Contos Fluminenses - Machado de Assis

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CONTOS

FLUMINENSES –
MACHADO DE
ASSIS
Machado de Assis (1839-1908)

Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, um dos nomes


mais importantes da literatura brasileira do século XIX.

A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a


algum aspecto do “Romantismo”, com uma história cheia de mistérios,
com final feliz ou trágico e uma narrativa linear.

Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos


descritiva, menos adjetivada e sem o exagero sentimental. As
personagens têm um comportamento não só movido pelo amor, mas
também pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os romances:
Contos fluminenses (1870)

Contos fluminenses é a primeira coletânea de histórias avulsas


publicada por Machado de Assis. É, na verdade, a sua estreia em
livro na narrativa de ficção.

O livro reúne sete contos, dos quais seis saíram antes no Jornal
das Famílias entre junho de 1864 e janeiro de 1869, assinados
alguns por Machado de Assis mesmo, outros por pseudônimos
como J. J., J ou Job.
A estrutura de Contos Fluminenses

Machado de Assis ainda estava preso aos moldes estéticos do


Romantismo. Os contos machadianos, considerados românticos,
apresentam uma característica comum: os acontecimentos são
narrados sem precipitação, entremeados de explicações aos
leitores por parte do narrador, cheios de considerações sobre os
comportamentos.

Suas personagens não são tão lineares como as dos maiores


românticos: elas têm comportamentos imprevistos, fazem
maquinações, não transparentes, são interesseiras. Mas a
estrutura narrativa de Machado, nessa fase, ainda é linear, isto é,
as narrativas têm começo, meio e fim demarcados.
A estrutura de Contos Fluminenses

Nessa fase romântica, a angústia oculta ou patente das personagens é


determinada pela necessidade de obtenção de status, quer pela
aquisição de patrimônio, quer pela consecução de um matrimônio
com parceiro mais abonado. A mentira é punida ou desmascarada.
Há nisso um laivo de moralismo romântico, na pregação de casos
exemplares.

A crítica considera apenas medianos os contos desse livro. De qualquer


forma, já aparecem as características marcantes do estilo machadiano:
a conversa com o leitor; a ironia; o estudo da alma feminina. Esboçam,
em finos retratos femininos, a força do papel social como força da
natureza e as pressões que impelem os personagens a mudar de
status ou classe social.
A estrutura de Contos Fluminenses

Nessa fase romântica, a angústia oculta ou patente das personagens é


determinada pela necessidade de obtenção de status, quer pela
aquisição de patrimônio, quer pela consecução de um matrimônio
com parceiro mais abonado. A mentira é punida ou desmascarada.
Há nisso um laivo de moralismo romântico, na pregação de casos
exemplares.

A crítica considera apenas medianos os contos desse livro. De qualquer


forma, já aparecem as características marcantes do estilo machadiano:
a conversa com o leitor; a ironia; o estudo da alma feminina. Esboçam,
em finos retratos femininos, a força do papel social como força da
natureza e as pressões que impelem os personagens a mudar de
status ou classe social.
Miss Dollar
O conto parece até uma novela. Se inicia com o sumiço de Miss Dollar, uma
cachorrinha que sumiu e foi resgatada por um médico chamado Mendonça
que colecionava cachorros. De início queria ficar com o cachorro, mas
Mendonça lê que a família está pedindo um resgate pelo animal e muda de
ideia, imagina que os donos estejam sofrendo e vai devolver a cadela porém
dispensa a recompensa, dando a entender que ele tinha nobres
sentimentos.

Lá conhece Margarida , a dona da cachorra e sua tia Antônia. Mendonça cai


de amores por Margarida , uma jovem viúva de 28 anos.

Por intermédio de um amigo, Andrade, fica sabendo que Margarida


dispensou vários pretendentes o que o deixa mais curioso. Passa a ser
íntimo da família, com visitas frequentes e animadas. Se declara para ela e é
desprezado. Não sei se ele quis mostrar aqui que ela poderia recusar casar
novamente pelo fato de já ter cumprido com aquela obrigação, afinal era
viúva.
Miss Dollar
Após o fora ficou sumido um período e o filho de Dona Antônia , Jorge o
procura para saber o motivo de sua ausência; ao mesmo tempo diz que
Margarida depois que ele sumiu fica bastante tempo no quarto.

Uma certa noite resolve depois de muito relutar invadir a casa e mais uma
vez Miss Dollar, ao se dirigir ao quarto da dona, guia Mendonça até
Margarida.

É recebido com frieza e se arrepende pois poderia manchar a honra daquela


mulher. Vai embora prometendo não voltar mais.

Dona Antônia então o procura para dizer que Margarida o ama, porém a
jovem viúva tem receio de que ele queira apenas seu dinheiro como o
falecido marido e os outros.

Mal entendidos resolvidos, eles se casam e quando o casamento é


finalmente consumado cadelinha Miss Dollar , que serviu de cupido morre
atropelada.
Luís Soares

O jovem Luís Soares, que gostava de “trocar o dia pela noite”,


dilapida a fortuna herdada do pai e então se lembra de contactar
o tio (major Luís da Cunha Vilela), para ver se consegue herdar-lhe
a fortuna.

Mas, esse tio cria uma sobrinha, Adelaide, e gostaria que Luís
casasse com ela. Este prefere “a herança sem o casamento”. Uma
carta do falecido pai da moça para ser lida dez anos após sua
morte indica que a herança é de Adelaide, desde que se case com
Luís.

No entanto, ao notar a súbita mudança de postura de Luís, recusa-


lhe o casamento. No fim, Luís Soares comete suicídio por não
suportar ser pobre.
A mulher de preto

Estevão, médico, vinte e quatro anos, inicia amizade com o deputado Meneses,
quarenta e sete anos. Na vida de sociedade, Estevão conhece e se apaixona por
uma “viúva”, Madalena, trinta e quatro anos, um filho. “A mulher em questão não
era uma virgem; era uma viúva de trinta e quatro anos, bela como o dia, graciosa
e terna.” “Tem uns olhos de matar” e a boca “feita para ninho de amores”.
Madalena convida Estevão à sua casa e aproxima-se dele. De fato, Madalena não é
viúva, é separada do deputado Meneses, ambos são “do Norte”. O deputado a
rejeitou por infiel, todavia a questão não era de infidelidade e sim de mal-
entendido. “Acusava-a de infidelidade; uma carta e um retrato eram os indícios”.
Estevão apaixonado recebe de Madalena a revelação do caso e o pedido de que
trate a reconciliação do casal, esclarecendo o desentendimento. Estevão cumpre o
desejo de Madalena e o casal reata os laços. Estevão foge para Minas Gerais e
Madalena compreendeu tudo.
O segredo de Augusta

Augusta, 30, Adelaide, a filha, 15. Augusta casou aos quinze e logo teve a menina.
Vasconcelos, o marido, 40, Gomes, o pretendente de Adelaide, 30.

Vasconcelos, com ajuda de Augusta, esbanjou toda a fortuna herdada e está perto
da pobreza. Gomes, amigo de farras de Vasconcelos, propõe casar com Adelaide.
Poderia ser a salvação da família, todavia Vasconcelos descobre que Gomes
também esperdiçou a fortuna.
Confissões de uma viúva moça

Eugênia, viúva, conta a sua amiga Carlota, em cartas semanais, o motivo pelo qual
se mudou para Petrópolis após a morte do marido. Ora, não precisava nem
escrever para que qualquer um soubesse o motivo: homem. Ela mesma o declara:
o enigma era para ser respondido com a mesma palavra que Édipo respondeu à
Esfinge: homem. O enredo é curto: Eugênia, casada, foi assediada durante meses
por Emílio, amigo do marido.

Eugênia não cedeu fisicamente apesar de se apaixonar pelo rapaz. O marido morre
repentinamente e Emílio se afasta. Eugênia não percebera que Emílio preferia
mesmo era um caso com uma mulher casada, que dele nada exigisse, uma
amante para apimentar seus dias. Casar com a viúva Eugênia nem pensar.
Linha reta e linha curva
O conto integrante do livro Contos Fluminenses narra a história do jovem casal
recém-casado Ernesto Azevedo e Adelaide, que estavam às vésperas de
completarem três meses de casado quando recebem uma inesperada visita do
amigo de infância de Azevedo, Tito. O qual declina à ideia de se alojar em um hotel
ante a insistência do amigo para que se hospede em sua casa, que aliá se situava
em Petrópolis.

Nesse meio tempo aparece para uma visita à vizinha e velha amiga de Adelaide, a
viúva Emília, acompanhada de um senhor de cerca de cinquenta anos que a
enamorava. O grupo então inicia uma conversação que tem como ponto central o
desinteresse total de Tito pelo amor, este afirma que tal sentimento existe, sim,
mas que ele em particular não tem vocação para isso e até enumera as razões. À
parte disso também já havia confessado à Azevedo e Adelaide que o motivo
principal foi a sofrida rejeição de uma dama a quem ele muito amava, anos
antes.
Linha reta e linha curva

Dessa conversa surge o plano de Emília de fazer com que Tito se apaixone por ela,
fazendo-o se contradizer e vingando mais uma vez as mulheres.

Emília se apaixona por Tito e se revela como a mulher que o rejeitou anos antes e
foi a causa de sua insistente negação do amor desde então. Tito confessa então
que sempre soube quem ela era, mas que havia entrado nesse jogo arriscado de
repudiar o amor, pois tinha convicção de que um dia a reencontraria. Eles enfim se
casam e tem como um dos presentes da cerimonia Diogo, que desiludido só
acredita no que aconteceu quando as provas se tornam irrefutáveis.
Frei Simão

Num monastério antigo morreu com 38 anos, mas aparentando 50 anos Frei
Simão. Vivera seus últimos cinco anos em completa clausura, apenas saindo dali
para se alimentar ou para ir ao banheiro. Antes de morrer faz um desabafo terrível
ao abade, superior do convento: “Morro odiando a humanidade”.

Através de um rolo de papel em que ele narrava suas desventuras, soube-se que
ele era filho de um casal de comerciantes prósperos e sempre foi temente ao pai.
Possuía uma irmã de criação, Helena. Mas quando cresceram ambos, se
apaixonaram, mas a paixão não foi aceita pelo pai. Ele tinha interesse em casar o
filho com uma moça rica, por causa do dote. Os meses se passaram e os amantes
começaram a se escrever e declarando seu amor. Não tardou, o pai descobriu e
proibiu as cartas. Por fim casou Helena com um agricultor e escreveu ao filho
dizendo que ela contraíra uma moléstia e morrera.
Frei Simão

Simão entrou para o serviço religioso e tornou-se Frei Simão. Formado, foi
convocado pelo bispo a pregar em outro lugar, mas antes passou pela casa do pai
para revê-los, já que era caminho. Contou aos pais aonde ia e seus pais
desesperados não queriam que ele lá fosse.

Lá, enquanto pregava, reencontra Helena, que, devido ao choque, morre alguns
dias depois para desespero de seu marido. Simão enclausura-se no convento,
onde enlouquece. Tempos depois, seu pai pede ao abade superior para morrer no
convento. Pede perdão ao filho, Simão. A mãe morrera algum tempo antes. O
velho também enlouquecera e logo depois morreu.

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