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DESCRICAO Apresentagdo da modalidade Educagdio de Jovens e Adultos (EJA) no contexto contemporaneo, bem como do direito a educagao e dos aspectos culturais, étnico-raciais, de género e classe envolvidos, assim como da incluso digital esperada. PROPOSITO Descrever os processos de alfabetizacdo, letramento e formagao de leitores entre as pessoas jovens e adultas, assim como o direito a educagao e os aspectos culturais, de raga, de género ede classe, além dos desafios da inclusdo digital para as pessoas jovens e adultas no contexto da contemporaneidade de forma mais ampliada e com potencial para uma reflexo sobre questées do cotidiano escolar. PREPARAGAO Antes de iniciar 0 contetido deste tema, tenha em maos o Parecer CNE/CEB n° 11/2000, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educagao de jovens e adultos. OBJETIVOS MODULO 1 Identificar os conceitos de alfabetizagao e de letramento, assim como sua importancia para a formagao de leitores e escritores jovens e adultos auténomos MODULO 2 Definir as relagdes entre culturas, raga, género e classe no cotidiano da educagdo de jovens e adultos, além de suas potencialidades na garantia do direito a educagéo MODULO 3 Reconhecer os desafios da inclusao digital para jovens e adultos em escolarizagao INTRODUGAO Neste tema, estabeleceremos um didlogo sobre a modalidade EJA no contexto da contemporaneidade a partir da compreensao dos conceitos de alfabetizagao e de letramento. Para isso, contaremos também com os processos formativos de leitores e escritores jovens, adultos e idosos, levando em consideragao suas trajetérias, suas especificidades e seus usos sociais da leitura e da escrita. A DIVERSIDADE QUE CONSTITUI A EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS E OS PROCESSOS DE ESCOLARIZAGAO TRAZ A TONA A NECESSIDADE DE SE COMPREENDER TANTO AS CONCEPGOES DE CULTURAS, RAGA, GENERO E CLASSE QUE CONSTITUEM O POVO BRASILEIRO QUANTO OS MEIOS DE SE ASSEGURAR O DIREITO A EDUCAGAO DAS PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS. Considerando 0 contexto da contemporaneidade de onde partimos para abordar este tema, problematizaremos o seguinte ponto: como se configuram os desafios da inclusdo digital para esse grupo especifico da sociedade em processos de escolarizagéo? Areflexdo sobre os acessos e as potencialidades dos usos e recursos das tecnologias digitais da comunicago e da informagao na EJA seré de extrema importancia nessa fase. MODULO 1 © ldentificar os conceitos de alfabetizacao e de letramento, assim como sua importancia para a formacao de leitores e escritores jovens e adultos auténomos OS DESAFIOS DA ALFABETIZAGAO E LETRAMENTO DA POPULAGAO JOVEM E ADULTA: FORMAGAO DE LEITORES E ESCRITORES E AAUTONOMIA INTELECTUAL Os desafios da alfabetizagao e do letramento sao tema de intimeras conversas entre professores. Como decorréncia disso, constitui um desafio ainda maior para a educagdo em geral a formagao de leitores e escritores que consigam utilizar socialmente a leitura e a escrita. Como vocé deve imaginar, a educagao de jovens e adultos nao fica de fora desse desafio. ALFABETIZAR E FORMAR UM ADULTO LEITOR. ISSO E POSSIVEL? O professor Anténio Giacomo Macedo falaré neste video sobre a formagao e a alfabetizacdo de pessoas na fase adulta. Para assistir a um video sobre 0 assunto, acesse a versao online deste conteudo. =") Certamente, dialogar sobre esse desafio na modalidade EJA requer que nos apropriemos dos conceitos de alfabetizagao e letramento. A partir dai, poderemos reconhecer os usos da leitura e da escrita para as pessoas jovens, adultas e idosas. PARA COMEGO DE CONVERSA, O QUE VOCE ENTENDE POR ALFABETIZAGAO E LETRAMENTO? COMO SE FORMAM LEITORES E ESCRITORES JOVENS E ADULTOS A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DA ALFABETIZAGAO E DO LETRAMENTO? Pense um pouco sobre essas trés questées, Anote no seu caderno de estudo ou em um arquivo em seu computador suas ideias, retomando essas anotagGes ao final do estudo deste médulo. Foto: Shutterstock.com ALFABETIZAGAO E LETRAMENTO — CONCEITOS Aprender a ler 0 mundo, como nos ensinou o mestre Paulo Freire, precisa acontecer antes da leitura da palavra, do texto escrito. Conceituar alfabetizagao e letramento requer entao a compreensdo de que o movimento de ler o mundo é cotidiano e se constréi durante toda a vida. OU SEJA: LER O MUNDO NAO SE ENCERRA QUANDO A PESSOA SE ALFABETIZA. Por mais que parega ébvio, é importante compreender que todos os seres humanos aprendem aller justamente lendo, assim como aprendem a escrever escrevendo. E é necessario que, nesse movimento de leitura e escrita, cada pessoa compreenda e se aproprie do que Ié e do que escreve. Mas, na pratica, o que isso quer dizer? Os seres humanos — inseridos no mundo e na vida em sociedade, seja ela qual for, urbana ou rural — precisam aprender a ler de maneira contextualizada o que vivem e com tudo que os cercam. Este deve ser o primeiro passo para o processo de leitura e de escrita da palavra, do texto: com sentido e de forma significativa. E preciso também considerar a importancia da oralidade e das praticas orais de comunicagao no desenvolvimento das formas de se ler o mundo. Na Antiguidade, a pratica de contar histérias reunia criangas e adultos. Foto: Shutterstock.com Os contos de fada eram contados para pessoas de diferentes idades nos séculos XVII e XVIII. Isso transcorreu da mesma maneira ao longo da historia com os mitos e as lendas. autor/shutterstock Essa oralidade praticada atravessa geragées pelas vozes dos narradores, dos contadores de histérias e dos griés. Ela também faz essa travessia gragas as vozes de cada pessoa do campo, da cidade e de todos os lugares nos quais sejam contados seus causos e suas receitas, compartilhando saberes populares carregados de ciéncia. GRIOS E 0 individuo cuja vocagdo é preservar e transmitir histérias, conhecimentos, cangées e mitos do seu povo. TODES E 0 individuo cuja vocagao é preservar e transmitir histérias, conhecimentos, cangées e mitos do seu povo. DECOLONIZAR De acordo com Gonzatto (2015), a decolonialidade se refere ao processo que busca transcender historicamente a colonialidade, que 6 uma face obscura a perdurar até hoje. LETRAMENTO DIGITA Consiste no conjunto de competéncias que compreende praticas leitoras e escritoras ancoradas em tecnologias digitais da informagao e da comunicagao. Elas possibilitam o uso das informagées de forma critica e consideram os contextos socioculturais de compartilhamento de saberes. AS PESSOAS ADULTAS E IDOSAS NOS ENSINAM TANTO COM SEUS SABERES, NAO E MESMO? Sendo assim, vocé pode perceber que estamos falando de formas de se ler o mundo por diferentes olhares e formas. Por outro ponto de vista, verifica-se que 6 possivel educar por meio de: PRATICAS ORAIS LEITURA TECNICAS DE ESCRITA Essas agdes podem estar presentes no cotidiano da sala de aula e ser mais valorizadas pela escola. Se compreendermos a educagao como um ato politico na sua ampla dimensdo, como também destacou Paulo Freire em varios momentos de sua vasta obra, poderemos, assim, entender a alfabetizagao. EM OUTRAS PALAVRAS, O ESTAR ALFABETIZADO ABRE AS PORTAS PARA QUE SEJA POSSIVEL TOMAR CONSCIENCIA DO NOSSO LUGAR DE CIDADAO, DAS FORMAS DE INTERAGIR NO E COM O MUNDO E AS PESSOAS. Dessa forma, damos sentido ao que é lido e escrito e aos processos de aprendizagem da leitura e da escrita, Além disso, ganha sentido a perspectiva do letramento nos processos de alfabetizacao como algo essencial, j4 que ela se constitui conjuntamente Ao refietirmos sobre esse aspecto, podemos reconhecer que a concepgao de alfabetizagao para Paulo Freire considerava, em sua esséncia, a perspectiva do letramento na aprendizagem da leitura e da escrita (embora, devemos dizer, ela ndo tivesse essa denominagao). Com outras palavras, ele preocupava-se em ressaltar a importancia de se propor o pensar para © que se Ié e para o qual se escreve, assim como quais usos sociais podem ser feitos da leitura e da escrita. © SAIBA MAIS EDUCAGAO COMO ATO POLITICO Na concepgao freiriana, essa expresso significa compreender a educagdo como um processo dindmico e que possibilita ao aprendiz apresentar sua visdo de mundo, desenvolvendo a criticidade e a capacidade de se refletir sobre a sociedade em que vive. Além disso, desenvolve-se a andlise do que se viu e do que se viveu a luz de suas compreensées e percepgées de forma democratica e segundo principios que resguardem a ética humana. A compreensdo da educagao como ato politico requer o entendimento de que educar é ensinar, aprendendo a fazer escolhas que nao incluam necessariamente caminhos apontados de maneira hegeménica. Elas, na verdade, devem refletir a luta pela libertagao dos oprimidos. Fonte: Autor/Shutterstock Leda Verdiani Tfouni (1997) define a alfabetizago como 0 processo de apropriagao das habilidades necessarias para a leitura e a escrita, a qual, alias, ocorre individualmente. O Letramento, segundo seus estudos, relaciona-se aos aspectos histéricos e sociais do processo de apropriagao dessas habilidades, tendo em vista os contextos sociais Foto: Shutterstock.com MAS, PARA UMA MELHOR COMPREENSAO DESSES CONCEITOS, PRECISAMOS IR ALEM... Considere que os seres humanos que vivem em sociedade so, por sua condigao de vida, letrados, uma vez que eles tem acesso, mesmo os ndo alfabetizados, ao mundo das letras. Tenha em mente que o texto se manifesta de diferentes formas: cartaz, letreiro do énibus, outdoor, letreiro de lojas, jornal etc. Além disso, considere também que os seres humanos, permanentes aprendizes, tém seu processo de alfabetizagao em constante construgao. TOMANDO POR BASE ESSES ASPECTOS, E POSSIVEL AFIRMAR... RESPOSTA RESPOSTA Que 0 processo de alfabetizaco vai além da decodificagao de sinais graficos, pois consiste em tomar a pessoa capaz de reconhecer 0 alfabeto e a organizacao de textos por meios de palavras e frases a partir de uma organizacao estrutural que constitui a escrita. Letramento, por sua vez, refere-se mais especificamente aos usos sociais da leitura e da escrita pelas pessoas. Dessa forma, ele se relaciona com: AS HISTORIAS DE VIDA OS CONTEXTOS SOCIAIS OS VALORES AS PRATICAS DESENVOLVIDAS PELAS PESSOAS NOS GRUPOS DE PARTILHA Ao refletir sobre a indissociabilidade entre alfabetizagao e letramento, é necessdrio reconhecer a contribuicdo da oralidade para a construcao das habilidades de leitura e de escrita. Ambas so de extrema importancia na produgao de praticas leitoras e escritoras nas sociedades. Alfabetizar, no contexto do letramento, pressupde o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita em interacdo com os espacos coletivos de atuagao e de vivéncia dos seres humanos, estando circunscrito na perspectiva do direito a educagao para todos. Além disso, significa reconhecer o papel relevante de ser alfabetizado a partir da compreensao do valor que as praticas leitoras e escritoras tém na sociedade. ALFABETIZAGAO E LETRAMENTO EM PESSOAS JOVENS E ADULTAS — DESAFIOS E POTENCIALIDADES Para comegar o estudo deste subtépico, é importante que vocé saiba que o debate sobre alfabetizagao e letramento envolvendo pessoas jovens e adultas (assim como as idosas) contém especificidades que caracterizam os modos de ensinar ou aprender na modalidade EA. Ainda nao haviamos tratado do direito leitura e a escrita dentro do contexto do direito a uma educagao para todos. Esse entendimento nos leva 4 compreensao dela como um ato politico no sentido freiriano. NO BRASIL, AINDA LIDAMOS COM A BUSCA PELA UNIVERSALIZAGAO DA EDUCAGAO BASICA PARA TODOS INDEPENDENTEMENTE DE SUAS IDADES. No caso da educagao de jovens e adultos, esse problema perdura, ainda que a Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional (Lei n° 9.394/96) estabelega, em seu artigo 37, dois itens importantes: 1 2 Aresponsabilidade dos sistemas de ensino em assegurar oportunidades escolares. presencialmente ou nao 2 Exames de conclusao de curso para todos as pessoas jovens, adultas ¢ idosas que ainda nao tiveram acesso a escolarizagao nos niveis fundamental e médio. Segundo dados do Censo Demografico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), hé 13.933.173 jovens e adultos de 15 anos ou mais no alfabetizados no Brasil, ou seja, 9,6% da populagao. Jé os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios Continua (PNAD Continua) de 2019 indicam a presenga de 6,6% de analfabetos entre a populagao brasileira de 15 anos ou mais, o que representa cerca de 11 milhdes de pessoas. Se considerarmos os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que leem e escrevem, mas nado compreendem plenamente ou nao fazem uso social da leitura e da escrita, verificaremos que 0 Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) aponta que, em 2018, 29% da populagao brasileira se encontrava nessa situagao. Dos jovens e adultos que compéem esse total, seguramente estéo aqueles mais desfavorecidos socioeconomicamente e os que se encontram em situagao de vulnerabilidade social, Foto: Shutterstock.com ‘Somam-se a esses fatores aspectos de ordem geracionais, étnicos, de género e culturais que contribuem para a ampliacao das desigualdades jd existentes em nossa sociedade. A partir desses dados, vocé deve estar percebendo a importancia da leitura e da escrita e de seus usos sociais para jovens e adultos como um instrumento de empoderamento social. Nesse sentido, Claudia Vévio (2009) afirma que: AALFABETIZAGAO ASSOCIA-SE A INCORPORAGAO DE JOVENS E ADULTOS NAO ESCOLARIZADOS AS ESTRUTURAS SOCIAIS. SABER LER E ESCREVER E TOMADO COMO FERRAMENTA CAPAZ DE, POR SISO, LEVAR A PROSPERIDADE E AO BEM-ESTAR SOCIAL, A MELHOR ATUAGAO PROFISSIONAL, AO CUIDADO CONSIGO E COM A FAMILIA. POREM, A MERA AQUISIGAO DE CONHECIMENTOS E HABILIDADES NAO E SUFICIENTE PARA ALCANGAR TAL PROPOSIGAO; SAO NECESSARIAS INICIATIVAS ARTICULADAS A OUTRAS POLITICAS E A MUDANGAS SOCIAIS MAIS AMPLAS. VOVIO, 2009, p. 78. Para que essas iniciativas articuladas e mudangas sociais ocorram, é necessario que sejam criadas diversas possibilidades de aprendizagem para as pessoas jovens e adultas que considerem os seus saberes prévios, incluindo suas culturas. Olhando para tras e recuperando na meméria sua trajetoria escolar desde a educagao basica, vooé, se estudou quando crianga, j4 deve ter notado que se aprende com melhor apropriagao dos saberes os contetidos mais significativos PARA OS ESTUDANTES DA EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS, ISSO NAO E DIFERENTE. ELES APRENDEM MAIS E MELHOR A PARTIR DO QUE DIALOGA COM SEUS SABERES E VIVENCIAS, OU SEJA, COM SEUS TEMAS DE INTERESSE. Isso também vale para os processos de alfabetizacao que nao se esgotam ou se resumem as classes de alfabetizagao. Eles precisam ser entendidos como um procedimento mais ampliado, de aperfeigoamento das praticas leitoras e escritoras. Vamos nos alfabetizando e nos aperfeigoando nas formas de ler e de escrever quanto mais utilizamos e nos apropriamos das ferramentas de leitura e de escrita - e de forma ainda mais intensa quanto mais elas nos tocam. Diante do exposto, é preciso ter em mente que alfabetizagao e letramento precisam caminhar juntos, pois, na sociedade do século XXI, um processo nao pode ser feito sem o outro. Tal aspecto nos permite afirmar que mesmo pessoas no alfabetizadas podem se inserir em situagdes nas quais a linguagem ocupe um importante espago. ISSO OCORRE PELO FATO DE ESSE SISTEMA REPRESENTAR O QUE EXISTE NA CONSCIENCIA, PERMITINDO O ESTABELECIMENTO DA COMUNICAGAO ENTRE OS SERES HUMANOS INDEPENDENTEMENTE DE SEUS GRAUS DE APROPRIAGAO DA LEITURA E DA ESCRITA. Ao se estabelecer uma comunicagdo, é possivel que sejam criadas estratégias para que as. pessoas nao alfabetizadas lidem com praticas cotidianas em que a linguagem esteja presente. Dessa forma, sao apreendidas formas de participagao, havendo o desenvolvimento de: Agées Conhecimentos Saberes Valores Habitos Esses itens desenvolvidos impactam e sao impactados pelas formas como jovens adultos (e idosos) agem e interagem em sociedade. Leva-se sempre em consideragao seus grupos de pertenga, havendo uma relativa e necessaria autonomia para sua atuacdo em uma sociedade letrada. Como vocé pode notar, considerar que a alfabetizagao e o letramento precisam caminhar juntos requer que o professor tenha a sensibilidade agucada para valorizar os conhecimentos e as habilidades que cada estudante traz consigo quando chega a sala de aula. Cabe a ele perceber e se apropriar de formas de ensinar a ler e a escrever que ultrapassem os limites de uma pratica alfabetizadora convencional. Nao funciona para a EJA uma técnica que se restrinja a ensinar letras, silabas, frases e, somente depois, os textos. Até porque a alfabetizacao ¢ infinitamente maior do que isso. Ao dialogar sobre as praticas de leitura e de escrita que se ancorem nas praticas sociais, é preciso ter em mente que a alfabetizagao e 0 letramento, de forma indissociada, vao além da escola. Segundo Durante (1998), ambos se fazem presentes em: Foto: Shutterstock.com Casa Foto: Shutterstock.com Trabalho Foto: Shutterstock.com Instituigées religiosas Foto: Shutterstock.com Comunidades Foto: Shutterstock.com Espagos de agoes populares Para as pessoas jovens, adultas e idosas, buscar — por intermédio da leitura, da escrita e da conquista da autonomia em ler e escrever — uma maior mobilidade social é de grande importancia e se faz a partir dos outros espacos em que essas praticas podem se dar, como detalhamos anteriormente. O PROCESSO DE LETRAMENTO TEM DE CONSIDERAR A SUA DIMENSAO SOCIAL, O SIGNIFICADO QUE A ESCRITA TEM PARA DETERMINADO GRUPO SOCIAL E EM QUE TIPO DE INSTITUIGAO FOI ADQUIRIDA. AS MUDANGAS PRETENDIDAS POR MEIO DO PROCESSO DE LETRAMENTO VISAM A FORMAGAO DE UM INDIViDUO CONSCIENTE, CRITICO E TRANSFORMADOR, QUE PARTICIPE DO PODER DA LINGUA ESCRITA NA SOCIEDADE LETRADA. DURANTE, 1998, p. 27. O desenvolvimento da leitura e da escrita, com uso social e de forma critica, consciente, problematizadora e transformadora, é um desafio posto para a modalidade EJA—e ele compreende, inseparavelmente, a alfabetizacdo e o letramento Como nos diz Paulo Freire, alfabetizar adultos e jovens ¢ um ato politico de conscientizagao, de conhecimento e de criagao. Sendo assim, o ato de ler: autor/shutterstock Com 0 que vocé leu e estudou até aqui, deve ter observado que ha desafios a serem superados nos processos de apropriagao da leitura e da escrita com sentido por pessoas jovens e adultas. De igual forma, ha potencialidades a serem alcangadas por meio da consideracao das leituras de mundo e da importancia de se formar leitores e escritores criticos, conscientes, problematizadores e transformadores da e na sociedade em que nos inserimos, assim como seus contextos. FORMAGAO DE LEITORES E ESCRITORES AUTORES E AUTONOMOS A educagdo pressupée uma relagao de poder. Assim ocorre com 0 direito @ educagao, 0 qual, ainda que esteja efetivamente assegurado para todos no texto legal, nao exibe na pratica a mesma eficacia. Ler e escrever, assim como a condigao de estar alfabetizado e fazer uso social da leitura e da escrita, também se ancora em relagdes de poder. Formar leitores e escritores em uma sociedade como a nossa — em que as desigualdades de acesso e de informagao ainda se fazem presentes — 6 de grande relevancia ENTRETANTO, VOCE DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO: COMO FORMAR LEITORES E ESCRITORES CRITICOS E CONSCIENTES DE SEU PAPEL NO MUNDO? COMO FAZER COM QUE ELES SEJAM AUTONOMOS INTELECTUALMENTE? Trazer a tematica da formagao de leitores e de escritores jovens e adultos para o centro da cena pressupée a compreensao sobre como a leitura e a escrita acontecem na vida dessas pessoas. Isso também acarreta o ato de se considerar a importéncia da escola como um dos espagos de formagao de leitores. Vale mencionar que ela, para grande parcela da sociedade, constitui muitas vezes 0 tinico desses espacos. O despertamento do prazer por ler e escrever nao acontece da mesma forma na vida das pessoas, como se, por exemplo, fosse uma receita ou saisse de um manual. LER E ESCREVER NASCEM PARA CADA UM EM DETERMINADO MOMENTO DA VIDA POR UM MOTIVO CONSIDERADO SIGNIFICATIVO. NO ENTANTO, AMBOS PODEM NAO BROTAR: Lembro-me de uma importante escritora brasileira, Marina Colasanti (2004), que, no conto Erros e acertos de uma mae contaminada, narra uma experiéncia de formagao de leitores ocorrida em sua familia com suas filhas. ‘Ambas tinham o mesmo acesso aos livros e a mesma liberdade para escolher na estante qual deles gostaria de ler. Uma se constituiu leitora. | ea rid mai Aoutra, embora tivesse o mesmo acesso e a mesma liberdade de ter contato com os livros — de diferentes géneros e livre do rétulo, o que muitas vezes acontece na escola quando determinado livro é designado para uma faixa etaria especifica —, nao gostava de ler. Até que determinado livro a conquistou: a partir dali, ela se tornou leitora. 4 Veridica, essa historia nos permite perceber que o despertamento do prazer de ler — e, com ele, do gosto pela leitura — acontece quando nos identificamos com o texto. REAFIRMAMOS QUE A ESCOLA E, MUITAS VEZES, O UNICO ESPAGO EM QUE O ESTUDANTE TEM ACESSO AO LIVRO E A OPORTUNIDADE DE LER E DE ESCREVER. Dito isso, é importante ressaltar que, além de alfabetizar, a escola precisa investir na leitura e no despertamento desse gosto pelos estudantes. MAS COMO FAZER ISSO? ® RESPOSTA Oferecendo as possibilidades de leitura como quem serve um banquete. Ou seja: sem rotular ou determinar 0 que se pode ler, pois nao ha uma leitura que seja escolar e outra que pertenga ao mundo. Ao observarmos leitores e escritores entre estudantes da EJA, nao é incomum identificarmos 0 interesse por contos de fada ou livros de literatura infantojuvenil. O motivo de isso ocorrer & porque, muitas vezes, essas leituras os remetem a alguma meméria da infancia ou a um desejo de encontrar aquele livro para ler, em casa, com os filhos ou mesmo para eles. Vocé jé havia parado para pensar que nao tem légica ofertar nesse banquete livros com histérias de e para adultos? Pois 6... Nao faz sentido, porque ler nao tem idade. Além disso, no existe livro certo ou errado, e sim tema de interesse. Esse aspecto remete a outro que — ainda que brevemente — consideramos importante abordar. Trata-se da importancia da formagao e da pratica docente na educagao de jovens e adultos. Para essa reflexdo, langaremos uma pergunta: COMO ALFABETIZAR JOVENS E ADULTOS FORMANDO LEITORES? Volto a conversar com Marina Colasanti (2004), que, no conto Em busca do mapa da mina ou pensando em formago de leitores, desafia-nos a refletir sobre o ato de se formar leitores como sendo simplesmente 0 de dar uma forma, ou seja, um espago a um leitor que ja existe em cada pessoa, fazendo desabrochar a sua poténcia leitora. Ao estimular 0 contato com os livros, oferecendo-os como em um banquete, estamos formando leitores. Também os formamos quando organizamos 0 acervo de livros da nossa sala de aula e quando valorizamos o espago-tempo da leitura em sala, assim como os dialogos sobre o que se lé. Exemplo disso sao as potentes rodas de leituras que funciona como espagos de: COMPARTILHAMENTOS DE SABERES TROCAS DE EXPERIENCIAS VIVENCIAS SUGESTOES DE LEITURAS Elas so espacos-tempos nao sé de ampliagao de saberes e de conhecimentos literarios, mas. também de troca de impresses sobre as histérias lidas ou contadas. Avalorizagao desses momentos — e, mais do que isso, dessas praticas leitoras — indica potencialmente a elevagao de uma técnica alfabetizadora que se (pre)ocupe com a formagao do leitor e do escritor critico, consciente, problematizador e transformador. Com isso, é possivel que sejam dadas asas a imaginacdo e que seja despertado o prazer da escrita, da criagdo e da autoria. Todavia, para que essa pratica pedagégica e alfabetizadora se materialize (até mesmo além dos muros da sala de aula da alfabetizacao), 6 fundamental que o professor assuma seu papel de pesquisador. ELE DEVE INVESTIGAR O QUE FAZ SENTIDO PARA O GRUPO DE ESTUDANTES, OU SEJA, O QUE PODE DESPERTAR O INTERESSE DO GRUPO E DE EXTREMA RELEVANCIA PARA QUE A APRENDIZAGEM SEJA SIGNIFICATIVA. Em sintese, nao existe receita para se formar leitores com autonomia intelectual. Ha caminhos ase trilhar. Além disso, uma boa dose de sensibilidade e de ousadia precisa estar presente na pratica pedagégica Fonte: autor/shutterstock Ler para si. Ler diariamente na sala de aula para os estudantes. Ler um texto curto. Ler uma historia mais longa em capitulo. Ler com prazer. Propor escritas sobre algumas dessas leituras, mas nao para todas elas! Lembre-se de que ler 6 e precisa ser prazeroso! Deve-se propor escritas sobre a vida, fatos do cotidiano, tudo... e valorizé-las. A medida que se estimula o estudante a escrever e a perder o medo de errar, desperta-se a emagdo e promove- se 0 encontro com o leitor escritor. Aessa altura vocé deve estar se perguntando: como fazer? Isso é facil? Que tal o professor ser um pesquisador? Investigar seus alunos? QUEM ELES SAO? DE ONDE VIERAM? SAO MIGRANTES; ENTAO, POR QUE VIERAM PARA CA? Apropriar-se de suas experiéncias de vida e de suas histérias é revisitar sua existéncia. Significa rememorar e conversar com seus valores, seus habitos, suas culturas, seus jeitos de ser e de estar no mundo. E comecar a ler o proprio mundo antes de ler e escrever a palavra. Isso significa que, ao escrever ja de forma desinibida, ele pode ser autor de sua histéria com autonomia. Agora aproveite o final deste médulo ¢ leia aquelas anotagGes iniciais que vocé fez. VERIFICANDO O APRENDIZADO 41. ESTUDAMOS A ALFABETIZAGAO E O LETRAMENTO NA EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS. CONSIDERE O QUE VOCE APRENDEU E ASSINALE A ALTERNATIVA QUE DEFINE CORRETAMENTE O LETRAMENTO. A) Capacidade de ler a partir da decodificagao das palavras. B) Consiste em ler, escrever e fazer usos da leitura e da escrita nos contextos sociais de vida do ser humano. C) Consiste em ler e escrever um pequeno bilhete e interpretar somente textos curtos. D) Capacidade de leitura e interpretagao somente com mediagao. E) Habilidade especificamente de ler, escrever e contar. 2. ACOMPREENSAO DA FORMAGAO DE LEITORES E ESCRITORES CRITICOS REQUER QUE SE DESENVOLVA A CAPACIDADE DE LER E DE ESCREVER A PARTIR DE ALGUNS ASPECTOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR REPRESENTA AS HABILIDADES NECESSARIAS PARA A FORMAGAO DE LEITORES E ESCRITORES CRITICOS. A) Desenvolver a pratica escritora a partir de cépia de texto prévio. B) Saber ler sem refletir sobre o texto. €) Desenvolver a autonomia na leitura e na escrita, assim como a autoria na escrita D) Dominar rudimentarmente a leitura E) Ter autonomia somente na leitura GABARITO 1. Estudamos a alfabetizagao e o letramento na educagao de jovens e adultos. Considere © que vocé aprendeu e assinale a alternativa que define corretamente o letramento. Aalterativa "B " esta correta. E importante compreender que 0 conceito de letramento transcende o de alfabetizagdo e inclui 08 usos sociais da leitura e da escrita. 2. A compreensao da formagao de leitores e escritores criticos requer que se desenvolva a capacidade de ler e de escrever a partir de alguns aspectos, Assinale a alternativa que melhor representa as habilidades necessérias para a formagao de leitores e escritores criticos. Aalternativa "C " esta correta. E importante considerar que a formagao de leitores e de escritores criticos requer o dominio da leitura e da linguagem escrita, além da condig&o de se compreender 0 que se Ié e de analisar o texto a partir de seus conhecimentos de mundo. MODULO 2 © Definir as relagées entre culturas, raga, género e classe no cotidiano da educagao de jovens e adultos, além de suas potencialidades na garantia do direito a educagao QUESTOES CULTURAIS, DE RAGA, DE GENERO E DE CLASSE NA EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS E O DIREITO DE TODOS A EDUCAGAO CONCEITOS O direito publico de todos a educagao esta assegurado na legislacao brasileira a partir do principio do direito publico subjetivo, ou seja, é direito de todos os brasileiros terem acesso a educagao e a escolarizacao. E dever dos governos cumprir esse direito constitucional e assegurar a educagao basica para todos independentemente de sua faixa etaria, ou seja, dentro da idade prevista pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para a conclusao regular da educagao basica: 4 a 17 anos ouna modalidade EJA. Contudo, assegurar o direito piiblico subjetivo a educagao no significa somente ter escola e salas de aula disponiveis com professores. E muito mais do que isso. REQUER A DISPONIBILIDADE DE UMA ESTRUTURA CURRICULAR QUE CONTEMPLE A DIVERSIDADE DE TEMATICAS E CONTEXTOS QUE CARACTERIZAM A SOCIEDADE BRASILEIRA — COMPLEXA, PLURAL E, PORTANTO, BASTANTE DIVERSA. Neste médulo, trataremos das concepgées de culturas, raga, género e classe, apontando seus impactos na modalidade EJA e estabelecendo um didlogo com o principio do direito piiblico subjetivo a educagao. Antes de continuar seu estudo, procure pensar como vocé define cada uma dessas concepgées. Anote no seu cademo ou em um arquivo do seu computador. No final, volte as suas anotagées ¢ reflita sobre elas a partir do estudo realizado. O DIREITO A EDUCAGAO — ALGUMAS NOTAS Vocé ja deve ter lido o Parecer CNE/CEB n° 11/2000, certo? Ele estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educagéo de jovens e adultos. Se nao o fez, este ¢ o momento crucial para fazé-lo, pois ele serd fundamental para o entendimento do que vamos estudar a seguir. Esse documento assegura 0 direito 4 educagao para as pessoas jovens, adultas e idosas, além de reparar uma histérica divida social com aproximadamente 11 milhées de analfabetos com 15 anos ou mais no Brasil, segundo dados da PNAD Continua (2019). Muitos desses jovens e adultos, dentro da pluralidade e da diversidade de diversas regides do pais, pertencendo, portanto, aos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade. Ha muitas provas dessa riqueza cultural. Entre elas, destacaremos as seguintes: OFR FES REVG UTEATURA De conoeL = vera ‘ ronenera® d Foto: Shutterstock.com LITERATURA DE CORDEL Foto: Shutterstock.com TEATRO POPULAR Crédito editorial: Maila Facchini/Shutterstock.com CANCIONEIRO REGIONAL Crédito editorial: Kleber Cordeiro/Shutterstock.com REPENTISTAS Crédito editorial: Erica Catarina Pontes/Shutterstock.com FESTA POPULARES Foto: Shutterstock.com FESTAS RELIGIOSAS Crédito editorial: Erica Catarina Pontes/Shutterstock.com REGISTROS DE MEMORIA DAS CULTURAS AFRO- BRASILEIRA Crédito editorial: Camila_Almeida/Shutterstock.com REGISTROS DE MEMORIA DAS CULTURAS INDIGENA Contudo, resta a diivida: tantos ¢ tao ricos saberes sao valorizados nos curriculos e cotidianos das escolas? Sabemos que, na maior parte das vezes, nao. Essa, alids, também é uma questo cultural, Trata-se de uma negagdo das culturas brasileiras em suas diferentes formas de manifestagées, as quais refletem, por sua vez, a diversidade e a pluralidade do ser brasileiro. SAO MARCAS DAS RAIZES HISTORICO-SOCIAIS — ALEM DE CULTURAIS — QUE TEM EM BOA ESTIMA O COMPORTAMENTO EUROCENTRICO HEGEMONICO NAS ESCOLAS, VALORIZADO, ALIAS, PELA MINORIA QUE CONSTITUI A ELITE SOCIAL E ECONOMICA. Elite essa que, ainda hoje, teima por ditar as regras da educagao escolar a ser ofertada aos negros, aos indigenas, aos camponeses e a tantos outros que permanecem tendo suas cidadanias negadas. Vocé precisa saber que essas pessoas (jovens, adultas e idosas), cuja trajetéria inclui um histérico de saberes negados que Ihes recusa a prépria cidadania, tém o direito a educagao basica dentro do principio do direito puiblico subjetivo A educagao - e, como tal, ela deve ser assegurada pelo Estado. Certamente vocé ja sabe que a Constituigao Federal de 1988 assegura o direito & educagao para as pessoas jovens, adultas e idosas. Ha no capitulo destinado & educagao um artigo simbélico para o que estamos tratando aqui Foto: Shutterstock.com artigo 208 da Constituigo Federal de 1988 apresenta como dever do Estado a garantia de obrigatoriedade do ensino fundamental, de forma gratuita, para todas as pessoas que ndo puderam ter acesso a ele na idade considerada propria (aquela época, dos 7 aos 14 anos), além de assegurar a oferta do ensino noturno regular. Atualmente, a obrigatoriedade da garantia desse direito esta assegurada para toda a educagao bésica, o que significa incluir 0 nivel médio de ensino na modalidade EJA. Jaa LDB da Educagao Nacional reafirma o que esta estabelecido na Constituigao Federal, especificando a oferta de escolarizacdo para a EJAa uma: [...] OFERTA DE EDUCAGAO ESCOLAR REGULAR PARA JOVENS E ADULTOS, COM CARACTERISTICAS E MODALIDADES ADEQUADAS AS SUAS NECESSIDADES E DISPONIBILIDADES, GARANTINDO- SE AOS QUE FOREM TRABALHADORES AS CONDIGOES DE ACESSO E PERMANENCIA NA ESCOLA. BRASIL, 1996, art. 4°. Ainda no percurso da busca por direitos educacao para pessoas jovens, adultas e idosas no Brasil, consideramos importante ressaltar a V Conferéncia Internacional de Educagao de Adultos (CONFINTEA) realizada no ano de 1997 em Hamburgo, na Alemanha. Esse evento representou 0 reconhecimento da aprendizagem ao longo da vida como uma necessidade que se insere na perspectiva do direito apontado pelo Parecer CNE/CEB n° 11/2000. NO BRASIL, OS RESULTADOS DA V CONFINTEA APONTARAM PARA A CRIAGAO DOS FORUNS ESTADUAIS DE EJA, SENDO O FORUM ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO O PRIMEIRO CRIADO. & RESUMINDO Ao longo do tempo, temos visto um grande avango dessas reunides em nivel estadual. Hoje em dia, elas possuem organizagao prépria, representacdo e articulagdo de diferentes setores da sociedade e do governo. Além disso, esses féruns constituem um espaco plural de debates e de busca por encaminhamentos que assegurem a modalidade EJA 0 respeito as diferengas e as. especificidades plurais que a constituem, Tendo como ponto de referéncia, entre outros aspectos, essa necessidade, as diretrizes curticulares nacionais para a educagao de jovens e adultos representam um processo de luta por direitos no campo da EJA. Crédito editorial: Dado Photos/Shutterstock.com © Multidées protestam contra cortes na educagao no Brasil. O estabelecimento das fungées da EJA ultrapassa a concep¢do antiga de supléncia e de compensagao da escolaridade no alcangada na idade considerada adequada pela legislacao. Na visdo contemporanea, isso vai além, jd que contribui significativamente para a organizagao do que se espera da modalidade e para o estabelecimento de trés fungdes da EJA: A REPARADORA Indica a restauracao do direito negado a educagao por meio do reconhecimento da necessaria oferta de escolarizagao de qualidade social. A EQUILIZADORA Refere-se a possibilidade de se assegurar melhores e maiores oportunidades de acesso educagao para as pessoas jovens, adultas e idosas que interromperam, de forma forgada, seus estudos por situagdes de repeténcia ou pela necessidade de deixarem a escola, o que muitas vezes é provocado pela auséncia de condigées ou de oportunidades para eles permanecerem nela A QUALIFICADORA OU PERMANENTE E reconhecida como o sentido pleno da EJA por considerar a incompletude do ser humano, que tem um imenso potencial de aprender sempre e, portanto, ao longo da vida, Esperamos que vocé esteja percebendo que a EJA é uma possibilidade de qualificagao para todas as pessoas de diferentes idades, além de constituir uma poténcia para os compartilhamentos dos mais diversos ensinamentos, saberes e conhecimentos entre diferentes geragdes e pessoas de diferentes origens. Estamos falando aqui de: DONAS DE CASA CAMPONESES PESSOAS DAS CIDADES PRIVADOS DE LIBERDADE QUEM JA SE APOSENTOU Esse contingente representa a diversidade cultural que encontramos nas salas de aula e nas escolas da EJA. Além deles, ainda devemos incluir: NEGROS INDIGENAS MIGRANTES GAYS LESBICAS BISSEXUAIS TRANSEXUAIS TRANSGENEROS LGBTS+ E DOS HOMENS E MULHERES HETEROSSEXUAIS Estamos tratando de pessoas de diferentes orientagées religiosas. Todos, todas e todes esto nas salas de aula das escolas da modalidade EJA, tendo, portanto, o direito & educagao de qualidade. A ESCOLA DA EJAE AS CULTURAS QUE A CONSTITUEM PELOS SABERES DE TANTAS PESSOAS DIFERENTES Imaginamos que vocé jé esteja percebendo que a valorizagao das diferentes culturas que constituem 0 povo brasileiro e que circulam pelas escolas da modalidade EJA seja de grande relevancia, observando também que elas s4o um desafio para os profissionais de educagao que atuam na ou com a modalidade. PARA COMEGO DE CONVERSA, E PRECISO COMPREENDER A ESCOLA EM SUA PLURALIDADE E DIVERSIDADE, ENTENDENDO-A COMO UM ESPACO DE CIRCULAGAO DE CULTURAS NO PLURAL, POIS ELAS SAO DIFERENTES DE UMA PESSOA PARA OUTRA. Para Paulo Freire (2013), cultura é uma ago criadora produzida pelo trabalho humano. Outro autor, Laraia (2009), considera que somos seres adaptaveis as culturas e que elas nao sao genéticas, ou seja, os seres humanos sao resultados do meio comportamental em que vivem e do fato de se comunicarem entre si. Diante dessas ideias, vocé pode perceber que o ser humano produz culturas e que elas sao decorrentes de seus: COSTUMES HABITOS TRADIGOES SABERES Trata-se de saberes populares que passam de geragao a geragao desde os tempos mais antigos de que se possa ter registro. Logo, o homem esta sempre sendo impregnado pelas culturas de acordo com os espagos de circulagao e vivéncia dele e com seus contextos de convivéncia. Antropélogo e professor com relevante atuagaio no campo da educagao popular, Carlos Rodrigues Brandao (2008) afirma que: TUDO O QUE EXISTE ENTRE A PESSOA, A PEDAGOGIA E A EDUCAGAO CONSTITUEM PLANOS, CONEXOES, FIOS E TRAMAS DO TECIDO COMPLEXO E MUTANTE DE UMA CULTURA. SOMOS HUMANOS PORQUE CRIAMOS CULTURA E CONTINUAMENTE AS TRANSFORMAMOS. BRANDAO, 2008, p. 108-109. Essas culturas chegam aos espagos escolares, nos quais precisam ser consideradas, respeitadas e valorizadas. Quando o ambiente escolar valoriza as culturas mais diversas transportadas por vozes, jeitos e saberes de seus estudantes, ele considera potencialidades e possibilidades que produzem conhecimentos outros, ou seja, diferentes daqueles instituidos nos programas e nos planos de cursos Considerando a escola da EJA e a circulagao de saberes compartilhados pelos estudantes, chamamos esses movimentos de culturas populares. Pare um pouco sua leitura neste momento. Procure refletir sobre quais saberes caracterizam as culturas populares que, em sua pluralidade e diversidade, entram na sala de aula da EJA. Refletiu? Entao continuemos a nossa conversa... AESCOLA E PLURAL Cada uma se compée na sua diversidade. Imagino que vocé j4 reconhega isso, E a escola da EJA nao é diferente. Ela se constitui por jovens, adultos e idosos de diferentes faixas etarias que chegam a escola com suas histérias de vida, assim como seus habitos, costumes, crengas e saberes. Quem ja no escutou uma pessoa de mais idade ensinar um cha para algum mal-estar? Pois Este 6 um exemplo de um saber popular. Ele também “invade” a escola —e, se nao for valorizado, ficara la, esquecido. Foto: Shutterstock.com Portanto, ¢ importante considerarmos que esse saber popular tem uma ciéncia, @ VOCE SABIA Propor uma pesquisa a partir de um saber que chegou a sala pela voz de um estudante da EJA pode ser um trabalho bem interessante, envolvendo toda a turma Como vocé deve estar percebendo, repensar o curriculo e considerar outros caminhos para se trabalhar 0 contetido, articulando 0 saber popular e o cientifico, séo tarefas muito importantes. Quando se repensa o curriculo, 6 possivel se apropriar das praticas cotidianas e das especificidades que todos nés temos. Elas vao nos constituindo como seres integrantes de uma sociedade: a brasileira, Considerar o trabalho em sala de aula com as diferentes culturas do povo e suas formas de manifestagao representa: TRABALHAR COM A PLURARIDADE DE SABERES... ¥ RECONHECER A DIVERSIDADE ¥ E VALORIZA-LA Historicamente, as instituig6es escolares ou os sistemas de ensino estruturaram seus currfculos para atender a orientagdes hegeménicas e, portanto, elitizadas, Mas isso vem mudando ao longo do tempo — e até jé se tornou lei Se voeé revisitar a LDB, vai encontrar nela alguns artigos que tratam da questao das relagdes étnico-raciais e das questées de género. QUANTO AS QUESTOES ETNICO-RACIAIS NA EDUCAGAO, E INEGAVEL QUE O RACISMO CONFIGURA UMA QUESTAO CULTURAL, ESTRUTURAL E INSTITUCIONAL. Muitas situagées cotidianas que ocorrem na sociedade comprovam essa afirmagao. Nao é dificil, por exemplo, ligar a televisdo e se deparar com alguma noticia que reflete o racismo que ainda existe na nossa sociedade. © mesmo preconceito racial se materializa nas situagdes de desigualdades socioeconémicas to marcantes. Qual é o lugar do negro? E 0 do indigena? O do migrante? Como a escola da EJA pode potencializar os saberes que eles trazem e as culturas que se refletem tanto nos seus jeitos de falar e vestir quanto nos seus habitos alimentares, assim ‘como em tantos outros ricos saberes? Essas perguntas tém o objetivo de Ihe provocar para que vocé, agora ou depois, possa refletir sobre tal questo, além de conversar sobre ela com seus colegas de turma da faculdade ou em seu local de trabalho, Esses questionamentos facilmente nos levam a fazer outras perguntas tao importantes quanto: ETAPA 01 ETAPA 02 ETAPA 03 PERGUNTA 1 Como lidar com a diversidade sexual em sala de aula? PERGUNTA 2 Como construir uma proposta de pratica pedagégica que considere os didlogos necessérios icas promotoras de cidadania e de direitos humanos? PERGUNTA 3 Como as diferengas de géneros — que historicamente se apresentam na sociedade, sendo, muitas vezes, vistas como desigualdades — podem ser trabalhadas na sala de aula da EJA? Vivemos em uma sociedade na qual nao é incomum os homens ganharem mais do que as mulheres por um mesmo trabalho desenvolvido. Em que uma vaga de emprego, mesmo que isso nao seja revelado, é ocupada de acordo com a cor da pele ou a identidade de género. Nesse mesmo contexto social, ndo dar visibilidade a lésbicas, gays, transexuais, travestis, transgéneros e LGBTs+ representa a negago dos direitos humanos e esconde o debate necessdrio sobre a diversidade sexual. Essas situagées refletem contexts segregadores nos quais 0 desrespeito as diferengas se transforma em desigualdades sociais. Mas nao se engane! Ha muitas discriminagdes que se manifestam na sociedade. Foto: Shutterstock.com Enquanto instituigao social, a escola precisa analisar os valores arraigados na sociedade e construir caminhos que rompam com essas formas segregadoras. Afinal, se nao valorizar as culturas, os saberes, os valores e as classes de origem de cada estudante nico (porém diverso), ela sera mera reprodutora e legitimadora da exclusdo social. LIDAR COM ESSAS QUESTOES NO COTIDIANO DA ESCOLA DA EJA E BUSCAR A PROMOGAO DE FORMAS DE INCLUSAO SOCIAL E CULTURAL. SAO TEMAS DESAFIADORES CUJOS DIALOGOS REQUEREM SENSIBILIDADE. Esses temas, além do mais, exigem que os investimentos na formagéo docente contemplem, ‘em seus curriculos e espagos de formagao, estudos que potencializem os professores a lidarem com as diferengas e as desigualdades que se apresentam na sala de aula da EJA. Se a escola precisa ser o espago da inclusdo social, ela também necesita ser o de reconhecimento desses diferentes e plurais saberes. Repensar os curriculos oficiais e tradicionais e desenvolver aqueles que contemplem essas diversidades so necessidades da contemporaneidade. Elas pressupéem duas ages: decolonizar o curriculo e considerar as praticas interculturais naqueles ja praticados. A CAMINHO DA DECOLONIZAGAO O desafio de decolonizar 0 curriculo passa pelo entendimento de que as questées do povo negro precisam ser pensadas a partir da ética dos africanos. Nao se trata de ter uma vaga na escola ou de, estando nela, estudar sobre a escraviddo. Na verdade, deve-se ir muito além disso. TRATA-SE DE CONSIDERAR AS EXPERIENCIAS VIVIDAS PELOS NEGROS, AS TRAJETORIAS DE VIDA, SEUS PERTENCIMENTOS, AS ESTRATEGIAS DE SOBREVIVENCIA E AS CONQUISTAS. ISSO TAMBEM PRECISA SER CONSIDERADO EM RELAGAO AOS INDIGENAS E AS DEMAIS ETNIAS QUE OCUPAM AS SALAS DE AULA DA EJA. Significa dar voz a eles e empoderd-los, possibilitando conhecer suas formas de viver e as experiéncias vividas. Desse modo, aprenderemos todos nés, estudantes e professores, com eles. Para que a pratica pedagégica se constitua a partir desses olhares, é importante educarmos 0 olhar para ver 0 que ha além dos muros da escola. Além de historias contadas e recontadas pela sabedoria popular, ha muitos saberes que precisam ultrapassar os muros e circular: DANGA COMIDAS HABITOS DE VIDA CANTOS Decolonizar o curriculo escolar possibilita dar visibilidade aos temas e as formas de abordagens que verdadeiramente importam a quem sempre esteve excluido das escolhas que © integram. Com isso, sao estabelecidos dialogos com as préprias culturas, o que indica uma mudanga de paradigma. ® Desfile no Carnaval de rua. Salvador, Bahia, 11 fev. 2019. Como Candau (2012) aponta, precisamos compreender as diferengas como constitutivas de experiéncias democraticas que estabelecam novas relagées e outras formas de agir nas sociedades em que viverios. Para isso, 6 necessério haver o reconhecimento e a valorizacao das diferengas de saberes ¢ de culturas que nos formam, além da busca de uma educagao para todos que, ancorada na perspectiva do direito, contemple essa pluralidade a transitar na escola. Diante dos desafios da modalidade EJA no século XXI, identificamos a existéncia de proposiges necessarias que: Imagem: Shutterstock.com CONTEMPLEM NOS SEUS CURRICULOS PRATICADOS E COTIDIANOS OS SABERES DO POVO. Imagem: Shutterstock.com VALORIZEM AS CULTURAS POPULARES. Imagem: Shutterstock.com CONSIDEREM A PLURALIDADE E A DIVERSIDADE ETNICO-RACIAL E DE GENERO QUE COMPOEM A COMUNIDADE ESCOLAR NA MODALIDADE EJA. Esses desafios cabem a escola segundo a perspectiva freiriana, Afinal, ela é emancipadora e libertadora das condigdes de opressdo a que esses jovens, adultos e idosos estiveram submetidos nos seus percursos de vida. Cabe escola da EJA romper os mecanismos de excluséo social e de subaltemidade que marcam as histérias de vida de tantos de seus estudantes, além de propor a construgao de caminhos possiveis que estejam pautados na esperanga de uma escola verdadeiramente para todos. Como afirma Freire (2007, p. 30): “UMA EDUCAGAO SEM ESPERANGA NAO E EDUCAGAO.” Aproveite 0 término deste médulo e releia agora suas anotagGes iniciais com outro olhar. ROMPENDO AS AMARRAS DO PATRIARCADO As especialistas Wilna Mello e Dalta Barreto versarao neste video sobre 0 projeto com o DEAM =") VERIFICANDO O APRENDIZADO © 0 rompimento das amarras do patriarcado. Para assistir a um video sobre 0 assunto, acesse a versao online deste conteudo. 1, CONSIDERANDO A PERSPECTIVA DO APRENDIZADO AO LONGO DA VIDA COMO UM SENTIDO DA EJA, GARANTINDO, ASSIM, O DIREITO A EDUCAGAO PERMANENTE, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICAA FUNGAO DA EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS QUE CONTEMPLA ESSAS PERSPECTIVAS. A) Fungo reparadora B) Fungo equalizadora C) Fungo supletiva D) Fungo formadora E) Fungao qualificadora 2. ESTUDANTES DE DIFERENTES LUGARES, ETNIAS, GENEROS, CLASSES, CULTURAS E FAIXAS ETARIAS CONVIVEM NA MESMA SALA DE AULA. SAO JOVENS, ADULTOS E IDOSOS DE DIFERENTES ORIGENS CUJO INTERESSE EM COMUM E CONCLUIR SEUS PROCESSOS DE ESCOLARIZAGAO. DIANTE DESSE CONTEXTO, ESCOLHAA ALTERNATIVA CUJAS PROPOSIGOES CONTEM POTENCIALIDADES A SEREM TRABALHADAS COM ESSAS DIFERENCAS. A) Os saberes de cada estudante devem ser reconhecidos por meio da interface com seus valores culturais e visées de mundo, assim como a pluralidade étnico-racial e de género. B) E importante valorizar somente os conhecimentos aprendidos na escola. C) 0 curriculo precisa se estruturar com base nos conhecimentos provenientes da cultura eurocéntrica. D) Os saberes empiricos nao sao relevantes para a pratica pedagégica. E) A escola no deve ser um espago de valorizagao das culturas populares. GABARITO 1. Considerando a perspectiva do aprendizado ao longo da vida como um sentido da EJA, garantindo, assim, o direito 4 educagao permanente, assinale a alternativa que indica a fungdo da educagao de jovens e adultos que contempla essas perspectivas. Aalternativa "E " esta correta, verdadeiro sentido da EJA é 0 que promove a possibilidade de educagao continuada ao longo da vida, conforme estabelece a V CONFINTEA. Esse entendimento proporciona que jovens, adultos e idosos acessem a escolarizagao dentro da perspectiva de retomada das potencialidades da escola como espago de produgao de conhecimento. Eles fardo isso em carater permanente, favorecendo, assim, a construgao de caminhos para a busca de melhores condigées cidadas. 2. Estudantes de diferentes lugares, etnias, géneros, classes, culturas e faixas etérias, convivem na mesma sala de aula. Sao jovens, adultos e idosos de diferentes origens cujo interesse em comum ¢ concluir seus processos de escolarizagao. Diante desse contexto, escolha a alternativa cujas proposigées contém potencialidades a serem trabalhadas com essas diferencas. Aaltemativa " esta correta A escola é um espaco de inclusao social. Dessa forma, repensar 0 curriculo e incorporar a pratica pedagégica 0 vasto conhecimento que circula na escola configuram uma estratégia potencialmente rica para o desenvolvimento de um trabalho ancorado nas diferengas. MODULO 3 © Reconhecer os desafios da inclusdo digital para jovens e adultos em escolarizagao i " OS DESAFIOS DA INCLUSAO DIGITAL NA EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS Muito provavelmente, vocé deve lidar diariamente com as tecnologias digitais da informacao (TDICs) e da comunicagao. No século XXI, o uso dessas tecnologias parece ser parte do nosso dia a dia. Mas nem sempre, para todas as pessoas, isso funciona assim. A inclusdo digital ainda nao chegou a todos os lugares do Brasil. Em outros, acredite, sequer existem equipamentos disponiveis, no havendo um acesso efetivo a eles. Essa auséncia pode se dever a auséncia de uma tomada disponivel ou mesmo por nao haver um pacote de dados de internet ou uma boa conexao. Ainda que os equipamentos funcionem, isso nao quer dizer que existe uma inclusdo digital. ESSA SITUAGAO TAMBEM ACONTECE NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, O QUE NOS LEVA A PERCEBER O QUANTO E NECESSARIA A PRESENGA DE POLITICAS PUBLICAS PARA QUE ACONTEGA UMA EFETIVA INCLUSAO DIGITAL. Listaremos a seguir alguns exemplos para esse comego de conversa sobre os desafios da incluso digital na EJA, mas sabemos que ha muitos outros. As tecnologias e os seus usos Vocé precisa reconhecer que 0 acesso a suportes digitais — como 0 computador, o notebook ‘ou mesmo o celular — nao garante a incluso digital Para que ela ocorra de fato, 6 necessdrio que, além do acesso a informagao neles contida, a pessoa consiga se apropriar dela e transformé-la em novo conhecimento, gerando, dessa forma, um impacto positive em sua vida pessoal ou coletivamente. Ou seja, além do suporte e da conexao para se transmitir a informagao e a comunicagao, & preciso haver algum grau de dominio do suporte. Um celular, por exemplo, pode ser somente um aparelho telefénico. Mas, dependendo do grau de dominio que o usuario tiver ou mesmo se houver um mediador, sua operacionalidade pode ir muito além disso. Na sala de aula da modalidade EJA, a inclusdo digital se apresenta como uma necessidade. Nesse contexto, a pandemia do Coronavirus em 2020 nos fez perceber quao urgente assegurar uma efetiva incluso digital para todos os membros da sociedade de uma forma geral — e nao sé na escola. Com a pandemia e a necessidade de isolamento social, a sociedade mundial utilizou recursos da tecnologia da informagao e da comunicago (TICs). JA no campo da educago, nés nos apropriamos desses recursos para atuar na educagdo basica e superior, empregando as tecnologias digitais em seus diferentes géneros. Fonte: Autor/Shutterstock No entanto, observe que nem sempre o uso das tecnologias digitais assegura uma comunicagao efetiva. Um blog, por exemplo, podera ser alimentado e nao ter interatividade se for somente um espaco para a leitura de quem 0 acessa ou um repositério de material de estudo. O mesmo pode ocorrer com um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), embora ambos sejam muito mais potentes do que isso. Aessa altura, vocé deve estar se perguntando, O QUE SAO AS TICS? E O QUE SIGNIFICAM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAGAO E COMUNICAGAO? ® RESPOSTA As TICs compreendem um amplo leque de tudo que pode ser usado para informar e comunicar por intermédio da tecnologia e de suas ferramentas. Elas englobam, por exemplo, o jomal, 0 radio, a televisdo, 0 telefone fixo, o videocassete e a internet, sendo utilizadas em varios setores da sociedade como meios de comunicagao e de circulagao da informagao, incluindo 0 campo educacional. Jé as tecnologias digitais da informagao e comunicagao retinem diferentes

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