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Projeto Político-Pedagógico: Um Articulador de Ações Na Escola
Projeto Político-Pedagógico: Um Articulador de Ações Na Escola
AÇÕES NA ESCOLA
Introdução
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Pós-Graduada em Administração Escolar – in Company Notre Dame, da Faculdade de Ciências Econômicas,
Administrativas e Contábeis da Universidade de Passo Fundo. Coordenadora Pedagógica da Escola Notre Dame
Menino Passo Fundo RS.
e-mail: cris@notredame.org.br
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Em alguns Estados brasileiros, após a LDB, um projeto pedagógico, servia para todas
as escolas, eram vendidos em bancas de revistas. Dando a ideia que o documento era só para
cumprir com a Lei. Agora cada Escola tem a incumbência de elaborar e executar o seu Projeto
e de informar aos educadores, educandos e a comunidade educativa sobre a sua execução.
Essa exigência trouxe à escola a necessidade de planejar o instrumento de maneira
democrática. O Projeto Político-Pedagógico vem para dar o suporte necessário para toda e
qualquer ação na escola com a comunidade educativa. No decorrer destes anos a Rede vem
realizando uma caminhada significativa na construção do PPP. Hoje conta com um Projeto
Político- Pedagógico que abrange as necessidades passadas e atuais, mas que se faz necessário
atualizá-lo.
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Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o ano letivo,
ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar expedientes avaliativos,
demonstrando a capacidade de evolução positiva crescente. É possível lançar
desafios estratégicos, como: diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de
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Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar,
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se atravessar um período
de instabilidade e buscar nova estabilidade em função da promessa que cada projeto
contém de estado melhor que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado
como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação do possível, comprometendo seus atores e autores (GADOTTI,
1994.)
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Na nossa opinião de “qualidade” não pode ser desligada de suas vinculações com
relações de poder, interesse e dominação. A questão da “qualidade” não é uma
questão meramente técnica, que dependa da manipulação tecnocrática de umas
quantas variáveis, entre as quais, um currículo nacional. A questão da “qualidade em
educação” é fundamentalmente política, vinculada a decisões e a conflitos sobre
quais grupos obtêm quais recursos e em que quantidade. A questão da “qualidade
em educação” é necessariamente relacional em seu vínculo com a distribuição e
partilha dos recursos e da riqueza. A noção política de “qualidade” aponta para a
valorização financeira e social do magistério, para a distribuição prioritária de
recursos para a educação dos grupos excluídos e marginalizados, para a adoção de
políticas econômicas e sociais que ataquem na raiz as causas dos desempenhos
educacionais inferiores desses grupos (Faculdade de educação da UFGRS, 1996.)
Nessas colocações de Demo, fica claro que qualidade está intimamente ligada ao
equilíbrio do formal ou técnico com o político. Isso é fazer bem o que é necessário fazer.
Sendo assim, percebe-se cada vez mais que o PPP é um órgão vital da instituição
educacional. Pois, pensando na dinamicidade do mundo atual, nas constantes transformações,
nos conflitos, nos anseios, nas inúmeras possibilidades e oportunidades, fazem clamar pela
necessidade de refletir, de organizar, de planejar e projetar a ação pedagógica. Portanto a ideia
de projeto está ligada a ideia de futuro, de utopia. A utopia esta documentada na forma
estruturada de um PPP. Mas, não documentada no sentido de acabada. Quando trata do
processo educativo, jamais teremos um documento acabado. O PPP é um processo
permanente, é uma etapa em direção a uma finalidade, é o próprio movimento de criar,
transformar, estabelecendo diariamente a relação entre o que existe e o que precisa se fazer
novo. É produzir o novo dentro do velho, sem acabar com o velho. E isso se faz no decorrer
da caminhada educativa, refletindo sobre ele, confrontando-o, para que o projeto se torne
instituído, renovando-se periodicamente, produzindo resultados, através da sua práxis.
Este processo comum garante a unidade de ação. Não correndo o risco de ficar
vinculado às várias concepções e princípios individuais do seu corpo de atuação. Pois, o PPP
precisa garantir esta linha de ação comum a todos. Desta forma, segundo Benincá:
Uma vez acordado que o PPP, tornou-se a residência do poder é necessário mais do
que nunca refletir sobre o Projeto Político-Pedagógico e apontar méritos, fraquezas e
possibilidades de ampliação da estrutura do seu corpo.
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Sobre construção do PPP, Veiga sugere pelo menos sete elementos básicos:
Finalidades da escola,
Estrutura organizacional;
Currículo;
O tempo escolar,
O processo de decisão,
As relações de trabalho;
A avaliação.
Reflexões
didáticos, mobiliário, distribuição das dependências escolares e dos espaços livres, corres,
limpeza e saneamento básico.
Lembrando que a análise e a compreensão da Estrutura Organizacional da escola
significam indagar sobre suas características seus polos de poder, seus conflitos.
Este item Veiga também sugere algumas indagações:
O que sabemos da estrutura pedagógica?
Que tipo de gestão está sendo praticada?
Qual é organograma previsto?
O que queremos e precisamos mudar na nossa escola?
Quem o constitui e qual é a lógica interna?
Quais as funções educativas predominantes?
Como são vistas a constituição e a distribuição do poder?
Quais os fundamentos regimentais?
Avaliar a Estrutura Organizacional significa questionar os pressupostos, para
realizar um ensino de qualidade e cumprir as suas finalidades, é romper com a burocracia e
priorizar as possibilidades da prática pedagógica.
Acredito que todos os elementos que aparecem na Gestão Pedagógica do PPP ND
precisam aprofundar mais o texto, para deixar claro o que se quer, como será, como chegar e
quais a base epistemológica que define de fato a caminhada da Rede de Educação Notre
Dame.
Currículo é a organização social do conhecimento. É por ele que visualizamos a
produção, a transmissão e a assimilação dos processos que compõem a metodologia da
construção coletiva do conhecimento escolar, isto é, Currículo escolar. O Currículo expressa
uma cultura, então a importância de ter os componentes ideológicos claros.
No Tempo Escolar é importante observar o calendário escolar que ordena o tempo
ano, o horário escolar que ordena o tempo diário, o tempo das disciplinas e o tempo de aula
do professor.
Para garantir a qualidade do trabalho pedagógico é necessário um tempo na escola,
estabelecendo tempo de estudo da equipe de educadores, também um tempo para os
estudantes se organizarem além do espaço das aulas e um tempo para acompanhar e avaliar o
PPP.
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Considerações Finais
Faz-se necessária, então, uma prática mais contundente em relação ao PPP, uma
presença mais constante nos momentos de encontro com a equipe diretiva em primeiro lugar,
com o objetivo de aprofundar e apropriar-se, de verdade, do entendimento de seu texto. Em
seguida, é preciso dar continuidade com o corpo docente, com os funcionários, com as
famílias e com os educandos.
Existe uma tendência natural de buscar um modelo pronto de PPP. Mas, assim como
Ferreira Goulart, podemos dizer que “caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão”.
Sabemos que não há um padrão único de construir um PPP. Cada escola terá que, pela sua
autonomia e democracia, encontrar o caminho e a sua forma mais oportuna para a elaboração.
Fruto da projeção de todos os sujeitos envolvidos. Requer portanto uma construção coletiva
pautada numa opção epistemológica.
Assim, podemos ter maior compreensão das linhas do Projeto Político-Pedagógico e
da sua visualização nas ações pedagógicas e administrativas, o que resultará em mais
esclarecimentos, para toda comunidade educativa, daquilo que se propõe e diferencia a
Instituição.
REFERÊNCIAS
VEIGA. Ilma Passos Alencastro. Projeto político pedagógico da escola: uma construção
coletiva. 5.ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.