Você está na página 1de 2

Sinopse:

O ensaio A Vida Feliz foi escrito por volta do ano 58 dC., destinado ao seu irmão
mais velho, Gálio.

A principal coisa a entender sobre o texto é o próprio título: ‘Feliz‘ aqui não tem a
conotação moderna de se sentir bem, mas é o equivalente da palavra grega
eudaimonia, que é melhor compreendida como uma vida digna de ser vivida, um
estado de plenitude do ser. Para Sêneca e para os estoicos, a única vida que vale
a pena ser vivida é aquela de retidão moral, o tipo de existência à qual olhamos
no final e podemos dizer honestamente que não nos envergonhamos.

Logo no primeiro parágrafo Sêneca dá a linha da argumentação estoica: Não


devemos ter a felicidade como objetivo: “não é fácil alcançar a felicidade já que
quanto mais avidamente um homem se esforça para alcançá-la mais ele se
afasta”. A solução é ter como objetivo a virtude. A felicidade será consequência.

Sêneca faz grande oposição ao epicurismo, corrente filosófica que valoriza o


prazer como fonte de felicidade, como vemos no capítulo X: “Você se dedica aos
prazeres, eu os controlo; você se entrega ao prazer, eu o uso; você pensa que é o
bem maior, eu nem penso que seja bom: por prazer não faço nada, você faz tudo.”
No XV, Sêneca explica por que não se pode simplesmente associar a virtude ao
prazer. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, o prazer o levará a territórios
não virtuosos: “Você não oferece à virtude uma base sólida e imóvel se você a
colocar sobre o que é instável”.

O livro fornece uma lista de regras pelas quais Sêneca está tentando viver. Vale a
pena considerá-las na íntegra:

• Eu vou encarar a morte ou a vida a mesma expressão de semblante;

• Eu desprezarei as riquezas quando as tiver tanto quanto quando não as tiver;

• Verei todas as terras como se pertencessem a mim, e as minhas terras como se


pertencessem a toda a humanidade;

• Seja o que for que eu possua, eu não vou acumulá-lo avidamente nem o
desperdiçar de forma imprudente;

• Não farei nada por causa da opinião pública, mas tudo por causa da
consciência;

• Ao comer e beber, meu objetivo é extinguir os desejos da natureza, não encher


e esvaziar minha barriga;

• Eu serei agradável com meus amigos, gentil e suave com meus inimigos;

• Sempre que a Natureza exigir minha vida, ou a razão me pedir que a rejeite, vou
desistir desta vida, chamando a todos para testemunhar que amei uma boa

Você também pode gostar