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REDES INDUSTRIAIS

Protocolos de comunicação

Prof. Mário Wander M. V.


mario.vasconcelos@docente.senai-ce.org.br
Protocolos de comunicação

É um conjunto de regras que controla a comunicação, permitindo


que esta ocorra de modo eficiente e livre de erros

O modelo OSI fornece as bases para a criação dos protocolos. O protocolo,


por sua vez, define a ordem e o significado dos pacotes que o compõem.

• Podem variar desde os mais simples até os mais sofisticados


• Não podemos classificar um protocolo como certo ou errado, a escolha
depende de uma aplicação específica
Protocolos HART
Características:
• Abreviação para: Highway Addressable Remote Transducter
• Foi desenvolvido para instrumentação inteligente
• Pode ser utilizando tanto em estruturas clássicas que utilizam sensores
4-20mA ponto a ponto quanto em uma rede de sensores inteligentes;
• Utiliza a técnica FSK (Frequency Shift Keying);
• Mestre-Escravo;
• Utiliza as camadas 1,2,7 do modelo OSI.
Protocolos HART – Camada física
Possui dois métodos de comunicação:
• Analógico 4-20mA
 Funciona como um sensor 4-20mA genérico
 Apenas ponto a ponto
• Digital FSK (Padrão Bell 202)
 Utiliza frequências fixas: 1200Hz = nível lógico 1, 2200Hz = nível lógico 0
 Possibilita ligação em rede
 Sensores podem ser alimentados pela rede (15 max) ou individualmente
Protocolos HART – Camada de Enlace

OSI x HART
CAMADA DESCRIÇÃO HART
7 Aplicação Utiliza dados formatados Comandos HART
2 Enlace Detecção de erros Regras do protocolo
1 Física Características físicas Padrão Bell 202

Pacote HART
DELIMITADOR CONTAGEM
INÍCIO ENDEREÇO COMANDO STATUS DADOS PARIDADE
INICIAL DE BYTES
Protocolos HART – Camada de Aplicação

Permite que os dados enviados pelos sensores sejam interpretados.


Possuem três classes de comandos:
• Comandos universais
 Lê o tipo de dispositivo e o nome do fabricante
 Lê valor atual da saída do sensor
 Lê range do sensor
 Escreve endereço de rede
• Comandos práticos comuns
 Escreve range do sensor
 Escreve um valor fixo na saída do sensor
 Realiza auto teste
 Realiza reset de fábrica
• Comandos específicos dos dispositivos
 Inicia, para ou limpa o totalizador
Protocolos HART – Comentários finais

Benefícios
• Suporte para comunicação digital e analógica
• Permite outros dispositivos analógicos em uma mesma rede
• Permite que vários mestres controlem o mesmo escravo
• Permite até 256 variáveis de processo em um único dispositivo

Solução de problemas
Fora as calibrações obrigatórias, o maior problema é o cálculo correto do
comprimento dos cabos. Portanto, para um correto dimensionamento,
devemos atentar para:
• Resistência do cabo
• Capacitância do cabo
• Resistência e capacitância dos sensores da rede

HART Communication Foundation


http://www.hartcomm.org/index.html
Protocolos AS-i

Fatos relevantes:
• Abreviação para: Actuator Sensor Interface;
• Surgiu da união de 11 fabricantes, entre eles: Allen-Bradley, Siemens,
Telemacanique, Omron e Festo;
• Originalmente desenvolvido para sensores e atuadores binários;
• Como é orientado a bits, possui limitações quanto a utilização de dispositivos
inteligentes;
• A adição/remoção de escravos praticamente não utiliza ferramentas e pode ser feita
com a rede em funcionamento (causa o mínimo de interrupção no serviço);
• Mestre-Escravo;
• É praticamente “à prova de idiotas”.
Protocolos AS-i - Camada Física

• Um único mestre controla toda a rede


• Aceita várias topologias de rede
• Permite até 31 escravos
 Entradas digitais
 Saídas digitais
 Conversores analógico-digital
 Módulos de conexão direta
Protocolos AS-i - Camada de Enlace
OSI x AS-i
CAMADA DESCRIÇÃO AS-i
2 Enlace Detecção de erros Regras do protocolo
1 Física Características físicas Sinal codificado APM

Pacote AS-i
*Pergunta
0 SB A4 A3 A2 A1 A0 I4 I3 I2 I1 I0 PB 1

ST EB
CÓDIGO DESCRIÇÃO
*Resposta ST/EB Bit de início/bit de fim

0 I3 I2 I1 I0 PB 1 SB/PB Bits de controle

A0...A4 Endereço do escravo


ST EB
I0...I4 Informação
Protocolos AS-i - Comentários finais

Benefícios:
• É um protocolo “amigável para manutenção”
• Possui uma série auto diagnósticos
• Verifica continuamente por falhas
 Falhas operacionais nos escravos
 Falhas operacionais no mestre
 Falhas nos cabos
• As falhas são indicadas por LEDs no mestre da rede
• Sempre que possível, o sistema tenta se proteger automaticamente (na existência de
um curto na alimentação, a fonte é desligada e os atuadores posicionados em um
estado seguro)

AS-Interface USA
http://as-interface.net/EN/Homepage
Protocolos MODBUS
Fatos relevantes
• Desenvolvido pela Modicon, hoje Schneider Electric;
• É um protocolo aberto;
• Simples e flexível, permite troca de dados analógicos e digitais;
• Não possui definição de camada física.
Protocolos MODBUS – Estrutura de dado

CHECAGEM
ENDEREÇO FUNÇÃO DADOS
DE ERRO
1 byte 1 byte N bytes 2 bytes

• ENDEREÇO
 Endereço do escravo que se deseja ler/escrever
• FUNÇÃO
 Código da função de leitura/escrita
• DADOS
 Sequência de dados desejados
• CHECAGEM DE ERRO
 Cyclic Redundancy Check (CRC-16)
Protocolos MODBUS – Código de funções

TIPO DE ENDEREÇO CÓDIGO DESCRIÇÃO


DADO ABSOLUTO
Entradas/saíd
1 - 9999 1 Ler estado de um contato
as digitais
Saídas digitais 1 - 9999 5 Escrever valor de um contato
Registro
40001-49999 3 Ler registros retentivos
retentivo
Registro Escrever um registro retentivo
40001-49999 6
retentivo (word)
Registro Escrever múltiplos registros
40001-49999 16
retentivo (words)
Protocolos MODBUS – Troca de dados (LEITURA)

End.Inicial+Offset
*Pergunta
01 03 00 02 00 01 25 CA

Quantidade
*Resposta
01 03 02 07 FF FA 34

Qdade de bytes Valores

Tradução
• O mestre envia a ordem:
 Solicito que o escravo nº 1 envie 1 registro retentivo (2 bytes) a partir do
endereço de memória 40003 (40001 + 2)
• O escravo 1 responde:
 Sou o escravo 1, estou respondendo a função nº 3 com 2 bytes e o valor é
2047.
Protocolos MODBUS – Troca de dados (ESCRITA)

End.Inicial+Offset
*Pergunta
0A 06 00 0F 00 64 2D 0A

Valores
*Resposta
0A 06 00 0F 00 64 2D 0A

“Tradução”
• O mestre envia a ordem:
 Solicito que o escravo nº 10 alterasse 1 registro retentivo a partir do endereço de
memória 40016 (40001 + 15) com o valor 100
• Caso a escrita seja concluída com sucesso, o escravo responde com a mesma
pergunta enviada pelo mestre, como confirmação. Caso a confirmação não chegue
antes de estourar um temporizador pré-configurado, é considerada falha no envio (time
out)
Protocolos MODBUS – Comentários finais
Benefícios
• Suporte para comunicação digital e analógica
• É um protocolo aberto
• Grande número de fabricantes utiliza este padrão
• Possui suporte para RS-232, RS-485 e Ethernet
• É simples conectar 2 dispositivos via RS-232 ou 20-30 via RS-485

Desvantagens
• É lento, se comparado com Profibus ou protocolos para rede Ethernet
• Permite apenas um único mestre por rede
• Extremamente complicado conectar centenas de escravos

Solução de problemas
• Por não possuir padrão físico próprio, possui os mesmas problemas/soluções do
padrão selecionado para o projeto

Modbus Organization
http://www.modbus.org/si.php
Protocolos PROFIBUS
Fatos relevantes:
• Abreviação para: Process Fieldbus
• Pode ser utilizado como forma de integrar CLPs, sensores e atuadores inteligentes
ou até mesmo outras sub-redes como a AS-i;
• É um protocolo aberto;
• Criado para RS-485;
• Pode ser encontrado em três versões: Profibus DP (Mestre-Escravo), Profibus FMS
(Multi-Mestre) e Profibus PA (intrinsicamente seguro);
• Utiliza as camadas 1,2,7 do modelo OSI.

PROFIBUS DP PROFIBUS FMS PROFIBUS PA


 Distributed Periferal  Fieldbus Message  Process Automation
 Permite que vários Especification  É idêntico ao DP, com
mestres leiam um  Permite exceção dos níveis de
escravo mas comunicação entre tensão e corrente
apenas um escreve mestres de rede controlados
 Bom custo-  Pode ser  Vários cartões DP e FMS
benefício para combinado com suportam PA, porém é
substituir sensores Profibus DP necessária utilização de
24V e 4-20mA conversores
Protocolos PROFIBUS – Camada Física
• Topologia de barramento, com terminadores nas extremidades
• O meio físico é o cabo de par trançado com blindagem definida pela aplicação. Utiliza
dois tipos de cabo, padrão A (até 500 kbps) e padrão B (acima de 500 kbits).
• A velocidades variam com a distância
 9,6, 19,2 e 93,75 kbps: 1200m
 187,5 kbps: 600m
 500 kbps e 1,5 Mbps : 200m
 12 Mbps : 100m
CABO TIPO A CABO TIPO B
Impedância 135 a 165 Ω (3 a 20 MHz) 135 a 165 Ω (>100 kHz)

Capacitância < 30pF por metro < 60pF por metro

Diâmetro > 0,34mm² (AWG 22) > 0,22mm² (AWG 24)

Tipo Par trançado (1x2, 2x2, 1x4) Par trançado (1x2, 2x2, 1x4)

Resistência < 110 Ω por km < 110 Ω por km

Atenuação de sinal Máximo 9 dB Máximo 9 dB

Blindagem Cobre trançado Cobre trançado


Protocolos PROFIBUS – Camada de Enlace
OSI x Profibus
CAMADA DESCRIÇÃO PROFIBUS
7 Aplicação Utiliza dados formatados Serviços ao usuário
2 Enlace Detecção de erros Acesso ao meio físico e
transmissão/recepção de
dados
1 Física Características físicas RS-485

Token Passing

Polling
Protocolos PROFIBUS – Comentários finais

Benefícios
• É um protocolo aberto
• Grande variedade de dispositivos compatíveis
• Possui funções de diagnóstico
 Configuração incorreta de dispositivo
 Função não suportada pelo equipamento
 Dispositivo não responde
• É possível substituir toda a instrumentação 24V e 4-20mA
• Possui um padrão para áreas classificadas

Solução de problemas
• Por utilizar padrão RS-485, possui mesmas problemas/soluções
• Verificar se o arquivo de configuração (*.gsd) corresponde ao dispositivo
• Sempre siga o manual de instalação do fabricante
• Utilize os cabos padronizados e utilize o mesmo padrão (A ou B) em toda a rede
• Verifique se os terminadores estão ativados apenas nas extremidades
• Verifique se a configuração da rede está coerente com a instalação física

Profibus Trade Organization


http://www.profibus.com/
Protocolos PROFINET

O PROFINET (Process Field Network) é um padrão de protocolo industrial aberto baseado


na norma IEC 61158, compatível com interface Ethernet (IEEE 802-3);
 Desenvolvido pela PROFIBUS e PROFINET International (PI), uma associação
internacional de empresas do segmento de automação industrial, com o objetivo de
atender a todos os requisitos de aplicação da automação.

Mais informações: https://www.profibus.com/


Protocolos PROFINET - Surgimento
O Que Motivou o Surgimento do Profinet?

 Aproximar de forma consistente o Chão de Fábrica do


ambiente de Tecnologia da Informação, integrando os
conhecidos softwares SCADA (Supervisórios de máquinas
e equipamentos) aos Sistemas de Gestão Empresarial ou
Gestão de Produção;

 Simplificar e reduzir os custos de manutenção e mão de


obra nas instalações de Redes Industriais, adotando
padrões de cabeamento e conectividade conhecidos do
mercado;

 Aumentar a flexibilidade e versatilidade das aplicações de


Redes Industriais a partir de padrões mais escaláveis e de
maior capacidade de distribuição de dados, seja lógica ou
físicamente.
Protocolos PROFINET
O Que Motivou o Surgimento do Profinet?

Barramento único

 Elementos de controle,
campo e diagnóstico em
um mesmo barramento
Protocolos PROFINET - Características

 Possibilita a conexão de >16.777.216 nós na rede;


 Alta velocidade (100Mbps) e alta performance de
comunicação;
 Utiliza componentes do padrão Ethernet industrial IEEE
802-3, tornando mais simples o seu fornecimento e
instalação;
 Pode ser integrado com outros protocolos
proporcionando versatilidade e interconectividade;
 O PROFINET manteve procedimentos e características
do padrão Ethernet.
 No PROFINET não há restrição de topologia.
 Além disso, o PROFINET se baseia nos protocolos TCP,
UDP e IP para configuração, troca de dados e
diagnóstico de rede, sendo seu principal objetivo a
criação de um ambiente de rede industrial integrado,
robusto e seguro;
Protocolos PROFINET – Canais de comunicação
Protocolos PROFINET – Canais de comunicação
Modo IR (Real Time):

 Tempo de ciclo até 1 ms


 Adequado para mais de 80% de todas as aplicações de automação
 Ciclos não síncronos diferentes
 Aplicação, transmissão de dados e dispositivos de campo têm seus
próprios ciclos de processamento
Protocolos PROFINET – Tecnologia de comunicação
Protocolos PROFINET – Tecnologia de comunicação
Protocolos PROFINET – Benefícios
Referências Bibliográficas

http://www.mtl-inst.com/. Acesso em 21/05/2012.


http://www.controleng.com/single-article/using-modbus-for-process-
control-automation/85f9f0572d.html. Acesso em 21/05/2012.
MACKAY, Steve et al. Practical Industrial Data Networks: Design,
Installation and Troubleshooting. Grã-Bretanha: Elsevier, 2004.
PROFINET Intro
https://www.profibus.com/technology/profinet/#tab1-208895
Arquitetura TCP/IP
https://www.ppgia.pucpr.br/~jamhour/Pessoal/Graduacao/Ciencia/Teoria
/ArquiteturaTCPIP.pdf
Padrão IEEE 802-3
http://www.lee.eng.uerj.br/~gil/redesII/Ethernet.pdf
CASTELO BRANCO, Ítalo; Protocolos de comunicação
Prof. Mário Wander M. V.
Obrigado mario.vasconcelos@docente.senai-ce.org.br

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