Você está na página 1de 46
LINGUA PORTUGUESA Compreensio E Interpretagao De Texto . Redagio Oficial: Caracteristicas € Especificidades Ortografia Ofcial Acentuagao Grafica Flexo Nominal E Verbal. Pronomes: Emprego, Forma De Tratamento E Colocacdo. Emarego De Tempos E Modos Verbais Regéncia Nominal E Verbal Concordancia Nominal E Verbal Ocorréncia De Crase. Pontuagao Testes E Respostas . on 03 3 16 18 29 31 34 36 38 LINGUA PORTUGUESA COMPREENSAO E INTERPRETAGAO DE TEXT LEITURA, COMPREENSAO E INTERPRETAGAO DE TEXTOS Leltura Aleitura é pritica de interagdo social de linguagem. A leitura, como prética social, exige um leitorcrtico que sej2 capaz de mo- bilizar seus conhecimentos prévios, quer linguisticos e textuais, quer de mundo, para preencher 0s varios do texto, construindo novos significados. Esse leitor parte do ja sabidoconhecido, mas, superando esse limite, incorpora, de forma reflexiva, novos signi- ficados a seu universo de conhecimento para melhor entender a realidade em que vive Compreensio A-compreensio de um texto é a analise e decoditicacso do que esta realmente escrito nele, das frases e idelas ali presentes. ‘A compreensao de texto significa decodificélo para entender 0 que fol dito. € a andlse objetiva e a assimilacao das palavras e Ideias presentes no text. Paraler e entender um texto é necessério obter dois niveis de leitura:informativa e de reconnecimento. Um texto para ser compreendido deve apresentarideias se- letas e organizadas, através dos parégrafos que & composto pela Ideia central, argumentagdo/desenvolvimento e a conclusso do exto, Quando se diz que uma pessoa tem @ compreensio de algo, significe que é dotada do perfeito dominio intelectual sobre o as- sunto. Para que haja a compreensao de algo, como um texto, por cexemplo, & necesséria a sua interpretacio. Para isso, 0 individuo deve ser capaz de desvendar 0 significado das construcdes tex- tuais, com 0 intuito de compreender o sentido do contexto de uma frase. ‘Assim, quando no ha uma correta interpretacso da mensa ‘gem, consequentementendo ha acorreta compreensio da mesma, Interpretacso Interpretar 6 a ago ou efeito que estabelece uma relagio de percepeo da mensagem que se quer transmit, seja ela simults- nea ou consecutiva, entre duas pessoas ou entidades ‘Aimportancia dada ds quest6es de interpretacSo de textos de- ve-se ao caréterinterdisciplinar, 0 que equivale dizer que @ compe- ncia de ler texto interfere decididamente no aprendizado em ge- ral, 8 que boa parte do conhecimento mais importante nos chega por meio da linguagem escrita, A maior heranga que a escola pode legar 20s seus alunos é a competéncia de ler com autonomia, sto 6,de excrai de um texto os seus significados. "Num text, cada uma das partes esté combinada com as outras, criando um todo que nao é mero resultado da sora das partes, mas da sua articulagéo. Assim, a apreensio do significado global resuta de vérias eituras acompanhadas de vias hipétesesinterpretativas, levantadas a partirda compreensdo de dados e informagdes inscritos ‘no texto ldo e do nosso conhecimento do mundo. A interpretagio do texto 6 o que podernos concuir sobre ele, epois de estabelecer conexdes entre o que esté escrito e 2 reali- dade. Sé0 as conclusbes que podemos tirar com base nas ideas do autor. Essa andlise ocorre de modo subjetvo, e so relacionadas ‘com a dedugio do leitor Ainterpretagio de texto é o elemento-chave para o resultado académico, eficéncia na solugdo de exercicios e mesmo na com- preensdo de situagdes do dia-a-cia, ‘Além de uma leitura mais atenta e conhecimento prévio sobre ‘0 assunto, o elemento de fundamental importancia para interpretar e compreender corretamente um texto é tr 0 dominio da lingua, E mesmo dominando a lingua é muito importante ter um di ionario por pert. 's0 porque ninguém conhece o significado de todas as palavras e € muito dif interpretar um texto desconhe- ‘condo certos terms. Dicas para uma boa interpretacdio de texto: - Leia todo o texto pausadamente - Relea 0 texto e marque todas as palavras que no sabe © significado Veja significado de cade urna delas no dicionério e anote + Separe os paragrafos do texto ereleia um a um fazendo o seu ~ Elabore uma pergunta para cada pardgrafo e responds Questione a forma usada para escrever + Faca um novo texto com as suas palayras, mas siga as ideias| do autor. Lembre-se que para saber compreender e interpretar muito bem qualquer tipo de texto, é essential que se leia muito. Quanto mais se le, mais faclidade de interoretar se tem. € isso @ funda: mental em qualquer coisa que se faga, desde um concutso, vesti- bular, até aleitura de um antnclo na rua Resumindo: ‘compreensio Interpretagao. Ea andlise do que esta | €0 que podemos escrito no texto, acom- | concluir sobre o que preensao das frasese | esté escrito no text Ielas presentes, ‘© modo como interpret- amos 0 conteddo, Oqueé Tnformagao |Ainformacao.esta | Ainformacao esté fora presenteno texto, | do texto, mas tem con exo comele. ‘Analise | Trabalha coma objetiv- | Trabalha com a sub- Idadem, com as frases. jetividade, com o que epalavras que est3o | vocé entendeu sabre o escritas no texto, texto LINGUA PORTUGUESA Questoes 01. SP Parcerias - Analista Téenic- 2018 - FCC Uma compreensio da Histéria Eu entendo a Histéria num sentido sincrdnico, isto é, em que tudo acontece simultaneamente, Por conseguinte, © que procura o romancista -ao menos é 0 que eu tento fazer -& esbocar um senti- do para todo esse caos de fatos gravados na tela do tempo. Sei que esses fatos se deram em tempos distintos, mas procuro encontrar Um fio comum entre eles, Néo se trata de escapar do presente. Para ‘mim, tue o que aconteceu esti a acontecer.E isto néo é novo, jo afirmava o pensator italiano Benedetto Croce, ao escrever: “Toda 2 Historia € Historia contempordnea’. Se tivesse que escolher um sinal que marcasse meu norte de vida, seria essa frase de Croce. (SARAMAGO, José. As polavras de Saramago. Sdo Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 256) José Saramago entende que sua fungo como romancista é ‘A) estudar e imaginar a Histéria em seus movimentos sin- crénieos predominantes. 8) ignorar a distingio entre os tempos hist6ricos para man- 10s vivos em seu passado, ) buscar tragar uma linha continua de sentido entre fatos dispersos em tempos distintos, ) fazer predominar o sentido do tempo em que se vive so- bre o tempo em que se viveu. E) expressar as dliferencas entre os temgos historicos de ‘modo a valarizé-las em si mesmas. 02. Pref. de Chapecé ~ SC Engenheiro de Transito ~ 2016 -10Bv Por Jonas Valente*, especial para este blog. ‘A.Comissio Parlamentar de Inquérita sobre Crimes Cider. ni amare dos Oi vu relatério final Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a |ustificativa de combater delitos na rede. Mas o contetido des- 525 proposigbes ¢ explosivo e pode mudar 2 Internet como a conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a repressio 20 acesso a filmes, séries e ou- tas contetidos nao oficiais, retirando direitos dos internautas e nsformando redes socials e outros aplicativos em maquinas de vigilancia, Nio é de hoje que o discurso da seguranga na Internet 6 usado para tentar atacar o cardter livre, plural e diverso da In ternet. Como ha dificuldades de se apurar crimes na rede, as solugdes buscam criminalizar 0 maximo possivele transformar a navegacio em algo controlado, violando o principio da presun: fo da inocéncia previsto na Constituig3o Federal. No caso dos Crimes contra a honra, a solucdo adotada pode ter um impacto trégico para o debate democritico nas redes sociais ~ atualmen- te to importante quanto aquele realizado nas ruas e outros lo- cals da vida off line. Além disso, as propostas mutila 0 Marco Civil da Internet, lei aprovada depois de amplo debate na socie- dade e que € referéncia internacional. [*B10G DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016) Apds a leitura atenta do texto, analise as afirmagies feitas 1.0 jornalista Jonas Valente esta fazendo um elogio & vis8o equlibrade e vanguardista da Comissio Parlamentar que legisla sobre crimes cibernéticos na Camara dos Deputados. Il, © Marco Civil da Internet & considerado um avango em todos 0s sentidos, e@ referida Comisslo Parlamentar est que- rendo cercear o direito 8 plena execugo deste marco. IIL H8 0 temor que o acesso a filmes, séries, informagdes em {eral eo livre modo de se expressar veniam a sofrer censura com a nova lei que pode ser apravada na Camara dos Deputados, IV. A navegacio na internet, como algo controlado, na visio 4o jornalsta, esté longe de se concretizar através das les a se rem votadas no Congresso Nacional V. Combater os crimes da internet com a censura, para ojor- ralista, est longe de ser uma estratégia corteta, sendo mesmo perversa e manipuladora. Assinale a opg3o que contém todas as alternativas corretas. AY thi 8), 1, c)t Mv, D)ILVY, 03. Pref. de So Gongalo ~ RJ ~ Analista de Contabilidade 2017 -BI0-RIO Ecipo-ret Diante do palacio de Edipo. Um grupo de criangas esté ajoe lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mdo um ramo de liver. De pé, no meio delas, esto sacerdote de Zeus. (€dipo Rei, Sofocles, RS: L&PM, 2013) © texto 6 a parte introdutérla de uma das malores pecas, trdgicas do teatro grego e exemplifica 0 modo descrtivo de or- ganizagSo discursiva, O elemento abaixo que NAO esté presente nessa descrigio é {A) alocalizacao da cena descrita 8) a identificagao dos personagens presentes. ) a distribuigdo espacial dos personagens. 1D) 0 proceso descritivo das partes para o todo. E) a descricfo de base visual (04, MPE-RJ - Analista do Ministério Piblico - Processual 2016-FGV Bros escola Dentre os problemas socials urbanos, merece destaque a questdo da segregacao urbana, fruto da concentracao de renda ro espago das cidades e da falta de planejamento publico que vise & promocao de politicas de controle ao crescimento desor- denado das cidades. A especulago imobilaria favorece o enca- recimento dos locais mais préximos dos grandes centros, tor- rnando-0s inacess'veis & grande massa populacional. Além disso, a medida que as cidades crescem, reas que antes eram baratas. € de facil acesso tornam-se mals caras, o que contribui para que a grande maioria de populac2o pobre busque por moradias er regiges ainda mais distantes, LINGUA PORTUGUESA Essas pessoas sofrem com as grandes distancias dos locals de residéncia com os centros comerciais e os locais onde traba- ham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que so: frem com esse processo so trabalhadores com baixos saléros. Incluem-se aisso as precérias condicées de transporte piblico e 2 péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que as vezes ‘do contam com saneamento basico ou asfato @ apresentam elevados indices de violencia. ‘A especulacio imobilidria também acentua um problema ‘ada ver maior no espaco das grandes, médias e até pequenas, cidades: a questo dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da popula- 80 que possul terrenos, mas que nao possui condigbes de cons: truirneles e 2) a espera pela valorizago dos lotes para que es- ses se tornem mais caros para uma venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acumulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de doengas, como 2 dengue. PENA, Rodolfo F Alves. “Problemas socioambientais urba: nos"; Brasil Escola. Disponivel em http://brasilescola.uol.com. br/brasil/problemos-ambientais-sociais-decorrentes-urbanizo- ‘io.htm, Acesso em 14 de abril de 2016. Aestruturacdo do texto & feta do seguinte modo: [A] uma introdugéo definidora dos problemas socials urba- nos e um desenvolvimento com destaque de alguns problemas; 8) uma abordagem direta dos problemas com selecdo e ex: plicago de um deles, visto como 0 mais importante; C) uma apresentacao de cardter historico seguida da explici tagio de alguns problemas ligados ds grandes cidades; 1D) uma referéncia imediata a um dos problemas sociais ur bbanos, sua explicitacio, seguida da citaco de um segundo pro: blema; E) um destaque de um dos problemas urbianos, seguido de sua explicacio histérica, motivo de critica as atuais autoridades, (05. MPE-Rd - Técnico do Ministério Pablico - Administrati- va-2016-FGV 0 futuro da medicina 0 avanco da tecnologia afetou as bases de boa parte das profissBes. As vitimas se contam as dezenas e incluem misicos, Jornalistas, carteiros etc. Um oficio relativamente poupado até aqui é 0 de médico. Até aqui. A crer no médico e “geek” Eric To pol, autor de “The Patient Will See You Now” (0 paciente vai vé- -Io agora), esté no forno uma revolugao da qual os médicos nao escapario, mas que teré impactos positivos para os pacientes. Para Topol, o futuro esté nos smartphones. O autor nos coloca a pat de incriveis tecnologias, j8 disponiveis ou muito préximas disso, que terdo grande impacto sobre a medicina. Ja 6 possivel, por exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens 2 um algoritmo que 2s analisa e diz com mais preciso do que um dermatologista se a mancha ¢ inofensiva ou se pode ser um cancer, o que exige medidas adicionals. Est$ para chegar ao mercado um apetrecho que transforma © celular num verdadeiro laboratério de andlses clinicas, reali- zando mais de SO exames a uma fracao do custo atual. Também 6 possivel, adquirindo lentes que custam centavos, transformar ‘0 smartphone num supermieraseépio que permite fazer diag- nésticos ainda mais sofisticados. “Tudo isso aliado & democratizagio do conhecimento, diz To- pol, faré com que as pessoas administrem mais sua prOpria sa de, recorrendo 20 médico em menor niimero de ocasiées e de preferéncia por via eletrénica. € 0 momento, assegura 0 autor, dde ampliar a autonomia do paciente e abandonar o paternalis- mo que desde Hipécrates assomiora a medicina, Concordando com as linnas gerais do pensamento de Topol, mas acho que, como todo entusiasta da tecnologia, ele prova- vvelmente exagera. Acho improvavel, por exemplo, que os hos: pitais caminhem para uma répida exting3o. Dando algum des: conto para as previsbes, “The Patient..” 6 uma excelente leitura para os interessados nas transformacées da medicina. Folha de Sdo Paulo online ~ Coluna Hélio Schwartsman ~ 17/01/2016. Segundo 0 autor citado no texto, o futuro da medicina: {AJ encontra-se ameacado pela alta tecnologia; 8) deveré contar como apoio positiva da tecnologia; C) levaré 8 extingdo da profissao de médico;, D) independers completamente dos médicos; E)estaré limitado aos meios eletronicos, RESPOSTAS. on 2 3 04 05, REDAGAO OFICIAL: CARACTERISTICAS Redacio Oficial 1. Oque 6 Redagao Oficia? Em uma frase, pode-se dizer que redacio oficial 6a maneira pela qual 0 Poder Pablico redige atos normativos e comunica- ‘bes. Interessa-nos traté-la do ponto de vista do Poder Executi- vo. A redacdo oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padr3o culto de linguagem, clareza, conciséo, formalida- de € uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decor- rem da Constituicdo, que cispde, no artigo 37: "A administracao pblica direta, indireta ou fundacionol, de quolquer dos Pode- res do Unido, dos Estados, do Distrito Federo! e dos Municipios ‘obedeceré aos principios de legalidade, impessoalidade, mo- ralidade, publcidade e eficiénca (..)". Sendo a publicidade e 2 impessoalidade principios fundamentals de toda administracao publica, claro esta que devem igualmente nortear a elabora¢ao dos atos e comunicagdes oficais. Nao se concebe que um ato {://wns plonato.gov breil 03/manuoV/manuel him LINGUA PORTUGUESA normativo de qualquer natureza sejaredigid de forma obscura, que difculte ov impossibilite sua compreensio. A transparéncia do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligbilidade, so requisitos do proprio Estado de Direto: & inaceitavel que um texto legal ndo seja entendido pelos cidadios. A publicida- de implica, pois, necessariamente, ciareza e conciséo. Além de atender & disposigao constitucional, a forma dos atos normati- vos obedece a certs tradigdo. Ha normas pare sua elaboragao que remontam ao periodo de nossa historia imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade — estabelecida por decreto imgerial de 10 de dezembro de 1822 — de que se aponha, 20 final desses ates, 0 niimero de anos transcorridos desde a Independénca, fsa prética fol mantida no perfodo republicano. Esses mesmos principios(impessoalidade, clareza, uniformidade, concisdo e uso de linguagem formal) apicarn-se as comunicagGes oficais: elas ddevers sempre permitir uma Unica interpretagao e ser estrita mente impessoais e uniformes, o que exige 0 uso de certo nivel de linguagem. Nesse quadro, fica claro também que as comunica- 96e ofciais sio necessariamente uniformes, pois ha sempre urn {nico comunicador (o Servigo Pablico} e o receptor dessas comu- nicagbes ou € 0 proprio Servigo Publica (no caso de expedientes dirig'dos por um 6rgdo @ outro) ~ ou 0 conjunto dos cidados ou instituigdes tratados de forma homogénes (o puiblico), Outros procedimentos rotineiros na redacéo de comunica- §8es oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichés de redacio, 2 estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exerplo, a fixa¢do dos fechos para comunicacées offcias, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justica, de & de julho de 1937, que, apés mais de meio século de vigéncia, fol revoga do pelo Decreto que aprovou a primeira edicao deste Manual Acrescente-se, por fim, que a identificacdo que se buscou fazer das caracteristicas especiicas da forma oficial de redigir no deve ensejar o entendimento de que se proponha a criago ~ ‘ou se aceite a existéncia ~ de uma forma especifica de lingua gem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama buroeratés. Este é antes uma distorcao do que deve ser 2 redagao oficial, © se caracteriza pelo abuso de expressbes & clichés do jargdo burocratico e de formas arcaicas de construg0 de frases. A redacéo oficial no €, portanto, necessariamente frida e infensa & evolucdo da lingua. € que sua finalidade basica =comunicar com impessoalidade e maxima clareza ~impbe cer- 1s pardmetros 20 uso que se faz da lingua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jomnalistco, da correspondéncia particular, etc. Apresentadas essas caracteristicas fundamentals da redacdo oficial, passemos & andlise pormenorizada de cada uma elas. 1.1. Almpessoalidade ‘A finalidade da lingua ¢ comunicar, quer pela fala, quer pela esscrita. Para que haja comunicagdo, s30 necessérios: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e «) alguém que receba essa comunicagso. No caso da redagao oficial, quem comunica & sempre 0 Servico Piblico (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departa- mento, Divis8o, Servigo, Se¢o); 0 que se comunica é sempre ‘algum assunto relativo &s atrbuigdes do dred que comunica; 0 estinatdrio dessa comunicagéo ou é 0 puiblico, 0 conjunto dos cidados, ou outro érg80 pilblico, do Executivo ou dos outros Poderes da Unido. Percebe-se, assim, que o tratemento impes- soal que deve ser dado aos assuntos que constam das comuni- cages ofcials decorre a) da auséncia de impressBes individuals de quem comuni- ‘ca: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado or Chefe de determinada Segao, é sempre em nome do Servico Pablico que é feita 2 comunicacao. Obtémse, assim, uma dese Javel padronizaco, que permite que comunicacoes elaboradas em diferentes setores da Administracio guardem entre si certa Uuniformidade; ) da impessoalidade de quem recebe a comunicagao, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadao, sempre concebido como piiblizo, ou a outro 6rg80 publica. Nos dois ¢a- 505, temos um destinatérlo concebido de forma homogénea e impessoal; €) 0 carater impessoal do préprio assunto tratado: se o uni- verso tematico das comunicagGies ofiiais se restringe a questdes que dizem respeito ao interesse pablo, é natural que no cabe qualquer tom particular ou pessoal, Desta forma, do ha lugar na redacéo oficial para impressbes pessoas, como as que, por exem- plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assina- do de jornal, ou mesmo de um texto literdrio. A redacio ofcial deve ser isenta da interferéncia da individualidade que 2 labora, ‘A concisio, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos vvalemos para elaborar os expedientes ofcia's contribuem, ainda, para que seja alcancada a necesséria impessoalidade. 1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicagdes Ofciais ‘A necessidade de empregar determinado nivel de lingua: ‘gem nos atos e expedientes oficais decorre, de um lado, do pr6: prio cardter piblico desses atos e comunicagdes; de outro, de ua finalidade. Os atos oftciais, aqui entendidos como atos de carater normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos c- dados, ou regular o funcionamento dos 6rgéos piblicos, o que 56 6 alcangado se em sua elaboracio for empregada a lingua- ‘gem adequada. O mesmo se dé com os expedientes oficiais, cuja finalidade precipua é a de informar com clareza e objetvidade. [As comunicacbes que partem dos 6rgi0s pliblicos federais de- ‘vem ser compreendidas por todo e qualquer cidadéo brasileiro. Para atingir esse objetivo, hd que evitar 0 uso de uma linguager restrta a determinados grupos. Nao ha divids que um texto marcado por expresses de circulacdo restrta, como a gia, os regionalismos vocabulares ou o jargio técnico, tem sua com- preensio dificultada. Ressalte-se que hd necessariamente uma distancia entre a lingua falada e aescrita. Aquela é extremamen: te dindmica, reflete de forma imeciata qualquer alteracio de costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensdo, como os gestos, a entoacdo, etc. Para mencionar apenas alguns dos fatores responsdveis por essa distancia. 48a lingua escrta incorpora mais lentamente as transformagées, tem maior vocagao para a permanéncia, evale- -se apenas de si mesma para comunicar. A lingua escrita, como 2 falada, compreende diferentes nive's, de acordo com 0 uso que dela se fara. Por exerplo, em uma carta um amigo, podernos nos valer de determinado padréo de linguagem que incorpore expressdes extremamente pessoais ou coloquiais; em um pare- cer juridico, nfo se ha de estranhar a presenca do vocabulério LINGUA PORTUGUESA t€enico correspondente. Nos dois casos, hd um padro de lin- Buagem que atende 20 uso que se faz da lingua, afinalidade com ue a empregamos. O mesmo ocorre com os textos ofcials: por seu cardter impessoal, por sus finalidade de informar com 0 rmé- ximo de clareza e conciséo, eles requerem 0 uso do padrdo culto da lingua. H8 consenso de que 0 padro culto & aquele em que 2a) se observam as regras da gramitica formal, e b) se emprega lum vocabuldrio comum ao conjunto dos usuérios do idioma. € importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padirao culto na redaco oficial decorre do fato de que ele esta acima ds diferengas lexicais, morfol6gicas ou sintéticas regionais, dos ‘modismos vacaoulares, das idiossinerasias lingulstcas, perm: tindo, por essa razao, que se atinja a pretendida compreensao por todos os cidadaos. Lembre-se que o padrio culto nada tem contra a simplici dade de expresso, desde que ndo seja confuncida com pobreza de exoressio, De nenhuma forma o uso do pad culto implica lemprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintaticos e figuras de linguagem préprios da lingua literdria, Pode-se concluir, eto, que ndo existe propriamente um “po- . Acesso em: 06 abr. 2018. Contribuem para a corregao da redacdo offcial a utlizag0 adequada das formas de tratamento bem como a concordéncia verbal e nominal em relagao a0 pronome, Entre os seguintes, 0 Unico trecho que foi redigido segundo as normas da reda¢ao oficial, 6:

Você também pode gostar