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IBGE

Analista - Geoprocessamento
Noções Básicas de Cartografia escala, sistemas de coordenadas, projeção cartográfica............................................................ 1
Sistema Global de Posicionamento Por Satélites Artificiais.............................................................................................................. 5
Cartografia Temática: Métodos de representações Qualitativas, Quantitativas, Ordenadas e Dinâmicas............................... 6
Noções básicas de Geografia Urbana, urbanismo, conceitos de território e estrutura territorial brasileira.......................... 9
Sistemas de informação geográfica: conceituação, requisitos e funcionalidades.......................................................................14
Conceitos fundamentais de topologia; relacionamentos topológicos em ambiente SIG...........................................................17
Interoperabilidade em sistemas de informações geográficas.........................................................................................................17
Banco de dados e banco de dados geográfico; formato de dados cartográficos: raster, vetor, requisitos de topologia; arma-
zenamento de informações geoespaciais em ambiente de banco de dados relacional e orientado a objeto................................ 25
Infraestrutura de dados espaciais: metadados geográficos; serviços web de mapas; e Sensoriamento remoto: tratamento
digital de imagens e registro de imagens e mosaicagem.......................................................................................................................43
Conhecimentos práticos nos softwares: Geomedia ou ArcGis ou QuantumGis...........................................................................69
Questões.....................................................................................................................................................................................................77

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dias úteis para respondê-la.
Bons estudos!
SO - Sudoeste (225º).

Noções Básicas de Cartografia escala, Subcolaterais:


sistemas de coordenadas, projeção NNE - Nor-nordeste (22,5º);
cartográfica ENE - Leste-nordeste (67,5º);
ESE - Leste-sudeste (112,5º);
SSE - Sul-sudeste (157,5º);
NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA SSO - Sul-sudoeste (202,5º);
OSO - Oeste-sudoeste (247,5º);
Quando o objeto de estudo é a Cartografia percebe-se, desde ONO - Oeste-noroeste (292,5º);
os primórdios da humanidade, que o Homem busca meios de se NNO - Norte-noroeste (337,5º).
orientar no espaço terrestre. À medida que o mesmo foi ampliando
sua capacidade técnica, a busca por se localizar e se movimentar Esses pontos são representados pela Rosa dos Ventos, que pode
amparado por referências foi se tornando uma necessidade ainda mais ter diferentes formas de representação. Eis um exemplo:
evidente. Isso porque, muitas vezes, conhecer caminhos era questão
de sobrevivência, seja para buscar áreas férteis para a produção de
alimentos, seja para se proteger de invasões de outros povos.
Ainda nesse processo de evolução, outras ações exigiam
conhecimentos cartográficos, como para estabelecer rotas de
navegação e de atividades comerciais, definir estratégias de guerra,
delimitar espacialmente a ocorrência de recursos etc. Enfim, a
sociedade, historicamente e com seus recursos disponíveis, procurou
fazer uso da cartografia. Esta pode ser entendida como a ciência da
representação gráfica da superfície terrestre, tendo como produtos
finais mapas, maquetes, cartas etc. Ou seja, é a ciência que trata da
concepção, produção, difusão, utilização e estudo desses materiais,
principalmente de mapas (amplamente utilizados). Para isso, as
representações do espaço podem ser acompanhadas de um amplo
conjunto de informações, como figuras geométricas, símbolos, uso de
cores, linhas e diversos outros elementos.
E, conforme já foi mencionado, nota-se uma evolução muito
grande dessas técnicas ao longo da história. As práticas da
cartografia remontam à Pré-História, quando rústicos desenhos eram
usados para delimitar territórios de caça e de pesca; na Babilônia
(Antiguidade), os mapas do mundo já eram impressos em madeira
(mapas, obviamente, a partir das técnicas limitadas da época, muito
diferentes das projeções atuais). A evolução ainda passa pelas ideias ESCALA
de Ptolomeu, na Idade Média e dos mapas relativamente complexos
da época das Grandes Navegações. Foi aproximadamente nesse Existem diferentes maneiras de se representar a realidade.
período que algumas projeções de superfícies curvas passaram a ser Entre elas, uma das mais utilizadas é o mapa. Os mapas vão muito
impressas em superfícies planas. A mais conhecida foi a de Mercator além de simples ilustrações, meros desenhos, pois são carregados
Hoje, com os amplos avanços da ciência cartográfica, os de informações, e, por meio de uma boa leitura, transmitem vários
instrumentos para a obtenção de informações e elaboração de aspectos sobre a realidade mapeada. Fica evidente que, por mais
materiais são mais modernos e precisos. O uso de fotografias técnicas que se usem, mesmo extremamente modernas, os mapas
aéreas, imagens de satélites, digitalização de imagens, cruzamento representam as realidades, mas não são elas. Por isso, algumas
de informações, realização de mapas temáticos, sempre com informações são suprimidas e/ou distorcidas, dependendo das
maior precisão e menor distorção, garantem maior eficiência e técnicas e ideologias utilizadas.
confiabilidade aos produtos apresentados. O mapa representa a realidade com o uso de uma escala, que nada
mais é do que uma relação de proporção entre o mapa e a realidade
Localização no espaço mapeada (dimensões reais). As escalas podem ser numéricas ou
Existem diferentes maneiras de se localizar no espaço terrestre. gráficas.
Entre elas, uma das mais utilizadas é a rosa dos ventos. Antes, a A escala numérica pode ser representada por uma fração
rosa-dos-ventos não estava associada aos pontos cardeais, mas sim ordinária (1 / 200.000), ou por uma razão (1: 200.000, onde se lê “um
à direção dos ventos. Posteriormente, foi utilizada para delimitar a para duzentos mil”). Na escala de 1: 200.000, a área representada foi
direção de pontos. São eles (o ponto e os graus dentro dos 360º: diminuída 200 mil vezes; isso quer dizer que 1 cm no mapa equivale
a 200.000 cm no terreno; ou que um metro no mapa equivalem
Cardeais: a 200.000 Km na realidade. Nota-se que a escala é uma relação de
N - Norte (0º); proporção, independente da unidade utilizada.
S - Sul (180º); Já a escala gráfica é representada por uma linha reta dividida
L - Leste – ou Este (90º); em partes iguais; essa escala conta com a vantagem de possibilitar
O - Oeste (270º). que as distâncias sejam percebidas diretamente no mapa, sem a
necessidade de fazer cálculos, como na escala numérica. Ela permite
Colaterais: a visualização dessa distância. Veja a seguir um exemplo dessa forma
NE - Nordeste (45º); de representação da escala.
SE - Sudeste (135º);
NO - Noroeste (315º);

1
Fonte: portal.rio.rj.gov.br

As escalas não são proporções definidas aleatoriamente. Conforme próprios manuais do IBGE, escalas diferentes estão associadas a funções
diferentes dos mapas. Observe:

Quanto à natureza da representação:

CADASTRAL - Até 1:25.000: As cadastrais são representações em escala grande, geralmente planimétrica e com maior nível de detalhamento,
apresentando grande precisão geométrica. Normalmente é utilizada para representar cidades e regiões metropolitanas, nas quais a densidade
de edificações e arruamento é grande.

GERAL TOPOGRÁFICA - De 1:25.000 até 1:250.000: Carta elaborada a partir de levantamentos aerofotogramétrico e geodésico original
ou compilada de outras cartas topográficas em escalas maiores. Inclui os acidentes naturais e artificiais, em que os elementos planimétricos
(sistema viário, obras, etc.) e altimétricos (relevo através de curvas de nível, pontos colados, etc.) são geometricamente bem representados.

GEOGRÁFICA - 1:1:000.000 e menores: Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais oferecem
uma precisão de acordo com a escala de publicação. A representação planimétrica é feita através de símbolos que ampliam muito os objetos
correspondentes, alguns dos quais muitas vezes têm que ser bastante deslocados. A representação altimétrica é feita através de curvas de nível,
cuja equidistância apenas dá uma ideia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas. Independente da escala utilizada,
percebe-se que a Cartografia trabalha com escalas de redução, fazendo com que a realidade possa ser representada em projeções menores do
que ela.

SISTEMAS DE COORDENADAS

Como forma de orientação/localização, também podem ser usadas as coordenadas geográficas (ou terrestres), que são linhas imaginárias
que se cruzam e dão a localização geográfica de um determinado ponto na superfície. Através do “cruzamento” entre o paralelo e o meridiano
de um lugar, ficamos sabendo sua localização exata na superfície terrestre.

Os paralelos estão relacionados com as latitudes, ou seja, a variação em graus a partir da Linha do Equador, para o Norte e para o Sul (variam
de 0º a 90º). Para alguns paralelos foram estabelecidos nomes especiais, como Trópicos de Câncer e Capricórnio e Círculos Polares Ártico e
Antártico. Nota-se que a variação latitudinal possui várias funções, entre elas, a de delimitar as zonas térmicas do planeta.

Já as longitudes estão relacionadas aos meridianos (variação em graus a partir do Meridiano de Greenwich, para Oeste e para Leste (de 0 a
180 para cada extremo). O meridiano de Greenwich e as longitudes são muito importantes na definição dos fusos horários das diversas partes
do planeta.
Quando se cruza um paralelo com um meridiano, tem-se a coordenada de um ponto, por exemplo:

2
Ponto X: 30º lat N; 60º long O.

Veja alguns exemplos na ilustração a seguir:

Fonte: geomodelopiaui.blogspot.com

O ponto D, por exemplo, estaria a 60º de Latitude Norte e 30º de Longitude Leste. Nenhum outro ponto do planeta possui essa localização.
Ressalta-se que os sistemas de coordenadas e a própria rosa dos ventos são conhecimentos-chave para a utilização de tecnologias e equipamentos
modernos utilizados atualmente, como os aparelhos receptores de GPS.

PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Uma das tarefas mais árduas da Cartografia é projetar a superfície da Terra, que é arredondada, nos mapas, que são planos. Por conta
disso, acabam sendo utilizadas diferentes técnicas de projeções, cada uma proporcionando distorções diferentes. Nota-se as projeções também
possuem uma função ideológica, pois algumas áreas são valorizadas em detrimento de outras, conforme a técnica adotada. Nota-se que os
sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície
esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue
reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las. Vejam as principais projeções a seguir:

Projeção de Mercator
Os meridianos e paralelos retas que se cortam em ângulos retos. É uma projeção cilíndrica conforme, que acaba exagerando as regiões
polares e o hemisfério Norte em geral.

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Projeção de Peters
Arno Peters, em 1973, propôs uma Projeção também cilíndrica, mas equivalente, que determina uma distribuição dos paralelos com
intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos. Ela compromete a forma dos continentes, mas permite proporções mais adequadas em
relação a Mercator.

Projeção de Mollweide
No caso de Mollweide, os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a
forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, no entanto, as extremidades apresentam
grandes distorções. Observe a mesma a seguir:

Projeção de Goode
É uma projeção descontínua, e usa essa descontinuidade para eliminar várias áreas oceânicas, e, com isso, reduzir as distorções.

Também existem projeções cônicas, nas quais os meridianos convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situados a igual
distância uns dos outros. Elas apresentam pouca distorção para as chamadas latitudes médias. Também existem as projeções azimutais que
consiste na tomada de um determinado ponto e a delimitação de áreas tangentes a partir deste (muito usada para mapear as áreas polares, por
exemplo.
Destaca-se que, no caso da Terra, a maneira mais adequada (mas nem sempre possível) de representá-la é a partir do Globo, pois este, a
partir de uma escala, procura fazer uma representação próxima ao formato original da área mapeada.

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Sistema Global de Posicionamento Por
Satélites Artificiais

1
Podemos considerar um satélite um objeto que se desloca em
círculos ao redor de outro objeto. A partir daí, podemos compreender
que existem dois tipos de satélite, sendo eles os naturais e os artificiais.
A lua que permanentemente fica em órbita da terra é considerada
um satélite natural, enquanto aqueles construídos pelo homem e
lançados na órbita terrestre são os satélites artificiais. A órbita é o
caminho que o satélite percorre.
Esse satélite, independente de natural ou artificial, permanece
em órbita devido a aceleração da gravidade da terra e a velocidade
em que a mesma se desloca no espaço, dependendo da sua altitude
da sua órbita. Dessa forma, compreende-se, por exemplo, um satélite Fonte: http://www.althos.com/sample_diagrams/ag_GPS_
artificial a 800km de altitude da terra é de 26 mil quilômetros por Operation_New_low_res.jpg
hora.
Atualmente, encontra-se em funcionamento o sistema GPS
estadunidense e o GLONASS russo. Ainda, em fase de implementação,
existe o GALILEO da União Européia e o COMPASS chinês.

O sistema estadunidense é operado pelo governo dos Estados


Unidos através do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Quando lançado, seu uso era exclusivo para serviços militares, sendo
que, hoje, é possível usufruir desses serviços tendo em mãos qualquer
tipo de receptor, sendo ele um celular ou um GPS de precisão.

Funcionamento
Fonte: http://petmcem.ufsc.br/files/2012/07/HIHI.jpg
Os satélites, bem como os receptores de GPS, possuem um relógio
As primeiras ideias sobre satélite são provenientes do século interno que marca as horas com precisão dada em nano segundos.
XVIII com teorias relativas de gravitação de Isaac Newton e, no século Desta maneira, quando o satélite emite o sinal para o receptor, o
seguinte, ainda nessa discussão, escritores de ficção propunham horário que ele foi enviado também é recebido.
novos conceitos sobre satélite, até que os cientistas perceberam a real
possibilidade e utilidade de tais corpos em órbita.
Os envios desses sinais são constantes, sendo eles sinais de rádio
Com base em diversos estudos, foi lançado o primeiro satélite
que viajam a velocidade de 300 mil quilômetros por segundo no vácuo.
artificial soviético em 1957, denominado Sputnik 1 que, na época
da Guerra Fria, marcou o início da corria espacial. A partir daí foram Essa velocidade também é conhecida como velocidade da luz. Desta
lançados milhares de satélite de diversos tipos de comunicação forma, o receptor calcula quantos nano segundos esse sinal demorou
astronômica, militares, meteorológicas, entre outros. a chegar até ele, descobrindo desta maneira a localização exata. Como
Apesar das mais variadas funções, geralmente esses satélites esse sinal é constante, o receptor sempre sabe onde o satélite se
possuem partes em comum: Todas elas precisam de energia e, devido encontra, sendo possível manter a posição sempre atualizada.
à dificuldade de acesso com o satélite, a maioria conta com painéis
solares, e também com antenas para comunicação, passíveis de Agora que já sabemos como é calculado a distância entre o satélite
emissão e recepção de dados. e o receptor, fica mais fácil compreender como ele se localiza em
qualquer lugar do planeta terra. Vale lembrar que existem vários tipos
Grande parte dos satélites operacionais que se encontram em
de receptores. Os que utilizamos, sendo os mais simples, podem ter
órbita são destinados a telecomunicação, contudo, existem outras
uma variação do posicionamento de 3 ou 4 metros a até 20 metros,
funções muito importante para a utilização desses sensores, dos
quais são utilizados no nosso dia a dia e não nos damos conta. enquanto aqueles mais precisos, denominados GPS Geodésico,
minimizam seus erros em centímetros.
O Sistema de Posicionamento Global ou GPS (Global Positioning
System) consiste em um sistema de posicionamento por satélite que Assim, o GPS usa um sistema de localização denominado de
consiste no recebimento da posição em qualquer lugar no mundo, triangulação para determinar a localização do receptor em terra.
bem como a informação horária sob qualquer condição atmosférica. Como abordado anteriormente, três satélites enviam o sinal para o
Para que isso ocorra, o receptor deve se encontrar na visão de, receptor e que, o mesmo, calcula quanto tempo o sinal demorou para
no mínimo, três satélites para que haja a interpolação dos dados de chegar até ele. Abaixo, demonstraremos a triangulação dos satélites
Latitude e Longitude. Com quatro satélites ao alcance do aparelho quando em órbita no espaço.
receptor, é possível obter as informações de altitude também.

1 Baseado em: FLORENZANO, T. G. Iniciação em sensoriamento remoto. – 3ª ed.


ampl. e atual. –São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

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Fonte: https://www.oficinadanet.com.br/imagens/post/12406/td_1.jpg

Conforme demonstrado na imagem, com três satélites é possível obter informações referentes a latitude e longitude do indivíduo. A partir
de quatro satélites, o receptor GPS também consegue calcular a altitude do receptor em relação ao nível do mar. Em síntese, observe a figura
abaixo para que fique claro como funciona.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_Zk6alK-X_wc/SPzjzQj0cYI/AAAAAAAAACo/dFR9M8ql9js/s1600/gps_calculo.gif

Curiosidades2Você sabia que no Brasil o primeiro receptor de GPS foi utilizado em 1992 para rastrear caminhões transportando cargas
valiosas? Pois é, essa facilidade que temos de obter as facilidades dessas tecnologias de localização é relativamente recente.
Apenas no ano 2000 o sinal de satélite GPS foi liberado para uso civil nos Estados Unidos. Antes disso, era imposta uma “disponibilidade
seletiva”, com precisão que chegava a 90 metros de erro, inviável hoje em dia.
Apesar dos sinais serem liberados para o mundo todo, na Coreia do Norte e a Síria são proibidos de utilizarem essas informações por
restrição do governo. Ainda em 2009 o Egito também tinha essa proibição de uso quanto a utilização do sinal.
Lembra que acima falamos que o relógio dos satélites são precisos? Então, existem relógios atômicos dentro deles de uma precisão tão
grande, que eles chegam a atrasar 1 segundo a cada 100 mil anos. Incrível, não?

Cartografia Temática: Métodos de


representações Qualitativas,
Quantitativas, Ordenadas e Dinâmicas

Na cartografia, os mapas têm características específicas que os classificam, e representam elementos selecionados de um determinado
espaço geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia e projeção cartográfica. Para os cartógrafos, os mapas são veículos de transmissão
do conhecimento que pode ser o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma que cada mapa tem seu autor, uma
questão e um tema, mesmo os mapas de referência geral, os topográficos ou os cadastrais.
2 Adaptado de: <https://www.oficinadanet.com.br/>

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Todo o mapa, qualquer que seja ele, ilustra um tema e até o mapa Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para
topográfico não escapa à regra. Dessa forma, define como mapas representar feições que se desenvolvem linearmente no espaço como
temáticos, todos os mapas que representam qualquer tema, além a rede viária, hidrografia e, por isso, podem ser reduzidos a forma de
da representação do terreno. Os procedimentos de levantamento, uma linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a cor. Esses
redação e comunicação de informações por meio de mapas, diferem mapas também servem para mostrar deslocamentos no espaço
de acordo com a formação e especialização dos profissionais em cada indicando direção ou rota (rotas de transporte aéreo, correntes
campo, a exemplo dos geólogos, geomorfólogos, geógrafos, entre oceânicas, fluxo de migrações, direções dos ventos e correntes de ar)
outros, que se expressam na forma gráfica. sem envolver quantidades. Nesses mapas qualitativos a espessura da
A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes etapas: linha permanece a mesma, variando somente sua direção.
coleta de dados, análise, interpretação e representação das Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e
informações sobre um mapa base que geralmente, é extraído da carta utilizam diferenças de cor na implantação zonal. Este método deve
topográfica. Os mapas temáticos são elaborados com a utilização ser empregado sempre que for preciso mostrar diferenças nominais
de técnicas que objetivam a melhor visualização e comunicação, em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. Também
distinguindo-se essencialmente dos topográficos, por representarem é possível o uso das variáveis visuais granulação e orientação, neste
fenômenos de qualquer natureza, geograficamente distribuídos caso, as diferenças são representadas por padrões preto e branco.
sobre a superfície terrestre. Os fenômenos podem ser tanto de Quando do uso de cores, estas devem separar grupos de informações
natureza física como, por exemplo, a média anual de temperatura e os padrões diferentes a serem aplicados, para fazer a subdivisão
ou precipitação sobre uma área, de natureza abstrata, humana ou de dentro dos grupos. Para os usuários, a visualização de fenômenos
outra característica qualquer, tal como a taxa de desenvolvimento, qualitativos em mapas corocromáticos, apenas aponta para a
indicadores sociais, perfil de uma população segundo variáveis tais existência ou ausência do fenômeno e não a ordem ou a proporção do
como sexo, cor e idade, dentre outros. fenômeno representado.
Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os
propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes tipos de Fenômenos Ordenados
mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o Os fenômenos ordenados são representados em classes
quê, onde e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, utilizan- visualmente ordenadas e utilizam a variável valor na implantação
do símbolos gráficos (signos) especialmente planejados para facilitar zonal. Os mapas mais significativos para representar fenômenos
a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a visuali- ordenados são os mapas coropléticos.
zação de correlações pelo usuário. O fato dos mapas temáticos não Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos
possuírem uma herança histórica de convenções fixas, a exemplo dos e apresentam sua legenda ordenada em classes conforme as regras
topográficos, se deve às variações temáticas e aos aspectos da reali- próprias de utilização da variável visual valor por meio de tonalidades
dade que representam, sendo necessárias adaptações diferenciadas de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores que aumentam
a cada situação. de intensidade conforme a sequência de valores apresentados nas
classes estabelecidas. Os mapas no modo de implantação zonal, são
Métodos de Mapeamento os mais adequados para representar distribuições espaciais de dados
O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou que se refiram as áreas. São indicados para expor a distribuição das
quantitativos, de um mapa está diretamente relacionado ao método densidades (habitantes por quilômetro quadrado), rendimentos
de mapeamento e a utilização de variáveis visuais adequadas à sua (toneladas por hectare), ou índices expressos em percentagens os
representação. A combinação dessas variáveis, segundo os métodos quais refletem a variação da densidade de um fenômeno (médicos
padronizados, dará origem aos diferentes tipos de mapas temáticos, por habitante, taxa de natalidade, consumo de energia) ou ainda,
entre os quais os mapas de símbolos pontuais, mapas de isolinhas e outros valores que sejam relacionados a mais de um elemento.
mapas de fluxos; mapas zonais, ou coropléticos, mapas de símbolos
proporcionais ou círculos proporcionais, mapas de pontos ou de
nuvem de pontos.

Fenômenos Qualitativos
Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos
utilizam as variáveis visuais seletivas forma, orientação e cor, nos três
modos de implantação: pontual, linear e zonal.
A construção de mapa de símbolos pontuais nominais leva em
conta os dados absolutos que são localizados como pontos e utiliza
como variável visual a forma, a orientação ou a cor. Também é possível
utilizar símbolo geométrico associado ou não as cores. A disposição
dos pontos nesse mapa cria uma regionalização do espaço formada
especificamente pela presença/​ausência da informação.

Fenômenos Quantitativos
Os fenômenos quantitativos são representados pela variável
visual tamanho e podem ser implantados em localizações pontuais do
mapa ou na implantação zonal, por meio de pontos agregados, como
também, na implantação linear com variação da espessura da linha.
Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os
fenômenos quantitativos e constituem-se num dos métodos mais
empregados na construção de mapas com implantação pontual.

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Esses mapas são utilizados para representar dados absolutos
tais como população em número de habitantes, produção, renda,
em pontos selecionados do mapa. Geralmente utiliza-se o círculo
proporcional aos valores que cada unidade apresenta em relação a
uma determinada variável, porém, podem-se utilizar quadrados ou
triângulos. A variação do tamanho do signo depende diretamente da
proporção das quantidades que se pretende representar. Geralmente
o número de classes com utilização do tamanho, deve atingir no
máximo cinco classes.

Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a união


de pontos de mesmo valor e são aplicáveis a fenômenos geográficos
que apresentam continuidade no espaço geográfico. Podem ser
construídos a partir de dados absolutos de altitude do relevo (medida
em determinados pontos da superfície da Terra); temperatura,
precipitação, umidade, pressão atmosférica (medidas nas estações
meteorológicas); distância-tempo, ou distância-custo (medidas
em certos pontos ao longo de vias de comunicação) e outros, como
Recomenda-se evitar duas formas de símbolos proporcionais num volume de água (medida em pontos de captação); também podem
mesmo mapa (círculo e triângulo), pois dificultam a comunicação ser construídos a partir de dados relativos como densidades,
cartográfica. Especialmente, quando é necessário representar percentagens ou índices.
duas informações quantitativas com implantação pontual, pode-se Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam
recorrer ao mapa de círculos concêntricos ou o mapa de semicírculos simular movimentos entre dois pontos ou duas áreas. Esses
opostos que permite a comparação de uma mesma variável obtida em movimentos podem ser medidos em certos pontos ao longo das vias
períodos diferentes. de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino sem
O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de mapa
dois valores ao mesmo tempo por meio de dois círculos sobrepostos mostra claramente em que direção os valores ou intensidades de um
com cores diferentes. Este tipo de representação é recomendado para fenômeno crescem ou decrescem.
a apresentação de uma mesma informação em períodos distintos, ou
para duas informações diferentes com dados não muito discrepantes.

Para representar quantidades na implantação zonal utilizam-se


os mapas de pontos. Esse mapa possui a vantagem de possibilitar
uma leitura muito fácil por meio da contagem dos pontos, dando a
sensação de conhecimento da realidade. No entanto a elaboração
desse mapa pressupõe muita abstração uma vez que a distribuição
dos pontos não ocorre segundo a distribuição do fenômeno. Fenômenos Dinâmicos
Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados O que seria a cartografia do movimento? Uma nova cartografia
absolutos (número de tratores de um município, número de temática? Uma cartografia direcionada a preocupação do tempo e da
habitantes, totais de produção, etc.) e o número de pontos deve refletir dinâmica espacial?
exatamente o número de ocorrências. Sua construção depende de Entendemos a cartografia do movimento como sendo a cartografia
duas decisões: qual valor será atribuído a cada ponto e como esses que questiona sua forma tradicional de representação e de uso.
pontos serão distribuídos dentro da área a ser mapeada. A cartografia tradicionalmente é utilizada como uma informação

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estática, datada e como palco resultante das ações humanas. A A representação gráfica dada a sua complexidade, tem ao longo
cartografia vista como um conhecimento social preocupado com o do tempo aprimorado quanto à imagem das referências naturais
homem oferece uma linguagem ímpar que é a linguagem visual para e à precisão da localização dos principais fenômenos ambientais.
o uso social. Dessa maneira, a cartografia ganha uma nova dimensão Entretanto, não conseguimos apreender sua evolução quanto à
que é a social e, portanto, a mobilidade que o conhecimento social visualização do movimento, pois o número de informações ainda
constrói no espaço. Falamos de dinâmica espacial. é escasso e temos dificuldade em acompanhar o desenvolvimento
Precisamos ver e usar a cartografia com esses novos olhos, não desta nova forma de ver a cartografia temática.
podemos mais ver a cartografia e seus produtos como algo pronto e Percebemos o evoluir das técnicas sem a evolução da discussão
acabado. O mapa um de seus grandes produtos deve ser articulado e apreensão teórica da cartografia e sua dinâmica espacial. Podemos
como linguagem visual dinâmica, que contêm inúmeros significados inferir que os dois sistemas semiológicos são complementares, um
culturais. ao outro, proporcionando uma melhor representação gráfica do
Vamos utilizar como exemplo a cartografia direcionada para o processo migratório que influência o fenômeno ambiental, quando
entendimento do processo migratório no espaço brasileiro e suas utilizados juntos ou correlacionados. Devemos continuar afirmando
repercussões no meio ambiente, no que popularmente vem sendo a necessidade de uma cartografia do movimento atualmente no Brasil
denominada de cartografia ambiental.
A cartografia ambiental está intrincada dentro da cartografia
temática, com algumas especificações e aplicações diferenciadas. Uma Noções básicas de Geografia Urbana,
cartografia presa por sua vez, a um setor específico da cartografia urbanismo, conceitos de território e
temática responsável pela sistematização dos mapas ambientais ou estrutura territorial brasileira.
do ambiente.
A representação gráfica do ambiente está presa na configuração
da superfície terrestre e como ela vem sendo representada pelo Noções de Urbanismo e planejamento do território
homem, bem como a necessidade de enfatizar paisagens e lugares
ocupados pelas atividades do homem. O conceito urbanismo pode ser definido como o conjunto das
questões relativas a arte de edificar uma cidade. Em outras palavras,
Quando lidamos com representação gráfica ambiental, estamos
é a forma que os profissionais implicados na ação utilizam para
nos referindo à técnica e a arte. Utilizamos a palavra representação no
expressar sua maneira de ver a cidade.
seu mais amplo significado, como expressão da realidade: um mapa
A palavra urbanismo tem sua origem no conceito latino “urbs-
com essa conotação representa melhor o que se conhece da Terra,
urbis”, que significa cidade. O urbanismo e seu conjunto de princípios
do que se pode ver dos pontos mais altos. Vemos o confronto nesta
e processos encarregam-se da urbanização de uma cidade.
definição de duas visões: a técnica com todo o seu convencionalismo
Urbanismo e urbanização são conceitos intimamente ligados.
e a arte com toda a sua abstração.
Diferenciam-se pelo fato do urbanismo estar mais associado à idéia
A representação gráfica faz parte do sistema de signos que o
de urbanizar; já a urbanização refere-se à ação. De fato urbanismo é
homem constrói para melhor reter, compreender e comunicar as considerado como uma disciplina, uma técnica da arquitetura que se
observações que lhe são necessárias. Refletindo sobre essa definição relaciona com o planejamento de, por exemplo, uma cidade, sendo
e a necessidade que os geógrafos têm de criar subprodutos da este seu maior objeto de pesquisa e intervenção. O conceito surgiu no
representação gráfica, levantamos uma nova questão referente à contexto pós-revolução industrial, dada a necessidade de encontrar
cartografia ambiental: temos que criar um novo sistema de signos soluções para arrumar o estado de caos em que se encontravam as
para transmitir as informações importantes do ambiente? E como cidades na época.
relacionamos a cartografia ambiental ao processo migratório? Atualmente o planejamento urbano está cada vez mais crescente
O processo migratório não deve ser visto como mais uma devido ao crescimento expressivo de muitas cidades e a necessidade
informação a ser passada para o mapa e sim é a informação que de espaços alternativos relacionados a esse crescimento. Isso
detonar as mudanças ambientais desse espaço. Portanto pensar a incorre na necessidade de soluções para questões habitacionais, de
migração no Brasil atual não apenas pensar no fluxos de pessoas que mobilidade, de lazer e convívio etc.
saem de uma região desfavorável e caminha em direção a uma região
mais favorável economicamente. È pensar no “peso” do migrante O urbanismo é a ciência que se ocupa da organização de um
nesse novo espaço. O migrante passa a influenciar muito o local espaço urbano acompanhando seu desenvolvimento com o objetivo
que se estabelece, chegando a mudar até o predomínio da cor nesse de buscar a melhor localização para as ruas, para os edifícios, as
espaço. Exemplo disso é o estado de Roraima que é um estado com instalações públicas de maneira que a população que viva nestes
predomínio de moradores de cor branca. Onde estão os índios desse espaços desfrute de ambientes e espaços agradáveis e adequados ao
antigo território indígena? E hoje que se destaca mais nesse estado o convívio. Em resumo, o urbanismo estuda as formas de apresentação
branco que domina as cidades e os modos de produção ou o amarelo do espaço urbano e procura caminhos para melhorar a qualidade
que está isolado em áreas rurais em meio a floresta? de vida dos cidadãos através das diversas transformações que pode
A cartografia ambiental que leve a sério o processo migratório oferecer a determinado espaço.
brasileiro deve pensar em representar graficamente essas questões
e fugir as convenções construídas por uma forma autoritário de ver O Espaço Geográfico e sua compreensão
os mapas. Devemos frisar a cartografia ambiental pertencendo a um
contexto bem específico – o da representação gráfica – dentro da O conceito de espaço (Espaço Geográfico, no caso) é extremamente
comunicação visual. importante para a Geografia. É o seu grande objeto de estudo.
Os dois sistemas semiológicos (monossêmico e polissêmico) Objetivando construir esse conceito de maneira particular (seguindo
interagem quando a imagem do lugar (o que atrai os indivíduos) e bases, mas independente da Física e da Filosofia, por exemplo), as
o mapa do lugar (novo fator motivador) interagem para a decisão construções epistemológicas na Geografia têm sido desenvolvidas
de escolha e domínio do lugar escolhido para a ação ambiental (seja com o intuito de construir um conceito abrangente de espaço
caminhada, exploração científica), razão pela qual a cartografia geográfico que seja capaz de reunir a diversidade das pesquisas
ambiental deve utilizar os dois sistemas semiológicos, como Geográficas.
complementos e não como antagonismos.

9
O Espaço Geográfico é entendido como o produto das relações Localização do Brasil: Localizado na América do Sul, o Brasil
entre o ambiente e a sociedade. Henri Lefebvre, por exemplo, nas ocupa a porção centro-oriental do continente. Apresenta uma extensa
suas contribuições para a construção do conceito, evidencia que o faixa de fronteiras terrestres (15.719 km), limitando-se com quase
espaço não é algo dado, mas sim produzido pelo homem a partir da todos os países sul-americanos (exceção do Chile e do Equador).
transformação da natureza como fruto de seu trabalho. Apresenta também uma extensa orla marítima (7.367 km), banhada
Ainda, o autor salienta que as relações sociais são elementos pelo oceano Atlântico.
constituintes do espaço e é a por meio delas que o homem altera O Brasil localiza-se a oeste do meridiano inicial ou de Greenwich,
a natureza. Ademais, as relações sociais de produção, consumo e situando-se, portanto, inteiramente no hemisfério ocidental. É
reprodução (social) são determinantes na produção do espaço. cortado, ao norte, pela linha do equador e apresenta 7% de suas
Por fim, Lefebvre salienta que o espaço deve ser estudado a terras no hemisfério norte, ou setentrional, e 93%, no hemisfério sul,
partir das formas, funções e estruturas, e que novas relações podem ou meridional. Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio (esta
dar funções diferentes para formas preexistentes, pois o espaço não linha imaginária passa em São Paulo), apresentando 92% do seu
some, mas sim combina elementos de diferentes tempos. território na zona intertropical, isto é, entre os trópicos de Câncer
A partir dessas ideias, outros autores contribuíram para a e de Capricórnio. Os 8% restantes estão na zona temperada do sul,
evolução do conceito. Entre eles, inegavelmente, um dos mais lidos entre o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico.
e debatidos é Milton Santos. Segundo ele, o Espaço Geográfico A localização geográfica do Brasil e suas características políticas,
deve ser entendido como um conjunto indissociável, solidário e econômicas e sociais enquadram-no em determinados blocos de
também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, nações. Quando havia o chamado conflito leste-oeste, o Brasil assumia
não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual sua posição de país ocidental e capitalista; como país meridional, no
a história se dá. Para o autor, no princípio, tudo eram coisas, mas diálogo norte-sul, alinha-se entre os países pobres (do sul); e como
hoje tudo tende a ser objeto, uma vez que as próprias coisas, quando país tropical compõe o grupo dos países espoliados pelo colonialismo
utilizadas pelos homens a partir de um conjunto de intenções europeu e posteriormente pelo neocolonialismo dos desenvolvidos
sociais, passam, também, a ser objetos. Toda essa transformação é sobre os subdesenvolvidos.
intermediada pela técnica, sendo está definida como um conjunto de
meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, As Coordenadas Geográficas do Brasil
produz e, ao mesmo tempo, cria espaço.
Outros conceitos também são extremamente importantes para
a Geografia, como os de PAISAGEM e LUGAR. Para Milton Santos, “a Área total do território brasileiro: 8.547.403,5 km²
paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprime Área terrestre: 8.455.508 km²
as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre
Área ocupada por águas (rios, lagos, córregos, etc): 55.457
homem e natureza”. Em outras palavras, é a materialização de um
km²
instante da sociedade.
Centro Geográfico: Barra do Garças (município situado no
Já o conceito de Lugar remonta à ideia de pertencimento. É uma estado do Mato Grosso)
categoria muito utilizada por aqueles pensadores que preferem Distância entre o ponto extremo Norte e Sul: 4.320 km
construir uma concepção significativamente compreensiva da
Geografia. Nesse sentido, o lugar pode ser definido como o espaço Distância entre o ponto extremo Leste e Oeste: 4.336 km
percebido, uma determinada área ou ponto do espaço da maneira Ponto extremo setentrional: fica no estado de Roraima, na
como são entendidos e percebidos pela razão humana. Seu conceito nascente do rio Ailã (monte Caburaí), fronteira com a Guiana.
também se liga ao chamado espaço afetivo, aquele local em que uma
determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimidade, como Ponto extremo Meridional: fica no Rio Grando do Sul, numa
uma rua, uma praça ou a própria casa. das curvas do rio Arroio Chuí, a 33° 45’ 03” de latitude Sul, na
Esses conceitos (espaço geográfico, lugar e paisagem) são fronteira com o Uruguai.
extremamente importantes para a construção da Geografia enquanto Ponto extremo Oriental: fica no estado da Paraíba, na Ponta
ciência. do Seixas.
ESTRUTURA TERRITORIAL BRASILEIRO Ponto extremo Ocidental: fica no estado do Acre, na Serra da
Contamana, nascente do rio Moa (fronteira com o Peru).
O Brasil é considerado um país de dimensões continentais, pois
apresenta uma superfície de 8.511.996 quilômetros quadrados e se Fusos Horários: O território brasileiro está localizado a oeste do
enquadra entre os cinco maiores países do mundo. Veja abaixo os meridiano de Greenwich (longitude 0º) e, em virtude de sua grande
países com maior extensão territorial: extensão longitudinal, compreende quatro fusos horários, variando
de duas a cinco horas a menos que a hora do meridiano de Greenwich
1º - Rússia (17.075.400 km2) (GMT). O primeiro fuso (30º O) tem duas horas a menos que a GMT.
2º - Canadá (9.922.330 km2) O segundo fuso (45º O), o horário oficial de Brasília, é três horas
3º - China (9.461.300 km2) atrasado em relação à GMT. O terceiro fuso (60º O) tem quatro horas
4º - Estados Unidos (incluindo o Alasca e Hawaii: 9.363.124 km2) a menos que a GMT. O quarto e último possui cinco horas a menos em
5º - Brasil (8.511.996 km2) relação à GMT.

O território brasileiro representa 1,6% de toda a superfície do Horário de verão: Prática adotada em vários países do mundo
planeta, ocupando 5,7% da porção emersa da Terra, 20,8% da área para economizar energia elétrica. Consiste em adiantar os relógios
de toda a América e 47,3% da América do Sul. em uma hora durante o verão nos lugares onde, nessa época do ano,
Para se ter uma idéia da dimensão do nosso país (leste - oeste), a duração do dia é significativamente maior que a da noite. Com isso,
veja que a distância de Natal (RN) a Cruzeiro do Sul (AC) é de o momento de pico de consumo de energia elétrica é retardado em
aproximadamente 4.100 km. Já a distância de Natal até Monróvia, uma hora. Usado várias vezes no Brasil no decorrer do século XX
capital da Libéria (na África Ocidental), é de aproximadamente 2.900 (1931, 1932, 1949 a 1952, 1963 e 1965 a 1967), o horário de verão é
km. retomado a partir de 1985.

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Em 1998 tem início em 11 de outubro, com duração prevista até A razão é simples: os estados que formam uma grande região não
21 de fevereiro de 1999. Atinge 12 estados e o Distrito Federal: Rio são escolhidos ao acaso. Eles têm características semelhantes. As
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Es- primeiras divisões regionais propostas para o país, por exemplo, eram
pírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, baseadas apenas nos aspectos físicos -- ou seja, ligados à natureza,
Tocantins e Bahia. Nos demais estados, tanto no inverno quanto no como clima, vegetação e relevo. Mas logo se começou a levar em
verão, não há diferença significativa na duração do dia e da noite. A
conta também as características humanas -- isto é, as que resultam
economia resultante da adoção do horário de verão equivale, em mé-
da ação do homem, como atividades econômicas e o modo de vida
dia, a 1% do consumo nacional de energia. Em 1997, a redução mé-
dia do consumo de energia elétrica durante os três primeiros meses da população, para definir quais estados fariam parte de cada região.
(outubro a dezembro) de vigência do horário de verão nas regiões Então, se os estados de uma região brasileira têm muito em comum,
Sul, Sudeste e Centro-Oeste é de 270 megawatts, ou 0,9%. Esse valor o que é mais útil: estudá-los separadamente ou em conjunto? Claro
corresponde à energia consumida, no mesmo período, por um estado que a segunda opção é melhor. Para a pesquisa, coleta e organização
do tamanho de Mato Grosso do Sul. No horário de pico, entre 17h e de dados, também. Assim é possível comparar informações de uma
22h, a redução registrada é de 1.480 MW, ou cerca de duas vezes a região com as de outra e notar as diferenças entre elas. Dessa forma,
capacidade de geração da usina nuclear Angra I. por exemplo, os governantes podem saber em qual região há mais
Segundo a Lei nº 11.662, de 24 de abril de 2008, a partir de zero crianças fora da escola. E investir nela para resolver o problema.
hora de 24 de junho de 2008 passaram a vigorar no Brasil 3 (três)
fusos horários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou), sem
vetos, a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários
usados no Brasil. A mudança atingirá municípios nos Estados do Acre,
Amazonas e Pará. Os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de
uma hora em relação a Brasília. Municípios da parte oeste do Amazo-
nas, na divisa com o Acre, sofrerão a mesma mudança, o que igualará
o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas. A mudança na lei também
fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a
ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados
em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo
horário de Brasília.
O projeto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), foi aprovado
no Senado em 2007. Ao tramitar na Câmara, foi alvo de pressão de
emissoras de televisão. O lobby foi por conta da entrada em vigor de
portaria do Ministério da Justiça que determinou a exibição do horá-
rio de programas obedecendo à classificação indicativa. Parlamenta-
res da região Norte ainda pressionam o governo em virtude das re-
Pequeno retrato das grandes regiões
gras da classificação indicativa. Ela determina que certos programas
não indicados para menores de 14 anos, por exemplo, não possam Atualmente, o Brasil tem 26 estados e um Distrito Federal
ser exibidos em todo o território nacional no mesmo horário, já que distribuídos em cinco grandes regiões. E você já sabe que para
existem diferenças de fuso. fazer parte de uma mesma região os estados precisam apresentar
características comuns. Na região Norte, Acre, Amazonas, Amapá,
Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início em Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins têm em comum o fato de serem,
1941 sob a coordenação do Prof. Fábio Macedo Soares Guimarães. em sua maior parte, cobertos pela Floresta Amazônica. Grande parte
O objetivo principal de seu trabalho foi de sistematizar as várias da população vive na beira de rios e a atividade econômica que
“divisões regionais” que vinham sendo propostas, de forma que fosse predomina é a extração vegetal e de minerais, como o ferro, a bauxita
organizada uma única Divisão Regional do Brasil para a divulgação e o ouro. Já os estados da região Sudeste - Espírito Santo, Minas Gerais,
das estatísticas brasileiras. Com o prosseguimento desses trabalhos,
Rio de Janeiro e São Paulo - são os que mais geram riquezas para o
foi aprovada, em 31/01/42, através da Circular nº1 da Presidência
país, reunindo a maior população e produção industrial. Na região
da República, a primeira Divisão do Brasil em regiões, a saber:
Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. A Resolução 143 de 6 de Centro-Oeste, a vegetação predominante é o cerrado, que está sendo
julho de 1945, por sua vez, estabelece a Divisão do Brasil em Zonas ocupado por plantações de soja e pela criação de gado. Na região
Fisiográficas, baseadas em critérios econômicos do agrupamento de Nordeste, o clima que predomina no interior é o semiárido, embora
municípios. Estas Zonas Fisiográficas foram utilizadas até 1970 para no litoral, onde as principais atividades econômicas são o cultivo de
a divulgação das estatísticas produzidas pelo IBGE e pelas Unidades cana-de-açúcar e de cacau, o clima seja mais úmido. Na região Sul -
da Federação. Já na década de 60, em decorrência das transformações que apresenta o clima mais frio do país, destaca-se o cultivo de frutas,
ocorridas no espaço nacional, foram retomados os estudos para a como uva, maçã e pêssego, além da criação de suínos e de aves.
revisão da Divisão Regional, a nível macro e das Zonas Fisiográficas.
Hoje, nos parece tão óbvio que o Brasil seja dividido em cinco Brasil dividido = pequenos ‘brasis’
regiões, que nem paramos para perguntar por que ele foi organizado
desse jeito. Da mesma forma, não questionamos por que um estado
A primeira divisão do território do Brasil em grandes regiões
pertence a determinada região e não a outra. O Brasil é o maior
país da América do Sul. De acordo com dados de 1999, do Instituto foi proposta em 1913, para ser usada no ensino de geografia. Os
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua área é de 8.547.403,5 critérios usados para fazê-la foram físicos: levou-se em consideração
quilômetros quadrados. Apenas quatro países no mundo inteiro -- o relevo, o clima e a vegetação, por exemplo. Não foi à toa! Na época,
Rússia, Canadá, China e Estados Unidos - têm território maior do que a natureza era considerada duradoura e as atividades humanas,
o brasileiro. Dividir o Brasil em regiões facilita o ensino de geografia e mutáveis. Considerava-se que a divisão regional deveria ser baseada
a pesquisa, coleta e organização de dados sobre o país, o seu número em critérios que resistissem por bastante tempo. Observe o mapa e
de habitantes e a idade média da população. veja que interessante:

11
Centro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, que hoje
em dia localiza-se na região Sudeste. Como a divisão proposta em
1913, esta organização do território brasileiro não era oficial. Mas,
em 1936, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi
criado. E começou uma campanha para adotar uma divisão regional
oficial para o Brasil.

Divisão para valer


Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o IBGE sugeriu
que fosse adotada a divisão feita em 1913 com algumas mudanças
nos nomes das regiões. A escolha foi aceita pelo presidente da
República e adotada em 1942. Logo ela seria alterada com a criação
de novos Territórios Federais. Em 1942, o arquipélago de Fernando
de Noronha foi transformado em território e incluído na região
Nordeste. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio
Branco e Amapá - todos parte da região Norte, o território de Iguaçu
foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colocado na região Centro-
Em 1913, o território nacional foi dividido em cinco “brasis” Oeste. É bom lembrar que a divisão em grandes regiões tinha de
e não em regiões. O Brasil Setentrional ou Amazônico reunia Acre, acompanhar as transformações que estavam ocorrendo na divisão
Amazonas e Pará. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, em estados e territórios do país. Assim, a divisão regional do Brasil
Paraíba, Pernambuco e Alagoas formavam o Brasil Norte-Oriental. O em 1945 era a seguinte:
Brasil Oriental agregava Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro
- onde ficava o Distrito Federal, a sede do governo brasileiro - e Minas
Gerais. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul faziam
parte do Brasil Meridional. E Goiás e Mato Grosso, do Brasil Central.
A forma como foi feita a divisão revela que, na época, havia uma
preocupação muito grande em fortalecer a imagem do Brasil como
uma nação, uma vez que a República havia sido proclamada há poucos
anos, em 15 de novembro de 1889. A divisão em grandes regiões
proposta em 1913 influenciou estudos e pesquisas até a década de
1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território do Brasil,
cada uma usando um critério diferente. Acontece que, em 1938,
foi preciso escolher uma delas para fazer o Anuário Estatístico do
Brasil, um documento que contém informações sobre a população, o
território e o desenvolvimento da economia que é atualizado todos os
anos. Mas, para organizar as informações, era necessário adotar uma
divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo Ministério da
Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e note quantas diferenças!

Na região Norte, estavam os estados do Amazonas e Pará,


os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco e Guaporé. A região
Nordeste foi dividida em ocidental e oriental. No Nordeste ocidental,
encontravam-se Maranhão e Piauí. No oriental, Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, além do território de
Fernando de Noronha. Ainda não existia a região Sudeste, mas uma
região chamada Leste, dividida em setentrional e meridional. Sergipe
e Bahia estavam na parte setentrional. Na meridional, ficavam Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (na época, sede do Distrito
Federal). A região Sul incluía os estados de São Paulo, Santa Catarina,
Paraná e Rio Grande do Sul, além do território de Iguaçu. E, na região
Centro-Oeste, os estados de Mato Grosso e Goiás e o território de
Ponta Porã.
Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã foram
extintos. Em 1960, Brasília foi construída e o Distrito Federal, capital
do país, foi transferido para o Centro-Oeste. Na região Leste, o antigo
Maranhão e Piauí - que atualmente fazem parte da região Nordeste Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara. Em 1969, uma
- foram incluídos na região Norte, junto com o território do Acre e nova divisão regional foi proposta porque a divisão de 1942 já não
os estados do Amazonas e do Pará. No Nordeste, ficavam Ceará, Rio era considerada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região divulgação de dados sobre o país. Veja como ficou o mapa do Brasil
Sudeste, mas, sim, uma região chamada Este, onde se localizavam em 1970:
os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região Sul, veja só,
estavam o Rio de Janeiro - que, na época, era a capital do país - e São
Paulo, que hoje fazem parte da região Sudeste. Além deles, ficavam
na região Sul os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. A região Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada

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A divisão atual do Brasil compreende 27 unidades político
administrativas, sendo 26 estados e o Distrito Federal. O Brasil é
formado por cinco diferentes regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sul e Sudeste. A região Sudeste é a mais populosa e desenvolvida, e é
onde está situada as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O nordeste
é turisticamente conhecido por suas praias, e possui duas grandes
cidades: Salvador e Recife. Historicamente a região Nordeste foi a
mais rica, exportando cana-de-açúcar e madeira (principalmente o
pau-brasil).
A região Norte é a menos desenvolvida e populosa de todas, e onde
está situada a Floresta Amazônica, conhecida mundialmente por sua
extensão e grande quantidade de rios. Suas cidades mais importantes
são: Manaus e Belém. A Região Centro-Oeste abriga a cidade de
Brasília, capital do país, que foi construída na década de 60 pelo
presidente Juscelino Kubitschek, e projetada pelo arquiteto Oscar
Na região Norte, estão os estados do Acre, Amazonas e Pará; Niemeyer. A região sul é marcada pela imigração italiana e alemão
Territórios de Rondônia, Roraima e Amapá. Na região Nordeste, os (principalmente), possui diversas cidades com grande influência da
estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, cultura desses países europeus. Possui apenas três estados, e as três
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, e o Território de Fernando de capitais são cidades importantes: Porto Alegre no Rio Grande do Sul,
Noronha. A região Leste sumiu! Quem a substituiu foi a região Sudeste, Florianópolis em Santa Catarina e Curitiba no Paraná.
formada por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, estado da
Guanabara e São Paulo. Na região Sul, localizavam-se Paraná, Santa Estados e Capitais
Catarina e Rio Grande do Sul. Na região Centro-Oeste, Goiás, Mato
Grosso e Distrito Federal (a cidade de Brasília). Região Norte
Atualmente, continua em vigor essa proposta em 1970. Apenas
algumas alterações foram feitas. Em 1975, o estado da Guanabara - Amapá – AP (Capital: Macapá)
foi transformado em município do Rio de Janeiro. Em 1979, Mato - Acre - AC (Capital: Rio Branco)
Grosso foi dividido, dando origem ao estado do Mato Grosso do Sul.
A Constituição Federal de 1988 dividiu o estado de Goiás e criou o - Roraima - RR (Capital: Boa Vista)
estado de Tocantins, que foi incluído na Região Norte. Com o fim dos - Rondônia – RO (Capital: Porto Velho)
territórios federais, Rondônia, Roraima e Amapá tornaram-se estados
- Amazonas – AM (Capital: Manaus)
e Fernando de Noronha foi anexado ao estado de Pernambuco.
República Federativa do Brasil, com 26 estados e l Distrito - Pará - PA (Capital: Belém)
Federal, nosso país teve outros sistemas de organização político- - Tocantins - TO (Capital: Palmas)
administrativa: capitanias hereditárias (1534-1548), governo-geral
(1549-1808), vice-reino (1808-1822), monarquia (1822-1889)
e república (de 1889 até hoje). Desde a década de 1940 existe um Região Nordeste
centro de estudos e pesquisa especializado em “descobrir” nosso país,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recentemente, - Bahia – BA (Capital: Salvador)
acompanhamos a divulgação pela mídia de que o Brasil ultrapassou - Sergipe - SE (Capital: Aracaju)
os 169 milhões de habitantes. Essas informações e outras, como por
- Alagoas - AL (Capital: Maceió)
exemplo, sobre desempenho econômico ou mortalidade infantil, são
de responsabilidade do IBGE. - Paraíba - PB (Capital: João Pessoa)
- Pernambuco – PE (Capital: Recife)
O IBGE e a divisão regional do Brasil
Foi com o objetivo de conhecer o território nacional e os dados - Rio Grande do Norte – RN (Capital: Natal)
estatísticos da população brasileira que Getúlio Vargas fundou o IBGE - Maranhão - MA (Capital: São Luís)
em 1938. Para realizar essa tarefa, era preciso considerar as grandes
diferenças existentes entre as diversas áreas do país. Dessa forma, - Piauí - PI (Capital: Teresina)
entre 1941 e 1945 foram feitas as duas primeiras divisões regionais - Ceará - CE (Capital: Fortaleza)
do Brasil, baseadas no critério de região natural. Compreende-se
por região natural uma determinada área geográfica que passa a ser
caracterizada segundo um ou mais aspectos naturais, como o clima, o Região Centro-Oeste
relevo ou a vegetação, Veja como o IBGE dividiu inicialmente o Brasil. - Goiás - GO (Capital: Goiânia)
Apenas em 1969, o IBGE elaborou uma nova divisão regional,
adorando dessa vez o critério de regiões homogêneas. O conceito de - Mato Grosso - MT (Capital: Cuiabá)
região homogênea é mais abrangente do que o de região natural, pois - Mato Grosso do Sul - MS (Capital: Campo Grande)
vai além dos aspectos criados pela natureza, E definido pelo conjunto
- Distrito Federal – DF
de elementos naturais, sociais e econômicos da região. A principal
modificação em relação à divisão anterior foi a criação da região
Sudeste, em virtude da cristalização dessa área como o “coração Região Sudeste
econômico do país”. A divisão regional de 1969 continua vigorando,
apesar de a Constituição de 1988 ter aprovado algumas modificações; - São Paulo – SP (Capital: São Paulo)
os territórios de Roraima c do Amapá foram transformados em - Rio de Janeiro - RJ (Capital: Rio de Janeiro)
estados; Fernando de Noronha foi anexado ao estado de Pernambuco;
o estado de Tocantins foi desmembrado do estado de Goiás e - Espírito Santo - ES (Capital: Vitória)
incorporado à região Norte.

13
- Minas Gerais - MG (Capital: Belo Horizonte)
Sistemas de informação geográfica:
conceituação, requisitos e
Região Sul funcionalidades.
- Paraná – PR (Capital: Curitiba)
- Rio Grande do Sul – RS (Capital: Porto Alegre) Sistema de Informação Geográfica: Esse sistema, além de orga-
nizar os dados socioeconômicos e espaciais, permite a visualização
- Santa Catarina – SC (Capital: Florianópolis).
da localização geográfica destes, possibilita a sua análise e facilita a
manipulação dos mesmos, em especial quando existe uma grande
Censos Demográficos
quantidade de dados.
Os censos populacionais produzem informações imprescindíveis
para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de A diferença fundamental4 entre um software de CAD e SIG, reside
investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de na diversidade de dados utilizados para a realização de suas tarefas,
qualquer nível de governo, e constituem a única fonte de referência sendo que um SIG utiliza muito mais dados do que um CAD. O SIG rea-
sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus liza operações com dados vetoriais e matriciais (imagens “raster”),
recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou enquanto os CAD’s se limitam a trabalhar com dados vetoriais. O CAD
urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem é usado para desenhos de caráter técnico que variam desde proje-
conhecidas e terem seus dados atualizados. tos de aviões até projetos de circuitos integrados, podendo ser usa-
do para geração de cartas. No entanto, o CAD não oferece facilidades
A realização de um levantamento como o Censo Demográfico para execução desta tarefa, ao contrário do gerador de cartas que tem
representa o desafio mais importante para um instituto de estatística, funções especializadas para a elaboração de cartas.
sobretudo em um país de dimensões continentais como o Brasil, com
8.514.215,3 km2, composto por 27 Unidades da Federação e 5.507 Segue, a seguir, um texto disponível no Portal www.transportes.
municípios existentes na data de referência da pesquisa, abrangendo gov.br acerca da definição e contextualização do SIG:
um total de 54.265.618 de domicílios pesquisados.
Já há algum tempo, com a evolução da informática, surgiram no-
Novos Estados e a divisão territorial do Brasil3 vas possibilidades de análises estratégicas para o auxílio na tomada
de decisão. A possibilidade de visualização dos resultados das aná-
O princípio central do livro Novos estados e a divisão territorial lises, espacialmente em um mapa, faz com que a compreensão por
do Brasil, de José Donizete Cazzolato, é que o conceito de igualdade intermédio do analista seja de forma facilitada e clara. Esse tipo de
social pode ser estendido para a estrutura territorial da federação tecnologia é chamada de Sistema de Informação Geográfica – SIG, mas
brasileira gerando maior igualdade entre os cidadãos. Essa ideia essa tecnologia já era usada bem antes da invenção do computador.
perpassa o livro inteiro, no qual se explora a questão da criação dos
estados de Carajás e Tapajós. Um bom exemplo disso é um caso acontecido na cidade de Lon-
dres em 1854. Nessa época Londres estava sofrendo uma grave epi-
Nessa obra, o termo “território” tem conteúdo econômico, político, demia de cólera, doença cuja forma de contaminação não se conhecia.
identitários e geográfico, o que mostra a interdisciplinaridade e a Numa situação em que já havia ocorrido mais de 500 mortes, o dou-
complexidade do problema tratado, além de revelar a importância da tor John Snow teve uma ideia: colocar no mapa da cidade a locali-
geografia para abordá-lo. zação dos doentes de cólera e dos poços de água (naquele tempo, a
fonte principal de água dos habitantes da cidade).
A preocupação principal do autor é que diversas propostas de
criação de novos estados brasileiros, mediante emancipação de velhos Com a espacialização dos dados, o doutor Snow percebeu que a
estados, venham a alterar de maneira prejudicial o “frágil equilíbrio”
maioria dos casos estava concentrada em torno do poço da Broad
da federação brasileira. A omissão de nossa Constituição em detalhar
Street e ordenou que este fosse lacrado, o que contribuiu em muito
tecnicamente a questão da criação de estados e a ausência de outras
para debelar a epidemia.
normas legais que discorram sobre o assunto trazem preocupações,
pois abrem a possibilidade de uma questão crucial ser tratada
mediante projetos improvisados, frágeis e sem compromissos com a Esse caso forneceu evidência empírica para a hipótese (compro-
federação como um todo. vada posteriormente) de que a cólera é transmitida por ingestão de
água contaminada. Essa é uma situação típica em que a relação es-
A sugestão de Cazzolato é que tais propostas devam atender a pacial entre os dados muito dificilmente seria inferida pela simples
certos critérios técnicos para que então possam ser tratadas como listagem dos casos de cólera e dos poços. O mapa do doutor Snow
viáveis. A grande contribuição desse livro está no fornecimento de passou para a história como um dos primeiros exemplos que ilustram
tais critérios e na observação da existência de um padrão territorial bem o poder explicativo da análise espacial e do GIS.
brasileiro ao qual a maioria de nossos estados se conforma. Segundo Korte (2001) ¹, o SIG é uma ferramenta utilizada para
análises de informação geográfica que usa funções de dados geomé-
O padrão territorial seria apenas um primeiro passo para tornar tricos ligados a tabelas de atributos alfanuméricos. Essas ligações são
a criação de novos estados um ponto menos vulnerável em nosso feitas por meio de um identificador (chave). Os dados geométricos
desenho institucional. Neste ponto, o livro de Cazzolato é uma e alfanuméricos, dessa forma interligados, suprem sistemas compu-
recomendação e um convite ao debate, pois a criação de novos tacionais, o que possibilita a análise de problemas predeterminados.
estados, dentro ou fora do padrão proposto, gera impacto no sistema Um GIS permite a visualização espacial dos dados através de inter-
político e econômico de nossa federação. A análise técnica leva o faces gráficas dos sistemas e/ou através da confecção de mapas im-
debate para um novo patamar, no qual opiniões apaixonadas perdem pressos, nos quais são ilustradas as soluções de problemas. A seguir,
espaço para cuidadosas observações. discorre-se sobre definições associadas ao GIS.

3 Adaptado de: CAZZOLATO. José Donizete. Novos Estados e a divisão territorial do


Brasil- uma visão geográfica. São Paulo: São Paulo: Oficina de textos, 2011. 4 Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/geracao.html

14
perdendo assim todas as vantagens de um SGBD (Sistema Gerencia-
dor de Banco de Dados). Ao utilizar um sistema de banco de dados, é
primordial que os atributos convencionais e espaciais estejam rela-
cionados, para que, a partir de tais dados, o usuário consiga encontrar
determinada informação. Além disso, o banco de dados permite o re-
lacionamento entre as entidades espaciais.
Sendo assim, a expressão “banco de dados espacial” pode ser
usada quando se quer utilizar um repositório de dados com relações
entre as entidades espaciais que descrevam a localização no espaço
e sua forma de representação, nas notações de área, linha ou ponto.
Um banco de dados espacial é um dos principais componentes de
um SIG, pois é nele que estão armazenados as referências da relação
do dado com o mundo real, principalmente no que tange à geogra-
fia. Por meio do banco de dados espacial é possível um SIG realizar
processamentos geométricos, análise espacial e fazer relação entre
dados convencionais e espaciais.

Informações Georreferenciadas
Entende-se por Georreferenciamento de uma determinada
imagem, mapa ou outros produtos cartográficos quando suas
coordenadas tornam-se conhecidas em um dado sistema de referência.
Obtém-se o georreferenciamento com a obtenção das coordenadas
de pontos da imagem ou do mapa (pontos de controle). Esses pontos
são locais que oferecem uma feição física perfeitamente identificável,
como em intersecções de estradas e de rios, grandes reservatórios
de água, aeroportos, grandes monumentos etc. A obtenção dessas
coordenadas se dá em campo, por meio de levantamentos topográficos
com uso de GPS, em mesas digitalizadoras ou mesmo em outras
imagens ou mapas georreferenciados.
O georreferenciamento está presente em diversas atividades
no Brasil. O País conta com o INDE (Infraestrutura Nacional de
Dados Espaciais), instituída pelo Decreto Nº 6.666 de 27/11/2008,
visando estabelecer um conjunto integrado de tecnologias; políticas;
mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento;
padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o
armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o
uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e
municipal.
A INDE objetiva promover o adequado ordenamento na geração,
armazenamento, acesso, compartilhamento, disseminação e uso dos
dados geoespaciais; promover a utilização, na produção dos dados
geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas federal, estadual,
distrital e municipal, dos padrões e normas homologados pela
Comissão Nacional de Cartografia – CONCAR; e evitar a duplicidade de
ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais,
por meio da divulgação da documentação (metadados) dos dados
disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos das esferas federal,
estadual, distrital e municipal. O Georreferenciamento é utilizado por
vários segmentos no Brasil, sejam públicos ou privados.
No Portal do Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, estão
disponibilizados diversos mapas georreferenciados sobre unidades
Os dados espaciais são observações documentadas ou resultados
de conservação no Brasil. O print da tela a seguir identifica os links a
da medição. A disponibilidade dos dados oferece oportunidades para
serem acessados para tal:
a obtenção de informações. Os dados podem ser obtidos pela percep-
ção, através dos sentidos (por exemplo, observação), ou pela execu-
ção de um processo de medição. Nesta seção descreveu - se quais são
as características dos dados utilizados nos sistemas de informação
geográfica – GIS.
Uma base de dados geográfica é um depósito de fatos ou conceitos
do mundo real que possuem atributos convencionais e atributos es-
paciais que descrevem sua forma e indicam sua localização na Terra
(sobre/sob).
O depósito de dados espaciais ocorre tanto na forma de sistemas
de arquivos como na de sistemas de banco de dados. Como no sistema
de banco de dados, existem diversas vantagens comparadas ao siste-
ma mais tradicional de armazenamento de dados espaciais. A grande
maioria dos aplicativos SIG ainda trabalha com sistemas de arquivos,

15
Ainda, pode ser utilizado como exemplo o projeto de georreferenciamento dos Arranjos Produtivos Locais realizado pelo BNDES. A imagem
a seguir identifica links de acesso:

Na sequência, mais um exemplo de georreferenciamento aplicado ao Brasil, do Ministério das Minas e Energia. Nesta imagem, foram
selecionados as Bases Cartográficas, as Cartas Topográficas e as Linhas de Transmissão.

16
Conceitos fundamentais de topologia;
relacionamentos topológicos em
ambiente SIG.

Para a melhor compreensão desse assunto, o mesmo fora elaborado junto com o tópico “Banco de dados e banco de dados geográfico;
formato de dados cartográficos: raster, vetor, requisitos de topologia; armazenamento de informações geoespaciais em ambiente de
banco de dados relacional e orientado a objeto”.

Interoperabilidade em sistemas de
informações geográficas

Integração e interoperabilidade entre fontes de dados geográficos

Intercâmbio de dados geográficos5


Problemas inerentes ao intercâmbio de dados geográficos Entendemos por intercâmbio de dados a capacidade de compartilhar e trocar
informações e processos entre diferentes usuários de informação. O grande desafio do intercâmbio de dados é enfrentar a diversidade de modelos
conceituais dos SIGs disponíveis no mercado. Esta diversidade faz com que muitas organizações produtoras de informação georreferenciada
sigam regras conceituais vinculadas ao sistema por elas utilizado. O resultado é um ambiente heterogêneo, onde cada organização tem sua
maneira de organizar a informação espacial.
A falta de modelos conceituais comuns acarreta problemas na troca de dados entre organizações utilizando SIGs distintos. Estes problemas
incluem distorção de dados, perdas de qualidade da informação e de definições de atributos e informação sobre georreferenciamento. A
tarefa de compartilhamento de dados geográficos deve envolver processos para garantir que a informação não seja perdida ou corrompida
na transferência, e ferramentas para prevenir inconsistências resultantes de conjuntos de dados redundantes. Dada a variedade de usuários e
diversidade do uso do dado espacial e sistemas de computação, é conveniente dispor de mecanismos de intercâmbio para compartilhar dados
entre diferentes sistemas de computação.
Em SIGs, realizar intercâmbio de dados não é uma tarefa simples, devido à complexidade da informação geográfica envolvida, ocorrendo
incompatibilidades em vários níveis. O problema vem sendo estudado em diferentes níveis, como a conversão entre formatos de dados próprios
de cada SIG, a conversão entre semânticas de bancos de dados distintos e o desenvolvimento ou uso de modelos gerais de dados geográficos
propostos por diferentes organizações.
Conversão sintática de dados geográficos
O armazenamento dos dados geográficos em um SIG é organizado em estruturas próprias que descrevem características dos dados, por
exemplo, coordenadas dos pontos que formam um polígono representando geometricamente uma dada entidade geográfica. As entidades
geográficas possuem uma representação geométrica ou geometria e atributos associados. A geometria vetorial é baseada nas primitivas: ponto,
linha e polígonos, que podem ser derivadas para formar estruturas mais complexas. A Figura abaixo mostra exemplos de geometrias vetoriais.

Geometrias vetoriais usadas em SIGs.

5 Fonte: http://www.dpi.inpe.br/livros/bdados/cap9.pdf

17
Normalmente a organização dos dados nos SIGs é distribuída em Uso de metadados
“camadas” (“layers” ou “planos de informação”), onde cada camada Metadados são “dados sobre os dados”, descrevem o conteúdo,
contém uma variável geográfica distinta, por exemplo uma imagem de condição, histórico, localização e outras características do dado,
satélite de uma região, os municípios desta região, a sua geomorfologia, (FGDC, 2001). O objetivo do seu uso é ter um mecanismo para
ou hidrologia. Cada camada é representada internamente em identificar qual dado existe, a sua qualidade, como acessá-lo e usá-
estruturas lógicas próprias de cada SIG e armazenada em arquivos lo. Assim, os metadados tratam a interoperabilidade em nível de
distintos de acordo com o formato próprio do sistema utilizado. Este gerenciamento da informação, facilitando a recuperação de uma
esquema de codificação e os arquivos de sistema ou de exportação informação contida em um banco de dados.
possuem uma sintaxe própria para descrever as entidades (geometria Por exemplo, uma base de dados contendo mapas com a
e atributos), ou seja, a forma de escrever o dado. Consideramos este informação sobre aptidão climática ao plantio de várias culturas pode
esquema próprio de cada sistema para armazenar e documentar seus incluir, em seus metadados, uma descrição referente ao tipo de cultura
dados, o nível sintático. contido nos mapas, por exemplo: Aptidão climática ao plantio de
Tradicionalmente, muito do trabalho realizado em intercâmbio abacaxi ou Aptidão climática ao plantio de algodão, o que identifica o
de dados geográficos trata de transformações estruturais (Gardels, tipo de cultura a que o dado se refere, facilitando a consulta ao banco.
1996). A abordagem mais básica é a conversão sintática direta de Há propostas de padrões nos Estados Unidos e no Canadá (FGDC,
formatos, que procura realizar a interpretação e tradução dos arquivos 2001), com o objetivo de fornecer terminologia e definições comuns
de informação geográfica em diferentes formatos, permitindo que para conceitos relacionados aos metadados geográficos. A seguir
um sistema compreenda os dados provenientes de outros sistemas. descrevemos a proposta do FDGC, como exemplo de esquema de
Isto é eficiente desde que o desenvolvedor da conversão tenha metadados.
conhecimento dos formatos envolvidos para não comprometer a O FGDC (Federal Geographic Data Committee) é um comitê entre
qualidade dos dados no processo de conversão. Cada sistema tem agências para promover a coordenação do uso, troca e disseminação
sua própria definição e nomenclatura para as diferentes formas de dados espaciais nos EUA. O FGDC (2001) propõe um padrão que
de geometria. A Figura abaixo mostra dois trechos de arquivos em especifica os elementos necessários para suportar os principais usos
diferentes formatos de exportação. O lado esquerdo é um fragmento de metadados: ajudar a manter um investimento interno em dado
de um arquivo com extensão E00 proveniente do software Arc/Info o espacial, pelas organizações; prover informação sobre o domínio
da direita é um fragmento de um arquivo de extensão MIF proveniente de dados de uma organização; prover informação para processar e
do software MapInfo. Ambos descrevem uma mesma entidade, com a interpretar dados transferidos de uma fonte externa.
mesma geometria e as mesmas coordenadas, mas com uma sintaxe O padrão estabelece um conjunto comum de terminologia e
própria. definições para a documentação do dado geográfico, incluindo
elementos para os seguintes tópicos: identificação, qualidade do
dado, organização espacial do dado, referência espacial, informação
sobre entidade e atributo, distribuição e referência do metadado
(NSDI, 1997).
O padrão permite ao usuário saber: qual dado está disponível,
se o dado atende suas necessidades específicas, onde achar o dado
e como acessar o dado. Muitos dados estão disponíveis com este
formato de metadados nos EUA onde, estados, governos locais ou do
setor privado são incentivados a adotar o padrão para documentar
seus dados.
O FGDC também patrocina a criação de uma Clearinghouse
(National Geospatial Data Clearinghouse) um Website que guia
usuários ao melhor dado espacial para seus projetos por meio de
pesquisa a metadados. A intenção não é centralizar todos os dados
Arquivos diferentes - E00 x MIF. geográficos em um local, mas prover links na Internet para distribuir
Websites onde os dados são produzidos e mantidos. Gerenciadores
Entendendo a estrutura específica de um formato, é possível documentam e disponibilizam seus dados, de acordo com o padrão,
escrever um código que trata as características de cada sistema para a Clearinghouse, assim usuários podem achar facilmente uma
envolvido, viabilizando a conversão ou importação direta, atingindo informação, o que promove interoperabilidade entre organizações.
Como sua ênfase é na disponibilidade da informação, o padrão
desta forma um grau de interoperabilidade no nível sintático.
FGDC não especifica a maneira pela qual a informação está organizada
Por fim, cabe salientar que, apesar dos avanços no uso de
nem o processo de transferência. Com exceção da parte de entidades
gerenciadores de dados geográficos, a primeira geração de SIGs
e atributos, que pode revelar parte do significado do dado, as demais
possui suporte limitado a banco de dados e utiliza arquivos para
partes não descrevem a semântica da informação espacial.
armazenamento e exportação de dados espaciais, o que torna possível
O grande problema da proposta do FGDC, e do uso de metadados
encontrar um acervo relevante de dados espaciais em arquivos
em geral, é a excessiva ênfase em informações que descrevem o
de diferentes formatos. Assim, a abordagem mais básica para
processo de produção dos dados. Com relação à sintaxe, o padrão
intercâmbio de dados geográficos é a conversão sintática direta, que
limita-se a indicar qual o formato em que os dados estão disponíveis.
procura realizar a tradução dos arquivos de informação geográfica
No aspecto semântico, suas informações são muito limitadas, pois
entre diferentes formatos.
o FGDC não adota o “modelo padrão” de geoinformação (campos e
Para permitir este tipo de conversão, os SIGs trabalham com duas
objetos). Adicionalmente, o padrão do FGDC reflete os compromissos
alternativas:
inevitáveis do “projeto de comitê”, pois requer uma excessiva
Oferecer um formato de exportação ASCII de fácil legibilidade,
quantidade de informações (de aplicação questionável), com dezenas
como DXF (Autocad), MID/MIF (MapInfo), E00 (Arc/Info) e SPR
de formulários.
(Spring); Em resumo, a substancial burocracia envolvida em adotar o
Documentar as estruturas de dados internas, como é o caso do padrão FGDC não se traduz em benefícios proporcionais. Estes fatos
SHP (ArcView). talvez expliquem porque sua adoção ainda está limitada e porque o
consórcio OpenGIS propõe seu próprio formato para metadados.

18
Uso de ontologias A interoperabilidade plena requer não só uma equivalência
O grande fator limitante de conversão de dados são as diferenças sintática entre as entidades representadas pelos sistemas, mas inclui
de entendimento entre comunidades de usuários distintas. Diferentes também a equivalência de conceitos e significados destas entidades.
visões da realidade geográfica sempre existirão por pessoas com Por exemplo, duas comunidades de informação podem utilizar nomes
culturas diferentes, pois a própria natureza é complexa e leva a diferentes para o mesmo conceito (como no caso de “rio” e “curso
percepções distintas. Neste caso seria interessante conviver com de água”). Ou ainda, um único conceito para uma comunidade (i.e.,
estas diferentes formas de conhecimento sobre a realidade e tentar “rio”) pode ser expresso com níveis maiores de detalhe por outra
criar mecanismos para implementar e combinar diferentes visões, (i.e., “rios perenes”, “rios temporários”, “riachos”). Neste sentido, é
ou seja, representar o conhecimento geográfico no computador necessário que os formatos de intercâmbio de dados disponham de
buscando interoperabilidade pela equivalência semântica dos um mecanismo que suporte o conceito de Ontologias e comunidades
conceitos entre sistemas distintos. Neste sentido, são propostos de informação geográfica. Com isto, interpretações diferentes de uma
trabalhos relacionados a Ontologias e seu uso para interoperabilidade mesma realidade geográfica possam ser identificadas e facilmente
e concepção de SIGs baseados em Ontologias (Fonseca et al., 2000). trocadas.
A Ontologia é uma disciplina filosófica que vem desde o estudo
feito por Aristóteles sobre as categorias e a metafísica, e pode Estratégias para integração e interoperabilidade e exemplos
ser definida como o estudo do Ser e de suas propriedades. Para a - Estratégias para integração e interoperabilidade
As estratégias para tratar dos problemas de integração e
comunidade de Inteligência Artificial, ontologias são teorias que
interoperabilidade entre sistemas de informação geográfica podem
especificam um vocabulário relativo a um certo domínio (Fonseca
ser classificadas em quatro categorias principais (Gupta et al., 1999).
et al., 2000) e descrevem uma dada realidade usando o conjunto de
A abordagem mais simples consiste em definir catálogos de
premissas de acordo com o sentido intencional das palavras deste
metadados e dicionários geográficos. Um catálogo de metadados
vocabulário.
armazena descrições de coleções de dados armazenadas em diversas
O uso de ontologias no desenvolvimento e uso de sistemas fontes (Nebert, 2002), oferecendo serviços de localização, consulta e
de informação leva ao que chamamos de Sistemas de Informação gerência de metadados, assim como serviços de solicitação de dados,
baseados em ontologias (Guarino, 1998). Fonseca et al., (2000) que são repassados às fontes. Um catálogo, no entanto, tipicamente
propõe um SIG baseado em ontologias, composto por um editor não armazena os dados em si.
de ontologias, por um servidor de ontologias, por ontologias Um dicionário geográfico (gazetteer) (Atkinson, 2002) define
especificadas formalmente e por classes derivadas de ontologias. A um vocabulário consistindo do identificador, localização e parte dos
Figura abaixo mostra o esquema de um SIG baseado em ontologias. atributos dos geo-objetos de interesse. Um dicionário geográfico
tipicamente cobre uma região bem definida, como um país, por
exemplo.
A estratégia de federação (Sheth e Larson, 1990) assume que as
fontes de dados mantêm autonomia, mas cooperaram para oferecer
suporte a operações globais, que acessam dados em mais de uma
fonte. Uma federação é fracamente acoplada se a responsabilidade
de criar e manter a federação é dos usuários, não existindo controle
centralizado. Já uma federação é fortemente acoplada quando existe
controle centralizado para acesso às fontes de dados.
A estratégia de armazém de dados (data warehouse) (Miller
e Han, 2001) consiste em: (1) extrair os dados das diversas fontes;
(2) transformar os dados extraídos para um modelo comum; (3)
armazenar os dados transformados em um único repositório.
Este enfoque é viável quando o número de fontes é pequeno e
relativamente estável, não necessitando constantes atualizações
nos dados extraídos. O processo de transformação pode se tornar
particularmente difícil face à heterogeneidade dos dados, conforme
Esquema de SIG baseado em ontologias (Fonseca et al., 2000). já discutido na Seção anterior.
A estratégia de mediação (Gupta et al., 1999) baseia-se em uma
Na visão apresentada acima, os especialistas especificam arquitetura de 3 níveis: camada de adaptação, com as fontes de dados
formalmente seu conhecimento em ontologias, que são administradas acessadas através de adaptadores; camada de aplicação, com as
por um servidor de ontologias. As ontologias são traduzidas para aplicações que desejam acessar as fontes; camada de mediação, com
componentes de software por técnicas de orientação a objetos, um ou mais mediadores, que registra as fontes de dados conhecidas,
constituindo um conjunto de classes, gerenciadas por desenvolvedores e processa as consultas produzidas pelas aplicações.
de classes, que formam uma estrutura hierárquica representando Por fim, a estratégia híbrida combina a estratégia de armazém de
dados com mediação. Por exemplo, a arquitetura descrita em (Voisard
o mundo geográfico (Fonseca et al., 2000). Desenvolvedores de
e Schweppe, 1998) considera 4 camadas: a camada de aplicação, que
aplicações utilizam o conhecimento traduzido em componentes de
recebe requisições das aplicações; a camada de serviços virtuais,
software (classes) para criar SIGs que também podem ser usados para
que oferece uma visão uniforme do sistema (um banco de dados
troca de informações. O servidor permite o folheamento de ontologias
virtual); a camada de serviços concretos, que gerencia as tarefas dos
e comunica-se com SIGs por meio de mediadores responsáveis por vários componentes; e a camada de serviços de sistema, que trata de
extrair informações destes e criar instâncias das classes que vão serviços internos do sistema.
conter tal informação e o conhecimento extraído das ontologias.
Segundo Fonseca et al. (2000) a interoperabilidade semântica - Exemplo de catálogo de metadados e dicionário geográfico
poderia ser resolvida através do uso de classes derivadas de O projeto da Alexandria Digital Library (ADL) (Smith e Frew,
ontologias, onde toda a manipulação de informações seria feita 1995) (Smith, 1996) (Frew et al., 2000) exemplifica a construção
baseada nas definições das entidades geográficas presentes nas combinada de um catálogo de metadados e de um dicionário
ontologias. geográfico, disponível na Web.

19
Os metadados para informação georreferenciada combinam elementos dos padrões de metadados USMARC e FGDC (USMARC, 1976)
(FGDC, 2001), já discutido na Seção 9.2.3. O primeiro é o padrão de metadados adotado para bibliotecas convencionais do governo dos EUA,
enquanto que o segundo define metadados primariamente para catalogar objetos geográficos em formato digital, e é adotado pelas agências do
governo dos EUA. A especificação completa dos metadados mantidos pela ADL contém cerca de 350 campos.
O dicionário geográfico da ADL contém nomes e características de acidentes geográficos oriundos do US Geological Survey’s Geographic
Names Information System e do US Board of Geographic Names. O primeiro lista o nome de cerca de 1,8 milhões de acidentes geográficos,
organizados hierarquicamente em 15 categorias. Já o segundo contém os nomes de cerca de 4,5 milhões de acidentes geográficos, inclusive
acidentes submarinos.
A arquitetura da ADL (ver Figura abaixo) segue um modelo de 3 níveis: servidores ADL gerenciam as coleções de dados; mediadores ADL
implementam serviços sobre as coleções de dados; clientes ADL oferecem os serviços aos usuários finais.
Mais detalhadamente, um servidor ADL é responsável por manter uma coleção de metadados descrevendo os objetos catalogados e por
implementar os mecanismos de consulta aos metadados, de acordo com os serviços definidos pela ADL. Uma entrada no catálogo pode incluir
referências a representações digitais do objeto, disponíveis online ou off-line, ou a representações não-digitais. Os servidores são autônomos,
desde que ofereçam os serviços definidos pela ADL. Assim, uma instituição pode implementar um servidor ADL e publicar os seus dados através
de um mediador ADL.
Um cliente ADL é responsável por oferecer os serviços ADL aos usuários finais, quer sejam usuários humanos ou agentes de software. Um
cliente ADL deve manter o estado das sessões e suportar interações complexas com os usuários finais.
A peça central da arquitetura é o mediador ADL, que esconde a heterogeneidade dos servidores ADL através de uma coleção de serviços
padronizados, oferecidos aos clientes ADL. Estes serviços são o cerne do projeto, pois expõem a funcionalidade pretendida para o catálogo e o
dicionário geográfico da ADL.
Os serviços do mediador ADL não mantém estados de sessões. Ou seja, cada chamada a um serviço do mediador é tratada como uma
transação por si só, e qualquer relacionamento entre duas chamadas deve ser codificado nos seus parâmetros. Esta decisão de projeto simplifica
a implementação do mediador, mas torna mais difícil implementar consultas que são refinadas em sucessivas interações com o usuário.

Arquitetura da ADL (Frew et al., 2000).

- Exemplo de armazém de dados geográficos


O Projeto TerraServer (Barclay, 2000) exemplifica a construção de um armazém de dados geográficos, combinado com um dicionário
geográfico. O TerraServer representa o maior repositório público de imagens de sensoriamento remoto e mapas topográficos disponível na
Web.
O TerraServer foi projetado para atender simultaneamente a milhares de acessos através da Web. Um usuário pode pesquisar o repositório
de quatro formas diferentes:
Clicando em um mapa de baixa resolução da Terra, que indica onde há dados armazenados no repositório.
Indicando o nome de um local.
Indicando as coordenadas de interesse.
Selecionando o nome de um local de uma lista de locais bem conhecidos.
O repositório do TerraServer foi criado a partir de quatro fontes:
USGS Digital Ortho-Quadrangles (DOQ): imagens aéreas em cinza ou infravermelho na resolução de 1m. As imagens foram orto-retificadas
de tal forma que 1 pixel corresponde a 1m2. Este acervo cobre aproximadamente 40% do território dos EUA, correspondendo a 3 milhões de
quilômetros quadrados.
20
USGS Digital Raster Graphics (DRG): versões digitalizadas dos usuários. O SDPS está organizado em sete subsistemas principais:
mapas topográficos do USGS. As imagens foram re-amostradas de tal Aquisição: recebe dados brutos e dispara processos para arquivá-
forma que 1 pixel corresponda à potência de 2 mais próxima. Este los e processá-los.
acervo cobre todo o território dos EUA, correspondendo a 10 milhões Servidor de dados: fornece serviços de arquivamento físico e
de quilômetros quadrados. distribuição de dados, via FTP ou mídia removível.
Imagens do SPIN-2™: imagens em cinza na resolução de Planejamento fornece serviços para planejamento das atividades.
1,56m, originárias de satélites militares russos. As imagens foram Processamento: executa os processos para geração de dados
rotacionadas, com o norte para cima, mas não estão orto-retificadas; derivados.
foram reamostradas de tal forma que 1 pixel corresponde a 2m2. Cliente: fornece uma interface para pesquisar e recuperar dados.
Este acervo cobre parte da Europa Ocidental, EUA e o Oriente, Interoperabilidade: fornece serviços para pesquisar e localizar
correspondendo a 1 milhão de quilômetros quadrados. serviços de dados.
Encarta Shaded Relief: mapa em cores naturais do globo terrestre, Gerência de dados: fornece serviços para localizar e acessar dados.
indicando o relevo, obtido do CD-ROM da Enciclopédia Encarta. A O projeto Missão ao Planeta Terra gera vários Terabytes de dados
imagem cobre continuamente o globo entre +80º e -80º de latitude, diariamente e acumula um volume total de dados que chega a vários
em uma resolução de aproximadamente 1km2 por pixel. Petabytes, em formatos próprios, coletivamente chamados HDF-
A arquitetura do TerraServer segue as três camadas usuais: EOS. Portanto, o armazenamento e disseminação dos dados gerados
Cliente: um navegador normal que suporte HTTP 1.1 e HTML 3.2. representa um substancial desafio.
Aplicação: processa as requisições HTTP, repassando-as ao O projeto NASA HDF-EOS Web GIS Software Suite (NWGISS) (Di
servidor de banco de dados. et al., 2001) visa exatamente tornar os dados gerados pelo EOSDIS
Servidor de banco de dados: armazena os dados, servindo as disponíveis a outras aplicações que sigam as especificações do OGC
requisições da aplicação. (ver Capítulo 11 para um resumo dos padrões definidos pelo OGC
A aplicação gera páginas dinamicamente, em HTML 3.2, e as envia e mencionados nesta seção). A arquitetura do NWGISS (ver Figura
ao navegador. Um usuário pode realizar operações de aproximação, abaixo) consiste de três componentes principais: um servidor de
afastamento e deslocamento nas imagens recebidas, sem necessidade mapas; um servidor de geo-campos (coverage server); e um servidor
de recursos especiais. de catálogo. O NWGISS inclui ainda um cliente OGC WCS.
O banco de dados armazena mapas e imagens recortados em
unidades menores, chamadas de blocos (tiles) nesta seção. Os blocos
são agrupados logicamente em coleções contíguas, chamadas de
cenas. Os blocos são indexados por tema, resolução, cena e localização.
O banco de dados mantém uma tabela para cada tema e resolução.
Cada linha de cada uma destas tabelas contém os metadados de um
bloco e um campo do tipo BLOB (binary long object), armazenando o
próprio bloco, no formato JPEG ou GIF.
Cada bloco é armazenado no banco de dados, redundantemente,
em resoluções mais baixas, formando uma pirâmide de 7 níveis (ver
Capítulo 13 para detalhes de armazenamento piramidal). O acervo
do USGS/DOQ é compatível com resoluções de 1 a 64m; o acervo do
USGS/DRG, de 2 a 128m; e o acervo do SPIN, de 1 a 64m.
O banco de dados também armazena um dicionário geográfico,
permitindo ao usuário localizar cenas por nome de locais. O dicionário
contém cerca de 1,5 milhões de nomes, incluindo sinônimos, e
relaciona cada nome com o sistema de coordenadas utilizado pelo
TerraServer. O dicionário contém ao todo 4 milhões de linhas e ocupa
3.3 GB. Arquitetura do NWGISS.
O TerraServer entrou em operação em junho de 1998 e atualmente
está entre os 1000 Web sites mais visitados. A média diária situa-se O servidor de mapas do NWGISS implementa os serviços definidos
em: perto de 40 mil visitas; 3,6 milhões de acessos a blocos; 69GB no OGC WMS para todos os tipos de dados do formato HDF-EOS.
transferidos. Em particular, gera o geo-referenciamento do mapa em tempo de
execução, se necessário. Da mesma forma, o servidor de geo-campos
- Exemplo de mediador do NWGISS implementa os serviços definidos no OGC WCS para três
A Missão ao Planeta Terra (Mission to Planet Earth - MTPE) é formatos de dados, HDF-EOS, NITF e GeoTIFF. O servidor re-amostra,
um programa da NASA para estudar processos ligados a mudanças recorta e remonta geo-campos em tempo real, bem como transforma
climáticas, a partir de dados gerados por inúmeros satélites orbitando geo-campos de formato.
o planeta Terra. O EOS Data and Information System (EOSDIS) (Kobler, O cliente de geo-campos do NWGISS implementa a especificação
1995) é o componente responsável por prover acesso fácil e rápido do cliente OGC WCS. O cliente atua como um mediador para acessar
aos dados gerados no contexto do MTPE. geocampos, nos formatos HDF-EOS, NITF e GeoTIFF, armazenados
O EOSDIS é um sistema distribuído, organizado em três em servidores OGC WCS, não se limitando ao servidor OGC WCS
segmentos principais: o Flight Operations Segment (FOS) gerencia implementado pelo NWGISS. O cliente permite acessar, visualizar,
e controla os satélites e instrumentos do EOS; o Communications georetificar, re-projetar e reformatar geo-campos.
and System Management Segment (CSMS) fornece a infraestrutura Como mediador, o cliente NWGISS é bastante limitado pois permite
de comunicação e gerência do sistema; e o Science Data Processing apenas selecionar geo-campos de mais de uma fonte, utilizando seus
Segment (SDPS) trata do armazenamento, processamento e descritores, e visualizá-los em conjunto, entre outras operações.
distribuição dos dados.
Em mais detalhe, o SDPS é o componente do EOS responsável por: Mapeamentos entre fontes de dados
aquisição de dados brutos; geração de dados derivados a partir dos - Estratégias para definição de mapeamentos
dados brutos; arquivamento e distribuição dos dados derivados aos Para interpretar e processar dados obtidos de diversas fontes, as

21
aplicações devem ser capazes de tratar dados heterogêneos, tanto em Como exemplo, considere duas fontes de dados, FA e FB,
formato e estrutura, quanto em interpretação ou significado. De fato, descrevendo aeroportos. Suponha que o esquema local EA da fonte
a heterogeneidade estrutural e semântica são problemas que bancos FA contenha (onde C é o conjunto de caracteres adotado e ℜ denota o
de dados distribuídos vem enfrentando desde longa data (Özsu e conjunto dos números reais):
Valduriez, 1999).
Uma primeira estratégia para resolver o problema de tratar
dados heterogêneos consiste em gerar mapeamentos entre pares
de fontes de dados. Esta estratégia torna-se impraticável quando o
número de fontes aumenta, ou quando não se conhece à priori as
fontes disponíveis.
Uma segunda estratégia propõe uma descrição comunitária dos
dados, chamada esquema global ou federado, esquema mediado ou
esquema de referência, dependendo do enfoque adotado para atingir
interoperabilidade (ver Seção anterior). A esta descrição comunitária
são então mapeadas as descrições das fontes de dados, chamadas de
esquemas locais ou esquemas exportados, novamente dependendo
do enfoque adotado. Esta estratégia simplifica o problema pois evita
criar mapeamentos dois-a-dois entre os esquemas locais, mas ainda
requer que as fontes sejam conhecidas à priori.
Uma terceira estratégia, proposta mais recentemente, adota
ontologias para formalizar o esquema de referência e os esquemas
locais. Utiliza ainda técnicas de alinhamento entre ontologias para
simplificar a geração dos mapeamentos (Wache et al., 2001) (Uschold
e Grüninger, 2001) (Mena et al. 2000).
Por fim, a definição dos mapeamentos entre as descrições
Suponha que as propriedades Código, de EA, e Code, de EB, de
locais e a descrição comunitária pode se beneficiar de uma análise
fato armazenem os códigos universais dos aeroportos, com três
dos metadados das fontes. Porém, segundo Haas & Carey (2003),
caracteres. O mapeamento entre ER, EA e EB pode então ser definido,
a inexistência de metadados é um dos motivos para o fracasso de
por exemplo, como:
tentativas para atingir interoperabilidade entre fontes de dados. Além
disso, metadados não necessariamente garantem a não ambiguidade
dos termos, pois um mesmo termo pode ser usado em diferentes
contextos, em diferentes línguas ou até mesmo de forma errônea.
Uma possível solução seria enfatizar o uso, uniforme e rigoroso, de
metadados para completar a descrição dos conceitos pertinentes às
fontes de dados. A própria descrição comunitária pode atuar como
um vocabulário compartilhado, servindo de referencial à priori para
a definição dos esquemas locais (Brauner, 2005).

- Exemplo de definição de mapeamentos


Esta seção exemplifica questões compartilhadas pelas estratégias Note que a sentença (4) indica que a classe R-Aeroporto de ER é
de federação, armazém de dados e mediação no que diz respeito à definida com base na classe Aeroporto de EA. Assim, um aeroporto só
definição de mapeamentos. estará disponível através do esquema de referência se e somente se
Usaremos os termos esquema de referência para designar a for um aeroporto cadastrado na fonte FA, por força da forma como o
descrição comunitária das fontes de dados e esquema local para mapeamento foi definido (ver sentença (4)). Portanto, um aeroporto
descrever os dados visíveis em cada fonte de dados. Assumiremos que cadastrado na fonte FB que não existir na fonte FA não será visível
as descrições conterão definições de classes de objetos, denotando através de ER.
conjuntos, e de propriedades dos objetos, denotando funções Assim, as sentenças (5) e (6) podem transferir diretamente as
mapeando objetos em objetos ou objetos em valores de dados. propriedades de aeroportos definidas em EA para o esquema de
Adotaremos a notação de teoria de conjuntos quando necessário. referência ER. Note que, arbitrariamente, ER não contém a cidade do
Desta forma, evitaremos escolher um particular modelo de dados aeroporto. De fato, em geral, o esquema de referência não é a união
para descrever os esquemas locais e o esquema de referência. dos esquemas locais.
Um esquema local descreve as classes e propriedades dos dados A sentença (7) é mais complexa pois a fonte FB pode conter
que uma fonte deseja compartilhar, e o esquema de referência aeroportos não cadastrados na fonte FA. Portanto, é necessário
descreve as classes e propriedades dos dados oferecidos aos usuários verificar se o aeroporto existe na fonte FA ao transferir a propriedade
como uma visão unificada das fontes. O esquema de referência contém Name de EB para o esquema de referência ER.
ainda mapeamentos entre as classes e propriedades do esquema de Assuma agora que as propriedades Código e Code não representem
referência e as classes e propriedades de cada fonte. os códigos universais dos aeroportos. Isto impediria identificar
Há dois problemas que devem ser tratados na definição dos diretamente, via o código, quando dois aeroportos nas fontes FA
mapeamentos: e FB são o mesmo aeroporto. No entanto, se assumirmos que as
Identificação de objetos: como definir uma forma universal propriedades Loc e Coord contém as coordenadas dos aeroportos no
de identificar os objetos nas várias fontes e, em particular, como mesmo sistema de georreferenciamento, então podemos substituir a
identificar a ocorrência do mesmo objeto em fontes diferentes. sentença (7) por:
Transformação das propriedades: como re-mapear os valores das
propriedades oriundos de uma ou mais fontes para o esquema de
referência, ou entre si.

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onde Prox é uma relação de proximidade espacial que é
verdadeira se e somente se dois pontos no espaço tiverem as mesmas
coordenadas dentro de uma certa tolerância.
De fato, a adoção de um sistema universal de geo-referenciamento
oferece também um sistema universal de identificação de objetos
geográficos, ou pelo menos permite definir relacionamentos
universais entre objetos geográficos.
Se assumirmos agora que as propriedades Loc e Coord contém
as coordenadas dos aeroportos em sistemas de geo-referenciamento
distintos, mas há suficiente informação nos metadados de Loc e Coord
sobre os sistemas adotados, então devemos substituir a sentença (7)
por:

Arquitetura mediador-adaptador (Gupta et al., 2000).

onde Remap é uma função que re-mapeia as coordenadas dadas Serviços de adaptação
por Loc para o sistema de geo-referenciamento adotado para Coord. Acesso ao esquema exportado
Este é um exemplo simples do problema de transformação Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz
das propriedades, no contexto de dados geográficos. A Seção 9.3.3 de expor um esquema exportado, descrevendo os dados que deseja
apresenta outros exemplos, quando discute a fase de transformação tornar visíveis, e o mapeamento entre este esquema e o esquema
dos dados. mediado. No caso de dados geográficos, o esquema exportado
deve conter substancialmente mais informação para os atributos
Construção de mediadores geográficos, conforme discutido a seguir.
- Arquitetura de mediadores Seja Q uma consulta sobre o esquema mediado. O mediador
Conforme adiantado na Seção anterior, uma particular estratégia utiliza os esquemas exportados e os mapeamentos existentes no
para integrar um conjunto de fontes de dados heterogêneas baseia-se esquema mediado para selecionar fontes de dados e decompor Q em
na construção de um sistema de mediação com uma arquitetura em 3 sub-consultas a serem enviadas às fontes selecionadas.
camadas (ver Figura abaixo): O processo de escolha das fontes deverá levar em consideração o
Camada de Aplicação: compreende as aplicações que desejam custo de converter os dados geográficos armazenados em cada fonte
acessar as fontes. para o formato adequado para processar a consulta. Diferentemente
Camada de Mediação: contém um ou mais mediadores fornecendo de dados convencionais, este custo poderá ser bastante alto e variar
serviço de mediação para fontes de dados. Um mediador centraliza substancialmente de fonte para fonte, inclusive quanto à precisão
informações fornecidas por adaptadores, criando um esquema do processo de conversão. Portanto, cada esquema exportado e
mediado das fontes de dados. O mediador também decompõe o esquema mediado devem conter informação adicional sobre os
as consultas submetidas pelas aplicações em consultas a serem atributos geográficos para subsidiar a decisão da escolha da fonte e
executadas pelos adaptadores, e reúne os resultados parciais para da transformação necessária.
formar a resposta à consulta original. Em geral, cada atributo geográfico G deve estar associado a um
Camada de Adaptação: contém os adaptadores responsáveis esquema de representação, semelhante à noção de measurement
pelo acesso às fontes de dados. Cada adaptador esconde a framework definida em (Chrisman, 1997). O esquema de
heterogeneidade da fonte de dados, tornando o acesso à fonte representação de G pode associar dois tipos de informação a G:
transparente para o mediador. Para cada fonte de dados existe um (1) metadados, de forma semelhante aos esquemas de metadados
adaptador que exporta algumas informações sobre a fonte, tais como: discutidos anteriormente em outro contexto; (2) outros atributos
seu esquema, informações sobre seus dados e sobre seus recursos cujos valores são necessários para interpretar o valor de G. O
para processamento das consultas. esquema de representação pode estar diretamente associado a G, ou
Ao participar de um sistema de mediação, uma fonte de dados, ser herdado do objeto O ao qual G se aplica, ou da coleção de objetos
através do seu adaptador, deve ser capaz de expor um esquema a que pertence O. A Seção apresenta exemplos do processamento de
exportado, descrevendo os dados que deseja tornar visíveis. Deve consultas em um mediador que utiliza esquemas de representação.
também oferecer serviços que permitam: (1) processar consultas
sobre o esquema exportado; (2) transformar os resultados locais Processamento de consultas sobre o esquema exportado
para os padrões definidos para intercâmbio de dados no sistema Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz
de mediação; e (3) aceitar temporariamente dados externos, de processar consultas sobre o esquema exportado, devolvendo os
convertendo-os para o formato local. resultados no formato definido pelo mediador.
Por sua vez, o sistema de mediação deve ser capaz de expor um O formato utilizado pelo mediador para passar uma consulta
esquema mediado com a descrição comunitária dos dados, sobre o para o adaptador deve ser especificado à priori, quando o sistema de
qual as aplicações definirão consultas ao sistema. O sistema deve ser mediação é criado. Por exemplo, o sistema de mediação pode adotar
capaz de executar consultas definidas sobre o esquema mediado, o padrão WFS, definido pela OGC (ver Capítulo 11), que especifica
aplicando as transformações necessárias sobre os dados geográficos, como as consultas devem ser passadas para as fontes de dados.
além dos serviços usuais para definição e controle da execução
de sub consultas às fontes de dados, combinação dos resultados e Transformação de dados
reestruturação dos dados convencionais. Esta seção aborda estes Uma fonte de dados, através do seu adaptador, deve ser capaz de
pontos em separado, seguindo (Gupta et al., 2000). aplicar transformações aos dados antes de enviá-los ao mediador.
A transformação mais básica consiste em converter os dados
locais para o formato de intercâmbio de dados adotado pelo sistema
de mediação. Por exemplo, o sistema de mediação pode adotar o
padrão GML, definido pela OGC (ver Capítulo 11), que especifica um
formato de transporte para dados geográficos.
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De forma geral, uma transformação de dados é qualquer - Exemplos de processamento de consultas sobre o esquema
função f: Dn→R em que os argumentos de f representam tanto mediado
dados armazenados na fonte, quanto parâmetros governando a Considere duas fontes de dados, FA e FB, descrevendo aeroportos.
transformação a ser aplicada aos dados. Suponha que os esquemas sejam definidos da seguinte forma:
Junto com a interface da transformação, o adaptador deve expor
um modelo de custo, a ser utilizado pelo mediador ao montar o
plano de processamento de uma consulta. Em geral, o modelo de
custo captura a complexidade computacional da transformação, em
função dos parâmetros de entrada e de uma estimativa do volume de
dados recebidos como entrada e do volume de dados produzidos pela
transformação.

- Serviços de mediação

Acesso ao esquema mediado


O mediador deve ser capaz de expor o esquema mediado às onde
aplicações, e fornecer meios para mantê-lo. Em particular, deve Código é o código universal de 3 letras identificando os aeroportos
permitir o cadastramento de uma nova fonte de dados, com seu nos diversos países;
esquema exportado e mapeamento para o esquema mediado. Ruído(x) associa um geo-campo vetorial a cada aeroporto
As questões levantadas pela exposição do esquema mediado às x representando o nível de ruído no entorno do aeroporto, e
aplicações são semelhantes àquelas relativas à exposição do esquema armazenado como uma grade regular de amostras pontuais (indicado
exportado. Em particular, o esquema mediado deve associar cada na função apenas como um conjunto de pontos no ℜ2 , assumindo que
atributo geográfico G a um esquema de representação. o espaçamento da grade é o mesmo para todos os aeroportos);

Processamento de consultas sobre o esquema mediado


Um mediador deve ser capaz de processar consultas sobre o
esquema mediado, devolvendo os resultados nos formatos solicitados
pelas aplicações.
O mediador executa os seguintes passos ao processar uma
consulta Q definida sobre o esquema mediado:

Seleção de fontes:
- baseando-se nos mapeamentos armazenados no esquema
mediado e nos atributos utilizados na consulta, o mediador seleciona
conjuntos de fontes capazes de produzir o resultado da consulta. onde
Otimização: Code é um código próprio da fonte FB (ou seja, não é o código
- para cada conjunto de fontes, o mediador utiliza os mapeamentos universal);
do esquema mediado para criar um plano, contendo sub-consultas de Noise(x) associa um geo-campo vetorial a cada aeroporto
tal forma que cada uma possa ser inteiramente processada por uma
x representando o nível de ruído no entorno do aeroporto, e
fonte no conjunto, e que juntas produzam o resultado da consulta
armazenado como curvas de nível (representadas como elementos
original.
do conjunto ℘(ℜ2));
- o mediador estima o custo de processamento de cada plano e
escolhe o de menor custo estimado.
Execução:
- o mediador controla a execução do plano escolhido no passo de
otimização.
Outras estratégias mais sofisticadas envolvendo transferências
temporárias de dados de uma fonte para outra, por exemplo,
podem ser definidas de forma similar às estratégias de otimização
de consultas utilizadas em um banco de dados distribuído (Özsu e
Valduriez, 1999).

Serviços adicionais onde


Um mediador pode utilizar as informações sobre as fontes de R-Ruído(x) = (g,c) se e somente se g for a grade regular com
dados que armazena para oferecer serviços adicionais às aplicações. amostras de ruído do aeroporto x, dada pela fonte FA, e c for a
Um primeiro exemplo de serviço adicional seria prover uma curva de nível do ruído do aeroporto x, se este for cadastrado na fonte
interface abrangente para que os usuários ou aplicações possam FB, ou for o conjunto vazio, em caso contrário:
explorar o esquema mediado, incluindo os metadados mantidos Considere ainda
sobre as fontes de dados. Desta forma, o mediador atuaria de forma
semelhante a um catálogo de metadados.
Um exemplo deste tipo de serviço adicional, designado por
processamento cooperativo de consultas, consistiria em aplicar
transformações nas consultas submetidas para: corrigir as consultas;
resolver ambiguidades; gerar consultas alternativas, quando a
consulta submetida falha; fornece explicações sobre as respostas;
complementar as consultas fornecendo informação adicional à
explicitamente solicitada.

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Q2A2 : Selecione o nível de ruído C=Ruído(x) do aeroporto
x tal que Loc(x)=p, re-mapeando-o para curvas de nível O plano
consiste de:
P2A2 : Envie Q2A2 à fonte FA;
Espere o resultado contendo o nível de ruído C do aeroporto;
Devolva a resposta C;
O terceiro plano acessa a fonte FB através da consulta: Q2A1:
Selecione o nível de ruído D=Noise(x) do aeroporto x tal que
Coord(x)=p’ O plano consiste de:
P2B1 : Re-mapeie p para p’ no sistema adotado em FB;
e um último mapeamento capturando o significado pretendido Envie Q2B1 à fonte FB;
para RRuído: Espere o resultado com o nível de ruído C’ do aeroporto; Se
(∀x∈Aeroporto)(R-Ruído(x) = (Ruído(x),c) ⇔ existir, devolva C’ como resposta;
((∃y∈Airport)(Prox(Remap(Loc(x)), Coord(y))) ∧ c = Noise(y)))∨ Caso contrário, execute o plano P2A;
(¬∃y∈Airport)(c = ∅ ))) O quarto plano acessa a fonte FB através da consulta:
Q2A2 : Selecione o nível de ruído D=Noise(x) do aeroporto x tal
Considere a seguinte consulta: que Coord(x)=Remap(p)
Q1 : Qual o nome e a localização do aeroporto com código GIG?
O mediador procederá então da seguinte forma: O plano consiste de:
Seleção de fontes: P2B2 : Envie Q2B2 à fonte FB;
de (14), (15) e (16), o mediador necessita acessar as duas fontes. Espere o resultado com o nível de ruído C’ do aeroporto;
Otimização: Se existir, devolva C’ como resposta;
novamente de (14), (15) e (16), o mediador decompõe Q1 Caso contrário, execute o plano P2A1 (ou o plano P2A2);
em duas sub-consultas, Q1A e Q1B, a serem enviadas a FA e FB, o mediador deve estimar o custo de processar os planos e escolher
respectivamente: um deles.
Q1A : Selecione a localização p=Loc(x) do aeroporto x tal que Execução:
Código(x)=GIG execute o plano escolhido no passo de otimização.
Q1B : Selecione o nome n=Name(y) do aeroporto y tal que Novamente, a descrição deixa vários pontos em aberto. Por
Prox(p’, (Coord(y))) exemplo, os planos P2A1 e P2A2 diferem na capacidade do mediador
considere um único plano: e do adaptador de FA transformarem o geo-campo armazenado
P1 : Envie Q1A à fonte FA; em FA de uma grade regular para curvas de nível. Dependendo da
Espere o resultado contendo a localização p do aeroporto; capacidade de cada um destes componentes, um dos dois planos
Re-mapeie a localização p para o sistema adotado na fonte FB, prevalecerá.
gerando uma nova representação p’ da localização do aeroporto. Além disto, esta transformação pode ser muito mais cara do
Envie Q1B à fonte FB; que tentar acessar diretamente a curva de nível armazenada em FB,
Espere o resultado contendo o nome n do aeroporto; Devolva mesmo correndo o risco de não encontrar o aeroporto em FB e ter que
a resposta (n,p); Execução: recorrer a FA de qualquer maneira. Portanto, os planos P2B1 e P2B2
o mediador executa o plano P1. podem ser muito mais eficientes do que os primeiros dois planos.
Esta breve descrição deixa em aberto um ponto importante. Da mesma forma, os planos P2B1 e P2B2 diferem em qual
É necessário que o mediador tenha acesso ao esquema de componente realizará a conversão de p para o sistema de geo-
representação de Loc e Coord para que possa re-mapear p do sistema referenciamento adotado por FB.
de georreferenciamento de FA para o sistema de FB. Da mesma Em qualquer um dos casos, novamente é necessário que o
forma, o adaptador da fonte FB, ou a própria fonte FB, deve ter mediador tenha acesso aos esquemas de representação de Ruído e
acesso ao esquema de representação de Coord para poder computar Noise para decidir qual dos planos é viável, ou de menor custo.
apropriadamente o relacionamento Prox.
Caso este segundo problema não possa ser resolvido por FB ou seu Banco de dados e banco de dados
adaptador, o mediador deve gerar um plano alternativo, substituindo geográfico; formato de dados
a qualificação “Prox(p’, (Coord(y)))” por “dist(p’, (Coord(y))<k”, cartográficos: raster, vetor, requisitos de
onde o mediador decide o valor de k a partir dos esquemas de topologia; armazenamento de
georreferenciamento de Loc e Coord. informações geoespaciais em ambiente
Considere agora a seguinte consulta: de banco de dados relacional e orientado
Q2 : Obtenha o nível de ruído, em curvas de nível, do aeroporto a objeto;
na localização p.
O mediador procederá então da seguinte forma:
Seleção de fontes: BANCO DE DADOS E BANCO DE DADOS GEOGRÁFICOS
de (17), o mediador pode acessar qualquer uma das duas fontes. Para entender o que é um banco de dados georreferenciados
precisamos, primeiro, entender o que significam os termos “banco
Otimização:
de dados” e “georreferenciados”:
novamente de (17), há pelo menos 4 planos possíveis.
O primeiro plano acessa a fonte FA através da consulta:
O banco de dados, ou base de dados, pode ser definido como um
Q2A1 : Selecione o nível de ruído C=Ruído(x) do aeroporto x
conjunto de dados logicamente relacionados e com algum significado.
tal que Loc(x)=p O plano consiste de:
Todo local, físico ou virtual onde estão armazenados dados, pode em
P2A1 : Envie Q2A1 à fonte FA;
certo sentido, ser chamado de banco de dados. Por exemplo, uma
Espere o resultado contendo o nível de ruído C do aeroporto; enciclopédia pode ser considerada um banco de dados. Mas para a
Transforme (no mediador) C para curvas de nível C’; área de Geoprocessamento é mais importante o conceito especial de
Devolva a resposta C’; banco ou base de dados relacional. Ou seja, um banco onde dados são
O segundo plano acessa a fonte FA através da consulta, que já armazenados na forma de tabelas relacionáveis entre si através de
inclui a transformação: campos chaves.
25
As mais diversas facetas de atividades, desde locadoras de DVD O componente de armazenamento, denominado sistema de
até grandes indústrias metalúrgicas usam-se deste tipo de base banco de dados geográficos, estrutura e armazena os dados de forma
para ter um maior controle sobre fatores como cadastro de clientes a possibilitar a realização das operações de análise envolvendo
e sua condição em relação à empresa (Inadimplência, por exemplo). dados espaciais. Devido à complexidade das aplicações que são
Neste ponto, é importante evitar confundir o BD em si (conjunto de desenvolvidas a partir de um SIG, um dos grandes problemas no
tabelas relacionáveis) com o programa que o gerenciará, o Sistema desenvolvimento desses sistemas tem sido projetar o banco de dados
Gerenciador de Banco de Dados (SGBD). Em outras palavras, geográficos. O projeto de um banco de dados deve ser realizado com o
softwares como Access, MySQL, Oracle, PostgreSQL não são BD, mas apoio de um modelo de dados de alto nível, também conhecido como
sim SGBD. modelo conceitual. Durante vários anos, as pesquisas no campo dos
modelos de dados para SIG centraram-se na busca por estruturas
Segundo Medeiros6, Banco de Dados Geográfico (BDG), também de dados para o armazenamento de dados georreferenciados, o que
chamado de Banco de Dados Espacial (BDE), é semelhante ao descrito ficou conhecido como “debate raster-vector”.
A necessidade de novos modelos conceituais para o
acima (relacional), com a grande e importante diferença de suportar
desenvolvimento de aplicações de SIG foi identificada no final da
feições geométricas em suas tabelas. Este tipo de base com geometria
década de 80. Embora existam diversas propostas de modelos
oferece a possibilidade de análise e consultas espaciais. É possível
conceituais específicos para SIG, o desenvolvimento dessas
calcular nestes casos, por exemplo, áreas, distâncias e centroides,
aplicações tem sido feito de forma não metodológica, tendo como
além de realizar a geração de buffers e outras operações entre as resultado diversos problemas decorrentes de abordagens evolutivas
geometrias. desordenadas.
Conforme já dito, e para reforçar, Sistemas de Informação
Georreferenciamento, de forma simplificada, é uma atividade que Geográfica (SIG) são sistemas computacionais que permitem a captura,
consiste em referenciar dados ou objetos com base em sua localização armazenamento, manipulação, recuperação, análise e apresentação
geográfica. de dados referenciados geograficamente. Dados referenciados
geograficamente ou, simplesmente, dados georreferenciados são
Diz-se, portanto, que um banco de dados é “georreferenciado” dados que descrevem fenômenos geográficos cuja localização está
quando os dados constantes nele têm uma correspondência com o associada a uma posição sobre/sob a superfície terrestre.
objeto real representado. Assim, o banco de dados georreferenciados é Uma das principais características de um SIG é sua capacidade de
o principal componente do SIG, Sistemas de Informações Geográficas, manipular dados gráficos (cartográficos) e não gráficos (descritivos)
utilizado para possibilitar análises complexas das informações obtidas de forma integrada, provendo uma forma consistente para análise e
sobre determinado local, empreendimento, fenômeno climático, etc. consulta. É possível, desta forma, ter acesso às informações descritivas
Alguns modelos de bancos de dados utilizados para SIG (Sistemas de um fenômeno geográfico a partir de sua localização e vice-versa.
de Informações Geográficas) são: o modelo “relacional” e o modelo Além disso, pode-se fazer conexões entre diferentes fenômenos com
“orientado a objetos”. base em relacionamentos espaciais. Quatro aspectos caracterizam
um dado georreferenciado:
O banco de dados relacional é um modelo no qual os dados
são organizados na forma de tabela (modelo de relação) onde - a descrição do fenômeno geográfico;
as colunas correspondem aos atributos (ou campos) e as linhas, - sua posição (ou localização) geográfica;
também chamadas de tuplas, correspondem aos dados ou registros. - relacionamentos espaciais com outros fenômenos geográficos; e
Este modelo de base de dados, é o mais utilizado para aplicações - instante ou intervalo de tempo em que a fenômeno existe ou é
tradicionais e menos complexas (ex.: Vision GIS). Para que possam válido.
ser feitas operações comuns em SIGs neste tipo de modelo, são
Estes aspectos são classificados em duas categorias de dados:
necessárias algumas extensões da linguagem SQL (utilizada nos
Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados – SGBD – deste tipo.
Dados Convencionais - atributos alfanuméricos usados para
Como a inclusão de operadores geográficos do tipo “contém”, “vizinho
armazenar os dados descritivos e temporais;
a”, etc.), além da implementação de mecanismos de indexação espacial Dados Espaciais - atributos que descrevem a geometria, a
(= permitem organizar os dados de forma a manter sua relação com localização geográfica e os relacionamentos espaciais.
o espaço que ocupam) Dados Pictórios – que armazenam imagens sobre regiões
Entretanto, de forma geral, o modelo de banco de dados “orientado geográficas (ex.: fotografia de uma cidade ou uma imagem de satélite).
a objetos” é o mais utilizado para SIGs e outras aplicações específicas
que exigem uma complexidade maior (ex.: ArcGIS, SPRING). Neste Existem diversos tipos de sistemas que manipulam dados
tipo de banco de dados as informações são armazenadas na forma espaciais, como os sistemas de cartografia automatizada e os
de “objetos”: “qualquer módulo que contém rotinas de dados e sistemas de CAD (Projeto Auxiliado por Computador), porém, os SIG
estruturas, e é capaz de interagir com outros módulos similares, se diferenciam desses sistemas por dois motivos principais. Primeiro,
trocando mensagens”. por sua capacidade de representar os relacionamentos espaciais (ou
topológicos) entre fenômenos geográficos. Segundo, por permitir a
Com base nos estudos de Filho7, o termo Sistema de Informação realização de complexas operações de análise espacial com os dados
Geográfica (SIG) caracteriza os sistemas de informação que tornam geográficos.
possível a captura, modelagem, manipulação, recuperação, análise O termo Geomatics, usado em alguns países (ex.: Canadá), é
e apresentação de dados referenciados geograficamente (ou dados um termo “guarda-chuva” que engloba toda ciência ou tecnologia
georreferenciados). De forma geral, um software de SIG é um sistema relacionada a cadastro, levantamento, mapeamento, sensoriamento
composto de quatro grandes componentes: componente de captura remoto e SIG. Geomatics é definido como “o campo de atividades
de dados, componente de armazenamento, componente de análise e que, utilizando uma abordagem sistêmica, integra todos os meios
componentes de apresentação dos dados. empregados na aquisição e gerenciamento de dados espaciais
usados em aplicações científicas, administrativas, legais e técnicas,
6 MEDEIROS, Anderson. http://andersonmedeiros.com/geotecnologias-parte2/ envolvidas no processo de produção e gerenciamento de informação
7 FILHO, Jugurta Lisboa. Projeto de Banco de Dados para Sistemas de Informação
Geográfica.
espacial”. No Brasil, Geomatics corresponde a Geoprocessamento.

26
Portanto, o termo Sistema de Geoprocessamento engloba
todos os sistemas computacionais capazes de processar dados
georreferenciados, tais como os sistemas de cartografia automatizada
(CAC), sistemas de processamento de imagens, sistemas de
gerenciamento de redes de infraestrutura, sistemas de apoio a projeto
(CAD) e, principalmente, os SIG. No Brasil, frequentemente, o termo
sistema de geoprocessamento têm sido utilizado, pela comunidade de
usuários, como sendo sinônimo de sistema de informação geográfica.
O número de problemas onde os SIG são empregados aumenta
a cada dia. Tradicionalmente, estes sistemas têm sido utilizados por
instituições públicas, empresas de prestação de serviço de utilidade
(ex. companhias de água, luz e telefone), na área de segurança militar
e em diversos tipos de empresas privadas (ex.: engenharia civil,
terraplanagem). A seguir, é apresentada uma relação das diversas
áreas de aplicação de SIG, divididas em cinco grupos principais,
segundo.

Ocupação Humana - redes de infraestrutura; planejamento e


supervisão de limpeza urbana; cadastramento territorial urbano;
No contexto do Geoprocessamento, a criação e desenvolvimentos
mapeamento eleitoral; rede hospitalar; rede de ensino; controle
dos chamados Banco de Dados Geográficos (BDG) tem sido cada vez
epidemiológico; roteamento de veículos; sistema de informações
mais explorada, em vista de sua ampla potencialidade de aplicação.
turísticas; controle de tráfego aéreo; sistemas de cartografia náutica;
Em certo sentido, todo local, físico ou virtual onde são armazenados
serviços de atendimentos emergenciais.
dados pode ser considerado um banco de dados. O próprio site que
Uso da Terra - planejamento agropecuário; estocagem
você está acessando pode ser considerado, sob este ângulo, um banco
e escoamento da produção agrícola; classificação de solos;
de dados.
gerenciamento de bacias hidrográficas; planejamento de barragens;
Já nos casos onde dados são armazenados (em meio digital) na
cadastramento de propriedades rurais; levantamento topográfico e
forma de tabelas relacionáveis entre si através de campos chaves,
planimétrico; mapeamento do uso da terra.
temos o que é chamado de banco ou base de dados relacional. Este tipo
Uso de Recursos Naturais - controle do extrativismo vegetal
de banco de dados convencional é hoje utilizado pelos mais diversos
e mineral; classificação de poços petrolíferos; planejamento de
ramos de atividade. Para gerencia de banco de dados convencionais
gasodutos e oleodutos; distribuição de energia elétrica; identificação
faz-se uso de softwares chamados Sistemas Gerenciadores de Banco
de mananciais; gerenciamento costeiro e marítimo.
de Dados (SGBD). São exemplos de programas desse tipo: PostgreSQL,
Meio Ambiente - controle de queimadas; estudos de modificações
MySQL, Access e Oracle.
climáticas; acompanhamento de emissão e ação de poluentes;
gerenciamento florestal de desmatamento e reflorestamento.
Diferenciais dos BDG
Atividades Econômicas - planejamento de marketing; pesquisas
Os Bancos de Dados Geográficos, também são chamados de
sócio-econômicos; distribuição de produtos e serviços; transporte de
Banco de Dados Espaciais (BDE). Sua estrutura de funcionamento é
matéria-prima.
semelhante ao descrito acima, com a grande diferença de suportar
feições geométricas em suas tabelas. Os BDE oferecem a possibilidade
Levando em consideração ainda os estudos de Filho, estudaremos
de análise e consultas espaciais. Em outras palavras esse tipo de
os componentes do SIG:
banco possibilita a realização de cálculos como áreas, distâncias e
centróides, além de realizar a geração de buffers (zona de influência)
Os SIG precisam armazenar grandes quantidades de dados
e outras operações entre as geometrias.
e torná-los disponíveis para operações de consulta e análise.
Os SGBD convencionais não suportam a implementação de BDG
Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SBGD) são ferramentas
de forma nativa. Por isso, diversas empresas desenvolvedoras desses
fundamentais para os SIG, embora alguns sistemas comerciais ainda
programas criaram extensões espaciais que possibilitam trabalhar
utilizem sistemas de arquivos para fazer o gerenciamento dos dados.
com esse tipo de informação espacial. Um exemplo do uso dessas
Com o objetivo de encontrar soluções adequadas para o problema do
extensões é o PostGis, que é a extensão espacial do famoso SGBD de
gerenciamento de dados georreferenciados, diversas pesquisas têm
código aberto PostgreSQL. A figura abaixo mostra a relação entre o
sido realizadas por parte da comunidade de banco de dados, sob os
BDG, o PostgreSQL (SGBD) e o PostGis (sua extensão espacial).
temas de banco de dados espaciais e geográficos.
Atualmente, a arquitetura mais empregada na construção
dos SIG é a que utiliza um sistema dual, onde o SIG é composto
de um SGBD relacional, responsável pela gerência dos atributos
descritivos, acoplado a um componente de software responsável pelo
gerenciamento dos atributos espaciais. A tendência atual é que os
novos SIG estão incorporando características de sistemas orientados
a objetos.
Segundo Antenucci8, os SIG constituem-se na integração de
três aspectos distintos da tecnologia computacional (Figura):
sistemas de gerenciamento de banco de dados geográficos (BDGeo);
procedimentos para obtenção, manipulação, exibição e impressão de
dados com representação gráfica (Interface); e algoritmos e técnicas
para análise de dados espaciais (Ferramentas).

8 ANTENUCCI, J. C. et al. Geographic Information Systems: a guide to the technolo-


gy. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991.

27
Ao construir um banco de dados geográficos será possível realizar consultas tais como:

“Que cidades são vizinhas ao município de Jacaraú?”


“Que municípios são cortados pelo Rio Paraíba do Sul?”
“Que quadras estão num raio de um quilômetro em relação ao local onde ocorreu determinado assalto?”
“Que distância entre a comunidade rural e a escola mais próxima?”

Note que essas questões não podem ser respondidas através de um banco de dados convencional, pois estes não armazenam a componente
espacial, nem relações de topologia, como adjacência e pertinência. Apenas um BDG permitiria que essas questões fossem respondidas com
base na posição geográfica de cada elemento do banco. Para visualização da realidade armazenada no banco, diversos softwares de SIG como o
gvSIG podem ser integrados aos SGBD com função espacial.

FORMATO DE DADOS CARTOGRÁFICOS: RASTER, VETOR, REQUISITOS DE TOPOLOGIA

Tipos de Representação

Segundo Sano Assad, existem duas classes de representações computacionais de mapas:


- Matriciais (raster)
- Vetoriais

28
Dados Raster (ou bitmap, que significa mapa de bits em inglês) são imagens que contêm a descrição de cada pixel, em oposição aos gráficos
vectoriais. O tratamento de imagens deste tipo requer ferramentas especializadas, geralmente utilizadas em fotografia, pois envolvem cálculos
muito complexos, como interpolação, álgebra matricial, etc.
Um bitmap pode ser monocromático, em escala de cinza ou colorido. Normalmente os pixels são formados no padrão RGB, do inglês Red,
Green, Blue, que utiliza três números inteiros para representar as cores vermelho, verde e azul ou RGBA, quando o formato possui transparência
(sendo A o nível de alfa de cada pixel). Para mídias impressas às imagens bitmap ou raster utilizam o modo de cor CMYK (Ciano, Magenta,
Amarelo e Preto).

Exemplo ampliado de um bitmap em comparação a um gráfico vetorial.

Imagem bitmap ampliada, mostrando os percentuais de cores primárias em cada pixel.

Necessidade de compactação
A cada ponto da imagem exibida na tela ou papel corresponde um pixel desta grade, de forma que a maioria das imagens requer um número
muito grande de pixels para ser representada completamente. Por exemplo, uma imagem comum de 800 pixels de largura por 600 de altura
necessita de 3 bytes para representar cada pixel (um para cada cor primária RGB) e mais 54 bytes de cabeçalho. Isso totaliza 1.440.054 bytes.
Embora a representação de imagens na memória RAM seja feita geralmente em bitmaps, quando se fala em um grande número de imagens
armazenadas em discos magnéticos e transmissão de dados via redes surge a necessidade de compressão desses arquivos, para reduzir o
espaço ocupado e o tempo de transmissão.
A compactação de dados pode ser com perda ou sem perda. Os principais formatos adotados para a compressão de dados na internet são o
Compuserve GIF, o JFIF (conhecido por JPEG), e o mais atual e livre o PNG.

29
No Modelo Matricial (ou Raster)9 o terreno é representado por uma matriz M(i,j), composta por i colunas e j linhas, que definem células,
denominadas como pixels (Picture element). Cada pixel apresenta um valor referente ao atributo, além dos valores que definem o número da
coluna e o número da linha, correspondendo, quando o arquivo está georreferenciado, a um par de coordenadas x e y que se encontre dentro
da área abrangida por aquele pixel.

Características Gerais
- As células constituem uma partição da área de estudo e a cada uma delas é associado o valor de um atributo.

- Os tipos de valores que podem ser atribuídos às células é variável e podem ser:
- Valores inteiros (frequentemente utilizados);
- Valores reais;
- Alfanumérico.

- Formato compatível com dados oriundos de scanners e sensores remotos.


- Forma mais adequada para representar feições ou fenômenos contínuos no espaço, como: elevação, precipitação, declividade e dados
geoquímicos – interpolação (próximo slide).
- Também adequado para armazenar e manipular imagens de sensoriamento remoto. Os atributos dos pixels representam um valor
proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela superfície terrestre.

OBS.: Para identificação e classificação dos elementos geográficos, é necessário recorrer às técnicas de processamento digital de imagem e
de fotointerpretação (Ex. Software Spring, INPE).

Exemplo de Interpolação
Dados em apenas alguns pontos de coleta. O resto dos pontos do mapa é gerado através de aproximações proporcionais a estes valores.

9 Baseado nos estudos de Tiago Badre Marino – Geoprocessamento - Departamento de Geociências.

30
Resolução Espacial
“Resolução Espacial é a capacidade de distinguir entre pontos adjacentes” (Dicionário Webster)

Em dois documentos visualizados na mesma escala, o de maior resolução espacial apresentará pixels de menor tamanho, já que discrimina
objetos de menor tamanho. Por exemplo, um arquivo com a resolução espacial de 1 m possui maior resolução do que um de 20 m – NÃO
CONFUNDIR!

As medidas de área e distância serão mais exatas nos documentos de maior resolução mas, por sua vez, eles demandam mais espaço para
o seu armazenamento.

O tamanho de cada célula afeta muitas propriedades dos dados raster, incluindo a área destes. O número de células aumenta quando há
redução da dimensão da célula - mais memória computacional. Maior precisão para medição de distâncias e áreas quanto maior a segmentação.

A dimensão da célula também afeta a exatidão espacial do dado. A exatidão posicional esperada não é melhor que aproximadamente a
metade do tamanho da célula. Ex.: Mapa com resolução de 10 metros pode apresentar erros de localização de até 5 metros.

Assim, o tamanho da célula não pode ser maior que duas vezes a exatidão esperada para o propósito da representação.

Métodos de Compactação Raster


- Compactações de dados raster são baseadas em algoritmos que reduzem o tamanho do arquivo, mantendo as informações nele contidas.
- Há maior eficiência quando a compactação é aplicada a áreas homogêneas, nas quais muitas células de mesmo valor estarão agrupadas,
caracterizando redundâncias.
- Algoritmos de compressão de dados removem muitas dessas redundâncias.
- Quanto mais homogênea a imagem, maior será a intensidade da compactação.
- De modo análogo, quanto mais heterogênea a imagem raster, menor o grau de compactação obtido.

Métodos de Compactação Raster: Run-Length-Coding


- Método comum de compressão de dados baseado na gravação do percurso sequencial dos valores de células raster.
- Cada percurso é gravado com um valor e um comprimento;

31
- O número à esquerda do par, representa o número de células na linha e o número à direita representa o valor da célula.
- Assim, 2:9, listado na primeira linha do exemplo, indica que a célula de valor 9 aparece duas vezes consecutivas.

Local: Restinga da Marambaia


Dimensões: 4000x1000 pixels
Tamanho do arquivo no formato BMP (SEM COMPACTAÇÃO): 13,1 Mbytes
Tamanho do arquivo no formato RST/SAGA (COM COMPACTAÇÃO RUN-LENGTHCODING): 72,0 Kbytes

Métodos de Compactação Raster: “Quad Tree”


“Método de compactação de dados raster, pela subdivisão consecutiva do espaço em quadrantes.”
(Teixeira e Christofoletti, 1997)

A estrutura Quadtree é hierárquica. A cada interação o sistema armazena os quadrantes de células homogêneas e subdivide quadrantes
de células heterogêneas. O sistema permanece realizando interações e decompondo os quadrantes até não encontrar mais regiões de células
heterogêneas.

Métodos de Compactação Raster: “Quadtree”

32
Representação Vetorial10

“As representações vetoriais, têm em comum o fato de que os domínios espaciais são representados por conjuntos de traços, deslocamentos
ou vetores, adequadamente referenciados.”

Rodrigues (1990).

Ponto: Geralmente utilizado na representação de objetos de pequenas dimensões espaciais. Usa um par de coordenadas simples para
representar a localização de uma entidade. O tamanho ou a dimensão da entidade pode não ser uma informação importante, somente sua
localização pontual. Ex: Lotes podem ser representados na base espacial por um ponto, e ter armazenados como atributos, área, proprietário,
tipo de uso, valor venal, etc.

Linha: Definidas como um conjunto ordenado de pontos interligados por segmentos de reta (polígono aberto). O ponto inicial e o final são
denominados nós e os pontos intermediários são chamados de vértices. É utilizada na representação de entes cuja largura não convém ser
expressada graficamente. Ex: estradas, cursos de água, redes de saneamento, redes de linhas de transmissão de energia elétrica, entre outras.

Polígono: São usados para representar áreas e são definidos como um conjunto ordenado de pontos interligados, onde o primeiro e último
ponto coincidem. Atributos podem ser associados aos polígonos como área, perímetro, uso e ocupação do solo, nome, etc. Ex: Lotes, quadras,
unidades territoriais, propriedades rurais.

Propósito da Representação

A adoção de uma das três formas de representação de um determinado ente, depende do propósito com que observamos o objeto do mundo
real que estamos representando.

Generalização: é a simplificação ou eliminação de detalhes. Está associada à escala de representação de uma carta. Diminuir escala implica
na simplificação dos objetos. Pode ser necessário:

- o ignorar as áreas muito pequenas;


- o transformar polígonos em pontos ou linhas (slide anterior).

10 Baseado nos estudos de Tiago Badre Marino – Geoprocessamento - Departamento de Geociências.

33
Exemplo de Generalização

a) Escala 1:50.000

b) Escala 1:100.000

c) Escala 1:250.000

34
d) Escala 1:1. 000.000

Modelo Vetorial - Spaguetti

“Modelo gerado pela digitalização de entidades gráficas de acordo com sua própria configuração espacial. Os dados vetoriais, compostos por
segmentos de linhas, NÃO são estruturados topologicamente.”

(Teixeira e Christofoletti, 1997)

Não possibilita realização de operações topológicas, como: fluxo ou roteamento, proximidade, sobreposições, dentre outras análises devido
à ausência de conexão entre seus vértices e nós. Não existe indicação sobre os pontos onde as linhas se cruzam. Exemplo de fonte de informação
deste tipo:

- Mapas digitalizados à mão, em mesa digitalizadora ou no monitor (vetorização manual).

Estes tipos de dados são encarados como dados não tratados, ou não estruturados. É normalmente utilizado apenas para visualização
da informação gráfica. É muito pouco adequado para usar num SIG como modelo de dados. Para executar as operações usuais é necessário
procurar as relações espaciais entre os elementos, o que é muito moroso (lento, complexo).

Topologia
Topologia é a parte da matemática que estuda as propriedades geométricas que não variam mediante uma deformação e especialmente o
relacionamento espacial entre objetos, como, por exemplo, proximidade e vizinhança. Formas e coordenadas dos objetos são menos importantes
que os elementos do modelo topológico, como por exemplo, conectividade, contiguidade e continência – vide ilustrações a seguir.

Mapa Topológico
Mapas esquemáticos de metrô. A distância entre estações é a mesma representada no esquema. Mas na realidade não é. Ali, o que importa
ao público alvo é a relação de vizinhança.

35
Representação da Topologia (Metrô)

Representação da Geometria (Metrô)

Modelo Vetorial com Topologia


Topologia: propriedades geométricas que não variam mediante uma deformação. Denotam as estruturas de relacionamentos espaciais
(vizinhança, proximidade, pertinência, conectividade, adjacência, entre outras) que pode se estabelecer entre objetos geográficos.

36
Podemos observar no mapa que: os polígonos A e B; C e D são adjacentes (vizinhos); As linhas 1, 2 e 3 estão conectadas; Os pontos I e II
pertencem ao polígono A, o ponto III ao polígono B, o ponto IV ao polígono C e o V ao polígono D; Além disto, podemos fazer diversas medições
referentes às dimensões das feições.

Os polígonos A e B; C e D continuam sendo adjacentes; As linhas 1, 2 e 3 permanecem conectadas. Os pontos I e II continuam pertencendo
ao polígono A, o ponto III ao polígono B, o ponto IV ao polígono C e o V ao polígono D. Porém se realizarmos medidas sobre as dimensões das
feições estas terão valores diferentes do mapa anterior.

37
Comparação entre Vetor e Raster

Qual é melhor, modelo raster ou vetorial? Nenhuma das duas classes de representação de dados é melhor em todas as condições ou para
todos os dados. Ambos apresentam vantagens e desvantagens relativas a cada um:
- Em alguns casos é preferível manter dados no formato raster e em outros no formato vetorial.
- Mesmo assim, a maioria dos dados podem ser representados em ambos os formatos, podendo ainda ser convertidos entre eles.

Algumas vantagens do modelo de representação raster sobre o modelo de representação vetorial:


- A forma de organização das células em linhas e colunas é muito simples e com codificação numa estrutura lógica na maioria das linguagens
de computador.
- A posição de cada célula é dada pelo número da linha e coluna em que ela se encontra.
- Facilita operações algébricas entre camadas (operações com matrizes), correspondendo a operações algébricas entre os pixels de camadas
sobrepostas corretamente, ou seja, georreferenciada e com mesma resolução espacial. Este processamento é utilizado na elaboração de
mapas de susceptibilidade (potencial/risco); o valor obtido por cada pixel, após as operações algébricas, pode ser classificado em níveis de
susceptibilidade (baixo, médio, alto).

Algumas vantagens do modelo de representação vetorial sobre o modelo de representação raster:

- Os modelos vetoriais geralmente destacam-se, como de armazenamento mais compacto.


- Grandes regiões homogêneas são armazenadas pelas coordenadas dos seus limites no modelo vetorial, enquanto que no modelo raster são
armazenadas como um grupo de células.
- Dado vetorial é mais adequado para representar redes (networks) e outras feições lineares conectadas – algoritmos baseados em grafos.
- O modelo vetorial permite que os relacionamentos topológicos estejam disponíveis junto com os objetos, já no modelo matricial eles devem
ser inferidos no banco de dados. Esta propriedade possibilita que os arquivos vetoriais sejam mais adequados para execução de consultas
espaciais.

Referência: http://www.ufrrj.br/lga/tiagomarino/aulas/5%20-%20Representacao%20de%20Dados%20Espaciais%20-%20Raster%20
x%20Vetor%20x%20TIN.pdf

ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÕES GEOESPACIAIS EM AMBIENTE DE BANCO DE DADOS RELACIONAL E ORIENTADO A OBJETO

Banco de Dados Relacional

O modelo relacional é um modelo de dados, adequado a ser o modelo subjacente de um Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), que
se baseia no princípio em que todos os dados estão guardados em tabelas (ou, matematicamente falando, relações). Toda sua definição é teórica
e baseada na lógica de predicados e na teoria dos conjuntos. O conceito foi criado por Edgar Frank Codd em 1970, sendo descrito no artigo
“Relational Model of Data for Large Shared Data Banks”. Na verdade, o modelo relacional foi o primeiro modelo de dados descrito teoricamente,
os bancos de dados já existentes passaram então a ser conhecidos como (modelo hierárquico, modelo em rede ou Codasyl e modelo de listas
invertidas).
O modelo relacional para gerência de bases de dados (SGBD) é um modelo de dados baseado em lógica e na teoria de conjuntos. Em
definição simplificada, o modelo baseia-se em dois conceitos: conceito de entidade e relação - Uma entidade é um elemento caracterizado pelos
dados que são recolhidos na sua identificação vulgarmente designado por tabela. Na construção da tabela identificam-se os dados da entidade.
A atribuição de valores a uma entidade constrói um registro da tabela. A relação determina o modo como cada registro de cada tabela se associa
a registros de outras tabelas.

38
Historicamente ele é o sucessor do modelo hierárquico e do No modelo relacional a principal construção para representação
modelo em rede. Estas arquiteturas antigas são até hoje utilizadas dos dados é a relação, uma tabela com linhas não ordenadas e colunas.
em alguns data centers com alto volume de dados, onde a migração é Uma relação consiste de um esquema e de uma instância. O esquema
inviabilizada pelo custo que ela demandaria; existem ainda os novos especifica o nome da relação e o nome e o domínio de cada coluna,
modelos baseados em orientação ao objeto, que na maior parte das também denominada atributo ou campo da relação. O domínio
vezes são encontrados como kits em linguagem formal. do atributo é referenciado no esquema por seu nome e serve para
O modelo relacional foi inventado pelo Frank Codd e restringir os valores que este atributo pode assumir. O esquema de
subsequentemente mantido e aprimorado por Chris Date e Hugh uma relação é inváriavel ao longo do tempo, sendo modificado apenas
Darwen como um modelo geral de dados. No Terceiro Manifesto por comandos específicos. Um exemplo de esquema de relação é:
(1995) eles mostraram como o modelo relacional pode ser estendido Students (sid: string, name: string, login: string, age: integer, gpa:
com características de orientação a objeto sem comprometer os real).
seus princípios fundamentais. A linguagem padrão para os bancos Neste caso está sendo definida a relação de nome Students,
de dados relacionais, SQL, é apenas vagamente remanescente do com atributos sid, name, login, age e gpa, cujos domínios são
modelo matemático. Atualmente ela é adotada, apesar de suas respectivamente string, string, string, integer e real. A instância de
restrições, porque ela é antiga e muito mais popular que qualquer uma relação é o conjunto de linhas, também denominadas tuplas
outra linguagem de banco de dados. ou registros, distintas entre si, que compõem a relação em um dado
A principal proposição do modelo relacional é que todos os momento. Ela é variável, já que o número de tuplas e o conteúdo de
dados são representados como relações matemáticas, isto é, um seus atributos podem variar ao longo do tempo. A instância de uma
subconjunto do produto Cartesiano de n conjuntos. No modelo relação deve seguir sempre o seu respectivo esquema, respeitando o
matemático (diferentemente do SQL), a análise dos dados é feita em número de atributos definidos, bem como os seus domínios.
uma lógica de predicados de dois valores (ou seja, sem o valor nulo); Esta restrição, denominada restrição de domínio, é muito
isto significa que existem dois possíveis valores para uma proposição: importante. O modelo relacional somente considera relações que
verdadeira ou falsa. Os dados são tratados pelo cálculo relacional ou satisfaçam esta restrição. Um exemplo de uma instância para o
álgebra relacional. esquema Students é ilustrado na Figura.
O modelo relacional permite ao projetista criar um modelo lógico
consistente da informação a ser armazenada. Este modelo lógico
pode ser refinado através de um processo de normalização. Um banco
de dados construído puramente baseado no modelo relacional estará
inteiramente normalizado. O plano de acesso, outras implementações
e detalhes de operação são tratados pelo sistema DBMS, e não devem
ser refletidos no modelo lógico. Isto se contrapõe à prática comum
para DBMSs SQL nos quais o ajuste de desempenho frequentemente
requer mudanças no modelo lógico.
Os blocos básicos do modelo relacional são o domínio, ou tipo
de dado. Uma tupla é um conjunto de atributos que são ordenados
em pares de domínio e valor. Uma relvar (variável relacional) é um O número de tuplas que uma dada instância possui denomina-
conjunto de pares ordenados de domínio e nome que serve como um se cardinalidade da relação e o número de atributos é o seu grau.
cabeçalho para uma relação. Uma relação é um conjunto desordenado A instância de relação da Figura tem cardinalidade 3 e grau 5. Note
de tuplas. Apesar destes conceitos matemáticos, eles correspondem que a cardinalidade é variável, mas o grau não. Um banco de dados
basicamente aos conceitos tradicionais dos bancos de dados. Uma relacional é um conjunto de uma ou mais relações com nomes
relação é similar ao conceito de tabela e uma tupla é similar ao distintos. O esquema do banco de dados relacional é a coleção dos
conceito de linha. esquemas de cada relação que compõe o banco de dados.
O princípio básico do modelo relacional é o princípio da
informação: toda informação é representada por valores em relações Características
(relvars). Assim, as relvars não são relacionadas umas às outras no
momento do projeto. Entretanto, os projetistas utilizam o mesmo - Organização dos dados - conceitos do modelo - atributo, relação,
domínio em vários relvars, e se um atributo é dependente de outro, chave.
esta dependência é garantida através da integridade referencial. - Integridade - restrições básicas para dados e relacionamentos.
- Manipulação - linguagens formais e SQL.
Exemplo de um BD Relacional
Organização
O modelo apresenta cinco conceitos:

1- Domínio: conjunto de valores permitidos para um dado.


Exemplos
- inteiro, string (domínios básicos)
- data, hora (domínios compostos)
- [0, 120], (‘M’, ‘F’) (domínios definidos)
39
Para um domínio existem operações válidas - As relações são definidas por esquemas do tipo R(A1, A2, …, An),
- inteiro (somar, dividir, i1 maior que i2, ...) onde R é o nome da relação e A1, A2, …, An é a lista de atributos.
- data (extrair dia, extrair mês, d1 anterior a d2, ...)
5- Chave: Conjunto de um ou mais atributos de uma relação.
Definição de domínios de dados
- DDL (indicação de tipos de dados [+RIs])
Tipos de chaves
- Conjunto de valores atómicos que caracterizam um atributo.
- No modelo relacional os atributos não podem ser do tipo - chave primária (pk)
composto ou multi-valor.
- dom(Ai) representa o domínio do atributo Ai. • atributo(s) cujo (conjunto de) valor(es) identifica(m)
unicamente uma tupla em uma relação
2- Atributo: Um item de dado do BD. Possui um nome e um • notação para a pk de uma relação R: pk(R)
domínio. Exemplos • conceitos associados – chaves candidatas e chaves alternativas
- nome: string • exemplos – alunos: matrícula
- idade: [0,120] – cidades: (nome, estado)

- Nome que identifica uma característica/propriedade de uma


- chave estrangeira (fk)
relação.
- R.Ai representa o atributo Ai da relação R.
• atributo(s) de uma relação R1 que estabelece(m)
3- Tupla: Um conjunto de pares (atributo, valor) - uma equivalência de valor com a chave primária de
- define uma ocorrência de um fato do mundo real ou de um - uma relação R2 (fk(R1) → pk(R2))
relacionamento entre fatos • notação para uma fk de uma relação R: fk(R)
• domínio(fk(R1)) = domínio(pk(R2))
Valor de um atributo • R1 e R2 podem ser a mesma relação
- definido no momento da criação de uma tupla • exemplos – alunos: curso (referência a um código de curso)
- deve ser: – cursos: código
• compatível com o domínio OU NULL (valor inexistente ou
indeterminado)
Superchave
• atômico (indivisível: não estruturado e monovalorado)

Exemplo – tupla de aluno: - Subconjunto de atributos de uma relação para a qual todos os
{(nome, ‘João’), (idade, 34), tuplos são diferentes.
(matrícula, 03167034), ...} - Permite identificar de forma única os tuplos de uma relação.
- Todas as relações têm por defeito uma superchave – o conjunto
- Sequência ordenada de valores. de todos os atributos da relação.
- Todos os tuplos de uma relação são necessariamente diferentes,
pois representam entidades ou relacionamentos específicos da base Chave
de dados.
- Os tuplos são definidos por sequências do tipo <v1, v2, …, vn>, - Superchave mínima – a remoção de um atributo de uma chave
onde cada vi corresponde ao valor do tuplo para o atributo Ai ou ao
resulta num subconjunto de atributos que não é uma superchave.
valor NULL.

vi ∈ dom(Ai) ou vi = NULL. Chave Primária

- t[Ai] ou t[i] representa o valor do tuplo t para o atributo Ai. - Uma relação pode ter várias chaves, mas apenas uma deve ser
designada como a chave primária da relação.
4- Relação - A escolha da chave primária de uma relação é arbitrária, mas, no
- Composto por um cabeçalho e um corpo. entanto é usual escolher a chave com o menor número de atributos.
- Cabeçalho - No esquema de uma relação, a chave primária é representada
• número fixo de atributos (grau da relação) sublinhada.
• atributos não ambíguos
Chaves Externas
- Corpo
• número variável de tuplas (cardinalidade da relação)
- Conjunto de atributos E de uma relação R1 que referenciam a
- Subconjunto do produto cartesiano de todos os domínios D1 X chave C de outra relação R2.
D2 X ... X Dn de atributos. Logo, relação é um conjunto - na prática, - O domínio dos atributos E é o mesmo dos atributos C.
uma relação em um BD é chamada tabela. - Os valores de E para um determinado tuplo de R1 ou ocorrem nos
• uma tabela admite uma coleção de tuplas valores de C para um tuplo de R2 ou são NULL.
- A chave externa E de R1 define uma restrição de integridade
- Conjunto não ordenado de tuplos. referencial de R1 para R2 (garante a consistência entre os tuplos de
- As relações representam entidades-tipo ou relacionamentos da R1 e R2).
base de dados. - No esquema relacional, a chave externa E é representada por um
arco de E para C.

40
Esquema Relacional da BD Empresa Existem dois fatores principais que levam a adoção da tecnologia
de banco de dados orientados a objetos. A primeira, é que em um
banco de dados relacional se torna difícil de manipular com dados
complexos (esta dificuldade se dá, pois o modelo relacional se baseia
menos no senso comum relativo ao modelo de dados necessário
ao projeto e mais nas contingências práticas do armazenamento
eletrônico). Segundo, os dados são geralmente manipulados pela
aplicação escrita usando linguagens de programação orientada a
objetos, como C++, C#, Java, Python ou Delphi (Object Pascal), e
o código precisa ser traduzido entre a representação do dado e as
tuplas da tabela relacional, o que além de ser uma operação tediosa
de ser escrita, consome tempo. Esta perda entre os modelos usados
para representar a informação na aplicação e no banco de dados é
também chamada de “perda por resistência”.

SQL História
Structured Query Language, ou Linguagem de Consulta Os sistemas de gerenciamento de banco de dados orientado a
Estruturada ou SQL, é a linguagem de pesquisa declarativa padrão objetos cresceram fora das pesquisas durante o começo da metade
para banco de dados relacional (base de dados relacional). Muitas dos anos 80, buscando ter sustentação intrínseca da gerência da
das características originais do SQL foram inspiradas na álgebra base de dados para objetos gráfico-estruturados. O termo “sistema
relacional. de banco de dados orientado a objetos” surgiu originalmente por
O SQL foi desenvolvido originalmente no início dos anos 70 nos volta de 1985. Projetos de pesquisa notáveis incluem Encore-Ob/
laboratórios da IBM em San Jose, dentro do projeto System R, que Server (Brown University), EXODUS (University of Wisconsin), IRIS
tinha por objetivo demonstrar a viabilidade da implementação (Hewlett-Packard), ODE (Bell Labs), ORION (Microelectronics and
do modelo relacional proposto por E. F. Codd. O nome original da Computer Technology Corporation or MCC), Vodak (GMD-IPSI), e
linguagem era SEQUEL, acrônimo para “Structured English Query Zeitgeist (Texas Instruments). O projeto ORION teve mais artigos
Language” (Linguagem de Consulta Estruturada, em Inglês), vindo publicados do que qualquer outro. Won Kim, do MCC, compilou os
daí o fato de, até hoje, a sigla, em inglês, ser comumente pronunciada melhores destes artigos num livro publicado pelo MIT Press.
“síquel” ao invés de “és-kiú-él”, letra a letra. No entanto, em português, Surgiram produtos comerciais, como o GemStone (Servio Logic,
a pronúncia mais corrente é a letra a letra: “ésse-quê-éle”. alterado para GemStone Systems), Gbase (Graphael), e Vbase
A linguagem é um grande padrão de banco de dados. Isto decorre
(Ontologic). No começo da metade dos anos 90 vimos novos produtos
da sua simplicidade e facilidade de uso. Ela se diferencia de outras
comerciais entrarem no mercado. Deste inclui-se ITASCA (Itasca
linguagens de consulta a banco de dados no sentido em que uma
Systems), Matisse (Matisse Software), Objectivity/DB (Objectivity,
consulta SQL especifica a forma do resultado e não o caminho para
Inc.), ObjectStore (Progress Software, adquirido pela eXcelon, a
chegar a ele. Ela é uma linguagem declarativa em oposição a outras
linguagens procedurais. Isto reduz o ciclo de aprendizado daqueles qual era originalmente Object Design), ONTOS (Ontos, Inc., alterado
que se iniciam na linguagem. para Ontologic), O2 (O2 Technology, surgiu de várias companhias,
Embora o SQL tenha sido originalmente criado pela IBM, adquirido pela Informix, qual por sua vez foi adquirida pela IBM),
rapidamente surgiram vários “dialectos” desenvolvidos por outros POET (agora da FastObjects da Versant que adquiriu a Poet Systems),
produtores. Essa expansão levou à necessidade de ser criado e e Versant Object Database (Versant Corporation). Alguns destes
adaptado um padrão para a linguagem. Esta tarefa foi realizada produtos se mantem no mercado, tendo alguns se unido com novos
pela American National Standards Institute (ANSI) em 1986 e produtos.
ISO em 1987. O SQL foi revisto em 1992 e a esta versão foi dado o Os Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados Orientados
nome de SQL-92. Foi revisto novamente em 1999 e 2003 para se a Objetos adicionaram o conceito de persistência à programação
tornar SQL:1999 (SQL) e SQL:2003, respectivamente. O SQL:1999 orientada a objetos. No início os produtos comerciais eram
usa expressões regulares de emparelhamento, queries recursivas e integrados com várias linguagens GemStone (Smalltalk), Gbase
gatilhos (triggers). Também foi feita uma adição controversa de tipos (Lisp), e Vbase (COP). O COP era o C Object Processor, uma linguagem
não escalados e algumas características de orientação a objeto. O proprietária baseada no C (COP é diferente de C++. Apesar de ambas
SQL:2003 introduz características relacionadas ao XML, sequências terem C como base C++ também foi influenciada Pela Simula).
padronizadas e colunas com valores de auto-generalização (inclusive Durante praticamente todos os anos 90, o C++ dominou o mercado
colunas-identidade). comercial de Gerenciadores de Banco de Dados Orientados a Objetos.
Tal como dito anteriormente, embora padronizado pela ANSI e Os vendedores acrescentaram o Java no final dos anos 90 e mais
ISO, possui muitas variações e extensões produzidos pelos diferentes recentemente o C#.
fabricantes de sistemas gerenciadores de bases de dados. Tipicamente
a linguagem pode ser migrada de plataforma para plataforma sem Recursos Técnicos
mudanças estruturais principais. Outra aproximação é permitir para Num banco de dados orientado a objetos puro, os dados são
código de idioma procedural ser embutido e interagir com o banco de armazenados como objetos onde só podem ser manipulados pelos
dados. Por exemplo, o Oracle e outros incluem Java na base de dados, métodos definidos pela classe de que estes objetos pertencem. Os
enquanto o PostgreSQL permite que funções sejam escritas em Perl, objetos são organizados numa hierarquia de tipos e subtipos que
Tcl, ou C, entre outras linguagens. recebem as características de seus supertipos. Os objetos podem
conter referências para outros objetos, e as aplicações podem
Banco de Dados Orientado a Objetos – BD OO conseqüentemente acessar os dados requeridos usando um estilo de
Um banco de dados orientado a objetos é um banco de dados navegação de programação.
em que cada informação é armazenada na forma de objetos, ou seja, A maioria dos bancos de dados também oferece algum tipo de
utiliza a Estrutura de dados denominada Orientação a objetos, a qual linguagem de consulta, permitindo que os objetos sejam localizados
permeia as linguagens mais modernas. O gerenciador do banco de por uma programação declarativa mais próxima. Isto é, na área das
dados para um orientado a objeto é referenciado por vários como
linguagens de consulta orientada a objetos. A integração da consulta
ODBMS ou OODBMS.

41
com a interface de navegação faz a grande diferença entre os produtos ODMG
que são encontrados. Uma tentativa de padronização foi feita pela O ODMG (Object Database Management Group) era um consórcio
ODMG (Object Data Management Group) com a OQL (Object Query de vendedores de banco de dados orientados a objetos e mapeadores
Language). objeto-relacionais, membros da comunidade acadêmica, e parceiros
O acesso aos dados pode ser rápido porque as junções geralmente interessados. A meta era criar um conjunto de especificações que
não são necessárias (como numa implementação tabular de uma permitiriam a portabilidade das aplicações que armazenam objetos
base de dados relacional), isto é, porque um objeto pode ser obtido em sistemas de gerenciamento de banco de dados. Foram publicadas
diretamente sem busca, seguindo os ponteiros. Outra área de variação várias versões desta especificação. O último release foi a ODMG 3.0.
entre os produtos é o modo que este schema do banco de dados é Em 2001, a maioria dos principais vendedores de banco de dados
definido. Uma característica geral, entretanto, é que a linguagem de orientado a objetos e mapeadores de objeto-relacionais reivindicaram
programação e o schema do banco de dados usam o mesmo modo de a conformidade com a ODMG Java Language Binding. A conformidade
definição de tipos. com os demais componentes da especificação foi variada. Em 2001, o
Aplicações multimídia são facilitadas porque os métodos de classe ODMG Java Language Binding foi submetido para o Java Community
associados com os dados são responsáveis pela correta reprodução. Process como base para a especificação Java Data Objects. As
Muitos bancos de dados orientados a objetos oferecem suporte a companhias membras do ODMG decidiram então concentrar esforços
versões. Um objeto pode ser visto de todas as várias versões. Ainda, na especificação do Java Data Objects. Como resultado, a ODMG se
versões de objetos podem ser tratadas como objetos na versão dissolveu em 2001.
correta. Alguns bancos de dados orientados a objetos ainda provêem Várias ideias do banco de dados orientado a objetos foram
um suporte sistemático a triggers e constraints que são as bases dos absorvidas pela SQL: 1999 e tem sido implementadas em vários
bancos ativos. graus nos produtos de banco de dados objeto-relacional. Em 2005
Cook, Rai e Rosenberger propuseram abandonar todos os esforços de
Vantagens e Desvantagens padronização para introduzir APIs adicionais de consulta orientadas
Benchmarks entre ODBMSs e relacionais DBMSs tem mostrado a objetos e, ao invés disso, usar as próprias linguagens orientadas a
que ODBMS podem ser claramente superiores para certos tipos objetos, como o JAVA e o NET. Como resultado surgiram as Consultas
de tarefas. A principal razão para isto é que várias operações são Nativas (Native Queries). Similarmente, a Microsoft anunciou a LINQ
feitas utilizando interfaces navegacionais ao invés das relacionais, e (Language Integrated Query) e DLINQ, uma implementação do LINQ,
o acesso navegacional é geralmente implementado de forma muito em setembro de 2005, para prover a aproximação da capacidade da
eficiente por ponteiros. linguagem de consulta integrada do banco de dados com as linguagens
Críticos das tecnologias baseadas em Bancos de Dados de programação C# e VB.NET 9.
Navegacionais, como os ODBMS, sugerem que as técnicas baseadas Em fevereiro de 2006, o OMG (Object Management Group)
em ponteiros são otimizadas para “rotas de pesquisa” ou pontos de anunciou que havia concedido o direito de desenvolver novas
vista muito específicos. Entretanto, para o propósito de consultas especificações baseadas na especificação ODMG 3.0 e a formação do
gerais a mesma informação, técnicas baseadas em ponteiros tenderão ODBT WG (Object Database Technology Working Group). O ODBT WG
a ser mais lentas e mais difíceis de se formular do que as relacionais. planeja criar um conjunto de especificações que incorporará avanços
Desta maneira, a abordagem navegacional parece simplificar para da tecnologia de banco de dados orientados a objetos (ex. replicação),
usos dos específicos conhecidos às custas do uso geral, ignorando gerenciamento de dados (ex. indexação espacial) e formato de dados
usos futuros. (ex. XML) e incluir novas características dentro deste padrão que dará
Outra coisa que trabalha contra os ODBMS parece ser a perda suporte ao dominios onde os bancos de dados orientados a objeto
da interoperabilidade com um grande número de ferramentas/ estão sendo adotados (ex. sistemas de Tempo real).
características que são tidas como certas no mundo SQL, incluindo
a indústria de padrões de conectividade, ferramentas de relatório, Estrutura e Caracterísiticas
ferramentas de OLAP e backup, e padrões de recuperação. Baseado nos estudos de Galante11 et. al., o objeto é formado
Adicionalmente, banco de dados orientado a objetos perdem o como se fosse uma tripla (i, c, v), onde o i é o OID do objeto, o c é
fundamento formal matemático, ao contrário do modelo relacional, e um construtor, ou seja, que tipo de valor ele vai receber ex.: atom,
isto às vezes conduz a fraqueza na sustentação da consulta. Entretanto tuple, set, list, bag, array e v é o valor corrente. Então o objeto passa a
esta objeção é descartada pelo fato que alguns ODBMSs suportam suportar aquilo que foi definido para ele. Se ele vai receber um valor
totalmente o SQL em adição ao acesso navegacional (Objectivity/ atômico ele só aceitará valores atômicos. Os construtores de tipos
SQL++). Mas, o uso eficaz pode requerer acordos para manter ambos sets, bags, lists e arrays são caracterizados como tipos de coleções e a
os paradigmas sincronizados. diferença entre eles é a seguinte:
De fato há uma tensão intrínseca entre a noção de - Sets e bags, o primeiro só aceita valores distintos enquanto o
encapsulamento, que esconde os dados e somente os disponibiliza segundo aceita valores duplicados.
através de uma interface de métodos publicados, e o presuposto de - Lists e arrays, o primeiro só aceita números arbitrários, enquanto
muitas tecnologias de bancos de dados, de que estes dados podem o segundo, o tamanho deve ser pré-estabelecido.
ser acessados por consultas baseadas em seu conteúdo ao invés de
caminhos predefinidos. O pensamento centrado em bancos de dados Umas das características dos sistemas OO é ocultar informação
tende a ver o mundo através de forma declarativa e dirigida a uma e tipos abstratos de dados, sendo que é muito complicado aplicar
visão de atributos, enquanto a OOP tenta ver o mundo através um esse modelo na prática. Por exemplo, nos sistemas atuais para uma
ponto de vista comportamental. Esta é uma das várias “perdas por consulta em uma determinada tabela é necessário saber todos os
resistência” que envolvem OOP e banco de dados. atributos da tabela, para formar a consulta. Em um sistema OO, que
Embora alguns afirmem que a tecnologia de banco de dados preza pelo encapsulamento nem toda tabela pode enxergar a outra, o
orientado a objetos fracassou, os argumentos essenciais em seu favor que dificultaria muito as consultas.
permanecem válidos, e as tentativas de integrar as funcionalidades A ideia do encapsulamento em um BD OO, já que não dá para ser
de bancos de dados mais próxima as linguagens de programação aplicado a rigor, é pelo menos tratar o comportamento do objeto com
orientadas a objeto continuam tanto nas comunidades de pesquisa funções pré-definidas. Por exemplo, insert, delete, update etc. Ou
quanto nas industriais. 11 GALANTE, Alan Carvalho; MOREIRA, Elvis Leonardo Rangel; BRANDÃO, Flávio
Camilo. Banco de Dados Orientado a Objetos: uma realidade. http://www.fsma.
edu.br/si/edicao3/banco_de_dados_orientado_a_objetos.pdf

42
seja, a estrutura interna do objeto é escondida, e os usuários externos - VERSANT: trabalha com as seguintes linguagens: Java e
só conhecem a interface do tipo de objeto como os argumentos C++. É bastante utilizado nos sistemas telecomunicações, redes
(parâmetros), de cada operação. Então a implementação é oculta para de transporte, áreas médicas e financeiras. É um banco de dados
usuários externos que está incluído a definição da estrutura interna, comercial.
- DB4Objects: Trabalha com as seguintes linguagens: Java e .Net.
de dados do objeto e a implementação das operações que acessam
Sua linguagem de Consulta é a Object Query Language (OQL) e é um
essas estruturas. Enfim o BD OO propõe o seguinte, dividir estrutura banco de dados distribuído em duas licenças, a GPL (licença pública
do objeto em partes visíveis e ocultas então para operações que Geral) e uma licença comercial.
exigem atualização da base de dados torna se oculta e para operações - O2: Trabalha com as seguintes linguagens: C, C++ e o ambiente
que exige consultas, torna-se visível. (Elmasri, 2005) O2. Sua linguagem de Consulta: O2Query, OQL. Seu gerenciador do
Em grande parte, os bancos de dados OO tem suas restrições com Banco de Dados é o O2Engine, e é um banco de dados comercial.
relação às extensões, isto é, as extensões possuem o mesmo tipo ou - GEMSTONE: trabalha com as seguintes linguagens: Java, C++,
classe. Na Linguagem OO nem sempre é assim. Smalltalk, por exemplo, C#, XML e outras. Sua linguagem de Consulta é o DML. É um banco de
permite ter uma coleção de objetos de diferentes tipos. É comum dados comercial.
- JASMINE: Possui alta conectividade com Web, suporte à
em aplicações de banco de dados que cada tipo ou subtipo de dado linguagem Java. Pode-se ainda desenvolver aplicações em Visual Basic
possua uma extensão associada, que mantenha a coleção de todos os usando Active/X, em HTML (HyperText Markup Language) usando
objetos persistentes daquele tipo ou subtipo. Nesse caso, a restrição as ferramentas de conectividade para Web disponíveis no Jasmine,
é de que todo objeto numa extensão que corresponda a um subtipo em C e C++ usando APIs e em Java usando interfaces de middleware
também deva ser um membro de extensão que corresponda a seu embutidas no Jasmine. É um banco de dados comercial.
supertipo. Alguns sistemas de banco de dados OO possuem um tipo de - MATISSE: Trabalha com as seguintes linguagens: Java, C#, C++,
sistema predefinido (chamado de classe raiz (root) ou classe OBJETO, VB, Delphi, Perl, PHP, Eiffel, SmallTalk. É um banco de dados comercial.
cuja extensão contém todos os objetos do sistema. A classificação - Objectivity/DB: trabalha com as seguintes linguagens: C#;
C++; Java; Python, Smalltalk; SQL++ (SQL com objeto - extensões
então segue, designando objetos para supertipos adicionais que são
orientadas) e XML (para a importação e a exportação somente). É um
significativos para a aplicação, criando uma hierarquia de tipos ou banco de dados comercial.
hierarquia de classe para o sistema). - Ozone: trabalha com as seguintes linguagens: Java e XML. É um
Grande parte do modelo OO separa claramente o que é objeto banco de dados opensource.
persistente, e objeto transiente. Por exemplo, quando é realizada uma
consulta, é carregada uma lista de objetos numa classe transiente Modelo Relacional-OO
(temporária), o sistema pode manipular os dados nessa classe e O modelo relacional OO é a junção do modelo relacional com
assim que forem feitas as manipulações necessárias elas deixam de o modelo OO. Segue o padrão SQL 1999 e estendem a SQL para
incorporar o suporte para o modelo de dados relacional-objeto,
existirem.
gerencia transações, processamento e otimização de consultas. Como
Uma das grandes vantagens de um SGBDOO é que ele permite por exemplo, ele passou a ter construtores de tipos para especificar
salvar objetos grandes e depois obter a recuperação facilmente desses objetos complexos, passou a ter tuplas e array. Os construtores set,
grandes objetos como texto longos, imagens etc. Eles são considerados list, bag ainda não foram adicionados ao modelo. Nesse Modelo
não estruturados porque o SGBD não conhece a sua estrutura. A passou a ter identidade de objeto (reference type), encapsulamento
aplicação pode utilizar várias funções para manipular esses objetos. de operações e foram adicionados mecanismo de herança e
E o mais importante é que o SGBD não conhece essas funções, mas polimorfismo.
através de técnicas oferecidas por ele é capaz de reconhecer esses Mesmo com todas essas características a implementação
objetos e buscá-los no banco de dados. Caso o objeto seja muito fisicamente continua sendo feita através de tabelas, ou seja, como
um modelo relacional. A semântica da aplicação é modelada e
grande ele pode utilizar técnicas como buffering e caching. representada através de objetos, enquanto sua implementação
É importante frisar que SGBDOO não é capaz de processar física é feita na forma relacional. As principais extensões ao modelo
diretamente condições de seleções e outras operações desses relacional que caracterizam os modelos relacionais-objeto são:
objetos. É necessário que esses dados sejam passados para o BD para - definição de novos sistemas de tipos de dados, mais ricos,
que ele possa saber tratar os objetos corretamente. Por exemplo, incluindo tipos de dados complexos;
considere objetos que são imagens bitmap bidimensional. Suponha - incorporação de novas funcionalidades ao SGBD para manipular
que a aplicação precise selecionar a partir de uma coleção de tais este novos tipos complexos de dados, suporte a herança, possibilidade
objetos somente aqueles que incluem certo padrão. Nesse caso, o de manipulação de objetos diretamente por parte do usuário,
extensões feitas na linguagem SQL, para possibilitar manipular e
usuário deve fornecer o programa de reconhecimento do padrão,
consultar objetos.
como um método em objetos do tipo bitmap. O SGBDOO recupera,
então, um objeto do banco de dados e aplica nele o método para o
reconhecimento do padrão para determinar se o objeto adere ao
padrão desejado. Infraestrutura de dados espaciais:
Objetos complexos estruturados são os objetos que contém vários metadados geográficos; serviços web de
tipos de objetos dentro deles. Por exemplo, um objeto é composto de mapas; e Sensoriamento remoto:
um list, de tupla, de um set, isto é, o SGBDOO conhece todas essas tratamento digital de imagens e registro
estruturas, porém o objeto se torna complexo por composto de tipos de imagens e mosaicagem
de objetos diferentes.

Banco de Dados OO no mercado INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS


Existem vários bancos de dados orientados a objeto, discutir cada
um deles é essencial para a tomada de decisão. É importante saber No Brasil, o Decreto no 6.666, de 27/11/2008 (DOU de 28/11/2008,
qual modelo é mais apropriado para o uso da sua aplicação. A seguir p. 57), institui a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE)
estão alguns exemplos: e a define como o conjunto integrado de tecnologias; políticas;
mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento;
- CACHÉ: trabalha com as seguintes linguagens: Java, .Net, C++, padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o
XML e outras. É um banco de dados comercial. armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o

43
uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e O exame das diversas definições de IDE aqui apresentadas
municipal (BRASIL, 2008). demonstra que a definição proposta no Decreto no 6.666/08 –
Na bibliografia disponibilizada por comitês, órgãos continentais e transcrita no 1o § desta seção – é consistente com o que se encontra
nacionais, associações, universidades, conferências e iniciativas, tais na bibliografia especializada.
como: Cabe ainda observar que o marco legal da INDE brasileira
- GSDI (Global Spatial Data Infrastructure Association) acompanha a vertente mais atual e abrangente da definição de
- CP-IDEA (Comité Permanente para la Infraestructura de Datos uma IDE, na qual o conceito de serviços prevalece sobre o de dados
Geoespaciales de las Américas) geoespaciais. Nesse sentido, uma IDE pode ser entendida como um
- FGDC (Federal Geographic Data Committee, USA) x conjunto de serviços que oferecem uma série de funcionalidades
PCGIAP (Permanent Committee for GIS Infrastructure for Asia and úteis e interessantes para uma comunidade de usuários de dados
the Pacific) geoespaciais. Se antes a ênfase era nos dados que o usuário poderia
e outros, são encontrados diversos significados para o termo acessar, agora a ênfase recai nos variados “usos” que podem ser feitos
genérico Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE). A seguir, examinam- desses dados.
se alguns destes, ressaltando que os conceitos básicos relativos a Masser (2002) aponta o seguinte conjunto de motivações para a
dados e informações (geo)espaciais ou geográficas – aqui referidas implementação de uma IDE:
pela sigla IG - serão explorados na próxima seção.
O termo Infraestrutura de Dados Espaciais é usado frequentemente - A importância crescente da informação geográfica dentro
para denotar um conjunto básico de tecnologias, políticas e arranjos da sociedade de informação; x A necessidade de os governos
institucionais que facilitam a disponibilidade e o acesso a dados coordenarem a aquisição e oferta de dados;
espaciais (COLEMAN; MCLAUGHLIN, 1997; GSDI, 2000; PCGIAP, - A necessidade de planejamento para o desenvolvimento social,
1995). ambiental e econômico como citado por Clinton (Ordem Executiva
O Comitê Federal de Dados Geográficos dos Estados Unidos 1994, criação da IDE americana): “IG é crucial para promover
(FGDC, 1997) inicialmente definiu a sua “Infraestrutura Nacional de desenvolvimento econômico, melhorar nosso monitoramento de
Dados Espaciais” (NSDI) como “um conjunto de políticas, padrões e recursos e proteger o meio ambiente”;
procedimentos sob os quais organizações e tecnologias interagem - A modernização do governo, em todos os níveis de gestão e
para promover o uso, administração e produção mais eficientes desenvolvimento (aquisição, produção, análise e disseminação de
de dados geoespaciais”. Em 2004 o FGDC procedeu a uma revisão dados e informações).
desse conceito, no sentido de incorporar-lhe outras dimensões Quanto aos objetivos de uma IDE, destacam-se os seguintes:
fundamentais, a saber: atores/pessoas, construção de capacidade, - Compartilhar IG, inicialmente na administração pública, e depois
articulação com as Unidades Federadas e serviços. para toda a sociedade; x Incrementar a administração eletrônica no
O Conselho de Informação Espacial da Austrália e Nova Zelândia setor público;
(ANZLIC), responsável pela coordenação e desenvolvimento da IDE - Garantir aos cidadãos os direitos de acesso à IG pública para
australiana, destaca que a tomada de decisões; x Incorporar a IG produzida pela iniciativa
“Uma Infraestrutura de Dados Espaciais provê uma base para privada; x Harmonizar a IG disponibilizada, bem como registrar as
busca de dados espaciais, avaliação, transferência e aplicação para os características dessa IG; x Subsidiar a tomada de decisões de forma
usuários e provedores dentro de todos os níveis de governo, do setor mais eficiente e eficaz.
comercial e industrial, dos setores não lucrativos, acadêmicos e do A justificativa para a implantação de uma IDE está ligada,
público geral” (ASDI, 2004). fundamentalmente, a duas idéias (IGN, 2008):
Groot e McLaughlin (2000) definem uma IDE como o conjunto - O acesso aos dados geográficos existentes deve ocorrer de modo
de bases de dados espaciais em rede e metodologias de manuseio e fácil, cômodo e eficaz;
análise de informação, recursos humanos, instituições, organizações e - A IG deve ser reutilizada uma vez que tenha sido usada para o
recursos tecnológicos e econômicos, que interagem sobre um modelo projeto que justificou a sua aquisição, face aos custos elevados de sua
de concepção, implementação e manutenção, e mecanismos que produção.
facilitam a troca, o acesso e o uso responsável de dados espaciais a um É consenso internacional que uma IDE deve estar fundamentada
custo razoável para aplicações de domínios e objetivos específicos. em cinco pilares, ou componentes, os quais, segundo Warnest (2005),
Já Moeller (2001) ressalta a existência, na construção de IDEs são fortemente relacionados e interagem entre si. A Figura 1.1
ao redor do mundo, de “muitas diferenças: legais, organizacionais apresenta esses componentes e serve de base para a elaboração do
e econômicas, e muitos elementos comuns: padrões, dados presente Plano de Ação, como se pode notar nos temas e conteúdos
fundamentais, catálogos/clearinghouse e tecnologia”. [O conceito explorados em cada capítulo do plano.
de clearinghouse foi desenvolvido visando facilitar a busca, o
pedido, a transferência, e a venda eletrônica de dados espaciais
garantindo a disseminação de dados de diversas fontes pela Internet
(CROMPVOETS; BREGT, 2003; PAIXÃO; NICHOLS; COLEMAN, 2008).
Segundo Paixão; Nichols e Coleman (1997), “o termo infraestrutura
de dados espaciais (IDE) abrange recursos de dados, sistemas, redes,
normas e questões governamentais que envolvem informação
geográfica, a qual é entregue aos potenciais usuários através de
meios diversos”. Giff e Coleman (2003) ressaltam que uma IDE deve
fornecer um arcabouço eficaz e eficiente, que seja de fácil utilização,
capaz de agilizar a busca de dados geográficos pelos usuários.
A definição do Instituto Geográfico Nacional da Espanha também
merece registro:
Partindo-se da premissa de que os processos relacionados com
a informação geográfica (IG) devam ser unificados, que a IG deva
ser amplamente acessível, e que deva existir um consenso entre
instituições para compartilhar informação, o termo Infraestrutura
de Dados Espaciais é utilizado para se nomear o conjunto de
tecnologias, políticas, estruturas e arranjos institucionais que
facilitam a disponibilidade e o acesso à informação espacial (IGN / Componentes de uma IDE.
IDEE, chamada de IDE Nacional, 2008). Fonte: Adaptado de Warnest (2005).

44
Dados – Constituem o componente central. Numa IDE, quando se através de representações formais e, ao serem apresentados de forma
diz “dados” compreendem-se vários conjuntos de dados geoespaciais, direta ou indireta à consciência, servem de base ou pressuposto no
classificados em três categorias: de referência, temáticos e de valor processo cognitivo (DAVENPORT, 2001; HOUAISS, 2001; SETZER,
agregado. 2001;).
Pessoas – As partes envolvidas ou interessadas, também chamadas A informação é gerada a partir de algum tratamento ou
atores: o setor público e o setor privado respondem pela aquisição, processamento dos dados por parte do seu usuário, envolvendo,
produção, manutenção e oferta de dados espaciais; o setor acadêmico além de procedimentos formais (tradução, formatação, fusão,
é responsável pela educação, capacitação, treinamento e pesquisa exibição, etc.), processos cognitivos de cada indivíduo (LISBOA, 2001;
em IDE; e o usuário determina que dados espaciais são requeridos MACHADO, 2002; SETZER, 2001).
e como devem ser acessados (WILLIAMSON; RAJABIFARD; FEENEY, As características, compreensão, utilização e aplicação da
2003). informação variam conforme elas sejam tratadas por diferentes
Institucional – O componente institucional compreende as organizações e pessoas. Ikematu (2001) apresenta as seguintes
questões de política, legislação e coordenação. Da perspectiva de propriedades significativas da informação:
política, a custódia, o preço e o licenciamento têm papéis importantes x A informação é compartilhável infinitamente; x O valor da
(WARNEST, 2005). informação aumenta com o seu uso e a sua socialização;
A custódia trata da responsabilidade em assegurar que os x O valor da informação diminui com o tempo. Porém, a vida útil
conjuntos de dados de referência sejam adquiridos, produzidos e e seu histórico temporal variam conforme o tipo da informação. A
mantidos de acordo com especificações, padrões e políticas definidas informação para tomada de decisão tem uma vida útil maior que as
pela IDE, em atendimento a uma comunidade de usuários (MASSER, informações operacionais (dependendo da área do conhecimento ou
2002). A custódia, uma vez estabelecida, contribui para eliminar do tipo de negócio);
duplicidades, referência a informação, suporta a criação, produção e x O valor da informação aumenta quando ela é combinada/
administração dos dados, produtos e serviços de informação espacial, integrada com outro dado e também tem sua utilização ampliada
além de facilitar a aquisição de produtos de informação. quando é comparada e integrada com outra informação.
Os custos, política de preços, licenciamento e autorizações O conhecimento é definido como “informações que foram
de uso proveem os meios comercial e legal para salvaguardar os analisadas e avaliadas sobre a sua confiabilidade, sua relevância
interesses de provedores, bem como dos usuários. As questões e sua importância” (DAVENPORT, 2001), sendo gerado a partir da
políticas e legais são tratadas para assegurar o efetivo gerenciamento interpretação e integração de dados e informações. A combinação
de risco associado com o uso de informação espacial, e também e análise de dados e informações de várias fontes compõem o
com a finalidade de detalhar os termos e as condições para seu uso conhecimento necessário para subsidiar a tomada de decisão,
(THOMPSON; WARNEST; CHIPCHASE, 2003, apud PAIXÃO, NICHOLS; inerente a um negócio ou a um assunto a ser tratado.
COLEMAN, 2008). O conhecimento é dinâmico, sendo modificado pela interação
Tecnologia – Descreve os meios físicos e de infraestrutura do indivíduo com o ambiente, caracterizando um aprendizado.
necessários para o estabelecimento da rede e dos mecanismos Em uma visão mais ampla, Rezende aponta que o aprendizado é a
informáticos que permitam: buscar, consultar, encontrar, acessar, integração de novas informações em estruturas de conhecimento, de
prover e usar os dados geoespaciais. Teoricamente auxilia a manter, modo a torná-las potencialmente utilizáveis em processos futuros de
processar, disseminar e dar acesso a dados espaciais (WILLIAMSON, processamento e de elaboração por parte de cada indivíduo.
RAJABIFARD; FEENEY, 2003).
Normas e Padrões – Permitem a descoberta, o intercâmbio, 1.3.2 Dados e informações geoespaciais
a integração e a usabilidade da informação espacial. Padrões de Conforme apresentado por Aronoff (1989) e Borges (1997),
dados espaciais abrangem sistemas de referência, modelo de dados, “dados espaciais são quaisquer tipos de dados que descrevem
dicionários de dados, qualidade de dados, transferência de dados fenômenos aos quais esteja associada alguma dimensão espacial”.
e metadados (EAGLESON; ESCOBAR; WILLIAMSON, 2000, apud A medida observada de um fenômeno ou ocorrência sobre ou sob
PAIXÃO; NICHOLS; COLEMAN, 2008). a superfície terrestre é o que se denomina dado geográfico. Dados
geográficos ou geoespaciais ou georreferenciados são dados espaciais
1.3 Elementos da Arquitetura Informacional de uma IDE em que a dimensão espacial refere-se ao seu posicionamento na Terra
Esta seção focaliza os elementos essenciais da arquitetura e no seu espaço próximo, num determinado instante ou período de
informacional de uma IDE – dados, metadados e serviços – e tempo.
discorre sobre uma gama de conceitos importantes associados a tais
elementos. Os Capítulos 4 e 5 aprofundam as questões referentes a Longley et al. (2001) destacam que “o adjetivo geográfico se
dados, metadados e serviços no contexto particular da INDE. Neste refere à superfície e ao espaço próximo da Terra”, e “espacial refere-
capítulo, o enfoque é conceitual e informativo. se a algum espaço, não somente ao espaço da superfície da Terra”.
Como exemplos de espaços não geográficos pode-se citar: o espaço
1.3.1 Dados, informação e conhecimento cósmico, o espaço do corpo humano, que é captado por instrumentos
A literatura especializada evidencia a diversidade de conceituações que geram imagens para diagnósticos, e diversos outros espaços de
e termos empregados para designar dados espaciais, informação interesse das diferentes áreas do conhecimento.
geográfica ou geoespacial, bases geoespaciais e conhecimento
geoespacial. No entanto, num nível mais básico, constata-se que Observa-se recentemente a utilização, cada vez mais frequente,
existem conceituações e compreensões diversas do que vem a ser do termo “geoespacial” para designar uma região do espaço 3D que
dado, informação e conhecimento, embora esses conceitos sejam compreende a superfície da Terra, seu subsolo e o espaço próximo
intrinsecamente interdependentes. ao planeta (LONGLEY et al., 2001). Essa concepção, ilustrada
Pela importância de tais conceitos para o entendimento dos na Figura 1.2, aparece na denominação escolhida para a IDE do
capítulos subsequentes, este primeiro item da Seção 1.3 é dedicado Canadá: Infraestrutura de Dados Geoespaciais Canadense – CGDI.
aos mesmos. O Comitê Permanente para a Infraestrutura de Dados Geoespaciais
Dados são observações ou o resultado de uma medida (por das Américas (CP-IDEA) também preconiza o uso do termo dados
investigação, cálculo ou pesquisa) de aspectos característicos da geoespaciais.
natureza, estado ou condição de algo de interesse, que são descritos

45
Numa IDE de abrangência nacional, os dados de referência
podem variar com uma série de fatores tais como: o desenvolvimento
ambiental, o desenvolvimento científico e socioeconômico do país; o
nível tecnológico da produção de suas agências governamentais; as
suas características geográficas, territoriais e ambientais. A Figura
1.3 aponta os dados de referência de diversos países, que tipicamente
compreendem os seguintes conjuntos de dados:

- De controle geodésico;
- Das cartas topográficas e cadastrais; x Nomes geográficos; x
Limites político-administrativos; x Elevação e batimetria; e x Registro
de propriedades e terras.

Da perspectiva espacial à geográfica.


Fonte: CGDI (2000).

Para Lisboa (2001), a informação é obtida a partir do processamento


ou da contextualização de dados brutos ou processados. De forma
análoga, a informação geográfica é resultado do processamento de
dados geográficos. A sigla IG tem sido empregada neste documento
em referência às informações geográficas ou geoespaciais, que
compreendem os dados da, sobre a, sob a, e próximo à superfície
da Terra, sendo caracterizados por no mínimo três componentes:
espacial ou posicional; descritivo ou semântico; e temporal.
Bases geográficas ou bases geoespaciais agregam conjuntos
de dados identificados por seu posicionamento na superfície da
Terra. Tais conjuntos são descritos, na sua dimensão espacial, em Figura 1.3 - Dados de referência, por país.
relação a um sistema geodésico de referência e, na sua dimensão Fonte: Onsrud (2001).
descritiva, através de representações gráficas feitas em relação a um
determinado sistema cartográfico de referência. Os chamados dados temáticos de uma IDE são os conjuntos de
As bases geoespaciais são especializações das bases espaciais. dados e informações sobre um determinado fenômeno ou temática
As bases geodésicas e cartográficas são especializações das bases (clima, educação, indústria, vegetação, etc.) em uma região ou em
geográficas ou geoespaciais, que compreendem as observações e todo o país. Incluem valores qualitativos e quantitativos que se
as coordenadas das estações componentes do sistema geodésico referem espacialmente aos dados de referência, e normalmente
nacional (bases de dados geodésicos) e o mapeamento sistemático
estão ligados aos objetivos centrais da gestão dos seus respectivos
terrestre nacional (geográfico, topográfico e especial). Entretanto,
órgãos produtores. Os dados temáticos são gerados por diferentes
as bases de dados geoespaciais, em seu sentido mais amplo, incluem
as bases que retratam todos os temas relativos às informações do atores setoriais, regionais, estaduais, municipais ou de outro âmbito.
espaço próximo, da superfície e do subsolo do planeta Terra (bases A Figura 1.4 apresenta os conjuntos de dados temáticos de diversos
de dados temáticos). países.
No Marco Legal da INDE (Decreto no 6.666/08, DOU de
28/11/2008,p. 57), dados ou informações geoespaciais são definidos Cabe observar que oito países - Colômbia, Hungria, Indonésia,
como aqueles que se distinguem essencialmente pela componente Irlanda do Norte, Japão, Rússia, Suécia e EUA - assumem como dados
espacial, que associa a cada entidade ou fenômeno uma localização de referência conjuntos de dados geoespaciais considerados como
na Terra, traduzida por sistema geodésico de referência, em dado temáticos por outros países, como, por exemplo: vegetação; solos;
instante ou período de tempo, podendo ser derivado, entre outras geologia; cobertura e uso da terra, que são definidos especialmente
fontes, das tecnologias de levantamento, inclusive as associadas a
pelas características físico-ambientais e pela atuação dos setores
sistemas globais de posicionamento apoiados por satélites, bem
econômicos (agricultura, mineração e petróleo, e riscos naturais)
como de mapeamento ou de sensoriamento remoto (BRASIL, 2008).
de cada país. Não existe uma regra rígida para definição de dados
1.3.3 Classificação dos dados de uma IDE temáticos.
Dados de referência, numa IDE, são dados ou conjuntos de
dados que proporcionam informações genéricas de uso não
particularizado, elaborados como bases imprescindíveis para o
———————————————————————————
referenciamento geográfico de informações sobre a superfície do
território nacional. Podem ser entendidos como insumos básicos ———————————————————————————
para o georreferenciamento e contextualização geográfica de todas
as temáticas territoriais específicas. São de referência dados sobre os ———————————————————————————
quais se constrói ou se referência qualquer outro dado de referência
———————————————————————————
ou temático.
———————————————————————————
46
Figura 1.4 - Dados temáticos, por país.
Fonte: Onsrud (2001).

A bibliografia especializada aponta uma terceira classe de dados, além dos de referência e dos temáticos: os dados de valor agregado. Trata-
se de dados adicionados por usuários ou produtores (públicos ou privados) aos dados de referência e temáticos, por determinado interesse
e utilização específica, e que podem pertencer aos âmbitos setoriais, regionais, estaduais, municipais, urbanos e outros. Os dados de valor
agregado podem ter uma ampla diversidade de detalhamento temático e de cobertura geográfica.
Os dados de referência, temáticos e de valor agregado são considerados oficiais, no caso do Brasil, quando padronizados e homologados pelo
órgão competente. O § 2º do Art. 2º do Decreto nº 6.666/08 contempla o assunto, conforme abaixo:
“§ 2º Serão considerados dados geoespaciais oficiais aqueles homologados pelos órgãos competentes da administração pública federal, e
que estejam em conformidade com o inciso I do caput.” (O inciso I do caput trata da definição de dado ou informação geoespacial.)
O Capítulo 4 é dedicado aos dados e metadados da INDE, e um dos objetivos que se propõe para o mesmo é a identificação de quais conjuntos
de dados serão considerados de referência e temáticos na INDE brasileira. Essa análise deve levar em conta as necessidades e demandas por
IG do governo e da sociedade, e ser isenta de qualquer tipo de viés; particularmente do viés cartográfico, que tende a prevalecer nesse tipo de
discussão. É necessário que se tenha em mente que os conjuntos e bases de dados que compõem uma IDE não se restringem a mapas digitais e
que uma IDE também deve facilitar a disseminação e o acesso a esses dados.
1.3.4 Metadados e qualidade de documentos cartográficos
A evolução da ciência da computação, da tecnologia da informação e suas aplicações na produção de dados geoespaciais têm barateado
e popularizado o uso de geotecnologias tais como: Sistema de Informações Geográficas (SIG), Sensoriamento Remoto (SR), Sistema de
Posicionamento Global (GPS), Serviços Baseados em Localização (LBS). Contudo a integração consistente de dados oriundos de diversas fontes
(bases cartográficas de referência e bases temáticas) requer conhecimento de conceito, normas e especificações inerentes aos dados e às
aplicações a que se destinam.
O crescimento significativo no uso das geotecnologias em diversos setores, notadamente em planejamento e gestão territorial, tem
contribuído para a geração de grandes volumes de dados e informações geoespaciais por parte de organizações públicas e privadas. Entretanto,
como esses dados são normalmente produzidos para atender a requisitos específicos de projetos e aplicações, apresentam especificações e
características técnicas diversas.
Nesse contexto de produção e de especificações diversificadas, a interpretação e o uso adequado dos dados por diferentes tipos de usuários
demandam a disponibilização de um conjunto de informações sobre esses dados, que propicie a compreensão e o entendimento sobre a sua
aplicabilidade e forma de utilização. Os metadados são definidos por um conjunto de dados e informações que documenta e descreve os dados.
O vocábulo metadados adquiriu o significado popularizado de “os dados sobre o dado”. A bibliografia especializada aponta diversas
definições para metadados, no seu sentido mais amplo, e para metadados geoespaciais, que constituem uma especialização do conceito mais
amplo de metadados. A seguir são apresentadas algumas definições:

- Descrição de alto nível, disponibilizando informações sobre referenciamento espacial, qualidade, linhagem, periodicidade, acesso e
distribuição dos dados (GOODCHILD, 1997);
- Dados que identificam e descrevem como utilizar os dados (LONGLEY et al., 2001); e x Informação essencial para que os dados geográficos
sejam utilizados de forma consistente (PEREIRA et al., 2001).
Para Goodchild (1997), Lima, Câmara e Queiroz (2002), Ribeiro (1997), Weber et al. (1999), a utilização de metadados tem como objetivos
principais:
- Preservar os investimentos internos (das organizações) na produção dos dados; x Compor o portfólio de informação e dados das
organizações/instituições; x Prover informações para identificar, processar, interpretar e integrar dados de fontes externas.

47
Em síntese, pode-se dizer que os metadados têm por objetivo - Reduzem a duplicidade de esforços com a divulgação do elenco
documentar e organizar, de forma sistemática e estruturada, de dados das instituições.
os dados das organizações, facilitando seu compartilhamento e Pode-se elencar as seguintes orientações para a geração de
manutenção, além de disciplinar a sua produção, armazenamento e, metadados:
essencialmente, orientar a sua utilização nas diversas aplicações dos - Deve-se buscar a geração de metadados ao longo da produção
usuários. dos dados;
Em seu Art. 2º, inciso II, o Decreto nº 6.666/08 define - Em projetos de geração de dados deve-se prever os investimentos
“metadados de informações geoespaciais” da seguinte maneira: necessários para a geração de metadados;
“conjunto de informações descritivas sobre os dados, incluindo as - Na geração de metadados priorizar os conjuntos de dados mais
características do seu levantamento, produção, qualidade e estrutura atuais em relação aos mais antigos.
de armazenamento, essenciais para promover a sua documentação,
integração e disponibilização, bem como possibilitar a sua busca e As seções definidas nos diversos padrões de metadados
exploração.” geoespaciais existentes correspondem a três níveis de metadados: de
Com a utilização crescente da rede mundial de informação descoberta ou de identificação; de exploração; e de utilização (NGDF,
(Internet), a busca por dados e informações tem sido ampliada de 2000).
forma significativa. Os metadados tornam-se peças essenciais nesse Os metadados de identificação compreendem as informações
ambiente, provendo as descrições dos dados e, desse modo, permitindo necessárias para o usuário discernir sobre o conteúdo, formato e
que os dados se tornem úteis. Tais informações – os metadados – são extensão de um conjunto de dados geoespaciais. Esses metadados
constituídas por um conjunto de características sobre os dados que cobrem as questões referentes ao “o que, quem, onde, como e
nem sempre estão incluídas nos dados propriamente ditos. quando”, permitindo ao usuário decidir se o conjunto de dados é
A documentação de forma sistemática e estruturada dos dados potencialmente útil.
cartográficos, através de padrão de metadados geoespaciais, para a Os metadados de exploração relatam as informações relevantes
divulgação e disseminação de produtos da Cartografia Sistemática para os usuários avaliarem a adequação dos dados geoespaciais
Terrestre – escalas geográfica, topográfica e cadastral –, é considerada às exigências de suas aplicações. O conjunto de metadados (de
exploração) referente à qualidade informa sobre as especificações
um fator fundamental para que se garanta a utilização e integração
técnicas de produção consideradas na aquisição, tratamento e
desses dados e informações aos sistemas de informação e de apoio
representação cartográfica e geográfica dos dados. A existência
à decisão, para os quais a componente posicional seja relevante.
de medidas de qualidade de dados é fundamental para avaliar a
Os dados e informações contidos nos documentos da cartografia
confiabilidade de resultados obtidos a partir de aplicações de análises
sistemática terrestre são as referências geométricas do espaço
espaciais efetuadas com esses dados.
territorial, ou seja, retratam os elementos do meio físico e biótico da
Em geral, os metadados de qualidade de dados geoespaciais
porção do território nacional, modelados adequadamente para serem
descrevem: a linhagem, a acurácia, a consistência lógica, a completeza,
visualizados nas diversas escalas de representação cartográfica. e, dependendo do tipo de dados que se está descrevendo, a precisão,
Esses documentos correspondem às bases de referência para que restrições de captação/aquisição e os tratamentos (conversões,
outros temas possam ser compilados ou georreferenciados (ARIZA, correções, etc.) efetivados durante a produção de um conjunto de
2002; LONGLEY et al., 2001). dados.
Como a construção de sistemas de informação de abrangência Os metadados de utilização consistem nas seções que relatam
nacional tem sido, normalmente, um esforço de Estado/Nação, alguns as formas de obtenção dos dados, mídias para fornecimento, os
países iniciaram articulações internas e externas (através da criação requisitos computacionais (sistema operacional e aplicativos, dentre
de Comitês, Grupos de Trabalhos, etc.) para o desenvolvimento outros), os direitos autorais, as restrições e responsabilidades de uso.
de propostas de padrões de metadados para os seus sistemas de Nestes também são informados, opcionalmente, contatos adicionais
informação estatística, cartográfica, geodésica e ambiental. No para quaisquer dúvidas na utilização dos dados.
Brasil, observas e que poucas organizações estão implementando os Um perfil de metadados geoespaciais deve conter um conjunto
metadados de suas bases geoespaciais e, mesmo assim, não dispõem básico de elementos que retrate as características dos produtos
de um padrão de metadados geoespaciais. cartográficos derivados daqueles dados, e garanta sua identificação,
Com a evolução dos serviços disponibilizados no ambiente web exploração e utilização consistente. Esse conjunto básico é proposto
o intercâmbio de dados tem sido intensificado e facilitado pelo como o núcleo comum a todos os tipos de produtos cartográficos. Os
desenvolvimento de aplicativos para a transferência de informações. produtos de mapeamento especial, cadastral e temático requerem
Segundo Weber et al. (1999), “as aplicações de transferência de maior detalhamento dos itens de algumas seções dos metadados para
dados implicam numa série de ações conjuntas envolvendo acesso, retratar suas especificidades.
disponibilidade e adequação dos dados”, além das informações Analisando-se os conjuntos de informações que compõem os
necessárias para processar e utilizar o conjunto de dados, ou seja, os padrões de metadados geoespaciais existentes e considerando a
metadados. crescente produção de dados geoespaciais em ambiente digital
Cabe ressaltar que os metadados fornecem as informações nas últimas décadas, pode-se inferir que os documentos afetos à
necessárias para se conhecer o que um conjunto de dados oferece – cartografia sistemática terrestre requerem, para uma utilização
seu conteúdo e características –, além das formas de apresentação consistente, no mínimo:
e representação dos dados. Desse modo, os metadados informam as x Identificação; x Abrangência geográfica; x Organização espacial
características de dados a serem disponibilizados e acessados numa e referência espacial; x Linhagem (insumos e processos de produção);
IDE. x Qualidade e status; x Entidades e atributos; x Créditos e restrições
IGAC (2005) menciona a função e importância dos metadados, de uso; x Formas de fornecimento e de acesso; e x Referência dos
listadas a seguir: metadados.
A Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), através do seu
- Descrevem os recursos dos dados e sua organização; x Melhoram Comitê de Estruturação de Metadados Geoespaciais (CEMG), está
a produtividade interna das instituições; x São elementos-chave na implementando o Perfil de Metadados Geoespaciais Brasileiro (Perfil
gestão de dados geoespaciais; x Facilitam a reutilização da informação MGB) baseado no padrão ISO 19115, objeto de consulta pública para
e são importantes nos processos de divulgação, porquanto suportam que sejam acrescidas as contribuições e sugestões dos produtores
a busca e conhecimento dos dados existentes; e usuários deste tipo de dado. Esse tema é revisitado no Capítulo 4
deste documento.
48
A qualidade é entendida como a conformidade com especificações A produção de bases cartográficas e temáticas sem a devida
projetadas ou prescritas (ARIZA, 2002). O Quadro 1.1 apresenta documentação associada inviabiliza a aferição de sua qualidade. O
como a questão da qualidade foi e é tratada na Era Industrial e na controle e a documentação da produção fornecem as garantias de
Era da Informação (e Serviços), passando do controle de qualidade de geração consistente de dados, de preservação dos investimentos de
projetos, processos e produtos para a qualidade total e a certificação produção e de disseminação eficiente. Os metadados implementam
segundo padrões internacionais. de forma estruturada e padronizada essa documentação, informando
aos usuários o conteúdo, as características, as especificações, a
Quadro 1.1 - Evolução histórica de qualidade qualidade, as restrições e responsabilidades de uso dos produtos
disponibilizados.
Fase Industrial Ano
Quadro 1.3 - Processos geradores de erros na produção/uso de
Qualidade do produto 1775 dados geoespaciais
Qualidade do processo 1924
Qualidade do projeto 1975 PROCESSO MOTIVO
Fase de Informação (e Serviços) Ano
Modelagem Inadequação do modelo de dados
Controle total da qualidade 1956 conceitual
Círculos de qualidade 1960 Erros no trabalho de campo
Levantamento/
Qualidade total 1984 Erros nas fontes de informação utilizadas
aquisição de
Inexatidão da digitalização
Certificação 1987 dados
Inexatidão dos elementos geográficos
Sebastian e Col, apud Ariza (2002). Precisão numérica e espacial
Armazenamento
inadequada Erros de processamento
A expansão do uso de geotecnologias por usuários de outros
Erros de superposição
setores do conhecimento, alheios a questões de precisão cartográfica, Manipulação/
Intervalos de classes inadequados
tem ocasionado inadequações na utilização e integração de tratamento
dados (Quadro 1.2). Outras questões que concorrem para a Propagação de erros
inadequada utilização de bases cartográficas como referências para Erros de transformação de coordenadas
mapeamentos temáticos são: falta de capacitação adequada, ausência Representação Inexatidão de escala
de documentação e inadequação das bases cartográficas utilizadas. cartográfica Inexatidão do dispositivo de saída
Aspectos relevantes, tais como modelo de dados, aquisição, Deformações do suporte de reprodução
referenciais e tratamento geodésico/cartográfico e formas de
representação, armazenamento, entre outros itens técnicos de Entendimento
produção, são muitas vezes ignorados, contribuindo para a ocorrência Utilização incorreto Uso
de inconsistências na utilização de documentos cartográficos como inapropriado
referência para outras determinações (Quadro 1.3).
Fonte: Aronoff (1989).
Quadro 1.2 - Problemas usuais no manejo de informação
geoespacial 1.3.5 Serviços web e arquitetura orientada para serviços (SOA)
Serviços web podem ser entendidos como aplicações e
componentes de aplicações acessíveis pela web, capazes de trocar
QUESTÕES ORIGEM dados, compartir tarefas e automatizar processos pela Internet.
Pelo fato de se basearem em padrões simples e não proprietários,
Mídias diversas os serviços web possibilitam que programas se comuniquem
Formatos
diferentes diretamente uns com os outros e troquem dados independentemente
Cartográfica: de sua localização, plataformas de processamento, sistemas
Heterogeneidade Escalas operacionais ou linguagens.
Projeções O conceito de serviço web é central na compreensão do
Simbologia modelo funcional de uma IDE. Cada vez mais as IDEs vêm sendo
-Temática implementadas sob a filosofia SOA (Services Oriented Architecture
ou Arquitetura Orientada a Serviços), surgindo daí o conceito de
Diferentes datas de Infraestruturas de Dados Espaciais Orientadas a Serviços, que será
Referência temporal
elaboração aprofundado a partir desta seção.
Representação de Em um ambiente SOA, os nós da rede disponibilizam seus
Complexidade elementos com diversas recursos a outros nós na forma de serviços independentes, aos quais
geometrias todos têm acesso de um modo padronizado a partir de metadados
de serviços. Ao contrário das arquiteturas orientadas a objetos, as
Variedade de produtores SOAs são formadas por serviços de aplicação fracamente acoplados
Finalidades distintas e altamente interoperáveis. Para se comunicarem, esses serviços se
Múltipla procedência
Precisões diversas baseiam numa definição formal independentemente da plataforma
Métodos diferentes subjacente e da linguagem de programação.
Legenda (não completa) Através da SOA pretende-se que os componentes de software
Documentação Não adoção de padrões desenvolvidos sejam altamente reutilizáveis, já que a interface
de metadados entre tais componentes se define segundo um padrão público
Fonte: Adaptado de Ariza (2002). e aberto. Assim, um serviço desenvolvido na linguagem C#, por

49
exemplo, pode ser usado por uma aplicação Java. Desse modo, os Os protocolos preconizados pelo W3C estão cada vez mais
serviços web tendem a reduzir os custos de integração de software difundidos no mundo dos serviços web, sendo aqueles mais usados na
e compartilhamento de dados. A infraestrutura de padrões e serviços implementação de uma arquitetura SOA. Num nível mais básico são
web amplia consideravelmente o acesso dos usuários a recursos de eles que viabilizam as operações indicadas na Figura 1.5: “Publica”,
processamento. “Descobre” (ou “Encontra”) e “Conecta“ (ou “Requisita”, ou “Invoca”).
Uma definição alternativa para SOA é encontrada na Wikipedia: Tais protocolos são os seguintes:
SOA é uma metodologia de desenvolvimento de sistemas e x HTTP (Hyper Text Markup Language): especifica como o
integração, na qual a funcionalidade é agrupada em torno de processos navegador (browser) e o servidor intercambiam informação na forma
de negócio e empacotada na forma de serviços interoperáveis. de solicitação e resposta.
A SOA separa as funções em unidades distintas, ou serviços, que x XML (Extensible Markup Language): trata-se de um sistema de
são acessíveis através da rede para que possam ser combinados e codificação de dados na forma de texto; sua principal característica
reutilizados, com máxima flexibilidade, na criação de aplicações de é que pode ser “compreendido” e processado por software; terá um
negócio. papel importante na Web Espacial, pois serve de plataforma para a
A metodologia de modelagem e projeto para aplicações SOA GML, um padrão de codificação XML para dados espaciais, e também
se conhece como “análise e projeto orientado a serviços”. A SOA é porque metadados codificados em XML, para dados espaciais e
tanto um marco de trabalho para o desenvolvimento de software geosserviços, oferecem uma base para buscas em catálogos de dados
como um marco de trabalho de implantação. Para que um projeto e serviços.
SOA tenha êxito, a equipe de desenvolvimento deve pautar-se pela x SOAP (Simple Object Access Protocol): é uma especificação
mentalidade de criar serviços de uso compartilhado (de interesse de protocolo criada por Microsoft, IBM e outros, atualmente sob
comum). O desenvolvimento de sistemas segundo a SOA requer os auspícios do W3C, que define como dois objetos em diferentes
um compromisso com esse modelo em termos de planejamento, processos podem comunicar-se pelo intercâmbio de dados XML.
ferramentas e infraestrutura. Ou seja, define um modo uniforme de “entregar” ou passar dados
Na implementação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais codificados em XML.
Orientada para Serviços (IOS), a arquitetura de serviços web x UDDI (Universal Description, Discovery and Integration): é uma
assume a existência de três papéis – Provedor, Consumidor (também coleção de protocolos e APIs (Application Programming Interfaces)
chamado Usuário ou Cliente), Registro – os quais executam três tipos que permite o registro e a descrição de serviços web de modo que os
de operação segundo o esquema da Figura 1.5. mesmos possam ser catalogados e procurados; o registro no catálogo
UDDI é feito em XML. UDDI pode ser definido como o “catálogo de
negócios” da Internet, através do qual serviços web podem ser
comprados ou vendidos como qualquer outro produto de comércio
eletrônico.
x WSDL (Web Services Description Language): descreve a
interface pública aos serviços web e, assim como o SOAP, também se
baseia em XML; o WSDL descreve a forma de comunicação, vale dizer,
os requisitos do protocolo e os formatos das mensagens necessários
para interagir com os serviços listados no catálogo.
SOAP, UDDI e WSDL são tecnologias independentes de plataformas
que fazem uso extensivo de XML, uma linguagem padrão que é
usada para definir protocolos e codificar os pacotes de dados que
as aplicações empregam para se comunicarem entre si. Através de
mensagens SOAP o catálogo UDDI pode ser acessado. Como resultado
desse acesso é gerado um (ou mais) documento(s) WSDL contendo
a descrição dos requisitos do protocolo e os formatos da mensagem
solicitada para interagir com o(s) serviço(s) registrado(s) no catálogo.
Pela sua importância para este documento, os conceitos associados
aos geosserviços web e à IOS serão ampliados na próxima seção.

Figura 1.5 - Modelo de arquitetura SOA para IDE. 1.4 Geosserviços web: Base de uma IDE Orientada para Serviços
Fonte: IGN/IDEE (2008). (IOS)
O processamento de dados espaciais, ou geoprocessamento,
Provedores (também chamados de “Produtores” no caso de é um domínio de processamento que muito se beneficia da web. O
provedores de dados) disponibilizam ou publicam seus metadados geoprocessamento compreende um conjunto complexo e diversificado
(de dados ou de serviços) através de um agente intermediário, o de operações caras de se manter em sistemas standalone repletos
qual mantém um Registro contendo a descrição dos dados e serviços de recursos. A saída para esse problema está nos geosserviços web,
disponíveis (através de catálogos de dados e de serviços). Os que são concebidos para prover os usuários com funções integradas
Consumidores ou Usuários buscam e encontram os dados e serviços utilizáveis de modo seletivo como, por exemplo, converter dados
de que necessitam através do agente, e os requisitam ou invocam armazenados em dois ou mais servidores para o mesmo sistema de
diretamente dos Provedores. O acesso ao Registro geralmente é feito referência de coordenadas.
mediante um portal. O modelo de serviço é o modelo que governa a estrutura dos
No contexto de uma IOS é comum encontrarmos as expressões geosserviços web. É uma arquitetura na qual serviços individuais têm
geosserviços web ou serviços web OGC (OWS), pois os padrões e interfaces de tipos conhecidos. Estas são descritas em metadados de
protocolos mais utilizados são aqueles elaborados e disseminados por serviços, que se encontram disponíveis para os usuários através de
aquela que é, talvez, a organização internacional de maior influência uma solicitação padronizada pela OGC (comando Get Capabilities).
no campo de geoprocessamento pela web: a OGC (Open Geospatial Existem catálogos ou registros de serviços que oferecem acesso
Consortium). No entanto, existem protocolos ainda mais básicos a coleções de metadados de serviços através de consultas. Os
que os da OGC, elaborados e difundidos pelo W3C (World Wide Web geosserviços são endereçáveis por uma URL e estão disponíveis ao
Consortium), aos quais a OGC procura aderir. público através da Internet.

50
Na iniciativa de geosserviços web, a OGC vem construindo as
interfaces para serviços e dados espaciais e também definindo a
informação de metadados, tendo em vista assegurar que a arquitetura
funcionará em um ambiente de geoprocessamento distribuído. Alguns
dos serviços mais importantes especificados e documentados pela
OGC são descritos a seguir de forma resumida (IGN/IDEE (2008)):
WMS (Web Map Service)
Esse padrão OGC especifica o comportamento de um serviço que
produz, permite visualizar e consultar mapas georreferenciados. O
serviço WMS permite visualizar IG em geral e consultar as entidades
mostradas num mapa vetorial; permite superpor dados vetoriais a
dados matriciais em diferentes formatos, sistemas de referência
de coordenadas e projeções, situados em diferentes servidores. As
petições WMS podem ser feitas por um navegador padrão em forma
de URLs.
WFS (Web Feature Service)
Permite ao usuário acessar, consultar e até modificar (inserir,
atualizar e eliminar) todos os atributos de um fenômeno geográfico
representado em formato vetorial. Considera implicitamente que os Figura 1.6 - Infraestrutura de dados espaciais orientada para
dados vetoriais estarão no formato GML; no entanto, qualquer outro serviços.
formato vetorial pode ser utilizado. O repositório de dados só pode Fonte: Davis e Alves (2006).
ser visto através da interface WFS.
WCS (Web Coverage Service) Uma IDE Orientada para Serviços (IOS) pode ser entendida como
Em inglês, o termo coverage (“cobertura”) refere-se a um arquivo a confluência entre diversos provedores de dados geográficos, cada
ou conjunto de dados em formato matricial, usado para representar qual fornecendo acesso a dados através de serviços web específicos,
fenômenos com variações espaciais contínuas. O serviço WCS permite
que podem ser encontrados através de mensagens XML. Para
não apenas visualizar dados em formato matricial, mas também
escolher quais dados e quais serviços preenchem suas necessidades,
consultar o valor numérico associado a cada pixel. Diferentemente do
WFS, que devolve fenômenos geográficos discretos, o WCS devolve o usuário realiza buscas através de um repositório de metadados
representações de fenômenos espaciais que relacionam um domínio sobre informações e geosserviços disponíveis. Naturalmente,
espaço-temporal com um espectro de propriedades. os provedores de tais informações e geosserviços devem ter,
O WCS permite consultas complexas aos dados. Este serviço previamente, cadastrado os metadados no repositório (Figura 1.6).
possibilita que os dados sejam interpretados, extrapolados, etc., e não
somente visualizados, como acontece no WMS. Segundo Davis e Alves (2006) a idéia principal das IDEs é oferecer
Gazetteer (Serviço de Nomes Geográficos, no Brasil) serviços de acesso à IG, com base em catálogos de acervos de dados,
Esse serviço permite localizar um fenômeno geográfico mediante tornando indiferentes, aos olhos do usuário, o local, meio e estrutura
o seu nome. Devolve geometria das entidades que estão associadas física de armazenamento. Nas IDEs o acesso aos dados é realizado
ao nome do topônimo buscado, combina topônimos com buscas
apenas através de serviços; é possível encapsular a estrutura física
espaciais e localiza informação literal mediante textos ou buscas
dos dados. Nelas o usuário também não precisaria conhecer o local
espaciais. A consulta por nome permite fixar outros critérios como
a extensão espacial em que se deseja buscar, ou o tipo de fenômeno onde os dados estão armazenados, pois cada provedor de dados
dentro de uma lista disponível (rio, montanha, povoado, etc.). A se encarrega de registrar, junto a um serviço de catalogação, que
especificação OGC do Gazetter corresponde a um perfil do WFS. dados possui, onde estão, como estão organizados, e onde estão os
CSW (Web Catalog Service) metadados.
O CSW é uma especificação de serviço da OGC que permite a
publicação e o acesso a catálogos digitais de metadados para dados Os citados autores observam que nas IDEs basta que o usuário
e serviços geoespaciais, assim como outra informação de recursos. consulte um serviço para determinar se os dados que procura estão
Em termos básicos, o CSW permite publicar e buscar informação disponíveis e outro para avaliar detalhes sobre sua fonte e produção,
de dados, serviços, aplicações e, em geral, todo tipo de recurso. Os e, caso esteja satisfeito com as características dos dados, acione um
serviços de catálogo são indispensáveis para buscas e acesso aos
terceiro serviço para recuperá-los. O modelo proposto por aqueles
recursos registrados dentro de uma IDE. Trata-se do tipo de serviço
autores para a uma IOS lança mão da arquitetura de serviços da OGC,
implementado pelas chamadas Clearinghouses, que têm por objetivo
a busca e o acesso à IG. conforme ilustrado na Figura 1.7.
O presente Plano de Ação para a construção da INDE poderá
beneficiar-se da disponibilidade das especificações públicas e
abertas dos serviços web OGC, baseadas em protocolos e padrões ———————————————————————————
de ampla aceitação no mundo web, tendo em vista agilizar a oferta
de geosserviços para a comunidade de usuários do Brasil. Este ———————————————————————————
assunto será explorado com maior detalhamento, no que interessa à
implementação da INDE, no Capítulo 5 do presente documento. ———————————————————————————
Davis e Alves (2006) propõem uma arquitetura para o ———————————————————————————
desenvolvimento de uma infraestrutura de dados espaciais orientada
para serviços baseada na SOA, onde os dados são providos por ———————————————————————————
diferentes serviços de informação através de redes de computadores,
formando assim o que pode ser chamado de “segunda geração de ———————————————————————————
IDE”, conforme ilustrado na Figura 1.6.
———————————————————————————

51
Figura 1.7 - Arquitetura de serviços OGC.
Fonte: Davis; Alves (2006).

As IOS devem ser distribuídas, suportar múltiplas aplicações, clientes de diversos tipos, inúmeras fontes de dados, múltiplos grupos para
manutenção e atualização, todos formando um ambiente computacional heterogêneo. As IOS também não devem impor a adoção de produtos
específicos aos seus participantes, mas devem, ao contrário, prover uma visão arquitetural e determinar o conjunto mínimo de padrões
necessários para que exista interoperabilidade. Além disso, esses padrões precisam ser aceitos tão amplamente quanto possível.

METADADOS GEOGRÁFICOS.

Metadados podem ser basicamente definidos como “dados que descrevem os dados”, ou seja, são informações úteis para identificar, localizar,
compreender e gerenciar os dados. Quando documentamos os metadados e os disponibilizamos, estamos enriquecendo a semântica do dado
produzido, agregando seu significado real, e dando suporte à atividade de Administração de Dados executada pelo produtor desse dado. No
caso do IBGE, que produz dados, os metadados são fundamentais.
O Sistema de Metadados do IBGE visa facilitar o acesso do público em geral às informações produzidas pelo IBGE, descrevendo seu acervo
institucional. Através desse sistema é possível verificar características e documentos relacionados aos produtos do Instituto. Navegando pelos
metadados, o usuário do sistema pode localizar, interpretar e acessar os dados disponíveis nos sistemas de informação do IBGE.

Os Metadados Geoespaciais
Os metadados geoespaciais tem como objetivo descrever as características, possibilidades e limitações dos dados geoespaciais através de
informação estruturada e documentada, possibilitando a criação de repositórios de dados dessa natureza, os quais podem ser encontrados
pelos usuários através de um buscador geográfico ligado a diversos serviços, páginas e portais especificamente direcionados a este fim.
No IBGE, os dados espaciais consistem de bases cartográficas em diversas escalas, dados geodésicos, bem como atlas e mapas temáticos
relativos às áreas de geografia e meio ambiente, os quais requerem, portanto, documentação consistente e padronizada, que possibilitem seu
uso correto por parte da comunidade de usuários. Adotou-se um perfil baseado no padrão ISO19115:2003, oficialmente utilizado pelos órgãos
do Sistema Cartográfico Nacional.

Exemplo:

52
Categorias Com base na standardização realizada por um organismo estatal
Norte-americano denominado Federal Geographic Data Committee
- Agricultura e Aquicultura (FGDC), o objetivo principal dessa estandardização é o de se criar
- Ambiente um conjunto comum de terminologia e definições para conceitos
- Biomas relacionados com metadados.
- Clima e Meteorologia
- Cultura e Lazer Definição e usos mais significativos dos metadados
- Defesa Metadados são frequentemente descritos como “dados sobre
- Demografia dados”. Metadados não são mais do que informações adicionais (além
- Educação da informação espacial e tabular) que é necessária para que os dados
se tornem úteis. É informação essencial para que se possa fazer
- Elevação (altimétrica e batimétrica)
uso dos dados geográficos. Em suma, metadados é um conjunto de
- Energia
características sobre os dados que não estão normalmente incluídas
- Fauna e Flora
nos dados propriamente ditos. A partir desta definição pode então
- Geografia concluir-se os usos mais significativos dos metadados. São eles:
- Geologia e Recursos Minerais
- Geomorfologia (relevo) - Manter o investimento na organização interna dos dados
- Habitação geoespaciais;
- Hidrografia e Hidrologia - Providenciar informação sobre dados existentes sobre
- Imageamento e Ortoimagem determinada área de interesse, localização desses dados, grau de
- Indicadores actualização dos dados, formato e obstáculos à sua utilização;
- Limites Políticos-Administrativos (Nacional, Estaduais e - Providenciar informação necessária para processar e interpretar
Municipais) dados recebidos através de uma fonte exterior.
- Mapeamento Aeronáutico
- Mapeamento Básico Cadastral Principais funções desempenhadas pelos metadados
- Mapeamento Básico Geográfico Os metadados desempenham quatro funções:
- Mapeamento Básico Topográfico
- Mapeamento Fundiário Acessibilidade: dados necessários para determinar os conjuntos
- Mapeamento Náutico de dados existentes para uma determinada localização geográfica.
- Metadados de parceiros
- Meteorologia Compatibilidade de uso: dados necessários para determinar se
- Metodologia um conjunto de dados se enquadra em determinado fim.
- Monitoramento Ambiental (Indicadores Ambientais)
Acesso: dados necessários para que se adquira um conjunto de
- Monitoramento Ambiental (Riscos naturais e não naturais)
dados identificados.
- Nomes Geográficos
- Normas e Especificações
Transferência: dados necessários para processar e usar um
- Redes Geodésicas conjunto de dados.
- Riscos Naturais
- Saúde Organização dos Metadados
- Serviços Concessionados Os metadados são um elemento composto, constituído por outros
- Solos elementos compostos que representam diferentes conceitos sobre o
- Sócio-Economia conjunto de dados.
- Território Marítimo Elementos compostos: grupo de dados formados por dados
- Transporte individuais e ainda por outros elementos compostos. Representam
- Unidades Estatísticas conceitos de um nível superior cuja representação é impossível
- Unidades de Conservação (Áreas protegidas) através de dados individuais.
- Uso da Terra
- Vegetação Dados individuais: dados que são itens lógicos primitivos. A sua
- Áreas protegidas: Unidades de Conservação, Terras Indígenas, representação implica o nome do dado individual, a sua definição e
Áreas da União e outras. uma descrição dos valores que podem ser associados a esse elemento.

Segundo os estudos de Pereira12 et. al., devido á constante Metadados = Informações de identificação + Informação
evolução dos computadores e da área informática em geral os dados qualitativa dos dados + Informação sobre a organização dos dados
informáticos geográficos são agora cada vez mais acessíveis a um espaciais + Informação sobre referências espaciais + Informação
maior número de utilizadores. Estes utilizadores podem, agora, sobre atributos e entidade + Informação sobre distribuição +
Informação sobre a referência dos metadados.
realizar um sem número de trabalhos envolvendo este tipo de dados,
uma vez que estes estão disponíveis cada vez em maior número. Para
Informações de identificação: Informação básica sobre o
realizar tais trabalhos os utilizadores precisam nos dias de hoje de conjunto de dados;
muito maior informação acerca dos dados que usam. As organizações
públicas e privadas notam uma maior preocupação dos utilizadores Informação qualitativa dos dados: Apreciação geral sobre a
privados em saber a origem, história, qualidade e utilidades da qualidade do conjunto de dados;
informação digital por elas comercializada.
12 PEREIRA, André Valério Gomes; TAVARES, Gonçalo de Carvalho Oliveira; MAR- Informação sobre a organização dos dados espaciais:
TINS, João Miguel Pires Nunes; COELHO, Margarida Prazeres Santos. Metadados: Mecanismo usado para a representação espacial do conjunto de
Sistemas de Informação Geográfica. http://www.isa.utl.pt/dm/sig/sig20002001/
TemaMetadados/trabalho.htm
dados;

53
Informação sobre referências espaciais: dados de geo- - Pode ser mantido o estado atual numa aplicação quando da sua
referênciação, como por exemplo, descrição das unidades das transferência para uma aplicação diferente onde é possível continuar
coordenadas a utilizar com o conjunto de dados; com o mesmo contexto.

Informação sobre atributos e entidade: Informação acerca WEBMAPPING (WEBGIS)


da informação contida no conjunto de dados, incluindo o tipo de A internet vem se destacando nos últimos anos como uma
entidade, os seus atributos, e os domínios a partir dos quais podem excelente ferramenta para disponibilização e interligação de dados
ser atribuídos valores de atributos; das mais diversas fontes e naturezas. A geomática, como área do
conhecimento, também encontrou na internet um nicho para suas
Informação sobre distribuição: Informação sobre o distribuidor atividades. A disponibilização de mapas digitais online, os chamados
e opções para adquirir o conjunto de dados; WebGIS ou Webmapping, tem-se tornado comum, permitindo que um
maior número de usuários tenha acesso à dados espacializados, de
Informação sobre a referência dos metadados: Informação forma hábil e atraente.
acerca da actualidade dos dados e sobre a entidade responsável. É provável que o estopim para o crescimento das aplicações SIG
para internet tenha sido a popularização de serviços online gratuitos
Além desta divisão, cada referência atrás mencionada é ainda de localização como o Google Earth e Google Maps.
constituída por várias outras que, apesar de essenciais para a
descrição correcta dos dados geográficos, não serão por nós referidas Google Earth
para evitar que o presente estudo se torne demasiado específico e É um programa de computador desenvolvido e distribuído pela
consequentemente fora do âmbito do trabalho. empresa estadunidense do Google cuja função é apresentar um
modelito tridimensional do globo terrestre, construído a partir de
Importância dos Metadados mosaico de imagens de satélite obtidas de fontes diversas, imagens
Os metadados espaciais são de extrema importância uma vez que, aéreas (fotografadas de aeronaves) e GIS 3D. Desta forma, o
além de descreverem o conteúdo de determinado conjunto de dados, programa pode ser usado simplesmente como um gerador de mapas
permitem uma redução do tamanho dos conjuntos de dados. O fato bidimensionais e imagens de satélite ou como um simulador das
de se utilizar informação strandardizada faz com que os programas diversas paisagens presentes no Planeta Terra. Com isso, é possível
se tornem de mais fácil utilização, e os utilizadores possam mover identificar lugares, construções, cidades, paisagens, entre outros
facilmente dados entre diferentes sistemas e plataformas informáticas. elementos. O programa é similar, embora mais complexo, ao serviço
Ao se criar metadados está-se a criar uma strandardização de também oferecido pelo Google conhecido como Google Maps.
nomenclatura, definições, catalogação e operatividade para todo o Anteriormente conhecido como Earth Viewer, o Google Earth foi
tipo de informação geográfica. desenvolvido pela empresa Keyhole, Inc, uma companhia que a Google
Os metadados não são um fim em si mesmo, são sim uma adquiriu em 2004. O nome do produto foi alterado para Google Earth
ferramenta que melhora significativamente o trabalho na área dos em 2005 e está actualmente disponível para uso em computadores
dados geoespaciais e de grande importância para os utilizadores de pessoais com Mac OS X 10.3.9 ou superior, Microsoft Windows 2000
Sistemas de Informação Geográfica. ou XP e no dia 12 de Junho de 2006 foi lançada uma versão beta
para Linux. O Google fez melhorias ao cliente Keyhole e adicionou
SERVIÇOS WEB DE MAPAS as imagens de satélite da base de dados para o seu software de
mapeamento baseado na Internet. A maioria das grandes cidades do
Web Map Service (WMS) - (em Português, serviço de mapa pela planeta já está disponível em imagens com resolução suficiente para
Internet), é a especificação de um formato, que tem como objetivo visualizar edifícios, casas ou mesmo detalhes mais próximos como
poder colocar um mapa num ficheiro ou página na Internet. A norma automóveis. Todo o globo terrestre já está coberto com aproximação
“WMS 1.1.1” especifica como os servidores de mapas devem descrever de pelo menos 15 quilômetros.
e disponibilizar a sua informação geográfica. A especificação de
contexto estabelece a forma como um grupo de um ou mais mapas Recursos: atualmente, o programa permite girar uma imagem,
transferidos de um ou mais servidores deve ser descrita num formato marcar os locais que você conseguiu identificar para visitá-los
portável e multi-plataforma para armazenamento num repositório ou posteriormente, medir a distância entre dois pontos e até mesmo ter
para transferência entre aplicações. Esta descrição é conhecida como uma visão tridimensional de uma determinada localidade. No mês de
Web Map Context Document, ou simplesmente como contexto. maio de 2006 as imagens de satélite sofreram uma atualização e uma
Atualmente, os documentos de contexto são projetados para grande parte do Brasil já está em alta resolução. Mesmo pequenas
serviços de WMS. Contudo, a expansibilidade do formato permite cidades encontram-se disponíveis em detalhes.
que existam ligações futuras com outros serviços. Um documento de
Context inclui informação acerca dos servidores que disponibilizaram O Google Earth faz a cartografia do planeta, agregando imagens
as camadas que compõem o mapa, a área de visualização e a projeção obtidas de várias fontes, incluindo imagens de satélite, fotografia
partilhada por todos os mapas. Esta informação é suficiente para aérea, e sistemas de informação geográfica sobre um globo em 3D.
a aplicação reproduzir o mapa, contudo é adicionada informação Também é possível ver mapas antigos do planeta todo, com o recurso
auxiliar para descrever os mapas e a sua proveniência, para benefício Featured Content, nas layers (camadas).
de seus utilizadores. Esta especificação usa como estruturação XML
e existem inúmeras utilizações possíveis para documentos Context: Google Sky: o Google criou a nova versão do Google Earth, a partir
- Pode disponibilizar vistas de inicialização por defeito a classes da versão (Google Earth 4.2 - Sky), O Novo google sky permite navegar
de utilizadores. Um documento deste gênero teria um tempo de vida pela terra e pelo universo. Dentro do modo terra pode-se navegar por
extenso e acesso público. toda a parte como, Paris, Londres, etc. No modo Sky podem navegar
- Pode guardar o estado da visualização de uma aplicação, pelo universo, Marte, Urano, etc. O Google Earth é uma boa ferramenta
enquanto o utilizador navega e modifica as camadas do mapa. quando o assunto é pesquisa de lugares via satélite.
- Consegue manter não apenas as definições atuais, mas também
informação adicional acerca de cada camada (como estilos disponíveis, Google Marte: a partir da versão 5 do programa, o Google Earth
formatos, SRS, etc.) para evitar que o mapa seja requisitado de novo disponibiliza um recurso com o qual o planeta Marte pode ser
ao servidor assim que o utilizador seleciona uma camada. visualizado em alta resolução do mesmo modo que a Terra.

54
Google Lua: a partir da 2ª atualização da versão 5 do programa, Quando o programa começa, a vista do Google Earth está centrada
o Google Earth disponibilizou um novo recurso com o qual o nosso em Lawrence, Kansas, no entanto é possível fazer com que inicie no
satélite a Lua pode ser visualizada em alta resolução da mesma forma lugar desejado. O diretor de engenharia do Google Earth chama-se
que a Terra e Marte. Brian McClendon e a sua biografia online diz que ele licenciou-se em
1986 na Universidade do Kansas.
Titanic: nesse novo Google Earth, é possível visitar o navio RMS
Titanic. Se você pesquisar (Titanic) na busca de endereços, você irá Google Maps
direto ao navio. Deem mais zoom até chegarem ao fundo. É um serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens
de satélite da Terra gratuito na web fornecido e desenvolvido pela
Oceano: trata-se de uma atualização majoritária disponível empresa estadunidense Google. Atualmente, o serviço disponibiliza
a partir da versão 5 e criada para atender a solicitação por mais mapas e rotas para qualquer ponto nos Estados Unidos, Canadá,
recursos relacionados aos oceanos. Este recurso adiciona uma nova na União Europeia, Austrália e Brasil, entre outros. Disponibiliza
camada que possibilita a visualização elementos ligados a superfície também imagens de satélite do mundo todo, com possibilidade de um
e ao fundo dos oceanos, como locais de mergulho, naufrágios, pontos zoom nas grandes cidades, como Nova Iorque, Paris, São Paulo, Rio de
de surf e áreas de proteção marinha. Para essa adição a Google contou Janeiro, Brasília, entre outras.
com vários parceiros de peso, dentre eles a California Academy of Juntamente com o lançamento da versão brasileira do Google
Sciences, Monterey Bay Aquarium Research Institute e a National Maps, a empresa introduziu o Local Business Center, ferramenta que
Geographic Society. permite com que qualquer empresa faça seu cadastro e seja então
encontrada no Google Maps por qualquer usuário. No cadastro
Imagens históricas: com este recurso o Google Earth permite a as empresas podem preencher seus dados cadastrais, horário de
comparação, caso estejam disponíveis em seus arquivos, de imagens atendimento, formas de pagamento, logotipo e fotos, sendo necessária
de um mesmo local ao longo do tempo. confirmação do cadastro através de uma ligação telefônica, SMS ou
carta. Com uma conta Google, já é possível destacar as suas próprias
Simulador de voo: este simulador une as imagens de satélite do rotas, pontos e áreas, gerar comentários e compartilhar os respectivos
links de acesso ao mapa criado. Também é possível gerar um arquivo
google earth com um simulador de voo podendo até fazer pousos e
KML para integração com o Google Earth.
decolagens em aeroportos. Existem dois modelos o SR22 e o F-16.
Mapeamento da Lua: o Google Moon permite visualização da
Busca de endereços: o Google Earth permite aos usuários a
Lua em 8 opções de zoom. É possível ver toda face da Lua, bem como
busca de endereços. Basta digitar o nome da cidade, e caso existam
consultar (através de marcadores) onde pousaram as naves das
mais cidades com o mesmo nome as outras opções estarão logo
missões da NASA que foram até à Lua (Apollo 11, Apollo 12, etc.).
abaixo. Pode-se procurar também pelas coordenadas geográficas (e
isso pode ser feito em dois formatos) ou mesmo pelo CEP (inclusive
Mapeamento de Marte: recentemente foi lançado também o
no Brasil). Google Mars onde se pode consultar alguns detalhes da superfície do
planeta Marte.
Topografia: tem dados terrestres digitais recolhidos pela
missão SRTM. Isto significa que podemos ver o Grand Canyon ou o De acordo com o capítulo 10 do livro Banco de Dados Geográfico,
Monte Evereste em três dimensões. Para além disso, o Google Earth mapas na web se apresentam de três formas principais:
providencia uma camada (layer) com edifícios modelados em 3D
de algumas das maiores cidades dos EUA. Layers - 3d Buildings. Mapas Estáticos - mapas no formato de imagem (*.jpg, *.gif,
Algumas construções da cidade de São Paulo já podem também ser *.png, etc) integrados à páginas da internet.
visualizadas. Muitos usuários costumam adicionar os seus próprios Mapas Gerados a partir de formulários - fornece-se parâmetros
dados e tornando-os disponíveis, através de várias fontes tais como os para geração de mapas na forma de imagem.
BBS ou blogs e até o próprio Orkut, com as comunidades relacionadas. Mapas Dinâmicos - o usuário seleciona uma área de seu
Outros pontos de referência podem ser acessados ativando o layer interesse em um mapa geral, gerando uma navegação para outro
Google Earth Community. mapa ou imagem mais específico com informações mais detalhadas
desta região. Em geral apresentam interface atraente com ícones para
Edifícios em 3D: uma nova ferramenta implementada pelo consulta espacial calculo de distância e etc.
Google após a sua aquisição da Keyhole, Inc é um conjunto de dados
3D de 48 cidades estadounidenses (Junho de 2006). Esta informação Há muitos softwares e frameworks livres para o desenvolvimento
é fornecida pelo Sanborn Citysets. No entanto, muitos destes edifícios de aplicações WebGIS. Podemos destacar alguns: MapServer,
ainda são visualizados como simples volumes sem detalhamento. Em GeoServer, i3Geo, Alov Map, Time Map, OpenLayers e P.Mapper.
14 de Março de 2006, Google adquiriu a At Last Software, empresa que Diversos órgãos públicos fazem uso destas ferramentas para
produziu o SketchUp e criou plug-in para modelos 3D no Google Earth. divulgação dos resultados de seus trabalhos. A imagem abaixo
Esse software permite modelar edificações em 3D, agregar texturas, mostra um exemplo de aplicação desenvolvida com MapServer e o
e compartilhar os arquivos gerados na comunidade do Google Earth framework i3Geo. Clique na imagem para acessar mais informações
na Internet. As maiores estruturas em 3D no Google Earth são o Burj sobre a página da aplicação (Este é um exemplo de mapa dinâmico).
Khalifa e o Dubai Mall localizados em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
——————————————————————————
Licença: o Google Earth está disponível numa versão gratuita ———————————————————————————
para uso privado e em versões licenciadas para o uso comercial.
Actualmente está disponível oficialmente em Windows XP e Mac ———————————————————————————
OS X. A versão Linux, que era esperada em 2005, foi lançada uma
versão beta em junho de 2006. Agora a versão do Google Earth está ———————————————————————————
disponível para o Linux na seção estável (5.2) ou Beta (6.0). ———————————————————————————

55
Serviços de mapas na web vão além da localização13
Serviços de mapas on-line não são uma novidade. Pessoas buscam endereços e empresas tentam obter as melhores rotas na entrega de seus
produtos. Atualmente o serviço mais popular é o Google Maps, mas existem outras opções no mercado, como o Apontador e o MapLink, Guia
Mais.

Google Maps e seus concorrentes nacionais: MapLink e Apontador. (Foto: Reprodução)

Evolução dos mapas: os primeiros serviços agregados aos mapas foram guias de estabelecimentos como restaurantes, bares, casas noturnas,
hotéis, prédios públicos, pontos turísticos. Mapas também são largamente usados para orientar o motorista sobre o transito, principalmente
nas grandes cidades brasileiras. Com a portabilidade e a popularização da tecnologia GPS, os mapas se espalharam para serviços agregados nos
celulares e dispositivos exclusivos para automóveis. Hoje os mapas desempenham um papel colaborativo, ligado à interação e à convivência.
Estão conectados a redes sociais mostrando onde os usuários estão e também servindo de referência para as pessoas indicarem serviços e
lugares.

13 PANISSI, Fernando. Tira dúvidas com Fernando Panissi. Http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1245202-6174,00-servicos+de+mapas+na+web+vao+alem


+da+localizacao.html

56
Mapas nas redes sociais

‘Onde estou?’ conta sua localização e encontra serviços próximos. (Foto: Reprodução)

O site OndeEstou é um serviço que permite ao usuário dizer – literalmente – onde ele está. Com base nesta informação são levantadas
diversas informações interessantes: quais outros usuários estão na mesma região, serviços como restaurantes e bares próximos, informações
de clima, detalhes sobre o trânsito, fotos postadas nos principais serviços de compartilhamento de imagens. O site funciona como uma rede
social, permitindo conectar-se a outros usuários. Também oferece integração com outros sites como o Facebook, Twitter e Orkut. Esta integração
permite compartilhar sua posição com os usuários das redes. Ele também tem aplicativos para celular, com versões de aplicativos para Windows
Mobile, BlackBerry, Apple (Iphone) e para celulares com suporte a Java. Para usar o serviço é preciso ter acesso à internet no aparelho.

Compartilhando locais
Usando o Google Mapas é possível qualquer pessoa criar um mapa apontando localizações e compartilhar com outras pessoas. Basta ter
uma conta Google e acessar o Google Mapas. Logo abaixo do logotipo existe o link “meus mapas” que permite o cadastramento de mapas. Uma
vez criado o mapa, basta pesquisar os locais que deseja marcar e clicar no link Salvar em meus mapas. Preste atenção na hora de criar seu mapa
- ele pode ser público, ou seja, qualquer um tem acesso, ou não listado, quando apenas quem você determina tem acesso.

(220x155_coxinhas.jpg – Roteiro de Coxinhas em São Paulo. Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução)

Diversas pessoas publicam mapas interessantes usando este recurso, como este guia das melhores coxinhas de são Paulo. Alguns mapas
têm contexto político e social, como este que retrata os casos de morte por gripe suína no mundo, ou mesmo o projeto em defesa da Amazônia,
mostrando os pontos de queimadas.

57
SENSORIAMENTO REMOTO: TRATAMENTO DIGITAL DE IMAGENS
E REGISTRO DE IMAGENS E MOSAICAGEM
14
Sensoriamento remoto ou detecção remota ou ainda teledetecção
é o conjunto de técnicas que possibilita a obtenção de informações
sobre alvos na superfície terrestre (objetos, áreas, fenômenos),
através do registro da interação da radiação eletromagnética com a
superfície, realizado por sensores distantes, ou remotos. Geralmente
estes sensores estão presentes em plataformas orbitais ou satélites,
aviões e em nível de campo. A NASA é uma das maiores captadoras
de imagens recebidas por seus satélites. No Brasil, na Europa e no
Japão o principal órgão que atua nesta área é o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais - INPE.

Picasa tem jogo em que o jogador tenta adivinhar a localização do O Sensoriamento remoto é definido de diferentes maneiras por
cenário a partir de uma foto. (Foto: Reprodução) diversos autores, sendo a definição mais usual a adotada por Avery e
Berlin (1992) e Meneses (2001): uma técnica para obter informações
Algumas aplicações são mais ligadas à diversão e entretenimento. sobre objetos através de dados coletados por instrumentos que não
O Picasa, serviço de compartilhamento de fotos do Google, tem um estejam em contato físico como os objetos investigados.
jogo que mostra fotos enviadas por seus usuários e pede para que a
pessoa identifique o lugar do mundo onde aquela foto foi tirada. Por não haver contato físico a forma de transmissão dos dados
(do objeto para o sensor) só pode ser realizada pela Radiação
Eletromagnética, por ser esta a única forma de energia capaz de se
Ao clicar no mapa sobre uma localidade, o site mostra a distância
propagar pelo vácuo. Considerando (a Radiação Eletromagnética
para o ponto exato da foto. Algumas fotos são de pessoas e do interior como uma forma de energia), o Sensoriamento Remoto pode ser
de residências, o que deixa praticamente impossível a identificação definido com maior rigor como uma medida de trocas de energia
do local. que resulta da interação entre a energia contida na Radiação
Eletromagnética de determinado comprimento de onda e a contida
Serviços Interessantes nos átomos e moléculas do objeto de estudo. Outros autores preferem
O site taxi.com.br mostra o valor sugerido para corridas de táxi restringir o conceito à área de aplicação de monitoramento da
nas principais cidades brasileiras. O serviço é bem útil para servir de superfície terrestre.
referência.
A extensão Ubiquity, que está em fase beta no Mozilla Labs, Princípios Físicos
(repositório de aplicativos em fase de testes da Mozilla) tem diversas
Três elementos são fundamentais para o funcionamento de um
funções interessantíssimas, dentre elas a integração com o Google
sistema de sensoriamento remoto: Objeto de estudo, Radiação
Maps. Usando o complemento é possível executar uma série de ações Eletromagnética e um Sensor. Pelo princípio da conservação da
através de uma linha de comandos. Após instalar o complemento, use energia, quando a radiação eletromagnética incide sobre a superfície
as teclas CTRL+Espaço para abrir a interface do Ubiquity. Em uma de um material, parte dela será refletida por esta superfície, parte
linha de comando digite o termo map acrescido do endereço que o será absorvida e parte pode ser transmitida, caso a matéria possua
serviço irá carregar automaticamente o serviço do Google Maps. alguma transparência. A soma desses três componentes (Reflectância,
Absortância e Transparência) é sempre igual, em intensidade, à
Depois de localizado o endereço é possível enviar uma imagem energia incidente.
JPG do mapa para um endereço de email, seja pelo seu cliente de
e-mail ou pelo próprio Gmail. O que nossos olhos percebem como cores diferentes são, na
verdade, radiação eletromagnética de comprimentos de onda
diferentes. A cor azul corresponde ao intervalo de 0,35 a 0,50µm, a
Serviços pelo mundo
do verde vai de 0,50 a 0,62 µm e a do vermelho, de 0,62 a 0,70 µm (os
O site Mashable publicou meses atrás uma lista com diversos intervalos são aproximados, e variam segundo a fonte de consulta).
serviços usando como base o Google Maps. A imensa maioria não Estes intervalos também são conhecidos como “regiões”. Abaixo
tem conteúdo em português nem aborda nada no Brasil, mas é bem do vermelho, está a região do infravermelho, e logo acima do azul
interessante ver o que está sendo feito lá fora. O serviço Safe 2 Pee, está o ultravioleta. Os sensores remotos medem as intensidades do
por exemplo, mostra onde existem banheiros públicos confiáveis. Espectro eletromagnético e, com essas medidas, obtém imagens nas
regiões do visível (azul, verde e vermelho) ao infravermelho medem a
O NYC Bike Maps mostra os roteiros para andar de bicicleta em intensidade da radiação eletromagnética refletida em cada intervalo
Nova York. O iMap Weather mostra a previsão do tempo nas grandes pré-determinado de comprimento de onda.
cidades, inclusive no Brasil. A escala padrão pode ser mudada para
14 American Society of Photogrammetry - Manual of Remote Sensing - Falls Chur-
Celsius facilitando a compreensão. ch – 1983
Câmara G., Davis C., Monteiro A.M.V., D’Alge J.C.L., Felgueiras C., Freitas C.C., Fonseca
L.M.G., Fonseca F. Introdução à Ciência da Geoinformação, www.dpi.inpe.br
——————————————————————————— Novo, E. M. L. M, - Sensoriamento Remoto, Princípios e Aplicações - Edgard Blu-
cher, 1998.
——————————————————————————— Rosa, R. - Introdução ao Sensoriamento Remoto - EDUFU- 1995.
Schowengerdt, R. A., - Remote Sensing - Models and Methods for Image Processing,
——————————————————————————— Ed. Academic Press, 1997.
——————————————————————————— Slater, P. N. - Remote Sensing: Optics and Optical Systems - Addison-Wesley, 1980

58
Resolução
A questão da resolução dos sensores remotos possui grande
importância nesta ciência. O conceito de resolução está dividido em
4 classes: espacial, espectral, radiométricas e temporal. A resolução
espacial diz respeito à capacidade do sensor em dividir ou resolver
os elementos na superfície terrestre. Quanto melhor a resolução
espacial, maior o nível de detalhe observado. Não deve ser confundida
com tamanho de pixel.

A resolução espectral caracteriza a capacidade do sensor em


operar em várias e estreitas bandas espectrais. Os sensores que
operam em centenas de bandas são conhecidos como hiperespectrais.
A resolução radiométrica está relacionada ao nível de quantização
Espectro eletromagnético I ou sensibilidade do sensor em detectar pequenas variações
radiométricas. A resolução temporal é definida em função do tempo
de revisita do sensor para um mesmo ponto da superfície terrestre.

Os satélites estão entre os mais importantes elementos do


sensoriamento remoto
Espectro eletromagnético II
A Geometria Orbital15
Níveis de Aquisição
O sensoriamento remoto pode ser em nível terrestre, sub-orbital Os satélites não geo-estacionários, acompanham a Terra no
e orbital. Os representantes mais conhecidos do nível sub-orbital são movimento de translação, mas não no movimento de rotação. A
as também chamadas fotografias aéreas, utilizadas principalmente Terra desliza sob o satélite no movimento de rotação. O movimento
para produzir mapas. Neste nível opera-se também algumas câmeras do satélite de polo a polo, combinado com o movimento de rotação
de vídeo e radares. No nível orbital estão os balões meteorológicos terrestre em torno de seu eixo, faz com que os satélites de SR cubram
e os satélites. Os primeiros são utilizados nos estudos do clima e praticamente todas as regiões do Globo. É como descascar uma
da atmosfera terrestre, assim como em previsões do tempo. Já os laranja, mas em faixas não contíguas (Fig.1). Enquanto o satélite
satélites também podem produzir imagens para uso meteorológico, realiza uma volta completa em torno da Terra (aproximadamente 100
mas também são úteis nas áreas de mapeamento e estudo de recursos a 103 minutos para os satélites LANDSAT e NOAA), a Terra gira, sob o
naturais. satélite, um arco ao longo do equador, de aproximadamente 3000 km.
Ao nível terrestre são feitas as pesquisas básicas sobre como Portanto, órbitas sucessivas destes satélites, têm uma distância de
os objetos absorvem, refletem e emitem radiação. Os resultados aproximadamente 3000 km, uma da outra. As faixas imageadas pelos
destas pesquisas geram informações sobre como os objetos podem satélites têm largura inferior a estes 3000 km, (no caso do LANDSAT a
ser identificados pelos sensores orbitais. Desta forma é possível faixa imageada é de 185 km), por isto, entre passagens sucessivas do
identificar áreas de queimadas numa imagem gerada de um satélite, satélite, uma grande faixa fica sem imageamento.
diferenciar florestas de cidades e de plantações agrícolas e até
identificar áreas de vegetação que estejam doentes. As passagens em dias sucessivos não são coincidentes, assim, o
satélite passa a imagear outras faixas, e só voltam a revisitar uma
Sistemas Sensores mesma área após certo período de tempo. O LANDSAT demora 16
dias para voltar a uma mesma faixa, o SPOT demora 26 dias, o NOAA
Os sistemas sensores presentes em satélites podem ser cobre uma mesma faixa quase todos os dias, devido a sua larga faixa
imageadores ou não imageadores, dependendo do tipo de produto de imageamento. Com períodos orbitais de aproximadamente 100 a
gerado. Os sensores imageadores, dividem-se ainda em sistemas de 103 minutos, no caso do LANDSAT, do SPOT e do NOAA, os satélites
varredura mecânica e sistemas de varredura eletrônica. Os sensores realizam 14 voltas inteiras mais uma fração de volta, em torno da
também podem ser classificados em função da fonte de radiação Terra, em um período de 24 horas. Isto significa que na órbita de
eletromagnética. Sensores ativos são responsáveis pelo envio de um número 15, o satélite passa um pouco depois da primeira órbita do
sinal para a superfície da Terra e registram o sinal refletido, avaliando dia anterior. Esta defasagem das órbitas faz com que o satélite capte
a diferença entre eles (Ex. RADAR). Por outro lado, os sensores imagem de todo o globo terrestre.
passivos funcionam através do registro da radiação eletromagnética
15 Tópico baseado nos estudos de FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sen-
refletida pelo Sol. soriamento Remoto. http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRA-
SIL/manuais/conceitos_sm.pdf

59
Faixas imageadas

Estações de recepção
Outro importante componente no processo de imageamento não está no céu. São as estações terrestres de recepção de imagens. Elas têm
por finalidade receber e armazenar as imagens transmitidas a partir dos satélites. São estrategicamente instaladas em locais adequados à
região que se pretende obter imagens.

Parte das estações de recepção de imagens LANDSAT (não constam da figura: Argentina, Chile, Kenya, Mongólia e outras).

A estação brasileira para recepção de imagens CBERS, LANDSAT e SPOT, cujo principal objetivo é cobrir o território nacional, está instalada
em Cuiabá-MT. De lá a estação cobre não só o Brasil, mas também boa parte da América do Sul.
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60
de volta ao satélite. Uma vantagem dos sensores ativos é que as
ondas produzidas pelos radares atravessam as nuvens, podendo ser
operados sob qualquer condição atmosférica. Uma desvantagem é que
o processo de interação com os alvos não capta, tão detalhadamente
quanto os sensores passivos, informações sobre as características
físicas e químicas das feições terrestres.

Os sensores cobrem faixas de imageamento da superfície


terrestre, cuja largura depende do ângulo de visada do sensor, (em
inglês FOV - Field of View), (Fig.5). O sensor Thematic Mapper (TM)
do satélite LANDSAT cobre uma faixa de 185 km, o sensor Charge
Copled Device (CCD) do satélite SPOT cobre uma faixa de 60 km, o
sensor AVHRR do satélite NOAA cobre uma faixa de 2700 km. Estas
faixas são dispostas ao longo da órbita e são varridas, pelo sensor, em
linhas transversais ao sentido da órbita. Na varredura das linhas, dois
processos são utilizados:

a) Varredura por espelho, que se baseia no princípio da técnica


de imageamento de scanners multispectrais lineares. A REM refletida
Raio de alcance no rastreamento da superfície dos objetos / alvos inside sobre um espelho móvel de
face plana, montado com um ângulo de 45º sobre um eixo mecânico
Estas estações são constituídas, basicamente, de um bom que imprime um movimento oscilatório ao espelho, de tal forma que
computador, com software específico, uma antena parabólica a superfície do terreno é varrida em linhas perpendiculares à direção
direcionável, cabos de conexão da antena ao computador e mesa de deslocamento do satélite, permitindo o imageamento seqüencial
de controle e operação. O sistema da estação dispõe, de forma de linhas da superfície do terreno. A REM refletida no espelho é
antecipada, das informações de horário e posição de órbita. Com base direcionada para o interior do sensor onde é processada para dar
nestas informações a estação posiciona previamente a parabólica origem às imagens. Os sensores TM e AVHRR utilizam este processo;
para o ponto no horizonte onde o satélite surgirá. Feita a comunicação
o sistema ajusta o sincronismo do movimento e rastreia o satélite b) Imageamento por matriz de detetores, ao invés do espelho, uma
de horizonte a horizonte. Este percurso é realizado em períodos de matriz de detetores cobre toda a largura da faixa de imageamento. Os
aproximadamente 10 a 15 minutos, para os satélites com tempo de detetores são dispostos em linhas que formam a matriz. O sensor CCD
órbita em torno de 100 minutos. A melhor recepção dos sinais tem utiliza este processo.
início a partir de uma elevação de 5º acima do horizonte.
Durante o rastreamento a estação capta, em tempo real, as Em ambos processos a REM é decomposta em faixas denominadas
imagens transmitidas pelo satélite e as armazena no computador. bandas espectrais e as linhas são fracionadas em pequenas parcelas
As imagens são grandes arquivos digitais, por isto os dispositivos de quadradas da superfície terrestre, denominadas pixel.
armazenamento devem ter grandes capacidades. Os satélites quase
sempre têm, a bordo, dispositivos de armazenamento temporário
de imagens, que são posteriormente transmitidas para estações
de recepção específicas. Este recurso possibilita obter imagens de
qualquer local do Globo e capturá-las minutos mais tarde em estações
de interesse, mesmo que distante das áreas imageadas.
A estação não rastreia apenas satélites que passam sobre a
antena. O rastreio também é realizado lateralmente. O alcance da
antena, para visualização do satélite, depende da topografia de onde
a estação esteja instalada. Para regiões altas e planas, as estações
chegam a alcançar os satélites horizontalmente, em um círculo de
aproximadamente 3.500 km a partir da estação, (Fig.3). Obviamente,
rastreios laterais têm tempo de duração menor, consequentemente
menores áreas de imageamento são cobertas nestas passagens dos
Sistema sensor
satélites.

Sensores
Os sensores são as máquinas fotográficas dos satélites (Fig.4).
Têm por finalidade captar a REM proveniente da superfície terrestre,
e transformar a energia conduzida pela onda, em pulso eletrônico
ou valor digital proporcional à intensidade desta energia. Segundo a
fonte da onda eletromagnética os sensores são:

Passivos: utilizam apenas a REM natural refletida ou emitida a


partir da superfície terrestre. A luz solar é a principal fonte de REM
dos sensores passivos.

Ativos: estes sistemas utilizam REM artificial, produzida por


radares instalados nos próprios satélites. Estas ondas atingem a Processos de varredura e detecção
superfície terrestre onde interagem com os alvos, sendo refletidas

61
Tratamento Digital de Imagens e Registro de Imagens e Mosaicagem16

Forma de Armazenamento
Toda imagem captada pelo sensor, em formato digital, é armazenada em arquivos de computador como qualquer outro arquivo de dados.
Frequentemente existem dois arquivos para cada imagem de SR, um deles, normalmente de pequena dimensão, destina-se às informações de
cabeçalho da imagem (identificação do satélite, do sensor, data e hora, tamanho do pixel, etc.), também chamado de header da imagem, e outro
que contém os valores numéricos correspondentes aos pixels da imagem. A este último damos a denominação de imagem digital. Cada registro
deste arquivo corresponde a uma linha da superfície terrestre. Os campos destes registros são todos do mesmo tamanho e correspondem aos
pixels. O valor armazenado em cada campo é proporcional à intensidade da REM, proveniente da parcela da superfície terrestre.
Um aspecto que deve também ser observado é a dimensão do espaço, normalmente em disco de computador, ocupado por uma imagem.
Este espaço tem relação direta com a quantidade de pixel e a quantidade de bandas espectrais das imagens. Por esta razão imagens com pixels
de menor dimensão cobrem consequentemente faixas de imageamento mais estreitas, caso contrário, as linhas teriam uma grande quantidade
de pixels e consequentemente a imagem poderia ter uma dimensão exageradamente grande. Uma imagem LANDSAT, por exemplo, cobre uma
área de 180 km X 180 km, como a dimensão do pixel deste satélite é de 30 m, a imagem tem 6000 linhas com 6000 pixels em cada linha. Como
a imagem LANDSAT tem 7 bandas espectrais, o espaço total ocupado por uma imagem Landsat é, portanto, (6000 X 6000 X 7) = 252 Megabytes.

Matriz numérica bidimensional que caracteriza uma imagem digital

Resolução Espacial
Cada sistema sensor tem uma capacidade de definição do tamanho do pixel, que corresponde a menor parcela imageada (Fig.2). O pixel
é indivisível. É impossível identificar qualquer alvo dentro de um pixel, pois seu valor integra todo o feixe de luz proveniente da área do solo
correspondente ao mesmo. A dimensão do pixel é denominada de resolução espacial. As imagens LANDSAT têm resolução espacial de 30 m, a
resolução espacial do SPOT é de 20 m e a do NOAA é de 1100 m. Quanto menor a dimensão do pixel, maior é a resolução espacial da imagem.
Imagens de maior resolução espacial têm melhor poder de definição dos alvos terrestres.

Pixel, pequenos quadrados na imagem

16 Tópico baseado nos estudos de FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sensoriamento Remoto. http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/
manuais/conceitos_sm.pdf

62
Resolução Espectral
Como mencionado anteriormente, a REM é decomposta, pelos sensores, em faixas espectrais de larguras variáveis. Estas faixas são
denominadas bandas espectrais (Fig.3). Quanto mais estreitas forem estas faixas espectrais, e/ou quanto maior for o número de bandas
espectrais captadas pelo sensor, maior é a resolução espectral da imagem. Imagens Landsat / TM, por exemplo, têm 7 bandas: 0,45 µm a 0,52
µm, 0,52 µm a 0,60 µm, 0,63 µm a 0,69 µm, 0,76 µm a 0,90 µm, 1,55 µm a 1,75 µm, 2,08 µm a 2,35 µm, 10,4 µm a 12,5 µm. Existem sensores que
geram imagens com centenas de bandas espectrais.

Bandas espectrais

Resolução Radiométrica
A resolução radiométrica está relacionada a faixa de valores numéricos associados aos pixels. Este valor numérico representa a intensidade
da radiância proveniente da área do terreno correspondente ao pixel e é chamado de nível de cinza. A faixa de valores depende da quantidade
de bits utilizada para cada pixel. A quantidade de níveis de cinza é igual a 2(QtdBits) (dois elevado a quantidade de bits). Para ilustrar, na figura
abaixo os retângulos brancos simbolizam bits desligados e os pretos bits ligados. Todos os bits desligados correspondem ao valor 0, somente o
primeiro bit ligado corresponde ao valor 1, o segundo ligado e os demais desligados corresponde ao valor 2 e assim sucessivamente até todos
os 8 bits ligados que corresponde ao valor 255.
Pode-se observar que 2 bits, por exemplo, possibilitam 4 combinações possíveis: os dois desligados; o primeiro ligado e o segundo desligado;
o primeiro desligado e o segundo ligado; ambos ligados. As imagens LANDSAT e SPOT utilizam 8 bits para cada pixel, portanto, o máximo valor
numérico de um pixel destas imagens é 255, são todas as combinações possíveis de bits ligados e desligados. Desta maneiro, a intensidade da
REM é quantificada, na imagem LANDSAT, em valores entre 0 e 255. As imagens NOAA utilizam 10 bits, portanto, o valor máximo do nível de
cinza de um pixel NOAA é 1023. Estas têm, portanto, resolução radiométrica maior que as imagens do LANDSAT e do SPOT cuja faixas variam
de 0 e 255.

0, 1 (2 níveis de cinza)

0, 1, 2, 3 (4 níveis de cinza)

0 a 255 (256 níveis de cinza)

Resolução Temporal
Está relacionada ao período de tempo em que o satélite volta a revisitar uma mesma área. O satélite SPOT tem resolução temporal de 26
dias, portanto menor que o LANDSAT que é de 16 dias.

Procedimentos para aquisição de imagens de satélite


Uma dúvida comum, para a comunidade de usuários, tem sido de como proceder para obter uma imagem de satélite. O primeiro passo
consiste em identificar as instituições que comercializam ou distribuem imagens. No Brasil o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
são distribuidores das imagens LANDSAT, SPOT e CBERS. O INPE possui uma estação de recepção destas imagens em Cuiabá-MT. As instituições
proprietárias dos satélites LANDSAT e SPOT cobram para disponibilizar as imagens nas estações, por isto o custo das mesmas é relativamente
alto, em torno de 400 dólares por imagem completa, gravada em CD. Algumas empresas privadas também comercializam estas e outras
imagens, como por exemplo, as imagens Ikonos. As imagens NOAA têm custo menor porque a instituição proprietária do satélite não cobra
para disponibilizar as imagens nas estações receptoras. Várias instituições públicas e privadas recebem as imagens NOAA: o INPE, o INMET, a
FUNCEME, a UFRGS, etc. A Internet é um excelente meio de busca de fornecedores de imagens.
O passo seguinte é definir a área de interesse. Por exemplo, qual o município de interesse e, até mesmo qual parte do município, caso este
seja de grande dimensão territorial. Se possível determinar as coordenadas geográficas da área. O GPS pode ajudar nesta tarefa definindo
uma coordenada central ou um polígono envolvente da área. Dependendo da localização e dimensão da área uma imagem pode ser suficiente,
contudo, existem casos mesmo de pequenas áreas onde há necessidade de se adquirir várias imagens, como na situação em que a área esteja
localizada nos cantos das imagens. Definida a área é possível identificar a(s) imagem(ns) a ser(em) adquirida(s), o LANDSAT e o SPOT têm

63
um sistema de identificação das imagens composto de 2 números, o primeiro é o número da órbita e o segundo é o número da imagem dentro
da órbita, também chamado de ponto. A identificação das imagens pode ser obtida no mapa denominado Sistema de Referência Universal,
fornecido pelo INPE. Por exemplo, a imagem LANDSAT que cobre o DF é a 221/71.
A imagem pode ser adquirida inteira ou parcialmente (Fig.6). No caso do Landsat, a menor fração da imagem é um sub-quadrante de 45
km X 45 km, estes sub-quadrantes são identificados pelos números de 1 a 16. Pode-se adquirir também quadrantes de 90 km X 90 km, que são
identificados pelas letras A, B, C, D, E, S, W, N e X. Porém o custo de um quadrante ou subquadrante não é muito diferente do de uma imagem
inteira, portanto, quase sempre vale a pena adquirir a cena completa. Cada imagem Landsat e Spot têm uma posição fixa, porém elas podem ser
adquiridas com deslocamento ao longo da órbita. O tempo de entrega das imagens aos usuários tem sido longo. É comum esperar de 20 a 30
dias, pelo recebimento de imagens adquiridas no Brasil.

Caminho recepção – usuário

Quadrantes e sub-quadrantes de uma imagem Landsat

Processamento Digital de Imagens


O grande volume de dados, intrínseco às imagens de satélite, associado à relativa complexidade de cálculos, requer expressivos recursos
computacionais para o armazenamento e tratamento das informações do SR. A evolução da informática, tanto em equipamentos como em
softwares, tem propiciado estes recursos. São dispositivos que suportam maciços volumes de dados, como os discos rígidos com muitos gigas
e até terabytes, fitas magnéticas CD ROM, etc. Monitores de alta resolução, para análise e visualização de imagens em alta definição. Eficientes
dispositivos de entrada, como scanners e os leitores de fita e CD. Excelentes dispositivos de saída, como impressoras, traçadores gráficos
(plotters) e unidades de gravação de fita e de CD.
As capacidades de memória é outro importante item no tratamento digital de imagens, pois, este recurso agiliza substancialmente o
processamento, reduzindo o tempo de espera pelo fotointérprete. Os sistemas de processamento digital de imagens tem sido o segmento onde
se tem investido grandes recursos técnicos e humanos, e por isto, a evolução deste segmento tem respondido de modo eficiente, às demandas
do SR. Dentre os sistemas de processamento digital de imagens disponíveis podemos citar: SPRING, ENVI, IDRISI, PCI, ER-MAPER, ERDAS, entre
outros. Na verdade o processo evolutivo é uma corrida sem fim. Continuamente o SR vem disponibilizando imagens com maiores volumes e
complexidade de interpretação, exigindo contínua evolução dos recursos computacionais.
De qualquer forma, é sempre conveniente investir em eficientes recursos computacionais, para tratamento das informações do SR, pois
sempre se ganha em qualidade e em produtividade, reduzindo substancialmente as despesas com recursos humanos, na análise e interpretação
de imagens, que normalmente é sempre o mais caro.
Uma imagem digital como já vimos, pode ser definida como sendo um conjunto de pontos, onde cada ponto (pixel) corresponde a uma
unidade de informação do terreno, formada através de uma função bidimensional f(x,y), onde x e y são coordenadas espaciais e o valor de f
no ponto (x,y) representa o brilho ou radiância da área correspondente ao pixel, no terreno. Tanto x e y (linha e coluna) quanto f só assumem
valores inteiros, portanto, a imagem pode ser expressa numa forma matricial, onde a linha i e coluna j correspondem às coordenadas espaciais
x e y, e o valor digital no ponto correspondente a f, é o nível de cinza do pixel daquele ponto.
Como visto anteriormente, em imagens digitais, quanto maior o intervalo de possíveis valores do pixel, maior a sua resolução radiométrica;
e quanto maior o número de elementos da matriz por unidade de área do terreno, maior a sua resolução espacial. Os níveis de cinza podem ser

64
analisados através de um histograma, que representa a freqüência numérica ou porcentagem de ocorrência e fornecem informações referentes
ao contraste e nível médio de cinza, não fornecendo, entretanto, nenhuma informação sobre a distribuição espacial. A média dos níveis de cinza
corresponde ao brilho da imagem, enquanto que a variância refere-se ao contraste. Quanto maior a variância, maior será o contraste da imagem.

Pré-processamento
As imagens na forma em que são recebidas originalmente dos satélites, (também chamadas de imagens brutas), apresentam degradações
radiométricas devidas a desajustes na calibração dos detetores, erros esporádicos na transmissão dos dados, influências atmosféricas, e
distorções geométricas. Todas estas imperfeições, se não corrigidas, podem comprometer os resultados e produtos derivados das imagens. O pré-
processamento, que é a etapa preliminar do tratamento digital de imagens, tem esta finalidade. Normalmente o fornecedor das imagens, (INPE
e empresas), se encarrega de proceder esta tarefa, antes de entregar as imagens para o usuário. Três tipos principais de pré-processamento,
são utilizados.

Correção Radiométrica: este tratamento destina-se, pelo menos reduzir as degradações radiométricas decorrentes dos desajustes na
calibração dos detetores e erros esporádicos na transmissão dos dados. As principais correções radiométricas são o “stripping” aplicado
ao longo das linhas com base em padrão sucessivo, que aparecem na imagem, em decorrência, da diferença ou desajuste de calibração dos
detetores, e o “droped lines”, aplicado entre linhas com base em padrão anômalo na imagem, que ocorre pela perda de informações na gravação
ou na transmissão dos dados.

Correção Atmosférica: a interferência atmosférica é um dos principais fatores de degradação nas imagens, muitas vezes comprometendo a
análise e interpretação das mesmas (Fig.7). A intensidade deste efeito depende do comprimento de onda, portanto, ele afeta de modo diferente
a cada uma das bandas espectrais.

A correção da imagem pode ser feita por meio de modelos matemáticos baseados em parâmetros atmosféricos que normalmente são
desconhecidos, dificultando a aplicação dos modelos. Estes parâmetros devem ser obtidos na hora e data de passagem do satélite, por meio de
estações meteorológicas e isto é um procedimento difícil.

Interferência atmosférica

Na prática utiliza-se técnicas mais simples, que produzem resultados satisfatórios. A técnica do mínimo histograma é uma delas, e baseia-
se no fato de que, sombras de nuvens densas e de relevo e corpos d’água limpa, por hipótese, deveriam ter radiância nula, consequentemente
níveis de cinza zero (Fig.8). Portanto, valores de níveis de cinza não nulos, encontrados nestas áreas são considerados provenientes de efeito
aditivo do espalhamento atmosférico. A técnica consiste em subtrair de cada pixel de cada banda espectral de toda a imagem, o menor valor
medido nestas áreas.
Outro método alternativo de correção atmosférica é o da regressão de bandas. Este método assume que entre duas bandas altamente
correlacionadas, a equação da reta de melhor ajuste deveria passar pela origem dos eixos, caso não houvesse efeito aditivo da atmosfera. Porém,
devido a este efeito, a reta corta o eixo y em algum ponto maior que zero. O valor da ordenada do ponto de interceptação representa o valor
adicionado devido a efeitos atmosféricos naquela banda. Este valor, que é a constante da equação da reta, é subtraído da banda considerada.

65
Efeito de sombras

Correção Geométrica: outro tipo de distorção das imagens brutas são as chamadas distorções geométricas, que diminuem a precisão
espacial das informações. Várias aplicações como a cartografia, a confecção de mosaicos, sistemas de informações geográficas, a detecção e
acompanhamento de mudanças espaciais em feições terrestres, necessitam de dados com boa precisão espacial, exigindo a correção de tais
distorções. Uma das causas das distorções geométricas são as oscilações do satélite em torno de eixos definidos por um sistema cartesianos
posicionado no mesmo, (eixos x, y, z). As oscilações em torno destes 3 eixos provocam desalinhamentos no processo de varredura da superfície
terrestre, feita pelo sensor (Fig.9). Estas oscilações são identificadas por:

a) “row”, que afetam a varredura no sentido longitudinal;


b) “pitch”, que provocam distorções transversais no processo de varredura;
c) “yaw” que provocam distorções semelhantes a um leque na disposição das linhas na imagem.

Outros fatores provocam distorções geométricas nas imagens. A variação da altitude do satélite afeta a escala da imagem. A variação da
velocidade do satélite provoca uma superposição ou afastamento de varreduras consecutivas. O movimento de rotação da Terra provoca
deslocamentos laterais gradual das linhas ao longo da imagem. Imperfeições do mecanismo de varredura do sensor, também provocam
distorções geométricas. Os pixels das bordas laterais da imagem têm dimensões maiores que os pixels situados sob a órbita, isto decorre do
fato de que o ângulo instantâneo de visada, que é o ângulo correspondente a um pixel, (IFOV em inglês), é constante ao longo da varredura da
linha, consequentemente, este ângulo cobre uma área maior nas laterais do que sob o satélite.
Estas distorções podem ser corrigidas, pelo menos parcialmente, por meio de modelos matemáticos que descrevem as distorções existentes.
Após a aquisição dos coeficientes deste modelo, uma função de mapeamento é criada para a construção da nova imagem corrigida. Um modelo
frequentemente utilizado é o polinomial, cujos coeficientes são estimados a partir de pontos de controle identificáveis na imagem, e com
localização geodésica precisamente conhecida. Cruzamento de estradas, pontes, feições geológicas podem ser tomados como pontos de controle.
Os pontos de controle devem ser igualmente distribuídos em toda a imagem, caso contrário as regiões com poucos ou nenhum ponto podem
sofrer mais distorções ainda. É importante também que os pontos sejam posicionados com precisão, sobre a imagem. Um método alternativo
de correção geométrica baseia-se nos dados de atitude do satélite (posição, velocidade, altitude, dados orbitais, etc.). Este método é menos
trabalhoso, mas menos preciso, podendo, portanto, ser utilizado como uma aproximação preliminar do processo de correção geométrica.

Oscilações dos satélites

66
Oscilações dos satélites

Classificação de Imagens
Classificação, em sensoriamento remoto, significa a associação de pontos de uma imagem a uma classe ou grupo de classes. Estas classes
representam as feições e alvos terrestres tais como: água, lavouras, área urbana, reflorestamento, cerrado, etc. A classificação de imagens é um
processo de reconhecimento de classes ou grupos cujos membros exibem características comuns. Uma classe poderia ser, por exemplo, soja, um
grupo de classes poderia ser áreas cultivadas.
Ao se classificar uma imagem, assume-se que objetos/alvos diferentes apresentam propriedades espectrais diferentes e que cada ponto
pertence a uma única classe. Além disso, os pontos representativos de certa classe devem possuir padrões próximos de tonalidade, de cor
e de textura. A classificação pode ser dividida em supervisionada e não supervisionada. A supervisionada é utilizada quando se tem algum
conhecimento prévio sobre as classes na imagem, de modo a permitir, ao analista, definir sobre a mesma, áreas amostrais das classes. Estas
áreas amostrais são utilizadas pelos algoritmos de classificação para identificar na imagem os pontos representativos das classes. A fase
preliminar onde o analista define as áreas amostrais é denominada de treinamento.
Dois algoritmos de classificação supervisionada bastante utilizados são o single-cell e o maxver. A classificação não supervisionada é útil
quando não se tem informações relativas às classes de interesse na área imageada. As classes são definidas automaticamente pelo próprio
algoritmo da classificação.
A classificação também pode ser subdividida em determinística e estatística. Na classificação determinística (ou geométrica), pressupõe-se
que os níveis de cinza de uma imagem podem ser descritos por funções que assumem valores definidos de acordo com a classe. Na classificação
estatística, assume-se que os níveis de cinza são variáveis aleatórias z. A variável aleatória z é uma função densidade de probabilidade p(z),
definida de tal maneira que a sua variável aleatória z esteja no intervalo (a,b), ou seja:

Os algoritmos mais utilizados neste tipo de classificação são o maxver e o k-média. A classificação single-cell, apenas para ilustrar, utiliza
um algoritmo que determina um intervalo de valores de níveis de cinza para cada classe e para cada banda, através da utilização da área
de treinamento. Quando se utiliza uma classificação com três bandas, por exemplo, a determinação dos intervalos nestas bandas na área
de treinamento definirá um paralelepípedo, onde qualquer ponto da imagem, que pertencer a esse paralelepípedo, será considerado como
pertencente a esta classe (Fig.10).

Esse método de classificação é simples e de rápido processamento computacional, entretanto, apresenta os seguintes problemas:
aproximação grosseira da assinatura espectral real dos alvos; superposição de classes dificultando a separação destas, além do fato de que
as classes, na realidade, não se enquadram em padrões geométricos perfeitos, levando a erros por excesso e/ou por falta. Por excesso quando
pontos de certa classe que na realidade não pertencem a elas podem ser classificados como tal, por falta quando pontos de uma classe deixam
de ser classificados com tal.

Classificação single-cell

67
Realce de Imagens
Esta técnica modifica, através de funções matemáticas, os níveis de cinza ou os valores digitais de uma imagem, de modo a destacar certas
informações espectrais e melhorar a qualidade visual da imagem, facilitando a análise do fotointérprete. Serão apresentadas as técnicas
denominadas ampliação de contraste e composição colorida.

Ampliação de Contraste
Esta técnica considera que geralmente os níveis de cinza de uma cena, obtidos por um sistema sensor qualquer, não ocupam todo o intervalo
de valores possíveis. Através de uma transformação matemática, o intervalo original é ampliado para toda a escala de níveis de cinza ou números
digitais disponíveis. Por exemplo, uma imagem LANDSAT na qual os níveis de cinza estejam variando de 50 a 150, pode ter sua faixa de níveis
de cinza ampliada para ocupar toda a faixa de valores possíveis que é de 0 a 255 (Fig.11).

Embora a transformação mais comum seja a linear, pode-se implementar qualquer outro tipo de transformação, dependendo do histograma
original e do alvo ou feição de interesse, tais como: logarítmica, exponencial, raiz quadrada, etc.

Ampliação de contraste (à esquerda sem e à direita com contraste)

Composição Colorida
Trata-se de um dos artifícios de maior utilidade na interpretação das informações do SR. Ela é fundamental para uma boa identificação e
discriminação dos alvos terrestres. O olho humano é capaz de discriminar mais facilmente matizes de cores do que tons de cinza. A composição
colorida é produzida na tela do computador, ou em outro dispositivo qualquer, atribuindo-se as cores primárias (vermelha, verde e azul), a três
bandas espectrais quaisquer. Este artifício é também conhecido como composição RGB (do inglês: Red, Green, Blue). Associando, por exemplo,
a banda 3 à cor vermelha (R), a banda 4 à cor verde (G) e a banda 5 à cor azul (B), produz-se uma composição colorida representada por 345
(RGB).

A formação das cores na imagem pode ser considerada similar ao trabalho de um pintor que tenha a sua disposição 3 latas de tinta, uma de
cada uma das cores acima. Com estas latas de tinta pintamos a imagem. A imagem é pintada pixel a pixel. Os pixels são pintados individualmente
usando um pouco de tinta de cada lata. A quantidade de tinta, de cada cor, é determinada pelo nível de cinza do pixel, na banda associada à cor.
Se o nível de cinza for 0 em uma banda, significa que nenhuma tinta deve ser utilizada da correspondente cor. Pixels que têm nível de cinza igual
a 0 nas 3 bandas ficam completamente sem tinta, portanto em cor preta (ou sem cor). Se o nível de cinza em uma banda for máximo, digamos
255, significa que deve se utilizar o máximo de tinta da correspondente cor. Pixels que têm o máximo valor de nível de cinza nas 3 bandas ficam,
na imagem, em cor branca intensa. Pixels que têm o mesmo nível de cinza nas 3 bandas ficam em tons da cor cinza, (não confundir nível de cinza,
que é o valor digital do pixel, com a cor cinza que estamos agora utilizando).

Neste caso de valores iguais dos níveis de cinza, o tom da cor cinza será mais escuro para valores menores e mais claro para valores maiores.
A título de ilustração, suponhamos que na composição 345 (RGB), um determinado pixel tivesse os seguintes níveis de cinza: banda 3 = 180,
banda 4 = 70 e banda 5 = 10, este pixel teria um ton de cor mais puxado para o vermelho do que para o azul, uma vez que o valor 180 determina
que se utilize muito mais tinta da cor vermelha (R) do que da cor azul (B), que corresponde ao valor 10 da banda 5 que está associada a esta
cor. O olho humano não consegue distinguir, na tela do computador, um único pixel de uma imagem em resolução plena, mas, embora pintados
individualmente, eles formam, no conjunto, a imagem colorida.

A quantidade total de cores possíveis de uma imagem no computador depende da faixa de valores dos níveis de cinza. Em uma imagem
LANDSAT, por exemplo, onde a faixa é de 0 a 255, tem-se 256 níveis de cinza, neste caso, portanto, a quantidade de cores discretas na imagem é
256 X 256 X 256 = 16.777.216. São 256 quantidades diferentes de tinta que se pode tirar de cada lata que podem ser combinadas entre si. Como
os níveis de cinza de cada banda representam a assinatura espectral dos alvos, as colorações que as feições terrestres recebem nas imagens,
representam valioso meio de reconhecimento e de obtenção de informações, de modo indireto.

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Composição colorida

Conhecimentos práticos nos softwares:


Geomedia ou ArcGis ou QuantumGis

O QGIS é um Sistema de Informação Geográfica (SIG) de Código Aberto licenciado segundo a Licença Pública Geral GNU. O QGIS é um projeto
oficial da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo). Funciona em Linux, Unix, Mac OSX, Windows e Android e suporta inúmeros formatos de
vetores, rasters e bases de dados e funcionalidades.

Quando QGIS começa, você será apresentado a interface gráfica, como mostrado nas figuras (os números de 1 a 5 em círculos amarelos são
discutidas abaixo).

69
O GUI do QGIS é dividido em cinco áreas:
Barra de Menu
Barra de Ferramentas
Legenda do Mapa
Visualização do mapa
Barra de Status
Estes cinco componentes da interface do QGIS são descritos em mais detalhe nas seguintes seções. Mais duas seções apresentam atalhos de
teclado e ajuda do contexto.

Barra de Menu
A barra de menu fornece acesso a diversas feições QGIS usando um menu hierárquico padrão. Os menus de nível superior e um resumo de
algumas das opções do menu estão listados abaixo, juntamente com os ícones associados como eles aparecem na barra de ferramentas e atalhos
de teclado. Os atalhos apresentados nesta seção são os padrões.
Embora a maioria das opções de menu tem uma ferramenta correspondente e vice-versa, os menus não são organizados exatamente como
as barras de ferramentas. A barra de ferramentas que contém as ferramentas que estão listadas depois de cada opção habilitada no menu de
entrada. Algumas opções de menu aparecem somente se o complemento correspondente for carregado.

Barra de Ferramentas
A barra de ferramentas permite o acesso à maioria das mesmas funções dos menus, além de ferramentas adicionais para interagir com o
mapa. Cada item da barra de ferramentas pop-up tem ajuda disponível. Mantenha o mouse sobre o item e uma breve descrição a respeito da
ferramenta será exibida.
Cada menu pode ser movido de acordo com suas necessidades. Além disso cada menu pode ser desligado com o botão direito do mouse
sobre o menu de contexto, segurando o botão do mouse sobre a barra de ferramentas.
Restaurar barra de ferramentas
Se você tiver acidentalmente escondido todas as barras de ferramentas, você pode recuperá-las, escolhendo a opção do menu Exibir
Barras de ferramentas . Se uma barra de ferramentas desaparece no Windows, o que parece ser um problema no QGIS de vez em quando,
você deve remover a chave \HKEY_CURRENT_USER\Software\QGIS\qgis\UI\state no registro. Quando você reiniciar o QGIS, a chave estará
escrita novamente com o estado padrão, e todas as barras serão visíveis novamente.

Legenda do Mapa
A área da legenda do mapa registra todas as camadas do projeto. A caixa de verificação de cada entrada da legenda pode ser utilizada para
mostrar ou ocultar a camada. A barra de ferramentas da legenda na legenda do mapa esta lista permite Adicionar grupo, Gerenciamento de
visibilidade da camada de todas as camadas ou gerenciamento de combinação de camadas pré-definidas, Filtrar legenda pelo conteúdo do
mapa, Expandir tudo** ou Comprimir tudo e Eliminar grupo ou camada.
Figure Layer tools Bar:

Layer Tool Bar in Map Legend

70
O botão lhe permite adicionar vista Preestabelecidos na legenda. Isto significa que pode eleger se mostra alguma camada com
organização específica e adiciona esta vista a lista de Preestabelecidos. Para adicionar uma vista preestabelecida simplesmente de um clique

em , eleja Adicionar preestabelecido... do menu em cascata e de um nome ao preestabelecido. Depois verá uma lista com todos os
preestabelecidos que pode chamar pressionando o botão .
Todos os preestabelecidos adicionados estarão presentes no desenho de impressão afim de permitir a criação de um desenho de mapa de
mapa com base em seus pontos de visão específicos.
Uma camada pode ser selecionada e arrastada para cima ou para baixo na legenda para mudar a Z-ordenação. Z-ordenação significa que as
camadas listadas mais perto do topo da legenda são desenhadas sobre camadas listadas mais abaixo na legenda.
Nota
Este comportamento pode ser substituído pelo painel ‘Ordem das Camadas’.
Camadas na janela legenda podem ser organizadas em grupos. Há duas maneiras de fazer isso:
Pressione o ícone para adicionar um novo grupo. Escreva um nome para o grupo e pressione Enter. Agora de um clique na camada
existente e arraste-a para o grupo.
Selecione algumas camadas, clique direito na janela de legenda e escolha Grupo selecionado. As camadas selecionadas serão automaticamente
colocadas em um novo grupo.
Para trazer uma camada de um grupo, você pode arrastá-la de fora, ou clique direito sobre ela e escolha Faça o item toplevel. Os grupos
também podem ser aninhados dentro de outros grupos.
A caixa de seleção de um grupo vai mostrar ou ocultar todas as camadas do grupo com apenas um clique.
O conteúdo do menu de contexto do botão direito do mouse depende se o item de legenda selecionado é uma camada raster ou
vetorial. Para camadas GRASS vetor,   Alternar edição não está disponível.

É possível selecionar mais de uma camada ou grupo ao mesmo tempo segurando a tecla Ctrl enquanto seleciona as camadas com o botão
esquerdo do mouse. Pode mover todas as camadas selecionadas para um novo grupo ao mesmo tempo.
Você também é capaz de excluir mais de uma camada ou um grupo de uma só vez, selecionando várias camadas com Ctrl e
pressianando Ctrl+D depois. Desta forma, todas as camadas ou grupos selecionados serão removidos da lista de camadas.

Trabalhando com a Ordem da legenda de camada independente


Há um painel que permite que você defina uma ordem de desenho independente para a legenda do mapa. Você pode ativar ele no menu Exibir
 Painéis  Ordem da camada. Esta funcionalidade permite-lhe, por exemplo, ordenar suas camadas em ordem de importância, mas ainda
exibi-las na ordem correta. Checando a caixa Controle da ordem de renderização por baixo da lista de camadas irá causar um voltar ao
comportamento padrão.

Figure Layer Order:

Definir a ordem da legenda de camada independente

71
Visualização do mapa
Este é o ‘’ fim do negócio’’ do QGIS — mapas são exibidos nesta área! O mapa exibido nesta janela dependerá das camadas vetoriais e raster
que você escolheu para carregar (ver seções a seguir para obter mais informações sobre como carregar camadas). A vista do mapa pode ser
deslocada, mudando o foco da exibição do mapa para outra região e zoom in e out. Várias outras operações podem ser realizadas sobre o mapa,
tal como descrito na descrição acima da barra de ferramentas. A vista do mapa e a legenda estão fortemente ligados uns aos outros — os mapas
em vista refletem as alterações feitas na área de legenda.
Ampliando o mapa com a roda do mouse
Você pode usar a roda do mouse para zoom in e out no mapa. Coloque o cursor do mouse dentro da área do mapa e gire a roda para a frente
(longe de você) para ampliar e para trás (para você) para diminuir o zoom. A posição do cursor do mouse é o centro onde o zoom ocorre. Você
pode personalizar o comportamento do zoom roda do mouse usando a aba Ferramentas do mapa sob o menu Configurações  Opções.

Percorrendo o mapa com as setas e a barra de espaço


Você pode usar as setas do teclado para se deslocar no mapa. Coloque o cursor do mouse dentro da área do mapa e clique na seta para a
direita para pan Leste, seta para a esquerda para pan Oeste, seta para cima para pan Norte e para baixo seta para deslocar Sul. Você também
pode deslocar o mapa utilizando a barra de espaço ou clique na roda do mouse.

Barra de Status
A barra de status mostra sua posição atual nas coordenadas do mapa (por exemplo, metros ou graus decimais) como o ponteiro do mouse
é movido através da visualização do mapa. Para a esquerda da tela de coordenadas na barra de status tem um pequeno botão que irá alternar
entre mostrar posição coordenada ou como você está visualizando as extensões do mapa como pan e zoom in e out.
Próximo à coordenada mostrar que você encontra a exibição de escala. Ele mostra a escala de visualização do mapa. Se você ampliar ou QGIS
mostra a escala atual. Este é um seletor de escala que permite que você escolha entre as escalas pré-definidas a partir de 1:500 até 1:1000000.
Uma barra de progresso na barra de status mostra o progresso de renderização como cada camada é atraída para a visualização do mapa.
Em alguns casos, como a coleta de estatísticas em camadas raster, a barra de progresso será usada para mostrar o status de operações longas.
Se um novo complemento ou uma atualização de complemento está disponível, você verá uma mensagem na barra de status. No lado direito
da barra de status existe uma pequena caixa que pode ser usada para impedir temporariamente que camadas sendo renderizadas sejam vistas
no mapa. O ícone imediatamente interrompe o processo de renderização atual mapa.
À direita da edição das funções, você encontra o código EPSG do SRC do projeto atual e um ícone projetor. Clicando sobre ele abre as
propriedades de projeção do projeto atual.

Ferramentas Gerais
Atalhos de teclado
QGIS fornece atalhos de teclado padrão para muitas funções. Adicionalmente, o menu da opção Settings  Configure Atalhos permite mudar
os atalhos de teclado padrão e adicionar novos atalhos as funções de QGIS.

Figure Shortcuts 1:

Defina as opções de atalho

A configuração é simples. Apenas selecione uma função da lista e clique em [Mudar], [Definir nenhum] ou [Definir Padrão]. Uma vez
finalizada a sua configuração, pode salvar a mesma como arquivo XML e carregá-la em numa outra instalação QGIS.

Renderização
Por padrão, QGIS representa todos as camadas visíveis toda vez que a tela do mapa é refeita. Os eventos que refazem a tela do mapa incluem:
Adicionar uma camada

72
Pan ou zoom Influência da qualidade da edição
Redimensionando a janela QGIS Para melhorar a qualidade da visualização do mapa, tem-se duas
Mudanças na visibilidade de uma camada ou camadas opções. Escolher a opção do menu Definições Opções, clicar na
QGIS permite controlar o processo de representação em diferentes aba Representação e selecionar ou desabilitar as seguintes caixas:
formas. Fazer linhas aparecem com menos definição para não perder
performance ao renderizar
Escala dependente da renderização Ajustar problemas com polígonos preenchidos incorretamente
A representação dependente da escala, permite especificar as Acelerando a visualização
escalas mínima e máxima as quais a camada será visível. Para definir Existem duas definições que permitem melhorar a velocidade da
uma visualização dependente da escala, abra o diálogo Propriedades, visualização. Abra a opção de diálogo QGIS Definições Opções, e na
clicando duas vezes sobre a legenda da camada. Na aba Geral, clique aba Representação e selecionar ou desabilitar as seguintes caixas:
na caixa Visibilidade dependente da Escala para ativar a função, Ativar buffer anterior. Isso proporciona melhor desempenho
depois coloque os valores de escala mínimo e máximo. gráfico ao custo de perder a possibilidade de cancelar a visualização e
Pode-se determinar os valores da escala, primeiro fazendo um além disso, desenhar feições. Se não está selecionado, pode-se definir
zoom ao nível desejado e verificando o valor da escala no barra QGIS . o Número de feições a desenhar antes de atualizar a tela, senão esta
opção está desabilitada.
Controlando a renderização do mapa ` Usar o cache de visualização quando possível para agilizar
A visualização do mapa pode ser controlada de diversas formas, redesenho
como descritas na sequência.
Medição
Suspensão de edição Medindo em dados com sistemas de coordenadas projetadas (ex.
Para suspender a visualização do mapa, clique na caixa UTM) e não projetadas. Se o mapa carregado está definido em sistema
Representação na esquina inferior da barra de estado. Quando de coordenadas geográficas (latitude/longitude), os resultados
a caixa Representação no está marcada, QGIS não refaz a tela de medir uma línea ou área serão incorretos. Para corrigir isto,
em resposta a qualquer dos eventos descritos na seção redesenho_ necessitamos definir um sistema de coordenadas de mapa apropriado.
eventos. Exemplos de quando você pode querer suspender a Todos os módulos de medição também usam as definições de atrair
renderização incluem: do módulo de digitalização. Isso é útil se deseja medir ao longo de
Adicionando várias camadas e simbolizando antes do desenho. líneas ou áreas em camadas vectoriais.
Adicionando uma ou mais camadas grandes e definindo a Para escolher uma ferramenta de medição, clique
dependência de escala antes do desenho. em |mAçãoMedir| e selecione a ferramenta que deseje usar.
Adicionando uma ou várias camadas grandes e definindo a escala Medição de linha, áreas ou ângulos
de visualização antes do desenho.
Qualquer combinação dos anteriores Figure Measure 1:
Caixa de seleção caixa de seleção Renderizar permite
renderização e causa uma atualização imediata na tela do mapa.
Opções de adicionar configurações da camada
Pode-se definir uma opção para que possa carregar novas camadas
sem visualizá-las. Isto implica que a camada será adicionada ao mapa,
mas a caixa de visibilidade na legenda estará desmarcada por padrão.
Para definir esta opção, escolha o menu de opções Definições
Opções e clique em Representação. Desmarque a caixa Por Padrão
novas camadas adicionadas ao mapa serão visualizadas. Qualquer
camada adicionada depois ao mapa estará deligada (invisível) por
padrão.

Parar renderização
Para parar o desenho no mapa, pressione a tecla ESC. Isto irá
parar a atualização da tela do mapa e deixar o mapa parcialmente
desenhado. Pode levar um pouco de tempo entre pressionar ESC e o Medição de Distancia
tempo que o desenho do mapa será interrompido.
No momento não é possível parar a representação ou visualização Figure Measure 2:
— isto foi desabilitado no porta Qt4 devido a que a Interface do
usuário (UI) ocasiona problemas e colapsa.

Atualização da tela durante a edição do mapa


Pode-se definir uma opção para a atualização da tela do mapa
na medida em que as feições são desenhadas. Como padrão, QGIS
não apresenta qualquer feição numa camada até que a totalidade
da camada tinha sido representada. Para atualizar a visualização
na medida em que as feições são lidas da base de dados, escolha a
opção do menu Definições Opções e clique na aba Representação. Medição de Área
Coloque a contagem de feições a um valor apropriado para atualizar
a tela enquanto realiza a representação. Colocando um valor de 0,
desabilita a atualização enquanto desenha (este é o padrão). Colocar
um valor muito baixo resultará num desempenho ruim, já que a tela
do mapa estará continuamente se atualizando a medida que lê as
feições. Um valor sugerido para começar é 500.

73
Figure Identify 1:

Medição de ângulo

Selecionar e desselecionar feições


A barra de ferramentas | qg | oferece várias formas de selecionar
feições na tela do mapa. Para selecionar uma ou mais feições, basta
clicar sobre | mActionSelect | e selecionar sua ferramenta:

Selecionar uma única feição

Selecionar Feições através de Retangulo

Selecionar Feições através de Polígono


Janela identificar feição (Gnome)
Selecionar Feições por Desenho Livre No topo da janela, temos cinco ícones:

Selecionar Feições por Raio Expandir árvore


Para desselecionar todos as feições selecionadas clique em
Desselecionar todas feições da camada. Fechar árvore
Selecionar feição usando uma expressão permite ao usuário Comportamento Padrão
selecionar feição usando diálogo expressão. Veja capítulo vector_
expressions para algum exemplo. Copiar atributos
Os usuários podem salvar a seleção de feições em uma Novo
Arquivo de Camada Vetor ou ** Nova Camada Vetor** usando Editar
Imprimir resposta HTML selecionada
 Colar feições como... e escolher o modo desejado.
No rodapé da janela, temos as caixas de seleção Modo e Exibir.
Identificar feições
Com a caixa Modo podemos definir o modo de identificação: ‘Camada
A ferramenta Identificar permite que você interaja com a tela do
mapa e obtenha informações sobre as feições, em uma janela pop-up. Atual’, ‘De cima para baixo, parando no primeiro’, ‘De cima para baixo’,
Para identificar feições, use Exibir  Identificar feições ou e ‘Seleção da camada’. A caixa View pode ser acertada para ‘Árvore’,
‘Tabela’ e ‘Gráfico’.
pressione Ctrl + Shift + I, ou clique no ícone   A ferramenta Identificar permite abrir automaticamente um
formulário. Nesse modo você pode mudar os atributos das feições.
Identificar feições na barra de ferramentas. Outras funções podem ser encontrados no menu de contexto do
Essa janela pode ser personalizada para exibir campos item identificado. Por exemplo, do menu de contexto, você pode:
personalizados, mas por padrão ele irá exibir apenas três tipos de Ver o formulário da feição
informação: Zoom para feição
Ações: Ações podem ser adicionados às janelas de identificação Copiar feição: Copiar todos os atributos e a geometria da feição
de feições. Ao clicar na etiqueta da ação, a mesma será executada. Por Seleção de feição de alternância: Adicionar identificador de feição
padrão, apenas uma ação para ver feições para edição, é adicionada . à seleção
Derivada: Esta informação é calculada ou derivada de outras Copiar o valor do atributo: Copiar apenas o valor do atributo que
informações. Você pode encontrar coordenadas clicadas, coordenadas clicou.
X e Y, área em unidades de mapa e perímetro em unidades do mapa Copiar atributos da feição: copiar apenas os atributos
de polígonos, comprimento em unidades do mapa de linhas e Limpar resultados: apaga os resultados na janela
identificação das feições. Limpar destaques: Remover feições destacadas no mapa
Atributos dos dados: essa é a lista de campos de atributos dos Destaque todos
dados. Destaque a camada
__________________________________________________________________________ Ativar camada: escolha uma camada a ser ativada
__________________________________________________________________________ Propriedades da camada: Abre a janela de propriedades da
__________________________________________________________________________ camada
__________________________________________________________________________ Estender tudo
__________________________________________________________________________ Encolher tudo
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________ Decorações
__________________________________________________________________________ As Decorações de | qg | incluem a Gride ou malha, o Etiqueta de
__________________________________________________________________________ Direitos Autorais, a Seta do Norte e a Barra de Escala. Eles são usados​​
__________________________________________________________________________ para “decorar” o mapa, adicionando elementos cartográficos.
__________________________________________________________________________

74
Malha Seta Norte
Figure Decorations 3:
Figure Decorations 1:

Janela de indicação do Norte

Barra de Escala
Figure Decorations 4:

O Diálogo Malha

Selecionar do menu Ver  Decorações  Malha.


Marque a guia Habilitar Malha e coloque as definições da
malha de acordo as camadas carregadas na tela do mapa.
Marque a guia Desenhar anotações e coloque as definições de
anotações, de acordo as camadas carregadas na tela do mapa.
Clique [Aplicar] para verificar que a apariência é a esperada
Clique [OK] para fechar o diálogo.

Rótulo Copyright

Copyright label adds a copyright label using the text you


prefer to the map. A janela da barra de escala

Figure Decorations 2: Para adicionar uma barra de escala:


Seleccione a partir do menu: menuselection: Ver -> Decorações ->
Barra de Escala.
Selecione a localização a partir do combo de caixas Localização
.
Selecione o estilo a partir do combo de caixas Estilo da Barra de
Escala .
Selecione a cor da barra Cor da bar |selecionecor| ou use a cor
preto padrão.
Definir o tamanho da barra e sua etiqueta Tamanho da
barra |selecioarnúmero|.
Confirme que a caixa Abilitar barra escala, está clicada.
Opcionalmente, marque : guilabel: automaticamente
arredondará para número inteiro no redimensionamento.
Clique [OK].
O diálogo de Direitos de Cópia |nix
Configurações de Decorações
Selecionar no menu Ver ‣ Decorações ‣ Etiqueta de Propriedade
Intelectual. Quando salva um projeto .qgs, qualquer mudança que tenha
Entre o texto que deseja colocar no mapa. Pode usar HTML como efetuado ao Gride, Seta do Norte, Barra de Escala e Direitos de Cópia,
mostrado no exemplo. serão salvos no projeto e restaurados na próxima vez que carregue o
Escolha o lugar da etiqueta a partir do combo de caixas Localização projeto.
.
Confirme que a caixa Abilitar Etiqueta Direito de Cópia está Ferramentas de anotação
selecionada.
Clique [OK]. A ferramenta Anotação de Texto na barra de ferramentas dos
atributos, dão a possibilidade de colocar texto formatado na legenda
No exemplo acima, que é padrão, QGIS coloca um símbolo de
da tela do mapa QGIS. Use a ferramenta Anotação de Texto e clique na
direitos de cópia, seguido pela data, na esquina inferior direita da tela tela do mapa.
do mapa.

75
Figure annotation 1: Figure annotation 2:

Janela texto de anotação

Dê um duplo clique no item para abrir o diálogo com várias


opções. Tem um editor de texto para entrar texto formatado e definir
outros itens. Por exemplo, tem uma forma de colocar um item numa
posição do mapa (mostrada por um símbolo marcador) or para ter Desenho personalizado qt do formulário de anotação
um item numa posição da tela (não relacionada ao mapa).O artigo Se você pressionar Ctrl+T enquanto uma ferramenta Anotação está
pode ser movido pela posição do mapa (arrastando o marcador do ativa (mover anotação, texto de anotação, formulário de anotação), os
mapa) ou movendo apenas o balão. Os ícones são parte do tema GIS e estados de visibilidade dos itens serão invertidos.
podem ser usados como padrão em outros temas também.
Favoritos Espaciais
A ferramenta Mover Anotação permite mover a anotação na Favoritos espaciais permite que você “marque” uma localização
tela do mapa. geográfica e volte a ela mais tarde.
Novo Favorito
Anotações HTML Para criar um novo favorito:
Zoom ou pan na área de interesse.
A ferramenta Anotação HTML na barra de ferramentas dos Selecione a opção de menu Exibir  Novo Favorito ou
atributos, dâ a possibilidade de colocar conteúdo de em arquivo pressione Ctrl-B.
HTML numa caixa de texto ou na tela do mapa QGIS. Para usar a Adicione um nome descritivo para o favorito (no máximo 255
ferramenta Anotação HTML, clique na tela do mapa e adicione o caracteres).
caminho para o arquivo HTML no diálogo. Pressione Enter para adicionar um favorito ou [Delete] para
remover o favorito.
Anotações SVG Note que você pode ter vários favoritos com o mesmo nome.

A ferramenta Anotação SVG na barra de ferramentas dos Trabalhando com favoritos


atributos, fornece a possibilidade de colocar um símbolo SVG em uma Para usar ou gerenciar os marcadores, selecione a opção
caixa de texto na tela do mapa QGIS. Para usar a ferramentaAnotação do menu Ver  Mostrar marcadores. O diálogo Marcadores
SVG, clique na tela do mapa e adicione o caminho para o arquivo SVG Geospaciais permite focar ou apagar um marcador. Não é possível
no diálogo. editar o nome ou as coordenadas de um marcador.
Anotação de formulário
Além disso, pode-se criar seu próprio formulário de anotação. Aproximar para um favorito
A ferramenta Formulário de Anotação é útil para mostrar os A partir do :guilabel: diálogo Favoritos Geoespaciais, selecione o
atributos marcador desejado, clicando sobre ele, em seguida, clique [Aproximar
para]. Você também pode ampliar até um marcador, clicando duas
de uma camada vectorial em formjlário personalizado do tipo Qt vezes sobre ele.
Designer. Isto é semelhante aos formulários da ferramenta Identificar
feições , mas exibido em um item de anotação. Deletando um favorito
__________________________________________________________________________ Para excluir um marcador do diálogo Marcadores Geospaciais,
__________________________________________________________________________ clique nele e logo clique em[Apagar]. Confirme sua escolha
__________________________________________________________________________ clicando [Sim], ou cancele a operação clicando [Não].
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________ Importar ou exportar os favoritos
__________________________________________________________________________ Para compartilhar ou transferir os seus favoritos entre
__________________________________________________________________________ computadores você pode usar o Shareno menu de diálogo
__________________________________________________________________________ suspenso Geospatial Bookmarks.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________ Projetos animados
__________________________________________________________________________ Se deseja incorporar conteúdo de outros arquivos de projetos no
seu projeto, pode escolerCamada Incorporar Camadas e Grupos.

76
Incorporando camadas espaço.
Os seguintes diálogos permitem incorporar camadas de outros (D) grande com alto grau de detalhamento do espaço representado.
projetos. Aqui um pequeno exemplo:
Pressione para olhar para outro projeto do conjunto de 3. (PUCRS) Responda à questão com base no desenho, que
dados Alasca. representa uma área de relevo em curvas de nível, preenchendo os
Selecione o arquivo do projeto :arquivo:`coberturavegetal` Pode parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).
ver agora o conteúdo do projeto (veja figure_embed_dialog).
Pressione Ctrl e clique nas camadas :arquivo:`coberturavegetal`
e : arquivo:`regiões`. Pressione [OK]. As camadas selecionadas serão
incorporadas na legenda do mapa e na tela do mapa.
Figure Nesting 1:

(      ) Os mapas topográficos utilizam curvas de nível, também


Selecionar camadas e grupos para incorporar chamadas de isoípsas, para representar diferentes altitudes.
(    ) As curvas de nível da vertente do lado A do traço indicam um
Enquanto as camadas incorporadas são editáveis, não podem ser relevo mais íngreme do que as curvas de nível do lado B do traço.
mudadas suas propriedades de estilo e rotulação. (      ) O relevo representado por essas curvas de nível é uma
depressão com 250m de profundidade.
Removendo camadas incorporadas (    ) A área representada nesse desenho pode ser considerada um
divisor de águas.
Clique com botão direito na camada incorporada e escolha (    ) A direção do traço de A para B, neste desenho, é nordeste-
Apagar. sudoeste.

O correto preenchimento dos parêntese, de cima para baixo, é


Questões
(A) V –V –F –F –F
(B) V –V –F –V –F
(C) V –F –V –F –F
1. (URCA) A cartografia veio acompanhando a evolução técnica (D) F –V –F –V –V
da humanidade e o mapa foi se impondo como um instrumento capaz (E) F –F –V –V –V
de reunir informações úteis ao homem, para fins diferenciados. A
respeito do uso atual do mapa, é CORRETO afirmar que: 4. (UNICENTRO) Pode-se afirmar, de maneira simplificada, que a
Cartografia é a “ciência dos mapas”. Essa ciência pode utilizar-se de
(A) A curva de nível é uma linha que no mapa liga pontos da mesma mapas produzidos em diferentes escalas. Utilizando os conhecimentos
amplitude térmica, seu traçado permite identificar os domínios das sobre escalas, considere que foram produzidos dois mapas de um
massas de ar. mesmo espaço: o mapa X, produzido na escala 1:1. 000.000 e o mapa
(B) O planisfério de Mercator é o mapa-múndi usado como padrão Y, produzido na escala 1:3. 000.000. Com base nessas informações,
nos livros e atlas porque ele representa com maior objetividade a assinale a alternativa correta.
constituição geomorfológica do planeta.
(C) O planejamento territorial com base em informações (A) No mapa X, 1 centímetro corresponde a 1 quilômetro na
geoprocessadas visa reduzir a ação da fiscalização do Estado sobre as superfície terrestre.
questões ambientais e a propriedade privada. (B) No mapa Y, 2 centímetros correspondem a 600 quilômetros na
(D) Os mapas que utilizam escalas pequenas permitem uma superfície terrestre.
representação mais detalhada da realidade enfocada. (C) O mapa X é menor que o mapa Y.
(E) A indicação da escala utilizada é indispensável para a leitura (D) O mapa Y é menor que o mapa X.
adequada de produtos cartográficos. (E) O mapa Y é três vezes maior que o mapa X.

2. (UFRN) O roteiro turístico de Natal apresenta o centro 5. (UFPR) Ao selecionar um terreno, um comprador observou
histórico da cidade como um dos atrativos. O recurso cartográfico que pela planta do loteamento que esse lote apresentava as seguintes
possibilita uma melhor identificação da localização das edificações medidas: 1 cm (frente) por 2 cm (lateral). A área informada era de
que compõem o centro histórico é a planta, porque possui uma escala. 800 m2. Considerando as medidas observadas, assinale a alternativa
que apresenta a escala da planta do loteamento.
(A) grande que favorece a representação de áreas com grande
extensão territorial. (A) 1: 15.000
(B) pequena que permite identificar detalhadamente aspectos da (B) 1: 10.000
paisagem. (C) 1: 5.000
(C) pequena com alto grau de precisão de pequenas extensões do
77
(D) 1: 2.000.
(E) 1: 1.000.

6. (CEFET-MG)

Disponível em:<http://cier.uchicago.edu/gis/gis.htm> Acesso em: 25 jul. 2013.

Sobre o Sistema de Informação Geográfica, é correto afirmar que

I – se apresenta como um importante instrumento para o planejamento urbano e rural.


II – correlaciona diversos dados do espaço terrestre de acordo com determinada finalidade.
III – se elabora como produto final cartogramas diversos, fiéis ao espaço representado.
IV – se organiza em modelo de camadas no formato de matrizes ou imagens a partir de variáveis selecionadas.
V – exibe a cada camada um mapa tridimensional com diversas características físicas de uma região.

Estão corretas apenas as afirmativas

(A) I, II e III.
(B) I, II e IV.
(C) I, IV e V.
(D) II, III e V.
(E) III, IV e V.

7. (UNICAMP) Escala, em cartografia, é a relação matemática entre as dimensões reais do objeto e a sua representação no mapa. Assim, em
um mapa de escala 1:50.000, uma cidade que tem 4,5 km de extensão entre seus extremos será representada com

(A) 9 cm.   
(B) 90 cm.   
(C) 225 mm.   
(D) 11 mm.   

78
8. (UEA) As imagens de satélite têm sido utilizadas na geografia Instalado em 2011 na área urbana de Manaus, esse sistema, que
em uma grande variedade de aplicações, entre as quais destaca-se. opera com base na relação entre mapas digitais, posicionamento
global e banco de dados informatizado, transformou-se em
(A) a catalogação de monumentos arqueológicos abaixo da importante instrumento para o planejamento da cidade. O sistema
superfície do solo. tratado pelo texto é o
(B) a identificação de minerais de interesse comercial em águas
profundas. (A) Sistema de Informação Gerencial.
(C) o auxílio na interpretação dos fluxos de produtos agrícolas, (B) Sistema de Planejamento Urbano.
devido à modernização no campo. (C) Sistema de Informação Geográfica.
(D) o monitoramento das mudanças relacionadas ao uso da terra. (D) Sistema de Análise Financeira.
(E) a reflexão acerca dos movimentos sociais existentes no campo (E) Sistema de Recenseamento Local.
e na cidade.
12. Quanto ao geoprocessamento, assinale a opção correta.
9. (PUCRS) Responder à questão com base nas informações
e afirmativas que tratam da representação do espaço através da (A) O sistema de informação geográfica (SIG) ou em inglês
cartografia. Os mapas não são representações completas da realidade; geografical information system (GIS) é, atualmente, o sistema mais
são simplificações do espaço geográfico. Sobre a elaboração de mapas, adequado para análise espacial de dados geográficos.
afirma-se: (B) Os dados utilizados no SIG podem ser divididos em 3 grupos:
dados gráficos ou espaciais (geográficos); dados topográficos
I. O cartógrafo necessita realizar uma seleção prévia daquilo que (volumétricos); dados não-gráficos ou descritivos (alfanuméricos).
irá mapear. (C) Para geração dos dados espaciais, utiliza-se, exclusivamente, o
II. O mapa representa política e ideologicamente o seu idealizador. sistema de posicionamento global (GPS).
III. Não existe uma projeção mais correta para um mapa, e sim a (D) As plantas topográficas são obtidas a partir de dados colhidos
que melhor atende aos interesses de quem o está construindo. por meio da geogrametria aérea.
IV. A produção de símbolos cartográficos pode ser comparada à
elaboração de um texto. 13. A tecnologia que abrange o conjunto de procedimentos
de entrada, manipulação e armazenamento e análise de dados
Estão corretas as afirmativas espacialmente referenciados denomina-se:

(A) I e III, apenas. (A) geoprocessamento;


(B) II e IV, apenas. (B) sistema de informação geográfica;
(C) I, II e IV, apenas. (C) monitoramento;
(D) II, III e IV, apenas. (D) sensoriamento remoto;
(E) I, II, III e IV. (E) georreferenciamento.

10. (URCA) Sobre as coordenadas geográficas, assinale o que for 14. Considere os conceitos de sensoriamento remoto e
CORRETO. geoprocessamento e julgue as afirmativas a seguir como verdadeiro
(V) ou falso (F).
(A) A linha do equador sendo o paralelo inicial de 0º, tem o seu
oposto em 90°, o qual define a Linha Internacional da Data que, em ( ) O sensoriamento remoto tem por objetivo identificar
alguns pontos, avança para oeste ou para leste para incluir alguns ocorrências de fenômenos ambientais.
lugares na mesma data que outros. ( ) O uso de imagens geradas por sensores orbitais tem custos e
(B) A linha do Equador e o meridiano de Greenwich definem, aplicabilidade associados às resoluções adotadas.
respectivamente, a divisão da terra em hemisférios meridional e ( ) As imagens de sensores orbitais são apresentadas, geralmente,
setentrional e em hemisférios norte e sul. como estruturas raster para o geoprocessamento.
(C) Os paralelos localizados a 66° 33’N e S definem,
respectivamente, os trópicos de capricórnio e de câncer. (A) V; V; V
(D) Os meridianos definem os fusos horários do mundo, sendo (B) V; F; V
(C) V; F; F
que o meridiano de 45°W é o meridiano central do fuso horário que
(D) F; F; F
define a hora oficial de Brasília, que é a mesma do Ceará.
(E) F; V; V
(E) Os paralelos localizados a 23° 27’N e S definem,
respectivamente, os círculos polares Ártico e Antártico.
15. Em relação aos sistemas de informação geográfica (SIG),
julgue o item como certo ou errado.
11. (UEA) A capital amazonense já conta com um sistema que
está auxiliando outras grandes capitais como Curitiba, Cuiabá, São
Sabendo que o geoprocessamento engloba diversas tecnologias
Paulo, Campo Grande e Rio de Janeiro. O sistema foi elaborado a
de tratamento e manipulação de dados geográficos por meio de
partir do aerolevantamento que gerou uma coleção de fotos digitais,
programas computacionais, é correto afirmar que, como os SIG são
denominadas ortofotos, criando uma base digital da cidade. Foram
também constituídos de programas computacionais, SIG é sinônimo
fotografados 430 km2, tamanho exato da área urbana de Manaus. Tal
de geoprocessamento.
resultado possibilitará, entre outros avanços, a desburocratização
( ) Certo ( ) Errado
na abertura de empresas e na implantação da E-CIT (Certidão de
Informações Técnicas), a reorganização de numeração predial e
16. Uma equipe de geoprocessamento quer analisar a forma
correção de endereçamento, bem como, a melhor distribuição da do terreno a partir de um conjunto de curvas de nível em formato
iluminação pública, ordenamento da ocupação e a cobrança mais vetorial e de um modelo digital de elevação em formato matricial. A
justa do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). associação entre o conjunto de dados e a justificativa de sua escolha
(http://semef.manaus.am.gov.br. Adaptado.) deve ser

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(A) matricial, porque armazena os relacionamentos topológicos RESPOSTAS
entre as feições representadas.
(B) matricial, porque preserva a resolução mesmo quando é 1. Resposta: E
exibido em escalas grandes.
(C) matricial, porque permite ao usuário a edição da geometria 2. Resposta: D
das feições representadas, individualmente.
(D) vetorial, porque demanda menor espaço de armazenamento 3. Resposta: B
dos dados em disco.
(E) vetorial, porque as curvas de nível fornecem valores de altitude 4. Resposta: D
diretamente em qualquer ponto da região.
5. Resposta: D
17. As imagens representam formas de captura indireta de
informação espacial e constituem uma peça importante em um 6. Resposta: B
trabalho de geoprocessamento. Dessa forma, são importantes
características da imagem de satélite o número e a largura de bandas 7. Resposta: A
do espectro eletromagnético capturadas, a menor área da superfície
terrestre observada instantaneamente por cada sensor, o nível 8. Resposta: D
de quantização registrado pelo sistema sensor e o intervalo entre
duas passagens do satélite pelo mesmo ponto. Essas características 9. Resposta: E
referem-se, respectivamente, a quais resoluções?
10. Resposta: D
(A) Resolução espectral, resolução espacial, resolução
radiométrica e resolução temporal. 11. Resposta: C
(B) Resolução espacial, resolução espectral, resolução
radiométrica e resolução temporal. 12. Resposta: A
(C) Resolução espacial, resolução espectral, resolução temporal e Os dados utilizados no SIG podem ser divididos em 3 grupos:
resolução radiométrica. dados gráficos ou espaciais (geográficos); dados topográficos
(D) Resolução espectral, resolução espacial, resolução temporal e (volumétricos); dados não-gráficos ou descritivos (alfanuméricos).
resolução radiométrica. Divido em 2 grupos: Dados gráficos, espaciais ou geográficos (forma e
(E) Resolução temporal, resolução espectral, resolução espacial e posição); Dados não gráficos, alfanuméricos ou descritivos (Atributos
resolução radiométrica. dessas características)

18. Georreferenciamento refere-se ao processo de inserção de 13. Resposta: A


um sistema de projeção cartográfica as imagens de sensoriamento Geoprocessamento e SIG:
remoto. Geoprocessamento é uma área do conhecimento, onde diversos
Julgue os próximos itens, relativos a processo de tipos de informações geográficas são processadas por meio de
georreferenciamento. técnicas matemáticas e computacionais. O Sistema de Informação
Os valores digitais de determinado pixel, antes e depois do Geográfica (SIG) é uma ferramenta do geoprocessamento, através
georreferenciamento, podem ser diferentes. da qual são geradas informações por meio da análise e integração
( ) Certo ( ) Errado de dados geográficos. Tais dados permitem a criação de diferentes
mapas temáticos, onde vários tipos de informações podem ser
19. Os principais componentes envolvidos no processo de sobrepostas e interpretadas. Assim é possível gerar novos mapas
aquisição de imagens de satélite da superfície terrestre são a radiação contendo informações complexas sobre a área em estudo, facilitando
eletromagnética (REM), o alvo, o sistema sensor e a atmosfera. as tomadas de decisão.
Com relação a esse assunto, julgue os itens seguintes. Num SIG, costuma-se utilizar imagens de satélite e/ou fotos aéreas.
A faixa espectral do ultravioleta, em que ocorre forte absorção Estas podem ser analisadas isoladamente, ou temporalmente, estação
da REM, não é regularmente utilizada no processo de geração de por estação, ano após ano. Dentro desse contexto, análises temporais
imagens de satélite. podem ser bastante úteis quando se deseja avaliar a evolução de
( ) Certo ( ) Errado uma área. Além disso, com as imagens de satélite, é possível gerar
informações sem a necessidade de trabalhos de campo excessivos.
20. Em relação aos sistemas sensores, constata-se que Através de diversos tipos de algoritmos de classificação, podemos
realizar análises prévias da área para a definição e planejamento do
(A) a resolução espacial está relacionada à menor área do terreno uso e ocupação da terra.
que um sistema sensor é capaz de classificar e interpretar. Por que pensar em geoprocessamento e SIG?
(B) a resolução radiométrica está relacionada à capacidade de não A espacialização das informações contidas em um SIG auxilia
distinguir radiação eletromagnética com diferentes faixas espectrais. muito as tomadas de decisão, pela visão dos diferentes componentes
(C) os radares usados pela policia rodoviária são exemplos de do ambiente de forma geral e integrada. Estas ferramentas são muito
sensores passivos, apesar de eles enviarem e receberem o sinal na úteis na gestão ambiental e na gestão do uso e ocupação da terra,
superfície da terra. sendo usualmente aplicadas em projetos nas áreas de agricultura,
(D) os sensores não imageadores dividem-se em sistemas de mineração, planejamento ambiental e urbanismo. Numa fazenda,
varredura mecânica e sistemas de varredura eletrônica. por exemplo, podemos analisar um conjunto de dados sobre sua
(E) os sistemas imageadores apresentam os resultados na forma declividade, hidrografia, vegetação e tipo de solo, gerando um mapa
de gráfico ou de valores numéricos. temático de aptidão para irrigação. Ou ainda, podemos definir as
áreas de preservação permanente e de reserva legal que devem
ser reflorestadas, que se fazem necessárias para a regularização da
propriedade.

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A agricultura de precisão envolve a definição precisa das áreas ———————————————————————————
críticas, possibilitanto uma grande economia de recursos. É possível
mapearmos manchas de deficiência hídrica, deficiência nutricional, ———————————————————————————
focos de pragas, altas e baixas produtividade e, através do SIG, definir ———————————————————————————
as áreas prioritárias para manejo.
———————————————————————————
14. Resposta: A
———————————————————————————
15. Resposta: Errada ———————————————————————————
16. Resposta: D ———————————————————————————

17. Resposta: A ———————————————————————————


———————————————————————————
18. Resposta: Certo.
No tratamento das imagens, pode haver melhora ou piora, ———————————————————————————
mudando assim os valores digitais.
———————————————————————————
19: Resposta: Certo
———————————————————————————
20- Entende-se por sensoriamento remoto toda coleta de dados ———————————————————————————
sobre um objeto ou fenômeno sem que ocorra contato físico entre
o mesmo e o coletor. Estes dados por sua vez são em última análise ———————————————————————————
radiação eletromagnética (REM) refletida ou emitida pelo objeto
———————————————————————————
em estudo. Cabe aos sistemas sensores, instrumentos principais
do sensoriamento remoto, a captação desta radiação e conversão ———————————————————————————
para uma forma que possibilite análises e interpretações. Estas
Informações são utilizadas para o planejamento de grandes áreas ———————————————————————————
pois permitem uma visão sinóptica da área.
———————————————————————————
Quando o sistema sensor transforma a REM recebida em uma
imagem o denominamos sistemas imageadores, caso contrário estes ———————————————————————————
são denominados não-imageadores. Com relação a fonte de REM
classificamos os sensores em ativos, que possuem sua própria fonte ———————————————————————————
de REM, e passivos que necessitam de uma fonte externa para operar,
normalmente o sol. ———————————————————————————
Ao produto final dos sistemas sensores atribuímos características ———————————————————————————
básicas que definem a capacidade de distinguir respostas (em forma
de REM) do objeto em estudo, em outras palavras a resolução, ou ———————————————————————————
poder de resolução quando se trata do sensor. São elas a resolução
espacial, espectral e radiométrica, que serão explicadas adiante. ———————————————————————————
Os sistemas não-imageadores mais utilizados são os radiômetros, ———————————————————————————
cuja a principal função no assunto que vamos desenvolver é a
calibração dos dados. De acordo com o processo de formação da ———————————————————————————
imagem, classificamos os sistemas imageadores em fotográficos,
elétro-ópticos (satélites) e radar. ———————————————————————————
Os dados obtidos pelos diversos sistemas sensores em questão se ———————————————————————————
prestam a diversos usos ficando a definição de qual sistema utilizar
em função da informação a ser obtida, da resolução necessária e do ———————————————————————————
capital disponível para o mesmo.
Uma vez obtidos, estes dados devem ser então tratados e ———————————————————————————
interpretados, de forma analógica ou digital para a obtenção da ———————————————————————————
informação em questão.
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