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Dominio Educacao Literdria Ficha 10 Poetas contemporaneos 0s poetas contemporéneos inscrever-se na longa genealogia lirica da literatura portu- ‘guesa, com raizes nos tempos da poesia trovadoresca, e prolongam-na com a exploracao de temas e formas da nossa tradicao literéria. © amor, a vida, o humor, a critica, a mu- danca, entre outras, sdo tematicas de cariz intemporal frequentemente recuperadas na poesia dos nossos dias e vazadas em formas posticas, estréficas e métricas também mui- tas vezes tradicionais, como o soneto ou a quadra e a redonditha. ‘os temas ja referidos, juntam-se a constante reflexao sobre a arte poética e as figura- ‘Gdes de quem a constréi, o poeta, assim como a tentativa de recriar liricamente a vida e 0 mundo atuais, através de distintas e diversas representacdes do contemporaneo. A MENT 226-205 0 386-307) Lé atentamente os poemas de Alexandre 0 Neill. TextoA Otempo sujo Hé dias que eu odeio Como insultos a que nao posso responder Sem o perigo duma cruel intimidade Com a mao que langa 0 pus Que trabalha ao servigo da infegio Sao dias que nunca deviam ter saido Do mau tempo fixo Que nos desafia da parede Dias que nos insultam que nos langam As pedras do medo os vidros da mentira ‘As pequenas moedas da humilhagao Dias ou janelas sobre o charco ‘Alvaro Perdigao, Viagem no Tempo J, 1982. Que se espelha no céu Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa Dias do dia a dia © Comboios que trazem 0 sono a resmungar para 0 trabalho O sono centenario Mal vestido mal alimentado Para o trabalho Dias que passei no esgoto dos sonhos A martelada na cabega Onde o sérdido da as maos ao sublime 2» A pequena morte maliciosa 2 Onde vi o necessario onde aprendi Que na espiral das sirenes Que sé entre os homens e por eles Se esconde e assobia Valea pena sonhar. vinio Educagao Literdria Poetas contemporéneos Texto B Texto Redacao Fim de semana Uma senhora pediu-me Estirado na areia, a olhar 0 azul, um poema de amor. ainda me treme o parvalhao do corpo, do que houve que fazer para ganhar 0 nosso, Nio de amor por ela, do que houve que esburgar* para limpar 0 0ss0, mas “de amor, de amo » do que houve que descer para alcangar 0 céu, ‘Aan sich j€ nao digo esse de Vossa Reveréncia, trivialidades “minha rosa, lua mas este onde estou, de azul e areia, para onde, aos milhares, nos abalancamos, como quem, as pressas, o corpo semeia do meu céu interior” a ® ps que podia eu dizer . ari NEILL, Alexandre, 2005. Poets Completa. we para ela, a nfo destinatéria, Lsboa:Assiro & Alvi (p. 44, 257.493) que nao fosse por ela? 1 Limpar(s oss) d carne, desarna Sem objeto, 0 poema uma redagio dos 100 Modelos s de Cartas de Amor. @ Estabetece uma breve relacdo entre o titulo e o assunto de cada poema. No texto A, otitulo antecipa a causa dos sentimentos negativos do sujitopoétic, a quem desagradam os das «de um tempo marcado pela sordide2, que descreve. No texto B.o titulo, de natureza humoristica, sintetiza 0 tinico modelo textual capar de corresponder aos deseos da senhora que slicita ‘wm poema de amor”. 2). O titulo do texto C anuncia o momento temporal que o “eu lirco valoriza no poeta © considera o texto A. interpreta a comparacao presente na primeira estrofe, atendendo aos sentimentos referidos nos versos 10 11. A comparacio destaca a impossibilidade de dar resposta a alguns “dias-insultos’ sob pena de os sentimentos negativos que thes estio associados ‘medo", mentira”¢ “humithagao” — se transferirem para o sujeito postico. Atenta no texto B. Comenta a iiltima estrofe enquanto conclusao do poema a iim estrof, osujeito postico conclu que, sm um objeto concreto a quem dirigir semtimentos amoro 505 reais, um poema nio passa de um texto de natureza expasitiva, objetivo ¢ impessoal | @ Considerao texto C. Explicita o valor expressivo da andfora (w 3-5] e da metafora lw. 5€ 7) A andfora realga 0s esforgos encetados pelo sujeito potico para poder sutuir do ‘fim de semana’ ao seu gosto € smerecero seus |] de aul e rea’ sta metioraapresenaa praia como epago que recompens 0s scrfis.

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