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Nenhum daqueles homens sabia, entretanto, o sacrifício que lhes fazia o Rubião. Recusava jantares, passeios,
interrompia conversações aprazíveis, só para correr à casa e jantar com eles. Um dia achou meio de conciliar tudo. Não
estando ele em casa às seis horas em ponto, os criados deviam pôr o jantar para os amigos. Houve protestos; não,
senhor, esperariam até sete ou oito horas. Um jantar sem ele não tinha graça. (Machado de Assis, Quincas Borba, cap.
CXXXIII)
Era o contrário; era o senhor que estava doente, e a senhora que o acompanhava; mas o criado não podia trocar
o recado que lhe deram. Outro criado desconfiou, é certo, que o doente fosse ele e não ela, porque o vira entrar
abatido. Em cima, no quarto deles, havia algum rumor de vozes, ora alto, ora baixo, com intervalos de silêncio. Uma
criadinha, que subira pé ante pé, desceu dizendo que ouvira lastimar-se o amo; provavelmente a senhora estava
perdida. (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. CLXXIV)
Rubião tinha febre. Comeu pouco e sem vontade. A comadre pediu-lhe contas da vida que passara na Corte, ao
que ele respondeu que levaria muito tempo, e só a posteridade a acabaria. Os sobrinhos de seu sobrinho, concluiu ele
magnificamente, é que hão de ver-me em toda a minha glória. Começou, porém, um resumo. No fim de dez minutos,
a comadre não entendia nada, tão desconcertados eram os fatos e os conceitos; mais cinco minutos, entrou a sentir
medo. (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. CXCIX)