nas linhas do PPP, sendo este um indicativo para o caminho
educacional.
Faz-se necessária, então, uma prática mais contundente em relação ao PPP, mais
constante nos momentos de encontro com a equipe diretiva em primeiro lugar, com o objetivo
de aprofundar e apropriar-se, de verdade, do entendimento de seu texto. Em seguida, é preciso
dar continuidade com o corpo docente, com os funcionários, com as famílias e com os
educandos.
Assim, podemos ter maior compreensão das linhas do PPP e da sua visualização nas
ações pedagógicas e administrativas, o que resultará em mais esclarecimentos, para toda
comunidade educativa, daquilo que se propõe e diferencia das demais Instituições Escolares.
Propõe-se, então, analisar o texto do Projeto Político-Pedagógico e comparar com as
práticas aplicadas, ou não, nas ações diárias da Escola, definindo o conceito de PPP e a sua
estrutura.
Como o Projeto Político-Pedagógico é um processo contínuo, que vai se construindo e
modificando, ele precisa ser constantemente avaliado e aprimorado para garantir sua
eficiência e responsabilidade com o processo escolar. Esse é o maior desafio da Instituição:
apropriar-se do PPP, avaliar, refletir a prática e viabilizar mudanças.

Contextualização Projeto Político-Pedagógico na Educação

Em alguns Estados brasileiros, após a LDB, um projeto pedagógico, servia para todas
as escolas, eram vendidos em bancas de revistas. Dando a ideia que o documento era só para
cumprir com a Lei. Agora cada Escola tem a incumbência de elaborar e executar o seu Projeto
e de informar aos educadores, educandos e a comunidade educativa sobre a sua execução.
Essa exigência trouxe à escola a necessidade de planejar o instrumento de maneira
democrática. O Projeto Político-Pedagógico vem para dar o suporte necessário para toda e
qualquer ação na escola com a comunidade educativa. No decorrer destes anos a Rede vem
realizando uma caminhada significativa na construção do PPP. Hoje conta com um Projeto
Político- Pedagógico que abrange as necessidades passadas e atuais, mas que se faz necessário
atualizá-lo.
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É mais do que necessário analisar todo o corpo do Projeto Político-Pedagógico, a fim


de mapear os seus elementos epistemológicos, pedagógicos, esportivos, sociais, culturais e
administrativos e confrontar com o contexto atual de educação e do perfil dos seus estudantes.
Na ideia de levantar elementos sobre esta criança, este adolescente e este jovem, quais são
suas necessidades e possibilidades dentro de um contexto de educação e cyber educação.
Assim, podemos ter maior compreensão do Projeto Político-Pedagógico da Instituição
e da sua aplicabilidade, o que resultará em mais esclarecimentos, para toda comunidade
educativa, daquilo que se propõe e a diferencia.
Apresentar-se-á o conceito, concepções e estrutura de Projeto Político-Pedagógico a
partir de diversos autores.
Durante o decorrer do texto é possível encontrar a definição do conceito de PPP e a
sua estrutura, refletir sobre os textos do PPP da Instituição e propor alternativas para melhorar
a visualização e compreensão do PPP.

Descortinando o Projeto Político-Pedagógico

O Projeto Político Pedagógico estabelece uma profunda reflexão sobre as finalidades


da escola como um todo. Apresentando definições do seu papel social e apontando caminhos
para as ações a serem realizadas por todos da comunidade educativa.
Mas, o que vem a ser Projeto Político-Pedagógico? Como é? Como pode ser a sua
estrutura? O Projeto Político-Pedagógico é uma ação intencional, resultado de um trabalho da
comunidade educativa, que busca metas comuns no direcionamento da prática pedagógica. É
um processo de todos os envolvidos no processo escolar, uma caminhada democrática que
dimensiona a vontade de mudar. Torna possível pensar no contexto atual, trabalhar as utopias
e projetar as possibilidades. Na sua vivência, permite avaliar o que foi feito, o que está sendo
feito e planejar mudanças.
Pode-se considerar que o Projeto Político Pedagógico prevê todas as ações da escola,
do pedagógico ao administrativo, contemplando necessidades da comunidade educativa.
Nesse sentido, Demo assim se refere:

Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o ano letivo,
ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar expedientes avaliativos,
demonstrando a capacidade de evolução positiva crescente. É possível lançar
desafios estratégicos, como: diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de
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melhoria qualitativa, experimentar didáticas alternativas, atingir posição de


excelência (DEMO, 1998, p. 248).

Etimologicamente o termo projeto – projetare – significa prever, antecipar, projetar o


futuro, lançar-se para frente. A partir desse entendimento, construímos um projeto quando
temos um contexto para tal, quando temos um problema. Assim, falar de projeto é pensar na
utopia não como o lugar do impossível, mas como o possível de ser realizado; o desejo de
mudança, a possibilidade real de existir, de se concretizar, tudo deve impulsionar todos os
sujeitos que apostaram e decidiram torná-lo real e operante.
O PPP é político por estar inserido num espaço de sucessivas discussões e decisões,
pois o exercício de nossas ações está sempre permeado de relações que envolvem debates,
sugestões, opiniões, sejam elas contra ou a favor. Lembro de uma frase de Aristóteles, quando
afirma que “todo ato humano é um ato político”. Política pode ser entendida como uma
maneira de pensar e agir. É uma visão de mundo que compreende um conjunto de doutrinas e
princípios teóricos que visam subsidiar e orientar a ação humana e neste caso também
educativa.
O PPP é pedagógico por ser específico do campo educacional, por tratar de questões
referentes à prática docente, ao ensino aprendizagem, à atuação e participação da comunidade
escolar. É o planejamento que visa à orientação pedagógica dos processos educacionais.
Todos nós planejamos nosso dia-a-dia, sistematicamente ou não. É através das discussões e
das necessidades individuais, tornadas coletivas, que o Projeto Político-Pedagógico passa a
ser inserido na prática diária das pessoas envolvidas no processo educacional.
Importante lembrar que o Projeto Político-Pedagógico é a linha de ação comum, tem
um caráter dinâmico, que visa projetar a caminhada da escola, preparando seus estudantes
para a sua atuação numa sociedade que está sedenta por mudanças, princípios e
possibilidades.
A construção do PPP surge da necessidade de organizar e planejar a vida escolar, pois,
quando são realizadas no improviso, as ações espontâneas e casuais acabam por desperdiçar
tempo e recursos, os quais por vezes já são irrisórios. Sendo o Projeto Político-Pedagógico a
marca original da escola, ele pode propor e promover uma educação de qualidade, definindo
ou aprimorando a caminhada dos estudantes. O PPP deve ser construído tendo por base
tarefas simples, passíveis de serem executadas no dia a dia da escola. Mas, ele não dispensa o
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planejamento cuidadoso, a imaginação criadora, o espírito de equipe e base teórica que o


norteiam.
Entretanto, o mais importante para a escola, não é apenas construir um Projeto
Político-Pedagógico, mas o fazer educativo, a sua aplicabilidade. Não se realiza um PPP
somente porque os órgãos superiores o solicitam à escola, mas porque a comunidade escolar
precisa de educação de qualidade.
Como documento legal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9394/96, põe
em questão a construção do Projeto Político-Pedagógico, no sentido de reconhecer a
capacidade da escola de planejar e organizar sua ação política e pedagógica a partir da gestão
participativa em todos os segmentos da comunidade escolar, num processo dinâmico e
articulado.
O Projeto Político-Pedagógico não pode ser visto como um instrumento burocrático
para cumprir uma exigência legal. Visa dar um novo significado à estrutura das ações
escolares, sendo que esta estrutura se dá da necessidade de organizar as propostas que
norteiem as práticas educacionais. Ele é a expressão de autonomia de uma escola, no sentido
de formular e executar sua proposta de trabalho. É um documento que norteia e encaminha as
atividades desenvolvidas no espaço escolar e tem como objetivo identificar e encontrar
soluções para dificuldades que interferem no processo ensino aprendizagem. Ele está
fortemente direcionado para o que a escola tem de mais importante: o educando e a sua
aprendizagem.
Entretanto, sabemos que não é uma tarefa fácil, uma vez que o processo exige ruptura
de uma cultura por vezes já fortalecida no meio educacional. Precisa dar continuidade,
sequência, interligar o antes com o durante e o depois. São mudanças que, muitas vezes, não
são bem aceitas pela comunidade escolar porque dão ideia de mais trabalho, mais tempo, mais
custos, daí o porquê da resistência de alguns. Referindo-se a esse pensamento, exprime
Gadotti:

Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar,
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se atravessar um período
de instabilidade e buscar nova estabilidade em função da promessa que cada projeto
contém de estado melhor que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado
como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação do possível, comprometendo seus atores e autores (GADOTTI,
1994.)
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É um caminho pedagógico traçado coletivamente, que expõe a perspectiva


educacional em relação à melhoria da qualidade do ensino através de reestruturação da
proposta curricular da escola, de ações efetivas que priorizem a qualificação profissional do
educador, do compromisso em oportunizar ao educando um ensino voltado para o exercício
da cidadania.
PPP vem viabilizar a construção coletiva, o planejamento participativo; é o documento
que garante o projeto coletivo de educação transformadora nas escolas. Isto é, construir o
diferente, ir além da manutenção da estrutura escolar. É buscar algo que diferencie a escola e
para isso precisa saber onde está, aonde quer chegar e como alcançar suas metas com
qualidade.
Qualidade é uma perspectiva muito almejada pelas escolas, mas são poucas que de
fato conseguem triunfar com o selo de qualidade.
O PPP precisa garantir a “Qualidade da Educação”, não só a qualidade técnica, mas
também a qualidade das relações políticas. No documento elaborado pelas professoras da
UFRGS, sobre Parâmetros Curriculares Nacionais, a definição sobre “Qualidade” fica bem
clara:

Na nossa opinião de “qualidade” não pode ser desligada de suas vinculações com
relações de poder, interesse e dominação. A questão da “qualidade” não é uma
questão meramente técnica, que dependa da manipulação tecnocrática de umas
quantas variáveis, entre as quais, um currículo nacional. A questão da “qualidade em
educação” é fundamentalmente política, vinculada a decisões e a conflitos sobre
quais grupos obtêm quais recursos e em que quantidade. A questão da “qualidade
em educação” é necessariamente relacional em seu vínculo com a distribuição e
partilha dos recursos e da riqueza. A noção política de “qualidade” aponta para a
valorização financeira e social do magistério, para a distribuição prioritária de
recursos para a educação dos grupos excluídos e marginalizados, para a adoção de
políticas econômicas e sociais que ataquem na raiz as causas dos desempenhos
educacionais inferiores desses grupos (Faculdade de educação da UFGRS, 1996.)

Assim fica claro que é necessária a existência da qualidade política e técnica. A


técnica é importante para sabermos “como” realizar nossos planos para atingir nossos ideais.
A política se faz necessária para termos clareza sobre os “para onde” e “para quê”.
O essencial é combinar com eficácia; isto é; “fazer bem algo que seja importante”.
Coordenar ações na comunidade educativa de modo que elas não sejam aleatórias, mas
apontem para a mesma direção, construída pelo coletivo da escola.
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Demo faz duas colocações sobre qualidade:


Qualidade formal “significa a habilidade de manejar meios, instrumentos, formas,
técnicas, procedimentos diante dos desafios do desenvolvimento”.
Qualidade política “a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de
fazer história, diante dos fins históricos da sociedade humana” (DEMO, 1994, p.14).

Nessas colocações de Demo, fica claro que qualidade está intimamente ligada ao
equilíbrio do formal ou técnico com o político. Isso é fazer bem o que é necessário fazer.
Sendo assim, percebe-se cada vez mais que o PPP é um órgão vital da instituição
educacional. Pois, pensando na dinamicidade do mundo atual, nas constantes transformações,
nos conflitos, nos anseios, nas inúmeras possibilidades e oportunidades, fazem clamar pela
necessidade de refletir, de organizar, de planejar e projetar a ação pedagógica. Portanto a ideia
de projeto está ligada a ideia de futuro, de utopia. A utopia esta documentada na forma
estruturada de um PPP. Mas, não documentada no sentido de acabada. Quando trata do
processo educativo, jamais teremos um documento acabado. O PPP é um processo
permanente, é uma etapa em direção a uma finalidade, é o próprio movimento de criar,
transformar, estabelecendo diariamente a relação entre o que existe e o que precisa se fazer
novo. É produzir o novo dentro do velho, sem acabar com o velho. E isso se faz no decorrer
da caminhada educativa, refletindo sobre ele, confrontando-o, para que o projeto se torne
instituído, renovando-se periodicamente, produzindo resultados, através da sua práxis.
Este processo comum garante a unidade de ação. Não correndo o risco de ficar
vinculado às várias concepções e princípios individuais do seu corpo de atuação. Pois, o PPP
precisa garantir esta linha de ação comum a todos. Desta forma, segundo Benincá:

O projeto torna-se a residência do poder, em razão de que foi construído pelos


sujeitos pedagógicos e de que, entre eles, ficou acordada a forma como seria
operado o poder. O PPP, por isso, torna-se um instrumento legítimo de mediação das
decisões e ações dos sujeitos na construção do processo educativo (1994, p. 26).

Uma vez acordado que o PPP, tornou-se a residência do poder é necessário mais do
que nunca refletir sobre o Projeto Político-Pedagógico e apontar méritos, fraquezas e
possibilidades de ampliação da estrutura do seu corpo.
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Já vimos um pouco da importância de um PPP na organização geral de uma escola.


Agora vamos refletir sobre o conteúdo de apresentação do PPP.

Itens importantes na construção do PPP segundo Ilma Passos Veiga

Segundo Veiga a construção do PPP parte dos princípios de Igualdade, Liberdade,


Gestão Democrática e Valorização do Magistério. Esses princípios são fundamentais para
gestar uma nova organização do PPP. Então, segue uma pequena apresentação de cada
princípio segundo Veiga (2006, p.16.):
Igualdade de condições de acesso e permanência na escola e de oportunidades com
igual qualidade.
Qualidade para todos. Buscando sempre as duas dimensões a técnica e a política. A
escola de qualidade tem obrigação de evitar a repetência e a evasão. Tem que garantir a meta
de qualidade do bom desempenho de todos. Qualidade “implica consciência crítica e
capacidade de ação, saber e mudar” Demo (1994, p.19).
Gestão democrática está explícita na constituição vigente e engloba as dimensões
pedagógica, administrativa e financeira. A gestão democrática exige uma profunda
compreensão da prática pedagógica, é o repensar as estrutura de poder na escola, visando a
socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva.
Liberdade é outro princípio constitucional, sempre ligado à ideia de autonomia. Uma
escola com liberdade leva os seus administradores, professores, funcionários e estudantes a
assumirem suas responsabilidades na construção e manutenção do PPP.
Valorização do magistério é um princípio central no PPP. Este está intimamente ligado
à formação inicial e continuada do educando, as boas condições de trabalho e renumeração
justa.
Outro termo citado é Gestão Democrática. Gadotti (1997, p.46.) enfatiza que: “A ideia
de autonomia é intrínseca à ideia de democracia e cidadania. Cidadão é aquele que participa
do governo; e só pode participar do governo quem tiver poder e tiver liberdade e autonomia
para exercê-lo”. Essa menção enfatiza que a autonomia e a gestão democrática fazem parte do
próprio ato pedagógico.
A valorização do magistério aparece inúmeras vezes ao tratar assunto como
capacitação dos educadores, espaços físicos e materiais adequados, tempo para a
espiritualidade, participação coletiva e outros.
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Sobre construção do PPP, Veiga sugere pelo menos sete elementos básicos:
Finalidades da escola,
Estrutura organizacional;
Currículo;
O tempo escolar,
O processo de decisão,
As relações de trabalho;
A avaliação.

Reflexões

Das finalidades estabelecidas na legislação em vigor, o que a escola persegue, com


maior ou menor ênfase?
Como é perseguida sua finalidade cultural, ou seja, a de preparar culturalmente os
indivíduos para uma melhor compreensão da sociedade em que vivem?
Como a escola procura atingir sua finalidade política e social, ao formar o indivíduo
para a participação política que implica direitos e deveres da cidadania?
Como a escola atinge a sua finalidade de formação profissional, ou melhor, como ela
possibilita a compreensão do papel do trabalho na formação profissional do estudante?
Como a escola analisa sua finalidade humanística, ao procurar promover o
desenvolvimento integral da pessoa?
Com certeza as questões mencionadas irão gerar respostas e indagações e a partir
destas decidir quais precisam ser reforçadas ou detalhadas. Também é importante ressaltar
que principalmente os educadores precisam ter clareza das finalidades e visualizarem em
quais contextos é possível aplicá-las e como. Está avaliação periódica se faz necessária para o
bom andamento e aplicação do PPP. Essa colocação vem da ideia de que a escola deve
assumir, como uma de suas metas, o trabalho de refletir sobre as suas Finalidades. Realmente
em relação a este tipo de avaliação, acontece um pouco nos momentos de Gestão da Rede,
ainda é necessário estabelecer uma prática constante para refletir também com o grupo de
educadores no geral e apontar alguns encaminhamentos.
A Estrutura Organizacional dispõe de dois tipos: administrativa e pedagógica. A
estrutura administrativa assegura a locação e a gestão de recursos humanos, físicos,
financeiros. Também os materiais como: arquitetura do prédio, equipamentos e materiais
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didáticos, mobiliário, distribuição das dependências escolares e dos espaços livres, corres,
limpeza e saneamento básico.
Lembrando que a análise e a compreensão da Estrutura Organizacional da escola
significam indagar sobre suas características seus polos de poder, seus conflitos.
Este item Veiga também sugere algumas indagações:
O que sabemos da estrutura pedagógica?
Que tipo de gestão está sendo praticada?
Qual é organograma previsto?
O que queremos e precisamos mudar na nossa escola?
Quem o constitui e qual é a lógica interna?
Quais as funções educativas predominantes?
Como são vistas a constituição e a distribuição do poder?
Quais os fundamentos regimentais?
Avaliar a Estrutura Organizacional significa questionar os pressupostos, para
realizar um ensino de qualidade e cumprir as suas finalidades, é romper com a burocracia e
priorizar as possibilidades da prática pedagógica.
Acredito que todos os elementos que aparecem na Gestão Pedagógica do PPP ND
precisam aprofundar mais o texto, para deixar claro o que se quer, como será, como chegar e
quais a base epistemológica que define de fato a caminhada da Rede de Educação Notre
Dame.
Currículo é a organização social do conhecimento. É por ele que visualizamos a
produção, a transmissão e a assimilação dos processos que compõem a metodologia da
construção coletiva do conhecimento escolar, isto é, Currículo escolar. O Currículo expressa
uma cultura, então a importância de ter os componentes ideológicos claros.
No Tempo Escolar é importante observar o calendário escolar que ordena o tempo
ano, o horário escolar que ordena o tempo diário, o tempo das disciplinas e o tempo de aula
do professor.
Para garantir a qualidade do trabalho pedagógico é necessário um tempo na escola,
estabelecendo tempo de estudo da equipe de educadores, também um tempo para os
estudantes se organizarem além do espaço das aulas e um tempo para acompanhar e avaliar o
PPP.
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No Processo de Decisão prevalece as relações de hierarquia. Já na gestão


democrática, adequada à realização de objetivos educacionais, deve prover o mecanismo que
prevaleça a participação de um número maior de pessoas no processo de decisão. Para isso é
necessário a revisão das atribuições específicas, gerais e a distribuição do poder, através das
representações de professores, estudantes, pais e equipe diretiva.
Pensar Avaliação, no PPP, é pensar em conhecer as necessidades as realidades
escolares e buscar mudanças e propor ações alternativas para as possibilidades que aparecem
nas necessidades. É avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico. A
avaliação fornece subsídios ao PPP e imprime uma direção às ações dos educadores e
educandos.
Pensando que o PPP é dinâmico, visa uma construção coletiva, é um articulador da
ações de toda a escola, sugiro que alguns textos sejam mais aprofundados, diretos e claros na
sua redação.

Considerações Finais

Pensando que Projeto Político-Pedagógico é o documento democrático que expressa a


identidade de uma Instituição de Ensino. É o que a difere das demais Instituições, sendo o
alicerce das ações da comunidade educativa, por ser um indicador de caminhos e também um
articulador das ações e das possibilidades no cotidiano escolar.
Toda Instituição de Ensino tem objetivos para alcançar, metas a cumprir e uma missão
a realizar. Todos estes elementos, somados aos meios para concretizá-los, são a estrutura do
Projeto Político-Pedagógico.
O PPP tem a força de um guia, aquele que indica a direção a seguir, para todos da
Comunidade Educativa, educadores, funcionários, estudantes e famílias. Por isso, ele precisa
ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre o caminho e os procedimentos a
serem realizadas na caminhada educativa.
O objetivo maior do Projeto Político-Pedagógico precisa ser inserido no planejamento
das atividades pedagógicas e administrativas. Mas, ainda há poucos momentos de reflexão e
entendimento das diretrizes do mesmo. A própria equipe diretiva e o corpo docente, por
vezes, não percebem o valor pedagógico que é mensurado nas linhas do PPP, sendo este um
indicativo para o caminho educacional.
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Faz-se necessária, então, uma prática mais contundente em relação ao PPP, uma
presença mais constante nos momentos de encontro com a equipe diretiva em primeiro lugar,
com o objetivo de aprofundar e apropriar-se, de verdade, do entendimento de seu texto. Em
seguida, é preciso dar continuidade com o corpo docente, com os funcionários, com as
famílias e com os educandos.
Existe uma tendência natural de buscar um modelo pronto de PPP. Mas, assim como
Ferreira Goulart, podemos dizer que “caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão”.
Sabemos que não há um padrão único de construir um PPP. Cada escola terá que, pela sua
autonomia e democracia, encontrar o caminho e a sua forma mais oportuna para a elaboração.
Fruto da projeção de todos os sujeitos envolvidos. Requer portanto uma construção coletiva
pautada numa opção epistemológica.
Assim, podemos ter maior compreensão das linhas do Projeto Político-Pedagógico e
da sua visualização nas ações pedagógicas e administrativas, o que resultará em mais
esclarecimentos, para toda comunidade educativa, daquilo que se propõe e diferencia a
Instituição.

REFERÊNCIAS

BENINCÁ, Elli. Indicativos para a elaboração de uma proposta pedagógica. Espaço


Pedagógico, Passo Fundo, 1994.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional. LDBEN. Disponível em:


<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: mar. 2012.

GADOTTI, Moacir & ROMÃO, José E. Autonomia da Escola – Princípios e


Propostas. São Paulo: Cortez, 1977.

LEVINSKI, Eliara Z. Projeto político pedagógico: obstáculos e possibilidades na prática de


um processo participativo. 2000. Dissertação de mestrado em Educação- Faculdade de
Educação, universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2000.

VEIGA. Ilma Passos Alencastro. Projeto político pedagógico da escola: uma construção
coletiva. 5.ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.

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