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IBGE

Analista – Geoprocessamento

Noções Básicas de Cartografia escala, sistemas de coordenadas, projeção cartográfica.................... 1


Sistema Global de Posicionamento Por Satélites Artificiais ................................................................. 6
Cartografia Temática: Métodos de representações Qualitativas, Quantitativas, Ordenadas e
Dinâmicas. ............................................................................................................................................... 9
Noções básicas de Geografia Urbana, urbanismo, conceitos de território e estrutura territorial
brasileira................................................................................................................................................. 14
Sistemas de informação geográfica: conceituação, requisitos e funcionalidades ............................... 22
Conceitos fundamentais de topologia; relacionamentos topológicos em ambiente SIG ..................... 26
Interoperabilidade em sistemas de informações geográficas ............................................................. 27
Banco de dados e banco de dados geográfico; formato de dados cartográficos: raster, vetor, requisitos
de topologia; armazenamento de informações geoespaciais em ambiente de banco de dados relacional
e orientado a objeto ................................................................................................................................ 41
Infraestrutura de dados espaciais: metadados geográficos; serviços web de mapas; e Sensoriamento
remoto: tratamento digital de imagens e registro de imagens e mosaicagem ......................................... 67
Conhecimentos práticos nos softwares: Geomedia ou ArcGis ou QuantumGis ............................... 105
Questões ......................................................................................................................................... 116

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Noções Básicas de Cartografia escala, sistemas de
coordenadas, projeção cartográfica

NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA

Quando o objeto de estudo é a Cartografia percebe-se, desde os primórdios da humanidade, que o


Homem busca meios de se orientar no espaço terrestre. À medida que o mesmo foi ampliando sua
capacidade técnica, a busca por se localizar e se movimentar amparado por referências foi se tornando
uma necessidade ainda mais evidente. Isso porque, muitas vezes, conhecer caminhos era questão de
sobrevivência, seja para buscar áreas férteis para a produção de alimentos, seja para se proteger de
invasões de outros povos.
Ainda nesse processo de evolução, outras ações exigiam conhecimentos cartográficos, como para
estabelecer rotas de navegação e de atividades comerciais, definir estratégias de guerra, delimitar
espacialmente a ocorrência de recursos etc. Enfim, a sociedade, historicamente e com seus recursos
disponíveis, procurou fazer uso da cartografia. Esta pode ser entendida como a ciência da representação
gráfica da superfície terrestre, tendo como produtos finais mapas, maquetes, cartas etc. Ou seja, é a
ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo desses materiais, principalmente
de mapas (amplamente utilizados). Para isso, as representações do espaço podem ser acompanhadas
de um amplo conjunto de informações, como figuras geométricas, símbolos, uso de cores, linhas e
diversos outros elementos.
E, conforme já foi mencionado, nota-se uma evolução muito grande dessas técnicas ao longo da
história. As práticas da cartografia remontam à Pré-História, quando rústicos desenhos eram usados para
delimitar territórios de caça e de pesca; na Babilônia (Antiguidade), os mapas do mundo já eram
impressos em madeira (mapas, obviamente, a partir das técnicas limitadas da época, muito diferentes
das projeções atuais). A evolução ainda passa pelas ideias de Ptolomeu, na Idade Média e dos mapas
relativamente complexos da época das Grandes Navegações. Foi aproximadamente nesse período que
algumas projeções de superfícies curvas passaram a ser impressas em superfícies planas. A mais
conhecida foi a de Mercator.
Hoje, com os amplos avanços da ciência cartográfica, os instrumentos para a obtenção de informações
e elaboração de materiais são mais modernos e precisos. O uso de fotografias aéreas, imagens de
satélites, digitalização de imagens, cruzamento de informações, realização de mapas temáticos, sempre
com maior precisão e menor distorção, garantem maior eficiência e confiabilidade aos produtos
apresentados.

Localização no espaço
Existem diferentes maneiras de se localizar no espaço terrestre. Entre elas, uma das mais utilizadas é
a rosa dos ventos. Antes, a rosa-dos-ventos não estava associada aos pontos cardeais, mas sim à direção
dos ventos. Posteriormente, foi utilizada para delimitar a direção de pontos. São eles (o ponto e os graus
dentro dos 360º:

Cardeais:
N - Norte (0º);
S - Sul (180º);
L - Leste – ou Este (90º);
O - Oeste (270º).

Colaterais:
NE - Nordeste (45º);
SE - Sudeste (135º);
NO - Noroeste (315º);
SO - Sudoeste (225º).

Subcolaterais:
NNE - Nor-nordeste (22,5º);
ENE - Leste-nordeste (67,5º);
ESE - Leste-sudeste (112,5º);
SSE - Sul-sudeste (157,5º);

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SSO - Sul-sudoeste (202,5º);
OSO - Oeste-sudoeste (247,5º);
ONO - Oeste-noroeste (292,5º);
NNO - Norte-noroeste (337,5º).

Esses pontos são representados pela Rosa dos Ventos, que pode ter diferentes formas de
representação. Eis um exemplo:

ESCALA

Existem diferentes maneiras de se representar a realidade. Entre elas, uma das mais utilizadas é o
mapa. Os mapas vão muito além de simples ilustrações, meros desenhos, pois são carregados de
informações, e, por meio de uma boa leitura, transmitem vários aspectos sobre a realidade mapeada.
Fica evidente que, por mais técnicas que se usem, mesmo extremamente modernas, os mapas
representam as realidades, mas não são elas. Por isso, algumas informações são suprimidas e/ou
distorcidas, dependendo das técnicas e ideologias utilizadas.
O mapa representa a realidade com o uso de uma escala, que nada mais é do que uma relação de
proporção entre o mapa e a realidade mapeada (dimensões reais). As escalas podem ser numéricas ou
gráficas.
A escala numérica pode ser representada por uma fração ordinária (1 / 200.000), ou por uma razão (1:
200.000, onde se lê “um para duzentos mil”). Na escala de 1: 200.000, a área representada foi diminuída
200 mil vezes; isso quer dizer que 1 cm no mapa equivale a 200.000 cm no terreno; ou que um metro no
mapa equivalem a 200.000 Km na realidade. Nota-se que a escala é uma relação de proporção,
independente da unidade utilizada.
Já a escala gráfica é representada por uma linha reta dividida em partes iguais; essa escala
conta com a vantagem de possibilitar que as distâncias sejam percebidas diretamente no mapa, sem a
necessidade de fazer cálculos, como na escala numérica. Ela permite a visualização dessa distância.
Veja a seguir um exemplo dessa forma de representação da escala.

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Fonte: portal.rio.rj.gov.br

As escalas não são proporções definidas aleatoriamente. Conforme próprios manuais do IBGE,
escalas diferentes estão associadas a funções diferentes dos mapas. Observe:

Quanto à natureza da representação:

CADASTRAL - Até 1:25.000: As cadastrais são representações em escala grande, geralmente


planimétrica e com maior nível de detalhamento, apresentando grande precisão geométrica.
Normalmente é utilizada para representar cidades e regiões metropolitanas, nas quais a densidade de
edificações e arruamento é grande.
GERAL TOPOGRÁFICA - De 1:25.000 até 1:250.000: Carta elaborada a partir de levantamentos
aerofotogramétrico e geodésico original ou compilada de outras cartas topográficas em escalas maiores.
Inclui os acidentes naturais e artificiais, em que os elementos planimétricos (sistema viário, obras, etc.) e
altimétricos (relevo através de curvas de nível, pontos colados, etc.) são geometricamente bem
representados.
GEOGRÁFICA - 1:1:000.000 e menores: Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são
generalizados, os quais oferecem uma precisão de acordo com a escala de publicação. A representação
planimétrica é feita através de símbolos que ampliam muito os objetos correspondentes, alguns dos quais
muitas vezes têm que ser bastante deslocados. A representação altimétrica é feita através de curvas de
nível, cuja equidistância apenas dá uma ideia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores
hipsométricas. Independente da escala utilizada, percebe-se que a Cartografia trabalha com escalas de
redução, fazendo com que a realidade possa ser representada em projeções menores do que ela.

SISTEMAS DE COORDENADAS

Como forma de orientação/localização, também podem ser usadas as coordenadas geográficas (ou
terrestres), que são linhas imaginárias que se cruzam e dão a localização geográfica de um determinado
ponto na superfície. Através do “cruzamento” entre o paralelo e o meridiano de um lugar, ficamos sabendo
sua localização exata na superfície terrestre.
Os paralelos estão relacionados com as latitudes, ou seja, a variação em graus a partir da Linha do
Equador, para o Norte e para o Sul (variam de 0º a 90º). Para alguns paralelos foram estabelecidos nomes
especiais, como Trópicos de Câncer e Capricórnio e Círculos Polares Ártico e Antártico. Nota-se que a
variação latitudinal possui várias funções, entre elas, a de delimitar as zonas térmicas do planeta.
Já as longitudes estão relacionadas aos meridianos (variação em graus a partir do Meridiano de
Greenwich, para Oeste e para Leste (de 0 a 180 para cada extremo). O meridiano de Greenwich e as
longitudes são muito importantes na definição dos fusos horários das diversas partes do planeta.
Quando se cruza um paralelo com um meridiano, tem-se a coordenada de um ponto, por exemplo:

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Ponto X: 30º lat N; 60º long O.

Veja alguns exemplos na ilustração a seguir:

Fonte: geomodelopiaui.blogspot.com

O ponto D, por exemplo, estaria a 60º de Latitude Norte e 30º de Longitude Leste. Nenhum outro ponto
do planeta possui essa localização. Ressalta-se que os sistemas de coordenadas e a própria rosa dos
ventos são conhecimentos-chave para a utilização de tecnologias e equipamentos modernos utilizados
atualmente, como os aparelhos receptores de GPS.

PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Uma das tarefas mais árduas da Cartografia é projetar a superfície da Terra, que é arredondada, nos
mapas, que são planos. Por conta disso, acabam sendo utilizadas diferentes técnicas de projeções, cada
uma proporcionando distorções diferentes. Nota-se as projeções também possuem uma função
ideológica, pois algumas áreas são valorizadas em detrimento de outras, conforme a técnica adotada.
Nota-se que os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as
coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas,
mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir
as deformações, mas nunca eliminá-las. Vejam as principais projeções a seguir:

Projeção de Mercator
Os meridianos e paralelos retas que se cortam em ângulos retos. É uma projeção cilíndrica conforme,
que acaba exagerando as regiões polares e o hemisfério Norte em geral.

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Projeção de Peters
Arno Peters, em 1973, propôs uma Projeção também cilíndrica, mas equivalente, que determina uma
distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos. Ela compromete a
forma dos continentes, mas permite proporções mais adequadas em relação a Mercator.

Projeção de Mollweide
No caso de Mollweide, os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é
proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão,
tanto em área como em configuração, no entanto, as extremidades apresentam grandes distorções.
Observe a mesma a seguir:

Projeção de Goode
É uma projeção descontínua, e usa essa descontinuidade para eliminar várias áreas oceânicas, e, com
isso, reduzir as distorções.

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Também existem projeções cônicas, nas quais os meridianos convergem para os pólos e os paralelos
são arcos concêntricos situados a igual distância uns dos outros. Elas apresentam pouca distorção para
as chamadas latitudes médias. Também existem as projeções azimutais que consiste na tomada de um
determinado ponto e a delimitação de áreas tangentes a partir deste (muito usada para mapear as áreas
polares, por exemplo.
Destaca-se que, no caso da Terra, a maneira mais adequada (mas nem sempre possível) de
representá-la é a partir do Globo, pois este, a partir de uma escala, procura fazer uma representação
próxima ao formato original da área mapeada.

Sistema Global de Posicionamento Por Satélites Artificiais

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Podemos considerar um satélite um objeto que se desloca em círculos ao redor de outro objeto. A
partir daí, podemos compreender que existem dois tipos de satélite, sendo eles os naturais e os artificiais.
A lua que permanentemente fica em órbita da terra é considerada um satélite natural, enquanto aqueles
construídos pelo homem e lançados na órbita terrestre são os satélites artificiais. A órbita é o caminho
que o satélite percorre.
Esse satélite, independente de natural ou artificial, permanece em órbita devido a aceleração da
gravidade da terra e a velocidade em que a mesma se desloca no espaço, dependendo da sua altitude
da sua órbita. Dessa forma, compreende-se, por exemplo, um satélite artificial a 800km de altitude da
terra é de 26 mil quilômetros por hora.

Fonte: http://petmcem.ufsc.br/files/2012/07/HIHI.jpg

As primeiras ideias sobre satélite são provenientes do século XVIII com teorias relativas de gravitação
de Isaac Newton e, no século seguinte, ainda nessa discussão, escritores de ficção propunham novos
conceitos sobre satélite, até que os cientistas perceberam a real possibilidade e utilidade de tais corpos
em órbita.
Com base em diversos estudos, foi lançado o primeiro satélite artificial soviético em 1957, denominado
Sputnik 1 que, na época da Guerra Fria, marcou o início da corria espacial. A partir daí foram lançados
milhares de satélite de diversos tipos de comunicação astronômica, militares, meteorológicas, entre
outros.

1
Baseado em: FLORENZANO, T. G. Iniciação em sensoriamento remoto. – 3ª ed. ampl. e atual. –São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

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Apesar das mais variadas funções, geralmente esses satélites possuem partes em comum: Todas elas
precisam de energia e, devido à dificuldade de acesso com o satélite, a maioria conta com painéis solares,
e também com antenas para comunicação, passíveis de emissão e recepção de dados.

Grande parte dos satélites operacionais que se encontram em órbita são destinados a
telecomunicação, contudo, existem outras funções muito importante para a utilização desses sensores,
dos quais são utilizados no nosso dia a dia e não nos damos conta.

O Sistema de Posicionamento Global ou GPS (Global Positioning System) consiste em um sistema de


posicionamento por satélite que consiste no recebimento da posição em qualquer lugar no mundo, bem
como a informação horária sob qualquer condição atmosférica.
Para que isso ocorra, o receptor deve se encontrar na visão de, no mínimo, três satélites para que haja
a interpolação dos dados de Latitude e Longitude. Com quatro satélites ao alcance do aparelho receptor,
é possível obter as informações de altitude também.

Fonte: http://www.althos.com/sample_diagrams/ag_GPS_Operation_New_low_res.jpg

Atualmente, encontra-se em funcionamento o sistema GPS estadunidense e o GLONASS russo.


Ainda, em fase de implementação, existe o GALILEO da União Européia e o COMPASS chinês.
O sistema estadunidense é operado pelo governo dos Estados Unidos através do Departamento de
Defesa dos Estados Unidos. Quando lançado, seu uso era exclusivo para serviços militares, sendo que,
hoje, é possível usufruir desses serviços tendo em mãos qualquer tipo de receptor, sendo ele um celular
ou um GPS de precisão.

Funcionamento
Os satélites, bem como os receptores de GPS, possuem um relógio interno que marca as horas com
precisão dada em nano segundos. Desta maneira, quando o satélite emite o sinal para o receptor, o
horário que ele foi enviado também é recebido.
Os envios desses sinais são constantes, sendo eles sinais de rádio que viajam a velocidade de 300
mil quilômetros por segundo no vácuo. Essa velocidade também é conhecida como velocidade da luz.
Desta forma, o receptor calcula quantos nano segundos esse sinal demorou a chegar até ele, descobrindo
desta maneira a localização exata. Como esse sinal é constante, o receptor sempre sabe onde o satélite
se encontra, sendo possível manter a posição sempre atualizada.

Agora que já sabemos como é calculado a distância entre o satélite e o receptor, fica mais fácil
compreender como ele se localiza em qualquer lugar do planeta terra. Vale lembrar que existem vários
tipos de receptores. Os que utilizamos, sendo os mais simples, podem ter uma variação do
posicionamento de 3 ou 4 metros a até 20 metros, enquanto aqueles mais precisos, denominados GPS
Geodésico, minimizam seus erros em centímetros.
Assim, o GPS usa um sistema de localização denominado de triangulação para determinar a
localização do receptor em terra. Como abordado anteriormente, três satélites enviam o sinal para o
receptor e que, o mesmo, calcula quanto tempo o sinal demorou para chegar até ele. Abaixo,
demonstraremos a triangulação dos satélites quando em órbita no espaço.

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Fonte: https://www.oficinadanet.com.br/imagens/post/12406/td_1.jpg

Conforme demonstrado na imagem, com três satélites é possível obter informações referentes a
latitude e longitude do indivíduo. A partir de quatro satélites, o receptor GPS também consegue calcular
a altitude do receptor em relação ao nível do mar. Em síntese, observe a figura abaixo para que fique
claro como funciona.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_Zk6alK-X_wc/SPzjzQj0cYI/AAAAAAAAACo/dFR9M8ql9js/s1600/gps_calculo.gif

Curiosidades2
Você sabia que no Brasil o primeiro receptor de GPS foi utilizado em 1992 para rastrear caminhões
transportando cargas valiosas? Pois é, essa facilidade que temos de obter as facilidades dessas
tecnologias de localização é relativamente recente.
Apenas no ano 2000 o sinal de satélite GPS foi liberado para uso civil nos Estados Unidos. Antes disso,
era imposta uma “disponibilidade seletiva”, com precisão que chegava a 90 metros de erro, inviável hoje
em dia.
Apesar dos sinais serem liberados para o mundo todo, na Coreia do Norte e a Síria são proibidos de
utilizarem essas informações por restrição do governo. Ainda em 2009 o Egito também tinha essa
proibição de uso quanto a utilização do sinal.
Lembra que acima falamos que o relógio dos satélites são precisos? Então, existem relógios atômicos
dentro deles de uma precisão tão grande, que eles chegam a atrasar 1 segundo a cada 100 mil anos.
Incrível, não?

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Adaptado de: <https://www.oficinadanet.com.br/>

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Cartografia Temática: Métodos de representações Qualitativas,
Quantitativas, Ordenadas e Dinâmicas

Na cartografia, os mapas têm características específicas que os classificam, e representam elementos


selecionados de um determinado espaço geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia e projeção
cartográfica. Para os cartógrafos, os mapas são veículos de transmissão do conhecimento que pode ser
o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma que cada mapa tem seu
autor, uma questão e um tema, mesmo os mapas de referência geral, os topográficos ou os cadastrais.
Todo o mapa, qualquer que seja ele, ilustra um tema e até o mapa topográfico não escapa à regra.
Dessa forma, define como mapas temáticos, todos os mapas que representam qualquer tema, além da
representação do terreno. Os procedimentos de levantamento, redação e comunicação de informações
por meio de mapas, diferem de acordo com a formação e especialização dos profissionais em cada
campo, a exemplo dos geólogos, geomorfólogos, geógrafos, entre outros, que se expressam na forma
gráfica.
A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes etapas: coleta de dados, análise, interpretação
e representação das informações sobre um mapa base que geralmente, é extraído da carta topográfica.
Os mapas temáticos são elaborados com a utilização de técnicas que objetivam a melhor visualização e
comunicação, distinguindo-se essencialmente dos topográficos, por representarem fenômenos de
qualquer natureza, geograficamente distribuídos sobre a superfície terrestre. Os fenômenos podem ser
tanto de natureza física como, por exemplo, a média anual de temperatura ou precipitação sobre uma
área, de natureza abstrata, humana ou de outra característica qualquer, tal como a taxa de
desenvolvimento, indicadores sociais, perfil de uma população segundo variáveis tais como sexo, cor e
idade, dentre outros.
Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os propósitos de sua elaboração, por isso,
existem diferentes tipos de mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o quê, onde
e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, utilizando símbolos gráficos (signos) especialmente
planejados para facilitar a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a visualização de
correlações pelo usuário. O fato dos mapas temáticos não possuírem uma herança histórica de
convenções fixas, a exemplo dos topográficos, se deve às variações temáticas e aos aspectos da
realidade que representam, sendo necessárias adaptações diferenciadas a cada situação.

Métodos de Mapeamento
O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou quantitativos, de um mapa está
diretamente relacionado ao método de mapeamento e a utilização de variáveis visuais adequadas à sua
representação. A combinação dessas variáveis, segundo os métodos padronizados, dará origem aos
diferentes tipos de mapas temáticos, entre os quais os mapas de símbolos pontuais, mapas de isolinhas
e mapas de fluxos; mapas zonais, ou coropléticos, mapas de símbolos proporcionais ou círculos
proporcionais, mapas de pontos ou de nuvem de pontos.

Fenômenos Qualitativos
Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos utilizam as variáveis visuais seletivas
forma, orientação e cor, nos três modos de implantação: pontual, linear e zonal.
A construção de mapa de símbolos pontuais nominais leva em conta os dados absolutos que são
localizados como pontos e utiliza como variável visual a forma, a orientação ou a cor. Também é possível
utilizar símbolo geométrico associado ou não as cores. A disposição dos pontos nesse mapa cria uma
regionalização do espaço formada especificamente pela presença/ausência da informação.

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Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para representar feições que se desenvolvem
linearmente no espaço como a rede viária, hidrografia e, por isso, podem ser reduzidos a forma de uma
linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a cor. Esses mapas também servem para mostrar
deslocamentos no espaço indicando direção ou rota (rotas de transporte aéreo, correntes oceânicas, fluxo
de migrações, direções dos ventos e correntes de ar) sem envolver quantidades. Nesses mapas
qualitativos a espessura da linha permanece a mesma, variando somente sua direção.
Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e utilizam diferenças de cor na implantação
zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar diferenças nominais em dados
qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. Também é possível o uso das variáveis visuais
granulação e orientação, neste caso, as diferenças são representadas por padrões preto e branco.
Quando do uso de cores, estas devem separar grupos de informações e os padrões diferentes a serem
aplicados, para fazer a subdivisão dentro dos grupos. Para os usuários, a visualização de fenômenos
qualitativos em mapas corocromáticos, apenas aponta para a existência ou ausência do fenômeno e não
a ordem ou a proporção do fenômeno representado.

Fenômenos Ordenados
Os fenômenos ordenados são representados em classes visualmente ordenadas e utilizam a variável
valor na implantação zonal. Os mapas mais significativos para representar fenômenos ordenados são os
mapas coropléticos.
Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos e apresentam sua legenda ordenada
em classes conforme as regras próprias de utilização da variável visual valor por meio de tonalidades de
cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores que aumentam de intensidade conforme a
sequência de valores apresentados nas classes estabelecidas. Os mapas no modo de implantação zonal,
são os mais adequados para representar distribuições espaciais de dados que se refiram as áreas. São
indicados para expor a distribuição das densidades (habitantes por quilômetro quadrado), rendimentos
(toneladas por hectare), ou índices expressos em percentagens os quais refletem a variação da
densidade de um fenômeno (médicos por habitante, taxa de natalidade, consumo de energia) ou ainda,
outros valores que sejam relacionados a mais de um elemento.

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Fenômenos Quantitativos
Os fenômenos quantitativos são representados pela variável visual tamanho e podem ser implantados
em localizações pontuais do mapa ou na implantação zonal, por meio de pontos agregados, como
também, na implantação linear com variação da espessura da linha.
Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os fenômenos quantitativos e constituem-
se num dos métodos mais empregados na construção de mapas com implantação pontual. Esses mapas
são utilizados para representar dados absolutos tais como população em número de habitantes,
produção, renda, em pontos selecionados do mapa. Geralmente utiliza-se o círculo proporcional aos
valores que cada unidade apresenta em relação a uma determinada variável, porém, podem-se utilizar
quadrados ou triângulos. A variação do tamanho do signo depende diretamente da proporção das
quantidades que se pretende representar. Geralmente o número de classes com utilização do tamanho,
deve atingir no máximo cinco classes.

Recomenda-se evitar duas formas de símbolos proporcionais num mesmo mapa (círculo e triângulo),
pois dificultam a comunicação cartográfica. Especialmente, quando é necessário representar duas
informações quantitativas com implantação pontual, pode-se recorrer ao mapa de círculos concêntricos
ou o mapa de semicírculos opostos que permite a comparação de uma mesma variável obtida em
períodos diferentes.
O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de dois valores ao mesmo tempo por meio
de dois círculos sobrepostos com cores diferentes. Este tipo de representação é recomendado para a
apresentação de uma mesma informação em períodos distintos, ou para duas informações diferentes
com dados não muito discrepantes.

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Para representar quantidades na implantação zonal utilizam-se os mapas de pontos. Esse mapa
possui a vantagem de possibilitar uma leitura muito fácil por meio da contagem dos pontos, dando a
sensação de conhecimento da realidade. No entanto a elaboração desse mapa pressupõe muita
abstração uma vez que a distribuição dos pontos não ocorre segundo a distribuição do fenômeno.
Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados absolutos (número de tratores de um
município, número de habitantes, totais de produção, etc.) e o número de pontos deve refletir exatamente
o número de ocorrências. Sua construção depende de duas decisões: qual valor será atribuído a cada
ponto e como esses pontos serão distribuídos dentro da área a ser mapeada.

Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a união de pontos de mesmo valor e são
aplicáveis a fenômenos geográficos que apresentam continuidade no espaço geográfico. Podem ser
construídos a partir de dados absolutos de altitude do relevo (medida em determinados pontos da
superfície da Terra); temperatura, precipitação, umidade, pressão atmosférica (medidas nas estações
meteorológicas); distância-tempo, ou distância-custo (medidas em certos pontos ao longo de vias de
comunicação) e outros, como volume de água (medida em pontos de captação); também podem ser
construídos a partir de dados relativos como densidades, percentagens ou índices.
Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam simular movimentos entre dois pontos ou
duas áreas. Esses movimentos podem ser medidos em certos pontos ao longo das vias de comunicação
ou entre duas áreas, na origem e no destino sem necessariamente especificar a via de comunicação.
Esse tipo de mapa mostra claramente em que direção os valores ou intensidades de um fenômeno
crescem ou decrescem.

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Fenômenos Dinâmicos
O que seria a cartografia do movimento? Uma nova cartografia temática? Uma cartografia
direcionada a preocupação do tempo e da dinâmica espacial?
Entendemos a cartografia do movimento como sendo a cartografia que questiona sua forma
tradicional de representação e de uso. A cartografia tradicionalmente é utilizada como uma
informação estática, datada e como palco resultante das ações humanas. A cartografia vista
como um conhecimento social preocupado com o homem oferece uma linguagem ímpar que é a
linguagem visual para o uso social. Dessa maneira, a cartografia ganha uma nova dimensão que
é a social e, portanto, a mobilidade que o conhecimento social constrói no espaço. Falamos de
dinâmica espacial.
Precisamos ver e usar a cartografia com esses novos olhos, não podemos mais ver a
cartografia e seus produtos como algo pronto e acabado. O mapa um de seus grandes produtos
deve ser articulado como linguagem visual dinâmica, que contêm inúmeros significados culturais.
Vamos utilizar como exemplo a cartografia direcionada para o entendimento do processo
migratório no espaço brasileiro e suas repercussões no meio ambiente, no que popularmente
vem sendo denominada de cartografia ambiental.
A cartografia ambiental está intrincada dentro da cartografia temática, com algumas
especificações e aplicações diferenciadas. Uma cartografia presa por sua vez, a um setor
específico da cartografia temática responsável pela sistematização dos mapas ambientais ou do
ambiente.
A representação gráfica do ambiente está presa na configuração da superfície terrestre e
como ela vem sendo representada pelo homem, bem como a necessidade de enfatizar
paisagens e lugares ocupados pelas atividades do homem.
Quando lidamos com representação gráfica ambiental, estamos nos referindo à técnica e a
arte. Utilizamos a palavra representação no seu mais amplo significado, como expressão da
realidade: um mapa com essa conotação representa melhor o que se conhece da Terra, do que
se pode ver dos pontos mais altos. Vemos o confronto nesta definição de duas visões: a técnica
com todo o seu convencionalismo e a arte com toda a sua abstração.
A representação gráfica faz parte do sistema de signos que o homem constrói para melhor
reter, compreender e comunicar as observações que lhe são necessárias. Refletindo sobre essa
definição e a necessidade que os geógrafos têm de criar subprodutos da representação gráfica,
levantamos uma nova questão referente à cartografia ambiental: temos que criar um novo
sistema de signos para transmitir as informações importantes do ambiente? E como
relacionamos a cartografia ambiental ao processo migratório?
O processo migratório não deve ser visto como mais uma informação a ser passada para o
mapa e sim é a informação que detonar as mudanças ambientais desse espaço. Portanto pensar

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a migração no Brasil atual não apenas pensar no fluxos de pessoas que saem de uma região
desfavorável e caminha em direção a uma região mais favorável economicamente. È pensar no
“peso” do migrante nesse novo espaço. O migrante passa a influenciar muito o local que se
estabelece, chegando a mudar até o predomínio da cor nesse espaço. Exemplo disso é o estado
de Roraima que é um estado com predomínio de moradores de cor branca. Onde estão os índios
desse antigo território indígena? E hoje que se destaca mais nesse estado o branco que domina
as cidades e os modos de produção ou o amarelo que está isolado em áreas rurais em meio a
floresta?
A cartografia ambiental que leve a sério o processo migratório brasileiro deve pensar em
representar graficamente essas questões e fugir as convenções construídas por uma forma
autoritário de ver os mapas. Devemos frisar a cartografia ambiental pertencendo a um contexto
bem específico – o da representação gráfica – dentro da comunicação visual.
Os dois sistemas semiológicos (monossêmico e polissêmico) interagem quando a imagem do
lugar (o que atrai os indivíduos) e o mapa do lugar (novo fator motivador) interagem para a
decisão de escolha e domínio do lugar escolhido para a ação ambiental (seja caminhada,
exploração científica), razão pela qual a cartografia ambiental deve utilizar os dois sistemas
semiológicos, como complementos e não como antagonismos.
A representação gráfica dada a sua complexidade, tem ao longo do tempo aprimorado quanto
à imagem das referências naturais e à precisão da localização dos principais fenômenos
ambientais. Entretanto, não conseguimos apreender sua evolução quanto à visualização do
movimento, pois o número de informações ainda é escasso e temos dificuldade em acompanhar
o desenvolvimento desta nova forma de ver a cartografia temática.
Percebemos o evoluir das técnicas sem a evolução da discussão e apreensão teórica da
cartografia e sua dinâmica espacial. Podemos inferir que os dois sistemas semiológicos são
complementares, um ao outro, proporcionando uma melhor representação gráfica do processo
migratório que influência o fenômeno ambiental, quando utilizados juntos ou correlacionados.
Devemos continuar afirmando a necessidade de uma cartografia do movimento atualmente no
Brasil.

Noções básicas de Geografia Urbana, urbanismo, conceitos de


território e estrutura territorial brasileira.

Noções de Urbanismo e planejamento do território

O conceito urbanismo pode ser definido como o conjunto das questões relativas a arte de edificar uma
cidade. Em outras palavras, é a forma que os profissionais implicados na ação utilizam para expressar
sua maneira de ver a cidade.
A palavra urbanismo tem sua origem no conceito latino “urbs-urbis”, que significa cidade. O urbanismo
e seu conjunto de princípios e processos encarregam-se da urbanização de uma cidade.
Urbanismo e urbanização são conceitos intimamente ligados. Diferenciam-se pelo fato do urbanismo
estar mais associado à idéia de urbanizar; já a urbanização refere-se à ação. De fato urbanismo é
considerado como uma disciplina, uma técnica da arquitetura que se relaciona com o planejamento de,
por exemplo, uma cidade, sendo este seu maior objeto de pesquisa e intervenção. O conceito surgiu no
contexto pós-revolução industrial, dada a necessidade de encontrar soluções para arrumar o estado de
caos em que se encontravam as cidades na época.
Atualmente o planejamento urbano está cada vez mais crescente devido ao crescimento expressivo
de muitas cidades e a necessidade de espaços alternativos relacionados a esse crescimento. Isso incorre
na necessidade de soluções para questões habitacionais, de mobilidade, de lazer e convívio etc.
O urbanismo é a ciência que se ocupa da organização de um espaço urbano acompanhando seu
desenvolvimento com o objetivo de buscar a melhor localização para as ruas, para os edifícios, as
instalações públicas de maneira que a população que viva nestes espaços desfrute de ambientes e
espaços agradáveis e adequados ao convívio. Em resumo, o urbanismo estuda as formas de
apresentação do espaço urbano e procura caminhos para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos
através das diversas transformações que pode oferecer a determinado espaço.

. 14
O Espaço Geográfico e sua compreensão

O conceito de espaço (Espaço Geográfico, no caso) é extremamente importante para a Geografia. É


o seu grande objeto de estudo. Objetivando construir esse conceito de maneira particular (seguindo
bases, mas independente da Física e da Filosofia, por exemplo), as construções epistemológicas na
Geografia têm sido desenvolvidas com o intuito de construir um conceito abrangente de espaço
geográfico que seja capaz de reunir a diversidade das pesquisas Geográficas.
O Espaço Geográfico é entendido como o produto das relações entre o ambiente e a sociedade. Henri
Lefebvre, por exemplo, nas suas contribuições para a construção do conceito, evidencia que o espaço
não é algo dado, mas sim produzido pelo homem a partir da transformação da natureza como fruto de
seu trabalho.
Ainda, o autor salienta que as relações sociais são elementos constituintes do espaço e é a por meio
delas que o homem altera a natureza. Ademais, as relações sociais de produção, consumo e reprodução
(social) são determinantes na produção do espaço.
Por fim, Lefebvre salienta que o espaço deve ser estudado a partir das formas, funções e estruturas,
e que novas relações podem dar funções diferentes para formas preexistentes, pois o espaço não some,
mas sim combina elementos de diferentes tempos.
A partir dessas ideias, outros autores contribuíram para a evolução do conceito. Entre eles,
inegavelmente, um dos mais lidos e debatidos é Milton Santos. Segundo ele, o Espaço Geográfico deve
ser entendido como um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos
e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá.
Para o autor, no princípio, tudo eram coisas, mas hoje tudo tende a ser objeto, uma vez que as próprias
coisas, quando utilizadas pelos homens a partir de um conjunto de intenções sociais, passam, também,
a ser objetos. Toda essa transformação é intermediada pela técnica, sendo está definida como um
conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo
tempo, cria espaço.
Outros conceitos também são extremamente importantes para a Geografia, como os de PAISAGEM e
LUGAR. Para Milton Santos, "a paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprime as
heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza”. Em outras
palavras, é a materialização de um instante da sociedade.

Já o conceito de Lugar remonta à ideia de pertencimento. É uma categoria muito utilizada por aqueles
pensadores que preferem construir uma concepção significativamente compreensiva da Geografia.
Nesse sentido, o lugar pode ser definido como o espaço percebido, uma determinada área ou ponto do
espaço da maneira como são entendidos e percebidos pela razão humana. Seu conceito também se liga
ao chamado espaço afetivo, aquele local em que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou
intimidade, como uma rua, uma praça ou a própria casa.
Esses conceitos (espaço geográfico, lugar e paisagem) são extremamente importantes para a
construção da Geografia enquanto ciência.

ESTRUTURA TERRITORIAL BRASILEIRO

O Brasil é considerado um país de dimensões continentais, pois apresenta uma superfície de


8.511.996 quilômetros quadrados e se enquadra entre os cinco maiores países do mundo. Veja abaixo
os países com maior extensão territorial:

1º - Rússia (17.075.400 km2)


2º - Canadá (9.922.330 km2)
3º - China (9.461.300 km2)
4º - Estados Unidos (incluindo o Alasca e Hawaii: 9.363.124 km2)
5º - Brasil (8.511.996 km2)

O território brasileiro representa 1,6% de toda a superfície do planeta, ocupando 5,7% da porção
emersa da Terra, 20,8% da área de toda a América e 47,3% da América do Sul.
Para se ter uma idéia da dimensão do nosso país (leste - oeste), veja que a distância de Natal (RN) a
Cruzeiro do Sul (AC) é de aproximadamente 4.100 km. Já a distância de Natal até Monróvia, capital da
Libéria (na África Ocidental), é de aproximadamente 2.900 km.

. 15
Localização do Brasil: Localizado na América do Sul, o Brasil ocupa a porção centro-oriental do
continente. Apresenta uma extensa faixa de fronteiras terrestres (15.719 km), limitando-se com quase
todos os países sul-americanos (exceção do Chile e do Equador). Apresenta também uma extensa orla
marítima (7.367 km), banhada pelo oceano Atlântico.
O Brasil localiza-se a oeste do meridiano inicial ou de Greenwich, situando-se, portanto, inteiramente
no hemisfério ocidental. É cortado, ao norte, pela linha do equador e apresenta 7% de suas terras no
hemisfério norte, ou setentrional, e 93%, no hemisfério sul, ou meridional. Ao sul, é cortado pelo Trópico
de Capricórnio (esta linha imaginária passa em São Paulo), apresentando 92% do seu território na zona
intertropical, isto é, entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. Os 8% restantes estão na zona
temperada do sul, entre o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico.
A localização geográfica do Brasil e suas características políticas, econômicas e sociais enquadram-
no em determinados blocos de nações. Quando havia o chamado conflito leste-oeste, o Brasil assumia
sua posição de país ocidental e capitalista; como país meridional, no diálogo norte-sul, alinha-se entre os
países pobres (do sul); e como país tropical compõe o grupo dos países espoliados pelo colonialismo
europeu e posteriormente pelo neocolonialismo dos desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos.

As Coordenadas Geográficas do Brasil

Área total do território brasileiro: 8.547.403,5 km²


Área terrestre: 8.455.508 km²
Área ocupada por águas (rios, lagos, córregos, etc): 55.457 km²
Centro Geográfico: Barra do Garças (município situado no estado do Mato Grosso)
Distância entre o ponto extremo Norte e Sul: 4.320 km
Distância entre o ponto extremo Leste e Oeste: 4.336 km
Ponto extremo setentrional: fica no estado de Roraima, na nascente do rio Ailã (monte
Caburaí), fronteira com a Guiana.
Ponto extremo Meridional: fica no Rio Grando do Sul, numa das curvas do rio Arroio
Chuí, a 33° 45' 03" de latitude Sul, na fronteira com o Uruguai.
Ponto extremo Oriental: fica no estado da Paraíba, na Ponta do Seixas.
Ponto extremo Ocidental: fica no estado do Acre, na Serra da Contamana, nascente do
rio Moa (fronteira com o Peru).

Fusos Horários: O território brasileiro está localizado a oeste do meridiano de Greenwich (longitude
0º) e, em virtude de sua grande extensão longitudinal, compreende quatro fusos horários, variando de
duas a cinco horas a menos que a hora do meridiano de Greenwich (GMT). O primeiro fuso (30º O) tem
duas horas a menos que a GMT. O segundo fuso (45º O), o horário oficial de Brasília, é três horas
atrasado em relação à GMT. O terceiro fuso (60º O) tem quatro horas a menos que a GMT. O quarto e
último possui cinco horas a menos em relação à GMT.

Horário de verão: Prática adotada em vários países do mundo para economizar energia elétrica.
Consiste em adiantar os relógios em uma hora durante o verão nos lugares onde, nessa época do ano,
a duração do dia é significativamente maior que a da noite. Com isso, o momento de pico de consumo
de energia elétrica é retardado em uma hora. Usado várias vezes no Brasil no decorrer do século XX
(1931, 1932, 1949 a 1952, 1963 e 1965 a 1967), o horário de verão é retomado a partir de 1985.
Em 1998 tem início em 11 de outubro, com duração prevista até 21 de fevereiro de 1999. Atinge 12
estados e o Distrito Federal: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Bahia. Nos demais
estados, tanto no inverno quanto no verão, não há diferença significativa na duração do dia e da noite. A
economia resultante da adoção do horário de verão equivale, em média, a 1% do consumo nacional de
energia. Em 1997, a redução média do consumo de energia elétrica durante os três primeiros meses
(outubro a dezembro) de vigência do horário de verão nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste é de 270
megawatts, ou 0,9%. Esse valor corresponde à energia consumida, no mesmo período, por um estado
do tamanho de Mato Grosso do Sul. No horário de pico, entre 17h e 22h, a redução registrada é de 1.480
MW, ou cerca de duas vezes a capacidade de geração da usina nuclear Angra I.
Segundo a Lei nº 11.662, de 24 de abril de 2008, a partir de zero hora de 24 de junho de 2008 passaram
a vigorar no Brasil 3 (três) fusos horários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou), sem vetos,
a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários usados no Brasil. A mudança atingirá
municípios nos Estados do Acre, Amazonas e Pará. Os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de

. 16
uma hora em relação a Brasília. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre, sofrerão
a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas. A mudança na lei também
fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a ter apenas um. Os relógios da
parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o
mesmo horário de Brasília.
O projeto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), foi aprovado no Senado em 2007. Ao tramitar
na Câmara, foi alvo de pressão de emissoras de televisão. O lobby foi por conta da entrada em vigor de
portaria do Ministério da Justiça que determinou a exibição do horário de programas obedecendo à
classificação indicativa. Parlamentares da região Norte ainda pressionam o governo em virtude das regras
da classificação indicativa. Ela determina que certos programas não indicados para menores de 14 anos,
por exemplo, não possam ser exibidos em todo o território nacional no mesmo horário, já que existem
diferenças de fuso.

Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início em 1941 sob a coordenação do Prof. Fábio
Macedo Soares Guimarães. O objetivo principal de seu trabalho foi de sistematizar as várias "divisões
regionais" que vinham sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única Divisão Regional do
Brasil para a divulgação das estatísticas brasileiras. Com o prosseguimento desses trabalhos, foi
aprovada, em 31/01/42, através da Circular nº1 da Presidência da República, a primeira Divisão do Brasil
em regiões, a saber: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. A Resolução 143 de 6 de julho de 1945,
por sua vez, estabelece a Divisão do Brasil em Zonas Fisiográficas, baseadas em critérios econômicos
do agrupamento de municípios. Estas Zonas Fisiográficas foram utilizadas até 1970 para a divulgação
das estatísticas produzidas pelo IBGE e pelas Unidades da Federação. Já na década de 60, em
decorrência das transformações ocorridas no espaço nacional, foram retomados os estudos para a
revisão da Divisão Regional, a nível macro e das Zonas Fisiográficas.
Hoje, nos parece tão óbvio que o Brasil seja dividido em cinco regiões, que nem paramos para
perguntar por que ele foi organizado desse jeito. Da mesma forma, não questionamos por que um estado
pertence a determinada região e não a outra. O Brasil é o maior país da América do Sul. De acordo com
dados de 1999, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua área é de 8.547.403,5
quilômetros quadrados. Apenas quatro países no mundo inteiro -- Rússia, Canadá, China e Estados
Unidos - têm território maior do que o brasileiro. Dividir o Brasil em regiões facilita o ensino de geografia
e a pesquisa, coleta e organização de dados sobre o país, o seu número de habitantes e a idade média
da população.
A razão é simples: os estados que formam uma grande região não são escolhidos ao acaso. Eles têm
características semelhantes. As primeiras divisões regionais propostas para o país, por exemplo, eram
baseadas apenas nos aspectos físicos -- ou seja, ligados à natureza, como clima, vegetação e relevo.
Mas logo se começou a levar em conta também as características humanas -- isto é, as que resultam da
ação do homem, como atividades econômicas e o modo de vida da população, para definir quais estados
fariam parte de cada região.
Então, se os estados de uma região brasileira têm muito em comum, o que é mais útil: estudá-los
separadamente ou em conjunto? Claro que a segunda opção é melhor. Para a pesquisa, coleta e
organização de dados, também. Assim é possível comparar informações de uma região com as de outra
e notar as diferenças entre elas. Dessa forma, por exemplo, os governantes podem saber em qual região
há mais crianças fora da escola. E investir nela para resolver o problema.

. 17
Pequeno retrato das grandes regiões
Atualmente, o Brasil tem 26 estados e um Distrito Federal distribuídos em cinco grandes regiões. E
você já sabe que para fazer parte de uma mesma região os estados precisam apresentar características
comuns. Na região Norte, Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins têm em comum
o fato de serem, em sua maior parte, cobertos pela Floresta Amazônica. Grande parte da população vive
na beira de rios e a atividade econômica que predomina é a extração vegetal e de minerais, como o ferro,
a bauxita e o ouro. Já os estados da região Sudeste - Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
Paulo - são os que mais geram riquezas para o país, reunindo a maior população e produção industrial.
Na região Centro-Oeste, a vegetação predominante é o cerrado, que está sendo ocupado por plantações
de soja e pela criação de gado. Na região Nordeste, o clima que predomina no interior é o semiárido,
embora no litoral, onde as principais atividades econômicas são o cultivo de cana-de-açúcar e de cacau,
o clima seja mais úmido. Na região Sul - que apresenta o clima mais frio do país, destaca-se o cultivo de
frutas, como uva, maçã e pêssego, além da criação de suínos e de aves.

Brasil dividido = pequenos 'brasis'

A primeira divisão do território do Brasil em grandes regiões foi proposta em 1913, para ser usada no
ensino de geografia. Os critérios usados para fazê-la foram físicos: levou-se em consideração o relevo, o
clima e a vegetação, por exemplo. Não foi à toa! Na época, a natureza era considerada duradoura e as
atividades humanas, mutáveis. Considerava-se que a divisão regional deveria ser baseada em critérios
que resistissem por bastante tempo. Observe o mapa e veja que interessante:

Em 1913, o território nacional foi dividido em cinco "brasis" e não em regiões. O Brasil Setentrional ou
Amazônico reunia Acre, Amazonas e Pará. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco e Alagoas formavam o Brasil Norte-Oriental. O Brasil Oriental agregava Sergipe, Bahia,
Espírito Santo, Rio de Janeiro - onde ficava o Distrito Federal, a sede do governo brasileiro - e Minas
Gerais. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul faziam parte do Brasil Meridional. E
Goiás e Mato Grosso, do Brasil Central.
A forma como foi feita a divisão revela que, na época, havia uma preocupação muito grande em
fortalecer a imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a República havia sido proclamada há
poucos anos, em 15 de novembro de 1889. A divisão em grandes regiões proposta em 1913 influenciou
estudos e pesquisas até a década de 1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território do
Brasil, cada uma usando um critério diferente. Acontece que, em 1938, foi preciso escolher uma delas
para fazer o Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém informações sobre a população, o
território e o desenvolvimento da economia que é atualizado todos os anos. Mas, para organizar as
informações, era necessário adotar uma divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo
Ministério da Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e note quantas diferenças!

. 18
Maranhão e Piauí - que atualmente fazem parte da região Nordeste - foram incluídos na região Norte,
junto com o território do Acre e os estados do Amazonas e do Pará. No Nordeste, ficavam Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região Sudeste, mas, sim, uma região
chamada Este, onde se localizavam os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região Sul, veja
só, estavam o Rio de Janeiro - que, na época, era a capital do país - e São Paulo, que hoje fazem parte
da região Sudeste. Além deles, ficavam na região Sul os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. A região Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada Centro, onde estavam Mato
Grosso, Goiás e Minas Gerais, que hoje em dia localiza-se na região Sudeste. Como a divisão proposta
em 1913, esta organização do território brasileiro não era oficial. Mas, em 1936, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) foi criado. E começou uma campanha para adotar uma divisão regional
oficial para o Brasil.

Divisão para valer


Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o IBGE sugeriu que fosse adotada a divisão feita
em 1913 com algumas mudanças nos nomes das regiões. A escolha foi aceita pelo presidente da
República e adotada em 1942. Logo ela seria alterada com a criação de novos Territórios Federais. Em
1942, o arquipélago de Fernando de Noronha foi transformado em território e incluído na região Nordeste.
Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio Branco e Amapá - todos parte da região Norte,
o território de Iguaçu foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colocado na região Centro-Oeste. É
bom lembrar que a divisão em grandes regiões tinha de acompanhar as transformações que estavam
ocorrendo na divisão em estados e territórios do país. Assim, a divisão regional do Brasil em 1945 era a
seguinte:

Na região Norte, estavam os estados do Amazonas e Pará, os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco
e Guaporé. A região Nordeste foi dividida em ocidental e oriental. No Nordeste ocidental, encontravam-
se Maranhão e Piauí. No oriental, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, além do
território de Fernando de Noronha. Ainda não existia a região Sudeste, mas uma região chamada Leste,

. 19
dividida em setentrional e meridional. Sergipe e Bahia estavam na parte setentrional. Na meridional,
ficavam Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (na época, sede do Distrito Federal). A região Sul
incluía os estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, além do território de
Iguaçu. E, na região Centro-Oeste, os estados de Mato Grosso e Goiás e o território de Ponta Porã.
Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã foram extintos. Em 1960, Brasília foi construída
e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido para o Centro-Oeste. Na região Leste, o antigo Distrito
Federal tornou-se o estado da Guanabara. Em 1969, uma nova divisão regional foi proposta porque a
divisão de 1942 já não era considerada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e divulgação de
dados sobre o país. Veja como ficou o mapa do Brasil em 1970:

Na região Norte, estão os estados do Acre, Amazonas e Pará; Territórios de Rondônia, Roraima e
Amapá. Na região Nordeste, os estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, e o Território de Fernando de Noronha. A região Leste sumiu!
Quem a substituiu foi a região Sudeste, formada por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, estado
da Guanabara e São Paulo. Na região Sul, localizavam-se Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na região Centro-Oeste, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (a cidade de Brasília).
Atualmente, continua em vigor essa proposta em 1970. Apenas algumas alterações foram feitas. Em
1975, o estado da Guanabara foi transformado em município do Rio de Janeiro. Em 1979, Mato Grosso
foi dividido, dando origem ao estado do Mato Grosso do Sul. A Constituição Federal de 1988 dividiu o
estado de Goiás e criou o estado de Tocantins, que foi incluído na Região Norte. Com o fim dos territórios
federais, Rondônia, Roraima e Amapá tornaram-se estados e Fernando de Noronha foi anexado ao
estado de Pernambuco.
República Federativa do Brasil, com 26 estados e l Distrito Federal, nosso país teve outros sistemas
de organização político-administrativa: capitanias hereditárias (1534-1548), governo-geral (1549-1808),
vice-reino (1808-1822), monarquia (1822-1889) e república (de 1889 até hoje). Desde a década de 1940
existe um centro de estudos e pesquisa especializado em "descobrir" nosso país, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Recentemente, acompanhamos a divulgação pela mídia de que o Brasil
ultrapassou os 169 milhões de habitantes. Essas informações e outras, como por exemplo, sobre
desempenho econômico ou mortalidade infantil, são de responsabilidade do IBGE.

O IBGE e a divisão regional do Brasil


Foi com o objetivo de conhecer o território nacional e os dados estatísticos da população brasileira que
Getúlio Vargas fundou o IBGE em 1938. Para realizar essa tarefa, era preciso considerar as grandes
diferenças existentes entre as diversas áreas do país. Dessa forma, entre 1941 e 1945 foram feitas as
duas primeiras divisões regionais do Brasil, baseadas no critério de região natural. Compreende-se por
região natural uma determinada área geográfica que passa a ser caracterizada segundo um ou mais
aspectos naturais, como o clima, o relevo ou a vegetação, Veja como o IBGE dividiu inicialmente o Brasil.
Apenas em 1969, o IBGE elaborou uma nova divisão regional, adorando dessa vez o critério de regiões
homogêneas. O conceito de região homogênea é mais abrangente do que o de região natural, pois vai
além dos aspectos criados pela natureza, E definido pelo conjunto de elementos naturais, sociais e
econômicos da região. A principal modificação em relação à divisão anterior foi a criação da região
Sudeste, em virtude da cristalização dessa área como o "coração econômico do país". A divisão regional
de 1969 continua vigorando, apesar de a Constituição de 1988 ter aprovado algumas modificações; os
territórios de Roraima c do Amapá foram transformados em estados; Fernando de Noronha foi anexado

. 20
ao estado de Pernambuco; o estado de Tocantins foi desmembrado do estado de Goiás e incorporado à
região Norte.
A divisão atual do Brasil compreende 27 unidades político administrativas, sendo 26 estados e o
Distrito Federal. O Brasil é formado por cinco diferentes regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e
Sudeste. A região Sudeste é a mais populosa e desenvolvida, e é onde está situada as cidades de São
Paulo e Rio de Janeiro. O nordeste é turisticamente conhecido por suas praias, e possui duas grandes
cidades: Salvador e Recife. Historicamente a região Nordeste foi a mais rica, exportando cana-de-açúcar
e madeira (principalmente o pau-brasil).
A região Norte é a menos desenvolvida e populosa de todas, e onde está situada a Floresta
Amazônica, conhecida mundialmente por sua extensão e grande quantidade de rios. Suas cidades mais
importantes são: Manaus e Belém. A Região Centro-Oeste abriga a cidade de Brasília, capital do país,
que foi construída na década de 60 pelo presidente Juscelino Kubitschek, e projetada pelo arquiteto Oscar
Niemeyer. A região sul é marcada pela imigração italiana e alemão (principalmente), possui diversas
cidades com grande influência da cultura desses países europeus. Possui apenas três estados, e as três
capitais são cidades importantes: Porto Alegre no Rio Grande do Sul, Florianópolis em Santa Catarina e
Curitiba no Paraná.

Estados e Capitais

Região Norte
- Amapá – AP (Capital: Macapá)
- Acre - AC (Capital: Rio Branco)
- Roraima - RR (Capital: Boa Vista)
- Rondônia – RO (Capital: Porto Velho)
- Amazonas – AM (Capital: Manaus)
- Pará - PA (Capital: Belém)
- Tocantins - TO (Capital: Palmas)

Região Nordeste
- Bahia – BA (Capital: Salvador)
- Sergipe - SE (Capital: Aracaju)
- Alagoas - AL (Capital: Maceió)
- Paraíba - PB (Capital: João Pessoa)
- Pernambuco – PE (Capital: Recife)
- Rio Grande do Norte – RN (Capital: Natal)
- Maranhão - MA (Capital: São Luís)
- Piauí - PI (Capital: Teresina)
- Ceará - CE (Capital: Fortaleza)

Região Centro-Oeste
- Goiás - GO (Capital: Goiânia)
- Mato Grosso - MT (Capital: Cuiabá)
- Mato Grosso do Sul - MS (Capital: Campo Grande)
- Distrito Federal – DF

Região Sudeste
- São Paulo – SP (Capital: São Paulo)
- Rio de Janeiro - RJ (Capital: Rio de Janeiro)
- Espírito Santo - ES (Capital: Vitória)
- Minas Gerais - MG (Capital: Belo Horizonte)

Região Sul
- Paraná – PR (Capital: Curitiba)
- Rio Grande do Sul – RS (Capital: Porto Alegre)
- Santa Catarina – SC (Capital: Florianópolis).

. 21
Censos Demográficos
Os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas
e a tomada de decisões de investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer
nível de governo, e constituem a única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos
municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas
realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.
A realização de um levantamento como o Censo Demográfico representa o desafio mais importante
para um instituto de estatística, sobretudo em um país de dimensões continentais como o Brasil, com
8.514.215,3 km2, composto por 27 Unidades da Federação e 5.507 municípios existentes na data de
referência da pesquisa, abrangendo um total de 54.265.618 de domicílios pesquisados.

Novos Estados e a divisão territorial do Brasil3


O princípio central do livro Novos estados e a divisão territorial do Brasil, de José Donizete Cazzolato,
é que o conceito de igualdade social pode ser estendido para a estrutura territorial da federação brasileira
gerando maior igualdade entre os cidadãos. Essa ideia perpassa o livro inteiro, no qual se explora a
questão da criação dos estados de Carajás e Tapajós.
Nessa obra, o termo “território” tem conteúdo econômico, político, identitários e geográfico, o que
mostra a interdisciplinaridade e a complexidade do problema tratado, além de revelar a importância da
geografia para abordá-lo.
A preocupação principal do autor é que diversas propostas de criação de novos estados brasileiros,
mediante emancipação de velhos estados, venham a alterar de maneira prejudicial o “frágil equilíbrio” da
federação brasileira. A omissão de nossa Constituição em detalhar tecnicamente a questão da criação de
estados e a ausência de outras normas legais que discorram sobre o assunto trazem preocupações, pois
abrem a possibilidade de uma questão crucial ser tratada mediante projetos improvisados, frágeis e sem
compromissos com a federação como um todo.
A sugestão de Cazzolato é que tais propostas devam atender a certos critérios técnicos para que então
possam ser tratadas como viáveis. A grande contribuição desse livro está no fornecimento de tais critérios
e na observação da existência de um padrão territorial brasileiro ao qual a maioria de nossos estados se
conforma.
O padrão territorial seria apenas um primeiro passo para tornar a criação de novos estados um ponto
menos vulnerável em nosso desenho institucional. Neste ponto, o livro de Cazzolato é uma recomendação
e um convite ao debate, pois a criação de novos estados, dentro ou fora do padrão proposto, gera impacto
no sistema político e econômico de nossa federação. A análise técnica leva o debate para um novo
patamar, no qual opiniões apaixonadas perdem espaço para cuidadosas observações.

Sistemas de informação geográfica: conceituação, requisitos e


funcionalidades.

Sistema de Informação Geográfica: Esse sistema, além de organizar os dados socioeconômicos e


espaciais, permite a visualização da localização geográfica destes, possibilita a sua análise e facilita a
manipulação dos mesmos, em especial quando existe uma grande quantidade de dados.

A diferença fundamental4 entre um software de CAD e SIG, reside na diversidade de dados utilizados
para a realização de suas tarefas, sendo que um SIG utiliza muito mais dados do que um CAD. O SIG
realiza operações com dados vetoriais e matriciais (imagens "raster"), enquanto os CAD's se limitam a
trabalhar com dados vetoriais. O CAD é usado para desenhos de caráter técnico que variam desde
projetos de aviões até projetos de circuitos integrados, podendo ser usado para geração de cartas. No
entanto, o CAD não oferece facilidades para execução desta tarefa, ao contrário do gerador de cartas
que tem funções especializadas para a elaboração de cartas.
Segue, a seguir, um texto disponível no Portal www.transportes.gov.br acerca da definição e
contextualização do SIG:

Já há algum tempo, com a evolução da informática, surgiram novas possibilidades de análises


estratégicas para o auxílio na tomada de decisão. A possibilidade de visualização dos resultados das
3
Adaptado de: CAZZOLATO. José Donizete. Novos Estados e a divisão territorial do Brasil- uma visão geográfica. São Paulo: São Paulo:
Oficina de textos, 2011.
4
Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/geracao.html

. 22
análises, espacialmente em um mapa, faz com que a compreensão por intermédio do analista seja de
forma facilitada e clara. Esse tipo de tecnologia é chamada de Sistema de Informação Geográfica – SIG,
mas essa tecnologia já era usada bem antes da invenção do computador.
Um bom exemplo disso é um caso acontecido na cidade de Londres em 1854. Nessa época Londres
estava sofrendo uma grave epidemia de cólera, doença cuja forma de contaminação não se conhecia.
Numa situação em que já havia ocorrido mais de 500 mortes, o doutor John Snow teve uma ideia: colocar
no mapa da cidade a localização dos doentes de cólera e dos poços de água (naquele tempo, a fonte
principal de água dos habitantes da cidade).
Com a espacialização dos dados, o doutor Snow percebeu que a maioria dos casos estava
concentrada em torno do poço da Broad Street e ordenou que este fosse lacrado, o que contribuiu em
muito para debelar a epidemia.
Esse caso forneceu evidência empírica para a hipótese (comprovada posteriormente) de que a cólera
é transmitida por ingestão de água contaminada. Essa é uma situação típica em que a relação espacial
entre os dados muito dificilmente seria inferida pela simples listagem dos casos de cólera e dos poços. O
mapa do doutor Snow passou para a história como um dos primeiros exemplos que ilustram bem o poder
explicativo da análise espacial e do GIS.
Segundo Korte (2001) ¹, o SIG é uma ferramenta utilizada para análises de informação geográfica que
usa funções de dados geométricos ligados a tabelas de atributos alfanuméricos. Essas ligações são feitas
por meio de um identificador (chave). Os dados geométricos e alfanuméricos, dessa forma interligados,
suprem sistemas computacionais, o que possibilita a análise de problemas predeterminados. Um GIS
permite a visualização espacial dos dados através de interfaces gráficas dos sistemas e/ou através da
confecção de mapas impressos, nos quais são ilustradas as soluções de problemas. A seguir, discorre-
se sobre definições associadas ao GIS.

. 23
Os dados espaciais são observações documentadas ou resultados da medição. A disponibilidade dos
dados oferece oportunidades para a obtenção de informações. Os dados podem ser obtidos pela
percepção, através dos sentidos (por exemplo, observação), ou pela execução de um processo de
medição. Nesta seção descreveu - se quais são as características dos dados utilizados nos sistemas de
informação geográfica – GIS.
Uma base de dados geográfica é um depósito de fatos ou conceitos do mundo real que possuem
atributos convencionais e atributos espaciais que descrevem sua forma e indicam sua localização na
Terra (sobre/sob).
O depósito de dados espaciais ocorre tanto na forma de sistemas de arquivos como na de sistemas
de banco de dados. Como no sistema de banco de dados, existem diversas vantagens comparadas ao
sistema mais tradicional de armazenamento de dados espaciais. A grande maioria dos aplicativos SIG
ainda trabalha com sistemas de arquivos, perdendo assim todas as vantagens de um SGBD (Sistema
Gerenciador de Banco de Dados). Ao utilizar um sistema de banco de dados, é primordial que os atributos
convencionais e espaciais estejam relacionados, para que, a partir de tais dados, o usuário consiga
encontrar determinada informação. Além disso, o banco de dados permite o relacionamento entre as
entidades espaciais.
Sendo assim, a expressão "banco de dados espacial" pode ser usada quando se quer utilizar um
repositório de dados com relações entre as entidades espaciais que descrevam a localização no espaço
e sua forma de representação, nas notações de área, linha ou ponto.
Um banco de dados espacial é um dos principais componentes de um SIG, pois é nele que estão
armazenados as referências da relação do dado com o mundo real, principalmente no que tange à
geografia. Por meio do banco de dados espacial é possível um SIG realizar processamentos geométricos,
análise espacial e fazer relação entre dados convencionais e espaciais.

Informações Georreferenciadas
Entende-se por Georreferenciamento de uma determinada imagem, mapa ou outros produtos
cartográficos quando suas coordenadas tornam-se conhecidas em um dado sistema de referência.
Obtém-se o georreferenciamento com a obtenção das coordenadas de pontos da imagem ou do mapa
(pontos de controle). Esses pontos são locais que oferecem uma feição física perfeitamente identificável,
como em intersecções de estradas e de rios, grandes reservatórios de água, aeroportos, grandes
monumentos etc. A obtenção dessas coordenadas se dá em campo, por meio de levantamentos

. 24
topográficos com uso de GPS, em mesas digitalizadoras ou mesmo em outras imagens ou mapas
georreferenciados.
O georreferenciamento está presente em diversas atividades no Brasil. O País conta com o INDE
(Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais), instituída pelo Decreto Nº 6.666 de 27/11/2008, visando
estabelecer um conjunto integrado de tecnologias; políticas; mecanismos e procedimentos de
coordenação e monitoramento; padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o
armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso dos dados geoespaciais de
origem federal, estadual, distrital e municipal.
A INDE objetiva promover o adequado ordenamento na geração, armazenamento, acesso,
compartilhamento, disseminação e uso dos dados geoespaciais; promover a utilização, na produção dos
dados geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e municipal, dos padrões
e normas homologados pela Comissão Nacional de Cartografia – CONCAR; e evitar a duplicidade de
ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais, por meio da divulgação da
documentação (metadados) dos dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos das esferas
federal, estadual, distrital e municipal. O Georreferenciamento é utilizado por vários segmentos no Brasil,
sejam públicos ou privados.
No Portal do Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, estão disponibilizados diversos mapas
georreferenciados sobre unidades de conservação no Brasil. O print da tela a seguir identifica os links a
serem acessados para tal:

Ainda, pode ser utilizado como exemplo o projeto de georreferenciamento dos Arranjos Produtivos
Locais realizado pelo BNDES. A imagem a seguir identifica links de acesso:

. 25
Na sequência, mais um exemplo de georreferenciamento aplicado ao Brasil, do Ministério das Minas
e Energia. Nesta imagem, foram selecionados as Bases Cartográficas, as Cartas Topográficas e as
Linhas de Transmissão.

Conceitos fundamentais de topologia; relacionamentos


topológicos em ambiente SIG.

Para a melhor compreensão desse assunto, o mesmo fora elaborado junto com o tópico “Banco de
dados e banco de dados geográfico; formato de dados cartográficos: raster, vetor, requisitos de
topologia; armazenamento de informações geoespaciais em ambiente de banco de dados
relacional e orientado a objeto”.

. 26
Interoperabilidade em sistemas de informações geográficas

Integração e interoperabilidade entre fontes de dados geográficos

Intercâmbio de dados geográficos5


Problemas inerentes ao intercâmbio de dados geográficos Entendemos por intercâmbio de dados a
capacidade de compartilhar e trocar informações e processos entre diferentes usuários de informação. O
grande desafio do intercâmbio de dados é enfrentar a diversidade de modelos conceituais dos SIGs
disponíveis no mercado. Esta diversidade faz com que muitas organizações produtoras de informação
georreferenciada sigam regras conceituais vinculadas ao sistema por elas utilizado. O resultado é um
ambiente heterogêneo, onde cada organização tem sua maneira de organizar a informação espacial.
A falta de modelos conceituais comuns acarreta problemas na troca de dados entre organizações
utilizando SIGs distintos. Estes problemas incluem distorção de dados, perdas de qualidade da
informação e de definições de atributos e informação sobre georreferenciamento. A tarefa de
compartilhamento de dados geográficos deve envolver processos para garantir que a informação não
seja perdida ou corrompida na transferência, e ferramentas para prevenir inconsistências resultantes de
conjuntos de dados redundantes. Dada a variedade de usuários e diversidade do uso do dado espacial e
sistemas de computação, é conveniente dispor de mecanismos de intercâmbio para compartilhar dados
entre diferentes sistemas de computação.
Em SIGs, realizar intercâmbio de dados não é uma tarefa simples, devido à complexidade da
informação geográfica envolvida, ocorrendo incompatibilidades em vários níveis. O problema vem sendo
estudado em diferentes níveis, como a conversão entre formatos de dados próprios de cada SIG, a
conversão entre semânticas de bancos de dados distintos e o desenvolvimento ou uso de modelos gerais
de dados geográficos propostos por diferentes organizações.
Conversão sintática de dados geográficos
O armazenamento dos dados geográficos em um SIG é organizado em estruturas próprias que
descrevem características dos dados, por exemplo, coordenadas dos pontos que formam um polígono
representando geometricamente uma dada entidade geográfica. As entidades geográficas possuem uma
representação geométrica ou geometria e atributos associados. A geometria vetorial é baseada nas
primitivas: ponto, linha e polígonos, que podem ser derivadas para formar estruturas mais complexas. A
Figura abaixo mostra exemplos de geometrias vetoriais.

Geometrias vetoriais usadas em SIGs.

Normalmente a organização dos dados nos SIGs é distribuída em “camadas” (“layers” ou “planos de
informação”), onde cada camada contém uma variável geográfica distinta, por exemplo uma imagem de
satélite de uma região, os municípios desta região, a sua geomorfologia, ou hidrologia. Cada camada é
representada internamente em estruturas lógicas próprias de cada SIG e armazenada em arquivos
distintos de acordo com o formato próprio do sistema utilizado. Este esquema de codificação e os arquivos
de sistema ou de exportação possuem uma sintaxe própria para descrever as entidades (geometria e
atributos), ou seja, a forma de escrever o dado. Consideramos este esquema próprio de cada sistema
para armazenar e documentar seus dados, o nível sintático.
Tradicionalmente, muito do trabalho realizado em intercâmbio de dados geográficos trata de
transformações estruturais (Gardels, 1996). A abordagem mais básica é a conversão sintática direta de
formatos, que procura realizar a interpretação e tradução dos arquivos de informação geográfica em
diferentes formatos, permitindo que um sistema compreenda os dados provenientes de outros sistemas.
Isto é eficiente desde que o desenvolvedor da conversão tenha conhecimento dos formatos envolvidos
para não comprometer a qualidade dos dados no processo de conversão. Cada sistema tem sua própria
definição e nomenclatura para as diferentes formas de geometria. A Figura abaixo mostra dois trechos de
arquivos em diferentes formatos de exportação. O lado esquerdo é um fragmento de um arquivo com

5
Fonte: http://www.dpi.inpe.br/livros/bdados/cap9.pdf

. 27
extensão E00 proveniente do software Arc/Info o da direita é um fragmento de um arquivo de extensão
MIF proveniente do software MapInfo. Ambos descrevem uma mesma entidade, com a mesma geometria
e as mesmas coordenadas, mas com uma sintaxe própria.

Arquivos diferentes - E00 x MIF.

Entendendo a estrutura específica de um formato, é possível escrever um código que trata as


características de cada sistema envolvido, viabilizando a conversão ou importação direta, atingindo desta
forma um grau de interoperabilidade no nível sintático.
Por fim, cabe salientar que, apesar dos avanços no uso de gerenciadores de dados geográficos, a
primeira geração de SIGs possui suporte limitado a banco de dados e utiliza arquivos para
armazenamento e exportação de dados espaciais, o que torna possível encontrar um acervo relevante
de dados espaciais em arquivos de diferentes formatos. Assim, a abordagem mais básica para
intercâmbio de dados geográficos é a conversão sintática direta, que procura realizar a tradução dos
arquivos de informação geográfica entre diferentes formatos.
Para permitir este tipo de conversão, os SIGs trabalham com duas alternativas:
Oferecer um formato de exportação ASCII de fácil legibilidade, como DXF (Autocad), MID/MIF
(MapInfo), E00 (Arc/Info) e SPR (Spring);
Documentar as estruturas de dados internas, como é o caso do SHP (ArcView).

Uso de metadados
Metadados são “dados sobre os dados”, descrevem o conteúdo, condição, histórico, localização e
outras características do dado, (FGDC, 2001). O objetivo do seu uso é ter um mecanismo para identificar
qual dado existe, a sua qualidade, como acessá-lo e usá-lo. Assim, os metadados tratam a
interoperabilidade em nível de gerenciamento da informação, facilitando a recuperação de uma
informação contida em um banco de dados.
Por exemplo, uma base de dados contendo mapas com a informação sobre aptidão climática ao
plantio de várias culturas pode incluir, em seus metadados, uma descrição referente ao tipo de cultura
contido nos mapas, por exemplo: Aptidão climática ao plantio de abacaxi ou Aptidão climática ao plantio
de algodão, o que identifica o tipo de cultura a que o dado se refere, facilitando a consulta ao banco.
Há propostas de padrões nos Estados Unidos e no Canadá (FGDC, 2001), com o objetivo de fornecer
terminologia e definições comuns para conceitos relacionados aos metadados geográficos. A seguir
descrevemos a proposta do FDGC, como exemplo de esquema de metadados.
O FGDC (Federal Geographic Data Committee) é um comitê entre agências para promover a
coordenação do uso, troca e disseminação de dados espaciais nos EUA. O FGDC (2001) propõe um
padrão que especifica os elementos necessários para suportar os principais usos de metadados: ajudar
a manter um investimento interno em dado espacial, pelas organizações; prover informação sobre o
domínio de dados de uma organização; prover informação para processar e interpretar dados transferidos
de uma fonte externa.
O padrão estabelece um conjunto comum de terminologia e definições para a documentação do dado
geográfico, incluindo elementos para os seguintes tópicos: identificação, qualidade do dado, organização
espacial do dado, referência espacial, informação sobre entidade e atributo, distribuição e referência do
metadado (NSDI, 1997).

. 28
O padrão permite ao usuário saber: qual dado está disponível, se o dado atende suas necessidades
específicas, onde achar o dado e como acessar o dado. Muitos dados estão disponíveis com este formato
de metadados nos EUA onde, estados, governos locais ou do setor privado são incentivados a adotar o
padrão para documentar seus dados.
O FGDC também patrocina a criação de uma Clearinghouse (National Geospatial Data Clearinghouse)
um Website que guia usuários ao melhor dado espacial para seus projetos por meio de pesquisa a
metadados. A intenção não é centralizar todos os dados geográficos em um local, mas prover links na
Internet para distribuir Websites onde os dados são produzidos e mantidos. Gerenciadores documentam
e disponibilizam seus dados, de acordo com o padrão, para a Clearinghouse, assim usuários podem
achar facilmente uma informação, o que promove interoperabilidade entre organizações.
Como sua ênfase é na disponibilidade da informação, o padrão FGDC não especifica a maneira pela
qual a informação está organizada nem o processo de transferência. Com exceção da parte de entidades
e atributos, que pode revelar parte do significado do dado, as demais partes não descrevem a semântica
da informação espacial.
O grande problema da proposta do FGDC, e do uso de metadados em geral, é a excessiva ênfase
em informações que descrevem o processo de produção dos dados. Com relação à sintaxe, o padrão
limita-se a indicar qual o formato em que os dados estão disponíveis. No aspecto semântico, suas
informações são muito limitadas, pois o FGDC não adota o “modelo padrão” de geoinformação (campos
e objetos). Adicionalmente, o padrão do FGDC reflete os compromissos inevitáveis do “projeto de comitê”,
pois requer uma excessiva quantidade de informações (de aplicação questionável), com dezenas de
formulários.
Em resumo, a substancial burocracia envolvida em adotar o padrão FGDC não se traduz em
benefícios proporcionais. Estes fatos talvez expliquem porque sua adoção ainda está limitada e porque o
consórcio OpenGIS propõe seu próprio formato para metadados.

Uso de ontologias
O grande fator limitante de conversão de dados são as diferenças de entendimento entre comunidades
de usuários distintas. Diferentes visões da realidade geográfica sempre existirão por pessoas com
culturas diferentes, pois a própria natureza é complexa e leva a percepções distintas. Neste caso seria
interessante conviver com estas diferentes formas de conhecimento sobre a realidade e tentar criar
mecanismos para implementar e combinar diferentes visões, ou seja, representar o conhecimento
geográfico no computador buscando interoperabilidade pela equivalência semântica dos conceitos entre
sistemas distintos. Neste sentido, são propostos trabalhos relacionados a Ontologias e seu uso para
interoperabilidade e concepção de SIGs baseados em Ontologias (Fonseca et al., 2000).
A Ontologia é uma disciplina filosófica que vem desde o estudo feito por Aristóteles sobre as categorias
e a metafísica, e pode ser definida como o estudo do Ser e de suas propriedades. Para a comunidade de
Inteligência Artificial, ontologias são teorias que especificam um vocabulário relativo a um certo domínio
(Fonseca et al., 2000) e descrevem uma dada realidade usando o conjunto de premissas de acordo com
o sentido intencional das palavras deste vocabulário.
O uso de ontologias no desenvolvimento e uso de sistemas de informação leva ao que chamamos de
Sistemas de Informação baseados em ontologias (Guarino, 1998). Fonseca et al., (2000) propõe um SIG
baseado em ontologias, composto por um editor de ontologias, por um servidor de ontologias, por
ontologias especificadas formalmente e por classes derivadas de ontologias. A Figura abaixo mostra o
esquema de um SIG baseado em ontologias.

. 29
Esquema de SIG baseado em ontologias (Fonseca et al., 2000).

Na visão apresentada acima, os especialistas especificam formalmente seu conhecimento em


ontologias, que são administradas por um servidor de ontologias. As ontologias são traduzidas para
componentes de software por técnicas de orientação a objetos, constituindo um conjunto de classes,
gerenciadas por desenvolvedores de classes, que formam uma estrutura hierárquica representando o
mundo geográfico (Fonseca et al., 2000). Desenvolvedores de aplicações utilizam o conhecimento
traduzido em componentes de software (classes) para criar SIGs que também podem ser usados para
troca de informações. O servidor permite o folheamento de ontologias e comunica-se com SIGs por meio
de mediadores responsáveis por extrair informações destes e criar instâncias das classes que vão conter
tal informação e o conhecimento extraído das ontologias.
Segundo Fonseca et al. (2000) a interoperabilidade semântica poderia ser resolvida através do uso
de classes derivadas de ontologias, onde toda a manipulação de informações seria feita baseada nas
definições das entidades geográficas presentes nas ontologias.
A interoperabilidade plena requer não só uma equivalência sintática entre as entidades representadas
pelos sistemas, mas inclui também a equivalência de conceitos e significados destas entidades. Por
exemplo, duas comunidades de informação podem utilizar nomes diferentes para o mesmo conceito
(como no caso de “rio” e “curso de água”). Ou ainda, um único conceito para uma comunidade (i.e., “rio”)
pode ser expresso com níveis maiores de detalhe por outra (i.e., “rios perenes”, “rios temporários”,
“riachos”). Neste sentido, é necessário que os formatos de intercâmbio de dados disponham de um
mecanismo que suporte o conceito de Ontologias e comunidades de informação geográfica. Com isto,
interpretações diferentes de uma mesma realidade geográfica possam ser identificadas e facilmente
trocadas.

Estratégias para integração e interoperabilidade e exemplos


- Estratégias para integração e interoperabilidade
As estratégias para tratar dos problemas de integração e interoperabilidade entre sistemas de
informação geográfica podem ser classificadas em quatro categorias principais (Gupta et al., 1999).
A abordagem mais simples consiste em definir catálogos de metadados e dicionários geográficos. Um
catálogo de metadados armazena descrições de coleções de dados armazenadas em diversas fontes
(Nebert, 2002), oferecendo serviços de localização, consulta e gerência de metadados, assim como
serviços de solicitação de dados, que são repassados às fontes. Um catálogo, no entanto, tipicamente
não armazena os dados em si.
Um dicionário geográfico (gazetteer) (Atkinson, 2002) define um vocabulário consistindo do
identificador, localização e parte dos atributos dos geo-objetos de interesse. Um dicionário geográfico
tipicamente cobre uma região bem definida, como um país, por exemplo.
A estratégia de federação (Sheth e Larson, 1990) assume que as fontes de dados mantêm autonomia,
mas cooperaram para oferecer suporte a operações globais, que acessam dados em mais de uma fonte.
Uma federação é fracamente acoplada se a responsabilidade de criar e manter a federação é dos
usuários, não existindo controle centralizado. Já uma federação é fortemente acoplada quando existe
controle centralizado para acesso às fontes de dados.
A estratégia de armazém de dados (data warehouse) (Miller e Han, 2001) consiste em: (1) extrair os
dados das diversas fontes; (2) transformar os dados extraídos para um modelo comum; (3) armazenar os
dados transformados em um único repositório. Este enfoque é viável quando o número de fontes é

. 30
pequeno e relativamente estável, não necessitando constantes atualizações nos dados extraídos. O
processo de transformação pode se tornar particularmente difícil face à heterogeneidade dos dados,
conforme já discutido na Seção anterior.
A estratégia de mediação (Gupta et al., 1999) baseia-se em uma arquitetura de 3 níveis: camada de
adaptação, com as fontes de dados acessadas através de adaptadores; camada de aplicação, com as
aplicações que desejam acessar as fontes; camada de mediação, com um ou mais mediadores, que
registra as fontes de dados conhecidas, e processa as consultas produzidas pelas aplicações.
Por fim, a estratégia híbrida combina a estratégia de armazém de dados com mediação. Por exemplo,
a arquitetura descrita em (Voisard e Schweppe, 1998) considera 4 camadas: a camada de aplicação, que
recebe requisições das aplicações; a camada de serviços virtuais, que oferece uma visão uniforme do
sistema (um banco de dados virtual); a camada de serviços concretos, que gerencia as tarefas dos vários
componentes; e a camada de serviços de sistema, que trata de serviços internos do sistema.

- Exemplo de catálogo de metadados e dicionário geográfico


O projeto da Alexandria Digital Library (ADL) (Smith e Frew, 1995) (Smith, 1996) (Frew et al., 2000)
exemplifica a construção combinada de um catálogo de metadados e de um dicionário geográfico,
disponível na Web.
Os metadados para informação georreferenciada combinam elementos dos padrões de metadados
USMARC e FGDC (USMARC, 1976) (FGDC, 2001), já discutido na Seção 9.2.3. O primeiro é o padrão
de metadados adotado para bibliotecas convencionais do governo dos EUA, enquanto que o segundo
define metadados primariamente para catalogar objetos geográficos em formato digital, e é adotado pelas
agências do governo dos EUA. A especificação completa dos metadados mantidos pela ADL contém
cerca de 350 campos.
O dicionário geográfico da ADL contém nomes e características de acidentes geográficos oriundos do
US Geological Survey's Geographic Names Information System e do US Board of Geographic Names. O
primeiro lista o nome de cerca de 1,8 milhões de acidentes geográficos, organizados hierarquicamente
em 15 categorias. Já o segundo contém os nomes de cerca de 4,5 milhões de acidentes geográficos,
inclusive acidentes submarinos.
A arquitetura da ADL (ver Figura abaixo) segue um modelo de 3 níveis: servidores ADL gerenciam as
coleções de dados; mediadores ADL implementam serviços sobre as coleções de dados; clientes ADL
oferecem os serviços aos usuários finais.
Mais detalhadamente, um servidor ADL é responsável por manter uma coleção de metadados
descrevendo os objetos catalogados e por implementar os mecanismos de consulta aos metadados, de
acordo com os serviços definidos pela ADL. Uma entrada no catálogo pode incluir referências a
representações digitais do objeto, disponíveis online ou off-line, ou a representações não-digitais. Os
servidores são autônomos, desde que ofereçam os serviços definidos pela ADL. Assim, uma instituição
pode implementar um servidor ADL e publicar os seus dados através de um mediador ADL.
Um cliente ADL é responsável por oferecer os serviços ADL aos usuários finais, quer sejam usuários
humanos ou agentes de software. Um cliente ADL deve manter o estado das sessões e suportar
interações complexas com os usuários finais.
A peça central da arquitetura é o mediador ADL, que esconde a heterogeneidade dos servidores ADL
através de uma coleção de serviços padronizados, oferecidos aos clientes ADL. Estes serviços são o
cerne do projeto, pois expõem a funcionalidade pretendida para o catálogo e o dicionário geográfico da
ADL.
Os serviços do mediador ADL não mantém estados de sessões. Ou seja, cada chamada a um serviço
do mediador é tratada como uma transação por si só, e qualquer relacionamento entre duas chamadas
deve ser codificado nos seus parâmetros. Esta decisão de projeto simplifica a implementação do
mediador, mas torna mais difícil implementar consultas que são refinadas em sucessivas interações com
o usuário.

. 31
Arquitetura da ADL (Frew et al., 2000).

- Exemplo de armazém de dados geográficos


O Projeto TerraServer (Barclay, 2000) exemplifica a construção de um armazém de dados geográficos,
combinado com um dicionário geográfico. O TerraServer representa o maior repositório público de
imagens de sensoriamento remoto e mapas topográficos disponível na Web.
O TerraServer foi projetado para atender simultaneamente a milhares de acessos através da Web.
Um usuário pode pesquisar o repositório de quatro formas diferentes:
Clicando em um mapa de baixa resolução da Terra, que indica onde há dados armazenados no
repositório.
Indicando o nome de um local.
Indicando as coordenadas de interesse.
Selecionando o nome de um local de uma lista de locais bem conhecidos.
O repositório do TerraServer foi criado a partir de quatro fontes:
USGS Digital Ortho-Quadrangles (DOQ): imagens aéreas em cinza ou infravermelho na resolução de
1m. As imagens foram orto-retificadas de tal forma que 1 pixel corresponde a 1m2. Este acervo cobre
aproximadamente 40% do território dos EUA, correspondendo a 3 milhões de quilômetros quadrados.
USGS Digital Raster Graphics (DRG): versões digitalizadas dos mapas topográficos do USGS. As
imagens foram re-amostradas de tal forma que 1 pixel corresponda à potência de 2 mais próxima. Este
acervo cobre todo o território dos EUA, correspondendo a 10 milhões de quilômetros quadrados.
Imagens do SPIN-2™: imagens em cinza na resolução de 1,56m, originárias de satélites militares
russos. As imagens foram rotacionadas, com o norte para cima, mas não estão orto-retificadas; foram
reamostradas de tal forma que 1 pixel corresponde a 2m2. Este acervo cobre parte da Europa Ocidental,
EUA e o Oriente, correspondendo a 1 milhão de quilômetros quadrados.
Encarta Shaded Relief: mapa em cores naturais do globo terrestre, indicando o relevo, obtido do CD-
ROM da Enciclopédia Encarta. A imagem cobre continuamente o globo entre +80º e -80º de latitude, em
uma resolução de aproximadamente 1km2 por pixel.
A arquitetura do TerraServer segue as três camadas usuais:
Cliente: um navegador normal que suporte HTTP 1.1 e HTML 3.2.
Aplicação: processa as requisições HTTP, repassando-as ao servidor de banco de dados.
Servidor de banco de dados: armazena os dados, servindo as requisições da aplicação.
A aplicação gera páginas dinamicamente, em HTML 3.2, e as envia ao navegador. Um usuário pode
realizar operações de aproximação, afastamento e deslocamento nas imagens recebidas, sem
necessidade de recursos especiais.

. 32
O banco de dados armazena mapas e imagens recortados em unidades menores, chamadas de
blocos (tiles) nesta seção. Os blocos são agrupados logicamente em coleções contíguas, chamadas de
cenas. Os blocos são indexados por tema, resolução, cena e localização.
O banco de dados mantém uma tabela para cada tema e resolução. Cada linha de cada uma destas
tabelas contém os metadados de um bloco e um campo do tipo BLOB (binary long object), armazenando
o próprio bloco, no formato JPEG ou GIF.
Cada bloco é armazenado no banco de dados, redundantemente, em resoluções mais baixas,
formando uma pirâmide de 7 níveis (ver Capítulo 13 para detalhes de armazenamento piramidal). O
acervo do USGS/DOQ é compatível com resoluções de 1 a 64m; o acervo do USGS/DRG, de 2 a 128m;
e o acervo do SPIN, de 1 a 64m.
O banco de dados também armazena um dicionário geográfico, permitindo ao usuário localizar cenas
por nome de locais. O dicionário contém cerca de 1,5 milhões de nomes, incluindo sinônimos, e relaciona
cada nome com o sistema de coordenadas utilizado pelo TerraServer. O dicionário contém ao todo 4
milhões de linhas e ocupa 3.3 GB.
O TerraServer entrou em operação em junho de 1998 e atualmente está entre os 1000 Web sites mais
visitados. A média diária situa-se em: perto de 40 mil visitas; 3,6 milhões de acessos a blocos; 69GB
transferidos.

- Exemplo de mediador
A Missão ao Planeta Terra (Mission to Planet Earth - MTPE) é um programa da NASA para estudar
processos ligados a mudanças climáticas, a partir de dados gerados por inúmeros satélites orbitando o
planeta Terra. O EOS Data and Information System (EOSDIS) (Kobler, 1995) é o componente
responsável por prover acesso fácil e rápido aos dados gerados no contexto do MTPE.
O EOSDIS é um sistema distribuído, organizado em três segmentos principais: o Flight Operations
Segment (FOS) gerencia e controla os satélites e instrumentos do EOS; o Communications and System
Management Segment (CSMS) fornece a infraestrutura de comunicação e gerência do sistema; e o
Science Data Processing Segment (SDPS) trata do armazenamento, processamento e distribuição dos
dados.
Em mais detalhe, o SDPS é o componente do EOS responsável por: aquisição de dados brutos;
geração de dados derivados a partir dos dados brutos; arquivamento e distribuição dos dados derivados
aos usuários. O SDPS está organizado em sete subsistemas principais:
Aquisição: recebe dados brutos e dispara processos para arquivá-los e processá-los.
Servidor de dados: fornece serviços de arquivamento físico e distribuição de dados, via FTP ou mídia
removível.
Planejamento fornece serviços para planejamento das atividades.
Processamento: executa os processos para geração de dados derivados.
Cliente: fornece uma interface para pesquisar e recuperar dados.
Interoperabilidade: fornece serviços para pesquisar e localizar serviços de dados.
Gerência de dados: fornece serviços para localizar e acessar dados.
O projeto Missão ao Planeta Terra gera vários Terabytes de dados diariamente e acumula um volume
total de dados que chega a vários Petabytes, em formatos próprios, coletivamente chamados HDF-EOS.
Portanto, o armazenamento e disseminação dos dados gerados representa um substancial desafio.
O projeto NASA HDF-EOS Web GIS Software Suite (NWGISS) (Di et al., 2001) visa exatamente tornar
os dados gerados pelo EOSDIS disponíveis a outras aplicações que sigam as especificações do OGC
(ver Capítulo 11 para um resumo dos padrões definidos pelo OGC e mencionados nesta seção). A
arquitetura do NWGISS (ver Figura abaixo) consiste de três componentes principais: um servidor de
mapas; um servidor de geo-campos (coverage server); e um servidor de catálogo. O NWGISS inclui ainda
um cliente OGC WCS.

. 33
Arquitetura do NWGISS.

O servidor de mapas do NWGISS implementa os serviços definidos no OGC WMS para todos os tipos
de dados do formato HDF-EOS. Em particular, gera o geo-referenciamento do mapa em tempo de
execução, se necessário. Da mesma forma, o servidor de geo-campos do NWGISS implementa os
serviços definidos no OGC WCS para três formatos de dados, HDF-EOS, NITF e GeoTIFF. O servidor re-
amostra, recorta e remonta geo-campos em tempo real, bem como transforma geo-campos de formato.
O cliente de geo-campos do NWGISS implementa a especificação do cliente OGC WCS. O cliente
atua como um mediador para acessar geocampos, nos formatos HDF-EOS, NITF e GeoTIFF,
armazenados em servidores OGC WCS, não se limitando ao servidor OGC WCS implementado pelo
NWGISS. O cliente permite acessar, visualizar, georetificar, re-projetar e reformatar geo-campos.
Como mediador, o cliente NWGISS é bastante limitado pois permite apenas selecionar geo-campos
de mais de uma fonte, utilizando seus descritores, e visualizá-los em conjunto, entre outras operações.

Mapeamentos entre fontes de dados


- Estratégias para definição de mapeamentos
Para interpretar e processar dados obtidos de diversas fontes, as aplicações devem ser capazes de
tratar dados heterogêneos, tanto em formato e estrutura, quanto em interpretação ou significado. De fato,
a heterogeneidade estrutural e semântica são problemas que bancos de dados distribuídos vem
enfrentando desde longa data (Özsu e Valduriez, 1999).
Uma primeira estratégia para resolver o problema de tratar dados heterogêneos consiste em gerar
mapeamentos entre pares de fontes de dados. Esta estratégia torna-se impraticável quando o número de
fontes aumenta, ou quando não se conhece à priori as fontes disponíveis.
Uma segunda estratégia propõe uma descrição comunitária dos dados, chamada esquema global ou
federado, esquema mediado ou esquema de referência, dependendo do enfoque adotado para atingir
interoperabilidade (ver Seção anterior). A esta descrição comunitária são então mapeadas as descrições
das fontes de dados, chamadas de esquemas locais ou esquemas exportados, novamente dependendo
do enfoque adotado. Esta estratégia simplifica o problema pois evita criar mapeamentos dois-a-dois entre
os esquemas locais, mas ainda requer que as fontes sejam conhecidas à priori.
Uma terceira estratégia, proposta mais recentemente, adota ontologias para formalizar o esquema de
referência e os esquemas locais. Utiliza ainda técnicas de alinhamento entre ontologias para simplificar a
geração dos mapeamentos (Wache et al., 2001) (Uschold e Grüninger, 2001) (Mena et al. 2000).
Por fim, a definição dos mapeamentos entre as descrições locais e a descrição comunitária pode se
beneficiar de uma análise dos metadados das fontes. Porém, segundo Haas & Carey (2003), a
inexistência de metadados é um dos motivos para o fracasso de tentativas para atingir interoperabilidade
entre fontes de dados. Além disso, metadados não necessariamente garantem a não ambiguidade dos
termos, pois um mesmo termo pode ser usado em diferentes contextos, em diferentes línguas ou até
mesmo de forma errônea. Uma possível solução seria enfatizar o uso, uniforme e rigoroso, de metadados
para completar a descrição dos conceitos pertinentes às fontes de dados. A própria descrição comunitária
pode atuar como um vocabulário compartilhado, servindo de referencial à priori para a definição dos
esquemas locais (Brauner, 2005).

. 34
- Exemplo de definição de mapeamentos
Esta seção exemplifica questões compartilhadas pelas estratégias de federação, armazém de dados
e mediação no que diz respeito à definição de mapeamentos.
Usaremos os termos esquema de referência para designar a descrição comunitária das fontes de
dados e esquema local para descrever os dados visíveis em cada fonte de dados. Assumiremos que as
descrições conterão definições de classes de objetos, denotando conjuntos, e de propriedades dos
objetos, denotando funções mapeando objetos em objetos ou objetos em valores de dados.
Adotaremos a notação de teoria de conjuntos quando necessário. Desta forma, evitaremos escolher
um particular modelo de dados para descrever os esquemas locais e o esquema de referência.
Um esquema local descreve as classes e propriedades dos dados que uma fonte deseja compartilhar,
e o esquema de referência descreve as classes e propriedades dos dados oferecidos aos usuários como
uma visão unificada das fontes. O esquema de referência contém ainda mapeamentos entre as classes
e propriedades do esquema de referência e as classes e propriedades de cada fonte.
Há dois problemas que devem ser tratados na definição dos mapeamentos:
Identificação de objetos: como definir uma forma universal de identificar os objetos nas várias fontes
e, em particular, como identificar a ocorrência do mesmo objeto em fontes diferentes.
Transformação das propriedades: como re-mapear os valores das propriedades oriundos de uma ou
mais fontes para o esquema de referência, ou entre si.
Como exemplo, considere duas fontes de dados, FA e FB, descrevendo aeroportos. Suponha que o
esquema local EA da fonte FA contenha (onde C é o conjunto de caracteres adotado e ℜ denota o
conjunto dos números reais):

Suponha que as propriedades Código, de EA, e Code, de EB, de fato armazenem os códigos universais
dos aeroportos, com três caracteres. O mapeamento entre ER, EA e EB pode então ser definido, por
exemplo, como:

Note que a sentença (4) indica que a classe R-Aeroporto de ER é definida com base na classe
Aeroporto de EA. Assim, um aeroporto só estará disponível através do esquema de referência se e
somente se for um aeroporto cadastrado na fonte FA, por força da forma como o mapeamento foi definido

. 35
(ver sentença (4)). Portanto, um aeroporto cadastrado na fonte FB que não existir na fonte FA não será
visível através de ER.
Assim, as sentenças (5) e (6) podem transferir diretamente as propriedades de aeroportos definidas
em EA para o esquema de referência ER. Note que, arbitrariamente, ER não contém a cidade do
aeroporto. De fato, em geral, o esquema de referência não é a união dos esquemas locais.
A sentença (7) é mais complexa pois a fonte FB pode conter aeroportos não cadastrados na fonte FA.
Portanto, é necessário verificar se o aeroporto existe na fonte FA ao transferir a propriedade Name de EB
para o esquema de referência ER.
Assuma agora que as propriedades Código e Code não representem os códigos universais dos
aeroportos. Isto impediria identificar diretamente, via o código, quando dois aeroportos nas fontes FA e
FB são o mesmo aeroporto. No entanto, se assumirmos que as propriedades Loc e Coord contém as
coordenadas dos aeroportos no mesmo sistema de georreferenciamento, então podemos substituir a
sentença (7) por:

onde Prox é uma relação de proximidade espacial que é verdadeira se e somente se dois pontos no
espaço tiverem as mesmas coordenadas dentro de uma certa tolerância.
De fato, a adoção de um sistema universal de geo-referenciamento oferece também um sistema
universal de identificação de objetos geográficos, ou pelo menos permite definir relacionamentos
universais entre objetos geográficos.
Se assumirmos agora que as propriedades Loc e Coord contém as coordenadas dos aeroportos em
sistemas de geo-referenciamento distintos, mas há suficiente informação nos metadados de Loc e Coord
sobre os sistemas adotados, então devemos substituir a sentença (7) por:

onde Remap é uma função que re-mapeia as coordenadas dadas por Loc para o sistema de geo-
referenciamento adotado para Coord.
Este é um exemplo simples do problema de transformação das propriedades, no contexto de dados
geográficos. A Seção 9.3.3 apresenta outros exemplos, quando discute a fase de transformação dos
dados.

Construção de mediadores
- Arquitetura de mediadores
Conforme adiantado na Seção anterior, uma particular estratégia para integrar um conjunto de fontes
de dados heterogêneas baseia-se na construção de um sistema de mediação com uma arquitetura em 3
camadas (ver Figura abaixo):
Camada de Aplicação: compreende as aplicações que desejam acessar as fontes.
Camada de Mediação: contém um ou mais mediadores fornecendo serviço de mediação para fontes
de dados. Um mediador centraliza informações fornecidas por adaptadores, criando um esquema
mediado das fontes de dados. O mediador também decompõe as consultas submetidas pelas aplicações
em consultas a serem executadas pelos adaptadores, e reúne os resultados parciais para formar a
resposta à consulta original.
Camada de Adaptação: contém os adaptadores responsáveis pelo acesso às fontes de dados. Cada
adaptador esconde a heterogeneidade da fonte de dados, tornando o acesso à fonte transparente para o
mediador. Para cada fonte de dados existe um adaptador que exporta algumas informações sobre a fonte,
tais como: seu esquema, informações sobre seus dados e sobre seus recursos para processamento das
consultas.
Ao participar de um sistema de mediação, uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser
capaz de expor um esquema exportado, descrevendo os dados que deseja tornar visíveis. Deve também
oferecer serviços que permitam: (1) processar consultas sobre o esquema exportado; (2) transformar os
resultados locais para os padrões definidos para intercâmbio de dados no sistema de mediação; e (3)
aceitar temporariamente dados externos, convertendo-os para o formato local.
Por sua vez, o sistema de mediação deve ser capaz de expor um esquema mediado com a descrição
comunitária dos dados, sobre o qual as aplicações definirão consultas ao sistema. O sistema deve ser
capaz de executar consultas definidas sobre o esquema mediado, aplicando as transformações

. 36
necessárias sobre os dados geográficos, além dos serviços usuais para definição e controle da execução
de sub consultas às fontes de dados, combinação dos resultados e reestruturação dos dados
convencionais. Esta seção aborda estes pontos em separado, seguindo (Gupta et al., 2000).

Arquitetura mediador-adaptador (Gupta et al., 2000).

Serviços de adaptação
Acesso ao esquema exportado
Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz de expor um esquema exportado,
descrevendo os dados que deseja tornar visíveis, e o mapeamento entre este esquema e o esquema
mediado. No caso de dados geográficos, o esquema exportado deve conter substancialmente mais
informação para os atributos geográficos, conforme discutido a seguir.
Seja Q uma consulta sobre o esquema mediado. O mediador utiliza os esquemas exportados e os
mapeamentos existentes no esquema mediado para selecionar fontes de dados e decompor Q em sub-
consultas a serem enviadas às fontes selecionadas.
O processo de escolha das fontes deverá levar em consideração o custo de converter os dados
geográficos armazenados em cada fonte para o formato adequado para processar a consulta.
Diferentemente de dados convencionais, este custo poderá ser bastante alto e variar substancialmente
de fonte para fonte, inclusive quanto à precisão do processo de conversão. Portanto, cada esquema
exportado e o esquema mediado devem conter informação adicional sobre os atributos geográficos para
subsidiar a decisão da escolha da fonte e da transformação necessária.
Em geral, cada atributo geográfico G deve estar associado a um esquema de representação,
semelhante à noção de measurement framework definida em (Chrisman, 1997). O esquema de
representação de G pode associar dois tipos de informação a G: (1) metadados, de forma semelhante
aos esquemas de metadados discutidos anteriormente em outro contexto; (2) outros atributos cujos
valores são necessários para interpretar o valor de G. O esquema de representação pode estar
diretamente associado a G, ou ser herdado do objeto O ao qual G se aplica, ou da coleção de objetos a
que pertence O. A Seção apresenta exemplos do processamento de consultas em um mediador que
utiliza esquemas de representação.

Processamento de consultas sobre o esquema exportado


Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz de processar consultas sobre o
esquema exportado, devolvendo os resultados no formato definido pelo mediador.
O formato utilizado pelo mediador para passar uma consulta para o adaptador deve ser especificado
à priori, quando o sistema de mediação é criado. Por exemplo, o sistema de mediação pode adotar o
padrão WFS, definido pela OGC (ver Capítulo 11), que especifica como as consultas devem ser passadas
para as fontes de dados.

Transformação de dados
Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz de aplicar transformações aos dados
antes de enviá-los ao mediador.
A transformação mais básica consiste em converter os dados locais para o formato de intercâmbio de
dados adotado pelo sistema de mediação. Por exemplo, o sistema de mediação pode adotar o padrão

. 37
GML, definido pela OGC (ver Capítulo 11), que especifica um formato de transporte para dados
geográficos.
De forma geral, uma transformação de dados é qualquer função f: Dn→R em que os argumentos de
f representam tanto dados armazenados na fonte, quanto parâmetros governando a transformação a ser
aplicada aos dados.
Junto com a interface da transformação, o adaptador deve expor um modelo de custo, a ser utilizado
pelo mediador ao montar o plano de processamento de uma consulta. Em geral, o modelo de custo
captura a complexidade computacional da transformação, em função dos parâmetros de entrada e de
uma estimativa do volume de dados recebidos como entrada e do volume de dados produzidos pela
transformação.

- Serviços de mediação

Acesso ao esquema mediado


O mediador deve ser capaz de expor o esquema mediado às aplicações, e fornecer meios para mantê-
lo. Em particular, deve permitir o cadastramento de uma nova fonte de dados, com seu esquema
exportado e mapeamento para o esquema mediado.
As questões levantadas pela exposição do esquema mediado às aplicações são semelhantes àquelas
relativas à exposição do esquema exportado. Em particular, o esquema mediado deve associar cada
atributo geográfico G a um esquema de representação.

Processamento de consultas sobre o esquema mediado


Um mediador deve ser capaz de processar consultas sobre o esquema mediado, devolvendo os
resultados nos formatos solicitados pelas aplicações.
O mediador executa os seguintes passos ao processar uma consulta Q definida sobre o esquema
mediado:

Seleção de fontes:
- baseando-se nos mapeamentos armazenados no esquema mediado e nos atributos utilizados na
consulta, o mediador seleciona conjuntos de fontes capazes de produzir o resultado da consulta.
Otimização:
- para cada conjunto de fontes, o mediador utiliza os mapeamentos do esquema mediado para criar
um plano, contendo sub-consultas de tal forma que cada uma possa ser inteiramente processada por
uma fonte no conjunto, e que juntas produzam o resultado da consulta original.
- o mediador estima o custo de processamento de cada plano e escolhe o de menor custo estimado.
Execução:
- o mediador controla a execução do plano escolhido no passo de otimização.
Outras estratégias mais sofisticadas envolvendo transferências temporárias de dados de uma fonte
para outra, por exemplo, podem ser definidas de forma similar às estratégias de otimização de consultas
utilizadas em um banco de dados distribuído (Özsu e Valduriez, 1999).

Serviços adicionais
Um mediador pode utilizar as informações sobre as fontes de dados que armazena para oferecer
serviços adicionais às aplicações.
Um primeiro exemplo de serviço adicional seria prover uma interface abrangente para que os usuários
ou aplicações possam explorar o esquema mediado, incluindo os metadados mantidos sobre as fontes
de dados. Desta forma, o mediador atuaria de forma semelhante a um catálogo de metadados.
Um exemplo deste tipo de serviço adicional, designado por processamento cooperativo de consultas,
consistiria em aplicar transformações nas consultas submetidas para: corrigir as consultas; resolver
ambiguidades; gerar consultas alternativas, quando a consulta submetida falha; fornece explicações
sobre as respostas; complementar as consultas fornecendo informação adicional à explicitamente
solicitada.

- Exemplos de processamento de consultas sobre o esquema mediado


Considere duas fontes de dados, FA e FB, descrevendo aeroportos. Suponha que os esquemas sejam
definidos da seguinte forma:

. 38
onde
Código é o código universal de 3 letras identificando os aeroportos nos diversos países;
Ruído(x) associa um geo-campo vetorial a cada aeroporto x representando o nível de ruído no entorno
do aeroporto, e armazenado como uma grade regular de amostras pontuais (indicado na função apenas
como um conjunto de pontos no ℜ2 , assumindo que o espaçamento da grade é o mesmo para todos os
aeroportos);

onde
Code é um código próprio da fonte FB (ou seja, não é o código universal);
Noise(x) associa um geo-campo vetorial a cada aeroporto x representando o nível de ruído no entorno
do aeroporto, e armazenado como curvas de nível (representadas como elementos do conjunto ℘(ℜ2));

onde
R-Ruído(x) = (g,c) se e somente se g for a grade regular com
amostras de ruído do aeroporto x, dada pela fonte FA, e c for a curva de nível do ruído do aeroporto x,
se este for cadastrado na fonte FB, ou for o conjunto vazio, em caso contrário:
Considere ainda

e um último mapeamento capturando o significado pretendido para RRuído:


(∀x∈Aeroporto)(R-Ruído(x) = (Ruído(x),c) ⇔
((∃y∈Airport)(Prox(Remap(Loc(x)), Coord(y))) ∧ c = Noise(y)))∨ (¬∃y∈Airport)(c = ∅ )))

. 39
Considere a seguinte consulta:
Q1 : Qual o nome e a localização do aeroporto com código GIG?
O mediador procederá então da seguinte forma:
Seleção de fontes:
de (14), (15) e (16), o mediador necessita acessar as duas fontes.
Otimização:
novamente de (14), (15) e (16), o mediador decompõe Q1 em duas sub-consultas, Q1A e Q1B, a
serem enviadas a FA e FB, respectivamente:
Q1A : Selecione a localização p=Loc(x) do aeroporto x tal que Código(x)=GIG
Q1B : Selecione o nome n=Name(y) do aeroporto y tal que Prox(p’, (Coord(y)))
considere um único plano:
P1 : Envie Q1A à fonte FA;
Espere o resultado contendo a localização p do aeroporto; Re-mapeie a localização p para o
sistema adotado na fonte FB, gerando uma nova representação p’ da localização do aeroporto.
Envie Q1B à fonte FB;
Espere o resultado contendo o nome n do aeroporto; Devolva a resposta (n,p); Execução:
o mediador executa o plano P1.
Esta breve descrição deixa em aberto um ponto importante. É necessário que o mediador tenha
acesso ao esquema de representação de Loc e Coord para que possa re-mapear p do sistema de
georreferenciamento de FA para o sistema de FB. Da mesma forma, o adaptador da fonte FB, ou a própria
fonte FB, deve ter acesso ao esquema de representação de Coord para poder computar apropriadamente
o relacionamento Prox.
Caso este segundo problema não possa ser resolvido por FB ou seu adaptador, o mediador deve
gerar um plano alternativo, substituindo a qualificação “Prox(p’, (Coord(y)))” por “dist(p’, (Coord(y))<k”,
onde o mediador decide o valor de k a partir dos esquemas de georreferenciamento de Loc e Coord.
Considere agora a seguinte consulta:
Q2 : Obtenha o nível de ruído, em curvas de nível, do aeroporto na localização p.
O mediador procederá então da seguinte forma:
Seleção de fontes:
de (17), o mediador pode acessar qualquer uma das duas fontes.
Otimização:
novamente de (17), há pelo menos 4 planos possíveis.
O primeiro plano acessa a fonte FA através da consulta:
Q2A1 : Selecione o nível de ruído C=Ruído(x) do aeroporto x tal que Loc(x)=p O plano consiste
de:
P2A1 : Envie Q2A1 à fonte FA;
Espere o resultado contendo o nível de ruído C do aeroporto;
Transforme (no mediador) C para curvas de nível C’;
Devolva a resposta C’;
O segundo plano acessa a fonte FA através da consulta, que já inclui a transformação:
Q2A2 : Selecione o nível de ruído C=Ruído(x) do aeroporto x tal que Loc(x)=p, re-mapeando-o
para curvas de nível O plano consiste de:
P2A2 : Envie Q2A2 à fonte FA;
Espere o resultado contendo o nível de ruído C do aeroporto; Devolva a resposta C;
O terceiro plano acessa a fonte FB através da consulta: Q2A1: Selecione o nível de ruído D=Noise(x)
do aeroporto x tal que Coord(x)=p’ O plano consiste de:
P2B1 : Re-mapeie p para p’ no sistema adotado em FB;
Envie Q2B1 à fonte FB;
Espere o resultado com o nível de ruído C’ do aeroporto; Se existir, devolva C’ como resposta;
Caso contrário, execute o plano P2A;
O quarto plano acessa a fonte FB através da consulta:
Q2A2 : Selecione o nível de ruído D=Noise(x) do aeroporto x tal que Coord(x)=Remap(p)

O plano consiste de:


P2B2 : Envie Q2B2 à fonte FB;
Espere o resultado com o nível de ruído C’ do aeroporto;
Se existir, devolva C’ como resposta;
Caso contrário, execute o plano P2A1 (ou o plano P2A2);

. 40
o mediador deve estimar o custo de processar os planos e escolher um deles.
Execução:
execute o plano escolhido no passo de otimização.
Novamente, a descrição deixa vários pontos em aberto. Por exemplo, os planos P2A1 e P2A2 diferem
na capacidade do mediador e do adaptador de FA transformarem o geo-campo armazenado em FA de
uma grade regular para curvas de nível. Dependendo da capacidade de cada um destes componentes,
um dos dois planos prevalecerá.
Além disto, esta transformação pode ser muito mais cara do que tentar acessar diretamente a curva
de nível armazenada em FB, mesmo correndo o risco de não encontrar o aeroporto em FB e ter que
recorrer a FA de qualquer maneira. Portanto, os planos P2B1 e P2B2 podem ser muito mais eficientes do
que os primeiros dois planos.
Da mesma forma, os planos P2B1 e P2B2 diferem em qual componente realizará a conversão de p
para o sistema de geo-referenciamento adotado por FB.
Em qualquer um dos casos, novamente é necessário que o mediador tenha acesso aos esquemas
de representação de Ruído e Noise para decidir qual dos planos é viável, ou de menor custo.

Banco de dados e banco de dados geográfico; formato de


dados cartográficos: raster, vetor, requisitos de topologia;
armazenamento de informações geoespaciais em ambiente
de banco de dados relacional e orientado a objeto;

BANCO DE DADOS E BANCO DE DADOS GEOGRÁFICOS


Para entender o que é um banco de dados georreferenciados precisamos, primeiro, entender o que
significam os termos “banco de dados” e “georreferenciados”:

O banco de dados, ou base de dados, pode ser definido como um conjunto de dados logicamente
relacionados e com algum significado. Todo local, físico ou virtual onde estão armazenados dados, pode
em certo sentido, ser chamado de banco de dados. Por exemplo, uma enciclopédia pode ser considerada
um banco de dados. Mas para a área de Geoprocessamento é mais importante o conceito especial de
banco ou base de dados relacional. Ou seja, um banco onde dados são armazenados na forma de tabelas
relacionáveis entre si através de campos chaves.
As mais diversas facetas de atividades, desde locadoras de DVD até grandes indústrias metalúrgicas
usam-se deste tipo de base para ter um maior controle sobre fatores como cadastro de clientes e sua
condição em relação à empresa (Inadimplência, por exemplo). Neste ponto, é importante evitar confundir
o BD em si (conjunto de tabelas relacionáveis) com o programa que o gerenciará, o Sistema Gerenciador
de Banco de Dados (SGBD). Em outras palavras, softwares como Access, MySQL, Oracle, PostgreSQL
não são BD, mas sim SGBD.

Segundo Medeiros6, Banco de Dados Geográfico (BDG), também chamado de Banco de Dados
Espacial (BDE), é semelhante ao descrito acima (relacional), com a grande e importante diferença de
suportar feições geométricas em suas tabelas. Este tipo de base com geometria oferece a possibilidade
de análise e consultas espaciais. É possível calcular nestes casos, por exemplo, áreas, distâncias e
centroides, além de realizar a geração de buffers e outras operações entre as geometrias.

Georreferenciamento, de forma simplificada, é uma atividade que consiste em referenciar dados ou


objetos com base em sua localização geográfica.

Diz-se, portanto, que um banco de dados é “georreferenciado” quando os dados constantes nele têm
uma correspondência com o objeto real representado. Assim, o banco de dados georreferenciados é o
principal componente do SIG, Sistemas de Informações Geográficas, utilizado para possibilitar análises
complexas das informações obtidas sobre determinado local, empreendimento, fenômeno climático, etc.

6
MEDEIROS, Anderson. http://andersonmedeiros.com/geotecnologias-parte2/

. 41
Alguns modelos de bancos de dados utilizados para SIG (Sistemas de Informações Geográficas) são:
o modelo “relacional” e o modelo “orientado a objetos”.

O banco de dados relacional é um modelo no qual os dados são organizados na forma de tabela
(modelo de relação) onde as colunas correspondem aos atributos (ou campos) e as linhas, também
chamadas de tuplas, correspondem aos dados ou registros. Este modelo de base de dados, é o mais
utilizado para aplicações tradicionais e menos complexas (ex.: Vision GIS). Para que possam ser feitas
operações comuns em SIGs neste tipo de modelo, são necessárias algumas extensões da linguagem
SQL (utilizada nos Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados – SGBD – deste tipo. Como a inclusão
de operadores geográficos do tipo “contém”, “vizinho a”, etc.), além da implementação de mecanismos
de indexação espacial (= permitem organizar os dados de forma a manter sua relação com o espaço que
ocupam)
Entretanto, de forma geral, o modelo de banco de dados “orientado a objetos” é o mais utilizado para
SIGs e outras aplicações específicas que exigem uma complexidade maior (ex.: ArcGIS, SPRING). Neste
tipo de banco de dados as informações são armazenadas na forma de “objetos”: “qualquer módulo que
contém rotinas de dados e estruturas, e é capaz de interagir com outros módulos similares, trocando
mensagens”.

Com base nos estudos de Filho7, o termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) caracteriza os
sistemas de informação que tornam possível a captura, modelagem, manipulação, recuperação, análise
e apresentação de dados referenciados geograficamente (ou dados georreferenciados). De forma geral,
um software de SIG é um sistema composto de quatro grandes componentes: componente de captura de
dados, componente de armazenamento, componente de análise e componentes de apresentação dos
dados.
O componente de armazenamento, denominado sistema de banco de dados geográficos, estrutura e
armazena os dados de forma a possibilitar a realização das operações de análise envolvendo dados
espaciais. Devido à complexidade das aplicações que são desenvolvidas a partir de um SIG, um dos
grandes problemas no desenvolvimento desses sistemas tem sido projetar o banco de dados geográficos.
O projeto de um banco de dados deve ser realizado com o apoio de um modelo de dados de alto nível,
também conhecido como modelo conceitual. Durante vários anos, as pesquisas no campo dos modelos
de dados para SIG centraram-se na busca por estruturas de dados para o armazenamento de dados
georreferenciados, o que ficou conhecido como “debate raster-vector”.
A necessidade de novos modelos conceituais para o desenvolvimento de aplicações de SIG foi
identificada no final da década de 80. Embora existam diversas propostas de modelos conceituais
específicos para SIG, o desenvolvimento dessas aplicações tem sido feito de forma não metodológica,
tendo como resultado diversos problemas decorrentes de abordagens evolutivas desordenadas.
Conforme já dito, e para reforçar, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são sistemas
computacionais que permitem a captura, armazenamento, manipulação, recuperação, análise e
apresentação de dados referenciados geograficamente. Dados referenciados geograficamente ou,
simplesmente, dados georreferenciados são dados que descrevem fenômenos geográficos cuja
localização está associada a uma posição sobre/sob a superfície terrestre.
Uma das principais características de um SIG é sua capacidade de manipular dados gráficos
(cartográficos) e não gráficos (descritivos) de forma integrada, provendo uma forma consistente para
análise e consulta. É possível, desta forma, ter acesso às informações descritivas de um fenômeno
geográfico a partir de sua localização e vice-versa. Além disso, pode-se fazer conexões entre diferentes
fenômenos com base em relacionamentos espaciais. Quatro aspectos caracterizam um dado
georreferenciado:

- a descrição do fenômeno geográfico;


- sua posição (ou localização) geográfica;
- relacionamentos espaciais com outros fenômenos geográficos; e
- instante ou intervalo de tempo em que a fenômeno existe ou é válido.

Estes aspectos são classificados em duas categorias de dados:

Dados Convencionais - atributos alfanuméricos usados para armazenar os dados descritivos e


temporais;

7
FILHO, Jugurta Lisboa. Projeto de Banco de Dados para Sistemas de Informação Geográfica.

. 42
Dados Espaciais - atributos que descrevem a geometria, a localização geográfica e os
relacionamentos espaciais.
Dados Pictórios – que armazenam imagens sobre regiões geográficas (ex.: fotografia de uma cidade
ou uma imagem de satélite).

Existem diversos tipos de sistemas que manipulam dados espaciais, como os sistemas de cartografia
automatizada e os sistemas de CAD (Projeto Auxiliado por Computador), porém, os SIG se diferenciam
desses sistemas por dois motivos principais. Primeiro, por sua capacidade de representar os
relacionamentos espaciais (ou topológicos) entre fenômenos geográficos. Segundo, por permitir a
realização de complexas operações de análise espacial com os dados geográficos.
O termo Geomatics, usado em alguns países (ex.: Canadá), é um termo “guarda-chuva” que engloba
toda ciência ou tecnologia relacionada a cadastro, levantamento, mapeamento, sensoriamento remoto e
SIG. Geomatics é definido como “o campo de atividades que, utilizando uma abordagem sistêmica,
integra todos os meios empregados na aquisição e gerenciamento de dados espaciais usados em
aplicações científicas, administrativas, legais e técnicas, envolvidas no processo de produção e
gerenciamento de informação espacial”. No Brasil, Geomatics corresponde a Geoprocessamento.
Portanto, o termo Sistema de Geoprocessamento engloba todos os sistemas computacionais capazes
de processar dados georreferenciados, tais como os sistemas de cartografia automatizada (CAC),
sistemas de processamento de imagens, sistemas de gerenciamento de redes de infraestrutura, sistemas
de apoio a projeto (CAD) e, principalmente, os SIG. No Brasil, frequentemente, o termo sistema de
geoprocessamento têm sido utilizado, pela comunidade de usuários, como sendo sinônimo de sistema
de informação geográfica.
O número de problemas onde os SIG são empregados aumenta a cada dia. Tradicionalmente, estes
sistemas têm sido utilizados por instituições públicas, empresas de prestação de serviço de utilidade (ex.
companhias de água, luz e telefone), na área de segurança militar e em diversos tipos de empresas
privadas (ex.: engenharia civil, terraplanagem). A seguir, é apresentada uma relação das diversas áreas
de aplicação de SIG, divididas em cinco grupos principais, segundo.

Ocupação Humana - redes de infraestrutura; planejamento e supervisão de limpeza urbana;


cadastramento territorial urbano; mapeamento eleitoral; rede hospitalar; rede de ensino; controle
epidemiológico; roteamento de veículos; sistema de informações turísticas; controle de tráfego aéreo;
sistemas de cartografia náutica; serviços de atendimentos emergenciais.
Uso da Terra - planejamento agropecuário; estocagem e escoamento da produção agrícola;
classificação de solos; gerenciamento de bacias hidrográficas; planejamento de barragens;
cadastramento de propriedades rurais; levantamento topográfico e planimétrico; mapeamento do uso da
terra.
Uso de Recursos Naturais - controle do extrativismo vegetal e mineral; classificação de poços
petrolíferos; planejamento de gasodutos e oleodutos; distribuição de energia elétrica; identificação de
mananciais; gerenciamento costeiro e marítimo.
Meio Ambiente - controle de queimadas; estudos de modificações climáticas; acompanhamento de
emissão e ação de poluentes; gerenciamento florestal de desmatamento e reflorestamento.
Atividades Econômicas - planejamento de marketing; pesquisas sócio-econômicos; distribuição de
produtos e serviços; transporte de matéria-prima.

Levando em consideração ainda os estudos de Filho, estudaremos os componentes do SIG:

Os SIG precisam armazenar grandes quantidades de dados e torná-los disponíveis para operações
de consulta e análise. Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SBGD) são ferramentas
fundamentais para os SIG, embora alguns sistemas comerciais ainda utilizem sistemas de arquivos para
fazer o gerenciamento dos dados. Com o objetivo de encontrar soluções adequadas para o problema do
gerenciamento de dados georreferenciados, diversas pesquisas têm sido realizadas por parte da
comunidade de banco de dados, sob os temas de banco de dados espaciais e geográficos.
Atualmente, a arquitetura mais empregada na construção dos SIG é a que utiliza um sistema dual,
onde o SIG é composto de um SGBD relacional, responsável pela gerência dos atributos descritivos,
acoplado a um componente de software responsável pelo gerenciamento dos atributos espaciais. A
tendência atual é que os novos SIG estão incorporando características de sistemas orientados a objetos.

. 43
Segundo Antenucci8, os SIG constituem-se na integração de três aspectos distintos da tecnologia
computacional (Figura): sistemas de gerenciamento de banco de dados geográficos (BDGeo);
procedimentos para obtenção, manipulação, exibição e impressão de dados com representação gráfica
(Interface); e algoritmos e técnicas para análise de dados espaciais (Ferramentas).

No contexto do Geoprocessamento, a criação e desenvolvimentos dos chamados Banco de Dados


Geográficos (BDG) tem sido cada vez mais explorada, em vista de sua ampla potencialidade de aplicação.
Em certo sentido, todo local, físico ou virtual onde são armazenados dados pode ser considerado um
banco de dados. O próprio site que você está acessando pode ser considerado, sob este ângulo, um
banco de dados.
Já nos casos onde dados são armazenados (em meio digital) na forma de tabelas relacionáveis entre
si através de campos chaves, temos o que é chamado de banco ou base de dados relacional. Este tipo
de banco de dados convencional é hoje utilizado pelos mais diversos ramos de atividade. Para gerencia
de banco de dados convencionais faz-se uso de softwares chamados Sistemas Gerenciadores de Banco
de Dados (SGBD). São exemplos de programas desse tipo: PostgreSQL, MySQL, Access e Oracle.

Diferenciais dos BDG


Os Bancos de Dados Geográficos, também são chamados de Banco de Dados Espaciais (BDE). Sua
estrutura de funcionamento é semelhante ao descrito acima, com a grande diferença de suportar feições
geométricas em suas tabelas. Os BDE oferecem a possibilidade de análise e consultas espaciais. Em
outras palavras esse tipo de banco possibilita a realização de cálculos como áreas, distâncias e
centróides, além de realizar a geração de buffers (zona de influência) e outras operações entre as
geometrias.
Os SGBD convencionais não suportam a implementação de BDG de forma nativa. Por isso, diversas
empresas desenvolvedoras desses programas criaram extensões espaciais que possibilitam trabalhar
com esse tipo de informação espacial. Um exemplo do uso dessas extensões é o PostGis, que é a
extensão espacial do famoso SGBD de código aberto PostgreSQL. A figura abaixo mostra a relação entre
o BDG, o PostgreSQL (SGBD) e o PostGis (sua extensão espacial).

8
ANTENUCCI, J. C. et al. Geographic Information Systems: a guide to the technology. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991.

. 44
Ao construir um banco de dados geográficos será possível realizar consultas tais como:

“Que cidades são vizinhas ao município de Jacaraú?”


“Que municípios são cortados pelo Rio Paraíba do Sul?”
“Que quadras estão num raio de um quilômetro em relação ao local onde ocorreu determinado
assalto?”
“Que distância entre a comunidade rural e a escola mais próxima?”

Note que essas questões não podem ser respondidas através de um banco de dados convencional,
pois estes não armazenam a componente espacial, nem relações de topologia, como adjacência e
pertinência. Apenas um BDG permitiria que essas questões fossem respondidas com base na posição
geográfica de cada elemento do banco. Para visualização da realidade armazenada no banco, diversos
softwares de SIG como o gvSIG podem ser integrados aos SGBD com função espacial.

. 45
FORMATO DE DADOS CARTOGRÁFICOS: RASTER, VETOR, REQUISITOS DE TOPOLOGIA

Tipos de Representação

Segundo Sano Assad, existem duas classes de representações computacionais de mapas:

- Matriciais (raster)
- Vetoriais

Dados Raster (ou bitmap, que significa mapa de bits em inglês) são imagens que contêm a descrição
de cada pixel, em oposição aos gráficos vectoriais. O tratamento de imagens deste tipo requer
ferramentas especializadas, geralmente utilizadas em fotografia, pois envolvem cálculos muito
complexos, como interpolação, álgebra matricial, etc.
Um bitmap pode ser monocromático, em escala de cinza ou colorido. Normalmente os pixels são
formados no padrão RGB, do inglês Red, Green, Blue, que utiliza três números inteiros para representar
as cores vermelho, verde e azul ou RGBA, quando o formato possui transparência (sendo A o nível de
alfa de cada pixel). Para mídias impressas às imagens bitmap ou raster utilizam o modo de cor CMYK
(Ciano, Magenta, Amarelo e Preto).

. 46
Exemplo ampliado de um bitmap em comparação a um gráfico vetorial.

Imagem bitmap ampliada, mostrando os percentuais de cores primárias em cada pixel.

Necessidade de compactação
A cada ponto da imagem exibida na tela ou papel corresponde um pixel desta grade, de forma que a
maioria das imagens requer um número muito grande de pixels para ser representada completamente.
Por exemplo, uma imagem comum de 800 pixels de largura por 600 de altura necessita de 3 bytes para
representar cada pixel (um para cada cor primária RGB) e mais 54 bytes de cabeçalho. Isso totaliza
1.440.054 bytes. Embora a representação de imagens na memória RAM seja feita geralmente em
bitmaps, quando se fala em um grande número de imagens armazenadas em discos magnéticos e
transmissão de dados via redes surge a necessidade de compressão desses arquivos, para reduzir o
espaço ocupado e o tempo de transmissão.
A compactação de dados pode ser com perda ou sem perda. Os principais formatos adotados para a
compressão de dados na internet são o Compuserve GIF, o JFIF (conhecido por JPEG), e o mais atual e
livre o PNG.

. 47
No Modelo Matricial (ou Raster)9 o terreno é representado por uma matriz M(i,j), composta por i
colunas e j linhas, que definem células, denominadas como pixels (Picture element). Cada pixel apresenta
um valor referente ao atributo, além dos valores que definem o número da coluna e o número da linha,
correspondendo, quando o arquivo está georreferenciado, a um par de coordenadas x e y que se encontre
dentro da área abrangida por aquele pixel.

Características Gerais
- As células constituem uma partição da área de estudo e a cada uma delas é associado o valor de um
atributo.

- Os tipos de valores que podem ser atribuídos às células é variável e podem ser:
- Valores inteiros (frequentemente utilizados);
- Valores reais;
- Alfanumérico.

- Formato compatível com dados oriundos de scanners e sensores remotos.


- Forma mais adequada para representar feições ou fenômenos contínuos no espaço, como: elevação,
precipitação, declividade e dados geoquímicos – interpolação (próximo slide).
- Também adequado para armazenar e manipular imagens de sensoriamento remoto. Os atributos dos
pixels representam um valor proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela superfície
terrestre.

OBS.: Para identificação e classificação dos elementos geográficos, é necessário recorrer às técnicas
de processamento digital de imagem e de fotointerpretação (Ex. Software Spring, INPE).

Exemplo de Interpolação
Dados em apenas alguns pontos de coleta. O resto dos pontos do mapa é gerado através de
aproximações proporcionais a estes valores.

9
Baseado nos estudos de Tiago Badre Marino – Geoprocessamento - Departamento de Geociências.

. 48
Resolução Espacial
“Resolução Espacial é a capacidade de distinguir entre pontos adjacentes” (Dicionário Webster)

Em dois documentos visualizados na mesma escala, o de maior resolução espacial apresentará pixels
de menor tamanho, já que discrimina objetos de menor tamanho. Por exemplo, um arquivo com a
resolução espacial de 1 m possui maior resolução do que um de 20 m – NÃO CONFUNDIR!

As medidas de área e distância serão mais exatas nos documentos de maior resolução mas, por sua
vez, eles demandam mais espaço para o seu armazenamento.

O tamanho de cada célula afeta muitas propriedades dos dados raster, incluindo a área destes. O
número de células aumenta quando há redução da dimensão da célula - mais memória computacional.
Maior precisão para medição de distâncias e áreas quanto maior a segmentação.

. 49
A dimensão da célula também afeta a exatidão espacial do dado. A exatidão posicional esperada não
é melhor que aproximadamente a metade do tamanho da célula. Ex.: Mapa com resolução de 10 metros
pode apresentar erros de localização de até 5 metros.

Assim, o tamanho da célula não pode ser maior que duas vezes a exatidão esperada para o propósito
da representação.

Métodos de Compactação Raster


- Compactações de dados raster são baseadas em algoritmos que reduzem o tamanho do arquivo,
mantendo as informações nele contidas.
- Há maior eficiência quando a compactação é aplicada a áreas homogêneas, nas quais muitas células
de mesmo valor estarão agrupadas, caracterizando redundâncias.
- Algoritmos de compressão de dados removem muitas dessas redundâncias.
- Quanto mais homogênea a imagem, maior será a intensidade da compactação.
- De modo análogo, quanto mais heterogênea a imagem raster, menor o grau de compactação obtido.

Métodos de Compactação Raster: Run-Length-Coding


- Método comum de compressão de dados baseado na gravação do percurso sequencial dos valores
de células raster.
- Cada percurso é gravado com um valor e um comprimento;
- O número à esquerda do par, representa o número de células na linha e o número à direita representa
o valor da célula.
- Assim, 2:9, listado na primeira linha do exemplo, indica que a célula de valor 9 aparece duas vezes
consecutivas.

. 50
Local: Restinga da Marambaia
Dimensões: 4000x1000 pixels
Tamanho do arquivo no formato BMP (SEM COMPACTAÇÃO): 13,1 Mbytes
Tamanho do arquivo no formato RST/SAGA (COM COMPACTAÇÃO RUN-LENGTHCODING): 72,0 Kbytes

Métodos de Compactação Raster: “Quad Tree”


“Método de compactação de dados raster, pela subdivisão consecutiva do espaço em quadrantes.”
(Teixeira e Christofoletti, 1997)

A estrutura Quadtree é hierárquica. A cada interação o sistema armazena os quadrantes de células


homogêneas e subdivide quadrantes de células heterogêneas. O sistema permanece realizando
interações e decompondo os quadrantes até não encontrar mais regiões de células heterogêneas.

Métodos de Compactação Raster: “Quadtree”

Representação Vetorial10
“As representações vetoriais, têm em comum o fato de que os domínios espaciais são representados
por conjuntos de traços, deslocamentos ou vetores, adequadamente referenciados.”
Rodrigues (1990).

10 Baseado nos estudos de Tiago Badre Marino – Geoprocessamento - Departamento de Geociências.

. 51
Ponto: Geralmente utilizado na representação de objetos de pequenas dimensões espaciais. Usa um
par de coordenadas simples para representar a localização de uma entidade. O tamanho ou a dimensão
da entidade pode não ser uma informação importante, somente sua localização pontual. Ex: Lotes podem
ser representados na base espacial por um ponto, e ter armazenados como atributos, área, proprietário,
tipo de uso, valor venal, etc.

Linha: Definidas como um conjunto ordenado de pontos interligados por segmentos de reta (polígono
aberto). O ponto inicial e o final são denominados nós e os pontos intermediários são chamados de
vértices. É utilizada na representação de entes cuja largura não convém ser expressada graficamente.
Ex: estradas, cursos de água, redes de saneamento, redes de linhas de transmissão de energia elétrica,
entre outras.

Polígono: São usados para representar áreas e são definidos como um conjunto ordenado de pontos
interligados, onde o primeiro e último ponto coincidem. Atributos podem ser associados aos polígonos
como área, perímetro, uso e ocupação do solo, nome, etc. Ex: Lotes, quadras, unidades territoriais,
propriedades rurais.

Propósito da Representação
A adoção de uma das três formas de representação de um determinado ente, depende do propósito
com que observamos o objeto do mundo real que estamos representando.

Generalização: é a simplificação ou eliminação de detalhes. Está associada à escala de


representação de uma carta. Diminuir escala implica na simplificação dos objetos. Pode ser necessário:
- o ignorar as áreas muito pequenas;
- o transformar polígonos em pontos ou linhas (slide anterior).

Exemplo de Generalização

a) Escala 1:50.000

. 52
b) Escala 1:100.000

c) Escala 1:250.000

. 53
d) Escala 1:1. 000.000

Modelo Vetorial - Spaguetti

“Modelo gerado pela digitalização de entidades gráficas de acordo com sua própria configuração
espacial. Os dados vetoriais, compostos por segmentos de linhas, NÃO são estruturados
topologicamente.”
(Teixeira e Christofoletti, 1997)

. 54
Não possibilita realização de operações topológicas, como: fluxo ou roteamento, proximidade,
sobreposições, dentre outras análises devido à ausência de conexão entre seus vértices e nós. Não existe
indicação sobre os pontos onde as linhas se cruzam. Exemplo de fonte de informação deste tipo:
- Mapas digitalizados à mão, em mesa digitalizadora ou no monitor (vetorização manual).

Estes tipos de dados são encarados como dados não tratados, ou não estruturados. É normalmente
utilizado apenas para visualização da informação gráfica. É muito pouco adequado para usar num SIG
como modelo de dados. Para executar as operações usuais é necessário procurar as relações espaciais
entre os elementos, o que é muito moroso (lento, complexo).

Topologia
Topologia é a parte da matemática que estuda as propriedades geométricas que não variam mediante
uma deformação e especialmente o relacionamento espacial entre objetos, como, por exemplo,
proximidade e vizinhança. Formas e coordenadas dos objetos são menos importantes que os elementos
do modelo topológico, como por exemplo, conectividade, contiguidade e continência – vide ilustrações a
seguir.

Mapa Topológico
Mapas esquemáticos de metrô. A distância entre estações é a mesma representada no esquema. Mas
na realidade não é. Ali, o que importa ao público alvo é a relação de vizinhança.

Representação da Topologia (Metrô)

. 55
Representação da Geometria (Metrô)

Modelo Vetorial com Topologia


Topologia: propriedades geométricas que não variam mediante uma deformação. Denotam as
estruturas de relacionamentos espaciais (vizinhança, proximidade, pertinência, conectividade,
adjacência, entre outras) que pode se estabelecer entre objetos geográficos.

. 56
Podemos observar no mapa que: os polígonos A e B; C e D são adjacentes (vizinhos); As linhas 1, 2
e 3 estão conectadas; Os pontos I e II pertencem ao polígono A, o ponto III ao polígono B, o ponto IV ao
polígono C e o V ao polígono D; Além disto, podemos fazer diversas medições referentes às dimensões
das feições.

Os polígonos A e B; C e D continuam sendo adjacentes; As linhas 1, 2 e 3 permanecem conectadas.


Os pontos I e II continuam pertencendo ao polígono A, o ponto III ao polígono B, o ponto IV ao polígono
C e o V ao polígono D. Porém se realizarmos medidas sobre as dimensões das feições estas terão valores
diferentes do mapa anterior.

Comparação entre Vetor e Raster

Qual é melhor, modelo raster ou vetorial? Nenhuma das duas classes de representação de dados
é melhor em todas as condições ou para todos os dados. Ambos apresentam vantagens e desvantagens
relativas a cada um:
- Em alguns casos é preferível manter dados no formato raster e em outros no formato vetorial.
- Mesmo assim, a maioria dos dados podem ser representados em ambos os formatos, podendo ainda
ser convertidos entre eles.

Algumas vantagens do modelo de representação raster sobre o modelo de representação vetorial:


- A forma de organização das células em linhas e colunas é muito simples e com codificação numa
estrutura lógica na maioria das linguagens de computador.
- A posição de cada célula é dada pelo número da linha e coluna em que ela se encontra.
- Facilita operações algébricas entre camadas (operações com matrizes), correspondendo a
operações algébricas entre os pixels de camadas sobrepostas corretamente, ou seja, georreferenciada e

. 57
com mesma resolução espacial. Este processamento é utilizado na elaboração de mapas de
susceptibilidade (potencial/risco); o valor obtido por cada pixel, após as operações algébricas, pode ser
classificado em níveis de susceptibilidade (baixo, médio, alto).

Algumas vantagens do modelo de representação vetorial sobre o modelo de representação raster:

- Os modelos vetoriais geralmente destacam-se, como de armazenamento mais compacto.


- Grandes regiões homogêneas são armazenadas pelas coordenadas dos seus limites no modelo
vetorial, enquanto que no modelo raster são armazenadas como um grupo de células.
- Dado vetorial é mais adequado para representar redes (networks) e outras feições lineares
conectadas – algoritmos baseados em grafos.
- O modelo vetorial permite que os relacionamentos topológicos estejam disponíveis junto com os
objetos, já no modelo matricial eles devem ser inferidos no banco de dados. Esta propriedade possibilita
que os arquivos vetoriais sejam mais adequados para execução de consultas espaciais.

Referência: http://www.ufrrj.br/lga/tiagomarino/aulas/5%20-%20Representacao%20de%20Dados%20Espaciais%20-
%20Raster%20x%20Vetor%20x%20TIN.pdf

ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÕES GEOESPACIAIS EM AMBIENTE DE BANCO DE


DADOS RELACIONAL E ORIENTADO A OBJETO

Banco de Dados Relacional

O modelo relacional é um modelo de dados, adequado a ser o modelo subjacente de um Sistema


Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), que se baseia no princípio em que todos os dados estão
guardados em tabelas (ou, matematicamente falando, relações). Toda sua definição é teórica e baseada
na lógica de predicados e na teoria dos conjuntos. O conceito foi criado por Edgar Frank Codd em 1970,
sendo descrito no artigo “Relational Model of Data for Large Shared Data Banks”. Na verdade, o modelo
relacional foi o primeiro modelo de dados descrito teoricamente, os bancos de dados já existentes
passaram então a ser conhecidos como (modelo hierárquico, modelo em rede ou Codasyl e modelo de
listas invertidas).
O modelo relacional para gerência de bases de dados (SGBD) é um modelo de dados baseado em
lógica e na teoria de conjuntos. Em definição simplificada, o modelo baseia-se em dois conceitos: conceito
de entidade e relação - Uma entidade é um elemento caracterizado pelos dados que são recolhidos na
sua identificação vulgarmente designado por tabela. Na construção da tabela identificam-se os dados da
entidade. A atribuição de valores a uma entidade constrói um registro da tabela. A relação determina o
modo como cada registro de cada tabela se associa a registros de outras tabelas.
Historicamente ele é o sucessor do modelo hierárquico e do modelo em rede. Estas arquiteturas
antigas são até hoje utilizadas em alguns data centers com alto volume de dados, onde a migração é

. 58
inviabilizada pelo custo que ela demandaria; existem ainda os novos modelos baseados em orientação
ao objeto, que na maior parte das vezes são encontrados como kits em linguagem formal.
O modelo relacional foi inventado pelo Frank Codd e subsequentemente mantido e aprimorado por
Chris Date e Hugh Darwen como um modelo geral de dados. No Terceiro Manifesto (1995) eles
mostraram como o modelo relacional pode ser estendido com características de orientação a objeto sem
comprometer os seus princípios fundamentais. A linguagem padrão para os bancos de dados relacionais,
SQL, é apenas vagamente remanescente do modelo matemático. Atualmente ela é adotada, apesar de
suas restrições, porque ela é antiga e muito mais popular que qualquer outra linguagem de banco de
dados.
A principal proposição do modelo relacional é que todos os dados são representados como relações
matemáticas, isto é, um subconjunto do produto Cartesiano de n conjuntos. No modelo matemático
(diferentemente do SQL), a análise dos dados é feita em uma lógica de predicados de dois valores (ou
seja, sem o valor nulo); isto significa que existem dois possíveis valores para uma proposição: verdadeira
ou falsa. Os dados são tratados pelo cálculo relacional ou álgebra relacional.
O modelo relacional permite ao projetista criar um modelo lógico consistente da informação a ser
armazenada. Este modelo lógico pode ser refinado através de um processo de normalização. Um banco
de dados construído puramente baseado no modelo relacional estará inteiramente normalizado. O plano
de acesso, outras implementações e detalhes de operação são tratados pelo sistema DBMS, e não devem
ser refletidos no modelo lógico. Isto se contrapõe à prática comum para DBMSs SQL nos quais o ajuste
de desempenho frequentemente requer mudanças no modelo lógico.
Os blocos básicos do modelo relacional são o domínio, ou tipo de dado. Uma tupla é um conjunto de
atributos que são ordenados em pares de domínio e valor. Uma relvar (variável relacional) é um conjunto
de pares ordenados de domínio e nome que serve como um cabeçalho para uma relação. Uma relação
é um conjunto desordenado de tuplas. Apesar destes conceitos matemáticos, eles correspondem
basicamente aos conceitos tradicionais dos bancos de dados. Uma relação é similar ao conceito de tabela
e uma tupla é similar ao conceito de linha.
O princípio básico do modelo relacional é o princípio da informação: toda informação é representada
por valores em relações (relvars). Assim, as relvars não são relacionadas umas às outras no momento
do projeto. Entretanto, os projetistas utilizam o mesmo domínio em vários relvars, e se um atributo é
dependente de outro, esta dependência é garantida através da integridade referencial.

Exemplo de um BD Relacional

No modelo relacional a principal construção para representação dos dados é a relação, uma tabela
com linhas não ordenadas e colunas. Uma relação consiste de um esquema e de uma instância. O
esquema especifica o nome da relação e o nome e o domínio de cada coluna, também denominada
atributo ou campo da relação. O domínio do atributo é referenciado no esquema por seu nome e serve
para restringir os valores que este atributo pode assumir. O esquema de uma relação é inváriavel ao
longo do tempo, sendo modificado apenas por comandos específicos. Um exemplo de esquema de
relação é: Students (sid: string, name: string, login: string, age: integer, gpa: real).

. 59
Neste caso está sendo definida a relação de nome Students, com atributos sid, name, login, age e gpa,
cujos domínios são respectivamente string, string, string, integer e real. A instância de uma relação é o
conjunto de linhas, também denominadas tuplas ou registros, distintas entre si, que compõem a relação
em um dado momento. Ela é variável, já que o número de tuplas e o conteúdo de seus atributos podem
variar ao longo do tempo. A instância de uma relação deve seguir sempre o seu respectivo esquema,
respeitando o número de atributos definidos, bem como os seus domínios.
Esta restrição, denominada restrição de domínio, é muito importante. O modelo relacional somente
considera relações que satisfaçam esta restrição. Um exemplo de uma instância para o esquema
Students é ilustrado na Figura.

O número de tuplas que uma dada instância possui denomina-se cardinalidade da relação e o número
de atributos é o seu grau. A instância de relação da Figura tem cardinalidade 3 e grau 5. Note que a
cardinalidade é variável, mas o grau não. Um banco de dados relacional é um conjunto de uma ou mais
relações com nomes distintos. O esquema do banco de dados relacional é a coleção dos esquemas de
cada relação que compõe o banco de dados.

Características

- Organização dos dados - conceitos do modelo - atributo, relação, chave.


- Integridade - restrições básicas para dados e relacionamentos.
- Manipulação - linguagens formais e SQL.

Organização
O modelo apresenta cinco conceitos:

1- Domínio: conjunto de valores permitidos para um dado. Exemplos


- inteiro, string (domínios básicos)
- data, hora (domínios compostos)
- [0, 120], (‘M’, ‘F’) (domínios definidos)
Para um domínio existem operações válidas
- inteiro (somar, dividir, i1 maior que i2, ...)
- data (extrair dia, extrair mês, d1 anterior a d2, ...)

Definição de domínios de dados

. 60
- DDL (indicação de tipos de dados [+RIs])

- Conjunto de valores atómicos que caracterizam um atributo.


- No modelo relacional os atributos não podem ser do tipo composto ou multi-valor.
- dom(Ai) representa o domínio do atributo Ai.

2- Atributo: Um item de dado do BD. Possui um nome e um domínio. Exemplos


- nome: string
- idade: [0,120]

- Nome que identifica uma característica/propriedade de uma relação.


- R.Ai representa o atributo Ai da relação R.

3- Tupla: Um conjunto de pares (atributo, valor)


- define uma ocorrência de um fato do mundo real ou de um relacionamento entre fatos

Valor de um atributo
- definido no momento da criação de uma tupla
- deve ser:
• compatível com o domínio OU NULL (valor inexistente ou indeterminado)
• atômico (indivisível: não estruturado e monovalorado)

Exemplo – tupla de aluno:


{(nome, ‘João’), (idade, 34),
(matrícula, 03167034), ...}

- Sequência ordenada de valores.


- Todos os tuplos de uma relação são necessariamente diferentes, pois representam entidades ou
relacionamentos específicos da base de dados.
- Os tuplos são definidos por sequências do tipo <v1, v2, …, vn>, onde cada vi corresponde ao valor
do tuplo para o atributo Ai ou ao valor NULL.

vi ∈ dom(Ai) ou vi = NULL.

- t[Ai] ou t[i] representa o valor do tuplo t para o atributo Ai.

4- Relação
- Composto por um cabeçalho e um corpo.
- Cabeçalho
• número fixo de atributos (grau da relação)
• atributos não ambíguos

- Corpo
• número variável de tuplas (cardinalidade da relação)

- Subconjunto do produto cartesiano de todos os domínios D1 X D2 X ... X Dn de atributos. Logo,


relação é um conjunto - na prática, uma relação em um BD é chamada tabela.
• uma tabela admite uma coleção de tuplas

- Conjunto não ordenado de tuplos.


- As relações representam entidades-tipo ou relacionamentos da base de dados.
- As relações são definidas por esquemas do tipo R(A1, A2, …, An), onde R é o nome da relação e A1,
A2, …, An é a lista de atributos.

5- Chave: Conjunto de um ou mais atributos de uma relação.

Tipos de chaves

- chave primária (pk)

. 61
• atributo(s) cujo (conjunto de) valor(es) identifica(m) unicamente uma tupla em uma relação
• notação para a pk de uma relação R: pk(R)
• conceitos associados – chaves candidatas e chaves alternativas
• exemplos – alunos: matrícula
– cidades: (nome, estado)

- chave estrangeira (fk)


• atributo(s) de uma relação R1 que estabelece(m)
- uma equivalência de valor com a chave primária de
- uma relação R2 (fk(R1) → pk(R2))
• notação para uma fk de uma relação R: fk(R)
• domínio(fk(R1)) = domínio(pk(R2))
• R1 e R2 podem ser a mesma relação
• exemplos – alunos: curso (referência a um código de curso)
– cursos: código

Superchave
- Subconjunto de atributos de uma relação para a qual todos os tuplos são diferentes.
- Permite identificar de forma única os tuplos de uma relação.
- Todas as relações têm por defeito uma superchave – o conjunto de todos os atributos da relação.

Chave
- Superchave mínima – a remoção de um atributo de uma chave resulta num subconjunto de atributos
que não é uma superchave.

Chave Primária
- Uma relação pode ter várias chaves, mas apenas uma deve ser designada como a chave primária
da relação.
- A escolha da chave primária de uma relação é arbitrária, mas, no entanto é usual escolher a chave
com o menor número de atributos.
- No esquema de uma relação, a chave primária é representada sublinhada.

Chaves Externas
- Conjunto de atributos E de uma relação R1 que referenciam a chave C de outra relação R2.
- O domínio dos atributos E é o mesmo dos atributos C.
- Os valores de E para um determinado tuplo de R1 ou ocorrem nos valores de C para um tuplo de R2
ou são NULL.
- A chave externa E de R1 define uma restrição de integridade referencial de R1 para R 2 (garante a
consistência entre os tuplos de R1 e R2).
- No esquema relacional, a chave externa E é representada por um arco de E para C.

Esquema Relacional da BD Empresa

. 62
SQL
Structured Query Language, ou Linguagem de Consulta Estruturada ou SQL, é a linguagem de
pesquisa declarativa padrão para banco de dados relacional (base de dados relacional). Muitas das
características originais do SQL foram inspiradas na álgebra relacional.
O SQL foi desenvolvido originalmente no início dos anos 70 nos laboratórios da IBM em San Jose,
dentro do projeto System R, que tinha por objetivo demonstrar a viabilidade da implementação do modelo
relacional proposto por E. F. Codd. O nome original da linguagem era SEQUEL, acrônimo para "Structured
English Query Language" (Linguagem de Consulta Estruturada, em Inglês), vindo daí o fato de, até hoje,
a sigla, em inglês, ser comumente pronunciada "síquel" ao invés de "és-kiú-él", letra a letra. No entanto,
em português, a pronúncia mais corrente é a letra a letra: "ésse-quê-éle".
A linguagem é um grande padrão de banco de dados. Isto decorre da sua simplicidade e facilidade de
uso. Ela se diferencia de outras linguagens de consulta a banco de dados no sentido em que uma consulta
SQL especifica a forma do resultado e não o caminho para chegar a ele. Ela é uma linguagem declarativa
em oposição a outras linguagens procedurais. Isto reduz o ciclo de aprendizado daqueles que se iniciam
na linguagem.
Embora o SQL tenha sido originalmente criado pela IBM, rapidamente surgiram vários "dialectos"
desenvolvidos por outros produtores. Essa expansão levou à necessidade de ser criado e adaptado um
padrão para a linguagem. Esta tarefa foi realizada pela American National Standards Institute (ANSI) em
1986 e ISO em 1987. O SQL foi revisto em 1992 e a esta versão foi dado o nome de SQL-92. Foi revisto
novamente em 1999 e 2003 para se tornar SQL:1999 (SQL) e SQL:2003, respectivamente. O SQL:1999
usa expressões regulares de emparelhamento, queries recursivas e gatilhos (triggers). Também foi feita
uma adição controversa de tipos não escalados e algumas características de orientação a objeto. O
SQL:2003 introduz características relacionadas ao XML, sequências padronizadas e colunas com valores
de auto-generalização (inclusive colunas-identidade).
Tal como dito anteriormente, embora padronizado pela ANSI e ISO, possui muitas variações e
extensões produzidos pelos diferentes fabricantes de sistemas gerenciadores de bases de dados.
Tipicamente a linguagem pode ser migrada de plataforma para plataforma sem mudanças estruturais
principais. Outra aproximação é permitir para código de idioma procedural ser embutido e interagir com o
banco de dados. Por exemplo, o Oracle e outros incluem Java na base de dados, enquanto o PostgreSQL
permite que funções sejam escritas em Perl, Tcl, ou C, entre outras linguagens.

Banco de Dados Orientado a Objetos – BD OO


Um banco de dados orientado a objetos é um banco de dados em que cada informação é armazenada
na forma de objetos, ou seja, utiliza a Estrutura de dados denominada Orientação a objetos, a qual
permeia as linguagens mais modernas. O gerenciador do banco de dados para um orientado a objeto é
referenciado por vários como ODBMS ou OODBMS.
Existem dois fatores principais que levam a adoção da tecnologia de banco de dados orientados a
objetos. A primeira, é que em um banco de dados relacional se torna difícil de manipular com dados
complexos (esta dificuldade se dá, pois o modelo relacional se baseia menos no senso comum relativo
ao modelo de dados necessário ao projeto e mais nas contingências práticas do armazenamento
eletrônico). Segundo, os dados são geralmente manipulados pela aplicação escrita usando linguagens
de programação orientada a objetos, como C++, C#, Java, Python ou Delphi (Object Pascal), e o código
precisa ser traduzido entre a representação do dado e as tuplas da tabela relacional, o que além de ser
uma operação tediosa de ser escrita, consome tempo. Esta perda entre os modelos usados para
representar a informação na aplicação e no banco de dados é também chamada de “perda por
resistência”.

História
Os sistemas de gerenciamento de banco de dados orientado a objetos cresceram fora das pesquisas
durante o começo da metade dos anos 80, buscando ter sustentação intrínseca da gerência da base de
dados para objetos gráfico-estruturados. O termo “sistema de banco de dados orientado a objetos” surgiu
originalmente por volta de 1985. Projetos de pesquisa notáveis incluem Encore-Ob/Server (Brown
University), EXODUS (University of Wisconsin), IRIS (Hewlett-Packard), ODE (Bell Labs), ORION
(Microelectronics and Computer Technology Corporation or MCC), Vodak (GMD-IPSI), e Zeitgeist (Texas
Instruments). O projeto ORION teve mais artigos publicados do que qualquer outro. Won Kim, do MCC,
compilou os melhores destes artigos num livro publicado pelo MIT Press.
Surgiram produtos comerciais, como o GemStone (Servio Logic, alterado para GemStone Systems),
Gbase (Graphael), e Vbase (Ontologic). No começo da metade dos anos 90 vimos novos produtos
comerciais entrarem no mercado. Deste inclui-se ITASCA (Itasca Systems), Matisse (Matisse Software),

. 63
Objectivity/DB (Objectivity, Inc.), ObjectStore (Progress Software, adquirido pela eXcelon, a qual era
originalmente Object Design), ONTOS (Ontos, Inc., alterado para Ontologic), O2 (O2 Technology, surgiu
de várias companhias, adquirido pela Informix, qual por sua vez foi adquirida pela IBM), POET (agora da
FastObjects da Versant que adquiriu a Poet Systems), e Versant Object Database (Versant Corporation).
Alguns destes produtos se mantem no mercado, tendo alguns se unido com novos produtos.
Os Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados Orientados a Objetos adicionaram o conceito de
persistência à programação orientada a objetos. No início os produtos comerciais eram integrados com
várias linguagens GemStone (Smalltalk), Gbase (Lisp), e Vbase (COP). O COP era o C Object Processor,
uma linguagem proprietária baseada no C (COP é diferente de C++. Apesar de ambas terem C como
base C++ também foi influenciada Pela Simula). Durante praticamente todos os anos 90, o C++ dominou
o mercado comercial de Gerenciadores de Banco de Dados Orientados a Objetos. Os vendedores
acrescentaram o Java no final dos anos 90 e mais recentemente o C#.

Recursos Técnicos
Num banco de dados orientado a objetos puro, os dados são armazenados como objetos onde só
podem ser manipulados pelos métodos definidos pela classe de que estes objetos pertencem. Os objetos
são organizados numa hierarquia de tipos e subtipos que recebem as características de seus supertipos.
Os objetos podem conter referências para outros objetos, e as aplicações podem conseqüentemente
acessar os dados requeridos usando um estilo de navegação de programação.
A maioria dos bancos de dados também oferece algum tipo de linguagem de consulta, permitindo que
os objetos sejam localizados por uma programação declarativa mais próxima. Isto é, na área das
linguagens de consulta orientada a objetos. A integração da consulta com a interface de navegação faz
a grande diferença entre os produtos que são encontrados. Uma tentativa de padronização foi feita pela
ODMG (Object Data Management Group) com a OQL (Object Query Language).
O acesso aos dados pode ser rápido porque as junções geralmente não são necessárias (como numa
implementação tabular de uma base de dados relacional), isto é, porque um objeto pode ser obtido
diretamente sem busca, seguindo os ponteiros. Outra área de variação entre os produtos é o modo que
este schema do banco de dados é definido. Uma característica geral, entretanto, é que a linguagem de
programação e o schema do banco de dados usam o mesmo modo de definição de tipos.
Aplicações multimídia são facilitadas porque os métodos de classe associados com os dados são
responsáveis pela correta reprodução. Muitos bancos de dados orientados a objetos oferecem suporte a
versões. Um objeto pode ser visto de todas as várias versões. Ainda, versões de objetos podem ser
tratadas como objetos na versão correta. Alguns bancos de dados orientados a objetos ainda provêem
um suporte sistemático a triggers e constraints que são as bases dos bancos ativos.

Vantagens e Desvantagens
Benchmarks entre ODBMSs e relacionais DBMSs tem mostrado que ODBMS podem ser claramente
superiores para certos tipos de tarefas. A principal razão para isto é que várias operações são feitas
utilizando interfaces navegacionais ao invés das relacionais, e o acesso navegacional é geralmente
implementado de forma muito eficiente por ponteiros.
Críticos das tecnologias baseadas em Bancos de Dados Navegacionais, como os ODBMS, sugerem
que as técnicas baseadas em ponteiros são otimizadas para “rotas de pesquisa” ou pontos de vista muito
específicos. Entretanto, para o propósito de consultas gerais a mesma informação, técnicas baseadas
em ponteiros tenderão a ser mais lentas e mais difíceis de se formular do que as relacionais. Desta
maneira, a abordagem navegacional parece simplificar para usos dos específicos conhecidos às custas
do uso geral, ignorando usos futuros.
Outra coisa que trabalha contra os ODBMS parece ser a perda da interoperabilidade com um grande
número de ferramentas/características que são tidas como certas no mundo SQL, incluindo a indústria de
padrões de conectividade, ferramentas de relatório, ferramentas de OLAP e backup, e padrões de
recuperação. Adicionalmente, banco de dados orientado a objetos perdem o fundamento formal
matemático, ao contrário do modelo relacional, e isto às vezes conduz a fraqueza na sustentação da
consulta. Entretanto esta objeção é descartada pelo fato que alguns ODBMSs suportam totalmente o SQL
em adição ao acesso navegacional (Objectivity/SQL++). Mas, o uso eficaz pode requerer acordos para
manter ambos os paradigmas sincronizados.
De fato há uma tensão intrínseca entre a noção de encapsulamento, que esconde os dados e somente
os disponibiliza através de uma interface de métodos publicados, e o presuposto de muitas tecnologias
de bancos de dados, de que estes dados podem ser acessados por consultas baseadas em seu conteúdo
ao invés de caminhos predefinidos. O pensamento centrado em bancos de dados tende a ver o mundo
através de forma declarativa e dirigida a uma visão de atributos, enquanto a OOP tenta ver o mundo

. 64
através um ponto de vista comportamental. Esta é uma das várias “perdas por resistência” que envolvem
OOP e banco de dados.
Embora alguns afirmem que a tecnologia de banco de dados orientado a objetos fracassou, os
argumentos essenciais em seu favor permanecem válidos, e as tentativas de integrar as funcionalidades
de bancos de dados mais próxima as linguagens de programação orientadas a objeto continuam tanto
nas comunidades de pesquisa quanto nas industriais.

ODMG
O ODMG (Object Database Management Group) era um consórcio de vendedores de banco de dados
orientados a objetos e mapeadores objeto-relacionais, membros da comunidade acadêmica, e parceiros
interessados. A meta era criar um conjunto de especificações que permitiriam a portabilidade das
aplicações que armazenam objetos em sistemas de gerenciamento de banco de dados. Foram publicadas
várias versões desta especificação. O último release foi a ODMG 3.0. Em 2001, a maioria dos principais
vendedores de banco de dados orientado a objetos e mapeadores de objeto-relacionais reivindicaram a
conformidade com a ODMG Java Language Binding. A conformidade com os demais componentes da
especificação foi variada. Em 2001, o ODMG Java Language Binding foi submetido para o Java
Community Process como base para a especificação Java Data Objects. As companhias membras do
ODMG decidiram então concentrar esforços na especificação do Java Data Objects. Como resultado, a
ODMG se dissolveu em 2001.
Várias ideias do banco de dados orientado a objetos foram absorvidas pela SQL: 1999 e tem sido
implementadas em vários graus nos produtos de banco de dados objeto-relacional. Em 2005 Cook, Rai
e Rosenberger propuseram abandonar todos os esforços de padronização para introduzir APIs adicionais
de consulta orientadas a objetos e, ao invés disso, usar as próprias linguagens orientadas a objetos, como
o JAVA e o NET. Como resultado surgiram as Consultas Nativas (Native Queries). Similarmente, a
Microsoft anunciou a LINQ (Language Integrated Query) e DLINQ, uma implementação do LINQ, em
setembro de 2005, para prover a aproximação da capacidade da linguagem de consulta integrada do
banco de dados com as linguagens de programação C# e VB.NET 9.
Em fevereiro de 2006, o OMG (Object Management Group) anunciou que havia concedido o direito de
desenvolver novas especificações baseadas na especificação ODMG 3.0 e a formação do ODBT WG
(Object Database Technology Working Group). O ODBT WG planeja criar um conjunto de especificações
que incorporará avanços da tecnologia de banco de dados orientados a objetos (ex. replicação),
gerenciamento de dados (ex. indexação espacial) e formato de dados (ex. XML) e incluir novas
características dentro deste padrão que dará suporte ao dominios onde os bancos de dados orientados
a objeto estão sendo adotados (ex. sistemas de Tempo real).

Estrutura e Caracterísiticas
Baseado nos estudos de Galante11 et. al., o objeto é formado como se fosse uma tripla (i, c, v), onde
o i é o OID do objeto, o c é um construtor, ou seja, que tipo de valor ele vai receber ex.: atom, tuple, set,
list, bag, array e v é o valor corrente. Então o objeto passa a suportar aquilo que foi definido para ele. Se
ele vai receber um valor atômico ele só aceitará valores atômicos. Os construtores de tipos sets, bags,
lists e arrays são caracterizados como tipos de coleções e a diferença entre eles é a seguinte:
- Sets e bags, o primeiro só aceita valores distintos enquanto o segundo aceita valores duplicados.
- Lists e arrays, o primeiro só aceita números arbitrários, enquanto o segundo, o tamanho deve ser
pré-estabelecido.

Umas das características dos sistemas OO é ocultar informação e tipos abstratos de dados, sendo que
é muito complicado aplicar esse modelo na prática. Por exemplo, nos sistemas atuais para uma consulta
em uma determinada tabela é necessário saber todos os atributos da tabela, para formar a consulta. Em
um sistema OO, que preza pelo encapsulamento nem toda tabela pode enxergar a outra, o que dificultaria
muito as consultas.
A ideia do encapsulamento em um BD OO, já que não dá para ser aplicado a rigor, é pelo menos tratar
o comportamento do objeto com funções pré-definidas. Por exemplo, insert, delete, update etc. Ou seja,
a estrutura interna do objeto é escondida, e os usuários externos só conhecem a interface do tipo de
objeto como os argumentos (parâmetros), de cada operação. Então a implementação é oculta para
usuários externos que está incluído a definição da estrutura interna, de dados do objeto e a
implementação das operações que acessam essas estruturas. Enfim o BD OO propõe o seguinte, dividir

11
GALANTE, Alan Carvalho; MOREIRA, Elvis Leonardo Rangel; BRANDÃO, Flávio Camilo. Banco de Dados Orientado a Objetos: uma
realidade. http://www.fsma.edu.br/si/edicao3/banco_de_dados_orientado_a_objetos.pdf

. 65
estrutura do objeto em partes visíveis e ocultas então para operações que exigem atualização da base
de dados torna se oculta e para operações que exige consultas, torna-se visível. (Elmasri, 2005)
Em grande parte, os bancos de dados OO tem suas restrições com relação às extensões, isto é, as
extensões possuem o mesmo tipo ou classe. Na Linguagem OO nem sempre é assim. Smalltalk, por
exemplo, permite ter uma coleção de objetos de diferentes tipos. É comum em aplicações de banco de
dados que cada tipo ou subtipo de dado possua uma extensão associada, que mantenha a coleção de
todos os objetos persistentes daquele tipo ou subtipo. Nesse caso, a restrição é de que todo objeto numa
extensão que corresponda a um subtipo também deva ser um membro de extensão que corresponda a
seu supertipo. Alguns sistemas de banco de dados OO possuem um tipo de sistema predefinido (chamado
de classe raiz (root) ou classe OBJETO, cuja extensão contém todos os objetos do sistema. A
classificação então segue, designando objetos para supertipos adicionais que são significativos para a
aplicação, criando uma hierarquia de tipos ou hierarquia de classe para o sistema).
Grande parte do modelo OO separa claramente o que é objeto persistente, e objeto transiente. Por
exemplo, quando é realizada uma consulta, é carregada uma lista de objetos numa classe transiente
(temporária), o sistema pode manipular os dados nessa classe e assim que forem feitas as manipulações
necessárias elas deixam de existirem.
Uma das grandes vantagens de um SGBDOO é que ele permite salvar objetos grandes e depois obter
a recuperação facilmente desses grandes objetos como texto longos, imagens etc. Eles são considerados
não estruturados porque o SGBD não conhece a sua estrutura. A aplicação pode utilizar várias funções
para manipular esses objetos. E o mais importante é que o SGBD não conhece essas funções, mas
através de técnicas oferecidas por ele é capaz de reconhecer esses objetos e buscá-los no banco de
dados. Caso o objeto seja muito grande ele pode utilizar técnicas como buffering e caching.
É importante frisar que SGBDOO não é capaz de processar diretamente condições de seleções e
outras operações desses objetos. É necessário que esses dados sejam passados para o BD para que
ele possa saber tratar os objetos corretamente. Por exemplo, considere objetos que são imagens bitmap
bidimensional. Suponha que a aplicação precise selecionar a partir de uma coleção de tais objetos
somente aqueles que incluem certo padrão. Nesse caso, o usuário deve fornecer o programa de
reconhecimento do padrão, como um método em objetos do tipo bitmap. O SGBDOO recupera, então,
um objeto do banco de dados e aplica nele o método para o reconhecimento do padrão para determinar
se o objeto adere ao padrão desejado.
Objetos complexos estruturados são os objetos que contém vários tipos de objetos dentro deles. Por
exemplo, um objeto é composto de um list, de tupla, de um set, isto é, o SGBDOO conhece todas essas
estruturas, porém o objeto se torna complexo por composto de tipos de objetos diferentes.

Banco de Dados OO no mercado


Existem vários bancos de dados orientados a objeto, discutir cada um deles é essencial para a tomada
de decisão. É importante saber qual modelo é mais apropriado para o uso da sua aplicação. A seguir
estão alguns exemplos:

- CACHÉ: trabalha com as seguintes linguagens: Java, .Net, C++, XML e outras. É um banco de dados
comercial.
- VERSANT: trabalha com as seguintes linguagens: Java e C++. É bastante utilizado nos sistemas
telecomunicações, redes de transporte, áreas médicas e financeiras. É um banco de dados comercial.
- DB4Objects: Trabalha com as seguintes linguagens: Java e .Net. Sua linguagem de Consulta é a
Object Query Language (OQL) e é um banco de dados distribuído em duas licenças, a GPL (licença
pública Geral) e uma licença comercial.
- O2: Trabalha com as seguintes linguagens: C, C++ e o ambiente O2. Sua linguagem de Consulta:
O2Query, OQL. Seu gerenciador do Banco de Dados é o O2Engine, e é um banco de dados comercial.
- GEMSTONE: trabalha com as seguintes linguagens: Java, C++, C#, XML e outras. Sua linguagem
de Consulta é o DML. É um banco de dados comercial.
- JASMINE: Possui alta conectividade com Web, suporte à linguagem Java. Pode-se ainda
desenvolver aplicações em Visual Basic usando Active/X, em HTML (HyperText Markup Language)
usando as ferramentas de conectividade para Web disponíveis no Jasmine, em C e C++ usando APIs e
em Java usando interfaces de middleware embutidas no Jasmine. É um banco de dados comercial.
- MATISSE: Trabalha com as seguintes linguagens: Java, C#, C++, VB, Delphi, Perl, PHP, Eiffel,
SmallTalk. É um banco de dados comercial.
- Objectivity/DB: trabalha com as seguintes linguagens: C#; C++; Java; Python, Smalltalk; SQL++
(SQL com objeto - extensões orientadas) e XML (para a importação e a exportação somente). É um banco
de dados comercial.

. 66
- Ozone: trabalha com as seguintes linguagens: Java e XML. É um banco de dados opensource.

Modelo Relacional-OO
O modelo relacional OO é a junção do modelo relacional com o modelo OO. Segue o padrão SQL
1999 e estendem a SQL para incorporar o suporte para o modelo de dados relacional-objeto, gerencia
transações, processamento e otimização de consultas. Como por exemplo, ele passou a ter construtores
de tipos para especificar objetos complexos, passou a ter tuplas e array. Os construtores set, list, bag
ainda não foram adicionados ao modelo. Nesse Modelo passou a ter identidade de objeto (reference
type), encapsulamento de operações e foram adicionados mecanismo de herança e polimorfismo.
Mesmo com todas essas características a implementação fisicamente continua sendo feita através de
tabelas, ou seja, como um modelo relacional. A semântica da aplicação é modelada e representada
através de objetos, enquanto sua implementação física é feita na forma relacional. As principais extensões
ao modelo relacional que caracterizam os modelos relacionais-objeto são:
- definição de novos sistemas de tipos de dados, mais ricos, incluindo tipos de dados complexos;
- incorporação de novas funcionalidades ao SGBD para manipular este novos tipos complexos de
dados, suporte a herança, possibilidade de manipulação de objetos diretamente por parte do usuário,
extensões feitas na linguagem SQL, para possibilitar manipular e consultar objetos.

Infraestrutura de dados espaciais: metadados geográficos;


serviços web de mapas; e Sensoriamento remoto:
tratamento digital de imagens e registro de imagens e
mosaicagem

INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS

No Brasil, o Decreto no 6.666, de 27/11/2008 (DOU de 28/11/2008, p. 57), institui a Infraestrutura


Nacional de Dados Espaciais (INDE) e a define como o conjunto integrado de tecnologias; políticas;
mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento; padrões e acordos, necessário para
facilitar e ordenar a geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso
dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal (BRASIL, 2008).
Na bibliografia disponibilizada por comitês, órgãos continentais e nacionais, associações,
universidades, conferências e iniciativas, tais como:
- GSDI (Global Spatial Data Infrastructure Association)
- CP-IDEA (Comité Permanente para la Infraestructura de Datos Geoespaciales de las Américas)
- FGDC (Federal Geographic Data Committee, USA) x PCGIAP (Permanent Committee for GIS
Infrastructure for Asia and the Pacific)
e outros, são encontrados diversos significados para o termo genérico Infraestrutura de Dados
Espaciais (IDE). A seguir, examinam-se alguns destes, ressaltando que os conceitos básicos relativos a
dados e informações (geo)espaciais ou geográficas – aqui referidas pela sigla IG - serão explorados na
próxima seção.
O termo Infraestrutura de Dados Espaciais é usado frequentemente para denotar um conjunto básico
de tecnologias, políticas e arranjos institucionais que facilitam a disponibilidade e o acesso a dados
espaciais (COLEMAN; MCLAUGHLIN, 1997; GSDI, 2000; PCGIAP, 1995).
O Comitê Federal de Dados Geográficos dos Estados Unidos (FGDC, 1997) inicialmente definiu a sua
“Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais” (NSDI) como “um conjunto de políticas, padrões e
procedimentos sob os quais organizações e tecnologias interagem para promover o uso, administração
e produção mais eficientes de dados geoespaciais”. Em 2004 o FGDC procedeu a uma revisão desse
conceito, no sentido de incorporar-lhe outras dimensões fundamentais, a saber: atores/pessoas,
construção de capacidade, articulação com as Unidades Federadas e serviços.
O Conselho de Informação Espacial da Austrália e Nova Zelândia (ANZLIC), responsável pela
coordenação e desenvolvimento da IDE australiana, destaca que

. 67
“Uma Infraestrutura de Dados Espaciais provê uma base para busca de dados espaciais, avaliação,
transferência e aplicação para os usuários e provedores dentro de todos os níveis de governo, do setor
comercial e industrial, dos setores não lucrativos, acadêmicos e do público geral” (ASDI, 2004).
Groot e McLaughlin (2000) definem uma IDE como o conjunto de bases de dados espaciais em rede
e metodologias de manuseio e análise de informação, recursos humanos, instituições, organizações e
recursos tecnológicos e econômicos, que interagem sobre um modelo de concepção, implementação e
manutenção, e mecanismos que facilitam a troca, o acesso e o uso responsável de dados espaciais a um
custo razoável para aplicações de domínios e objetivos específicos.
Já Moeller (2001) ressalta a existência, na construção de IDEs ao redor do mundo, de “muitas
diferenças: legais, organizacionais e econômicas, e muitos elementos comuns: padrões, dados
fundamentais, catálogos/clearinghouse e tecnologia”. [O conceito de clearinghouse foi desenvolvido
visando facilitar a busca, o pedido, a transferência, e a venda eletrônica de dados espaciais garantindo a
disseminação de dados de diversas fontes pela Internet (CROMPVOETS; BREGT, 2003; PAIXÃO;
NICHOLS; COLEMAN, 2008).
Segundo Paixão; Nichols e Coleman (1997), “o termo infraestrutura de dados espaciais (IDE) abrange
recursos de dados, sistemas, redes, normas e questões governamentais que envolvem informação
geográfica, a qual é entregue aos potenciais usuários através de meios diversos”. Giff e Coleman (2003)
ressaltam que uma IDE deve fornecer um arcabouço eficaz e eficiente, que seja de fácil utilização, capaz
de agilizar a busca de dados geográficos pelos usuários.
A definição do Instituto Geográfico Nacional da Espanha também merece registro:
Partindo-se da premissa de que os processos relacionados com a informação geográfica (IG) devam
ser unificados, que a IG deva ser amplamente acessível, e que deva existir um consenso entre instituições
para compartilhar informação, o termo Infraestrutura de Dados Espaciais é utilizado para se nomear o
conjunto de tecnologias, políticas, estruturas e arranjos institucionais que facilitam a disponibilidade e o
acesso à informação espacial (IGN / IDEE, chamada de IDE Nacional, 2008).
O exame das diversas definições de IDE aqui apresentadas demonstra que a definição proposta no
Decreto no 6.666/08 – transcrita no 1o § desta seção – é consistente com o que se encontra na bibliografia
especializada.
Cabe ainda observar que o marco legal da INDE brasileira acompanha a vertente mais atual e
abrangente da definição de uma IDE, na qual o conceito de serviços prevalece sobre o de dados
geoespaciais. Nesse sentido, uma IDE pode ser entendida como um conjunto de serviços que oferecem
uma série de funcionalidades úteis e interessantes para uma comunidade de usuários de dados
geoespaciais. Se antes a ênfase era nos dados que o usuário poderia acessar, agora a ênfase recai nos
variados “usos” que podem ser feitos desses dados.
Masser (2002) aponta o seguinte conjunto de motivações para a implementação de uma IDE:

- A importância crescente da informação geográfica dentro da sociedade de informação; x A


necessidade de os governos coordenarem a aquisição e oferta de dados;
- A necessidade de planejamento para o desenvolvimento social, ambiental e econômico como citado
por Clinton (Ordem Executiva 1994, criação da IDE americana): “IG é crucial para promover
desenvolvimento econômico, melhorar nosso monitoramento de recursos e proteger o meio ambiente”;
- A modernização do governo, em todos os níveis de gestão e desenvolvimento (aquisição, produção,
análise e disseminação de dados e informações).
Quanto aos objetivos de uma IDE, destacam-se os seguintes:
- Compartilhar IG, inicialmente na administração pública, e depois para toda a sociedade; x Incrementar
a administração eletrônica no setor público;
- Garantir aos cidadãos os direitos de acesso à IG pública para a tomada de decisões; x Incorporar a
IG produzida pela iniciativa privada; x Harmonizar a IG disponibilizada, bem como registrar as
características dessa IG; x Subsidiar a tomada de decisões de forma mais eficiente e eficaz.
A justificativa para a implantação de uma IDE está ligada, fundamentalmente, a duas idéias (IGN,
2008):
- O acesso aos dados geográficos existentes deve ocorrer de modo fácil, cômodo e eficaz;
- A IG deve ser reutilizada uma vez que tenha sido usada para o projeto que justificou a sua aquisição,
face aos custos elevados de sua produção.
É consenso internacional que uma IDE deve estar fundamentada em cinco pilares, ou componentes,
os quais, segundo Warnest (2005), são fortemente relacionados e interagem entre si. A Figura 1.1
apresenta esses componentes e serve de base para a elaboração do presente Plano de Ação, como se
pode notar nos temas e conteúdos explorados em cada capítulo do plano.

. 68
Componentes de uma IDE.
Fonte: Adaptado de Warnest (2005).

Dados – Constituem o componente central. Numa IDE, quando se diz “dados” compreendem-se vários
conjuntos de dados geoespaciais, classificados em três categorias: de referência, temáticos e de valor
agregado.
Pessoas – As partes envolvidas ou interessadas, também chamadas atores: o setor público e o setor
privado respondem pela aquisição, produção, manutenção e oferta de dados espaciais; o setor acadêmico
é responsável pela educação, capacitação, treinamento e pesquisa em IDE; e o usuário determina que
dados espaciais são requeridos e como devem ser acessados (WILLIAMSON; RAJABIFARD; FEENEY,
2003).
Institucional – O componente institucional compreende as questões de política, legislação e
coordenação. Da perspectiva de política, a custódia, o preço e o licenciamento têm papéis importantes
(WARNEST, 2005).
A custódia trata da responsabilidade em assegurar que os conjuntos de dados de referência sejam
adquiridos, produzidos e mantidos de acordo com especificações, padrões e políticas definidas pela IDE,
em atendimento a uma comunidade de usuários (MASSER, 2002). A custódia, uma vez estabelecida,
contribui para eliminar duplicidades, referência a informação, suporta a criação, produção e administração
dos dados, produtos e serviços de informação espacial, além de facilitar a aquisição de produtos de
informação.
Os custos, política de preços, licenciamento e autorizações de uso proveem os meios comercial e legal
para salvaguardar os interesses de provedores, bem como dos usuários. As questões políticas e legais
são tratadas para assegurar o efetivo gerenciamento de risco associado com o uso de informação
espacial, e também com a finalidade de detalhar os termos e as condições para seu uso (THOMPSON;
WARNEST; CHIPCHASE, 2003, apud PAIXÃO, NICHOLS; COLEMAN, 2008).
Tecnologia – Descreve os meios físicos e de infraestrutura necessários para o estabelecimento da
rede e dos mecanismos informáticos que permitam: buscar, consultar, encontrar, acessar, prover e usar
os dados geoespaciais. Teoricamente auxilia a manter, processar, disseminar e dar acesso a dados
espaciais (WILLIAMSON, RAJABIFARD; FEENEY, 2003).
Normas e Padrões – Permitem a descoberta, o intercâmbio, a integração e a usabilidade da informação
espacial. Padrões de dados espaciais abrangem sistemas de referência, modelo de dados, dicionários de
dados, qualidade de dados, transferência de dados e metadados (EAGLESON; ESCOBAR;
WILLIAMSON, 2000, apud PAIXÃO; NICHOLS; COLEMAN, 2008).

1.3 Elementos da Arquitetura Informacional de uma IDE


Esta seção focaliza os elementos essenciais da arquitetura informacional de uma IDE – dados,
metadados e serviços – e discorre sobre uma gama de conceitos importantes associados a tais
elementos. Os Capítulos 4 e 5 aprofundam as questões referentes a dados, metadados e serviços no
contexto particular da INDE. Neste capítulo, o enfoque é conceitual e informativo.

1.3.1 Dados, informação e conhecimento


A literatura especializada evidencia a diversidade de conceituações e termos empregados para
designar dados espaciais, informação geográfica ou geoespacial, bases geoespaciais e conhecimento

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geoespacial. No entanto, num nível mais básico, constata-se que existem conceituações e compreensões
diversas do que vem a ser dado, informação e conhecimento, embora esses conceitos sejam
intrinsecamente interdependentes.
Pela importância de tais conceitos para o entendimento dos capítulos subsequentes, este primeiro item
da Seção 1.3 é dedicado aos mesmos.
Dados são observações ou o resultado de uma medida (por investigação, cálculo ou pesquisa) de
aspectos característicos da natureza, estado ou condição de algo de interesse, que são descritos através
de representações formais e, ao serem apresentados de forma direta ou indireta à consciência, servem
de base ou pressuposto no processo cognitivo (DAVENPORT, 2001; HOUAISS, 2001; SETZER, 2001;).
A informação é gerada a partir de algum tratamento ou processamento dos dados por parte do seu
usuário, envolvendo, além de procedimentos formais (tradução, formatação, fusão, exibição, etc.),
processos cognitivos de cada indivíduo (LISBOA, 2001; MACHADO, 2002; SETZER, 2001).
As características, compreensão, utilização e aplicação da informação variam conforme elas sejam
tratadas por diferentes organizações e pessoas. Ikematu (2001) apresenta as seguintes propriedades
significativas da informação:
x A informação é compartilhável infinitamente; x O valor da informação aumenta com o seu uso e a
sua socialização;
x O valor da informação diminui com o tempo. Porém, a vida útil e seu histórico temporal variam
conforme o tipo da informação. A informação para tomada de decisão tem uma vida útil maior que as
informações operacionais (dependendo da área do conhecimento ou do tipo de negócio);
x O valor da informação aumenta quando ela é combinada/integrada com outro dado e também tem
sua utilização ampliada quando é comparada e integrada com outra informação.
O conhecimento é definido como "informações que foram analisadas e avaliadas sobre a sua
confiabilidade, sua relevância e sua importância" (DAVENPORT, 2001), sendo gerado a partir da
interpretação e integração de dados e informações. A combinação e análise de dados e informações de
várias fontes compõem o conhecimento necessário para subsidiar a tomada de decisão, inerente a um
negócio ou a um assunto a ser tratado.
O conhecimento é dinâmico, sendo modificado pela interação do indivíduo com o ambiente,
caracterizando um aprendizado. Em uma visão mais ampla, Rezende aponta que o aprendizado é a
integração de novas informações em estruturas de conhecimento, de modo a torná-las potencialmente
utilizáveis em processos futuros de processamento e de elaboração por parte de cada indivíduo.
1.3.2 Dados e informações geoespaciais
Conforme apresentado por Aronoff (1989) e Borges (1997), “dados espaciais são quaisquer tipos de
dados que descrevem fenômenos aos quais esteja associada alguma dimensão espacial”. A medida
observada de um fenômeno ou ocorrência sobre ou sob a superfície terrestre é o que se denomina dado
geográfico. Dados geográficos ou geoespaciais ou georreferenciados são dados espaciais em que a
dimensão espacial refere-se ao seu posicionamento na Terra e no seu espaço próximo, num determinado
instante ou período de tempo.
Longley et al. (2001) destacam que “o adjetivo geográfico se refere à superfície e ao espaço próximo
da Terra”, e “espacial refere-se a algum espaço, não somente ao espaço da superfície da Terra”. Como
exemplos de espaços não geográficos pode-se citar: o espaço cósmico, o espaço do corpo humano, que
é captado por instrumentos que geram imagens para diagnósticos, e diversos outros espaços de interesse
das diferentes áreas do conhecimento.
Observa-se recentemente a utilização, cada vez mais frequente, do termo “geoespacial” para designar
uma região do espaço 3D que compreende a superfície da Terra, seu subsolo e o espaço próximo ao
planeta (LONGLEY et al., 2001). Essa concepção, ilustrada na Figura 1.2, aparece na denominação
escolhida para a IDE do Canadá: Infraestrutura de Dados Geoespaciais Canadense – CGDI. O Comitê
Permanente para a Infraestrutura de Dados Geoespaciais das Américas (CP-IDEA) também preconiza o
uso do termo dados geoespaciais.

. 70
Da perspectiva espacial à geográfica.
Fonte: CGDI (2000).

Para Lisboa (2001), a informação é obtida a partir do processamento ou da contextualização de dados


brutos ou processados. De forma análoga, a informação geográfica é resultado do processamento de
dados geográficos. A sigla IG tem sido empregada neste documento em referência às informações
geográficas ou geoespaciais, que compreendem os dados da, sobre a, sob a, e próximo à superfície da
Terra, sendo caracterizados por no mínimo três componentes: espacial ou posicional; descritivo ou
semântico; e temporal.
Bases geográficas ou bases geoespaciais agregam conjuntos de dados identificados por seu
posicionamento na superfície da Terra. Tais conjuntos são descritos, na sua dimensão espacial, em
relação a um sistema geodésico de referência e, na sua dimensão descritiva, através de representações
gráficas feitas em relação a um determinado sistema cartográfico de referência.
As bases geoespaciais são especializações das bases espaciais. As bases geodésicas e cartográficas
são especializações das bases geográficas ou geoespaciais, que compreendem as observações e as
coordenadas das estações componentes do sistema geodésico nacional (bases de dados geodésicos) e
o mapeamento sistemático terrestre nacional (geográfico, topográfico e especial). Entretanto, as bases
de dados geoespaciais, em seu sentido mais amplo, incluem as bases que retratam todos os temas
relativos às informações do espaço próximo, da superfície e do subsolo do planeta Terra (bases de dados
temáticos).
No Marco Legal da INDE (Decreto no 6.666/08, DOU de 28/11/2008,p. 57), dados ou informações
geoespaciais são definidos como aqueles que se distinguem essencialmente pela componente espacial,
que associa a cada entidade ou fenômeno uma localização na Terra, traduzida por sistema geodésico de
referência, em dado instante ou período de tempo, podendo ser derivado, entre outras fontes, das
tecnologias de levantamento, inclusive as associadas a sistemas globais de posicionamento apoiados por
satélites, bem como de mapeamento ou de sensoriamento remoto (BRASIL, 2008).
1.3.3 Classificação dos dados de uma IDE
Dados de referência, numa IDE, são dados ou conjuntos de dados que proporcionam informações
genéricas de uso não particularizado, elaborados como bases imprescindíveis para o referenciamento
geográfico de informações sobre a superfície do território nacional. Podem ser entendidos como insumos
básicos para o georreferenciamento e contextualização geográfica de todas as temáticas territoriais
específicas. São de referência dados sobre os quais se constrói ou se referência qualquer outro dado de
referência ou temático.
Numa IDE de abrangência nacional, os dados de referência podem variar com uma série de fatores
tais como: o desenvolvimento ambiental, o desenvolvimento científico e socioeconômico do país; o nível
tecnológico da produção de suas agências governamentais; as suas características geográficas,
territoriais e ambientais. A Figura 1.3 aponta os dados de referência de diversos países, que tipicamente
compreendem os seguintes conjuntos de dados:

- De controle geodésico;
- Das cartas topográficas e cadastrais; x Nomes geográficos; x Limites político-administrativos; x
Elevação e batimetria; e x Registro de propriedades e terras.

. 71
Figura 1.3 - Dados de referência, por país.
Fonte: Onsrud (2001).

Os chamados dados temáticos de uma IDE são os conjuntos de dados e informações sobre um
determinado fenômeno ou temática (clima, educação, indústria, vegetação, etc.) em uma região ou em
todo o país. Incluem valores qualitativos e quantitativos que se referem espacialmente aos dados de
referência, e normalmente estão ligados aos objetivos centrais da gestão dos seus respectivos órgãos
produtores. Os dados temáticos são gerados por diferentes atores setoriais, regionais, estaduais,
municipais ou de outro âmbito. A Figura 1.4 apresenta os conjuntos de dados temáticos de diversos
países.
Cabe observar que oito países - Colômbia, Hungria, Indonésia, Irlanda do Norte, Japão, Rússia, Suécia
e EUA - assumem como dados de referência conjuntos de dados geoespaciais considerados como
temáticos por outros países, como, por exemplo: vegetação; solos; geologia; cobertura e uso da terra,
que são definidos especialmente pelas características físico-ambientais e pela atuação dos setores
econômicos (agricultura, mineração e petróleo, e riscos naturais) de cada país. Não existe uma regra
rígida para definição de dados temáticos.

Figura 1.4 - Dados temáticos, por país.


Fonte: Onsrud (2001).

. 72
A bibliografia especializada aponta uma terceira classe de dados, além dos de referência e dos
temáticos: os dados de valor agregado. Trata-se de dados adicionados por usuários ou produtores
(públicos ou privados) aos dados de referência e temáticos, por determinado interesse e utilização
específica, e que podem pertencer aos âmbitos setoriais, regionais, estaduais, municipais, urbanos e
outros. Os dados de valor agregado podem ter uma ampla diversidade de detalhamento temático e de
cobertura geográfica.
Os dados de referência, temáticos e de valor agregado são considerados oficiais, no caso do Brasil,
quando padronizados e homologados pelo órgão competente. O § 2º do Art. 2º do Decreto nº 6.666/08
contempla o assunto, conforme abaixo:
“§ 2º Serão considerados dados geoespaciais oficiais aqueles homologados pelos órgãos competentes
da administração pública federal, e que estejam em conformidade com o inciso I do caput.” (O inciso I do
caput trata da definição de dado ou informação geoespacial.)
O Capítulo 4 é dedicado aos dados e metadados da INDE, e um dos objetivos que se propõe para o
mesmo é a identificação de quais conjuntos de dados serão considerados de referência e temáticos na
INDE brasileira. Essa análise deve levar em conta as necessidades e demandas por IG do governo e da
sociedade, e ser isenta de qualquer tipo de viés; particularmente do viés cartográfico, que tende a
prevalecer nesse tipo de discussão. É necessário que se tenha em mente que os conjuntos e bases de
dados que compõem uma IDE não se restringem a mapas digitais e que uma IDE também deve facilitar
a disseminação e o acesso a esses dados.
1.3.4 Metadados e qualidade de documentos cartográficos
A evolução da ciência da computação, da tecnologia da informação e suas aplicações na produção de
dados geoespaciais têm barateado e popularizado o uso de geotecnologias tais como: Sistema de
Informações Geográficas (SIG), Sensoriamento Remoto (SR), Sistema de Posicionamento Global (GPS),
Serviços Baseados em Localização (LBS). Contudo a integração consistente de dados oriundos de
diversas fontes (bases cartográficas de referência e bases temáticas) requer conhecimento de conceito,
normas e especificações inerentes aos dados e às aplicações a que se destinam.
O crescimento significativo no uso das geotecnologias em diversos setores, notadamente em
planejamento e gestão territorial, tem contribuído para a geração de grandes volumes de dados e
informações geoespaciais por parte de organizações públicas e privadas. Entretanto, como esses dados
são normalmente produzidos para atender a requisitos específicos de projetos e aplicações, apresentam
especificações e características técnicas diversas.
Nesse contexto de produção e de especificações diversificadas, a interpretação e o uso adequado dos
dados por diferentes tipos de usuários demandam a disponibilização de um conjunto de informações
sobre esses dados, que propicie a compreensão e o entendimento sobre a sua aplicabilidade e forma de
utilização. Os metadados são definidos por um conjunto de dados e informações que documenta e
descreve os dados.
O vocábulo metadados adquiriu o significado popularizado de “os dados sobre o dado”. A bibliografia
especializada aponta diversas definições para metadados, no seu sentido mais amplo, e para metadados
geoespaciais, que constituem uma especialização do conceito mais amplo de metadados. A seguir são
apresentadas algumas definições:

- Descrição de alto nível, disponibilizando informações sobre referenciamento espacial, qualidade,


linhagem, periodicidade, acesso e distribuição dos dados (GOODCHILD, 1997);
- Dados que identificam e descrevem como utilizar os dados (LONGLEY et al., 2001); e x Informação
essencial para que os dados geográficos sejam utilizados de forma consistente (PEREIRA et al., 2001).
Para Goodchild (1997), Lima, Câmara e Queiroz (2002), Ribeiro (1997), Weber et al. (1999), a
utilização de metadados tem como objetivos principais:
- Preservar os investimentos internos (das organizações) na produção dos dados; x Compor o portfólio
de informação e dados das organizações/instituições; x Prover informações para identificar, processar,
interpretar e integrar dados de fontes externas.

Em síntese, pode-se dizer que os metadados têm por objetivo documentar e organizar, de forma
sistemática e estruturada, os dados das organizações, facilitando seu compartilhamento e manutenção,
além de disciplinar a sua produção, armazenamento e, essencialmente, orientar a sua utilização nas
diversas aplicações dos usuários.
Em seu Art. 2º, inciso II, o Decreto nº 6.666/08 define “metadados de informações geoespaciais” da
seguinte maneira: “conjunto de informações descritivas sobre os dados, incluindo as características do

. 73
seu levantamento, produção, qualidade e estrutura de armazenamento, essenciais para promover a sua
documentação, integração e disponibilização, bem como possibilitar a sua busca e exploração.”
Com a utilização crescente da rede mundial de informação (Internet), a busca por dados e informações
tem sido ampliada de forma significativa. Os metadados tornam-se peças essenciais nesse ambiente,
provendo as descrições dos dados e, desse modo, permitindo que os dados se tornem úteis. Tais
informações – os metadados – são constituídas por um conjunto de características sobre os dados que
nem sempre estão incluídas nos dados propriamente ditos.
A documentação de forma sistemática e estruturada dos dados cartográficos, através de padrão de
metadados geoespaciais, para a divulgação e disseminação de produtos da Cartografia Sistemática
Terrestre – escalas geográfica, topográfica e cadastral –, é considerada um fator fundamental para que
se garanta a utilização e integração desses dados e informações aos sistemas de informação e de apoio
à decisão, para os quais a componente posicional seja relevante. Os dados e informações contidos nos
documentos da cartografia sistemática terrestre são as referências geométricas do espaço territorial, ou
seja, retratam os elementos do meio físico e biótico da porção do território nacional, modelados
adequadamente para serem visualizados nas diversas escalas de representação cartográfica. Esses
documentos correspondem às bases de referência para que outros temas possam ser compilados ou
georreferenciados (ARIZA, 2002; LONGLEY et al., 2001).
Como a construção de sistemas de informação de abrangência nacional tem sido, normalmente, um
esforço de Estado/Nação, alguns países iniciaram articulações internas e externas (através da criação de
Comitês, Grupos de Trabalhos, etc.) para o desenvolvimento de propostas de padrões de metadados
para os seus sistemas de informação estatística, cartográfica, geodésica e ambiental. No Brasil, observas
e que poucas organizações estão implementando os metadados de suas bases geoespaciais e, mesmo
assim, não dispõem de um padrão de metadados geoespaciais.
Com a evolução dos serviços disponibilizados no ambiente web o intercâmbio de dados tem sido
intensificado e facilitado pelo desenvolvimento de aplicativos para a transferência de informações.
Segundo Weber et al. (1999), “as aplicações de transferência de dados implicam numa série de ações
conjuntas envolvendo acesso, disponibilidade e adequação dos dados”, além das informações
necessárias para processar e utilizar o conjunto de dados, ou seja, os metadados.
Cabe ressaltar que os metadados fornecem as informações necessárias para se conhecer o que um
conjunto de dados oferece – seu conteúdo e características –, além das formas de apresentação e
representação dos dados. Desse modo, os metadados informam as características de dados a serem
disponibilizados e acessados numa IDE.
IGAC (2005) menciona a função e importância dos metadados, listadas a seguir:

- Descrevem os recursos dos dados e sua organização; x Melhoram a produtividade interna das
instituições; x São elementos-chave na gestão de dados geoespaciais; x Facilitam a reutilização da
informação e são importantes nos processos de divulgação, porquanto suportam a busca e conhecimento
dos dados existentes;
- Reduzem a duplicidade de esforços com a divulgação do elenco de dados das instituições.
Pode-se elencar as seguintes orientações para a geração de metadados:
- Deve-se buscar a geração de metadados ao longo da produção dos dados;
- Em projetos de geração de dados deve-se prever os investimentos necessários para a geração de
metadados;
- Na geração de metadados priorizar os conjuntos de dados mais atuais em relação aos mais antigos.

As seções definidas nos diversos padrões de metadados geoespaciais existentes correspondem a três
níveis de metadados: de descoberta ou de identificação; de exploração; e de utilização (NGDF, 2000).
Os metadados de identificação compreendem as informações necessárias para o usuário discernir
sobre o conteúdo, formato e extensão de um conjunto de dados geoespaciais. Esses metadados cobrem
as questões referentes ao "o que, quem, onde, como e quando”, permitindo ao usuário decidir se o
conjunto de dados é potencialmente útil.
Os metadados de exploração relatam as informações relevantes para os usuários avaliarem a
adequação dos dados geoespaciais às exigências de suas aplicações. O conjunto de metadados (de
exploração) referente à qualidade informa sobre as especificações técnicas de produção consideradas
na aquisição, tratamento e representação cartográfica e geográfica dos dados. A existência de medidas
de qualidade de dados é fundamental para avaliar a confiabilidade de resultados obtidos a partir de
aplicações de análises espaciais efetuadas com esses dados.
Em geral, os metadados de qualidade de dados geoespaciais descrevem: a linhagem, a acurácia, a
consistência lógica, a completeza, e, dependendo do tipo de dados que se está descrevendo, a precisão,

. 74
restrições de captação/aquisição e os tratamentos (conversões, correções, etc.) efetivados durante a
produção de um conjunto de dados.
Os metadados de utilização consistem nas seções que relatam as formas de obtenção dos dados,
mídias para fornecimento, os requisitos computacionais (sistema operacional e aplicativos, dentre outros),
os direitos autorais, as restrições e responsabilidades de uso. Nestes também são informados,
opcionalmente, contatos adicionais para quaisquer dúvidas na utilização dos dados.
Um perfil de metadados geoespaciais deve conter um conjunto básico de elementos que retrate as
características dos produtos cartográficos derivados daqueles dados, e garanta sua identificação,
exploração e utilização consistente. Esse conjunto básico é proposto como o núcleo comum a todos os
tipos de produtos cartográficos. Os produtos de mapeamento especial, cadastral e temático requerem
maior detalhamento dos itens de algumas seções dos metadados para retratar suas especificidades.
Analisando-se os conjuntos de informações que compõem os padrões de metadados geoespaciais
existentes e considerando a crescente produção de dados geoespaciais em ambiente digital nas últimas
décadas, pode-se inferir que os documentos afetos à cartografia sistemática terrestre requerem, para
uma utilização consistente, no mínimo:
x Identificação; x Abrangência geográfica; x Organização espacial e referência espacial; x Linhagem
(insumos e processos de produção); x Qualidade e status; x Entidades e atributos; x Créditos e restrições
de uso; x Formas de fornecimento e de acesso; e x Referência dos metadados.
A Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), através do seu Comitê de Estruturação de Metadados
Geoespaciais (CEMG), está implementando o Perfil de Metadados Geoespaciais Brasileiro (Perfil MGB)
baseado no padrão ISO 19115, objeto de consulta pública para que sejam acrescidas as contribuições e
sugestões dos produtores e usuários deste tipo de dado. Esse tema é revisitado no Capítulo 4 deste
documento.
A qualidade é entendida como a conformidade com especificações projetadas ou prescritas (ARIZA,
2002). O Quadro 1.1 apresenta como a questão da qualidade foi e é tratada na Era Industrial e na Era da
Informação (e Serviços), passando do controle de qualidade de projetos, processos e produtos para a
qualidade total e a certificação segundo padrões internacionais.

Quadro 1.1 - Evolução histórica de qualidade


Fase Industrial Ano
Qualidade do produto 1775
Qualidade do processo 1924
Qualidade do projeto 1975
Fase de Informação (e
Ano
Serviços)
Controle total da qualidade 1956
Círculos de qualidade 1960
Qualidade total 1984
Certificação 1987
Sebastian e Col, apud Ariza (2002).

A expansão do uso de geotecnologias por usuários de outros setores do conhecimento, alheios a


questões de precisão cartográfica, tem ocasionado inadequações na utilização e integração de dados
(Quadro 1.2). Outras questões que concorrem para a inadequada utilização de bases cartográficas como
referências para mapeamentos temáticos são: falta de capacitação adequada, ausência de
documentação e inadequação das bases cartográficas utilizadas.
Aspectos relevantes, tais como modelo de dados, aquisição, referenciais e tratamento
geodésico/cartográfico e formas de representação, armazenamento, entre outros itens técnicos de
produção, são muitas vezes ignorados, contribuindo para a ocorrência de inconsistências na utilização de
documentos cartográficos como referência para outras determinações (Quadro 1.3).

. 75
Quadro 1.2 - Problemas usuais no manejo de informação geoespacial
QUESTÕES ORIGEM
Mídias diversas
Formatos diferentes
Cartográfica:
Heterogeneidade Escalas
Projeções
Simbologia
-Temática
Referência temporal Diferentes datas de elaboração
Representação de elementos com
Complexidade
diversas geometrias
Variedade de produtores
Finalidades distintas
Múltipla procedência
Precisões diversas
Métodos diferentes
Legenda (não completa) Não adoção
Documentação
de padrões de metadados
Fonte: Adaptado de Ariza (2002).

A produção de bases cartográficas e temáticas sem a devida documentação associada inviabiliza a


aferição de sua qualidade. O controle e a documentação da produção fornecem as garantias de geração
consistente de dados, de preservação dos investimentos de produção e de disseminação eficiente. Os
metadados implementam de forma estruturada e padronizada essa documentação, informando aos
usuários o conteúdo, as características, as especificações, a qualidade, as restrições e responsabilidades
de uso dos produtos disponibilizados.

Quadro 1.3 - Processos geradores de erros na produção/uso de dados geoespaciais


PROCESSO MOTIVO
Inadequação do modelo de dados
Modelagem conceitual
Erros no trabalho de campo
Erros nas fontes de informação utilizadas
Levantamento/aquisição de dados
Inexatidão da digitalização
Inexatidão dos elementos geográficos
Precisão numérica e espacial inadequada
Armazenamento
Erros de processamento
Erros de superposição
Manipulação/tratamento Intervalos de classes inadequados
Propagação de erros
Erros de transformação de coordenadas
Inexatidão de escala
Representação cartográfica
Inexatidão do dispositivo de saída
Deformações do suporte de reprodução
Entendimento incorreto
Utilização
Uso inapropriado
Fonte: Aronoff (1989).

1.3.5 Serviços web e arquitetura orientada para serviços (SOA)


Serviços web podem ser entendidos como aplicações e componentes de aplicações acessíveis pela
web, capazes de trocar dados, compartir tarefas e automatizar processos pela Internet. Pelo fato de se
basearem em padrões simples e não proprietários, os serviços web possibilitam que programas se
comuniquem diretamente uns com os outros e troquem dados independentemente de sua localização,
plataformas de processamento, sistemas operacionais ou linguagens.

. 76
O conceito de serviço web é central na compreensão do modelo funcional de uma IDE. Cada vez mais
as IDEs vêm sendo implementadas sob a filosofia SOA (Services Oriented Architecture ou Arquitetura
Orientada a Serviços), surgindo daí o conceito de Infraestruturas de Dados Espaciais Orientadas a
Serviços, que será aprofundado a partir desta seção.
Em um ambiente SOA, os nós da rede disponibilizam seus recursos a outros nós na forma de serviços
independentes, aos quais todos têm acesso de um modo padronizado a partir de metadados de serviços.
Ao contrário das arquiteturas orientadas a objetos, as SOAs são formadas por serviços de aplicação
fracamente acoplados e altamente interoperáveis. Para se comunicarem, esses serviços se baseiam
numa definição formal independentemente da plataforma subjacente e da linguagem de programação.
Através da SOA pretende-se que os componentes de software desenvolvidos sejam altamente
reutilizáveis, já que a interface entre tais componentes se define segundo um padrão público e aberto.
Assim, um serviço desenvolvido na linguagem C#, por exemplo, pode ser usado por uma aplicação Java.
Desse modo, os serviços web tendem a reduzir os custos de integração de software e compartilhamento
de dados. A infraestrutura de padrões e serviços web amplia consideravelmente o acesso dos usuários a
recursos de processamento.
Uma definição alternativa para SOA é encontrada na Wikipedia:
SOA é uma metodologia de desenvolvimento de sistemas e integração, na qual a funcionalidade é
agrupada em torno de processos de negócio e empacotada na forma de serviços interoperáveis. A SOA
separa as funções em unidades distintas, ou serviços, que são acessíveis através da rede para que
possam ser combinados e reutilizados, com máxima flexibilidade, na criação de aplicações de negócio.
A metodologia de modelagem e projeto para aplicações SOA se conhece como “análise e projeto
orientado a serviços”. A SOA é tanto um marco de trabalho para o desenvolvimento de software como
um marco de trabalho de implantação. Para que um projeto SOA tenha êxito, a equipe de
desenvolvimento deve pautar-se pela mentalidade de criar serviços de uso compartilhado (de interesse
comum). O desenvolvimento de sistemas segundo a SOA requer um compromisso com esse modelo em
termos de planejamento, ferramentas e infraestrutura.
Na implementação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais Orientada para Serviços (IOS), a
arquitetura de serviços web assume a existência de três papéis – Provedor, Consumidor (também
chamado Usuário ou Cliente), Registro – os quais executam três tipos de operação segundo o esquema
da Figura 1.5.

Figura 1.5 - Modelo de arquitetura SOA para IDE.


Fonte: IGN/IDEE (2008).

Provedores (também chamados de “Produtores” no caso de provedores de dados) disponibilizam ou


publicam seus metadados (de dados ou de serviços) através de um agente intermediário, o qual mantém
um Registro contendo a descrição dos dados e serviços disponíveis (através de catálogos de dados e de
serviços). Os Consumidores ou Usuários buscam e encontram os dados e serviços de que necessitam
através do agente, e os requisitam ou invocam diretamente dos Provedores. O acesso ao Registro
geralmente é feito mediante um portal.
No contexto de uma IOS é comum encontrarmos as expressões geosserviços web ou serviços web
OGC (OWS), pois os padrões e protocolos mais utilizados são aqueles elaborados e disseminados por
aquela que é, talvez, a organização internacional de maior influência no campo de geoprocessamento

. 77
pela web: a OGC (Open Geospatial Consortium). No entanto, existem protocolos ainda mais básicos que
os da OGC, elaborados e difundidos pelo W3C (World Wide Web Consortium), aos quais a OGC procura
aderir.
Os protocolos preconizados pelo W3C estão cada vez mais difundidos no mundo dos serviços web,
sendo aqueles mais usados na implementação de uma arquitetura SOA. Num nível mais básico são eles
que viabilizam as operações indicadas na Figura 1.5: “Publica”, “Descobre” (ou “Encontra”) e “Conecta“
(ou “Requisita”, ou “Invoca”). Tais protocolos são os seguintes:
x HTTP (Hyper Text Markup Language): especifica como o navegador (browser) e o servidor
intercambiam informação na forma de solicitação e resposta.
x XML (Extensible Markup Language): trata-se de um sistema de codificação de dados na forma de
texto; sua principal característica é que pode ser “compreendido” e processado por software; terá um
papel importante na Web Espacial, pois serve de plataforma para a GML, um padrão de codificação XML
para dados espaciais, e também porque metadados codificados em XML, para dados espaciais e
geosserviços, oferecem uma base para buscas em catálogos de dados e serviços.
x SOAP (Simple Object Access Protocol): é uma especificação de protocolo criada por Microsoft, IBM
e outros, atualmente sob os auspícios do W3C, que define como dois objetos em diferentes processos
podem comunicar-se pelo intercâmbio de dados XML. Ou seja, define um modo uniforme de “entregar”
ou passar dados codificados em XML.
x UDDI (Universal Description, Discovery and Integration): é uma coleção de protocolos e APIs
(Application Programming Interfaces) que permite o registro e a descrição de serviços web de modo que
os mesmos possam ser catalogados e procurados; o registro no catálogo UDDI é feito em XML. UDDI
pode ser definido como o “catálogo de negócios” da Internet, através do qual serviços web podem ser
comprados ou vendidos como qualquer outro produto de comércio eletrônico.
x WSDL (Web Services Description Language): descreve a interface pública aos serviços web e, assim
como o SOAP, também se baseia em XML; o WSDL descreve a forma de comunicação, vale dizer, os
requisitos do protocolo e os formatos das mensagens necessários para interagir com os serviços listados
no catálogo.
SOAP, UDDI e WSDL são tecnologias independentes de plataformas que fazem uso extensivo de
XML, uma linguagem padrão que é usada para definir protocolos e codificar os pacotes de dados que as
aplicações empregam para se comunicarem entre si. Através de mensagens SOAP o catálogo UDDI pode
ser acessado. Como resultado desse acesso é gerado um (ou mais) documento(s) WSDL contendo a
descrição dos requisitos do protocolo e os formatos da mensagem solicitada para interagir com o(s)
serviço(s) registrado(s) no catálogo.
Pela sua importância para este documento, os conceitos associados aos geosserviços web e à IOS
serão ampliados na próxima seção.

1.4 Geosserviços web: Base de uma IDE Orientada para Serviços (IOS)
O processamento de dados espaciais, ou geoprocessamento, é um domínio de processamento que
muito se beneficia da web. O geoprocessamento compreende um conjunto complexo e diversificado de
operações caras de se manter em sistemas standalone repletos de recursos. A saída para esse problema
está nos geosserviços web, que são concebidos para prover os usuários com funções integradas
utilizáveis de modo seletivo como, por exemplo, converter dados armazenados em dois ou mais
servidores para o mesmo sistema de referência de coordenadas.
O modelo de serviço é o modelo que governa a estrutura dos geosserviços web. É uma arquitetura na
qual serviços individuais têm interfaces de tipos conhecidos. Estas são descritas em metadados de
serviços, que se encontram disponíveis para os usuários através de uma solicitação padronizada pela
OGC (comando Get Capabilities). Existem catálogos ou registros de serviços que oferecem acesso a
coleções de metadados de serviços através de consultas. Os geosserviços são endereçáveis por uma
URL e estão disponíveis ao público através da Internet.
Na iniciativa de geosserviços web, a OGC vem construindo as interfaces para serviços e dados
espaciais e também definindo a informação de metadados, tendo em vista assegurar que a arquitetura
funcionará em um ambiente de geoprocessamento distribuído. Alguns dos serviços mais importantes
especificados e documentados pela OGC são descritos a seguir de forma resumida (IGN/IDEE (2008)):
WMS (Web Map Service)
Esse padrão OGC especifica o comportamento de um serviço que produz, permite visualizar e
consultar mapas georreferenciados. O serviço WMS permite visualizar IG em geral e consultar as
entidades mostradas num mapa vetorial; permite superpor dados vetoriais a dados matriciais em
diferentes formatos, sistemas de referência de coordenadas e projeções, situados em diferentes
servidores. As petições WMS podem ser feitas por um navegador padrão em forma de URLs.

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WFS (Web Feature Service)
Permite ao usuário acessar, consultar e até modificar (inserir, atualizar e eliminar) todos os atributos
de um fenômeno geográfico representado em formato vetorial. Considera implicitamente que os dados
vetoriais estarão no formato GML; no entanto, qualquer outro formato vetorial pode ser utilizado. O
repositório de dados só pode ser visto através da interface WFS.
WCS (Web Coverage Service)
Em inglês, o termo coverage (“cobertura”) refere-se a um arquivo ou conjunto de dados em formato
matricial, usado para representar fenômenos com variações espaciais contínuas. O serviço WCS permite
não apenas visualizar dados em formato matricial, mas também consultar o valor numérico associado a
cada pixel. Diferentemente do WFS, que devolve fenômenos geográficos discretos, o WCS devolve
representações de fenômenos espaciais que relacionam um domínio espaço-temporal com um espectro
de propriedades.
O WCS permite consultas complexas aos dados. Este serviço possibilita que os dados sejam
interpretados, extrapolados, etc., e não somente visualizados, como acontece no WMS.
Gazetteer (Serviço de Nomes Geográficos, no Brasil)
Esse serviço permite localizar um fenômeno geográfico mediante o seu nome. Devolve geometria das
entidades que estão associadas ao nome do topônimo buscado, combina topônimos com buscas
espaciais e localiza informação literal mediante textos ou buscas espaciais. A consulta por nome permite
fixar outros critérios como a extensão espacial em que se deseja buscar, ou o tipo de fenômeno dentro
de uma lista disponível (rio, montanha, povoado, etc.). A especificação OGC do Gazetter corresponde a
um perfil do WFS.
CSW (Web Catalog Service)
O CSW é uma especificação de serviço da OGC que permite a publicação e o acesso a catálogos
digitais de metadados para dados e serviços geoespaciais, assim como outra informação de recursos.
Em termos básicos, o CSW permite publicar e buscar informação de dados, serviços, aplicações e, em
geral, todo tipo de recurso. Os serviços de catálogo são indispensáveis para buscas e acesso aos
recursos registrados dentro de uma IDE. Trata-se do tipo de serviço implementado pelas chamadas
Clearinghouses, que têm por objetivo a busca e o acesso à IG.
O presente Plano de Ação para a construção da INDE poderá beneficiar-se da disponibilidade das
especificações públicas e abertas dos serviços web OGC, baseadas em protocolos e padrões de ampla
aceitação no mundo web, tendo em vista agilizar a oferta de geosserviços para a comunidade de usuários
do Brasil. Este assunto será explorado com maior detalhamento, no que interessa à implementação da
INDE, no Capítulo 5 do presente documento.
Davis e Alves (2006) propõem uma arquitetura para o desenvolvimento de uma infraestrutura de dados
espaciais orientada para serviços baseada na SOA, onde os dados são providos por diferentes serviços
de informação através de redes de computadores, formando assim o que pode ser chamado de “segunda
geração de IDE”, conforme ilustrado na Figura 1.6.

. 79
Figura 1.6 - Infraestrutura de dados espaciais orientada para serviços.
Fonte: Davis e Alves (2006).

Uma IDE Orientada para Serviços (IOS) pode ser entendida como a confluência entre diversos
provedores de dados geográficos, cada qual fornecendo acesso a dados através de serviços web
específicos, que podem ser encontrados através de mensagens XML. Para escolher quais dados e quais
serviços preenchem suas necessidades, o usuário realiza buscas através de um repositório de metadados
sobre informações e geosserviços disponíveis. Naturalmente, os provedores de tais informações e
geosserviços devem ter, previamente, cadastrado os metadados no repositório (Figura 1.6).
Segundo Davis e Alves (2006) a idéia principal das IDEs é oferecer serviços de acesso à IG, com base
em catálogos de acervos de dados, tornando indiferentes, aos olhos do usuário, o local, meio e estrutura
física de armazenamento. Nas IDEs o acesso aos dados é realizado apenas através de serviços; é
possível encapsular a estrutura física dos dados. Nelas o usuário também não precisaria conhecer o local
onde os dados estão armazenados, pois cada provedor de dados se encarrega de registrar, junto a um
serviço de catalogação, que dados possui, onde estão, como estão organizados, e onde estão os
metadados.
Os citados autores observam que nas IDEs basta que o usuário consulte um serviço para determinar
se os dados que procura estão disponíveis e outro para avaliar detalhes sobre sua fonte e produção, e,
caso esteja satisfeito com as características dos dados, acione um terceiro serviço para recuperá-los. O
modelo proposto por aqueles autores para a uma IOS lança mão da arquitetura de serviços da OGC,
conforme ilustrado na Figura 1.7.

. 80
Figura 1.7 - Arquitetura de serviços OGC.
Fonte: Davis; Alves (2006).

As IOS devem ser distribuídas, suportar múltiplas aplicações, clientes de diversos tipos, inúmeras
fontes de dados, múltiplos grupos para manutenção e atualização, todos formando um ambiente
computacional heterogêneo. As IOS também não devem impor a adoção de produtos específicos aos
seus participantes, mas devem, ao contrário, prover uma visão arquitetural e determinar o conjunto
mínimo de padrões necessários para que exista interoperabilidade. Além disso, esses padrões precisam
ser aceitos tão amplamente quanto possível.

METADADOS GEOGRÁFICOS.

Metadados podem ser basicamente definidos como "dados que descrevem os dados", ou seja, são
informações úteis para identificar, localizar, compreender e gerenciar os dados. Quando documentamos
os metadados e os disponibilizamos, estamos enriquecendo a semântica do dado produzido, agregando
seu significado real, e dando suporte à atividade de Administração de Dados executada pelo produtor
desse dado. No caso do IBGE, que produz dados, os metadados são fundamentais.
O Sistema de Metadados do IBGE visa facilitar o acesso do público em geral às informações
produzidas pelo IBGE, descrevendo seu acervo institucional. Através desse sistema é possível verificar
características e documentos relacionados aos produtos do Instituto. Navegando pelos metadados, o
usuário do sistema pode localizar, interpretar e acessar os dados disponíveis nos sistemas de informação
do IBGE.

Os Metadados Geoespaciais
Os metadados geoespaciais tem como objetivo descrever as características, possibilidades e
limitações dos dados geoespaciais através de informação estruturada e documentada, possibilitando a
criação de repositórios de dados dessa natureza, os quais podem ser encontrados pelos usuários através
de um buscador geográfico ligado a diversos serviços, páginas e portais especificamente direcionados a
este fim.
No IBGE, os dados espaciais consistem de bases cartográficas em diversas escalas, dados
geodésicos, bem como atlas e mapas temáticos relativos às áreas de geografia e meio ambiente, os quais
requerem, portanto, documentação consistente e padronizada, que possibilitem seu uso correto por parte
da comunidade de usuários. Adotou-se um perfil baseado no padrão ISO19115:2003, oficialmente
utilizado pelos órgãos do Sistema Cartográfico Nacional.

. 81
Exemplo:

Categorias

- Agricultura e Aquicultura
- Ambiente
- Biomas
- Clima e Meteorologia
- Cultura e Lazer
- Defesa
- Demografia
- Educação
- Elevação (altimétrica e batimétrica)
- Energia
- Fauna e Flora
- Geografia
- Geologia e Recursos Minerais
- Geomorfologia (relevo)
- Habitação
- Hidrografia e Hidrologia
- Imageamento e Ortoimagem
- Indicadores
- Limites Políticos-Administrativos (Nacional, Estaduais e Municipais)
- Mapeamento Aeronáutico
- Mapeamento Básico Cadastral
- Mapeamento Básico Geográfico
- Mapeamento Básico Topográfico
- Mapeamento Fundiário
- Mapeamento Náutico
- Metadados de parceiros
- Meteorologia
- Metodologia
- Monitoramento Ambiental (Indicadores Ambientais)
- Monitoramento Ambiental (Riscos naturais e não naturais)
- Nomes Geográficos

. 82
- Normas e Especificações
- Redes Geodésicas
- Riscos Naturais
- Saúde
- Serviços Concessionados
- Solos
- Sócio-Economia
- Território Marítimo
- Transporte
- Unidades Estatísticas
- Unidades de Conservação (Áreas protegidas)
- Uso da Terra
- Vegetação
- Áreas protegidas: Unidades de Conservação, Terras Indígenas, Áreas da União e outras.

Segundo os estudos de Pereira12 et. al., devido á constante evolução dos computadores e da área
informática em geral os dados informáticos geográficos são agora cada vez mais acessíveis a um maior
número de utilizadores. Estes utilizadores podem, agora, realizar um sem número de trabalhos
envolvendo este tipo de dados, uma vez que estes estão disponíveis cada vez em maior número. Para
realizar tais trabalhos os utilizadores precisam nos dias de hoje de muito maior informação acerca dos
dados que usam. As organizações públicas e privadas notam uma maior preocupação dos utilizadores
privados em saber a origem, história, qualidade e utilidades da informação digital por elas comercializada.
Com base na standardização realizada por um organismo estatal Norte-americano denominado
Federal Geographic Data Committee (FGDC), o objetivo principal dessa estandardização é o de se criar
um conjunto comum de terminologia e definições para conceitos relacionados com metadados.

Definição e usos mais significativos dos metadados


Metadados são frequentemente descritos como “dados sobre dados”. Metadados não são mais do
que informações adicionais (além da informação espacial e tabular) que é necessária para que os dados
se tornem úteis. É informação essencial para que se possa fazer uso dos dados geográficos. Em suma,
metadados é um conjunto de características sobre os dados que não estão normalmente incluídas nos
dados propriamente ditos. A partir desta definição pode então concluir-se os usos mais significativos dos
metadados. São eles:

- Manter o investimento na organização interna dos dados geoespaciais;


- Providenciar informação sobre dados existentes sobre determinada área de interesse, localização
desses dados, grau de actualização dos dados, formato e obstáculos à sua utilização;
- Providenciar informação necessária para processar e interpretar dados recebidos através de uma
fonte exterior.

Principais funções desempenhadas pelos metadados


Os metadados desempenham quatro funções:

Acessibilidade: dados necessários para determinar os conjuntos de dados existentes para uma
determinada localização geográfica.

Compatibilidade de uso: dados necessários para determinar se um conjunto de dados se enquadra


em determinado fim.

Acesso: dados necessários para que se adquira um conjunto de dados identificados.

Transferência: dados necessários para processar e usar um conjunto de dados.

Organização dos Metadados


Os metadados são um elemento composto, constituído por outros elementos compostos que
representam diferentes conceitos sobre o conjunto de dados.

12
PEREIRA, André Valério Gomes; TAVARES, Gonçalo de Carvalho Oliveira; MARTINS, João Miguel Pires Nunes; COELHO, Margarida
Prazeres Santos. Metadados: Sistemas de Informação Geográfica. http://www.isa.utl.pt/dm/sig/sig20002001/TemaMetadados/trabalho.htm

. 83
Elementos compostos: grupo de dados formados por dados individuais e ainda por outros elementos
compostos. Representam conceitos de um nível superior cuja representação é impossível através de
dados individuais.

Dados individuais: dados que são itens lógicos primitivos. A sua representação implica o nome do
dado individual, a sua definição e uma descrição dos valores que podem ser associados a esse elemento.

Metadados = Informações de identificação + Informação qualitativa dos dados + Informação sobre a


organização dos dados espaciais + Informação sobre referências espaciais + Informação sobre atributos
e entidade + Informação sobre distribuição + Informação sobre a referência dos metadados.

Informações de identificação: Informação básica sobre o conjunto de dados;

Informação qualitativa dos dados: Apreciação geral sobre a qualidade do conjunto de dados;

Informação sobre a organização dos dados espaciais: Mecanismo usado para a representação
espacial do conjunto de dados;

Informação sobre referências espaciais: dados de geo-referênciação, como por exemplo, descrição
das unidades das coordenadas a utilizar com o conjunto de dados;

Informação sobre atributos e entidade: Informação acerca da informação contida no conjunto de


dados, incluindo o tipo de entidade, os seus atributos, e os domínios a partir dos quais podem ser
atribuídos valores de atributos;

Informação sobre distribuição: Informação sobre o distribuidor e opções para adquirir o conjunto de
dados;

Informação sobre a referência dos metadados: Informação acerca da actualidade dos dados e
sobre a entidade responsável.

Além desta divisão, cada referência atrás mencionada é ainda constituída por várias outras que, apesar
de essenciais para a descrição correcta dos dados geográficos, não serão por nós referidas para evitar
que o presente estudo se torne demasiado específico e consequentemente fora do âmbito do trabalho.

Importância dos Metadados


Os metadados espaciais são de extrema importância uma vez que, além de descreverem o conteúdo
de determinado conjunto de dados, permitem uma redução do tamanho dos conjuntos de dados. O fato
de se utilizar informação strandardizada faz com que os programas se tornem de mais fácil utilização, e
os utilizadores possam mover facilmente dados entre diferentes sistemas e plataformas informáticas. Ao
se criar metadados está-se a criar uma strandardização de nomenclatura, definições, catalogação e
operatividade para todo o tipo de informação geográfica.
Os metadados não são um fim em si mesmo, são sim uma ferramenta que melhora significativamente
o trabalho na área dos dados geoespaciais e de grande importância para os utilizadores de Sistemas de
Informação Geográfica.

SERVIÇOS WEB DE MAPAS

Web Map Service (WMS) - (em Português, serviço de mapa pela Internet), é a especificação de um
formato, que tem como objetivo poder colocar um mapa num ficheiro ou página na Internet. A norma
“WMS 1.1.1” especifica como os servidores de mapas devem descrever e disponibilizar a sua informação
geográfica. A especificação de contexto estabelece a forma como um grupo de um ou mais mapas
transferidos de um ou mais servidores deve ser descrita num formato portável e multi-plataforma para
armazenamento num repositório ou para transferência entre aplicações. Esta descrição é conhecida como
Web Map Context Document, ou simplesmente como contexto.
Atualmente, os documentos de contexto são projetados para serviços de WMS. Contudo, a
expansibilidade do formato permite que existam ligações futuras com outros serviços. Um documento de
Context inclui informação acerca dos servidores que disponibilizaram as camadas que compõem o mapa,
a área de visualização e a projeção partilhada por todos os mapas. Esta informação é suficiente para a

. 84
aplicação reproduzir o mapa, contudo é adicionada informação auxiliar para descrever os mapas e a sua
proveniência, para benefício de seus utilizadores. Esta especificação usa como estruturação XML e
existem inúmeras utilizações possíveis para documentos Context:
- Pode disponibilizar vistas de inicialização por defeito a classes de utilizadores. Um documento deste
gênero teria um tempo de vida extenso e acesso público.
- Pode guardar o estado da visualização de uma aplicação, enquanto o utilizador navega e modifica
as camadas do mapa.
- Consegue manter não apenas as definições atuais, mas também informação adicional acerca de
cada camada (como estilos disponíveis, formatos, SRS, etc.) para evitar que o mapa seja requisitado de
novo ao servidor assim que o utilizador seleciona uma camada.
- Pode ser mantido o estado atual numa aplicação quando da sua transferência para uma aplicação
diferente onde é possível continuar com o mesmo contexto.

WEBMAPPING (WEBGIS)
A internet vem se destacando nos últimos anos como uma excelente ferramenta para disponibilização
e interligação de dados das mais diversas fontes e naturezas. A geomática, como área do conhecimento,
também encontrou na internet um nicho para suas atividades. A disponibilização de mapas digitais online,
os chamados WebGIS ou Webmapping, tem-se tornado comum, permitindo que um maior número de
usuários tenha acesso à dados espacializados, de forma hábil e atraente.
É provável que o estopim para o crescimento das aplicações SIG para internet tenha sido a
popularização de serviços online gratuitos de localização como o Google Earth e Google Maps.

Google Earth
É um programa de computador desenvolvido e distribuído pela empresa estadunidense do Google cuja
função é apresentar um modelito tridimensional do globo terrestre, construído a partir de mosaico de
imagens de satélite obtidas de fontes diversas, imagens aéreas (fotografadas de aeronaves) e GIS 3D.
Desta forma, o programa pode ser usado simplesmente como um gerador de mapas bidimensionais e
imagens de satélite ou como um simulador das diversas paisagens presentes no Planeta Terra. Com isso,
é possível identificar lugares, construções, cidades, paisagens, entre outros elementos. O programa é
similar, embora mais complexo, ao serviço também oferecido pelo Google conhecido como Google Maps.
Anteriormente conhecido como Earth Viewer, o Google Earth foi desenvolvido pela empresa Keyhole,
Inc, uma companhia que a Google adquiriu em 2004. O nome do produto foi alterado para Google Earth
em 2005 e está actualmente disponível para uso em computadores pessoais com Mac OS X 10.3.9 ou
superior, Microsoft Windows 2000 ou XP e no dia 12 de Junho de 2006 foi lançada uma versão beta para
Linux. O Google fez melhorias ao cliente Keyhole e adicionou as imagens de satélite da base de dados
para o seu software de mapeamento baseado na Internet. A maioria das grandes cidades do planeta já
está disponível em imagens com resolução suficiente para visualizar edifícios, casas ou mesmo detalhes
mais próximos como automóveis. Todo o globo terrestre já está coberto com aproximação de pelo menos
15 quilômetros.

Recursos: atualmente, o programa permite girar uma imagem, marcar os locais que você conseguiu
identificar para visitá-los posteriormente, medir a distância entre dois pontos e até mesmo ter uma visão
tridimensional de uma determinada localidade. No mês de maio de 2006 as imagens de satélite sofreram
uma atualização e uma grande parte do Brasil já está em alta resolução. Mesmo pequenas cidades
encontram-se disponíveis em detalhes.

O Google Earth faz a cartografia do planeta, agregando imagens obtidas de várias fontes, incluindo
imagens de satélite, fotografia aérea, e sistemas de informação geográfica sobre um globo em 3D.
Também é possível ver mapas antigos do planeta todo, com o recurso Featured Content, nas layers
(camadas).

Google Sky: o Google criou a nova versão do Google Earth, a partir da versão (Google Earth 4.2 -
Sky), O Novo google sky permite navegar pela terra e pelo universo. Dentro do modo terra pode-se
navegar por toda a parte como, Paris, Londres, etc. No modo Sky podem navegar pelo universo, Marte,
Urano, etc. O Google Earth é uma boa ferramenta quando o assunto é pesquisa de lugares via satélite.

Google Marte: a partir da versão 5 do programa, o Google Earth disponibiliza um recurso com o qual
o planeta Marte pode ser visualizado em alta resolução do mesmo modo que a Terra.

. 85
Google Lua: a partir da 2ª atualização da versão 5 do programa, o Google Earth disponibilizou um
novo recurso com o qual o nosso satélite a Lua pode ser visualizada em alta resolução da mesma forma
que a Terra e Marte.

Titanic: nesse novo Google Earth, é possível visitar o navio RMS Titanic. Se você pesquisar (Titanic)
na busca de endereços, você irá direto ao navio. Deem mais zoom até chegarem ao fundo.

Oceano: trata-se de uma atualização majoritária disponível a partir da versão 5 e criada para atender
a solicitação por mais recursos relacionados aos oceanos. Este recurso adiciona uma nova camada que
possibilita a visualização elementos ligados a superfície e ao fundo dos oceanos, como locais de
mergulho, naufrágios, pontos de surf e áreas de proteção marinha. Para essa adição a Google contou
com vários parceiros de peso, dentre eles a California Academy of Sciences, Monterey Bay Aquarium
Research Institute e a National Geographic Society.

Imagens históricas: com este recurso o Google Earth permite a comparação, caso estejam
disponíveis em seus arquivos, de imagens de um mesmo local ao longo do tempo.

Simulador de voo: este simulador une as imagens de satélite do google earth com um simulador de
voo podendo até fazer pousos e decolagens em aeroportos. Existem dois modelos o SR22 e o F-16.

Busca de endereços: o Google Earth permite aos usuários a busca de endereços. Basta digitar o
nome da cidade, e caso existam mais cidades com o mesmo nome as outras opções estarão logo abaixo.
Pode-se procurar também pelas coordenadas geográficas (e isso pode ser feito em dois formatos) ou
mesmo pelo CEP (inclusive no Brasil).

Topografia: tem dados terrestres digitais recolhidos pela missão SRTM. Isto significa que podemos
ver o Grand Canyon ou o Monte Evereste em três dimensões. Para além disso, o Google Earth
providencia uma camada (layer) com edifícios modelados em 3D de algumas das maiores cidades dos
EUA. Layers - 3d Buildings. Algumas construções da cidade de São Paulo já podem também ser
visualizadas. Muitos usuários costumam adicionar os seus próprios dados e tornando-os disponíveis,
através de várias fontes tais como os BBS ou blogs e até o próprio Orkut, com as comunidades
relacionadas. Outros pontos de referência podem ser acessados ativando o layer Google Earth
Community.

Edifícios em 3D: uma nova ferramenta implementada pelo Google após a sua aquisição da Keyhole,
Inc é um conjunto de dados 3D de 48 cidades estadounidenses (Junho de 2006). Esta informação é
fornecida pelo Sanborn Citysets. No entanto, muitos destes edifícios ainda são visualizados como simples
volumes sem detalhamento. Em 14 de Março de 2006, Google adquiriu a At Last Software, empresa que
produziu o SketchUp e criou plug-in para modelos 3D no Google Earth. Esse software permite modelar
edificações em 3D, agregar texturas, e compartilhar os arquivos gerados na comunidade do Google Earth
na Internet. As maiores estruturas em 3D no Google Earth são o Burj Khalifa e o Dubai Mall localizados
em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

Licença: o Google Earth está disponível numa versão gratuita para uso privado e em versões
licenciadas para o uso comercial. Actualmente está disponível oficialmente em Windows XP e Mac OS X.
A versão Linux, que era esperada em 2005, foi lançada uma versão beta em junho de 2006. Agora a
versão do Google Earth está disponível para o Linux na seção estável (5.2) ou Beta (6.0).

Quando o programa começa, a vista do Google Earth está centrada em Lawrence, Kansas, no entanto
é possível fazer com que inicie no lugar desejado. O diretor de engenharia do Google Earth chama-se
Brian McClendon e a sua biografia online diz que ele licenciou-se em 1986 na Universidade do Kansas.

Google Maps
É um serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite da Terra gratuito na web
fornecido e desenvolvido pela empresa estadunidense Google. Atualmente, o serviço disponibiliza mapas
e rotas para qualquer ponto nos Estados Unidos, Canadá, na União Europeia, Austrália e Brasil, entre
outros. Disponibiliza também imagens de satélite do mundo todo, com possibilidade de um zoom nas
grandes cidades, como Nova Iorque, Paris, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, entre outras.

. 86
Juntamente com o lançamento da versão brasileira do Google Maps, a empresa introduziu o Local
Business Center, ferramenta que permite com que qualquer empresa faça seu cadastro e seja então
encontrada no Google Maps por qualquer usuário. No cadastro as empresas podem preencher seus
dados cadastrais, horário de atendimento, formas de pagamento, logotipo e fotos, sendo necessária
confirmação do cadastro através de uma ligação telefônica, SMS ou carta. Com uma conta Google, já é
possível destacar as suas próprias rotas, pontos e áreas, gerar comentários e compartilhar os respectivos
links de acesso ao mapa criado. Também é possível gerar um arquivo KML para integração com o Google
Earth.

Mapeamento da Lua: o Google Moon permite visualização da Lua em 8 opções de zoom. É possível
ver toda face da Lua, bem como consultar (através de marcadores) onde pousaram as naves das missões
da NASA que foram até à Lua (Apollo 11, Apollo 12, etc.).

Mapeamento de Marte: recentemente foi lançado também o Google Mars onde se pode consultar
alguns detalhes da superfície do planeta Marte.

De acordo com o capítulo 10 do livro Banco de Dados Geográfico, mapas na web se apresentam de
três formas principais:

Mapas Estáticos - mapas no formato de imagem (*.jpg, *.gif, *.png, etc) integrados à páginas da
internet.
Mapas Gerados a partir de formulários - fornece-se parâmetros para geração de mapas na forma
de imagem.
Mapas Dinâmicos - o usuário seleciona uma área de seu interesse em um mapa geral, gerando uma
navegação para outro mapa ou imagem mais específico com informações mais detalhadas desta região.
Em geral apresentam interface atraente com ícones para consulta espacial calculo de distância e etc.

Há muitos softwares e frameworks livres para o desenvolvimento de aplicações WebGIS. Podemos


destacar alguns: MapServer, GeoServer, i3Geo, Alov Map, Time Map, OpenLayers e P.Mapper. Diversos
órgãos públicos fazem uso destas ferramentas para divulgação dos resultados de seus trabalhos. A
imagem abaixo mostra um exemplo de aplicação desenvolvida com MapServer e o framework i3Geo.
Clique na imagem para acessar mais informações sobre a página da aplicação (Este é um exemplo de
mapa dinâmico).

. 87
Serviços de mapas na web vão além da localização13
Serviços de mapas on-line não são uma novidade. Pessoas buscam endereços e empresas tentam
obter as melhores rotas na entrega de seus produtos. Atualmente o serviço mais popular é o Google
Maps, mas existem outras opções no mercado, como o Apontador e o MapLink, Guia Mais.

Google Maps e seus concorrentes nacionais: MapLink e Apontador. (Foto: Reprodução)

Evolução dos mapas: os primeiros serviços agregados aos mapas foram guias de estabelecimentos
como restaurantes, bares, casas noturnas, hotéis, prédios públicos, pontos turísticos. Mapas também são
largamente usados para orientar o motorista sobre o transito, principalmente nas grandes cidades
brasileiras. Com a portabilidade e a popularização da tecnologia GPS, os mapas se espalharam para
serviços agregados nos celulares e dispositivos exclusivos para automóveis. Hoje os mapas
desempenham um papel colaborativo, ligado à interação e à convivência. Estão conectados a redes
sociais mostrando onde os usuários estão e também servindo de referência para as pessoas indicarem
serviços e lugares.

Mapas nas redes sociais

'Onde estou?' conta sua localização e encontra serviços próximos. (Foto: Reprodução)

O site OndeEstou é um serviço que permite ao usuário dizer – literalmente – onde ele está. Com base
nesta informação são levantadas diversas informações interessantes: quais outros usuários estão na
mesma região, serviços como restaurantes e bares próximos, informações de clima, detalhes sobre o
trânsito, fotos postadas nos principais serviços de compartilhamento de imagens. O site funciona como
uma rede social, permitindo conectar-se a outros usuários. Também oferece integração com outros sites
como o Facebook, Twitter e Orkut. Esta integração permite compartilhar sua posição com os usuários das

13
PANISSI, Fernando. Tira dúvidas com Fernando Panissi. Http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1245202-6174,00-
servicos+de+mapas+na+web+vao+alem+da+localizacao.html

. 88
redes. Ele também tem aplicativos para celular, com versões de aplicativos para Windows Mobile,
BlackBerry, Apple (Iphone) e para celulares com suporte a Java. Para usar o serviço é preciso ter acesso
à internet no aparelho.

Compartilhando locais
Usando o Google Mapas é possível qualquer pessoa criar um mapa apontando localizações e
compartilhar com outras pessoas. Basta ter uma conta Google e acessar o Google Mapas. Logo abaixo
do logotipo existe o link “meus mapas” que permite o cadastramento de mapas. Uma vez criado o mapa,
basta pesquisar os locais que deseja marcar e clicar no link Salvar em meus mapas. Preste atenção na
hora de criar seu mapa - ele pode ser público, ou seja, qualquer um tem acesso, ou não listado, quando
apenas quem você determina tem acesso.

(220x155_coxinhas.jpg – Roteiro de Coxinhas em São Paulo. Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução)

Diversas pessoas publicam mapas interessantes usando este recurso, como este guia das melhores
coxinhas de são Paulo. Alguns mapas têm contexto político e social, como este que retrata os casos de
morte por gripe suína no mundo, ou mesmo o projeto em defesa da Amazônia, mostrando os pontos de
queimadas.

Picasa tem jogo em que o jogador tenta adivinhar a localização do cenário a partir de uma foto. (Foto: Reprodução)

Algumas aplicações são mais ligadas à diversão e entretenimento. O Picasa, serviço de


compartilhamento de fotos do Google, tem um jogo que mostra fotos enviadas por seus usuários e pede
para que a pessoa identifique o lugar do mundo onde aquela foto foi tirada. Ao clicar no mapa sobre uma

. 89
localidade, o site mostra a distância para o ponto exato da foto. Algumas fotos são de pessoas e do interior
de residências, o que deixa praticamente impossível a identificação do local.

Serviços Interessantes
O site taxi.com.br mostra o valor sugerido para corridas de táxi nas principais cidades brasileiras. O
serviço é bem útil para servir de referência.
A extensão Ubiquity, que está em fase beta no Mozilla Labs, (repositório de aplicativos em fase de
testes da Mozilla) tem diversas funções interessantíssimas, dentre elas a integração com o Google Maps.
Usando o complemento é possível executar uma série de ações através de uma linha de comandos. Após
instalar o complemento, use as teclas CTRL+Espaço para abrir a interface do Ubiquity. Em uma linha de
comando digite o termo map acrescido do endereço que o serviço irá carregar automaticamente o serviço
do Google Maps. Depois de localizado o endereço é possível enviar uma imagem JPG do mapa para um
endereço de email, seja pelo seu cliente de e-mail ou pelo próprio Gmail.

Serviços pelo mundo


O site Mashable publicou meses atrás uma lista com diversos serviços usando como base o Google
Maps. A imensa maioria não tem conteúdo em português nem aborda nada no Brasil, mas é bem
interessante ver o que está sendo feito lá fora. O serviço Safe 2 Pee, por exemplo, mostra onde existem
banheiros públicos confiáveis. O NYC Bike Maps mostra os roteiros para andar de bicicleta em Nova
York. O iMap Weather mostra a previsão do tempo nas grandes cidades, inclusive no Brasil. A escala
padrão pode ser mudada para Celsius facilitando a compreensão.

SENSORIAMENTO REMOTO: TRATAMENTO DIGITAL DE IMAGENS E REGISTRO DE IMAGENS


E MOSAICAGEM
14
Sensoriamento remoto ou detecção remota ou ainda teledetecção é o conjunto de técnicas que
possibilita a obtenção de informações sobre alvos na superfície terrestre (objetos, áreas, fenômenos),
através do registro da interação da radiação eletromagnética com a superfície, realizado por sensores
distantes, ou remotos. Geralmente estes sensores estão presentes em plataformas orbitais ou satélites,
aviões e em nível de campo. A NASA é uma das maiores captadoras de imagens recebidas por seus
satélites. No Brasil, na Europa e no Japão o principal órgão que atua nesta área é o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais - INPE.
O Sensoriamento remoto é definido de diferentes maneiras por diversos autores, sendo a definição
mais usual a adotada por Avery e Berlin (1992) e Meneses (2001): uma técnica para obter informações
sobre objetos através de dados coletados por instrumentos que não estejam em contato físico como os
objetos investigados.
Por não haver contato físico a forma de transmissão dos dados (do objeto para o sensor) só pode ser
realizada pela Radiação Eletromagnética, por ser esta a única forma de energia capaz de se propagar
pelo vácuo. Considerando (a Radiação Eletromagnética como uma forma de energia), o Sensoriamento
Remoto pode ser definido com maior rigor como uma medida de trocas de energia que resulta da
interação entre a energia contida na Radiação Eletromagnética de determinado comprimento de onda e
a contida nos átomos e moléculas do objeto de estudo. Outros autores preferem restringir o conceito à
área de aplicação de monitoramento da superfície terrestre.

Princípios Físicos
Três elementos são fundamentais para o funcionamento de um sistema de sensoriamento remoto:
Objeto de estudo, Radiação Eletromagnética e um Sensor. Pelo princípio da conservação da energia,
quando a radiação eletromagnética incide sobre a superfície de um material, parte dela será refletida por
esta superfície, parte será absorvida e parte pode ser transmitida, caso a matéria possua alguma
transparência. A soma desses três componentes (Reflectância, Absortância e Transparência) é sempre
igual, em intensidade, à energia incidente.

14
American Society of Photogrammetry - Manual of Remote Sensing - Falls Church – 1983
Câmara G., Davis C., Monteiro A.M.V., D'Alge J.C.L., Felgueiras C., Freitas C.C., Fonseca L.M.G., Fonseca F. Introdução à Ciência da
Geoinformação, www.dpi.inpe.br
Novo, E. M. L. M, - Sensoriamento Remoto, Princípios e Aplicações - Edgard Blucher, 1998.
Rosa, R. - Introdução ao Sensoriamento Remoto - EDUFU- 1995.
Schowengerdt, R. A., - Remote Sensing - Models and Methods for Image Processing, Ed. Academic Press, 1997.
Slater, P. N. - Remote Sensing: Optics and Optical Systems - Addison-Wesley, 1980

. 90
O que nossos olhos percebem como cores diferentes são, na verdade, radiação eletromagnética de
comprimentos de onda diferentes. A cor azul corresponde ao intervalo de 0,35 a 0,50µm, a do verde vai
de 0,50 a 0,62 µm e a do vermelho, de 0,62 a 0,70 µm (os intervalos são aproximados, e variam segundo
a fonte de consulta). Estes intervalos também são conhecidos como “regiões”. Abaixo do vermelho, está
a região do infravermelho, e logo acima do azul está o ultravioleta. Os sensores remotos medem as
intensidades do Espectro eletromagnético e, com essas medidas, obtém imagens nas regiões do visível
(azul, verde e vermelho) ao infravermelho medem a intensidade da radiação eletromagnética refletida em
cada intervalo pré-determinado de comprimento de onda.

Espectro eletromagnético I

Espectro eletromagnético II

Níveis de Aquisição
O sensoriamento remoto pode ser em nível terrestre, sub-orbital e orbital. Os representantes mais
conhecidos do nível sub-orbital são as também chamadas fotografias aéreas, utilizadas principalmente
para produzir mapas. Neste nível opera-se também algumas câmeras de vídeo e radares. No nível orbital
estão os balões meteorológicos e os satélites. Os primeiros são utilizados nos estudos do clima e da
atmosfera terrestre, assim como em previsões do tempo. Já os satélites também podem produzir imagens
para uso meteorológico, mas também são úteis nas áreas de mapeamento e estudo de recursos naturais.
Ao nível terrestre são feitas as pesquisas básicas sobre como os objetos absorvem, refletem e emitem
radiação. Os resultados destas pesquisas geram informações sobre como os objetos podem ser
identificados pelos sensores orbitais. Desta forma é possível identificar áreas de queimadas numa

. 91
imagem gerada de um satélite, diferenciar florestas de cidades e de plantações agrícolas e até identificar
áreas de vegetação que estejam doentes.

Sistemas Sensores
Os sistemas sensores presentes em satélites podem ser imageadores ou não imageadores,
dependendo do tipo de produto gerado. Os sensores imageadores, dividem-se ainda em sistemas de
varredura mecânica e sistemas de varredura eletrônica. Os sensores também podem ser classificados
em função da fonte de radiação eletromagnética. Sensores ativos são responsáveis pelo envio de um
sinal para a superfície da Terra e registram o sinal refletido, avaliando a diferença entre eles (Ex. RADAR).
Por outro lado, os sensores passivos funcionam através do registro da radiação eletromagnética refletida
pelo Sol.

Resolução
A questão da resolução dos sensores remotos possui grande importância nesta ciência. O conceito de
resolução está dividido em 4 classes: espacial, espectral, radiométricas e temporal. A resolução espacial
diz respeito à capacidade do sensor em dividir ou resolver os elementos na superfície terrestre. Quanto
melhor a resolução espacial, maior o nível de detalhe observado. Não deve ser confundida com tamanho
de pixel.
A resolução espectral caracteriza a capacidade do sensor em operar em várias e estreitas bandas
espectrais. Os sensores que operam em centenas de bandas são conhecidos como hiperespectrais. A
resolução radiométrica está relacionada ao nível de quantização ou sensibilidade do sensor em detectar
pequenas variações radiométricas. A resolução temporal é definida em função do tempo de revisita do
sensor para um mesmo ponto da superfície terrestre.

Os satélites estão entre os mais importantes elementos do sensoriamento remoto

A Geometria Orbital15
Os satélites não geo-estacionários, acompanham a Terra no movimento de translação, mas não no
movimento de rotação. A Terra desliza sob o satélite no movimento de rotação. O movimento do satélite
de polo a polo, combinado com o movimento de rotação terrestre em torno de seu eixo, faz com que os
satélites de SR cubram praticamente todas as regiões do Globo. É como descascar uma laranja, mas em
faixas não contíguas (Fig.1). Enquanto o satélite realiza uma volta completa em torno da Terra
(aproximadamente 100 a 103 minutos para os satélites LANDSAT e NOAA), a Terra gira, sob o satélite,
um arco ao longo do equador, de aproximadamente 3000 km. Portanto, órbitas sucessivas destes
satélites, têm uma distância de aproximadamente 3000 km, uma da outra. As faixas imageadas pelos
satélites têm largura inferior a estes 3000 km, (no caso do LANDSAT a faixa imageada é de 185 km), por
isto, entre passagens sucessivas do satélite, uma grande faixa fica sem imageamento.
As passagens em dias sucessivos não são coincidentes, assim, o satélite passa a imagear outras
faixas, e só voltam a revisitar uma mesma área após certo período de tempo. O LANDSAT demora 16
dias para voltar a uma mesma faixa, o SPOT demora 26 dias, o NOAA cobre uma mesma faixa quase
todos os dias, devido a sua larga faixa de imageamento. Com períodos orbitais de aproximadamente 100
a 103 minutos, no caso do LANDSAT, do SPOT e do NOAA, os satélites realizam 14 voltas inteiras mais
uma fração de volta, em torno da Terra, em um período de 24 horas. Isto significa que na órbita de número
15, o satélite passa um pouco depois da primeira órbita do dia anterior. Esta defasagem das órbitas faz
com que o satélite capte imagem de todo o globo terrestre.

15
Tópico baseado nos estudos de FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sensoriamento Remoto.
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf

. 92
Faixas imageadas

Estações de recepção
Outro importante componente no processo de imageamento não está no céu. São as estações
terrestres de recepção de imagens. Elas têm por finalidade receber e armazenar as imagens transmitidas
a partir dos satélites. São estrategicamente instaladas em locais adequados à região que se pretende
obter imagens.

Parte das estações de recepção de imagens LANDSAT (não constam da figura: Argentina, Chile, Kenya, Mongólia e outras).

A estação brasileira para recepção de imagens CBERS, LANDSAT e SPOT, cujo principal objetivo é
cobrir o território nacional, está instalada em Cuiabá-MT. De lá a estação cobre não só o Brasil, mas
também boa parte da América do Sul.

. 93
Raio de alcance no rastreamento

Estas estações são constituídas, basicamente, de um bom computador, com software específico, uma
antena parabólica direcionável, cabos de conexão da antena ao computador e mesa de controle e
operação. O sistema da estação dispõe, de forma antecipada, das informações de horário e posição de
órbita. Com base nestas informações a estação posiciona previamente a parabólica para o ponto no
horizonte onde o satélite surgirá. Feita a comunicação o sistema ajusta o sincronismo do movimento e
rastreia o satélite de horizonte a horizonte. Este percurso é realizado em períodos de aproximadamente
10 a 15 minutos, para os satélites com tempo de órbita em torno de 100 minutos. A melhor recepção dos
sinais tem início a partir de uma elevação de 5º acima do horizonte.
Durante o rastreamento a estação capta, em tempo real, as imagens transmitidas pelo satélite e as
armazena no computador. As imagens são grandes arquivos digitais, por isto os dispositivos de
armazenamento devem ter grandes capacidades. Os satélites quase sempre têm, a bordo, dispositivos
de armazenamento temporário de imagens, que são posteriormente transmitidas para estações de
recepção específicas. Este recurso possibilita obter imagens de qualquer local do Globo e capturá-las
minutos mais tarde em estações de interesse, mesmo que distante das áreas imageadas.
A estação não rastreia apenas satélites que passam sobre a antena. O rastreio também é realizado
lateralmente. O alcance da antena, para visualização do satélite, depende da topografia de onde a
estação esteja instalada. Para regiões altas e planas, as estações chegam a alcançar os satélites
horizontalmente, em um círculo de aproximadamente 3.500 km a partir da estação, (Fig.3). Obviamente,
rastreios laterais têm tempo de duração menor, consequentemente menores áreas de imageamento são
cobertas nestas passagens dos satélites.

Sensores
Os sensores são as máquinas fotográficas dos satélites (Fig.4). Têm por finalidade captar a REM
proveniente da superfície terrestre, e transformar a energia conduzida pela onda, em pulso eletrônico ou
valor digital proporcional à intensidade desta energia. Segundo a fonte da onda eletromagnética os
sensores são:

Passivos: utilizam apenas a REM natural refletida ou emitida a partir da superfície terrestre. A luz solar
é a principal fonte de REM dos sensores passivos.

Ativos: estes sistemas utilizam REM artificial, produzida por radares instalados nos próprios satélites.
Estas ondas atingem a superfície terrestre onde interagem com os alvos, sendo refletidas de volta ao
satélite. Uma vantagem dos sensores ativos é que as ondas produzidas pelos radares atravessam as
nuvens, podendo ser operados sob qualquer condição atmosférica. Uma desvantagem é que o processo
de interação com os alvos não capta, tão detalhadamente quanto os sensores passivos, informações
sobre as características físicas e químicas das feições terrestres.

Os sensores cobrem faixas de imageamento da superfície terrestre, cuja largura depende do ângulo
de visada do sensor, (em inglês FOV - Field of View), (Fig.5). O sensor Thematic Mapper (TM) do satélite
LANDSAT cobre uma faixa de 185 km, o sensor Charge Copled Device (CCD) do satélite SPOT cobre
uma faixa de 60 km, o sensor AVHRR do satélite NOAA cobre uma faixa de 2700 km. Estas faixas são

. 94
dispostas ao longo da órbita e são varridas, pelo sensor, em linhas transversais ao sentido da órbita. Na
varredura das linhas, dois processos são utilizados:
a) Varredura por espelho, que se baseia no princípio da técnica de imageamento de scanners
multispectrais lineares. A REM refletida da superfície dos objetos / alvos inside sobre um espelho móvel
de face plana, montado com um ângulo de 45º sobre um eixo mecânico que imprime um movimento
oscilatório ao espelho, de tal forma que a superfície do terreno é varrida em linhas perpendiculares à
direção de deslocamento do satélite, permitindo o imageamento seqüencial de linhas da superfície do
terreno. A REM refletida no espelho é direcionada para o interior do sensor onde é processada para dar
origem às imagens. Os sensores TM e AVHRR utilizam este processo;
b) Imageamento por matriz de detetores, ao invés do espelho, uma matriz de detetores cobre toda a
largura da faixa de imageamento. Os detetores são dispostos em linhas que formam a matriz. O sensor
CCD utiliza este processo.

Em ambos processos a REM é decomposta em faixas denominadas bandas espectrais e as linhas são
fracionadas em pequenas parcelas quadradas da superfície terrestre, denominadas pixel.

Sistema sensor

Processos de varredura e detecção


Tratamento Digital de Imagens e Registro de Imagens e Mosaicagem16

Forma de Armazenamento
Toda imagem captada pelo sensor, em formato digital, é armazenada em arquivos de computador
como qualquer outro arquivo de dados. Frequentemente existem dois arquivos para cada imagem de SR,
um deles, normalmente de pequena dimensão, destina-se às informações de cabeçalho da imagem
(identificação do satélite, do sensor, data e hora, tamanho do pixel, etc.), também chamado de header da
imagem, e outro que contém os valores numéricos correspondentes aos pixels da imagem. A este último
damos a denominação de imagem digital. Cada registro deste arquivo corresponde a uma linha da
superfície terrestre. Os campos destes registros são todos do mesmo tamanho e correspondem aos
16
Tópico baseado nos estudos de FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sensoriamento Remoto.
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf

. 95
pixels. O valor armazenado em cada campo é proporcional à intensidade da REM, proveniente da parcela
da superfície terrestre.
Um aspecto que deve também ser observado é a dimensão do espaço, normalmente em disco de
computador, ocupado por uma imagem. Este espaço tem relação direta com a quantidade de pixel e a
quantidade de bandas espectrais das imagens. Por esta razão imagens com pixels de menor dimensão
cobrem consequentemente faixas de imageamento mais estreitas, caso contrário, as linhas teriam uma
grande quantidade de pixels e consequentemente a imagem poderia ter uma dimensão exageradamente
grande. Uma imagem LANDSAT, por exemplo, cobre uma área de 180 km X 180 km, como a dimensão
do pixel deste satélite é de 30 m, a imagem tem 6000 linhas com 6000 pixels em cada linha. Como a
imagem LANDSAT tem 7 bandas espectrais, o espaço total ocupado por uma imagem Landsat é,
portanto, (6000 X 6000 X 7) = 252 Megabytes.

Matriz numérica bidimensional que caracteriza uma imagem digital

Resolução Espacial
Cada sistema sensor tem uma capacidade de definição do tamanho do pixel, que corresponde a menor
parcela imageada (Fig.2). O pixel é indivisível. É impossível identificar qualquer alvo dentro de um pixel,
pois seu valor integra todo o feixe de luz proveniente da área do solo correspondente ao mesmo. A
dimensão do pixel é denominada de resolução espacial. As imagens LANDSAT têm resolução espacial
de 30 m, a resolução espacial do SPOT é de 20 m e a do NOAA é de 1100 m. Quanto menor a dimensão
do pixel, maior é a resolução espacial da imagem. Imagens de maior resolução espacial têm melhor poder
de definição dos alvos terrestres.

Pixel, pequenos quadrados na imagem

. 96
Resolução Espectral
Como mencionado anteriormente, a REM é decomposta, pelos sensores, em faixas espectrais de
larguras variáveis. Estas faixas são denominadas bandas espectrais (Fig.3). Quanto mais estreitas forem
estas faixas espectrais, e/ou quanto maior for o número de bandas espectrais captadas pelo sensor, maior
é a resolução espectral da imagem. Imagens Landsat / TM, por exemplo, têm 7 bandas: 0,45 µm a 0,52
µm, 0,52 µm a 0,60 µm, 0,63 µm a 0,69 µm, 0,76 µm a 0,90 µm, 1,55 µm a 1,75 µm, 2,08 µm a 2,35 µm,
10,4 µm a 12,5 µm. Existem sensores que geram imagens com centenas de bandas espectrais.

Bandas espectrais

Resolução Radiométrica
A resolução radiométrica está relacionada a faixa de valores numéricos associados aos pixels. Este
valor numérico representa a intensidade da radiância proveniente da área do terreno correspondente ao
pixel e é chamado de nível de cinza. A faixa de valores depende da quantidade de bits utilizada para cada
pixel. A quantidade de níveis de cinza é igual a 2(QtdBits) (dois elevado a quantidade de bits). Para ilustrar,
na figura abaixo os retângulos brancos simbolizam bits desligados e os pretos bits ligados. Todos os bits
desligados correspondem ao valor 0, somente o primeiro bit ligado corresponde ao valor 1, o segundo
ligado e os demais desligados corresponde ao valor 2 e assim sucessivamente até todos os 8 bits ligados
que corresponde ao valor 255.
Pode-se observar que 2 bits, por exemplo, possibilitam 4 combinações possíveis: os dois desligados;
o primeiro ligado e o segundo desligado; o primeiro desligado e o segundo ligado; ambos ligados. As
imagens LANDSAT e SPOT utilizam 8 bits para cada pixel, portanto, o máximo valor numérico de um
pixel destas imagens é 255, são todas as combinações possíveis de bits ligados e desligados. Desta
maneiro, a intensidade da REM é quantificada, na imagem LANDSAT, em valores entre 0 e 255. As
imagens NOAA utilizam 10 bits, portanto, o valor máximo do nível de cinza de um pixel NOAA é 1023.
Estas têm, portanto, resolução radiométrica maior que as imagens do LANDSAT e do SPOT cuja faixas
variam de 0 e 255.

0, 1 (2 níveis de cinza)
0, 1, 2, 3 (4 níveis de cinza)
0 a 255 (256 níveis de cinza)

Resolução Temporal
Está relacionada ao período de tempo em que o satélite volta a revisitar uma mesma área. O satélite
SPOT tem resolução temporal de 26 dias, portanto menor que o LANDSAT que é de 16 dias.

Procedimentos para aquisição de imagens de satélite


Uma dúvida comum, para a comunidade de usuários, tem sido de como proceder para obter uma
imagem de satélite. O primeiro passo consiste em identificar as instituições que comercializam ou

. 97
distribuem imagens. No Brasil o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), são distribuidores das
imagens LANDSAT, SPOT e CBERS. O INPE possui uma estação de recepção destas imagens em
Cuiabá-MT. As instituições proprietárias dos satélites LANDSAT e SPOT cobram para disponibilizar as
imagens nas estações, por isto o custo das mesmas é relativamente alto, em torno de 400 dólares por
imagem completa, gravada em CD. Algumas empresas privadas também comercializam estas e outras
imagens, como por exemplo, as imagens Ikonos. As imagens NOAA têm custo menor porque a instituição
proprietária do satélite não cobra para disponibilizar as imagens nas estações receptoras. Várias
instituições públicas e privadas recebem as imagens NOAA: o INPE, o INMET, a FUNCEME, a UFRGS,
etc. A Internet é um excelente meio de busca de fornecedores de imagens.
O passo seguinte é definir a área de interesse. Por exemplo, qual o município de interesse e, até
mesmo qual parte do município, caso este seja de grande dimensão territorial. Se possível determinar as
coordenadas geográficas da área. O GPS pode ajudar nesta tarefa definindo uma coordenada central ou
um polígono envolvente da área. Dependendo da localização e dimensão da área uma imagem pode ser
suficiente, contudo, existem casos mesmo de pequenas áreas onde há necessidade de se adquirir várias
imagens, como na situação em que a área esteja localizada nos cantos das imagens. Definida a área é
possível identificar a(s) imagem(ns) a ser(em) adquirida(s), o LANDSAT e o SPOT têm um sistema de
identificação das imagens composto de 2 números, o primeiro é o número da órbita e o segundo é o
número da imagem dentro da órbita, também chamado de ponto. A identificação das imagens pode ser
obtida no mapa denominado Sistema de Referência Universal, fornecido pelo INPE. Por exemplo, a
imagem LANDSAT que cobre o DF é a 221/71.
A imagem pode ser adquirida inteira ou parcialmente (Fig.6). No caso do Landsat, a menor fração da
imagem é um sub-quadrante de 45 km X 45 km, estes sub-quadrantes são identificados pelos números
de 1 a 16. Pode-se adquirir também quadrantes de 90 km X 90 km, que são identificados pelas letras A,
B, C, D, E, S, W, N e X. Porém o custo de um quadrante ou subquadrante não é muito diferente do de
uma imagem inteira, portanto, quase sempre vale a pena adquirir a cena completa. Cada imagem Landsat
e Spot têm uma posição fixa, porém elas podem ser adquiridas com deslocamento ao longo da órbita. O
tempo de entrega das imagens aos usuários tem sido longo. É comum esperar de 20 a 30 dias, pelo
recebimento de imagens adquiridas no Brasil.

Caminho recepção – usuário

Quadrantes e sub-quadrantes de uma imagem Landsat

. 98
Processamento Digital de Imagens
O grande volume de dados, intrínseco às imagens de satélite, associado à relativa complexidade de
cálculos, requer expressivos recursos computacionais para o armazenamento e tratamento das
informações do SR. A evolução da informática, tanto em equipamentos como em softwares, tem
propiciado estes recursos. São dispositivos que suportam maciços volumes de dados, como os discos
rígidos com muitos gigas e até terabytes, fitas magnéticas CD ROM, etc. Monitores de alta resolução,
para análise e visualização de imagens em alta definição. Eficientes dispositivos de entrada, como
scanners e os leitores de fita e CD. Excelentes dispositivos de saída, como impressoras, traçadores
gráficos (plotters) e unidades de gravação de fita e de CD.
As capacidades de memória é outro importante item no tratamento digital de imagens, pois, este
recurso agiliza substancialmente o processamento, reduzindo o tempo de espera pelo fotointérprete. Os
sistemas de processamento digital de imagens tem sido o segmento onde se tem investido grandes
recursos técnicos e humanos, e por isto, a evolução deste segmento tem respondido de modo eficiente,
às demandas do SR. Dentre os sistemas de processamento digital de imagens disponíveis podemos citar:
SPRING, ENVI, IDRISI, PCI, ER-MAPER, ERDAS, entre outros. Na verdade o processo evolutivo é uma
corrida sem fim. Continuamente o SR vem disponibilizando imagens com maiores volumes e
complexidade de interpretação, exigindo contínua evolução dos recursos computacionais.
De qualquer forma, é sempre conveniente investir em eficientes recursos computacionais, para
tratamento das informações do SR, pois sempre se ganha em qualidade e em produtividade, reduzindo
substancialmente as despesas com recursos humanos, na análise e interpretação de imagens, que
normalmente é sempre o mais caro.
Uma imagem digital como já vimos, pode ser definida como sendo um conjunto de pontos, onde cada
ponto (pixel) corresponde a uma unidade de informação do terreno, formada através de uma função
bidimensional f(x,y), onde x e y são coordenadas espaciais e o valor de f no ponto (x,y) representa o brilho
ou radiância da área correspondente ao pixel, no terreno. Tanto x e y (linha e coluna) quanto f só assumem
valores inteiros, portanto, a imagem pode ser expressa numa forma matricial, onde a linha i e coluna j
correspondem às coordenadas espaciais x e y, e o valor digital no ponto correspondente a f, é o nível de
cinza do pixel daquele ponto.
Como visto anteriormente, em imagens digitais, quanto maior o intervalo de possíveis valores do pixel,
maior a sua resolução radiométrica; e quanto maior o número de elementos da matriz por unidade de
área do terreno, maior a sua resolução espacial. Os níveis de cinza podem ser analisados através de um
histograma, que representa a freqüência numérica ou porcentagem de ocorrência e fornecem
informações referentes ao contraste e nível médio de cinza, não fornecendo, entretanto, nenhuma
informação sobre a distribuição espacial. A média dos níveis de cinza corresponde ao brilho da imagem,
enquanto que a variância refere-se ao contraste. Quanto maior a variância, maior será o contraste da
imagem.

Pré-processamento
As imagens na forma em que são recebidas originalmente dos satélites, (também chamadas de
imagens brutas), apresentam degradações radiométricas devidas a desajustes na calibração dos
detetores, erros esporádicos na transmissão dos dados, influências atmosféricas, e distorções
geométricas. Todas estas imperfeições, se não corrigidas, podem comprometer os resultados e produtos
derivados das imagens. O pré-processamento, que é a etapa preliminar do tratamento digital de imagens,
tem esta finalidade. Normalmente o fornecedor das imagens, (INPE e empresas), se encarrega de
proceder esta tarefa, antes de entregar as imagens para o usuário. Três tipos principais de pré-
processamento, são utilizados.

Correção Radiométrica: este tratamento destina-se, pelo menos reduzir as degradações


radiométricas decorrentes dos desajustes na calibração dos detetores e erros esporádicos na transmissão
dos dados. As principais correções radiométricas são o “stripping” aplicado ao longo das linhas com base
em padrão sucessivo, que aparecem na imagem, em decorrência, da diferença ou desajuste de calibração
dos detetores, e o “droped lines”, aplicado entre linhas com base em padrão anômalo na imagem, que
ocorre pela perda de informações na gravação ou na transmissão dos dados.

Correção Atmosférica: a interferência atmosférica é um dos principais fatores de degradação nas


imagens, muitas vezes comprometendo a análise e interpretação das mesmas (Fig.7). A intensidade
deste efeito depende do comprimento de onda, portanto, ele afeta de modo diferente a cada uma das
bandas espectrais.

. 99
A correção da imagem pode ser feita por meio de modelos matemáticos baseados em parâmetros
atmosféricos que normalmente são desconhecidos, dificultando a aplicação dos modelos. Estes
parâmetros devem ser obtidos na hora e data de passagem do satélite, por meio de estações
meteorológicas e isto é um procedimento difícil.

Interferência atmosférica

Na prática utiliza-se técnicas mais simples, que produzem resultados satisfatórios. A técnica do mínimo
histograma é uma delas, e baseia-se no fato de que, sombras de nuvens densas e de relevo e corpos
d'água limpa, por hipótese, deveriam ter radiância nula, consequentemente níveis de cinza zero (Fig.8).
Portanto, valores de níveis de cinza não nulos, encontrados nestas áreas são considerados provenientes
de efeito aditivo do espalhamento atmosférico. A técnica consiste em subtrair de cada pixel de cada banda
espectral de toda a imagem, o menor valor medido nestas áreas.
Outro método alternativo de correção atmosférica é o da regressão de bandas. Este método assume
que entre duas bandas altamente correlacionadas, a equação da reta de melhor ajuste deveria passar
pela origem dos eixos, caso não houvesse efeito aditivo da atmosfera. Porém, devido a este efeito, a reta
corta o eixo y em algum ponto maior que zero. O valor da ordenada do ponto de interceptação representa
o valor adicionado devido a efeitos atmosféricos naquela banda. Este valor, que é a constante da equação
da reta, é subtraído da banda considerada.

. 100
Efeito de sombras

Correção Geométrica: outro tipo de distorção das imagens brutas são as chamadas distorções
geométricas, que diminuem a precisão espacial das informações. Várias aplicações como a cartografia,
a confecção de mosaicos, sistemas de informações geográficas, a detecção e acompanhamento de
mudanças espaciais em feições terrestres, necessitam de dados com boa precisão espacial, exigindo a
correção de tais distorções. Uma das causas das distorções geométricas são as oscilações do satélite
em torno de eixos definidos por um sistema cartesianos posicionado no mesmo, (eixos x, y, z). As
oscilações em torno destes 3 eixos provocam desalinhamentos no processo de varredura da superfície
terrestre, feita pelo sensor (Fig.9). Estas oscilações são identificadas por:

a) "row", que afetam a varredura no sentido longitudinal;


b) "pitch", que provocam distorções transversais no processo de varredura;
c) "yaw" que provocam distorções semelhantes a um leque na disposição das linhas na imagem.

Outros fatores provocam distorções geométricas nas imagens. A variação da altitude do satélite afeta
a escala da imagem. A variação da velocidade do satélite provoca uma superposição ou afastamento de
varreduras consecutivas. O movimento de rotação da Terra provoca deslocamentos laterais gradual das
linhas ao longo da imagem. Imperfeições do mecanismo de varredura do sensor, também provocam
distorções geométricas. Os pixels das bordas laterais da imagem têm dimensões maiores que os pixels
situados sob a órbita, isto decorre do fato de que o ângulo instantâneo de visada, que é o ângulo
correspondente a um pixel, (IFOV em inglês), é constante ao longo da varredura da linha,
consequentemente, este ângulo cobre uma área maior nas laterais do que sob o satélite.
Estas distorções podem ser corrigidas, pelo menos parcialmente, por meio de modelos matemáticos
que descrevem as distorções existentes. Após a aquisição dos coeficientes deste modelo, uma função de
mapeamento é criada para a construção da nova imagem corrigida. Um modelo frequentemente utilizado
é o polinomial, cujos coeficientes são estimados a partir de pontos de controle identificáveis na imagem,
e com localização geodésica precisamente conhecida. Cruzamento de estradas, pontes, feições
geológicas podem ser tomados como pontos de controle.
Os pontos de controle devem ser igualmente distribuídos em toda a imagem, caso contrário as regiões
com poucos ou nenhum ponto podem sofrer mais distorções ainda. É importante também que os pontos
sejam posicionados com precisão, sobre a imagem. Um método alternativo de correção geométrica
baseia-se nos dados de atitude do satélite (posição, velocidade, altitude, dados orbitais, etc.). Este
método é menos trabalhoso, mas menos preciso, podendo, portanto, ser utilizado como uma aproximação
preliminar do processo de correção geométrica.

. 101
Oscilações dos satélites

Classificação de Imagens
Classificação, em sensoriamento remoto, significa a associação de pontos de uma imagem a uma
classe ou grupo de classes. Estas classes representam as feições e alvos terrestres tais como: água,
lavouras, área urbana, reflorestamento, cerrado, etc. A classificação de imagens é um processo de
reconhecimento de classes ou grupos cujos membros exibem características comuns. Uma classe
poderia ser, por exemplo, soja, um grupo de classes poderia ser áreas cultivadas.
Ao se classificar uma imagem, assume-se que objetos/alvos diferentes apresentam propriedades
espectrais diferentes e que cada ponto pertence a uma única classe. Além disso, os pontos
representativos de certa classe devem possuir padrões próximos de tonalidade, de cor e de textura. A
classificação pode ser dividida em supervisionada e não supervisionada. A supervisionada é utilizada
quando se tem algum conhecimento prévio sobre as classes na imagem, de modo a permitir, ao analista,
definir sobre a mesma, áreas amostrais das classes. Estas áreas amostrais são utilizadas pelos
algoritmos de classificação para identificar na imagem os pontos representativos das classes. A fase
preliminar onde o analista define as áreas amostrais é denominada de treinamento.
Dois algoritmos de classificação supervisionada bastante utilizados são o single-cell e o maxver. A
classificação não supervisionada é útil quando não se tem informações relativas às classes de interesse
na área imageada. As classes são definidas automaticamente pelo próprio algoritmo da classificação.
A classificação também pode ser subdividida em determinística e estatística. Na classificação
determinística (ou geométrica), pressupõe-se que os níveis de cinza de uma imagem podem ser descritos
por funções que assumem valores definidos de acordo com a classe. Na classificação estatística,
assume-se que os níveis de cinza são variáveis aleatórias z. A variável aleatória z é uma função
densidade de probabilidade p(z), definida de tal maneira que a sua variável aleatória z esteja no intervalo
(a,b), ou seja:

Os algoritmos mais utilizados neste tipo de classificação são o maxver e o k-média. A classificação
single-cell, apenas para ilustrar, utiliza um algoritmo que determina um intervalo de valores de níveis de
cinza para cada classe e para cada banda, através da utilização da área de treinamento. Quando se utiliza
uma classificação com três bandas, por exemplo, a determinação dos intervalos nestas bandas na área
de treinamento definirá um paralelepípedo, onde qualquer ponto da imagem, que pertencer a esse
paralelepípedo, será considerado como pertencente a esta classe (Fig.10).
Esse método de classificação é simples e de rápido processamento computacional, entretanto,
apresenta os seguintes problemas: aproximação grosseira da assinatura espectral real dos alvos;
superposição de classes dificultando a separação destas, além do fato de que as classes, na realidade,
não se enquadram em padrões geométricos perfeitos, levando a erros por excesso e/ou por falta. Por
excesso quando pontos de certa classe que na realidade não pertencem a elas podem ser classificados
como tal, por falta quando pontos de uma classe deixam de ser classificados com tal.

. 102
Classificação single-cell

Realce de Imagens
Esta técnica modifica, através de funções matemáticas, os níveis de cinza ou os valores digitais de
uma imagem, de modo a destacar certas informações espectrais e melhorar a qualidade visual da
imagem, facilitando a análise do fotointérprete. Serão apresentadas as técnicas denominadas ampliação
de contraste e composição colorida.

Ampliação de Contraste
Esta técnica considera que geralmente os níveis de cinza de uma cena, obtidos por um sistema sensor
qualquer, não ocupam todo o intervalo de valores possíveis. Através de uma transformação matemática,
o intervalo original é ampliado para toda a escala de níveis de cinza ou números digitais disponíveis. Por
exemplo, uma imagem LANDSAT na qual os níveis de cinza estejam variando de 50 a 150, pode ter sua
faixa de níveis de cinza ampliada para ocupar toda a faixa de valores possíveis que é de 0 a 255 (Fig.11).
Embora a transformação mais comum seja a linear, pode-se implementar qualquer outro tipo de
transformação, dependendo do histograma original e do alvo ou feição de interesse, tais como:
logarítmica, exponencial, raiz quadrada, etc.

. 103
Ampliação de contraste (à esquerda sem e à direita com contraste)

Composição Colorida
Trata-se de um dos artifícios de maior utilidade na interpretação das informações do SR. Ela é
fundamental para uma boa identificação e discriminação dos alvos terrestres. O olho humano é capaz de
discriminar mais facilmente matizes de cores do que tons de cinza. A composição colorida é produzida
na tela do computador, ou em outro dispositivo qualquer, atribuindo-se as cores primárias (vermelha,
verde e azul), a três bandas espectrais quaisquer. Este artifício é também conhecido como composição
RGB (do inglês: Red, Green, Blue). Associando, por exemplo, a banda 3 à cor vermelha (R), a banda 4 à
cor verde (G) e a banda 5 à cor azul (B), produz-se uma composição colorida representada por 345 (RGB).
A formação das cores na imagem pode ser considerada similar ao trabalho de um pintor que tenha a
sua disposição 3 latas de tinta, uma de cada uma das cores acima. Com estas latas de tinta pintamos a
imagem. A imagem é pintada pixel a pixel. Os pixels são pintados individualmente usando um pouco de
tinta de cada lata. A quantidade de tinta, de cada cor, é determinada pelo nível de cinza do pixel, na banda
associada à cor. Se o nível de cinza for 0 em uma banda, significa que nenhuma tinta deve ser utilizada
da correspondente cor. Pixels que têm nível de cinza igual a 0 nas 3 bandas ficam completamente sem
tinta, portanto em cor preta (ou sem cor). Se o nível de cinza em uma banda for máximo, digamos 255,
significa que deve se utilizar o máximo de tinta da correspondente cor. Pixels que têm o máximo valor de
nível de cinza nas 3 bandas ficam, na imagem, em cor branca intensa. Pixels que têm o mesmo nível de
cinza nas 3 bandas ficam em tons da cor cinza, (não confundir nível de cinza, que é o valor digital do
pixel, com a cor cinza que estamos agora utilizando).
Neste caso de valores iguais dos níveis de cinza, o tom da cor cinza será mais escuro para valores
menores e mais claro para valores maiores. A título de ilustração, suponhamos que na composição 345
(RGB), um determinado pixel tivesse os seguintes níveis de cinza: banda 3 = 180, banda 4 = 70 e banda
5 = 10, este pixel teria um ton de cor mais puxado para o vermelho do que para o azul, uma vez que o
valor 180 determina que se utilize muito mais tinta da cor vermelha (R) do que da cor azul (B), que
corresponde ao valor 10 da banda 5 que está associada a esta cor. O olho humano não consegue
distinguir, na tela do computador, um único pixel de uma imagem em resolução plena, mas, embora
pintados individualmente, eles formam, no conjunto, a imagem colorida.
A quantidade total de cores possíveis de uma imagem no computador depende da faixa de valores
dos níveis de cinza. Em uma imagem LANDSAT, por exemplo, onde a faixa é de 0 a 255, tem-se 256
níveis de cinza, neste caso, portanto, a quantidade de cores discretas na imagem é 256 X 256 X 256 =
16.777.216. São 256 quantidades diferentes de tinta que se pode tirar de cada lata que podem ser
combinadas entre si. Como os níveis de cinza de cada banda representam a assinatura espectral dos
alvos, as colorações que as feições terrestres recebem nas imagens, representam valioso meio de
reconhecimento e de obtenção de informações, de modo indireto.

Composição colorida

. 104
Conhecimentos práticos nos softwares: Geomedia ou ArcGis
ou QuantumGis

O QGIS é um Sistema de Informação Geográfica (SIG) de Código Aberto licenciado segundo a Licença
Pública Geral GNU. O QGIS é um projeto oficial da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo).
Funciona em Linux, Unix, Mac OSX, Windows e Android e suporta inúmeros formatos de vetores, rasters
e bases de dados e funcionalidades.

Quando QGIS começa, você será apresentado a interface gráfica, como mostrado nas figuras (os
números de 1 a 5 em círculos amarelos são discutidas abaixo).

O GUI do QGIS é dividido em cinco áreas:


Barra de Menu

. 105
Barra de Ferramentas
Legenda do Mapa
Visualização do mapa
Barra de Status
Estes cinco componentes da interface do QGIS são descritos em mais detalhe nas seguintes seções.
Mais duas seções apresentam atalhos de teclado e ajuda do contexto.

Barra de Menu
A barra de menu fornece acesso a diversas feições QGIS usando um menu hierárquico padrão. Os
menus de nível superior e um resumo de algumas das opções do menu estão listados abaixo, juntamente
com os ícones associados como eles aparecem na barra de ferramentas e atalhos de teclado. Os atalhos
apresentados nesta seção são os padrões.
Embora a maioria das opções de menu tem uma ferramenta correspondente e vice-versa, os menus
não são organizados exatamente como as barras de ferramentas. A barra de ferramentas que contém as
ferramentas que estão listadas depois de cada opção habilitada no menu de entrada. Algumas opções de
menu aparecem somente se o complemento correspondente for carregado.

Barra de Ferramentas
A barra de ferramentas permite o acesso à maioria das mesmas funções dos menus, além de
ferramentas adicionais para interagir com o mapa. Cada item da barra de ferramentas pop-up tem ajuda
disponível. Mantenha o mouse sobre o item e uma breve descrição a respeito da ferramenta será exibida.
Cada menu pode ser movido de acordo com suas necessidades. Além disso cada menu pode ser
desligado com o botão direito do mouse sobre o menu de contexto, segurando o botão do mouse sobre
a barra de ferramentas.
Restaurar barra de ferramentas
Se você tiver acidentalmente escondido todas as barras de ferramentas, você pode recuperá-las,
escolhendo a opção do menu Exibir ‣ Barras de ferramentas ‣. Se uma barra de ferramentas desaparece
no Windows, o que parece ser um problema no QGIS de vez em quando, você deve remover a
chave \HKEY_CURRENT_USER\Software\QGIS\qgis\UI\state no registro. Quando você reiniciar o QGIS,
a chave estará escrita novamente com o estado padrão, e todas as barras serão visíveis novamente.

Legenda do Mapa
A área da legenda do mapa registra todas as camadas do projeto. A caixa de verificação de cada
entrada da legenda pode ser utilizada para mostrar ou ocultar a camada. A barra de ferramentas da
legenda na legenda do mapa esta lista permite Adicionar grupo, Gerenciamento de visibilidade da
camada de todas as camadas ou gerenciamento de combinação de camadas pré-definidas, Filtrar
legenda pelo conteúdo do mapa, Expandir tudo** ou Comprimir tudo e Eliminar grupo ou camada.
Figure Layer tools Bar:

Layer Tool Bar in Map Legend

O botão lhe permite adicionar vista Preestabelecidos na legenda. Isto significa que pode eleger
se mostra alguma camada com organização específica e adiciona esta vista a lista de Preestabelecidos.
Para adicionar uma vista preestabelecida simplesmente de um clique em , eleja Adicionar
preestabelecido... do menu em cascata e de um nome ao preestabelecido. Depois verá uma lista com
todos os preestabelecidos que pode chamar pressionando o botão .
Todos os preestabelecidos adicionados estarão presentes no desenho de impressão afim de permitir
a criação de um desenho de mapa de mapa com base em seus pontos de visão específicos.
Uma camada pode ser selecionada e arrastada para cima ou para baixo na legenda para mudar a Z-
ordenação. Z-ordenação significa que as camadas listadas mais perto do topo da legenda são
desenhadas sobre camadas listadas mais abaixo na legenda.
Nota
Este comportamento pode ser substituído pelo painel ‘Ordem das Camadas’.
Camadas na janela legenda podem ser organizadas em grupos. Há duas maneiras de fazer isso:

. 106
Pressione o ícone para adicionar um novo grupo. Escreva um nome para o grupo e pressione Enter.
Agora de um clique na camada existente e arraste-a para o grupo.
Selecione algumas camadas, clique direito na janela de legenda e escolha Grupo selecionado. As
camadas selecionadas serão automaticamente colocadas em um novo grupo.
Para trazer uma camada de um grupo, você pode arrastá-la de fora, ou clique direito sobre ela e
escolha Faça o item toplevel. Os grupos também podem ser aninhados dentro de outros grupos.
A caixa de seleção de um grupo vai mostrar ou ocultar todas as camadas do grupo com apenas um
clique.
O conteúdo do menu de contexto do botão direito do mouse depende se o item de legenda selecionado
é uma camada raster ou vetorial. Para camadas GRASS vetor, Alternar edição não está disponível.

É possível selecionar mais de uma camada ou grupo ao mesmo tempo segurando a tecla Ctrl enquanto
seleciona as camadas com o botão esquerdo do mouse. Pode mover todas as camadas selecionadas
para um novo grupo ao mesmo tempo.
Você também é capaz de excluir mais de uma camada ou um grupo de uma só vez, selecionando
várias camadas com Ctrl e pressianando Ctrl+D depois. Desta forma, todas as camadas ou grupos
selecionados serão removidos da lista de camadas.

Trabalhando com a Ordem da legenda de camada independente


Há um painel que permite que você defina uma ordem de desenho independente para a legenda do
mapa. Você pode ativar ele no menu Exibir ‣ Painéis ‣ Ordem da camada. Esta funcionalidade permite-
lhe, por exemplo, ordenar suas camadas em ordem de importância, mas ainda exibi-las na ordem correta.
Checando a caixa Controle da ordem de renderização por baixo da lista de camadas irá causar um
voltar ao comportamento padrão.
Figure Layer Order:

Definir a ordem da legenda de camada independente

Visualização do mapa
Este é o ‘’ fim do negócio’’ do QGIS — mapas são exibidos nesta área! O mapa exibido nesta janela
dependerá das camadas vetoriais e raster que você escolheu para carregar (ver seções a seguir para
obter mais informações sobre como carregar camadas). A vista do mapa pode ser deslocada, mudando
o foco da exibição do mapa para outra região e zoom in e out. Várias outras operações podem ser
realizadas sobre o mapa, tal como descrito na descrição acima da barra de ferramentas. A vista do mapa

. 107
e a legenda estão fortemente ligados uns aos outros — os mapas em vista refletem as alterações feitas
na área de legenda.
Ampliando o mapa com a roda do mouse
Você pode usar a roda do mouse para zoom in e out no mapa. Coloque o cursor do mouse dentro da
área do mapa e gire a roda para a frente (longe de você) para ampliar e para trás (para você) para diminuir
o zoom. A posição do cursor do mouse é o centro onde o zoom ocorre. Você pode personalizar o
comportamento do zoom roda do mouse usando a aba Ferramentas do mapa sob o menu Configurações
‣ Opções.

Percorrendo o mapa com as setas e a barra de espaço


Você pode usar as setas do teclado para se deslocar no mapa. Coloque o cursor do mouse dentro da
área do mapa e clique na seta para a direita para pan Leste, seta para a esquerda para pan Oeste, seta
para cima para pan Norte e para baixo seta para deslocar Sul. Você também pode deslocar o mapa
utilizando a barra de espaço ou clique na roda do mouse.

Barra de Status
A barra de status mostra sua posição atual nas coordenadas do mapa (por exemplo, metros ou graus
decimais) como o ponteiro do mouse é movido através da visualização do mapa. Para a esquerda da tela
de coordenadas na barra de status tem um pequeno botão que irá alternar entre mostrar posição
coordenada ou como você está visualizando as extensões do mapa como pan e zoom in e out.
Próximo à coordenada mostrar que você encontra a exibição de escala. Ele mostra a escala de
visualização do mapa. Se você ampliar ou QGIS mostra a escala atual. Este é um seletor de escala que
permite que você escolha entre as escalas pré-definidas a partir de 1:500 até 1:1000000.
Uma barra de progresso na barra de status mostra o progresso de renderização como cada camada é
atraída para a visualização do mapa. Em alguns casos, como a coleta de estatísticas em camadas raster,
a barra de progresso será usada para mostrar o status de operações longas.
Se um novo complemento ou uma atualização de complemento está disponível, você verá uma
mensagem na barra de status. No lado direito da barra de status existe uma pequena caixa que pode ser
usada para impedir temporariamente que camadas sendo renderizadas sejam vistas no mapa. O
ícone imediatamente interrompe o processo de renderização atual mapa.
À direita da edição das funções, você encontra o código EPSG do SRC do projeto atual e um ícone
projetor. Clicando sobre ele abre as propriedades de projeção do projeto atual.

Ferramentas Gerais
Atalhos de teclado
QGIS fornece atalhos de teclado padrão para muitas funções. Adicionalmente, o menu da
opção Settings ‣ Configure Atalhos permite mudar os atalhos de teclado padrão e adicionar novos atalhos
as funções de QGIS.
Figure Shortcuts 1:

Defina as opções de atalho

. 108
A configuração é simples. Apenas selecione uma função da lista e clique em [Mudar], [Definir
nenhum] ou [Definir Padrão]. Uma vez finalizada a sua configuração, pode salvar a mesma como arquivo
XML e carregá-la em numa outra instalação QGIS.

Renderização
Por padrão, QGIS representa todos as camadas visíveis toda vez que a tela do mapa é refeita. Os
eventos que refazem a tela do mapa incluem:
Adicionar uma camada
Pan ou zoom
Redimensionando a janela QGIS
Mudanças na visibilidade de uma camada ou camadas
QGIS permite controlar o processo de representação em diferentes formas.

Escala dependente da renderização


A representação dependente da escala, permite especificar as escalas mínima e máxima as quais a
camada será visível. Para definir uma visualização dependente da escala, abra o diálogo Propriedades,
clicando duas vezes sobre a legenda da camada. Na aba Geral, clique na caixa Visibilidade
dependente da Escala para ativar a função, depois coloque os valores de escala mínimo e máximo.
Pode-se determinar os valores da escala, primeiro fazendo um zoom ao nível desejado e verificando
o valor da escala no barra QGIS .

Controlando a renderização do mapa


A visualização do mapa pode ser controlada de diversas formas, como descritas na sequência.

Suspensão de edição
Para suspender a visualização do mapa, clique na caixa Representação na esquina inferior da
barra de estado. Quando a caixa Representação no está marcada, QGIS não refaz a tela em resposta
a qualquer dos eventos descritos na seção redesenho_eventos. Exemplos de quando você pode querer
suspender a renderização incluem:
Adicionando várias camadas e simbolizando antes do desenho.
Adicionando uma ou mais camadas grandes e definindo a dependência de escala antes do desenho.
Adicionando uma ou várias camadas grandes e definindo a escala de visualização antes do desenho.
Qualquer combinação dos anteriores
Caixa de seleção caixa de seleção Renderizar permite renderização e causa uma atualização
imediata na tela do mapa.
Opções de adicionar configurações da camada
Pode-se definir uma opção para que possa carregar novas camadas sem visualizá-las. Isto implica
que a camada será adicionada ao mapa, mas a caixa de visibilidade na legenda estará desmarcada por
padrão. Para definir esta opção, escolha o menu de opções Definições ‣ Opções e clique
em Representação. Desmarque a caixa Por Padrão novas camadas adicionadas ao mapa serão
visualizadas. Qualquer camada adicionada depois ao mapa estará deligada (invisível) por padrão.

Parar renderização
Para parar o desenho no mapa, pressione a tecla ESC. Isto irá parar a atualização da tela do mapa e
deixar o mapa parcialmente desenhado. Pode levar um pouco de tempo entre pressionar ESC e o tempo
que o desenho do mapa será interrompido.
No momento não é possível parar a representação ou visualização — isto foi desabilitado no porta Qt4
devido a que a Interface do usuário (UI) ocasiona problemas e colapsa.

Atualização da tela durante a edição do mapa


Pode-se definir uma opção para a atualização da tela do mapa na medida em que as feições são
desenhadas. Como padrão, QGIS não apresenta qualquer feição numa camada até que a totalidade da
camada tinha sido representada. Para atualizar a visualização na medida em que as feições são lidas da
base de dados, escolha a opção do menu Definições‣ Opções e clique na aba Representação. Coloque
a contagem de feições a um valor apropriado para atualizar a tela enquanto realiza a representação.
Colocando um valor de 0, desabilita a atualização enquanto desenha (este é o padrão). Colocar um valor

. 109
muito baixo resultará num desempenho ruim, já que a tela do mapa estará continuamente se atualizando
a medida que lê as feições. Um valor sugerido para começar é 500.

Influência da qualidade da edição


Para melhorar a qualidade da visualização do mapa, tem-se duas opções. Escolher a opção do
menu Definições‣ Opções, clicar na aba Representação e selecionar ou desabilitar as seguintes caixas:
Fazer linhas aparecem com menos definição para não perder performance ao renderizar
Ajustar problemas com polígonos preenchidos incorretamente
Acelerando a visualização
Existem duas definições que permitem melhorar a velocidade da visualização. Abra a opção de diálogo
QGIS Definições‣ Opções, e na aba Representação e selecionar ou desabilitar as seguintes caixas:
Ativar buffer anterior. Isso proporciona melhor desempenho gráfico ao custo de perder a
possibilidade de cancelar a visualização e além disso, desenhar feições. Se não está selecionado, pode-
se definir o Número de feições a desenhar antes de atualizar a tela, senão esta opção está desabilitada.
` Usar o cache de visualização quando possível para agilizar redesenho

Medição
Medindo em dados com sistemas de coordenadas projetadas (ex. UTM) e não projetadas. Se o mapa
carregado está definido em sistema de coordenadas geográficas (latitude/longitude), os resultados de
medir uma línea ou área serão incorretos. Para corrigir isto, necessitamos definir um sistema de
coordenadas de mapa apropriado. Todos os módulos de medição também usam as definições de atrair
do módulo de digitalização. Isso é útil se deseja medir ao longo de líneas ou áreas em camadas vectoriais.
Para escolher uma ferramenta de medição, clique em |mAçãoMedir| e selecione a ferramenta que
deseje usar.
Medição de linha, áreas ou ângulos
Figure Measure 1:

Medição de Distancia

Figure Measure 2:

Medição de Área

. 110
Medição de ângulo

Selecionar e desselecionar feições


A barra de ferramentas | qg | oferece várias formas de selecionar feições na tela do mapa. Para
selecionar uma ou mais feições, basta clicar sobre | mActionSelect | e selecionar sua ferramenta:
Selecionar uma única feição
Selecionar Feições através de Retangulo
Selecionar Feições através de Polígono
Selecionar Feições por Desenho Livre
Selecionar Feições por Raio
Para desselecionar todos as feições selecionadas clique em Desselecionar todas feições da
camada.
Selecionar feição usando uma expressão permite ao usuário selecionar feição usando diálogo
expressão. Veja capítulo vector_expressions para algum exemplo.
Os usuários podem salvar a seleção de feições em uma Novo Arquivo de Camada Vetor ou ** Nova
Camada Vetor** usando Editar ‣ Colar feições como... e escolher o modo desejado.

Identificar feições
A ferramenta Identificar permite que você interaja com a tela do mapa e obtenha informações sobre as
feições, em uma janela pop-up. Para identificar feições, use Exibir ‣ Identificar feições ou pressione Ctrl

+ Shift + I, ou clique no ícone Identificar feições na barra de ferramentas.


Essa janela pode ser personalizada para exibir campos personalizados, mas por padrão ele irá exibir
apenas três tipos de informação:
Ações: Ações podem ser adicionados às janelas de identificação de feições. Ao clicar na etiqueta da
ação, a mesma será executada. Por padrão, apenas uma ação para ver feições para edição, é adicionada
.
Derivada: Esta informação é calculada ou derivada de outras informações. Você pode encontrar
coordenadas clicadas, coordenadas X e Y, área em unidades de mapa e perímetro em unidades do mapa
de polígonos, comprimento em unidades do mapa de linhas e identificação das feições.
Atributos dos dados: essa é a lista de campos de atributos dos dados.
Figure Identify 1:

Janela identificar feição (Gnome)


No topo da janela, temos cinco ícones:
Expandir árvore
Fechar árvore
Comportamento Padrão
Copiar atributos

. 111
Imprimir resposta HTML selecionada
No rodapé da janela, temos as caixas de seleção Modo e Exibir. Com a caixa Modo podemos definir o
modo de identificação: ‘Camada Atual’, ‘De cima para baixo, parando no primeiro’, ‘De cima para baixo’,
e ‘Seleção da camada’. A caixa View pode ser acertada para ‘Árvore’, ‘Tabela’ e ‘Gráfico’.
A ferramenta Identificar permite abrir automaticamente um formulário. Nesse modo você pode mudar
os atributos das feições.
Outras funções podem ser encontrados no menu de contexto do item identificado. Por exemplo, do
menu de contexto, você pode:
Ver o formulário da feição
Zoom para feição
Copiar feição: Copiar todos os atributos e a geometria da feição
Seleção de feição de alternância: Adicionar identificador de feição à seleção
Copiar o valor do atributo: Copiar apenas o valor do atributo que clicou.
Copiar atributos da feição: copiar apenas os atributos
Limpar resultados: apaga os resultados na janela
Limpar destaques: Remover feições destacadas no mapa
Destaque todos
Destaque a camada
Ativar camada: escolha uma camada a ser ativada
Propriedades da camada: Abre a janela de propriedades da camada
Estender tudo
Encolher tudo

Decorações
As Decorações de | qg | incluem a Gride ou malha, o Etiqueta de Direitos Autorais, a Seta do Norte e
a Barra de Escala. Eles são usados para “decorar” o mapa, adicionando elementos cartográficos.

Malha
Figure Decorations 1:

O Diálogo Malha

Selecionar do menu Ver ‣ Decorações ‣ Malha.


Marque a guia Habilitar Malha e coloque as definições da malha de acordo as camadas carregadas
na tela do mapa.
Marque a guia Desenhar anotações e coloque as definições de anotações, de acordo as camadas
carregadas na tela do mapa.
Clique [Aplicar] para verificar que a apariência é a esperada
Clique [OK] para fechar o diálogo.

Rótulo Copyright
Copyright label adds a copyright label using the text you prefer to the map.

. 112
Figure Decorations 2:

O diálogo de Direitos de Cópia |nix


Selecionar no menu Ver ‣ Decorações ‣ Etiqueta de Propriedade Intelectual.
Entre o texto que deseja colocar no mapa. Pode usar HTML como mostrado no exemplo.
Escolha o lugar da etiqueta a partir do combo de caixas Localização .
Confirme que a caixa Abilitar Etiqueta Direito de Cópia está selecionada.
Clique [OK].
No exemplo acima, que é padrão, QGIS coloca um símbolo de direitos de cópia, seguido pela data, na
esquina inferior direita da tela do mapa.
Seta Norte
Figure Decorations 3:

Janela de indicação do Norte

Barra de Escala
Figure Decorations 4:

A janela da barra de escala

Para adicionar uma barra de escala:


Seleccione a partir do menu: menuselection: Ver -> Decorações -> Barra de Escala.
Selecione a localização a partir do combo de caixas Localização .
Selecione o estilo a partir do combo de caixas Estilo da Barra de Escala .
Selecione a cor da barra Cor da bar |selecionecor| ou use a cor preto padrão.

. 113
Definir o tamanho da barra e sua etiqueta Tamanho da barra |selecioarnúmero|.
Confirme que a caixa Abilitar barra escala, está clicada.
Opcionalmente, marque : guilabel: automaticamente arredondará para número inteiro no
redimensionamento.
Clique [OK].

Configurações de Decorações
Quando salva um projeto .qgs, qualquer mudança que tenha efetuado ao Gride, Seta do Norte, Barra
de Escala e Direitos de Cópia, serão salvos no projeto e restaurados na próxima vez que carregue o
projeto.

Ferramentas de anotação
A ferramenta Anotação de Texto na barra de ferramentas dos atributos, dão a possibilidade de
colocar texto formatado na legenda da tela do mapa QGIS. Use a ferramenta Anotação de Texto e clique
na tela do mapa.
Figure annotation 1:

Janela texto de anotação

Dê um duplo clique no item para abrir o diálogo com várias opções. Tem um editor de texto para entrar
texto formatado e definir outros itens. Por exemplo, tem uma forma de colocar um item numa posição do
mapa (mostrada por um símbolo marcador) or para ter um item numa posição da tela (não relacionada
ao mapa).O artigo pode ser movido pela posição do mapa (arrastando o marcador do mapa) ou movendo
apenas o balão. Os ícones são parte do tema GIS e podem ser usados como padrão em outros temas
também.
A ferramenta Mover Anotação permite mover a anotação na tela do mapa.
Anotações HTML
A ferramenta Anotação HTML na barra de ferramentas dos atributos, dâ a possibilidade de colocar
conteúdo de em arquivo HTML numa caixa de texto ou na tela do mapa QGIS. Para usar a
ferramenta Anotação HTML, clique na tela do mapa e adicione o caminho para o arquivo HTML no diálogo.
Anotações SVG
A ferramenta Anotação SVG na barra de ferramentas dos atributos, fornece a possibilidade de
colocar um símbolo SVG em uma caixa de texto na tela do mapa QGIS. Para usar a ferramentaAnotação
SVG, clique na tela do mapa e adicione o caminho para o arquivo SVG no diálogo.
Anotação de formulário
Além disso, pode-se criar seu próprio formulário de anotação. A ferramenta Formulário de
Anotação é útil para mostrar os atributos de uma camada vectorial em formjlário personalizado do tipo Qt
Designer. Isto é semelhante aos formulários da ferramenta Identificar feições , mas exibido em um item
de anotação.
Figure annotation 2:

. 114
Desenho personalizado qt do formulário de anotação
Se você pressionar Ctrl+T enquanto uma ferramenta Anotação está ativa (mover anotação, texto de
anotação, formulário de anotação), os estados de visibilidade dos itens serão invertidos.

Favoritos Espaciais
Favoritos espaciais permite que você “marque” uma localização geográfica e volte a ela mais tarde.
Novo Favorito
Para criar um novo favorito:
Zoom ou pan na área de interesse.
Selecione a opção de menu Exibir ‣ Novo Favorito ou pressione Ctrl-B.
Adicione um nome descritivo para o favorito (no máximo 255 caracteres).
Pressione Enter para adicionar um favorito ou [Delete] para remover o favorito.
Note que você pode ter vários favoritos com o mesmo nome.

Trabalhando com favoritos


Para usar ou gerenciar os marcadores, selecione a opção do menu Ver ‣ Mostrar marcadores. O
diálogo Marcadores Geospaciais permite focar ou apagar um marcador. Não é possível editar o nome ou
as coordenadas de um marcador.

Aproximar para um favorito


A partir do :guilabel: diálogo Favoritos Geoespaciais, selecione o marcador desejado, clicando sobre
ele, em seguida, clique [Aproximar para]. Você também pode ampliar até um marcador, clicando duas
vezes sobre ele.

Deletando um favorito
Para excluir um marcador do diálogo Marcadores Geospaciais, clique nele e logo clique em[Apagar].
Confirme sua escolha clicando [Sim], ou cancele a operação clicando [Não].

Importar ou exportar os favoritos


Para compartilhar ou transferir os seus favoritos entre computadores você pode usar o Shareno menu
de diálogo suspenso Geospatial Bookmarks.

Projetos animados
Se deseja incorporar conteúdo de outros arquivos de projetos no seu projeto, pode escolerCamada ‣
Incorporar Camadas e Grupos.

Incorporando camadas
Os seguintes diálogos permitem incorporar camadas de outros projetos. Aqui um pequeno exemplo:
Pressione para olhar para outro projeto do conjunto de dados Alasca.

. 115
Selecione o arquivo do projeto :arquivo:`coberturavegetal` Pode ver agora o conteúdo do projeto
(veja figure_embed_dialog).
Pressione Ctrl e clique nas camadas :arquivo:`coberturavegetal` e :arquivo:`regiões`. Pressione [OK].
As camadas selecionadas serão incorporadas na legenda do mapa e na tela do mapa.
Figure Nesting 1:

Selecionar camadas e grupos para incorporar

Enquanto as camadas incorporadas são editáveis, não podem ser mudadas suas propriedades de
estilo e rotulação.

Removendo camadas incorporadas


Clique com botão direito na camada incorporada e escolha Apagar.

Questões

1. (URCA) A cartografia veio acompanhando a evolução técnica da humanidade e o mapa foi se


impondo como um instrumento capaz de reunir informações úteis ao homem, para fins diferenciados. A
respeito do uso atual do mapa, é CORRETO afirmar que:

(A) A curva de nível é uma linha que no mapa liga pontos da mesma amplitude térmica, seu traçado
permite identificar os domínios das massas de ar.
(B) O planisfério de Mercator é o mapa-múndi usado como padrão nos livros e atlas porque ele
representa com maior objetividade a constituição geomorfológica do planeta.
(C) O planejamento territorial com base em informações geoprocessadas visa reduzir a ação da
fiscalização do Estado sobre as questões ambientais e a propriedade privada.
(D) Os mapas que utilizam escalas pequenas permitem uma representação mais detalhada da
realidade enfocada.
(E) A indicação da escala utilizada é indispensável para a leitura adequada de produtos cartográficos.

2. (UFRN) O roteiro turístico de Natal apresenta o centro histórico da cidade como um dos atrativos. O
recurso cartográfico que possibilita uma melhor identificação da localização das edificações que
compõem o centro histórico é a planta, porque possui uma escala.

(A) grande que favorece a representação de áreas com grande extensão territorial.
(B) pequena que permite identificar detalhadamente aspectos da paisagem.
(C) pequena com alto grau de precisão de pequenas extensões do espaço.
(D) grande com alto grau de detalhamento do espaço representado.

3. (PUCRS) Responda à questão com base no desenho, que representa uma área de relevo em curvas
de nível, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

. 116
( ) Os mapas topográficos utilizam curvas de nível, também chamadas de isoípsas, para representar
diferentes altitudes.
( ) As curvas de nível da vertente do lado A do traço indicam um relevo mais íngreme do que as
curvas de nível do lado B do traço.
( ) O relevo representado por essas curvas de nível é uma depressão com 250m de profundidade.
( ) A área representada nesse desenho pode ser considerada um divisor de águas.
( ) A direção do traço de A para B, neste desenho, é nordeste-sudoeste.

O correto preenchimento dos parêntese, de cima para baixo, é

(A) V –V –F –F –F
(B) V –V –F –V –F
(C) V –F –V –F –F
(D) F –V –F –V –V
(E) F –F –V –V –V

4. (UNICENTRO) Pode-se afirmar, de maneira simplificada, que a Cartografia é a “ciência dos mapas”.
Essa ciência pode utilizar-se de mapas produzidos em diferentes escalas. Utilizando os conhecimentos
sobre escalas, considere que foram produzidos dois mapas de um mesmo espaço: o mapa X, produzido
na escala 1:1. 000.000 e o mapa Y, produzido na escala 1:3. 000.000. Com base nessas informações,
assinale a alternativa correta.

(A) No mapa X, 1 centímetro corresponde a 1 quilômetro na superfície terrestre.


(B) No mapa Y, 2 centímetros correspondem a 600 quilômetros na superfície terrestre.
(C) O mapa X é menor que o mapa Y.
(D) O mapa Y é menor que o mapa X.
(E) O mapa Y é três vezes maior que o mapa X.

5. (UFPR) Ao selecionar um terreno, um comprador observou pela planta do loteamento que esse lote
apresentava as seguintes medidas: 1 cm (frente) por 2 cm (lateral). A área informada era de 800 m 2.
Considerando as medidas observadas, assinale a alternativa que apresenta a escala da planta do
loteamento.

(A) 1: 15.000
(B) 1: 10.000
(C) 1: 5.000
(D) 1: 2.000.
(E) 1: 1.000.

6. (CEFET-MG)

. 117
Disponível em:<http://cier.uchicago.edu/gis/gis.htm> Acesso em: 25 jul. 2013.

Sobre o Sistema de Informação Geográfica, é correto afirmar que

I – se apresenta como um importante instrumento para o planejamento urbano e rural.


II – correlaciona diversos dados do espaço terrestre de acordo com determinada finalidade.
III – se elabora como produto final cartogramas diversos, fiéis ao espaço representado.
IV – se organiza em modelo de camadas no formato de matrizes ou imagens a partir de variáveis
selecionadas.
V – exibe a cada camada um mapa tridimensional com diversas características físicas de uma região.

Estão corretas apenas as afirmativas

(A) I, II e III.
(B) I, II e IV.
(C) I, IV e V.
(D) II, III e V.
(E) III, IV e V.

7. (UNICAMP) Escala, em cartografia, é a relação matemática entre as dimensões reais do objeto e a


sua representação no mapa. Assim, em um mapa de escala 1:50.000, uma cidade que tem 4,5 km de
extensão entre seus extremos será representada com

(A) 9 cm.
(B) 90 cm.
(C) 225 mm.
(D) 11 mm.

8. (UEA) As imagens de satélite têm sido utilizadas na geografia em uma grande variedade de
aplicações, entre as quais destaca-se.

. 118
(A) a catalogação de monumentos arqueológicos abaixo da superfície do solo.
(B) a identificação de minerais de interesse comercial em águas profundas.
(C) o auxílio na interpretação dos fluxos de produtos agrícolas, devido à modernização no campo.
(D) o monitoramento das mudanças relacionadas ao uso da terra.
(E) a reflexão acerca dos movimentos sociais existentes no campo e na cidade.

9. (PUCRS) Responder à questão com base nas informações e afirmativas que tratam da
representação do espaço através da cartografia. Os mapas não são representações completas da
realidade; são simplificações do espaço geográfico. Sobre a elaboração de mapas, afirma-se:

I. O cartógrafo necessita realizar uma seleção prévia daquilo que irá mapear.
II. O mapa representa política e ideologicamente o seu idealizador.
III. Não existe uma projeção mais correta para um mapa, e sim a que melhor atende aos interesses de
quem o está construindo.
IV. A produção de símbolos cartográficos pode ser comparada à elaboração de um texto.

Estão corretas as afirmativas

(A) I e III, apenas.


(B) II e IV, apenas.
(C) I, II e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

10. (URCA) Sobre as coordenadas geográficas, assinale o que for CORRETO.

(A) A linha do equador sendo o paralelo inicial de 0º, tem o seu oposto em 90°, o qual define a Linha
Internacional da Data que, em alguns pontos, avança para oeste ou para leste para incluir alguns lugares
na mesma data que outros.
(B) A linha do Equador e o meridiano de Greenwich definem, respectivamente, a divisão da terra em
hemisférios meridional e setentrional e em hemisférios norte e sul.
(C) Os paralelos localizados a 66° 33’N e S definem, respectivamente, os trópicos de capricórnio e de
câncer.
(D) Os meridianos definem os fusos horários do mundo, sendo que o meridiano de 45°W é o meridiano
central do fuso horário que define a hora oficial de Brasília, que é a mesma do Ceará.
(E) Os paralelos localizados a 23° 27’N e S definem, respectivamente, os círculos polares Ártico e
Antártico.

11. (UEA) A capital amazonense já conta com um sistema que está auxiliando outras grandes capitais
como Curitiba, Cuiabá, São Paulo, Campo Grande e Rio de Janeiro. O sistema foi elaborado a partir do
aerolevantamento que gerou uma coleção de fotos digitais, denominadas ortofotos, criando uma base
digital da cidade. Foram fotografados 430 km2, tamanho exato da área urbana de Manaus. Tal resultado
possibilitará, entre outros avanços, a desburocratização na abertura de empresas e na implantação da E-
CIT (Certidão de Informações Técnicas), a reorganização de numeração predial e correção de
endereçamento, bem como, a melhor distribuição da iluminação pública, ordenamento da ocupação e a
cobrança mais justa do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).
(http://semef.manaus.am.gov.br. Adaptado.)

Instalado em 2011 na área urbana de Manaus, esse sistema, que opera com base na relação entre
mapas digitais, posicionamento global e banco de dados informatizado, transformou-se em importante
instrumento para o planejamento da cidade. O sistema tratado pelo texto é o

(A) Sistema de Informação Gerencial.


(B) Sistema de Planejamento Urbano.
(C) Sistema de Informação Geográfica.
(D) Sistema de Análise Financeira.
(E) Sistema de Recenseamento Local.

. 119
12. Quanto ao geoprocessamento, assinale a opção correta.

(A) O sistema de informação geográfica (SIG) ou em inglês geografical information system (GIS) é,
atualmente, o sistema mais adequado para análise espacial de dados geográficos.
(B) Os dados utilizados no SIG podem ser divididos em 3 grupos: dados gráficos ou espaciais
(geográficos); dados topográficos (volumétricos); dados não-gráficos ou descritivos (alfanuméricos).
(C) Para geração dos dados espaciais, utiliza-se, exclusivamente, o sistema de posicionamento global
(GPS).
(D) As plantas topográficas são obtidas a partir de dados colhidos por meio da geogrametria aérea.

13. A tecnologia que abrange o conjunto de procedimentos de entrada, manipulação e armazenamento


e análise de dados espacialmente referenciados denomina-se:

(A) geoprocessamento;
(B) sistema de informação geográfica;
(C) monitoramento;
(D) sensoriamento remoto;
(E) georreferenciamento.

14. Considere os conceitos de sensoriamento remoto e geoprocessamento e julgue as afirmativas a


seguir como verdadeiro (V) ou falso (F).

( ) O sensoriamento remoto tem por objetivo identificar ocorrências de fenômenos ambientais.


( ) O uso de imagens geradas por sensores orbitais tem custos e aplicabilidade associados às
resoluções adotadas.
( ) As imagens de sensores orbitais são apresentadas, geralmente, como estruturas raster para o
geoprocessamento.

(A) V; V; V
(B) V; F; V
(C) V; F; F
(D) F; F; F
(E) F; V; V

15. Em relação aos sistemas de informação geográfica (SIG), julgue o item como certo ou errado.

Sabendo que o geoprocessamento engloba diversas tecnologias de tratamento e manipulação de


dados geográficos por meio de programas computacionais, é correto afirmar que, como os SIG são
também constituídos de programas computacionais, SIG é sinônimo de geoprocessamento.
( ) Certo ( ) Errado

16. Uma equipe de geoprocessamento quer analisar a forma do terreno a partir de um conjunto de
curvas de nível em formato vetorial e de um modelo digital de elevação em formato matricial. A associação
entre o conjunto de dados e a justificativa de sua escolha deve ser

(A) matricial, porque armazena os relacionamentos topológicos entre as feições representadas.


(B) matricial, porque preserva a resolução mesmo quando é exibido em escalas grandes.
(C) matricial, porque permite ao usuário a edição da geometria das feições representadas,
individualmente.
(D) vetorial, porque demanda menor espaço de armazenamento dos dados em disco.
(E) vetorial, porque as curvas de nível fornecem valores de altitude diretamente em qualquer ponto da
região.

17. As imagens representam formas de captura indireta de informação espacial e constituem uma peça
importante em um trabalho de geoprocessamento. Dessa forma, são importantes características da
imagem de satélite o número e a largura de bandas do espectro eletromagnético capturadas, a menor
área da superfície terrestre observada instantaneamente por cada sensor, o nível de quantização
registrado pelo sistema sensor e o intervalo entre duas passagens do satélite pelo mesmo ponto. Essas
características referem-se, respectivamente, a quais resoluções?

. 120
(A) Resolução espectral, resolução espacial, resolução radiométrica e resolução temporal.
(B) Resolução espacial, resolução espectral, resolução radiométrica e resolução temporal.
(C) Resolução espacial, resolução espectral, resolução temporal e resolução radiométrica.
(D) Resolução espectral, resolução espacial, resolução temporal e resolução radiométrica.
(E) Resolução temporal, resolução espectral, resolução espacial e resolução radiométrica.

18. Georreferenciamento refere-se ao processo de inserção de um sistema de projeção cartográfica


as imagens de sensoriamento remoto.
Julgue os próximos itens, relativos a processo de georreferenciamento.
Os valores digitais de determinado pixel, antes e depois do georreferenciamento, podem ser diferentes.
( ) Certo ( ) Errado

19. Os principais componentes envolvidos no processo de aquisição de imagens de satélite da


superfície terrestre são a radiação eletromagnética (REM), o alvo, o sistema sensor e a atmosfera.
Com relação a esse assunto, julgue os itens seguintes.
A faixa espectral do ultravioleta, em que ocorre forte absorção da REM, não é regularmente utilizada
no processo de geração de imagens de satélite.
( ) Certo ( ) Errado

20. Em relação aos sistemas sensores, constata-se que

(A) a resolução espacial está relacionada à menor área do terreno que um sistema sensor é capaz de
classificar e interpretar.
(B) a resolução radiométrica está relacionada à capacidade de não distinguir radiação eletromagnética
com diferentes faixas espectrais.
(C) os radares usados pela policia rodoviária são exemplos de sensores passivos, apesar de eles
enviarem e receberem o sinal na superfície da terra.
(D) os sensores não imageadores dividem-se em sistemas de varredura mecânica e sistemas de
varredura eletrônica.
(E) os sistemas imageadores apresentam os resultados na forma de gráfico ou de valores numéricos.

RESPOSTAS

1. Resposta: E

2. Resposta: D

3. Resposta: B

4. Resposta: D

5. Resposta: D

6. Resposta: B

7. Resposta: A

8. Resposta: D

9. Resposta: E

10. Resposta: D

11. Resposta: C

12. Resposta: A

. 121
Os dados utilizados no SIG podem ser divididos em 3 grupos: dados gráficos ou espaciais
(geográficos); dados topográficos (volumétricos); dados não-gráficos ou descritivos (alfanuméricos).
Divido em 2 grupos: Dados gráficos, espaciais ou geográficos (forma e posição); Dados não gráficos,
alfanuméricos ou descritivos (Atributos dessas características)

13. Resposta: A
Geoprocessamento e SIG:
Geoprocessamento é uma área do conhecimento, onde diversos tipos de informações geográficas são
processadas por meio de técnicas matemáticas e computacionais. O Sistema de Informação Geográfica
(SIG) é uma ferramenta do geoprocessamento, através da qual são geradas informações por meio da
análise e integração de dados geográficos. Tais dados permitem a criação de diferentes mapas temáticos,
onde vários tipos de informações podem ser sobrepostas e interpretadas. Assim é possível gerar novos
mapas contendo informações complexas sobre a área em estudo, facilitando as tomadas de decisão.
Num SIG, costuma-se utilizar imagens de satélite e/ou fotos aéreas. Estas podem ser analisadas
isoladamente, ou temporalmente, estação por estação, ano após ano. Dentro desse contexto, análises
temporais podem ser bastante úteis quando se deseja avaliar a evolução de uma área. Além disso, com
as imagens de satélite, é possível gerar informações sem a necessidade de trabalhos de campo
excessivos. Através de diversos tipos de algoritmos de classificação, podemos realizar análises prévias
da área para a definição e planejamento do uso e ocupação da terra.
Por que pensar em geoprocessamento e SIG?
A espacialização das informações contidas em um SIG auxilia muito as tomadas de decisão, pela visão
dos diferentes componentes do ambiente de forma geral e integrada. Estas ferramentas são muito úteis
na gestão ambiental e na gestão do uso e ocupação da terra, sendo usualmente aplicadas em projetos
nas áreas de agricultura, mineração, planejamento ambiental e urbanismo. Numa fazenda, por exemplo,
podemos analisar um conjunto de dados sobre sua declividade, hidrografia, vegetação e tipo de solo,
gerando um mapa temático de aptidão para irrigação. Ou ainda, podemos definir as áreas de preservação
permanente e de reserva legal que devem ser reflorestadas, que se fazem necessárias para a
regularização da propriedade.
A agricultura de precisão envolve a definição precisa das áreas críticas, possibilitanto uma grande
economia de recursos. É possível mapearmos manchas de deficiência hídrica, deficiência nutricional,
focos de pragas, altas e baixas produtividade e, através do SIG, definir as áreas prioritárias para manejo.

14. Resposta: A

15. Resposta: Errada

16. Resposta: D

17. Resposta: A

18. Resposta: Certo.


No tratamento das imagens, pode haver melhora ou piora, mudando assim os valores digitais.

19: Resposta: Certo

20- Entende-se por sensoriamento remoto toda coleta de dados sobre um objeto ou fenômeno sem
que ocorra contato físico entre o mesmo e o coletor. Estes dados por sua vez são em última análise
radiação eletromagnética (REM) refletida ou emitida pelo objeto em estudo. Cabe aos sistemas sensores,
instrumentos principais do sensoriamento remoto, a captação desta radiação e conversão para uma forma
que possibilite análises e interpretações. Estas Informações são utilizadas para o planejamento de
grandes áreas pois permitem uma visão sinóptica da área.
Quando o sistema sensor transforma a REM recebida em uma imagem o denominamos sistemas
imageadores, caso contrário estes são denominados não-imageadores. Com relação a fonte de REM
classificamos os sensores em ativos, que possuem sua própria fonte de REM, e passivos que necessitam
de uma fonte externa para operar, normalmente o sol.
Ao produto final dos sistemas sensores atribuímos características básicas que definem a capacidade
de distinguir respostas (em forma de REM) do objeto em estudo, em outras palavras a resolução, ou
poder de resolução quando se trata do sensor. São elas a resolução espacial, espectral e radiométrica,
que serão explicadas adiante.

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Os sistemas não-imageadores mais utilizados são os radiômetros, cuja a principal função no assunto
que vamos desenvolver é a calibração dos dados. De acordo com o processo de formação da imagem,
classificamos os sistemas imageadores em fotográficos, elétro-ópticos (satélites) e radar.
Os dados obtidos pelos diversos sistemas sensores em questão se prestam a diversos usos ficando a
definição de qual sistema utilizar em função da informação a ser obtida, da resolução necessária e do
capital disponível para o mesmo.
Uma vez obtidos, estes dados devem ser então tratados e interpretados, de forma analógica ou digital
para a obtenção da informação em questão.

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