Você está na página 1de 7
VAN BARASNEVICIUS 6 thar om musa pola TAAM-SP. 6 cooemsoy Seo Go CENTRO MUSICAL VENEGAS MUSIC order sie ain ica haan proven “aca om a Gruaoea Poplar raior cae” ds pooh Rene Ove een edn 5. mak wangverepesmusecon Modalismo - parte | Uma situagao modal se dé quando a ‘nota fundamental de um mado 6 defini- dda como centro. Neste caso, todos os ‘modos conhecidos podem ser usados, tanto os gregorianos quanto os prove- nientes das escalas menor harménica ‘e menor meiédica. A principio, vamos descartar apenas 0 modo jonio, que reine os atributos bdsicos de todo o sistema tonal. Mas € preciso ressaltar ‘que esta escala, dependendo do tipo de ‘abordagem empregado em sua analise, também pode ser considerada modal. As diferentes sensagdes causadas Por acordes de fungdes distintas ~ to- riicas, subdominantes ou dominantes = compdem um aspecto fundamental pare 0 tonalismo. Por meio das cadén- ‘iias harménicas tonais, j6 citadas nes- ‘a coluna, podemos nos afastar e, mais, adiante, retomar para 0 primeiro ou quase todos os outros graus do campo hharmOnico de um determinado tom. Em ocorréncias desta natureza, a sensa¢o de tensao causada por um acorde domi- ante, principal ou secundério, é utliza- da para se chegar a0 grau para onde o acorde necessita se direcioner. Esta, por sinal, é uma diferenca fundamental entre 0 tonalismo e 0 ‘modalismo: em uma situagdo modal, no ha tensBo ou relaxamento. S80 utlizadas cadéncias caracteristicas de cada modo, mas nao existem funcdes harmonicas que sugerem movimenta- ‘eo ou necessidade de resolugao de sensivel. Obviamente, 0 primelro acor- de gerado por um modo 6 considerado © centro da situacao, mas nao se rea- liza uma cadéncia I-V4 ou IVA para chegar a ele. No contexto modal, nao temos funcdo tOnica, subdominante ‘ou dominante. Vale citar também que ‘05 movimentos harmdnicos fortes sao ‘mais comuns no tonalismo, enquanto ‘so normalmente encontradas em si: tuagdes modais diversas movimenta- ‘gdes harmonicas fracas. ‘Outro ponto a ser levado em con sideragao 6 que nao existem notas a serem evitadas em situagdes modais. Na maioria dos casos, uma altura com estas peculiaridades representa uma fungi essencial. Por exemplo: a 6m 6 evitada no e6lio; em uma situacao mo- dal, adquire extrema importancia, pois & © intervalo que caracteriza este modo. 0 unico intervalo que deve ser apli- eado com cautela em situagdes mo- dais € a Om, que sO € interessante fem um acorde dominante, integrado fundamental. Em algumas situa: Ges, pode ser necessario ~ quando, or exemplo, for tipico do frigio ou mixo9b/13b -, mas deve ser usado com ressalvas quando nao tiver valor para a estrutura do modo. Muitos autores se referem ao tema deste espago, proveniente do século XX, como neomodalismo, jé que se tra ta de um modalismo baseado em recur- s0s do sistema tonal. De acordo com esta teoria, a mais importante destas ferramentas 6 0 acorde, que, na con ‘cepgao que se usa hoje — com sobre- posicao de tercas (principalmente) e Inversbes -, se consolidou no perfodo cléssico, base do tonalismo. Portanto, devemos ter cautela quando falamos de um suposto retorno ao modalismo monof6nico ou polifonico, que repre- ssentou um dos principais alicerces da ‘muisica produzida na Idade Média. (0 modalismo que estamos abordan- do aqui 6, antes de tudo, uma conti nuagao de todo 0 processo de desen- Volvimento da misica, uma extensio do tonalismo, uma busca por novas sonoridades e uma maneira de se debrucar sobre as peculieridades de cada um dos modos. 0 disco Kind of Bive (1959), de Miles Davis, pode ser apontado como um marco nos primor- dios do jazz modal. 0 trabalho repre- Sentou uma mudanga de diregao em relagdo ao que se estava fazendo no género, mais precisamente no bebop, ‘com harmonias complexas, tonais © repletas de mudancas répidas ~ talvez 19 maior exemplo desta caracteristica ‘seja "Giant Steps”, de John Coltrane, ‘como maior exemplo. Nesta nova pers- pectiva, a idéia 6 valorizar 0 clima pro- Poreionado por cada modo. ‘Nas préximas colunas, vamos abor- dar as particularidades de cada um dos modos, examinando cadéncias e sonoridades, para que posteriormente fagamos andlises de temas. ‘Duvidas? Mande um e-mail! Abraco! Modo dorico Nas colunas a seguir, vamos anali sar as caracteristicas de cada modo ‘eregoriano, estudando seus acordes, intervaios etc. Repare na estrutura do dérico, que esté simbolizado na partitura contida nesta pagina: F, 2M, 3m, 4J, 5J, 6M, 7m. Uma boa dica para facilitar a visualizag3o das es- alas ¢ estabelecer relacdes entre as diferentes estruturas. Por-exemplo: 2 diferenca entre 0 edlio, e 0 dorico esta na sexta — no primeiro, é menor; no ‘segundo, maior. Também por este motivo, a sexta maior se torna o intervalo mais carac: teristico do modo dérico, pois é o ele- mento que diferencia esta escala da menor. Outra dica pode ser observa: da no seguinte exemplo: 0 D6 dérico apresenta as mesmas notas da tona lidade de Si bemol maior. Nao vamos, entretanto, utilizar esta armadura de clave, ja que nao estamos nesta tona lidade nem em uma situag&o tonal Um ponto importante a ser ressal- tado € que 0 modo dérico 6 um dos ‘mais usados, muito provavelmente por ‘no conter notas a serem evitadas. Tal afirmacao pode parecer bastante Im7 m7 worksh moni "Orquesta Pops nad pal ahr Rano Ov ‘Ema kandveregasmosc com ambigua, pois esta questéo faz parte, a principio, do universo tonal. Entre tanto, os intervalos considerados in- desejaveis tém sonoridade bastante dura e nem sempre trazem resultados interessantes ou apraziveis ao ouvido, por mais relativa que esta sensacao possa parecer. Portanto, ha a tenden- cla natural de se usar com malor fre qlencia as tipologias de escalas que contém menos notas a serem evita- das em sua estrutura intervalar. Observe também os graus indica dos em cada modo/acorde. Jé que o d6rico foi definido como |, todos os modos restantes trabalnam em sua fungao: 0 frigio passa a ser o Il; 0 It io, 0 Ill; © mixolidio, 0 IV e assim por diante. 0 mesmo pensamento € val: do em relagao aos acordes: no campo harménico do modo dérico, 0 primeira ‘grau é um acorde menor com sétima ‘menor; 0 segundo grau, idem: 0 tercei- ro grav, maior com sétima maior. Possivelmente, nao 6 facil encontrar exemplos de musicas que ilustram a utllizagao de todos os modos, J que alguns s80 pouco usados. 0 dérico, contudo, pode ser apontado como um 'MODO DO DORICO (F, 2M, 3m, 44,51, 6M, 7m) 117M v7 Vm7 dos mais empregados por composi tores e arranjadores. Dois famosos temas feitos com esta escala, facil mente encontrados no Realbook, s80 “Impressions”, de John Coltrane, ¢ "So What", de Miles Davis: em ambos, que ossuem forma AABA, as partes A so ‘construidas a partir do modo Ré dérico eas B, no Mi bemol dérico. Em todos os modos, hd certos tipos de cadencias mais utllizados. Normaimente, tais progressdes har mOnicas ressaltam 0 uso dos inter valos caracteristicos da escala em questao. No caso do dérico, Im7 = IVT = Im7 @ Im7 — lim? - Im7 sa0 muito freqientes. Repare, porém, nas diferencas essenciais entre uma cadéncia modal e uma tonal: na pri: meira situacao, apesar de um acorde ‘ser definido como centro, nao ha ten- ‘so/relaxamento ou perspectiva de resolucao de sensivel. Aqui, o mais importante ¢ 0 clima obtido com a so: noridade particular de cada modo. Nas préximas colunas, vamos fa- lar sobre as principais caracteristicas dos outros modos gregorianos. Dividas? Mande um e-mail! Abrago! Vim7(5b) — VII7M. Cm7 (d6rico) Dm? (frigio) FT (mixolidio) Eb7M (lidio) COVER BAIXO 73 Gm7 (e6lio) Bb7M Gonio) Am7 (5b) (l6erio) workshop | harmonia NAN BARASNEVICUS # bahar em mes pl ABMS cougena:ateg 49 CENTRO MUSICAL VENEGAS MUSIC onde aire tao stcanencnae mee ‘aco phot Rents On tn cada SG ‘Ema nan@vereguemusccon Modalismo - parte 3 Neste més, vamos estudar as ca- racteristicas de outro modo gregoria- 1,0 frigio, analisando seus acordes, intervalos e modos. Repare em sua estrutura interva- lar: F, 2m, 3m, 4), 54, 6m, 7m. Uma boa dica para facilitar a visualizagao das escalas 6 estabelecer relacdes entre suas diferentes formagdes. A diferenga entre 0 eblio, que corres- onde ao modo menor, € 0 friglo, por exemplo, esté na 2%: no primeiro, & maior; no segundo, menor. Também Por isto, a 2m se toma o intervalo mais caracteristico do frigio, j4 que o diferencia da escala menor. Podemos também dizer que 0 fator de distingao entre 0 figio € 0 dérico esté na 2* e na 6, que sdo menores ‘no primeiro caso e maiores no se- undo. Em uma perspectiva tonal, se sSubstituirmos os intervalos de 2m e ‘6m do frigio ~ que, alias, devem ser evitados — por 2M e 6M, respectiva- mente, o resultado sera 0 modo d6ri- co. Outra dica que pode ser observa- dda nesta situagao: 0 D6 frigio possul ‘as mesmas notas da tonalidade de L4 ‘bemol maior. Nao vamos, contudo, uti- lizar a armadura de clave deste tom, 8 que nao estamos falando sobre to- nalidades nem situagdes tonais. Como ja foi dito anteriormente, uma questo importante a ser lem- brada 6 que 0 modo frigio nao é dos mais usados, muito provavelmente por conter algumas notas nao reco- mendadas. Tal afirmacao pode pare- cer ambigua, jd que esta questao faz parte, a principio, do universo tonal. Entretanto, os intervalos que prefe- rencialmente nao devem ser tocados 1tém sonoridade bastante dura e nem sempre trazem resultados interes- santes ou agradéveis ao ouvido, por mais relativo que este conceito pos- 2 parecer. Ha a tendéncia natural de usar com mais freqiéncia as tipologias de escalas que contém menos altu- ras a serem evitadas. Mas, se usado inteligentemente, o frigio pode ofere cer sons muito interessantes, como No standard “Ane Maria”, de Wayne Shorter. Este tema estd presente em lum grande disco do instrumentista, Native Dancer (1974), em que 0 saxo fonista interpreta uma série de can- ‘Bes de Milton Nascimento. 0 frigio usado para improvisar e/ou harmoni- zar no acorde de G-(phrygian), ali pre- sente na introdugao e nos términos da primeira parte e do chorus. Observe, também, os graus indica- dos em cada modo. Neste caso, como © frigio foi definido no posto de I, os restantes trabalham em sua fungdo: © Iidio passa a ser o Il; 0 mixolidio, Ml; 0 e6lio, IV etc. © mesmo vale para 08 acordes: no campo harménico do frigio, 0 primeiro grau € um acorde menor com 7 menor, 0 segundo, um maior com 7* maior; 0 terceiro grau, um maior com 7* menor. No frigio, algumas cadéncias sao bastante co- muns, como Im7 ~ IVm7 ~ Im7 e Im7 = 17M = 117 = 17M = m7. Nas proximas colunas, vamos abordar, as caracterfsticas dos outros mods. Duvidas? Mande um e-mail! ‘Abraco! ‘CENTRO sipaoatie stecs harem arenas Toca coms Oa Modalismo - parte 4 Como ja flzemos em colunas anterio- res, 20 estudar as caractersticas do dor £0 € do frigio, vamos analisar outro modo syegoriano: otic. Repare em sua estrutura: F, 2M, 3M, 44,51,6M, TM. Como jé fol dito em colu- nas recentes, uma boa maneira de facil tar a visualizagdo das escalas é estabe lecer relagdes entre elas. Por exempio, a diferenga entre o jonio, que € 0 modo maior, € 0 lidio est na 4": no primeiro, 6 justa; no segundo, aumentada, ‘Também por este motivo, a 4* aumen- tada 6 0 intervalo mais. caracteristico do lio, j8 que diferencia este modo da scala maior natural. Em uma perspec- ‘iva tonal, se substituirmos o intervalo de 4) do jonio, que teoricamente deve ser evitado nesta situacao, pela 4+, 0 resultado 6 0 modo lidio. Outra dica que pode ser observada neste exemplo: 0 ‘modo Dé lio possui as mesmas notas da tonalidade de Sol maior. Entretanto, no 6 correto utilizar a armadura de cla- ve corresponidente, j4 que nao estamos nesta tonalidade, menos ainda em uma situagao tonal. Deve'se lembrar que o modo lidio é um dos mais usados em diversos esti Jos, muito provavelmente por nao con- ter notas a serem evitadas. Aqui, vale uma observacdo: tal afirmacao pode parecer ambigua, j4 que esta questao faz parte, a principio, do universo tonal Entretanto, os intervalos indesejavels ossuem sonoridade bastante dura e nem sempre trazem resultados inte- ressantes ou agradaveis, por mais re- lativo que este conceito possa parecer. Portanto, hd a tendéncia natural de se usar mais frequentemente as escalas, que contém menos alturas cuja aplice 80 nao € recomendavel. Podemos citar, dentre muitos outros, um tema bastante interessante em que 0 ‘mode lidio 6 utilizado: “Thos Urbanos”, {de Caetano Veloso, pertencente 20 disco Cinema Transcedental (1979). A misica ppossui a forma AABAC. Nas partes A, a ‘melodia existente nos acordes C7M, Am7 07/9 6 construida a partir do modo D6 lidio. © nico acorde que nao faz parte deste universo 6 0 Db7M, em que deve ‘ser empregando o R6 bemal lilo. Repare que, nestes trechos, hé uma situaco que poder‘amos classificar ‘como hibrida: apesar do contexto mo- dal, podemos quase reconnecer nos EXEMPLO 1 - MODO DO LiDIO (F, 2M, 3M, 4+, 51, 6M, 7M) 17M 17 c™M D7 (mixolidio) (lidio) Tim? Ivm75b) Em7 (c6lio) F#m7(5b) (l6crio) COVER BAIXO 73, Brasiarn paves acordes Am7 e 07/9 uma cadéncia tt V, de movimentagao forte, em direcao 20 acorde de G — 0 que, obviamente, ‘acaba por nao acontecer. £ interessan: te observar que, em alguns exemplos modais, hd influencia de elementos ca- ractertsticos do tonalismo. ‘Na parte B da composicao, a situaco 6 identica, mas trensposta: a melodie exis: tente sobre os acordes Eb7M, Cm? @ F7/9 € construida no modo Mi bemol lilo, E7M, orém, no faz parte deste contexto: nes- ‘te momento, deve ser usado o Mi lio. Observe também, no exemplo 1, os ‘graus indlcados em cada modo/acorde. ‘Como lidio foi definido como ol, os mo- dos restantes trabalham em sua fungs ‘© mholidio passa a sero Il; 0 edlio, 0 Ml; © lécrio, 0 IV etc, A mesma coisa vale ara 0s acordes: no campo harménico Jo |idio, 0 primeiro grau € uma acorde maior com 7° maior; 0 segundo, um acorde maior com 7* menor; o terceiro lum acorde menor com 7* menor ete. Algumas cadéncias muito comuns $80 17M — Vllm7 ~ [7M @ (7M ~ II7 — 17M. Nas préximas colunas, vamos abor dar outro modo gregoriano. Duvidas? Mande um email! Am7 (dérico) workshop | harmonia NAN EARASNEMCIUS 6 tac em msi pla Orqetbu Pop Sasa patoctas po \uter Reno Oa le cxrdos $6. E-ra venBveregnemsccom Modalismo - parte 5 [Neste més, vamos estudar as caracte- risticas do mixoliaio. Repare em sua estru- tura intervalar: F 2M, 3M, 43, 5J, 6M, 7m. Difere do jénio, que representa o modo ‘maiog, no Sétimo gyau: no primeiro caso, { maior; no segundo, menor. Por este mo- tivo, a 7* menor acaba se tomando seu intervalo mais caracterstico, jé que o dis- tingue da escala maior natura ‘Uma dica importante € que-0 D6 mixo- lidio possui as mesmas notas da tonalida- {e de Fé maior. N3o podemos, entretanto, utilizar armadura de clave com um bem, {8 que no estamos nem mesmo em uma situagdo tonal. Além disto, 0 terceiro greu, por ser maior, serve para ciferenciéo em telagao a0 dérico. Pode-se afrmmar ainda que, diferentemente do lidio, possui 4* Justa e 7* menor, em vez de 4* aumentada e 7* maior. Na verdade, ha muitas rela- ‘gbes que podem ajudar na compreensao de tals estruturas. Deve-se lembrar que 0 mixliio € um dos ‘modos mais usados no blues e no baiao. No jazz, podemos citar, entre muitos outros, um tema bastante interessante: “Maiden Voye- ge", de Herbie Hancock, que possui a forma ABA, Nas partes A desta musica, os acor des utiizados so D7/4/9 @ F7/4/9, tame 'bém conhecidos como sus. Em ambos os cas0s, 2 melodia obedece & estrutura dos ‘modes ctados, ou seja, tis escalas poder EXEMPLO 1 - MODO DO MIXOLIDIO. 0 m7 — pelo menos, a principio - ser usadas para improvsos. Aiguns solistas também utiizam RE dérico e Fé dérco, respectivamente, pois, a3" nao 6 citada, Na parte B da composicdo, esto 08 acor des de Eb7/4/9 e 0b7/4/9, que demons- ‘amo contaste deste trecho em relac3o 20 ‘anterior No ED7/4/9, a melodia cta apenas (Fé natural, com excegdo do cromatismo ‘existente no ultimo compasso deste perodo, ‘que faz uma anacruse para o uitimo A. No ‘acorde em questao, o modo a ser emprega- {40 6 0 Mi bermol mixlisio. (acorde de Db7/4/9 6 0 unico em que o mixolidio no pode ser usado: neste momen ‘to, melodia ressalta um Fé bemol - que, no Realbook, esta erroneamente notado como Mi natural ~ relat & 3* menor. Portanto, demos dizer que este trecho traz a Sonor ‘dade do modo dori. Esta masica se notabiliza por trazer a ‘seguinte contradieao, também presente ‘em muitos outros exemplos: se © modals- ‘mo representa uma anttese em relacao & ‘mavimentagao tipica do tonalismo, como |ustifcar as _mudangas harmonicas exis tentes em temas como “Maiden Voyage", “Green Doiphin Street” e “Time Remembe- rod"? Podese dividr as situagdes modais, bbasicamente, em dois grupos: estatco e ‘nae-estético. No primeiro caso, nao existe rmudanca de modo, como na parte A de Im7(Sb) IV Vm7 “Impressions”, de John Coltrane, enquanto em uma cicunstancia nBoestatica, outros ‘modes podem ser utiizados, como na har rmonia de “Time Remembered”. Neste momento, podemos encontrar uma das principals diferengas entre o mo- dalismo e o tonalismo: na musica cltada anteriormente, hd mudangas harménicas, ‘mas que néo sugerem tensdes e resolu- ‘Bes como em uma situagdo tonal. S80 apenas diferentes universos sonoros colo- cados ladoslado. No modalismo, nao se fencontram relagdes cadenciais entre os acordes. Deve-se ressaltar que todos 0s temas citados podem ser faciimente en- contrados no Realbook. Observe, no grafico abaixo, os graus in- dicados em cada modo/acorde. J4 que 0 ‘mixoliio fol defnido como 0 I, os mados restantes trabalhem em sua fungdo: 0 e6 lio passa a ser ol; © Kerio, o Il 0 j6nio; 0 IWetc. Estabelece-se igual relagao para os ‘acordes: ne campo harménico do mixoliio, © primeiro grau 6 uma acorde maior com 7* ‘menor; © Segundo, menor com 7* menor; 0 terceiro, meiodiminuto e da por dant Algumas cadéncias bastante comuns so: 17 ~Vm7 ~VITM e 17 ~ ITM ~I7. Nas pxcximas colunas, vamos trata ares- peito das caracteristicas de outros modos. vidas? Mande um email! Abracot Vim7 VII7™M G7 Dm7 (mixolidio) —_(eélio) Em7(5b) (l6crio) F7M (onio) COVER BAIXO 73 Gm7 (d6rico) Am7 (irigio) Bb7M (iidio) Modalismo - parte 6 Neste més, vamos estudar as carac- ‘eristicas do modo ediio. Repare em sua estrutura interval: F, 2M, 3m, 4,5), 6m, 7m, Em relagao a0 dorico, tem como dife- reneialo sexto grau, que é menor. Também por este motivo, a 6* maior 6 0 Interval ‘mais caracteristico do dérco, pois 0 dife- rencia da escala menor natural, também cconhecida como menor primitive Outra dica que deve ser levada em con- sideragao: 0 DS ediio possui as mesmas otas da tonalidade de Mip maior. Pode se até utilzar a armadura de clave com trés bembis, mas isto no necessariamente implica uma situagao tonal. € importante ressaltar que 0 modo edlio — portanto, ‘sem a presenca da sensivel artificial, pre- Ssonte apenaas nas escalas menores har ‘monica e melédica ~ nao caracteriza soz ‘nho 0 tonalismo, que deve apresentar as ‘sensagdes de tendo e resolucao para ser Cconsiderado como tal. Ou seja, é posse! ter algo plenamente estatico, sem domi- ante, se utilzarmos apenas 0 edo. Pode-se pensar também que 0 pon: to de distingdo do e6tio para o frigio @ 2%: no primeiro modo, maior; no segundo, menor. Além disto, 0 dérico possul a 2* € a 6* maiores, enquanto 0 frigio se diferencia apenas por ter estes graus em intervalos menores. Hé ain: da muitas outras relagdes que podem ser estabelecidas de modo a ajudar na ‘compreensao das estruturas destas © de outras escalas. EXEMPLO 1 -MODO D0 EOLIO Im7 Um7(5b) workshop | harmonia ror. Toc co a ne Resi Ost Um exemplo muito conhecido em que 0 edlio ¢ utlizado 6 a coda de "Ma- nha de Carnaval” (no Realbook, “Black Orpheus"), que j4 foi enalisada nesta coluna. Com excecao deste trecho, a ccangao € toda tonal, com utilizagao de uma série de cadéncias 1! -V primarias e secundarias. Na melodia do tema, € claramente fobservado © uso da sensivel artificial pertencente a escala de L4 menor har ‘monica (nos compassos 2, 18 e 30, por ‘exemplo). Do ponto de vista da compo- sig8o, pode-se citar também os motivos melodico/rtmicos presentes em sua ‘etaboracao. Repare que, além da sensi vel, no trecho tonal é utlizado 0 acorde 7/9 (V da menor harmdnica) na funcao. cde dominante principal. Na coda, por sua vez, fazsse uso de um Em7 (V da menor natural), que no se caracteriza como do- ‘minante por excluir a sensivel artifical No repertéro jazzistico, muitas vezes © edo - que possui a Gm, nota a ser evitada - acaba sendo substtuide pelo \d6rico, sem alturas cujo uso nao 6 reco- mendavel. Este recurso gera, de certo modo, uma espécie de modalizacao. Em “Footprints”, de Wayne Shorter, tal expe- diente 6 utilizado: no acorde Cm7, que é 01 do tom (D6 menor), a melodia utiliza 0 6 dérico em vez do elo. (© modo também é utiizado em “Bel ra do Mar", de Ricardo Silveira, gravado por Nico Assumpcao em seu segundo 117M 1Vm7 Vvm7 disco-solo, High Life (1985). Construk do a partir do Mi edlio, este tema apre- senta a mesma situacao encontrada ‘em “Trilhos Urbanos”, citada na coluna a respeito do lid. ‘A harmonia desta misica pode ser cconsiderada um caso hibrido, com influ- €ncias claras do tonalismo, 8 que a par: te A traz uma cadéncia Il- V direcionada para © acorde G7M. O modalismo, porém, ‘ica caracterizado no fim deste trecho, por meio da cadéncia 8m7 (V da menor natu- ral, ou seja, n8o & dominante) ~ Em7 (). Als, o acorde existente no fim da parte B (Bsus) no deve ser considerado domi- ante, pois o trtono esta ausente Observe no exemplo 1 os graus in- ddicados em cada modo/acorde. Como 0 lio foi definido como o |, os modos restantes trabalham em sua fungao: 0 locrio passa a ser o Il; 0 jénio, 0 Ill; 0 dorico, 0 IV ete. 0 mesmo vale para os ‘acordes: no campo harm@nico do edio, ‘© primeiro grau é um acorde menor com sétima menor; o segundo, meio-

Você também pode gostar