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Orador 1 (01:52)

A arquitetura, como diz o crítico e historiador inglês Jonathan Glancy, teve início quando o
homem começou a praticar a agricultura. O que a plantação tem a ver com a construção de
casas? Tudo a ver. Houve um momento na história em que o homem deixou de ser nômade,
coletor e caçador, e deu início a um processo conhecido como sedentarização. Ou seja, ele
deixa de andar pra lá e pra cá e se fixa em um lugar, começando a domesticar plantas e
animais.
Isso ficou conhecido na história como Revolução Agrícola. Só que pra se adaptar a esse novo
estilo de vida, o homem precisava basicamente de duas coisas. Número 1, água. E número 2,
uma terra produtiva. E esses nossos antepassados encontraram essas duas coisas em um lugar
que ficou conhecido na história como Crescente Fértil. Essa era uma região que se estendia
desde o norte do Egito, passando pela margem leste do Mediterrâneo, fazendo um contorno
pelo norte da Síria, chegando até a Mesopotâmia, formando assim uma lua crescente, até o
seu fim no Golfo Pérsico. Por isso o nome Crescente Fértil não é bem sugestivo, porque aquela
região tinha o formato de uma lua crescente e possuía terras bem produtivas. Então é por tudo
isso e muito mais que Frank Xing, grande historiador de arquitetura, vai dizer que o cultivo de
trigo e cevada no Crescente Fértil gera as primeiras trocas comerciais, que por consequência
desenvolvem o local, forçando a construção de casas, templos e palácios. Dando origem às
primeiras vilas, que virão a se tornar as primeiras cidades e civilizações. Foi nessa localidade,
especificadamente na Mesopotâmia, que a arquitetura teve seu início.

Orador 2 (03:42)
Primeiro que Mesopotâmia é uma região, e nessa região você tem uma grande quantidade de
povos habitando ali. Normalmente, para prefeito de estudo convencional, rápido, a gente
convenciona dizer que ali você tem as primeiras grandes civilizações da humanidade.
Babilônicos, sumérios, habitáveis essencialmente dessa região, ainda até um pouco dos
assírios. E aí você tem uma infinidade de contribuições desses camaradas para a civilização.
Desde o desenvolvimento de uma escrita, que é a escrita cuneiforme, o desenvolvimento de
leis, quando a gente estiver falando do primeiro império babilônico, o código de amuraba,
importantíssimo, que inclusive vai influenciar em grande medida também a constituição e a
formação de leis de outros povos. E para a arquitetura, talvez uma das grandes contribuições,
provavelmente uma das grandes contribuições, vai ser realmente os higurates.

Orador 1 (04:44)
Os higurates eram torres ou montanhas sagradas, como eles chamavam, que possuíam quatro
lados e também tinham um formato piramidal com gigantes escadas, que direcionavam o
adorador até o topo da edificação, onde normalmente ficava o altar.

Orador 2 (05:00)
Essas estruturas cumpriam a função de ser uma morada para os deuses na terra, já que a
religião tinha um papel fundamental naquela cultura. Os ziggurates realmente eram
construções muito importantes e normalmente ficavam no centro da cidade junto com os
palácios. Segundo os mesopotâmios, os deuses eram responsáveis por boas colheitas e o
ziggurate com toda sua grandiosidade poderia ser visto a quilómetros de distância, servindo
como lembrete para os agricultores locais de que seus sacerdotes estavam intercedendo a seu
favor. Na década de 1920, o arqueólogo britânico Leonard Woolley descobriu o ziggurate de
Uru, um dos mais marcantes templos de adoração daquela época. No entanto, o ziggurate
mais importante da antiguidade não era o de Uru, e sim a Torre de Babel, um ziggurate que
ficava na grande Babilónia de Nabucodonosor.
Orador 1 (05:54)
Os babilônicos tinham por costume construir coisas monumentais. Quando a Bíblia fala, por
exemplo, ela sugere a Torre de Babel, muitas vezes a gente tem aquele conceito renascentista
de uma torre helicoidal, quando na realidade o conceito de construção que existia na época e
para a região era mais quadradão. Outra coisa interessante de a gente pensar é que a
Babilónia era uma cidade que tinha muitos canais, muitos canais entre um prédio e outro.
Canais mesmo, as pessoas se deslocavam de uma região para outra em cima de barcos. As
paredes dos templos, dos palácios, inclusive de todo o corredor do portão de Ishtar, era todo
feito de lápis lazuli com detalhes feitos em amarelo e dourado. Então dada a grandiosidade
que isso oferecia para o visitante, acabava vendendo a imagem de um império realmente
gigantesco.

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