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ye Core senec Nese ent) ee eesteae ieesetenkeon esi aol ture f fee mM MUTA RL EU eue neue Meco nie sie etd Se Te Cente Mes oe care tee ruteknle ct , cern ae Rn vesicle treater oi a Co Reece Meme meee oie aca eee oe Stu eee Sot cee eet eh dete Angelina Gatt Pee ren ane ae Me ie) eT UU Reese ire eee cl Garey ci wip a atyetn cess Ci ea om eens fouled Peers wea eee ad Bee een crits inet gers oc Gea een ere secre ics Guat Fe NNN Et ie ieee Peed coche cer) Eco Semen CRON Sica to oc teehee to ise eeu tere eee rece cca ete Pisin tee IEC aie) Ter oleae Kime chee ieee ali| ine e. ai ieee eel Gece ee ee eee ere eee pe eet ror vorr Sr ecg nes wo to orn Cor een ey ee Or erate te icine oPeeeerces tex, re) Série Pesquisa em Educagio ¥: 10 Betnardete Angelina Gatti Grupo Focal na Pesquisa em Ciéncias Sociais e Humanas Brasilia-DE, 2005 Copyright © 2008 Liber Livto Bora Led pita a repre ton on aril dese publicnto, por qinjncr mdios sr wueoragho pedis, por esc, da era oordenaso da xe Bernat gtra Gh Revise Jair Sontoo Morse Normalinago bibliog Bea Rega ala Aga do Mel uiosagiolettica: Mores Hertich Cape Marat Palo R. Date Impress eaeshomento: (Quick Psiter/Brasli- DF Ie Catlogagie na Pingo (CTP) Gat, Berardete Angina 6263 Grupo focal na pesquisa en cincias soci ehumanas /emandete Angina Gae,—Brasia: ber Livro Peo, 2005, 77 p— (Séve Pesguis em Hdueagio $10) ISBN 85.98608.11-3 1. Métodas de peas 2, Geupe focal, 1 itlo HL cpu s7012 Tmpreso no Bra ike Lino Ptr Lad SCIA Quads 15, Con, 5, Lote 18/pate 2 Guar 71250.25 ~Brasta-DP one/I' (61) 363-8 sslton@ ibedora.comhe ‘wowilsediviacombe Sumario Capito 1 Ivmenuzinvo 0 Gauro Foca... Capiealo 2 Onoanrzacio x DeseNvorviMeNTo Do TRAnaLio COM GRUPOS BOCK ewnnsnnirninnsnae VT 1 Acomposigie do gtup0 -ssnnunommrnnsensnnna YD 2.2 Local das sess6es ¢ registro das interagoes 24 2.3 O moderador e o desenvolvimento do processo geupal 28 24.0 moderacore as interagBes grupuis 38 Capitulo 3 A anstise pos Danos onrin0s ‘com o Gavro Foca aes Jl Deslindando significados e sentides ann, 3.2 Classificacio ou codificagio do matetia 3.3 Anilises quanticativas.. 4 Pontos bisicos a lembrac.. Capitulo 4 Pesquisas CoM GRuros FOCAES vos Capitulo 5 Porsnctarsapes # Lawrracons or Revrréncus BrsnrocrArtcas.... aes Not soma 4 Avrora CAPITULO 1 Inttoduzindo 0 Grupo Focal No ambito das abordagens qualitativas em pesquisa social, a técnica do grupo focal ver sendo cada vex mais utilizada. Em geral, podemos caractesizar essa técnica como detivada das diferentes formas de trabalho com grupos, amplamente desenvolvidas na psicologia social. Privilegia-se. a, sclegio dos participantes segundo alguns eritérios — conforme o problema em estudo — , desde que eles possuam algumas caracteristicas em comum que os qualificam para a discussio da questio ue seri o foco do tabalho interativo ¢ da coleta do material discursive /expressivo, Os participantes deve ter algnma vivénci utido, de tal modo que sua patticipagio possa trazct elementos ancorados em suas experiéncias cotidianas. Segundo Powell e Single (1996, p. 449), um grupo focal "é um conjunto de pessoas selecionadas © rcunidas por pesqisadores para diseutir e comentar tum tema, que & objeto de pesquisa, a partir de sua expetiéneia pessoal", Kitzinger (1994, p. 103) diz.que © grupo é "foralizado", no sentido de que envolve algun tipo de atividade coletiva — como assistit a um. filme e conversar sobre ele, examinarum texto sobre algum assunto, ou debater um conjunto particular de questéies, Lembra a autora que 0 grupo focal & uma técnica empregada hé muito tempo, sendo primeimamente mencionada como técnica de pes em marketing 208 anos 1920 ¢ usada por R. Merton’ com o tema a ser di os anos 1950 para estudar as reagdes das pessoas & Propaganda de guerra. O uso de grupos de discussi0 como fonte de informago em pesquisa foi comum os anos 1970 e 1980 em Areas muito particulares, como na pesquisa em comunicagio, na avaliago de matetiais diversos ou de servigos, em estudos sobre secepeio de programas de televisio ou de filmes, brocessos dle pesquisa-aeo ou pesquisa-intervengio, Mas, de acordo com Kitzinger (1994, p. 104), embora Se empregasscm grupos para levantamento de dados nesses nichos, essa técnica nio se desenvolyeu de modo sistematico, como técnica de pesquisa, por um bom tempo, nas ciéacias sociais em geral. Isso veio a ovotrer préximo ao final do século pasado, De fato, hhouve uma espécie de redeseoberta dos gtupos focais no inicio dos anos 1980, momento em que a Preocupagiio em adaptar essa técnica ao uso na investigagio cientifiea etesceu A.utlizaio do grupo focal, como meio de pesquisa, tem de estar imegrado a0 corpo geral da pesquisa e a seus objctivos, com atencio as teorizagies j existentes © fs pretendidas. Fle é um bom instrumeato de levantamento de dados pata investigacdes em ciéacias sociais e humanas, mas a escolha de seu uso tem de ser criteriosa e cocreme com os propésitos da pesquisa. Na condusio do grupo focal, é importante o tespeito ao principio da nfo ditetividade, e ofacilitado? ou ifiodetador da discuss deve cuidee para que 0 grupo descnvolva a comunicagio sem ingeréncias indevidas da parte dele, como intervenccs afirmativas ou negatives, emissiio de opinides particulares, ConclusGes ou outzas formas de jntecvengio diteta, Nao se trata, contudo, de uma posicio ni diretiva absoluta, ou do tipo "damwzefare", por parte do moderador, Este 5 «leverd fazer encaminhamentos quanto ao tema e fazer intervengdes que facilicem as trocas, como também procurar manter os abjetivos de trabalho do grupo. (O que ele nio deve é se posicionar, fechar a questio, fazer sinteses, ptopor idéias, inquitir diretamente. Fiver a discussio fluir entre os participantes € sua fungi, lembrando que aio esta realizando uma entrevista com um grupo, mas eriando condigées para que este se situe, explicite pontos de vista, analise, infiea, faca criticas, absa perspectivas diante da problemética para 0 qual foi convidado a conversar coletivamente. A énfuse recai sobee ainteragho denteo do grupo © nio em perguntas € respostas entre, moderador e membros do grupo. A interagio que estabelece e as trocas efetivadas serio estudadas pelo pesquisador em fiangia de seus objetivos. Hi interesse fio somente no que as pessoas peasam ¢ expressam, mas também em como elas pensam e porque pensam oquepensam. Segundo Mosgan e Krueger (1993) pesquisa com Jstupos focais tem por objetivo caplat, a parti das trocas zropo, conceitos, sentimentos, atieudes, realizadas no ¢ crengas, expetiéncias ¢ reagées, de um moda que nao. setia possivel com outros métodos, como, por exemplo, a observacio, a entrevista ou questionétios O grupo focal petmite fazer emergir uma multiplicidade de pontos de vista ¢ processos emocionais, pelo proprio contexto de interac criado, permitindo a captagio de signifieados que, com outros mcios, poderiam ser dificcis de se manifestar. No uso da observagio, depende-se da espera que coisas acantegam, eo tempo para isso pode ser bem estendido, Comparado 4 observagio, un grupo focal permite ao pesquisador conseguir boa quantidade de informacio em um petiodo de tempo mais custo. O tema eo roteiso das 9 questiies ajudam nisso, Comparado a entrevista individual, ganha-se em selagio A captacio de Processos © conteticos cognitivas, emocionais, ideolégicos, representacionais, mais coletivos, Portanto, e menos idiossincriticos e individualizados, Quanto 20 uso de questionstios, 0 grupo focal, ao ropiciar a exposigio ampla de idéias e perspectivas, permite teazer A tona respostas mais completas ¢ Possibilita também verificar 2 légica ow as tepresentagdes'que conduzem i resposta, Conforme os autores antes citadas, os grupos is sfo pavticularmente tei nos estudos em que ha difereagas de poder entze os pacticipantes ¢ decisores ou especialistas, em que ha interesse pel ‘so cotidiano da linguagem eda culeura de um grupo particular, e quando se quer explorar 0 grau de consenso sobre um certo pico. Poderiamos nerescentat: quando se quer compreender diferengas € divergéncias, contaposigdes © contradigdes, inger (1994, p. 116) assinala alguns aspectos importantes trazidos pelas interagdes ocorridas nos atupos focais. Segundo a autora, por meio delas, podemos fo ~ clarear atitudes, prioridades, linguagem e teferenciais de compreensio dos participanres; encorajaz uma grande variedade de comunicagées entre 03 membros do grupo, incidindo em vatiados processos e formas de compreensio; — ajudar a identificar as normas do grupo; ~ oferecer insight sobre a relacio entre funcionamento do grupo e processos sociais nna articulagio de informagio (por exemplo, mediante 0 cxame de qual informagio é censurada ou silenciada 20 grupo); 19 io aberta sobre t6picos — encorsjaruma conves embaragosos para as pessoas, faciltar a expressio de idéias ¢ de experiéncias que podem ficar pouco desenvolvidas em entrevista individual. © trabalho com grupos focais permite compreender processos de construgio da realidade por determinados grupos sociais, compreender tieas coridianas, aes e reagies a fatos ¢ eventos, comportamentos € atitudes, constituindo-se uma teniea importante paza 0 conhecimento das teptesentacdes, percepedes, crengas, hébitos, valores, resttigdes, preconceitos, linguagens ¢ simbolopias pprevalentes no trato de uma dada questio por pessoas {qoe pavtilham alguns tragos em comum, relevantes para o estudo do problema visado. A pesquisa com jytupos focais, além de ajudar na obvengito de porspectivas diferentes sobre uma mesma questo, pettnite também a comprecasio de idéias partilhadas por pessoas no dia-a-dia e dos modos pelos quais os individuos so influenciados pelos outros. Os grupos focais podem sex empregados em processos de pesquisa social ow em processos de avaliaglo, especialmente nas avaliagBes de impacto, sendo o procedimento mais usual utilizar varios cups focais para uma mesma iavestigagzo, para dar cobertuta a variados fatores que podem ser intervenientes na questio a ser examinada, Essa téenica é empregada com vizias finalidades, em contextos diversficados para andlise de méltiphs questses, na dependéncia do problema que cada peseuisadox se propde. Além de constituir-se no clemento central de uma investigagio, €utiizivel em coutras condigBes. Pode ser empregada em estudos 1 y exploratérios, ow nas fases preliminares de uma Pesquisa, para apoiar a construgio de outros instrumentos (questionatios, roteiros de entrevista oa obscrvatio); pars a fundamentagia de hipéteses ou a Verificagio de tencéncias; para testar ing, planos, materials, propostns, Pode sex usada para a busea de aperfeigoamento © de aprofundamento da compreensio, a partirde dados provenientes de outras técnicas, ou para orientar posteriormente o Phincjamento de um estudo em larga escala com Gutros instrumenios. I! una técnica de levantamento de dados muito tica para capturar formas de Tnguagem, expressdes e tipos de comentitios de detersainado segmento, o que pode ser fandamencal pars a zealizagio cle estuclos posteriones mais amplos, com o emptego de entrevistas e questionatios Os grupos focais podem ser teis em anilises por ‘einngulagao ou para a validacio de dados, ou podem fet empregados depois de processos de intervengio, arao estuclo do impacto destes, ou, ainda, para gerar ova perspectivas de futuros estudos, Com todas essas possibilidades, no entanto,éuma técnica que tem limites em termos de certas Benetaliragdes, em fungio do pequeno nimero de Participantes e da forma de selegio desses patticipantes, Pot ser uma técnica de levantamento de dads ge *¢ produ pela dinimicaintetacional de um grupo de Pessons com um faciltador, sex emprego exige alguns ‘uidados metodolégicos c certaformacio do fxcilitador em tmbalhos com grupos O Foco no assunto om pata eve ser mantido, porém eriando-se um clima abeeto: is discussies, o mais possivel livre de ameacaspalpiveis, Os participantes precisam sentic confianga para expressar suas opinides e enveredar pelos dngulos que Quiserem, em uma panticipagzo ativa, 12 Com esses procedimentos, é possivel reunit lnformagées opinides sobre um tépico em particular, com certo detallhamento e profundidade, nfo havendo necessidade de preparacio prévia dos participantes quanto 20 assunto, pois o que se quer € levantar sspectos da qucstio em pauta consideradosclevaates, social ou individualmente, ou fazer emergir questOes inéditas sobre © tépico particular, em fungio das trocas efetuadas, © Uabalho com grupos focais oferece boa ‘oportunicade para o desenvolvimeatode tearizagdes |, fm campo, a partir do ocotrido e do filado, Ble se | presta muito para a geracto de teorizagdes exploratérias até mais do que pata a vetificagio ou teste de hipéteses prévias. No que nio possa sez uusado pata essa verificagio, Porém a sigueza do que emerge "a quente" na interagio geupal, em geral, extrapola em muito as idéias prévias, surpreende, toloca movas eategorias formas de eatendimento, que dio suporte a inferéneias novas ¢ proveitosas acionadas com o problema em exame, . Embora alguns ctitérios pautem o convite as pessoas para participar do grupo, sua adesio deve set voluntitia, O convite deve ser motivador, de modo sje 08 que aderivem 20 traballno estejam seasibilizados Janto pati o processo como para o tema geral a ser uatado, ou seja, 2 atividade no geupo focal deve set urueate para os partcipantes, por isso, preservar sua liberdade de adesio é fundamental. A participagio ‘num processo de geupo focal também pode propiciar tum momento de desenvolvimento paza os patticipantes, tanto nos aspectos comunicacionais, como nos copnitivos ¢ afetivos. A escolha da técnica do grupo focal para um ‘abalho de pesquisa deve orientar-se pela aderéncia 13 da técnica aos objetivos do estudo ea relevancia dos dados que com ela se pode obter para o problema de pesquisa. Alguas pontos podem ser considerados sobre a questio de quando utilizar 0 geupo focal em uma pesquisa. A técnica & muito atil quando se esti interessado em compreender as diferencas existentes em perspectivas, idéias, scntimentos, representagak valores ¢ comportamentos de grupos diferenciados de pessoas, bem como compreender os favores que os influenciam, as motivagtes que subsidiam as opgdes, 0s porqués de determinados posicionamentos. O trabalho com 0 grupo focal pode tazer bons esclarecimentos em relagio a situagdes eomplexas, polémicas, contraditérias, ou a questdes dificeis de serem abordadas em funcio de autoritatismos, preconceitos, ejeicio ou de sentimentos de angestia fou medo de revaliagiess ajuda a ir além das respostas simplistas ou simplificadas, além das racionalizagiies tipificantes e dos esquemas explicativos superficiais. O grupo tem uma sinergia propria, que fax. emergir idéias diferentes das opinides particulares. HHA uma reelaboragio de questées que é propria do trabalho particular do grupo mediante as ttocas, os reasseguramentos miituos, os consensos, os dissensos, € que trazem luz sobre aspectos no detectiveis ou io reveliveis em outras condicdes Por outzo lado, hii situnedes em que nio se deve empregar o grupo focal, Krueger © Casey (2000, p. 25) citam exemplas tals como quando se deseja que as pessoas cheguem necessariamente a um consenso, quando se quer que o grupo seja educativo, ou quando se buscam informacées delicadas que nao podem ser partilhadas no grupo, ou que podem set ofensivas a dele. Nio se deve usar 6 grupo foeal quando 14 © ambiente esti emocionalmente carregado, pois a ti ‘ussio em grupo pode intensificar os conflitos € mbém no se deve empregé-lo quando existem ‘outras metodologias que podem trazer melhores informagées sobre o problema cm estudo e, sobretado, quando nao se puder assegurar cert confidencialidade das informagGes fora do grupo, No Brasil, a drea de sade é, até aqui, a que tem twilizado com maior freqiiéncia os erupos focais em twibathos de pesquisa ¢ de avalingio, mas essa técnica vem tendo seu uso-ampliado em vidos outros campos, ‘como os da psicolagia, da educagio, do servigo social, ci sociologia, CAPITULO 2 Organizagao ¢ Desenvolvimento do Trabalho com Grupos Focais Como téeaica de pesquise, um grupo focal tem sua constituicio e desenvolvimento cm fungio do problema da pesquisa. O problema precisa estar claramente exposto, ¢a questo ou questées a serem Jevadas a0 grupo para discussio dele decorrem. Nesse sentido, hé certo graa de teorkzaciio sobze 0 tema em favo, que o pesquisador deve tee elaborado pata scus ptopésitos, Hssa teorizagio permite que o pesquisador levante questdes televantes e contextualizadas, bem como orienta a construgio de um roteite preliminat ule trabalho com 0 grupo: o que se vai solicitar dele, tendo claro 0 que se est buscando compreender. © roteito claborado como forma de orientar ¢ estimular @ discussdo deve ser utilizado com Flexibilidade, de modo que gjustes durante o decorrct ilo trabalho podem ser feitos, com abardagem de \picos nao previstos, ou deixando-se de lado esta ou quels questo do roteiro, em fungio do proceso interativo conctetizado, O prdprio processo grupal deve set flexivel, embora sem perder de vista os objetivos da pesquisa. 2.1. A composigao do grupo O grupo seté composto a partir de alguns eritéxios associados & metas da pesquisa. Deve ter uma "ill composigio que se bascie em alpumas caracteristicas homogéneas dos patticipantes, mas com suificiente variagio entire eles para que apatecam opinides diferentes ou divergentes. Por homogencidade, entende-se aqui alguma caracteristica comum a08 participantes que interesse 20 estado do problema. A caracteristica comum pode set relativa a géncro, & idade, As condigées socioecondmicas, a0 tipo de trabalho, a0 estado civil, ao lugar de residéncia, & freqiiéncia de uso de certo servigo pablico ou social, 4 escolatidade, ou outra. Por exemplo, pode-se ter a ccessidade para um dado estudo, de compor um grupo s6 de mulheres com pouca ou alta escolaridade, ‘mas com diferentes idades; ou de homens ¢ mulheres de uma dada faixa etiia ¢ com o mesmo tipo de trabalho; ou de adolescentes estuclantes de varios econdmicos; ou um grupo bem aiveis. soci hheteropzénco em idacle, mas de mesma condicao soc fanciondtios de um mesmo setor do setvigo publica; funcionatios administrativos de uma empresa; operadores de determinado servigo; professores de certo nivel de ensino, ete ‘A escolha das variveis)a serem consideradas na composigio do geupo depende, entio, do problema da pesquisa, do escopo tedrico em que ele se situa € para qué se realiza 0 trabalho. Entio, o objetivo do estado € 0 primeita seferencal para a decisio de quais pessoas serio convidadas a participar. Ligado aos objetivos, € preciso considerar o que se sabe sobre o conjunto social visado, uma vez que algum.trago comum entre os participantes deverd cxistir, estando isto na base do trabalho com o grupo focal. Ao lado dessa "comunalidade", 0 conhecimento sobre © conjunto social visado permite escolher se algum tipo de variagiio entre os membros do grupo seria desejavel 18 pu televante para a pesquisa. Por exemplo, selecionar pessoas solteiras que moram sozinhas, de condicio social média alta, mas em varia faixas etirias Escolher professoras de edueagio infantil, da mesma faixa titia, mas algumas com formagio em afvel médio ¢ putas com nivel superior. Outro exemplo: selecionat dolescentes na faixa de 14 anos, sendo alguns inoradores de baitros centrais da cidade, outros, de buittos afastados, em ambos os casos contemplando 8 sexos masculino € feminino, Pode-se necessitar, conforme o problema em estudo, de um grupo o mais homogéneo possivel: adolescentes de 13 anos, do sexo masculino, que motem num bairso de classe média. Nessas escolhas, o conhecimento e o julgamento do pesquisadot é que irio balizara composigio do grupa. Quando se vai trabalhar com mais de um geupo, a composicio deles pode contemplar a combinagio homopeneidade/varingio em todos os geupos, ou & homogencidade intrageupo ea heterogeneidade entre us geupos, segundo alguns critérios, Para esse caso, twa exemplo seria trabalhar com adolescentes de 13 anos, compondo um grupo que more em baittos centrais, e outro que mote em baistos petiféricos; ou compo ut grupo s6 de meninas, outro 86 de meninos, ambos de bairros periféricos; compor sgeupos de adolescentes de 13 anos, do sexo feminino, cin cada uma das repides da cidade. Lembremos que a homogeneidade do grupo segundo alguma ou algumas caracteristicas esta telacionada aos propésitos da anilise; por outto lado, clapropicia uma facilitagio para o desenvolvimento «da comunicagio intragrupo. Algumas combinagdes de tipos de pessoas podem nao facilitar 0 fluxo da interagio em fungio, entre outros fatores, de 19 limitagies no entendimento de estilos de vida muito difereates, com valores muito diversos, ou de vivéneias de situagdes muito oposias, Isso pode gerar inibigSes ou deferéncias em relagio aos que sio is pereebidos ou como mais experientes, ox como 1 sabidos, ow com nivel mais alto de escolaridade. Também conflitos podem se iostalar, anulando mesmo a possibilidade de troca, ‘Tanaka © Melo (2001) argumentam que & importante selecionar grupos nos quais se presume {que as pessoas tenham diferentes opinides em relacio fis questdes que serio abordadas, Com essas escolhas sobre quem serio os componentes do grupo, ou dos grupos, os limites da pesquisa, em relacio a seus resultados, estario sendo postos. Krueger ¢ Casey (2000, p. 73) assinalam que em s pode nao ser muito pradutive cextas condi isturar géaeros no geupo, porque os homens tém a tendéncia a falar com mais freqfiéncia © com mais autoridade quando ha mulheres no grupo — efeito do "palo" — , ¢ isso pode irvité-as e trazer reagies que podem prejudicar a diregio do trabalho em relacio aos objetivos visados, seja porque se calam, seja porque cmergem conflitos que levam a outeas questées longe dos objetivos do trabalho em grupo. Os autores lembrar, também, que é preciso ponderat muito sobre a inelusio de marido € mulher num mesmo grupo, citando como exemplo uma situagio em que eles se encontraram num trabalho de grupo focal com quatzo casais, oo qual, portanto, haveria ito participantes, maso que acabou acontecendo foi tama diseussio entre quatro pessoas (08 matidos) com quatro parceitas quase mudas. 20 Enfatiza-se que € preciso pensar na anilise pretendida quando se vai compor o grupo. Quando ‘e quer comparar ¢ contrastar diferentes expresses), ¢ pontos de vista, muitas vezes convém separar os| tlierentes tipos de pessous que serio envolvidos em )) ‘liferentes grupos, Krueger ¢ Casey (2000) dizem, por| cexemplo, que é mais ficil analisar difetengas entre Usuitios € no usuarios de um certo servica quando cles esto em geupos sepatados do que quando esto Inistarados no mesmo grupo. ‘Também lembram que © uma falicia assumir que uma pessoa em particular pode teptesentar, por exemplo, sua vizinhanga, sua condigiio de cor, de género ou de cultura. Por isso, se Se quer capturar a opiniio de determinado grupo social de referéncia, seri necessirio realizar um niimeto suficiente de grupos focais com aquela categoria particular de pessoas, Hocontra-scna literatura teccuendagio para nao, ) se juntar no mesmo geupo pessoas que se conhecem, ‘muito, ou que conhecam © moderador do grupo., (Quando os pasticipantes se conhecem, podem vir a uat ei bloco e formar subgrupos de controle que monopolizam ou paralisam a discussio, 0 que prsjudica a interagao mais livre. O conheelmento miituo pode inibir manifestagdes & coibir a espontaneidade entre os que se conhecem, ou esse subgrupo pode atuat inibindo a participagio de outros Integrantes do grupo, tirando a possibilidade de aparecimento da multiplicidade de idéias ¢ a tanifestacao de valores diferentes. O conhecimento do moderador por um ou vitios membros pode ‘cliciar comportamentos de cumplicidade, ou de uso le poder, de contencio na participacio, on de desconfianca por parte das demais, Alguns autores. Fecomendam que pessoas que ji participaram, a outro geupo focal nio sejam incluidos novamente, uma vez que conhecem o processo e podem vir com, preparagio prévia, com idéias preconcebidas. Porémn, na literatura, encontram-se trabalhos com grupos preexistentes, justificados por razdes ligadas aos objetivos da pesquisa ou por algum motive de facilitagio do deseneadeamento do geupo focal. Sio trubalhos em que a formagio do modesador € sua experiéncia com grupos focais merecem atencio especial ‘Visando abode questdes em maior profiandidade, pela interagZo grupal, eada grupo focal nie pode ser grande, mas também nio pode ser excessivamente pequeno, ficando sua dimensio preferencialmente entre seis a 12 pessoas Em geral, para projetos de (0 teaballaar com mais de dez pesquisa, © ideal & patticipantes. Grupos maiores limitam a patticipagio, as oportunidades de trocas de idéias e elaboragdes, 0 aprofundamento no teatamento do tema € também os registros. Oemprego de mais de um grupo permite ampliar 6 foco de anilise ¢ cobrir variadas condigées que ppossam ser intervenientes e relevantes para 0 tema. O niimero de grupos nesse caso depende do / planejamento do estudo em relagio & cobertura de variados tipos de participantes necessitios a cla, A decisio sobre a quantidade de grupos a serem utilizados deve levar em conta a homogeneidade/ heterogencidace da populacio-alwo em relagio 20 objeto da pesquisa cos objetivos desta, O mtimeto de grupos dependera tambéin do niimero de membros da equipe envolvida no trabalho, ou ainda das possibilidades do apoio financeira recchido. Para fixar quantos grupos focais conduzir, € comum utilizar como procedimento a realizagio de Inés ou quatto grupos ¢, entzo, verificar a quantidade © o nivel de informagées obtidas para a questio em estudo. Se as informagbes forem consideradas suficientes, nio se compdem outros grupos. Essa suficiéncia depende das pretensées dos pesquisadores € do estude, mas ela é admitida quando se julga que ii se obteve o conjunto de idélas necessiio para a iio do problema ¢ sc julea muito proviivel «que aovas idéias nfo aparecerio, Nao se recomenda dar aos participantes 4 informagées detalhadas sobre o objeto da pesquisa. Biles devem ser informados de modo vago sobre 0 tema da discussio para que no venham com idéiag, pté-formadas ow com sua participagio preparuda, Saber com antecedéncia precisamente 0 que se vai tliscutir— por exemplo, as questées que o moderador ind colocat, ou 0 rotito — propicia a formagio de opinides prévias que podem incerferis nas discussies. Ponto muito importante a ser considerado é que, mesmo com adesio voluatisia ¢ tendo of pesquisadores motivado os potenciais patticipantes x0 fazer-Ihes 0 convite, € muito comum ocorsetem| auséncias de tltima hora. Isso deve estar no) horizonte dos pesquisadores que precisam fazer um trabalho cuidadoso para obter boa adesio dos coavidados a patticipar do grupo focal. Realmente) decisées sobre composigio dos grupos, a forma ceconvite, a motivacio ca adesio dos participantes «lescjaclos constituem um trabalho bastante delicado, © 08 pesquisadores estarem conscientes de que vuséncias de iltimo momento sio muito comuns, ¢ que é precisa lidar com essa situacio, procurando no prejudicat o atendimento dos objetivos da pesquisa, mediante teareanjos que garantam isso, comp: 2 Local das sessies ¢ registro das interagies Q local dos encontros deve fnvorecer a interagio cntte 98 patticipantes. Pode-se trabalhar em cadeitas avulsas, em citculo, ou em volta de uma mesa. Os participantes devem se encontrar face a face para que sus intedlocugio soja diets, Como os participantes ermanecerio um tempo razo‘ivel em reuniio, certo Je confotto € necessario, Parn facilitar, de inicio, v teconhecimento entre os participantes, pode se providenciar um craché com o nome de cada um, Alguns autores julgain que se oferece condicio de teabalho mais adequada quando 0 desenvolvimento do grupe focal se fem torno de uma mesa, qualquce «que seja seu formato. Lissa disposisio propicia maior conforto 20s participantes ¢ pode facilitaeas diferentes formas de registro, petaitindo melhor arcanjo pata as anotagdes ¢ as grevagdes cm audio ou video. 1H vitias mancizas de se registrar as intetagbes Uma delas € 0 emprego de um ou dois relatores, que nfo interferem no grupo ¢ fazem anotacio cursiva do que se passa edo que se fala, Uma checagem depois cla sessio deve ser feita de imediato entre relator(s) © modesidor, Nio se consegue registrar exatamente tuclo; por isso, dois snotadores podem set iteis, para complementar as anotagdes Podle-se propor o registro nas especifico de partes da sessio, escolhendo se os ‘moments em funeio dos objetivos visndos. Porisso, a formasio © a preparagio dos relatores é muito importante. O meio mais usado para se registrar o trabalho com. umn grupo focal € x gravagio em audio; por iss0, a eseolha do lugar de realizacio do geupo deve set cuidadosa, de forma a permitic que a gravagio possa set feita com sucesso. Fim geral, utilizam.se So 26 lem do tempo geral de discussio em grupo, As metas tla pesquisa devetio ser constantemente consideradas pelo moderador e orienti-lo em suas eventuais Intervengées. O moderadoy de um grupo focal deve ser bem, eseolhido: Pode ser 0 préprio pesquisacot ou outro _ profissional, porém precisa ser experience, babil, ter clareza de expressio, ser sensivel, flexivel e eapar * Ue conduzit o grupo com seguranea, lidando competentemente com as relagdes e interagdes que sedesenvolvem eas situagdes que se etiam no grupo em foncio das diseussées, Precisa ser um pyofissional ‘apaz de despertar confianga e de getat empati, para conduit com habilidade o grupo na direcio dos bjetivos da pesquisa, sem ctiar situagdies embaeagosas, As concligdes acima seferidas quanto 20 moderador do grupo focal sio brisicas, mas a concretizagio do Papel dele esti vineulada também ao tema em pauta, 10 tipo de informacio que se deseja obter ¢ caructeristicas dos componentes do grupo. Esses trés elementos conjugados podem levar a uma atoagio menos ou mais estraturante por parte do moderadon Em getal, tratando-se de processo integrado a uma pesquisa, a conducio menos estrutuenda, menos ditetiva, parece fayorecer a emengéncia de falas mais densas em relagio ao problema, permitindo anilises © veorizacdes mais proficuas. A atuacio menos diretiva do moderador com o grupo demanda maior cuidado ‘com suas formas de intervengio, maior habilidade e seusibilidade de sua parte do que quando a atuagio & Programada, com roteito fechado, ¢ em que se vai condizir todo 0 processo geupal na forma delineada, cumptindo todos os tépicos previamente fixados, ntretanto, a condugio do grupo, com intervengio moderada, menos ditetiva, no implica que se deixe 35 o gtupo perder o foco da pesquisa, nem que aspectos importantes nao sejam travidas pelo moderador, caso ‘grupo nio os aborde, Algumas "chamadas" podem ser feitas, de modo adequado, a0 longo do trabalho conjunto, 0 moderador, desde o inicio, deve deixar clara a responsabilidade do proprio grupo em gerenciar a discussio. Pode estimular os membros do CUO a proporem questéies uns aos outros ou a se interessarem em ouvir relatos de experiéncias, ete. De qualquer forma, os grupos tém um potencial grande de autogestio, ¢ alguns participantes podem agir envolvendo outros que sio menos participantes, outsos podem prover ajuda ptra superar embaracos na abordagem de algum t6pico, ou fazer observagdes para se voltar ao foco ou evitar conversas paralclas, dat supotte ¢ promover encorajamentos para a expressio de sentimentos, etc, Iss0 no quer dizer que 0 grupo no “patine," ow no venha'a eair no silencio, necessitando, entio, de algum envolvimento do moderador, Ha pesquisadores que, 20 final do trabalho como grupo focal, aplicam um pequeno questionirio propiciando a exposigto individual de cada patticipante por esctito, Outros dio oportunidade aos que queiram, de conversar em particular com o pesquisador/moderador, ov, ainda, de registrar, sem identificacio, comentitios espectticos préprios depois de terminada a sesséo grupal. Virios autores consitlcram que se podem usar algurnas técnicas de animacio de prapo ou exezcicios "Svidentementeeacohidos dele adequada a um grupo de pesquisa, e dentso dos propésitos desta — para aquecet os participantes, frzendo com que estes se voltem uns pata os outeos, e nfo parao moderador, que se pereebam ¢ atuem em busca da cooperacio, ¢ 36 ‘que talvex o roteiro niio teaha se adequaclo muito bem 420 assunto tal como abordado pelo grupo, Por outro lado, podem apstecer tépicos que se mostram relevantes pata os participantes ¢ pata o problema, mas que niio constam do roteiro do pesquisador, Esses Lépicos so importantes, pois acrescentam aspectos novos & teotizacio prévia da pesquis Jeony Kitzinger (1994, p. 106), num estudo em que aborda 0 trabalho com o grupo focal como meio. de pesquisa, considera essa téenica um frum no qual as id@ias podem ser clareadas ¢ nio um evento “natural”, “espontineo". A autora propée que se ttabalhe com essa técnica de forma que, no inicio, baja um minimo de intervengao do moderador, o que permite a este se situar em relagio a dinimica do stupo, Por um lado, ¢, por outro, permite ao grupo escolher suas prioridades em face do assunto a ser tracado ¢ das questées postas. No entanto, 9 pesquisador, o modetador, nto deve ser passivo, Para maximizar a interagio entre os patticipantes, é felevante que se cantinhe avs poucos, no sentido de © moderador, aa seqiiéncia do trabalho, atuar um pouco mais, "estimulando o debate em pontos onde, de outra maneira, cle teria terminado, desafiando os Patticipantes em quesides tides como certas ¢ dadas © encotajando-os a discutir as inconsisténcias dos #gumentos dos participantcs ou de urn patticipante" Os grupos sio imprevisiveis em seus comportamentos, havendo grupos que se engajam mpidamente no trabalho € nos quais a diseussio fui com entusiasmo, enquanto bi outros grupos toostram- se reticentes, caucclosos. Hi grupos compostos por pessoas que nao estio habituadas a participar de teunides e que eém muita dficuldade em expressar o {que pensam em uma situagio come a do grupo focal 33 Kehoe Quando esse ¢ 0 caso, expresses monossilabicas afloram aqui e ali, permendas por siléncios e cetto constringimento, Isso também pode ocorter quando ‘0s membros téim receio de algum comprometimento, ou esto inseguros quanto 4 confidencialidade da discussio. O moderador deve preparar-se para esse tipo de situacio e ter habilidade para facilitar a conversa, quer mediante proposicées que fw ao grupo, quer sugerindo alzuma atividade que possa quebrar 0 constrangimento e que seja mobilizadora Durante o trabalho, hi mudangas no tus da discussio; por exemplo, de um momento acalorado, passase a0 silénei aparccem falas que se desviam do assunto. Essas ou a expresses eautelosas, ow ocorréncias so esperadas, ¢ cabe ao moderador conduzit 0 grupo com tranqiilidade ¢ consisténcia em sua forma de atwagio. Quando, em fungio dos objetivos da pesquisa, 0 grupo vai se aproximando de sex final, é importante informi-lo sobre isso, pois ajuda os membros a equacionar suas tiltimas participagdes, eo moderador pode também solicitar que cada um faca uma observacio final, caso julgue necessitio ou conveniente em fungio do processo grupal Segundo Pizzol (2003, p. 9), a fungio do moderador incluj, entre outras agdes, mancer produtiva a discussio, garantit que todos os participantes exponham suas idéias, impedir a dispersfo da questio em foco e evitar a monopolizacio da discussio por um dos participantes. © moderados. nunca deve expor suas opinides ou criticar 08 comentitios dos participantes. A ele cabe, ainda, certo controle tanto sobre o tempo de uso da palavra pelos participantes quanto sobre o tempo de tratamento de cada tépico que venha a ser abordado, 34 Outeas possibilidades existem pasa comecar o trabalho com 0 grupo. Mongan (1997, p. 50) sugere que um dos caminhos para assegurar um pouco mais de trangiilidade, nesse inicio de processo, é pedi As pessoas para que usem uns poucos minutos para fazer anotagies pessoais sobre a questio inicial, antes de se posicionar diante do grupo. Tsso pode, segundo autor, reforgar 0 compromisso de contsbuir com 6 grupo, mesmo diaate da perspectiva de possiveis opinides Givergentes, issn proposta oferece ao moderador urna base para solicitar a manifestacio dos que, porventata, ho se manifestarem nesse inicio. O autor considera que esse tipo de abertura do grupo produz evidéncia direta do grau de consenso ou de divergéncia dentro dele, © que ¢ importante nfo s6 para as andlises posteriores, come para a tarefa imediata de levar avante as discusses subseqiientes. Por outro lado, se cmergir aqui certo consenso, 0 material das falas oferece, tanto para os participantes, como para 0 moderador, pontos de refertncia pata testar a forca ‘ou.a fraqueza do consenso tal como apateceu. Os primeitos momentos do grupo focal podem seta chave do sucesso do trabalho. Assinale-se que, se 0 moderador for muito informal ¢ cheio de brincadcieas, isso pode levar © grupo a no tomar muito a sétio a discussio, Se for excessivamente formal ¢ rigido, distaste, pode impedir que o grupo se sinta & vontade para desenvolver as discusses teprimir a interacio entre os participantes Para 2 continuidade da discussio, é interessante pattir do que foi dito no inicio do grupo. Morgan (1997, p. 51), de modo pritica, sugere que essa ppassagem patra 0 primeiro tépico mais especifica do roteiro pode set feta com uma observagio do tipo: "Uma coisa que ouvi alguns de voeés colocarem & 31 p moderador deve oferecer informagdes que deixem, ‘os participantes & vontade, sabendo o que deles se fspeta, qual seta a rotina da reuniZo ¢ a duracio do pneontro. O moderador faz uma breve auto- @ upresentacto ¢ pode solicitar aos demais pacticipantes ue Fagam 0 mesmo. Os objetivos do encontro cevem ser explicados, como também o porgué da escolhe dos patticipantes. A forma de segisto.do tabalho conjunto deve set explicitada, ¢ a obtencio da wnuéncia dos participantes quanto a ela € imprescindivel, A garantia do sigilo dos registeos « dos somes dos participantes precisa ser dada enfatizada, Nesses primeiros momentos, deixa-se claro que todas as idéias € opinides interessam, que tio hf certo ou errado, bom ou mau argumento ou posicionamento, que se espera mesmo que surjam dliferentes pontos de vista, que nio se est em busca ipantes devem sentir-se livres que... Eu me pergunto 0 que os demais teriam a dizer sobre isto?" Ou, caso o primeito tépico do rotciro ‘si tenha sido aflosaco na abertura "Uma coisa que me surpreendeu é que ninguém mencionou nada sobre. Isso é importante ou no?" Expresses do moderador como "Lembto que f ati, ...2" sjudam a dat um sentido de continuidade a0 trabalho © a mantet 0 grupo ao tema. Bafim, « experidacia do moderador no trato com grupos Ihe Y dari condigdes de encontrar meios ¢ expresses que facilitem a dinimica interativa entre os patticipantes ‘no Ambito da temética em foco. Hi, pois, véias formas de relacionar 0 que foi aptesentado no inicio com os primeitos passas para © aprofundamento do tema, ¢ é importante que, a0 longo da interagio geupal, o moderador faga ligagcies entre as seqiéacias, lembrando aspectos expostos. antetiormente, que podem levar o grupo 2 abordar outzo tiipico importante do roteito, Cabe considerar que a elaboracao do roteira para 0 trabalho com 0 grupo focal tem que ser muito cuidadosa, dentro dos propésitos da pesquisa. No entanto, pode ocotrer que, durante © processo de discussie, um ou outro tépico previsto pata um momento posterior venha a ser tratado de modo suficiente antecipadamente, Pode-se deixar carrer a discussio, caso cla esteja avangando bem, ov pode-se dizer ao grupo que este ou aquele t6pico viri a ser tramdo depois, pedindo-se aos participantes para ‘etomat as idéias sobre o assunto anterior em pauta, Hlexibilidade é imprescindivel. Pode ocorrer que algum ou alguns tépicos niio merecam muita atengio do grupo, que nio se motiva em trati-los ‘detalhadamente. O modetador deve ser sensivel a0, fato € nao forcaro grupo, uma vex que isso [pode signilicar de consensos. Os pan paca compartilhar seus pontos de vista, mesmo que Alivirjam do que 5 outros disseram. A discussio é totalmente aberta em torno da questio proposta, € todo € qualquer tipo de reflexio contsibnigio é importante pata a pesquisa. \Nesses primeiros momentos, é ttil lembrar que a conversa é entre eles e que nfo precisam atuar como se estivessem Fespondendo ao moderador | todo o tempo, O trabalho nao se caracteriza comol entrevista coletiva, mas, sim, como proposta de troea efetiva entre os participantes. O moderador! deve explicitar seu papel, que é o de introduzir o assunto, propor algumas questdes, ouvir, procurando parantir, de um lado, que os patticipantes nfo se afastem muito do tema e, de jouer, que todos tenham a oportunidade de se ~ 2

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