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Ando fraco. Ando pouco cuidado. Ando moribundo.

Estava escrevendo sobre as cismas que


tenho acerca do mundo que vivo e não parecem fazer tanto sentido assim (isso não seria
obvio?). Meu Deus.

Gostaria de uma alegoria que se mostrasse eficaz para alimentar minha eterna sede de
sensações novas e pouco obscuras. “Viveria sua vida, dia após dia, durante toda a
eternidade?” Não sei. São estas loucuras e perfurações que me incomodam no decorrer da
eternidade que é um fim de noite ou o começo de um dia. Ser um homem só por toda a
eternidade? Parece tão obscuro; tenho vontade de um dia poder ser um lobo, um gato, uma
borboleta ou uma mulher. Seria essa uma vontade genuína ou apenas mais um desejo
inconveniente de querer uma sensação pura e inteiramente nova? Às vezes gostaria de voltar
ao modo de escolha de vida e pensar um pouco melhor. Quantas alegorias desnecessárias.

Um pássaro azul voa para fora de sua janela

Voando sempre que as coisas se apertam

Ele sempre volta

Sempre.

Sexto dia de uma resposta pouco convincente que me fez perder as vontades de fazer o que
tenho desejos. Meu Deus. Voar para sempre.

Sentando á beira de um lago pouco noturno, sinto uma paz tão serena que seria capaz de
toca-la e traze-la para perto de mim com um empuxo tão forte. Sinto vontade de chorar.
Alegorias desnecessárias. As solidões de um dia comum como estes que vivemos podem sim se
transformarem em motivos lindos para alegrar o dia de um idoso que espera seu ônibus no
retorno de seu grande show dominical, ele sorri quando diz o nome, ele sorri quando toca seu
violão, ele sorri quando admite sua idade finita, ele sorri quando fecha os olhos pela última
vez. Por que o sofrimento precisa necessariamente acompanhar uma vontade incalculável de
se fazer coisas que os tirem do marasmo? Meu Deus, apenas aplique um pouco de ópio em
minhas veias e me deixe flutuar por cima do mundo cinza que eu mesmo pintei, e quando tudo
acabar, me permita voar pela praia e me juntar aos recifes de corais e conversar com os peixes
em sua própria língua materna. Meu deus. Meu Deus. Meu Deus.

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