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i.
saber reconhecer
o que é forte
entre a folha que trinca de muito rígida, a pedra
e a sempre-viva
ii.
ser vento
ancestral a acariciar tudo que é feito de carbono
ter pelo e sangue e peito.
ser pássaro
ainda que seus ossos
quebrem fácil
bubuia
carregada de novo
pela onda da noite
só aceito.
lembrar meu nome me basta.
amargo,
amargo
vai ficar.
disso não se foge.
não se descostura do peito
o coração, das mãos as unhas,
dos seios os mamilos, da íris
as pupilas.
i.
a ondulação de uma voz
fácil se insinua
se infiltra
em um sonho
ii.
colho nos seus cílios
a água da chuva as palavras
que teço
iii.
beijar a extensão
das suas costas
até sua nuca seus ombros cabelos
antes que o mundo
a si mesmo dê um fim
iv.
te amar até que esse amor
seja sacudido de mim
como frutas e flores frouxas
são sacudidas de um galho
como as palavras
são sacudidas de seu significado
até que um dia
eu não te reconheça na rua
pés
há a terra enfim
à qual tanto nos ligamos
que depois de um tempo nossos cabelos
se misturam às raízes das árvores
i.
algumas imagens restam
a esmo já tijolos de outra consciência
ii.
saber dizer eu não sei
como eu saberia dizer a sua voz
que lenta me ressoa pelas costelas
enumero:
ignorei avisos da intuição
calei
preferi não estar presente
deixei tantas me escaparem das mãos
fingi (tantas e tantas e tantas vezes) que
não era comigo
você
na xícara de café
e matar plantas –
do que ama
e aquele costume
você, inclusive,
em catar poemas
em parcelas
você diz
que eu minto
na entrada
e na saída
como quem acena
sai à francesa
mas
não esta
sábado
procura a janela
no interior da casa
bem-vinda
nosso encontro.
virar do avesso
no horário de pico.
esse escrever seria antes escrever sobre o chão e as mesas dos bares
atropelar lembranças
remanejados
um caminhar à toa.
memória (dois)
atentar ao fatos
ser um redemoinho
de sentir
fato flexível
amor e dor?)
a memória
diluir no corpo
duas respostas
i.
cicatrizar
no peito um sulco
cicatrizar é um ofício
acalmar o incômodo
ii.
perfeitamente cintilante.
só assim mesmo.
aceno
carregada de imagens
azuis
precocemente envelhecido
costurado
às visões cotidianas
da vida
o braço a torcer
os olhos revoltos
em ocasiões estratégicas.
a conta-gotas
suas intenções
seu silêncio
uma palavra
só
é o que te peço
apenas
as palavras só me vêm
nas mãos
páginas
canetas
verdadeiramente anônima
não assistidos
domingo
o entardecer
sobre a umidade
prefiro não.
ao menos se tivesse
e calor
os quintais os becos
deita aqui
evaporar
i.
pela árvore
ii.
a previsão do tempo
no seu quintal
no burburinho da água
do torvelinho
iii.
estou de volta
ao formigueiro
ou entre elas
trilha
mergulhamos.
no escuro, ao pé da cama,
e dos acidentes.
e um balde.
confirma a existência
da pele e do mar