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2.
A maciez na voz,
lá em baixo o silêncio
e os olhos a desenhar,
demasiado expostos.
o meu pé direito,
um brinco perdido.
Evaporo-me
Imperfeita e finita,
É humana a falha e
a existência é misteriosa,
assim.
4.
Colecciono palavras de lá, arrastadas pelos ventos do mundo, e com as minhas mãos
5.
6.
7.
as unhas, as plantas.
no tempo passado,
8.
Tenho um buraco dentro de mim ___ cheio ___ uma cratera onde cabe tudo dentro.
9.
Vim de Paterson,
*amanhã compro o livro e vou ao cinema, sábado sempre oferece bons planos a dois
11.
Leio para
transbordar
bordar
dar
ar
Respirar
12.
13.
Despedaçada adormeço
E realizados um no outro
invento possibilidades
deitados, adormecidos…
15.
Estou nervosa
Nervos
Bichos (se soubesses a quantidade de bichos raros que há à porta deste prédio
Serás possível?
Sim de sinto
E comecei a escrever
Tu
Tu casa
Tu rua
Tu metade
Tu silêncio
Tu pedra
As entradas
As margens
16.
17.
O amor é vivo
há um milhão de anos.
Tempos, temperamentos
nunca me vi a dormir
chuva fina,
Apanho alguns pedaços de silêncio que estão quase a secar e escrevo este poema até
acabá-lo.
Alguns lêem,
poucos escrevem
Só uma.
18.
19.
Après-midi
Um amôr é prohibido
Après-midi
Après-midi
20.
de barco
Depois de temperaturas instáveis o calor regressa
a tempo da Primavera
e quanto às insónias
O que é que será que a rapariga que serve às mesas pensa deste lugar?
Desde que o meu ex-namorado me disse 'Eu gostava de ser ditador' que nunca mais me
calei
Agora escrevo
21.
os músculos contraem.
Do alto dos meus quase 31 ainda me escondo atrás das árvores quando alguém toca em
mim___
não nasci boémia, por isso interessam-me os tipos marginais e charmosos. Também eu
coração dobrado, a vida (re)parte-me e o corte é fundo: levei dez pontos no hospital.
Saio diferente do que fui, transformada, igual a mim mesma num corpo com memória:
experiências arquivadas que um dia alguma coisa acende, o corpo reconhece e então os
músculos reconectam.
Aprendi lendo Clarice que "ficção é real" e provisoriamente disfarço o meu interesse
por ti.
23.
Estamos Quites.
24.
25.
26.
apressar o processo
e subitamente
a beleza e o caos
de uma cidade
É o princípio
o precipício entre
e as árvores avançam
as suas sombras.
é o exterior de nós.
27.
Rasgar o peito,
abrir o céu,
também as veias.
28.
O sol
O chão e os móveis
Ternuras
Enigmas
A obra espera
voltarmos a saír
E tu,
30.
O amor contrai-se.
31.
32.
Os discos deixaram de tocar no último andar: nos quartos, na sala... Sem explicações, o
ar está parado.
Tu, com a tua t-shirt preta dos Joy Division, bastante tempo sentado na borda da cama.
Tu e eu não nos conhecemos na rua. Começou tudo no final de uma aula, eu dei o
mãos abertas muito bonitas. E o sabor doce de compota na boca e os beijos a servir para
A literatura saltou os portões da escola mas tínhamos sido empurrados para fora da
frase.
É horrível.
Uma maravilha.
Este país não chega para todos nem o que eu sinto chega para te amar. Viveremos numa
Uma maravilha.
Veremos a nossa vida como uma biografia. Uma biografia inacabada com imagens
A memória é agora.
33.
[handwriting]
intimamente inconscientemente
que é o amor
e eu não me canso para sempre
há um excesso de coração
na minha poesia
enquanto espero
[handwriting]
nem expectativa.
apaga.
Acende.
Apaga.
Começo!
o próprio lugar.
e encontra poemas.
Ele é poesia?
35.
Fiel ao desejo eu
desenho e escrevo
o nosso enigma.
[D E S E J O
DESENHO
E S C R E V O]
36.
São selvagens e frágeis, e têm nos lábios a certeza firme de quem viu barcos ir ao fundo.
Os homens constroem edifícios, histórias e biografias sem nunca confirmar o que virá
37.
Dos exageros amorosos dos nossos beijos não sabe mais falar.
38.
de dentro de si.