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A MAIS ANTIGA REVISTA PORTUGUESA DE VINHOS

PUBLICAÇÃO BIMESTRAL - JANEIRO/FEVEREIRO | 2022 - Nº 183 - €2,50 (Port.Cont.)

Director José Carlos Santanita Sumiller, Échanson, Sommelier

Segredos do Escanção Vinhos À Prova Azeites À Prova


Mike Taylor Lançamentos/Novidades Pg. 22
Pg. 4 Painel de Escanções: Vinhos Antigos | Bag-in-Box
Vinhos Arinto O Escanção, n°183 - 2022 1
Pág. 10
NotíciasFlix

EDITORIAL

Novo Ano, a mesma vontade


Dos primeiros meses do ano, imersos em energia, foco e expectativas, saem os principais planos para um novo ano a
construir. Entre a consolidação de projectos e outros novos, calendários organizados e prestes a ser divulgados, acções e
colaborações a planear, e ideias a fervilhar que se querem ver concretizadas, são muitas as dinâmicas, também revigoradas
pelos balanços de fim de ano e suas resoluções. Sempre com a mesma vontade - de querer mais para os Escanções de Portugal,
querer aprender, ensinar, melhorar e evoluir.

Para a Associação dos Escanções de Portugal, para além deste espírito construtivo inicial que lhe está presente, a entrada
no ano de 2022 é-lhe particularmente especial - foi há 50 anos atrás, em 1972, que a sua fundação foi publicada em Diário
de República.

Celebramos assim o nosso 50º aniversário e fazemo-lo convosco, os nossos leitores, os nossos associados, os nossos formandos,
colaboradores, parceiros, colegas, amigos.

Será um ano de muitas acções, dirigidas sobretudo aos nossos associados, e em que esperamos homenagear marcos da
história, pessoas e realizações que fundaram e foram construindo a Associação e os seus valores e objectivos, e que
contribuíram para que seja tal como é hoje, meio século após a sua fundação.

É também através desta nossa revista que o pretendemos fazer, ao longo do ano.

A Direcção e a equipa da Associação não pode, desde já, deixar de agradecer e dar os parabéns a todos os Escanções de
Portugal e a todos que nos têm vindo a acompanhar ao longo do tempo.

Esta é primeira edição de 2022, e com ela pretendemos continuar a partilhar muito do que acontece no mundo do vinho e
que faz parte da vida do escanção, com mais um contributo possível para a troca actualizada e fidedigna de informações,
conhecimentos e curiosidades.

Destacamos, como sempre, nas entrevistas, a rubrica Segredos do Escanção, para a qual pudemos falar com o escanção e,
hoje, export manager, Mike Taylor.

Em Entre Quintas fomos à descoberta de um projecto que


tem vindo a promover a cultura da vinha nos Açores e os seus
vinhos, o Azores Wine Company, iniciativa levada a cabo por
António Maçanita, Filipe Rocha e Paulo Machado.

E nas provas, para além dos Lançamentos/Novidades e das


provas pelo nosso painel de escanções, desta vez a Vinhos
Antigos e Vinhos Bag-in-Box, partilhamos uma selecção de
vinhos com a casta Arinto, responsabilidade do escanção
Manuel Moreira. Tal como uma prova a Azeites Virgem Extra,
num trabalho de selecção e notas do colega Artur Caldas.

Boas leituras na nossa companhia.


E obrigada por estarem connosco!

Isabel Esteves
Directora de Comunicação da revista

O Escanção, n°183 - 2022 1


FICHA TÉCNICA
SUMÁRIO
Director
José Carlos Santanita
(jose.santanita@escancoes.pt)

Director Adjunto
Artur Caldas (geral@escancoes.pt)

Sub-Directores
Anca Martins e Tiago Paula
(geral@escancoes.pt)

Editor
Ana Isabel Fojo Franco Ramos Branco
(escancao@sapo.pt)

Directora de Comunicação
Isabel Teresa Vale Lobo Esteves
(revista.oescancao@gmail.com)

Painel de Provadores
Artur Caldas, Joaquim Santos, Manuel Miranda, MYKE TAYLOR
Manuel Moreira e Tiago Paula

Colaboradores
António Ventura, Ceferino Carrera, Diego Arrebola, 1 Editorial
Sara Peñas Lledó e Tiago Paula 2 Sumário
Fotografia 4 Segredos do Escanção
Bruno Conceição e Janice Prado Mike Taylor
Projecto Gráfico e Pré-Impressão 8 Regiões do Mundo
Vinícius Palhares Por Diego Arrebola
Director Financeiro/Comercial 10 Vinhos à Prova - Lançamentos / Novidades
Fábio Nico (geral@escancoes.pt) 13 Apresentação do Painel de Provadores
Assinaturas e Publicidade 14 Vinhos à Prova – Painel de Escanções
Ana Branco (geral@escancoes.pt) 18 Vinhos à Prova – Vinhos com casta Arinto
Propriedade, Administração, Edição e Redacção 22 Azeites à Prova – Virgem Extra 2021/2022
Associação dos Escanções de Portugal 25 9º Concurso Ibérico Azeites Virgem Extra –
Av. Almirante Reis, nº 58 - r/c Dtº, 1150-019 Lisboa
NIF 501269215 Tel: 0351 21 8132542 Prémios Mezquita
www.escancao.com (geral@escancoes.pt)) 28 Entre Quintas
www.facebook.com/escancoesdeportugal
Azores Wine Company
30 Onde o Vinho é Rei
Ficha técnica da publicação encontra-se disponível
assim como o estatuto editorial 31 Convocatória AEP – Assembleia Geral 2022
https://www.escancao.com/revista 34 O Maestro do Vinho
Número de Registo: 111639 / Depósito Legal: Os Destilados Portugueses (Parte II),
139009/99 por Ceferino Mariño Carrera
Estatuto Editorial 36 Tem a Palavra o Especialista
Chá, por Tiago Paula
Objectivos:
Compromisso em assegurar os princípios deontológicos 38 Crónica – Associação de Enologia
e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa Castas, por Engº António Ventura
fé dos leitores.
40 Enoturismo
A Revista O Escanção destina-se a dar conhecimento 44 Acontece – Divulgação de Iniciativas e
actualizado das actividades da Associação dos
Escanções de Portugal (A.E.P.), na divulgação da vinha, Novos Projectos
do vinho, e na exposição, manutenção e respeito da Curso Profissional AEP –
deontologia profissional entre todos os que a essa
actividade estão ligados. Nível I e II
ASI Best Sommelier of the
A revista ‘O Escanção’ continua a reger-se pelo anterior Americas 2022
acordo ortográfico 46 Wine News
50 Wine News – Ficha de Assinatura
2 O Escanção, n°183 - 2022
O Escanção, n°183 - 2022 3
SEGREDOS DO ESCANÇÃO

Texto Isabel Esteves


Fotos Mike Taylor

Escanção, consultor, formador, hoje export manager de várias marcas na América do


Sul, em Itália, França e em Espanha, mas, desde sempre, um apaixonado. Falámos com
Mike Taylor sobre o seu percurso de 20 anos de experiência no mundo do vinho, anos
em que correu pelo mundo, desde a América do Sul à Europa, motivado pelo que este
lhe poderia oferecer e pela sua personalidade curiosa e sociável. Anos a conhecer diferentes
formas de viver e de aprender neste sector e anos que lhe deram oportunidades, muitos
contactos, novas visões e a construção de uma postura dinâmica e aberta perante a vida
e o trabalho, os desafios e as oportunidades. Impregnado de vinho, como se descreve,
vende com ele emoções.

de conhecer e devorar o mundo. Então, para mim foi


muito positivo estudar no Brasil, abriu-me a mente. Já

MIKE TAYLOR antes tinha morado na Europa, o continente não era


desconhecido para mim nem as grandes regiões de vinho
do mundo, mas a formação é muito mais ecléctica. Sempre
fui um cidadão do mundo, já morei em vários sítios, a
dar aulas e a trabalhar como consultor, e acabo por ter
aquele espírito cigano, faz parte da minha personalidade.
No mundo do vinho em particular percebi, a certa altura
do meu percurso, que haviam outros mercados que
gostavam de trabalhar comigo, e nesse sentido quando
saí do Brasil fui dar aulas numa escola de gastronomia na
Argentina chamada Patagónica onde ministrei o curso
de sommelier formando aqui cerca de 70 pessoas, entre
técnicos e sommeliers. Esta foi uma experiência muito
enriquecedora, entre os anos de 2008 e 2010. Depois, no
México, chamaram-me para fazer o mesmo, e também
aqui fui recebido de braços abertos, como os mexicanos
tão bem sabem fazer, e aí fiquei durante 6 anos. Mas
sempre tive o objectivo de morar em Portugal, sempre o
disse à minha mãe, que queria morar em Lisboa, desde
pequeno que tinha esse sonho. E em 2016, dei esse passo
e, através da Embaixada de Portugal no México pedi um
visto de residência e alta qualificação profissional em
Portugal. Faz hoje 6 anos, sinto-me desde sempre muito
bem acolhido, e neste momento vivo em Bragança, a dar
início aos papéis que me vão permitir ter a naturalidade
Há 20 anos atrás Mike Taylor forma-se escanção no portuguesa, estou muito feliz por aqui viver.
Brasil. Hoje a sua base é Portugal mas pode chamar
o mundo de casa. Como tudo aconteceu? Como se A decisão de vir para Portugal esteve relacionada com
tornou cidadão do mundo e neste mundo do vinho em a sua actividade profissional ou com algum convite em
particular? particular?
A minha formação como escanção começa há 20 anos Na verdade, e como disse na questão anterior, desde
atrás no Brasil e com muito orgulho, porque estudar criança sempre tive ideia de que uma parte da minha
numa associação de escanções fora da Europa ou do cír- vida tinha de ser vivida em Portugal e, em 2016, sentindo
culo de países produtores de prestígio obriga a que o es- que era altura de vir novamente para a Europa, quis
canção tenha um ponto de vista mais open minded, mais fazer essa mudança de forma a tornar realidade este meu
aberto a todos os vinhos do mundo e não só ao vinho sonho, a viver aqui em Portugal e não noutro país. mesmo
brasileiro neste caso, ou argentino ou chileno. Ao estudar já tendo tido experiência de residir noutros países
no Brasil ganha-se um ponto de vista e uma necessidade europeus como em Itália ou em França. E logo no início

4 O Escanção, n°183 - 2022


me senti bem com esta decisão, fui muito bem recebido Em 2017, abriu em Lisboa a loja de vinhos e sala de
pela Embaixada Portuguesa no México e, desde logo, provas Bottega Montucci, que entretanto fechou portas
senti-me muito reconhecido. no ano de 2020. O que lhe trouxe esta experiência como
proprietário?
É também consultor e de momento a sua actividade Tive a sorte de poder comprar este wine bar, que já tinha
foca-se sobretudo na área da exportação, e também aberto antes em 2015, e em quatro meses posicionei-o
por esta razão tem sempre a mala à porta. Como export no primeiro lugar do Tripadvisor, conseguindo visi-
manager e trabalhando com empresas de vários países bilidade internacional de alta qualidade. Jamais tinha
entre Itália, França e Espanha, como é a sua semana imaginado que este trabalho, num pequeno wine bar no
de trabalho? Príncipe Real em Lisboa, ia chegar ao mundo. E tive a
É um grande desafio pois tenho mercados na América oportunidade de atender várias personalidades, desde
Latina com grandes diferenças horárias, e tenho assim o director da Lamborghini a embaixadores, empresários,
os meus horários trocados, tem de se ter paciência e a críticos, a colegas sommeliers, tive o prazer de ter
dedicação porque quando no momento que o cliente este contacto com um público interessado e generoso,
consegue receber as amostras e fazer a degustação do vinho, que queria descobrir ali os melhores vinhos de Portugal.
aqui, para mim, podem ser três horas da madrugada, tem Claro que tinha na loja vinhos estrangeiros, mas a
de haver essa flexibilidade. Implica um esforço grande, missão fundamental era mostrar, através de experiências
e mexe com a disposição, a programação, a necessidade sensoriais, o melhor que Portugal tem para oferecer, de
de trocar os relógios. Mas se, por um lado é um desafio norte a sul do país, de este a oeste, e o que se faz nas ilhas
esgotante por outro é também fantástico porque me ajuda também pois sempre incluí os vinhos da Madeir a dos
a manter o contacto com o outro lado do mundo. Na Açores, com muito orgulho. Um dia um cliente disse-se
minha semana de trabalho estou normalmente online e, que era o melhor embaixador do vinho português sem
desde casa, consigo coordenar o envio das amostras aos ser português, o que me deu muito orgulho. Esta
clientes dos quais sou export manager, especialmente experiência não tinha sido tão efectiva e tão bem sucedida
aos de Itália e França, maioritariamente da Provence, sem a assessoria de uma grande figura em Portugal
e da Espanha. Coordeno com as adegas para o envio quem, com muita generosidade, me mostrou o caminho
das amostras, fazemos a degustação online, e depois de do que é o business coaching, e que é a senhora Teresa
tomada a decisão, é altura das facturas, dos certificados e Botelho, a quem nunca deixo de agradecer. Ajudou-me
de todas as questões legais de alfândega. Até agora posso a entender o mercado, a entender a psicologia através da
dizer que tenho tido resultados muito positivos apesar neurociência, das técnicas de marketing, de administração,
deste ser um trabalho esgotante porque na realidade há de gestão, e com esta aprendizagem consegui posicionar
muita concorrência, todos querem vender e exportar, e este espaço no top, e aí fiquei por três anos. Foi uma
o mundo está cheio de ofertas e de belos vinhos. Vence experiência brutal de forma positiva e tudo isto aconteceu
quem tem mais qualidade, quem explica melhor e quem em Portugal, e não noutro local onde tenha morado,
expressa melhor o seu vinho. Só represento adegas mais uma razão porque sou muito grato a este país.
que conheço bem e que visito pois se não for assim não
consigo fazer bem este trabalho, não consigo exportá-los, Tem vindo a colaborar em vários concursos de vinho
é um conhecimento único que garanto aos meus clientes em Portugal como jurado, escreve para várias publicações
e que me dá mais solvência na hora de vender os seus e meios online e é também formador, tendo já orientado
produtos. Porque vendo a paixão que sinto, é realmente vários cursos e masterclasses na área de vinhos e da
fundamental para mim, sempre digo que não vendo profissão de escanção em várias cidades do mundo.
vinhos, vendo emoções. Em 20 anos de um percurso intenso e diversificado,
quais os períodos ou experiências que mais o marcaram?
Como procura estar actualizado sobre os diferentes Vamos começar pelo momento actual, e falando dos
mercados nos quais trabalha? países por onde passei e que foram marcando os períodos.
No meu caso, a actualização dá-se sobretudo através da Primeiro, só tenho a agradecer a Portugal porque quando
participação em feiras. Por exemplo, para este primeiro cheguei, e pelo facto de ter vindo do Novo Mundo,
semestre do ano já tenho tudo preenchido, agora em tinha a ideia de ter uma bagagem já muito importante,
Março estou em Lisboa, depois irei a Barcelona, depois à achava que sabia tudo. Mas esta é a verdade, não era
Alemanha, à Itália, estou a viajar constantemente porque tudo, e o quase tudo fui descobrindo aqui, e ganhei esta
sou convidado para as feiras de vinho internacionais, humildade de admitir que sabia muito pouco. Achava que
convite feito pelas suas organizações porque estou sempre conhecia um país que não conhecia, não conhecia o seu
à procura de contactos e produtos. Aí, encontro-me com consumidor e aqui aprendi a conhecer a forma do seu
colegas do mundo inteiro, participo em seminários e pensamento, e o seu alto grau de exigência pois o cliente
masterclasses, o que me mantém actualizado. E estar em português tem uma exigência brutal, enorme, e com
contacto permanente com produtores e outros importadores o tempo fui entendendo-a. Hoje posso dizer que sou
impulsiona a troca de conhecimentos e o networking, também um bocadinho português, como consumidor
vou estando sempre actualizado sobre os diferentes identifico-me totalmente, até quando viajo para fora o
mercados nos quais trabalho. noto e assim me comporto, já me tornei português. E este ano
irei ter o meu passaporte português. Portugal abriu-me
a mente a uma visão europeia de fazer negócios, às vezes

O Escanção, n°183 - 2022 5


com pouco às vezes com muito, e foi sempre e está a ser de grandes nomes que não confiam esta responsabilidade
muito enriquecedor. Antes, do México, só tenho também a qualquer pessoa e, por tal, sinto-me um privilegiado
palavras de agradecimento pois aqui adoptaram-me e identifico-me muito com a forma italiana de ser, de
como se fosse filho do país, o que me dá muito orgulho ver como se resolvem os problemas, de não se focar no
pois ser recebido como irmão é uma alegria única, neste problema mas na solução. É por isso o mundo “come”
país que amo juntamente com Portugal, são dois países Itália, em todo o mundo sabe-se o que é uma pizza, uma
que têm sido as minhas “mátrias”, ou seja, a pátria que mozzarela, um vinho italiano, o que significa ser italiano,
nos alimenta. No Brasil, país dos meus amores, dos meus e, logicamente, abraço esta forma de ser. Depois, da cultura
amigos, as grandes oportunidades para desenvolver a de Espanha, um país trabalhador e esforçado tanto como
minha carreira profissional aconteceram lá, nunca me o português, ibérico, com força. Aqui na Península temos
irei esquecer da possibilidade que tive de organizar no essa marca de esforço - tudo aqui é esforçado mas tem
Brasil um evento para a vinícola Torres, de Espanha, mais sabor - e também me identifico muito com esta
pois a partir daí nunca mais parei. O Brasil sempre me luta, esta força, este temperamento ibérico, que sentimos
deu possibilidades, abriu-me portas e não só na área de tanto em Portugal como em Espanha.
eventos e formação, aqui tive também a possibilidade de
criar aqui o Grupo de Altos Estudos e Degustação de Como gestor na área de exportação e trabalhando
Vinhos. A Argentina, um país que também me deu uma com vários mercados, considera que, no geral, Portugal
projeccão internacional muito importante e onde tenho está a trabalhar bem a forma como expõe e divulga os
muitos colegas e amigos, desde produtores a enólogos, seus produtos e o seu trabalho?
e aqui tive a sorte de conhecer pessoalmente grandes Esta é uma pergunta muito difícil porque Portugal está
mestres (Nicolas Catena, Susana Balbo e tantos outros) a trabalhar muito bem. Acabo de vir da Vinexpo, em
de um talento que não há como dimensionar, é imenso. França, e o stand português estava impecável. Há sempre
O Chile recebeu-me também com muito afecto, aqui uns pequenos deslizes, como em tudo, mas nada que
todos os dias foram de felicidade, é um povo muito acolhe- tire o brilho do trabalho da ViniPortugal, e noto sempre
dor e tenho de agradecer especialmente ao professor e que se o português se destaca pelo lado positivo, isso
mestre Alejandro Fernandez, que já foi presidente aqui é inegável. Mas, claro, sempre falta alguma coisa para
da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, que trabalhar melhor a marca do país. Portugal está a trabalhar
me recebeu na sua casa. Na verdade, já tive a sorte de ser muito bem, especialmente a Região dos Vinhos Verdes
recebido por grandes personalidades dos vários cantos ou a Região de Lisboa, há muito dinamismo mas é
do mundo. Em Espanha também, por Alvaro Palacios, necessário superar-se os “não”: não, não é possível; não,
por exemplo, e aqui em Portugal por enólogos portugueses é muito difícil; não, não está no regulamento. Portugal
excepcionais, que sempre me abriram as portas, como é um país que, segundo a minha opinião, e perante
Bernardo Lencastre, Hugo Mendes, Jorge Afonso, Romeu algumas coisas, exerce uma auto sabotagem o que não
Paiva, e tantos outros, pessoas que só me deram afecto e é bom. Para se conseguir alguma coisa há sempre um
respeito e que dedicaram o seu tempo para me receber problema burocrático e a primeira coisa que se diz é não.
e para me ensinar, e a quem realmente é uma palavra de Por exemplo, na Itália, a primeira coisa que se pensa é:
agradecimento que tenho de deixar. Neste percurso in- vamos resolver isto, como o vamos resolver, e resolve-se.
tenso e diversificado, só posso dizer que tenho gratidão, E não é uma questão de recursos, pois uma ideia tem um
é esta a palavra. poder enorme para se fazer milhões, está impregnado no
inconsciente colectivo português o “não” como garantido,
Das várias culturas e dinâmicas com que trabalha, a ideia que somos um país pobre e coitado, e penso que,
nesta área, com a qual mais se identifica? de alguma forma, isto atrapalha a performance de Portugal,
Aprendi muito de cada uma e de cada uma ficou algo a melhor performance do país, para expôr e divulgar os
gravado na minha personalidade. Do português, o ser produtos e a marca país, e precisamos de superar isto, e
franco e dizer as coisas sem rodeios, já sou quase um que o copo esteja, também aqui, sempre meio cheio.
português de essência. Do México, a delicadeza de dizer
sempre por favor, obrigado, de não perder a ternura e a Qual sente ser a percepção que se tem, “de fora”, do
paciência. Do Brasil, saber ter jogo de cintura, saber que mercado português?
as coisas podem ser de uma maneira ou de outra, nunca O mercado português é bastante conservador, é um pais
perdendo a alegria e não desistindo nunca. Tanto no que tem recursos financeiros bastante definidos. Quando
México como no Brasil, o copo está sempre meio cheio. temos um trabalhador que ganha de 700 euros a 1.000
Dos argentinos, o valor do esforço e que o resultado do euros mensais não dá para se sonhar com algumas coisas,
esforço é significado de sucesso. Dos chilenos, a capacidade a ter e a fazer, tornam-se luxos. Temos um mercado
de sonhar e de que nada é impossível, com os pés no bastante austero o que não implica que não haja fluxo de
chão e o olhar no céu, este é o limite. Da França, a classe dinheiro porque há muito turismo, e muito importante,
dos produtores, e aqui tive possibilidade de conhecer que dinamiza e revigora este mercado (pelo menos antes
grandes personalidades também, é onde se dá uma batata da pandemia). Então há muito futuro e não podemos
e se faz um banquete. Tal como na Itália, e hoje tenho a confundir o mercado interno com as possibilidades de
sorte de trabalhar com grandes vinhos das regiões mais Portugal. O que se percebe de fora é que ainda não é
prestigiadas deste país como os Barolo, algo que um mercado maduro, falta caminho para chegar a ser
consegui com muito esforço. Sou embaixador de marca maduro.

6 O Escanção, n°183 - 2022


Como escanção e formador de futuros escanções, formações aqui em Portugal que orientam para a expor-
como sente a profissão, neste momento, em Portugal? tação. Portugal tem uma excelente rede de associações,
E qual a motivação por parte de novos profissionais e privadas e mistas, que são realmente de valor único,
aspirantes a trabalhar no mundo do vinho? assim como seminários, webinars, onde as pessoas se
Tenho um ponto de vista muito critico em relação à podem começar a interiorizar das regras do jogo. Hoje,
profissão de escanção. Infelizmente, na minha opinião, o mercado, a exportação de vinhos está a atravessar um
em Portugal precisamos rever conceitos e profissionalizar período critico. Tem havido a pandemia que afectou o
mais as coisas. A própria Associação, na minha opinião, normal fluxo dos containers, e com grande parcela da
tem uma acção um pouco limitada. Dou o meu exemplo, população doente as forças do trabalho são afectadas,
já tentei realizar várias acções em colaboração e sempre criando inflação. Ou seja, se há dois anos uma garrafa
tive a mesma resposta, então penso que é hora de se faz- de vidro era fácil de conseguir agora é mais difícil, e
er uma revisão. Porque, desta forma, e tal como muitos conseguindo é por mais valor. Uma mercadoria que
outros profissionais, há pouca motivação a participar custava transportar 1.500 euros pode custar 15.000 e isto
mais, o que é uma pena pois há a paixão, há a força, há o traduz-se em custo, e quem deve pagar este custo final
networking que pode ajudar muito. Na realidade, sinto que será o cliente. Tudo isto é um problema, uma equação
há, de certa forma, um boicote a novas possibilidades. difícil de resolver. O conselho que deixo é o de estudar
A profissão, neste momento, é reflexo dos formadores muito, o escanção que quer trabalhar nesta área tem de
actuais, e se há formadores que não aderem a novas começar numa empresa de forte vocação exportadora, e
tecnologias, e se não se ultrapassam obstáculos e aqui em Portugal há inúmeras.
regulamentos, os profissionais que se estão a formar
serão assim também. É preciso uma revisão profunda Por agora, pretende continuar a desenvolver o seu
da profissão, que para mim é, hoje, uma profissão e não projecto pessoal nesta área da gestão e consultoria em
um nobre oficio. E portanto, também fazer com que particular ou, num futuro breve, gostaria de explorar
seja mais internacional, precisamos estar mais abertos. novos caminhos?
Faço abertamente uma crítica profunda à Direcção da O mundo atravessa uma situação particular, nunca
Associação, é a minha missão como profissional, por imaginaria que ia viver num século com líderes mundiais
não conseguir ajudar em nada e não conseguir fazer como os que temos hoje. Somando a pandemia a um
uma acção em conjunto. Por outro lado, penso que um contexto pré guerra, e já temos guerra na Ucrânia, é
escanção não pode só saber de vinhos e de bacalhau, tem uma preocupação imensa e que afecta todas as relações
de saber de trufas, de chocolate, de baunilhas, de queijos, comerciais, todas, todas, todas. Porque o panorama se
de cafés, de inúmeras coisas, de alta gastronomia, das torna imprevisível e assim não há como responder e
diferenças de caviar, de chás, de serviço. E não sinto saber quais serão os novos caminhos. Espero que sim,
esse interesse. Por vezes sinto que aqui, como dizem os que haja um caminho pois navegar sempre é preciso. Por
espanhóis na expressão “o perro del hortelano”, que “o enquanto, mantenho-me nesta área da consultoria e da
cão do hortelão não come nem deixa comer o seu amo”. exportação de vinhos e pretendo continuar por muito
Então, penso que falta muito na profissão, que gosto de tempo, é uma área que me dá muita felicidade, o contacto
chamar de sommelier. Em Portugal, é necessária uma com produtores, com vignerons, enólogos, sempre há
revisão profunda, porque mantém-se uma visão mais muita camaradagem o que é fantástico, é brutalmente
egoísta e limitada que se soma a uma formação básica lindo, e espero que me mantenha neste mundo sempre.
nas escolas de hotelaria. E a indústria está hoje a valorizar Um mundo que descobri há 20 anos atrás e onde me
mais quem tem um diploma numa WSET, como em mantive, e não sei se quero trabalhar com outras coisas.
Inglaterra, do que quem faz formação em Portugal. Tudo Hoje estou impregnado de vinho, nas minhas veias corre
isto vai deixar-nos mais longe da excelência. vinho e devo dizer que bebo muito pouco, degusto muito
e bebo pouco. Mas o vinho é a minha paixão e, como
Para escanções que tenham o objectivo de trabalhar disse antes, não vendo só vinhos, vendo emoções.
na área da consultoria e exportação, qual o caminho a
seguir? Que conselhos poderia deixar?
Trabalhar na área da exportação implica estudar muito.
É importante conseguir-se trabalhar numa empresa com
forte vocação exportadora. No meu caso, tive a sorte de
trabalhar como director comercial numa importadora
no México onde comecei a trabalhar nesta área e me
fui orientando. Implica estudar os regulamentos, o que
um determinado país solicita e porquê, as questões
alfandegárias, e há sempre coisas que são do nosso
domínio e outras não. No meu caso, eu procuro fechar a
venda e captar o importador, depois a parte alfandegária
é responsabilidade de outro agente, que o cliente escolhe
no seu país e quem trata da regulamentação, da certificação,
de tudo o que é necessário para colocar a mercadoria no
país, desde o porto de origem até ao destino. Há muitas

O Escanção, n°183 - 2022 7


REGIÕES DO MUNDO

Texto Diego Arrebola, Melhor Sommelier do Brasil por três vezes, e sócio no projecto EntreCopos
Fotos rawpixel.com

Vinhos no Japão
O Japão é uma nação muito particular. Os seus hábitos e a sua cultura, os livros, as
séries, a comida e tanto mais, hoje ocupam um espaço importante no imaginário popular,
com forte influência cultural nos povos de todo o mundo. Hoje, consumimos cultura,
comida e bebida japonesas, e, diga-se de passagem, em grandes quantidades.
Mas... e o vinho japonês?
Pois é, o Japão vai muito, muito além do Nihonshu (popularmente maturação adequada de uvas para vinho, até por conta do
conhecido como Sakê), com uma rica e antiga produção vitivinícola, facto que a sua localização reduz muito a influência de tufões
que data já de muito séculos, ainda que oscilando entre altos e chuvas. Assim, ainda que o número de horas de sol anuais
e baixos, por motivo de diferentes correntes e opções políticas; seja 33% menor, é possível a maturação adequada, sobretudo
vale citar, por exemplo, o período do Shogunato, quando os de castas mais adequadas a climas frios, resultando em vinhos
senhores feudais controlavam o país e tudo o que vinha de frescos e de acidez vívida.
fora, especialmente do então remotíssimo Ocidente, visto Mas falar de castas aqui no Japão é um capítulo à parte, tratando-se
como algo a ser evitado, inclusive o vinho. este de um país onde não reinam,
O Japão tem uma localização geográfica muito particular, necessariamente, as castas viníferas mais conhecidas. Ainda
exatamente entre a maior massa de água do planeta, o Pacífico, que aqui se encontrem cultivos de castas como Sauvignon
e a maior massa de terra, e Eurásia. Isso e outros factores fazem Blanc, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon
com que o clima local não seja exactamente convidativo à e Franc, entre tantas outras, os cultivos mais expressivos são
vitivinicultura, com frio intenso no Inverno, chuvas torrenciais de castas híbridas ou de mesa, mais adaptadas aos rigores do
na Primavera e a constante ameaça de tufões e tempestades. clima local. Das uvas de mesa ocupam os postos principais nos
Soma-se ainda a geologia local, com uma paisagem sobretudo vinhedos japoneses a local Kyoho e a americana Delaware, que
montanhosa e íngreme, onde os poucos pedaços de terra ainda que direccionadas principalmente ao consumo in natura,
relativamente plana e fértil são valorizados e disputados para a são também utilizadas na produção de vinhos, mas simplórios.
produção de alimentos. A casta híbrida de melhores resultados é a Muscat Bailey A,
Mas nada disso impediu que o Japão desenvolvesse uma criada aqui mesmo. Quando bem trabalhada produz tintos
indústria do vinho hoje pujante e dinâmica, onde pesquisa e decentes, ainda que carentes de profundidade. Mas a principal
tecnologia caminham lado a lado com a tradição, na procura uva é uma Vinífera, a Koshu.
pela produção de mais e melhores vinhos. As menções a Koshu são antigas, de séculos, o que levou
A vitivinicultura moderna tem o seu início ainda no final mesmo à afirmação que seria uma casta autóctone, que surgiu
do século XIX, com os dois maiores nomes da produção de ali em território japonês. No entanto, pesquisas genéticas mais
vinhos e bebidas nacionais, as centenárias Suntory e Mercian, a cuidadosas indicam que a sua origem é europeia, mesmo que
surgir nessa época. O “berço” e, ainda hoje, centro da produção não seja possível determinar com precisão de onde nem a partir
nipónica é o município de Yamanashi, relativamente próximo de quais castas. A hipótese mais provável é que tenha sido
de Tóquio, nos arredores do monte Fuji, o mais destacado e trazida por mercadores, através da rota da seda, num passado
reconhecido cartão-postal do país. Aqui, as condições de clima distante. As suas uvas de casca rosada são saborosas, grandes
mais seco e menos nublado permitem o cultivo de frutas, e doces, fazendo com que a Koshu tenha sido sempre muito
inclusive de uvas, em grande parte ainda consumidas in natura. cultivada como uva de mesa, mas o trabalho cuidadoso de
Mas hoje a produção é muito mais difundida por todo o país, tantos e tantos produtores têm permitido a produção de vinhos
com vinícolas a trabalhar em 45 dos 47 municípios que com- cada vez melhores, mais limpos e focados, com deliciosa acidez.
põem o Japão. Há versões com e sem madeira, além de, e cada vez mais
O arquipélago que compõe o país tem grande extensão de frequentemente, versões maturadas sobre as borras finas, para
Norte a Sul, o que faz com que haja uma grande variação uma maior complexidade e textura de boca.
climática. Adicione-se o relevo montanhoso a esta fórmula e Prontos para encontrar, muito em breve, o Japão nas melhores
temos os ingredientes para a composição de uma quantidade cartas de vinhos?
infinita de terroirs, cada qual com o seu distinto microclima,
do subtropical ao frio.
Hoje, a segunda região de maior importância é Nagano, localizada
ao Norte de Yamanashi e com similaridades climáticas. Até
pela proximidade, além da menor susceptibilidade às chuvas
intensas, a região tem atraído importantes investimentos.
Outra região que chama atenção e que merece destaque é
Hokkaido; a ilha mais ao Norte do arquipélago.
Hokkaido, a priori, seria muito fria para o cultivo, porém as
mudanças climáticas têm vindo a permitir, cada vez mais, a *Diego Arrebola
(Sommelier, por três vezes campeão no Brasil e sócio no projecto EntreCopos)

8 O Escanção, n°183 - 2022


VINHOS À PROVA: LANÇAMENTOS/NOVIDADES

Mantemos o formato diferente da nossa rubrica original Vinhos À Prova continuando a


divulgar vinhos dos nossos associados que estejam a ser lançados, no momento, ou que
sejam novidade. De várias regiões vitivinícolas do país, numa nova selecção a conhecer.

Monólogo Avesso 2021


A&D Wines
Feito a partir da casta nativa desta
Talhas de Borba Branco 2021
região, é um vinho com carácter, que
Adega cooperativa de Borba, CRL.
se revela fino na boca, acompanhado por
Apresenta uma cor limão maduro,
uma acidez agradável e bem integrada.
aroma e sabor a ‘casta’, frutado a
De perfil cítrico e vegetal, apresenta
marmelo, com harmonia suave ao
no nariz notas de limão, tangerina
palato. Com uma edição limitada a
e frutas de caroço, nomeadamente
700 garrafas e com teor alcoólico de
alperce. No palato mostra-se equili-
12% vol., este vinho é vocacionado
brado e fresco, com excelente acidez
para acompanhar petiscos e pra-
complementada por uma sensação
tos gastronómicos, bem típicos da
cítrica e mineral. A fruta bem presente,
região do Alentejo.
ainda que delicada, completa este
PVP: € 6,50
conjunto leve, mas estruturado.
www.adegaborba.pt
PVPR: € 8
https://www.andwines.pt/pt/content/
vinhos

Monólogo Avesso 2021


Talhas de Borba Tinto 2021
A&D Wines
Adega cooperativa de Borba, CRL.
É um vinho com boa estrutura, aromas
Em simultâneo, é também lançada
delicados e acidez bem integrada.
a nova colheita do Talhas de Borba
No nariz, revela notas de tomilho,
Tinto. Um vinho da colheita 2021
lima e flor de laranjeira. Na boca
que apresenta uma cor granada,
apresenta bom volume conjugado com
aroma e sabor a frutos vermelhos
uma acidez viva, que se mantém do
maduros com muita frescura, que
início ao fim da prova, conferindo
persiste com macieza de forma
estrutura e precisão ao conjunto.
longa.
PVPR: € 8
PVP: € 6,50 https://www.andwines.pt/pt/content/
www.adegaborba.pt vinhos

10 O Escanção, n°183 - 2022


Monólogo Chardonnay 2021
A&D Wines
Com um perfil complexo e elegante.
Muito fresco no aroma, sobressaem
notas vegetais como erva-doce e
fisálias. Na boca evidencia fruta
verde, pêra-rocha e pedra molhada, Dona Julieta Reserva VRAlenteja-
num conjunto pleno de frescura e no Tinto 2019
vivacidade, a acidez conferindo ao Adega José de Sousa / José Maria
vinho comprimento de boca. da Fonseca
PVPR: € 8 De cor rubi, o Dona Julieta revela
https://www.andwines.pt/pt/content/
aromas a frutos pretos, ameixas
vinhos
confitadas, chocolate e madeira bem
integrada. Na boca, apresenta-se macio,
mas longo e bem estruturado, com
um final de boca muito agradável e
distinto.
PVPR: € 8,99
www.jmf.pt
www.global-press.com

Monólogo Sauvignon Blanc 2021


A&D Wines
Já o Monólogo Sauvignon Blanc
2021 tem um perfil requintado, que
revela frescura e um aroma complexo.
Exuberante no nariz, evidencia
uma vertente vegetal com notas de
espargos, ervas frescas e pimento Ameal Loureiro DOC Verde
verde. Na boca, a acidez empresta Branco 2020
verticalidade ao bom volume de Esporão, S.A.
boca num conjunto bem expressivo De cor clara e citrina, apresenta
e refrescante. grande intensidade aromática dominado
PVPR: € 8 pelos frutos cítricos e alguns aromas
https://www.andwines.pt/pt/content/ florais. Na boca é vibrante e equilibrado,
vinhos com um final fresco e persistente. Irá
evoluir bem durante os próximos 15
anos.
PVP: € 9
http://www.esporao.com/
http://www.maisdevagar.com
www.global-press.com

O Escanção, n°183 - 2022 11


Porco Bravo Reserva VRAlenteja-
no Tinto 2019
Adega José de Sousa / José Maria
da Fonseca
Com uma cor rubi, o Porco Branco
Reserva apresenta aromas a figos
secos, chocolate e tabaco de charuto, Capela da Atela Aguardente Velhís-
especiarias e uma fruta madura sima XO 20 Anos
típica da região. O paladar revela Quinta da Atela
notas de tabaco de charuto com Segundo António Ventura, enólogo da
taninos finos e aveludados, mas com Quinta da Atela, esta é uma aguardente de
boa estrutura e uma acidez muito grande nobreza, com uma cor âmbar
equilibrada. O seu final de boca é profunda e evidência de notas de
longo, rico e elegante. frutos secos e especiarias finas, no
PVPR: € 9,99 nariz. Na boca, é sedosa e envolvente,
www.jmf.pt com um final longo e de enorme
www.global-press.com persistência. Ideal para complementar
o final de uma refeição com todo o
requinte e prazer. Deve ser servida,
de preferência, em copo de balão e a
uma temperatura entre os 16 e 18ºC.
PVPR: € 196,80
JOANAPRATAS Consultoria
em Comunicação joanapratas@
joanapratas.com

Quinta do Pessegueiro
Porto Branco Leve Seco 2020
Quinta do Pessegueiro
A Quinta do Pessegueiro, um projeto
incontornável da Região Demarcada
do Douro, em Ervedosa do Douro,
São João da Pesqueira, apresenta o
Porto Branco Leve Seco. Este Quinta Esporão Reserva Tinto 2019
do Pessegueiro Porto Branco Leve Esporão, S.A.
Seco apresenta cor palha, com Produzido através da combinação
aromas de laranja e toranja e é muito das castas Aragonez, Trincadeira,
fresco. Syrah, Touriga Nacional, Touriga
PVP Garrafa 500ml: € 14,90 Franca, Cabernet Sauvignon e
https://www.quintadopessegueiro. Alicante Bouschet, este tinto revela
com/ notas de amoras pretas, noz-moscada,
alcaçuz e uma nuance de pimenta
preta. De cor rubi intenso, mostra-se
rico e complexo na boca, onde
predominam notas de fruta preta
madura e especiarias. O seu final
apresenta-se persistente.
PVP: € 20
www.global-press.com

12 O Escanção, n°183 - 2022


VINHOS À PROVA

Nas páginas dedicadas às provas, encontrará uma lista ordenada por


classificação pelo nosso painel de escanções.
Câmara de provadores

Artur Caldas Joaquim Santos Manuel Miranda

Manuel Moreira Tiago Paula

Presidente da Comissão Técnica

Artur Caldas

Coordenadora das provas

Ana Branco

Assistência nas provas

José Gonçalves e Sara Esteves

TABELA DE CLASSIFICAÇÃO TABELA DE PONTUAÇÃO TABELA DE TEMPERATURA


DOS VINHOS PROVADOS (SELOS) DE CONSUMO

Tambuladeira de Ouro: Aguardentes 14/16ºC


Extraordinário: 97,5 a 100 (vinho superior
de alto nível qualitativo) Classificação entre 90 e 100 Tintos Jovens 12/14ºC
Excelente: 87,5 a 97 (vinho de grande Tambuladeira de Prata:
Classificação entre 85 e 89 Vinhos Brancos c/madeira, Alvarinhos
qualidade e classe)
Muito Bom: 82,5 a 87 (vinho de muito boa qualidade) Tambuladeira de Bronze: e Generosos 10/12ºC
Bom: 75 a 82 (vinho que se apresenta com qualidade) Classificação entre 80 e 84
Vinhos Brancos e Licorosos Bran-
Simples: 67,5 a 74,5 (vinho que se apresenta correcto e sem
grandes virtudes) TABELA DE CLASSIFICAÇÃO (PREÇOS) cos 8/10ºC
Aceitável: 50 a 67 (vinho sem defeitos e simples)
Clássicos: até €5 Vinhos Espumantes 6/8ºC
Sem qualidade: <50 (vinho que não
Premium: até €15
se encontra em condições de consumo) Vinhos Rosés 10ºC
Super Premium: até €30
Ultra Premium: a partir de €30 Vinhos Tintos 16/18ºC

O Escanção, n°183 - 2022 13


VINHOS PROVADOS PELO NOSSO PAINEL DE ESCANÇÕES

Os vinhos provados pelos escanções são sujeitos ao cumprimento do regulamento


do IVV (Instituto da Vinha e do Vinho). A atribuição da Tambuladeira (Ouro/Prata/
Bronze) só pode ser dada até um máximo de 30% dos vinhos provados.

CLÁSSICO Adega de Borba Premium DOC Alentejo


Rosé 2019
Adega Cooperativa de Borba, CRL.
Cor olho de perdiz. Refinado de aroma.
Fruta vermelha elegante, temperada com
Património VRLisboa Branco 2020
suaves tostados e especiarias. Flores secas.
Bonifácio Wines
Na boca é delicioso, feito de envolvência
Cor palha aberto. Impecável a vivacidade de
e clara impressão de frescura que tudo
aroma, mesmo com alguma simplicidade.
harmoniza. O final dá continuidade, sempre
Polido nos tons cítricos e fruta de caroço.
em crescendo e a durar.
Ligeiro e macio na boca, acidez vivaz,
PVP: € 6
estímulos tropicais bem cúmplices com o
tempo acalorado. Senses Syrah VRAlentejano Tinto 2019
PVP: € 4,50 Adega Cooperativa de Borba, CRL.
Cor carmim médio. Possui fruta de qualidade,
negra e subtil geleia, no aroma. Seguem-se
as sugestões a ervas aromáticas secas, especiarias
e agradável tostada a café e cacau. Na boca,
Património VRLisboa Tinto 2019 revela extracção no ponto, corpo bem
Bonifácio Wines provido de fruta em sintonia com largos e
No nariz, sobressai o estilo e a frescura da firmes taninos. Final de boca persistente,
ameixa preta e a alguma groselha e os tons, num diálogo perfeito entre poder com
subtis, a vegetal. Na boca, impera a frescura elegância.
de sabor da boa fruta, a leveza e taninos vivos, PVP: € 6,50
tudo harmonioso e de natural empatia com Senses Touriga Nacional VRAlentejano
gastronomia variada. Tinto 2019
PVP: € 4,50 Adega Cooperativa de Borba, CRL.
Tonalidade violácea intensa. Intenso na expressão
aromática a fruta silvestre madura, ameixa
preta e sugestões florais culminando em
fumados a lembrar grafite. Bem estruturado
PREMIUM na boca, taninos de qualidade ainda com
certo vigor, frescura de sabor, pleno de
fruta que se estende pelo final de bastante
qualidade.
PVP: € 6,50
Opta DOC Dão Branco 2021 (Vegan)
Opta Wine Senses Petit Verdot VRAlentejano Tinto 2017
Cor palha aberto. Fresco e fino de aroma, Adega Cooperativa de Borba, CRL.
recatado na intensidade, tons cítricos e Cor intensa. No aroma mostra certa
ervas aromáticas junto com algum tropical. opulência e profundidade. Rico e cheio de
Na boca impera o balanço entre a fruta fruta de bagas negras, distintivo e até fresco.
delicada e a frescura de sabor, acidez de Boa sensação a mentolados em união com
limão que o tornam bem convidativo. tostados. Corpo médio a elevado na boca,
PVP: € 5,20 taninos maduros e firmes, mas tudo a resultar
elegante, e de largo final de boca.
PVP: € 6,50

Gandarada DOC Dão Branco 2021 (Vegan) Quinta do Estanho Colheita Superior DOC
Sociedade Agrícola Boas Quintas, Lda. Douro Tinto 2019
Cor amarelo limão aberto. Muita vivacidade Quinta do Estanho – Vinhos do Porto e Douro, Lda.
e frescura nos aromas a lima limão, maçã e Cor carmim. Nariz de fruta bem madura,
sugestões florais sem cair em excessos. expressiva, leve nota de cacau e alguns tost-
Corpo leve, combina na perfeição a frescura ados. Boca redonda de notória estrutura, no
com elegância num equilíbrio simplesmente ponto, taninos macios e palato bem rechea-
irresistível. Polivalente. do de fruta e frescura. Final com especiarias
PVP: € 5,10 de belo recorte que dá prazer a beber.
PVP: € 6,99

14 O Escanção, n°183 - 2022


Montes Claros Reserva DOC Alentejo Esporão Reserva DOC Alentejo Tinto 2019
Tinto 2019 Esporão, S.A.
Adega Cooperativa de Borba, CRL. Cor carmim compacto. Nariz é intenso,
Cor carmim. Nariz elegante e de sugestivo harmonioso e profundo, composto de fruta
sentido de riqueza através da qualidade, negra e vermelha conjugada com fumados,
intensidade e maturidade certeira da fruta,
balsâmicos e especiarias. Encorpado, mas
90 especiaria e sugestões balsâmicas. Na boca
tem corpo amplo e texturado, ainda assim
fino na boca, taninos largos ainda de certa fresco e que impressiona pelo tanino muito
robustez. Final rico e fresco, tons balsâmi- aveludado, mas firme a dar excelente amplitude.
cos e barrica muito bem fundida. Um tinto Bastante gastronómico.
bastante gastronómico. PVP: € 20
PVP: € 8,50

Adega de Borba Reserva DOC Alentejo Quinta dos Murças Reserva Vinhas Velhas
Branco 2019 DOC Douro Tinto 2016
Adega Cooperativa de Borba, CRL. Esporão, SA | Murças, S.A.
Cor palha. Nariz sofisticado a combinar Nariz amplo e rico, alguns fumados de
barrica envolvendo a fruta bem madu-
tons tropicais em sintonia com especiarias
e ligeiro tostado. Fresco na boca, ao mesmo
90 ra, amoras negras e ameixa preta. Muita
tempo aveludado, muito afinado e saboroso, solidez num corpo de porte cheio e amplo.
acrescido pelo notório final de boca. Taninos presentes, bastantes, mas maduros
PVP: € 9,99 e sedosos. Longo e distinto final de boca.
PVP: € 22,20

Quinta dos Murças Minas DOC Douro


Tinto 2018 Ameal Reserva DOC Verde Branco 2019
Esporão, SA | Murças, S.A. Esporão | Quinta do Ameal, S.A.
Cor rubi intenso. Requintado, fruta madura, Cor amarelo limão. Rico e elegante no aroma.
bagas negras, fundo floral, boa estrutura Revela complexidade feita da relação fruta
de boca, corpo médio com recheio de
90 cítrica, suave floral e sugestivas notas de
fruta, taninos macios e amplos. Frescura e barrica. Leve na boca, mas muito estruturado,
agradável acabamento. acidez viva e bem integrada no conjunto,
PVP: € 12,50 é um branco de belo nível, afirma-se pelo
comprimento e longo final de boca.
Quinta do Estanho Reserva DOC Douro PVP: € 25
Tinto 2018
Quinta do Estanho – Vinhos do Porto e
Douro, Lda. Património Colheita Seleccionada
Fruta madura, ligeira compota envolta em VRLisboa Tinto 2017
elegantes especiarias doces, cacau, café, Bonifácio Wines
tudo muito afinado e integrado. Envolvente Cor carmim. Nariz rico de fruta madura
e sólido na boca, bons taninos, com alguma bem agradável, ameixa e amoras, alguma
secura, mas em geral bem assimilados pela especiaria que lhe dá finura e elegância.
generosidade do corpo e da fruta. Final de Redondo, volumoso na boca, concentrado
qualidade. na fruta e muito polido de taninos. Final de
PVP: € 14,99 boa extensão, persistente.
PVP: € 15,50
SUPER PREMIUM
Gandarada Veni, Vidi, Vici DOC Dão Avidagos Extinto Alvarelão Blanc de
Tinto 2017 Noirs DOC Douro Branco 2020
Sociedade Agrícola Boas Quintas, Lda. Quinta dos Avidagos, S.A.
Cor granada de bela dimensão. Perfumado Cor palha aberto. Mostra finura e distinção
no aroma que é rico e cheio de fruta envolta no aroma feito de fruta citrina e caroço,
91 em tons de café, tostados, balsâmico. Profundo. rematando em nuances minerais a lembrar
Intenso e cheio na boca, taninos de boa pedra lascada. Boca de boa estrutura, com
compleição, polidos, frescura de sabor e acidez e nervo, muito vivo e saboroso. Final
perfeito de acidez. Longo final de boca, de é alongado e apelativo.
contemplação e sedução. PVP: € 18
PVP: € 20

Quinta do Estanho Grande Reserva Vinhas Avidagos Mesmo Tinto Alvarelão DOC
Velhas DOC Douro Tinto 2018 Douro Tinto 2020
Quinta do Estanho – Vinhos do Porto e Douro, Lda. Quinta dos Avidagos, S.A.
Cor rica, de aroma intenso e de alguma Bem aberto de cor. Perfumado de fruta
90 complex idade. Boa carga de fruta silvestre,
ameixa preta, especiarias finas e algum balsâmico de
silvestre com apontamentos florais, pleno
fundo vegetal. Estrutura ampla e firme na boca, de frescura e irresistível. O sabor junta
bastantes taninos que, apesar do nível de integração, graciosidade, leveza e vivacidade, bem
ainda se destacam. O final é amplo, seco e com distintivo e a revelar acerto total a lidar
evidente persistência. O tempo ajudará no melhor
casamento. Ou case-o já, com bom estufado. com sabores de terra e de mar.
PVP: € 19,99 PVP: € 18

O Escanção, n°183 - 2022 15


VINHOS ANTIGOS

Uma selecção de vinhos que vivem mais anos do que outros, mantendo as suas qualidades
com a evolução obtida - apresentam boa limpidez, cor com boa concentração, e, no
aroma e no palato, continuam a fazer sentir.

Quinta do Tamariz Loureiro Grande Escol-


Aurius “VREstremadura” Tinto 2004
ha DOC Verde Branco 2015
Quinta do Monte D’Oiro
Sociedade Agrícola da Quinta de Santa
Cor granada compacto. Percebe-se logo que
Maria, S.A.
requer arejamento. Aos poucos revela a boa
Cor amarelo limão de brilho dourado. Fino,
amplitude, ainda cheio de vida, num misto
fresco nos aromas a cítricos e raspa seca de
94 de têmpera e elegância. Fruta madura,
balsâmicos, floresta, tabaco, entre outros.
90 limão, alguma fruta de caroço. Apesar de
delicado percebe-se bem a forte personalidade.
Largo na boca, corpo médio, notável de
Já na boca tem notável vivacidade, é leve,
frescura, taninos bastante presentes mas
de frescura penetrante e vertical, sempre
resolvidos, e um final de boca longo, rico
muito limonado e com final de qualidade e
e pronto para grandiosas empreitadas
persistente. A beber sem receio.
gastronómicas.
PVP: € 4,50
PVP: € 24

Adega de Borba Garrafeira DOC Alentejo Senhor das Almas “VREstremadura”


Tinto 2012 Tinto 2000
Adega Cooperativa de Borba, CRL. Bonifácio Wines
Cor granada cheio. Aroma profundo, pleno Cor granada de tom acastanhado. Primeiro,
de riqueza e sofisticação. Fruta madura, algo renitente, em seguida foi abrindo,
especiarias e belas notas balsâmicas da ainda, pleno de integridade. Mais especiarias,
evolução de garrafa. Profundo, mas fino tostados e chão de floresta adiante da
na boca, taninos já bem sedosos e uma frescura da fruta de bagas vermelhas. Bem
irrepreensível frescura de estilo, numa composto na boca, seco, estrutura firme,
sequência de sedutora complexidade. corpo médio, acidez viva e persistência
Para momentos especiais. bastante presente. Dá, ainda, prova e prazer
PVP: € 21,12 bastante meritórios.
PVP: € 11

VINHOS BAG-IN-BOX

Por fim, a prova de uma selecção de vinhos Bag-in-Box, uma modalidade que é já tendência
pela sua versatilidade, por ser muito mais económico e fácil de transportar. A sua qualidade
é boa, existem vinhos Bag-in-Box para vários perfis, todos com a qualidade exigida. Aqui,
também os preços variam mas sem exagero.

*Pela qualidade superior dos vinhos em prova, a Associação dos Escanções de Portugal distingue os vinhos que obtiveram 90
pontos com medalha de Qualidade, entregando-lhes um Selo de Qualidade. Carimbado pela Associação na sua “embalagem”,
uma forma do produtor atestar a qualidade do seu vinho.

(Bag-in-box) Terras do Cartaxo DOC Do Tejo Tinto 2020


Adega Cooperativa do Cartaxo, CRL.
Cor granada de médio porte. Bastante fruta madura no
90 aroma, envolto em tons de especiarias. Virtuoso e agradável.
Enche a boca com suculência da fruta, é envolvente, mas
firme. Sugestão a especiarias que adiciona alguma riqueza.
Harmonioso e a dar prazer.
PVP: € 13,40

16 O Escanção, n°183 - 2022


Os restantes vinhos Bag-in-Box aos quais não é atribuído o Selo de Qualidade, revelam
também grande qualidade e atributos competitivos.

(Bag-in-box) Cerejeiras
VRLisboa Tinto
Companhia Agrícola do
Sanguinhal, Lda.
Cor granada aberto. Nariz
de semblante apelativo pela
fruta vermelha e a envolvente
floral, traduzindo-se em
87 frescura e satisfação. Corpo (Bag-in-box) Terras de
médio no ponto, macio, a Baco VRAlentejano Tinto
boa acidez dá-lhe jovialidade Adega de Portalegre Winery
e harmonia. Um parceiro – APW, Lda.
seguro e polivalente da Cor granada. Aroma
mesa petisqueira. agradável na expressividade
PVP: € 9,50 de fruta vermelha madura,
morango e alguma groselha.
85 Bem afinado. Macio e
envolvente na boca, sabor
e frescura e mesmo alguma
persistência, a suficiente,
(Bag-in-box) Cerejeiras para dar boa conta nas ocasiões
VRLisboa Branco em mesa petisqueira.
Companhia Agrícola do PVP: € 9,50
Sanguinhal, Lda.
Cor palha aberta. Intenso e
fresco de aroma com alguma
fruta de caroço, floral
86 cítrico e ervas aromáticas.
Corpo leve, bem elevado
pela frescura e pelo sabor
frutado, sumarento e muito (Bag-in-box) Olaria
equilibrado. VRAlentejano Tinto
PVP: € 6,50 CARMIM
Aberto de cor. Aroma limpo,
ameno, fruta vermelha e
alguma geleia em acertada
85 afinação. Boca suave, revela
equilíbrio simples e delicado,
fresco e convivial.
PVP: € 8,49
(Bag-in-box) Olaria
VRAlentejano Branco
CARMIM
Cor palha aberto. Recatado,
subtil e fresco de aroma,
ajustado no toque tropical
e fruto de caroço. Macio
85 e redondo na boca, fresco
o bastante para assegurar
equilíbrio. Simples e
saboroso o suficiente para (Bag-in-box) Bonifácio
consumo descomplicado. IVV 117
PVP: € 8,49 Bonifácio Wines
Cor rubi aberto. Discreto
de aroma, mas certeiro
na presença frutada suave
84 e simples, sem perder
afinação. Macio e suave
na boca, tudo polido, de
frescura adequada em corpo
médio. convivial.
PVP: € 10

O Escanção, n°183 - 2022 17


VINHOS À PROVA: ARINTO

Vinhos com a casta Arinto


Texto Manuel Moreira
Encontra-se em quase todo o lado - a Arinto é uma das castas brancas mais cultivadas em Portugal, ocupando o 3º lugar
em área de plantação com 57.780 hectares, o equivalente a 3% da área total. Segundo o professor Virgilio Loureiro, na obra Guia
Repsol 2002/2003 “Os Melhores Vinhos de Portugal”, a Arinto é uma casta genuinamente portuguesa, de longas tradições, já
conhecida dos monges agricultores do Mosteiro de Alcobaça, e segundo o mesmo especialista, Vicêncio Alarte já a descrevia em
1712, no primeiro tratado de viticultura escrito em Portugal nos seguintes termos: as uvas arintas são de excelente qualidade,
porque são boas para comer, fazem o melhor vinho, fructificam com abundância, e são tão fortes que resistem a todo o tempo…
Esta descrição soa tão actual que parece saída de qualquer escrita dos dias de hoje.

Ao estar por tantos sítios, é fácil de imaginar que a casta se ambienta, sem grande dificuldade, a variadas condições. Na
verdade, pese embora algum risco de uma certa generalização, a casta Arinto adapta-se com facilidade a todos os terrenos e
com bons resultados. Mas é nos solos calcários e ácidos, fundos e húmidos, bem drenados, que origina os vinhos de maior
distinção.

Em Bucelas, bem perto de Lisboa, é onde a Arinto, usufruindo da influência atlântica e dos contrastes climáticos das manhãs
húmidas e enevoadas às quais se sucedem as tardes soalheiras, atinge o perfeito equilíbrio entre os ácidos, os açúcares e os
aromas. Aqui atinge o seu expoente máximo, de personalidade e temperamento, que lhe deu, ao longo dos tempos, bastante
prestígio. Era o vinho de Bucelas aristocrático que enche de orgulho o vinhateiro, e constitue a glória dos seus torrões, como
disse António Augusto de Aguiar. Para além do prestígio obtido em Bucelas, esta localidade é apontada como sendo o berço
da casta, tal como diz a obra, “A Alma dos Vinhos de Lisboa”, onde se escreve: estudos genéticos realizados ao ADN da casta
Arinto indiciam que o seu solar de origem é Bucelas. Não esquecer o contributo dos solos argilo-calcários que contêm
sedimentos marinhos e completam a conjugação de factores, reflectidos na forte identidade dos Arintos de Bucelas.

A casta Arinto dá origem a vinhos vibrantes, de elevada acidez, de intenso poder refrescante e bom potencial de guarda,
como demonstrado por algumas das amostras provadas nesta edição. A acidez firme é mesmo o principal bilhete postal
da Arinto, que a tem levado ao papel de benfeitora e melhoradora em muitas regiões portuguesas, em inúmeros lotes e em
combinações com outras castas. Não se espere dos vinhos produzidos a partir de Arinto que nos possam conquistar pela
intensidade ou exuberância aromática. Aromaticamente, é reservada, guardando um certo recato. Nela identificamos as
sensações a maçã verde, lima, limão e, não raras vezes, impressões de perfil vegetal.

A polivalência enológica é outro dos seus “talentos”. Dos vinhos ligeiros e de carácter jovial até aos vinhos mais aprimorados
e ambiciosos de complexidade elaborados com recurso a fermentação ou estágio em barrica, a casta Arinto limita-se a encarar essas
diferentes interpretações de forma natural e meritória. Em muitos dos vinhos, nos melhores exemplos, eleva-os a patamares
de topo onde estes ombreiam com os grandes do país.
A Arinto é caso sério na aptidão como vinho de base perfeito para a elaboração de espumantes, pela elevada acidez e recato
aromático. Mas não se fica por aí. Entretém-se, numa audaz exibição de polivalência, a dar origem a vinhos de sobremesa,
vinhos doces no formato de colheita tardia.
Há quem a considere a grande casta branca portuguesa. Qualidade, distinção, polivalência e a sabida capacidade de envelhecimento
de muitos dos seus vinhos constituem-se argumentos de indiscutível força e fundamento.
Nesta edição fomos surpreendidos pela altíssima qualidade dos produtos em prova. A pontuação é inequívoca, muito renhida
pela qualidade.

Beba com moderação.

*Tal como num concurso reconhecido pelo Instituto da Vinha e do Vinho – IVV, o número de medalhas derivado desta
prova esteve limitado a 30% dos vinhos mas a equipa de jurados foi surpreendida pela alta qualidade dos vinhos sendo que
os destacados com Tambuladeira de Ouro obtiveram acima de 91 pontos. Pela qualidade superior dos vinhos em prova,
a Associação dos Escanções de Portugal decidiu distinguir igualmente os vinhos que obtiveram 90 pontos,
entregando-lhes um selo de qualidade. Carimbado pela Associação na sua garrafa, uma forma do produtor atestar a qualidade
do seu vinho.

18 O Escanção, n°183 - 2022


Em destaque os medalhados
TAMBULADEIRA DE OURO
Marquês do Marialva Grande Reserva Adega Mãe IG Lisboa 2018
DOC Bairrada 2015 AdegaMãe Sociedade Agrícola Lda.
Adega de Cantanhede, Lda. De cor amarelo-pálido. Nariz de aroma rico
De cor amarelo médio, aroma de boa intensidade e fino, pleno de definição, frescura e
e riqueza, a sobressaírem os tons florais, os profundidade. Alia de modo excelente o
limão maduro à frescura herbácea abrilhantado
93 citrinos frescos e desidratados e a fruta de
caroço. A sensação de barrica bem fundida
91 de tons minerais e ligeiro querosene. Muito
no conjunto. Boca de médio corpo, mas fresco na boca, rico e estruturado, elegante,
sumarento, sem peso, acidez vibrante que a acidez muito bem fundida no frutado, a
faz brilhar a frescura juntamente com o lançar-se num final persistente, de qualidade
frutado, que perdura no longo final. Belo e distinção.
vinho! PVP: € 8,45
PVP: € 18,90

Casa do Paço Reserva Vinhas Velhas


Quinta Várzea da Pedra DOC Óbidos 2019 VRMinho 2020
Quinta Várzea da Pedra, Lda. Quinta De Paços - Sociedade Agricola, Lda.
De cor amarelo limão, boa intensidade de De cor amarelo brilhante. Fruto maduro,
aroma, indica já certa complexidade. Maçã, ligeira geleia, barrica fina, flor de limoeiro,
limão e toranja, raspa seca de limão, ameixa 91 limonados, sofisticado. Estruturado na
92 e sugestão a querosene. Boca de bela estrutura boca, suculento, cheio de sabor e intenso
e vigor, acidez viva, assimilada pela textura na frescura ácida, vibrante, final de boa
e presença frutada. Persistente. profundidade. Bastante persistente.
PVP: € 11 PVP: € 12

Quinta do Rol “VRExtremadura” – Lisboa 2006


Sociedade Agricola Quinta do Rol, Lda.
Morgado de Bucelas Cuvée Bucelas 2020
Tonalidade acobreada viva. Aromas muito
Sociedade Agrícola Boas Quintas
sui generis, reivindicando paciência. A
De cor amarelo. No aroma mostra riqueza,
evolução tomou conta do vinho, mesmo
delicadeza e alguma complexidade apesar
assim, perseverante de energia e vitalidade.
da juventude. Frutado, com ameixa branca,
92 Cítricos secos, alguma compota, marmelo, e
uma certa lembrança a malte e toque lácteo
91 cítricos e ligeiro biscoito. Estruturado na
boca, aveludado e com muita vivacidade,
(queijo). Na boca mostra-se cremoso, acidez
final alongado, rico e muito persistente.
íntegra e decisiva como esteio de toda a
Elegante. Promete boa guarda.
estrutura. Belo final de boca, especiados e
PVP: € 12,80
tostados. Vinho mais de beber que provar!
PVP: € 14

Herdade de São Miguel Esquecido


Quinta dos Avidagos Reserva DOC Douro 2019 VRAlentejano 2020
Quinta dos Avidagos, S.A. Casa Relvas
De cor amarelo. Os citricos maduros, a fruta No aroma revela intensidade e amplitude.
de caroço e o subtil herbal, envoltos por Reúne boa presença a fruta citrina, floral
especiarias e ligeira tosta asseguram riqueza perfumado, cardamomo e ligeiro biscoito.
92 e profundidade no aroma. Belo porte na 91 Na boca domina a estrutura firme e
boca, texturado, prevalece a frescura e até sumarenta, retilínea de acidez a projectar
alguma tensão que deixam a boca sempre persistência de muita qualidade, rica ainda
activa. Longo no final de boca. Dá prazer a em desenvolvimento. Promessa de boa
beber já, mas sugere boa guarda. guarda.
PVP: € 18 PVP: € 15

Casa Santos Lima OAK AGED Mundus Colheita Seleccionada


VR Lisboa 2019 VRLisboa 2019
Casa Santos Lima Adega da Vermelha
De cor amarelo-pálido. Aroma fino e de boa Os citrinos, nas sensações a lima, limão e
intensidade, cativante no apelo floral, limão toranja, pontificam soberanos pelo aroma.
91 e toranja, e tropical bem doseado. Na boca, 90 Bem definidos e apelativos. Boca de médio
frescura é a palavra de ordem. Leve, mas corpo, boa substância de fruta a dar suporte
firme, saboroso e mesmo suculento e de boa ao ambiente geral de frescura ácida que o
extensão de sabor. Apetecível e com bons caracteriza. Saboroso e bem harmonioso.
detalhes. PVP: € 4,07
PVP: € 7,50

O Escanção, n°183 - 2022 19


Quinta do Carneiro DOC Alenquer 2018 Quinta do Rol Coleção VRLisboa 2015
Sociedade Agrícola do Carneiro, Lda. Sociedade Agricola Quinta do Rol, Lda.
De cor amarelo aberto. Requintado e fresco, De cor amarelo intenso. Sente-se a
de evolução positiva. Intensidade média, evolução, mas a jovialidade impera. Bastante
frutado de pomar e caroço, cítricos sub- fruta no aroma, cítricos frescos e desidratados,
90 tis e herbáceo seco. Estruturado na boca,
corpo médio com acidez viva e agradável, e
90 alguma ameixa branca e até vegetal. Pedra
lascada e pólvora no fundo. Boca vertical,
amarguinho, tudo bem coberto pela fruta. acidez vigorosa, bem amparada pelo corpo,
Final de boa duração. Branco que dá muito pela fruta e textura. Cresce bastante ao longo
prazer. da prova, com final de boca persistente e de
PVP: € 5,75 forte personalidade.
PVP: € 9

Conde de Cantanhede Reserva DOC Casa da Atela VRTejo 2020


Bairrada 2019 Quinta da Atela
Adega Cooperativa Cantanhede De cor amarelo-claro. Aroma muito fino,
De cor amarelo médio, o aroma mostra perfil sóbrio, fruta de caroço e de pomar,
elegância, intensidade média, muito afina- ervas aromáticas e agradável sensação de
90 do, dando nota agradável a fruto de caroço, 90 contacto com madeira. Envolvente e fresco
cítricos e raspa de limão. Ervas aromáticas e na boca, acidez intensa, mas fina e bem
avelã. Tem belo porte na boca, com frescura calibrada. Bom final de boca, longo, rico e
e envolvência e um final de boca de sentida ambicioso. O tempo o dirá.
persistência. Polivalente no consumo. PVP: € 9,25
PVP: € 7,72

Casa Santos Lima VRLisboa 2020 Quinta do Cerrado da Porta VRLisboa 2016
Casa Santos Lima Cerrado da Porta, Lda.
De cor amarelo-pálido. Aroma muito De cor amarelo médio. Nariz com evolução,
fresco e vivo, floral citrino, raspa de limão, mas impera a frescura e personalidade. Fruta
90 citrina e caroço, algum fruto seco, leve traço
90 groselha branca e pedra raspada. Estrutura
de qualidade na boca, vibrante de sabor, vegetal e herbáceo, tal como pedra lascada.
traços vegetais e tropical e nuances salinas. Na boca é seco, estruturado, com sofisticada
Boa persistência. textura, acidez assertiva, conjunto harmónico
PVP: € 7,50 e um final de boca longo. Distintivo!
PVP: € 9,40

Adega Mayor VRAlentejano 2020 Vicentino VRAlentejano 2019


Adega Mayor Frupor, Sociedade Agroindustrial, S.A.
De cor amarelo-pálido. A envolvente Aroma de alguma exuberância, alia fruta
aromática é a de frescura intuitiva, floral, madura (tropical e lima) a ervas aromáticas
muita fruta de caroço e folha de limoeiro. frescas, nuances mentoladas. Preserva
90 Apesar da leveza sente-se com substância na 90 equilíbrio, também sentido na boca. Boa
boca. Fruta bem delineada, acidez de lima/ estrutura onde se destaca a vivacidade da
limão muito viva e equilibrada, final de acidez e do sabor de fruta. Leve toque salino.
boca saboroso e distintivo. Apelativo e saboroso.
PVP: € 8,99 PVP: € 11,50

Quinta da Biaia DOC Beira Interior 2019 Quinta do Pinto DOC Alenquer 2018
Domingos do Interior – Prod. Bio da Beira Quinta do Pinto Sociedade Comercial e
Douro, Lda. / Vinalda Agricola, S.A.
De cor amarelo-pálido. Perfumado, mas De cor amarelo citrino. Elegante, mas
fino de aroma, fruta citrina e caroço, muito profundo de aroma, envolvente na fruta de
elegante, algum fruto seco, leve traço veg- perfil cítrico (lima e limão), notas de ervas
90 etal e pedra lascada. Boca com estrutura e
volume sem qualquer peso. Acidez vivaz,
90 frescas, subtil tostados e nuances minerais.
Estrutura alta, redondo na boca, mas de
corpo firme e tenso, mantém os cítricos e o forte sentido de frescura, muito saboroso,
sentido mineral no sabor, a perdurar pelo culmina num longo, rico e persistente final
duradouro final. de boca.
PVP: € 8,99 PVP: € 13,99

20 O Escanção, n°183 - 2022


Quinta do Lagar Novo DOC Alenquer 2019
Luis Elias G. Carvalho Morgado de Bucelas DOC Bucelas 2020
De cor amarelo-pálido. Mostra-se distintivo, Sociedade Agrícola Boas Quintas
alinhando pela sobriedade e elegância. Vivo de aroma, tudo muito fresco, lima, ervas
Fruta de matriz cítrica, alguma maçã e aromáticas frescas e sugestões tropicais.
Boca de corpo leve, acidez é intensa e boa,
90 ervas aromáticas. Finos tostados e biscoito.
Perfeito no volume de boca, muita e boa médio palato redondo a compensar. Final
acidez, nítido frutado e boa integração da muito saboroso não faltando os citrinos e
barrica. Final de boca de qualidade. percebida salinidade.
PVP: € 15 PVP: € 6,20

Morgado de Sta. Catarina DOC Bucelas 2019


Original Reserva DOC Bairrada 2019
Sogrape Vinhos, S.A.
Positive Wine
De cor amarelo limão. Aroma de qualidade,
De cor palha aberto. Agradável na fruta
fino, com as sensações de maçapão e
de caroço e algum limão no aroma, alguns
biscoito a envolver as notas de lemon curd,
90 limão e algum tomilho limão. Na boca
frutos secos e tostados de barrica, ainda, a
prevalecer. Corpo médio e envolvente na
preserva frescura e requinte, estrutura e
boca, tem frescura ácida, o sabor frutado
afinação, culminando numa persistência de
continua algo ofuscado pelo amanteigado
qualidade.
e toffee do trabalho com madeira. Para ele,
PVP: € 16
um peixe de forno.
PVP: € 6,59

Félix Rocha Reserva DOC Alenquer 2019


Sociedade Agricola Félix Rocha, Lda.
De cor amarelo citrino. Aroma de muita Astronauta DOC Verde 2019
precisão e riqueza. Cítricos em tons vários, Aníbal José Coutinho
envoltos por frutos secos e fino biscoito da Belíssimo nariz, folha de limoeiro, casca
90 barrica. Estrutura alta, corpo médio, com de lima, toque a maçã e fundo de sensação
untuosidade a contrastar e equilibrar a acidez mineral. Boca de belo efeito, médio no
vibrante. Tudo de assinalável qualidade. corpo, cremoso, de acidez salivante, fresco e
Final longo e persistente. longo, sempre cítrico, impressões minerais
PVP: € 17 e outras salinas na persistência.
PVP: € 10

Os restantes vinhos aos quais não são mencionadas medalhas,


de Ouro ou Prata, pelo cumprimento do regulamento do IVV
e tendo em conta a quantidade em prova, revelam também
grande qualidade e atributos competitivos.
Família Margaça VRAlentejano 2020
Família Margaça
No aroma é vivaz, realce às notas cítricas
Terras de Felgueiras DOC Verde (limão e toranja), certo fruto de pomar e
Caves Felgueiras, C.R.L. flores brancas. Ligeiro miolo de pão. Boca
De cor amarelo-pálido. Subtil percepção alia firmeza e tensão com leveza de corpo.
de gás, nariz jovial boa intensidade, fruto Acidez intensa equilibrada por textura,
tropical, cítrico e floral. Corpo leve, refrescante, algum amarguinho e amendoado no final
frutado prazeroso, acidez afinada e tudo de boca. Resulta bem.
muito harmonioso. Convivial. A beber PVP: € 10,59
fresquinho.
PVP: € 3,19

Art. Terra Portugal Amphora


VRAlentejano 2018
Casa Relvas
Prova Régia Bucelas DOC Bucelas 2020 De cor amarelo médio. No nariz, atrai e cativa
Sogrape Vinhos, S.A. pelas notas de casca de laranja, pelo charme
Boa intensidade e precisão, frescura citrina da cera de abelha, mel e pólen. Percebe-se
e ervas aromáticas frescas. Subtil, limão em em fundo, um traço mineral, até salino.
geleia, gengibre, fundo de pólvora. Envolvente Boca envolvente, texturado e untuoso, e ligeiro
na boca, corpo médio, acidez bem presente terroso. Muito bem constituído, mas de balanço
e final de boca fino e refrescante. admirável. Frutado saboroso, terminando longo
PVP: €4 ,99 e persistente.
PVP: € 13

O Escanção, n°183 - 2022 21


AZEITES À PROVA

Texto Artur Caldas

Azeites Virgem Extra 2021/2022


Uma vez mais, Portugal está de parabéns também no que respeita à sua produção de
Azeite. Os azeites nacionais submetidos a prova cega revelaram estar cada vez melhor, e
comprovação disso foi a competitividade dos produtos enviados pelos nossos produtores.
Congratulamos todos e desejamos que continuem a garantir grandes sucessos!

Em destaque, com 97 pontos, esteve o Herdade Paço do Conde Exclusive Selection;


com 93 pontos, o Portucale 100% Frantoio; e com 92 pontos, o Dom Borba Selecção,
e três azeites Monterosa, o Selection Premium, o Cobrançosa e o Maçanilha Premium.

Fenómeno natural de uma gordura saudável, parte da cadeia alimentar, o consumo de


azeite recomenda-se.

Método de avaliação: 100 Point European Show Scoring System

Tabela de Pontuação
95 a 100 – Excepcional/Extraordinário
88 a 94 – Excelente
84 a 87 – Muito Bom
80 a 83 – Bom
75 a 79 – Suficiente

Herdade Paço do Conde Exclusive


Dom Borba Selecção
Selection
Cooperativa dos Olivicultores de Borba,
Soc. Exploração e Gestão Agrícola
97 S.A.
92 CRL.
PVP: € 3,90
PVP: € 8,99
www.azeiteborba.pt
www.pacodoconde.com

Monterosa Selection Premium


Portucale 100% Frantoio
Viveiros Monterosa, Lda.
Vineves S.A
93 PVP: € 6,50 92 250/500ml
PVP: € 11/20
www.vineves.pt
www.monterosa-oliveoil.com

22 O Escanção, n°183 - 2022


Monterosa Cobrançosa
Viveiros Monterosa, Lda.
92 250/500ml
PVP: € 11/20
www.monterosa-oliveoil.com

Herdade Paço do Conde


Soc. Exploração e Gestão Agrícola S.A.
90 PVP: € 5,29
www.pacodoconde.com

Monterosa Maçanilha Premium


Viveiros Monterosa, Lda.
92 250/500ml
PVP: € 11/20
www.monterosa-oliveoil.com

Quinta do Monte d'Oiro


Quinta do Monte d’Oiro | José Bento dos
90 Santos
PVP: € 15
https://www.quintadomontedoiro.com/

Saloio Selectum
Est. Manuel da Silva Torrado & Comp.
91 (Irmãos) S.A.
PVP: € 5,99
www.saloio.pt

Saloio Premium
Est. Manuel da Silva Torrado & Comp.
89 (Irmãos) S.A.
PVP: € 3,69
www.saloio.pt

Portucale Biológico
Vineves S.A.
91 PVP: € 6,50
www.vineves.pt

Portucale 100% Koroneiki


Vineves S.A.
89 PVP: €6,50
www.vineves.pt

Rosmaninho Superior
Cooperativa de Olivicultores de Valpaços,
90 CRL.
PVP: € 3,23
www.azeite-valpacos.com

O Escanção, n°183 - 2022 23


Quinta do Bom Sucesso
Casa Anadia
89 PVP: € 6,50
www.casaanadia.pt

Casa Anadia Júnior


Casa Anadia
88 PVP: € 6
www.casaanadia.pt

Dom Borba Arborist Bio


Cooperativa dos Olivicultores de Borba,
89 CRL.
PVP: € 7,90

Casa Anadia Galega – Tributo


Casa Anadia
88 PVP: € 8
www.casaanadia.pt

Casa Anadia Private Collection


Casa Anadia
89 PVP: € 8
www.casaanadia.pt

Herdade da Calada Premium


BCH, S.A. – Herdade da Calada
88 PVP: € 8,20
www.herdadecalada.com

Vale Grande
MOENGA - Produção, Embalagem e
88 Comercialização de Azeite, Lda.
PVP: € 4,90

Casa Anadia DOP Ribatejo


Casa Anadia
85 PVP: € 8
www.casaanadia.pt

24 O Escanção, n°183 - 2022


CONCURSOS

Texto Sara Peñas Lledó


Fotos Aula del Vino de Córdoba

9º Concurso Ibérico de Azeites Virgem


Extra - Prémios Mezquita
A 9ª edição dos Prémios Mesquita pela qualidade do Azeite Virgem Extra de Espanha
e de Portugal, evento realizado em Córdoba no dia 11 de Março de 2022, contou com o
dobro do número de participantes em relação à primeira edição.
Organizado pela Aula del Vino de Córdoba, com
o apoio do Conselho Provincial e da Câmara
Municipal de Córdoba, o concurso destaca a
presença dos melhores EVOOs das diferentes
denominações de origem da província de Cór-
doba (Priego, Baena, Montoro) e estende-se às
principais DOP e IGP de Espanha e Portugal,
este último que, este ano, teve uma presença mais
notória alargando a sua participação com uma
maior número de azeites de Trás-os-Montes e
Alto Douro, Alentejo, entre outras regiões.
Conforme explica Manuel López Alejandre,
responsável pelo concurso, esta edição recebeu
178 amostras, de todas as partes da Península
Ibérica.

A degustação do júri, composto por 38 especialistas,


foi realizada na adega do conhecido restaurante
Bandolero, localizado em frente à Mesquita de
Córdoba. A decisão do júri será comunicada nos
próximos dias, antes da celebração dos Prémios
Mezquita dedicados ao vinho a acontecer no dia
1 de Abril.

www.premiosmezquita.com

O Escanção, n°183 - 2022 25


ENTRE QUINTAS

Texto Isabel Esteves


Fotos Azores Wine Company |Francisco Nogueira

Azores
Wine Company
Em 2021, a Azores Wine Company abriu as portas da sua adega na ilha do Pico, num
investimento que pretende potenciar a ilha como destino de enoturismo, promovendo
a cultura da vinha nos Açores e os seus vinhos. Por trás deste projecto vamos encontrar
António Maçanita, Filipe Rocha e Paulo Machado, unidos desde 2014 na missão de
trazer o mundo aos Açores e levar os Açores ao mundo. E fazê-lo através da prática de
uma viticultura não interventiva, respeitadora da natureza e de uma filosofia de preservação e
recuperação do património e da cultura.

26 O Escanção, n°183 - 2022


Ali, junto ao ponto mais alto de Portugal, Património Um dos visionários e impulsionadores deste património
Mundial da Humanidade, na segunda maior ilha dos tem sido António Maçanita, o enólogo com costela aço-
Açores (e a mais nova, povoada só a partir do século riana que chegou para desafiar a dinâmica do sector na
XV) podemos percorrer quilómetros de terra dedicada região e revolucionar a forma de a mostrar e de mostrar
à cultura da vinha e à produção de uvas. Com carac- o seu vinho ao mundo. Foi ainda no ano de 2000, no
terísticas tão singulares e diferentes das que existem nas início de século, que o enólogo tentou aqui plantar uma
restantes ilhas, os seus solos, de natureza lávica e influen- vinha, mas só dez anos depois aqui voltou para, num
ciados pelo clima fresco atlântico e montanhoso, têm projecto conjunto com os Serviços de Desenvolvimento
voltado a ser, nos últimos tempos, valorizados e aproveitados. Agrário de São Miguel, recuperar a casta em extinção
Nestes terrenos do Pico as condições geológicas e climatéricas Terrantez do Pico, com a qual produziu o seu primeiro
obrigam, desde sempre, os habitantes a “arrumar” a sua vinho, açoriano, de mesmo nome,
pedra vulcânica, parcelando as videiras entre muros – os o Terrantez do Pico.
currais - para as proteger do mar e do vento e para lhes
criar um microclima favorável. Esta solução para o culti- Por laços que se foram estreitando, pelo trabalho e pelo
vo da vinha continua a ser explorada por gentes da terra amor à volta de algo em comum, o vinho e a gastrono-
e produtores das ilhas mas também, e cada vez mais, mia, António Maçanita juntou-se depois a Filipe Rocha
por investidores de fora que não ficam alheios à força da e a Paulo Machado, em 2014 e, juntos, criaram a Azores
natureza e à potencialidade do local. Wine Company cujo primeiro vinho surge nesse mesmo
ano. E é em 2015 que compram o terreno onde hoje está
instalada a empresa e a sua recente adega, numa proprie-
dade na costa noroeste da ilha, com vinhas plantadas
há mais de um século e com vista para o mar, para a
montanha, para o Faial e para São Jorge. Em dois anos
recuperam a terra e plantam nova vinha, avançando
em 2018 com as obras do edifício actual, e lançam a sua
primeira vindima, em 2020.

O Escanção, n°183 - 2022 27


Os três sócios fundadores – algumas notas
António Maçanita, de costela alentejana e outra açoriana,
enólogo e consultor, produz vinhos em quatro regiões
diferentes de Portugal, criou três projectos de produção
própria e apoia quatro produtores. Lança no mercado,
anualmente, mais de 50 rótulos de assinatura e seguindo
um fio condutor firme: a recuperação histórica e a valorização
das características inerentes das castas e regiões.
Filipe Rocha, açoriano, passou pela direcção da Escola
de Formação Turística e Hoteleira dos Açores tendo
sempre se dedicado às áreas da restauração, prova de
vinhos, hotelaria e turismo e tendo contribuído decisivamente
para transformar a formação profissional na região e
para a projecção dos vinhos açorianos, nacional
e internacionalmente. É o responsável financeiro da
Azores Wine Company.
Finalmente, em 2021, inauguram a adega da Azores Paulo Machado nasceu na ilha do Pico e, com profunda
Wine Company, projectada para criar vinhos brancos ligação familiar à vivência da cultura da vinha e do
de excelência, e assente num projecto que privilega e vinho nesta ilha, é fundador da empresa Insula Vinus
respeita o conceito tradicional das adegas do Pico. Aqui que produz e comercializa vinhos dos Açores. Até 2019,
entendidas como locais de convívio e não só espaços foram nesta sua empresa produzidos os primeiros vinhos
para a produção de vinho - onde se dorme e se come no Azores Wine Company. A seu cargo está o trabalho
local onde é feito o vinho. O respeito pela natureza e pela in loco da recuperação e conservação das vinhas em
cultura estende-se ao edifício em si que foi desenvolvido currais nos terrenos actuais da empresa, a sua plantação
tendo em conta a área protegida envolvente, projectado e manutenção.
para causar pouco impacto visual na paisagem e feito
com revestimento a pedra, do próprio terreno, dando
uma continuidade às malhas dos currais. A sua forma
desnivelada cumpre a função dos antigos tanques das
vinhas, com as coberturas naturalmente inclinadas que
recolhem água depois a ser utilizada nas vinha, e o seu
desenho em forma de quadrado, com um claustro interior,
é inspirado nos conventos, também uma referência
histórica e cultural da ilha e um elemento ligado aos vinhos.

O projecto foi desenvolvido pala SAMI – Arquitectos, de Os vinhos Azores Wine Company
Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira, dupla que se aliou Volcanic Series
ao atelier inglês DRHR, de Daniel Rosbottom e David Branco Vulcânico | Tinto Vulcânico | Rosé Vulcânico
Howarth, ficando o design de interiores da adega com Vinhos singulares, salinos, que são filhos do vulcão.
assinatura de Ana Trancoso, num trabalho acompanhado Rare grapes collection – Terrantez do Pico | Arinto dos
por Judith Martin, responsável de enoturismo da Azores Açores | Arinto dos Açores Sur Lies | Arinto dos Açores
Wine Company. No conjunto do seu espaço vamos Indígenas | Arinto dos Açores Bandeiras | Arinto dos
encontrar uma sala de provas, três salas de barricas e Açores São Mateus | Verdelho O Original |A Proibida
uma zona industrial, um restaurante onde se dá a provar Vinhos de castas exclusivas, ímpares e autóctones.
a terra e o mar da região, e uma zona para alojamento Criação velha – Vinha Centenária | Canada do Monte
(cinco apartamentos T0, com vista mar, e um apartamento T2). Vinha dos Utras
Vinhos produzidos em pequenas quantidades, especiais,
Dar a conhecer a história e as características vínicas da "nascidos e criados" em plena paisagem da cultura da
ilha de forma envolvente numa experiência que apela a vinha da Ilha do Pico, que representam o mais puro e
todos os sentidos e homenageia o vinho dos Açores é o autêntico terroir do Pico, de vinhas com 60 a 120 anos a
convite da Azores Wine Company. cerca de 80 a 580 metros do Atlântico.

www.antoniomacanita.com/pt/vinhos/
azores-wine-company/azores-wine-company

28 O Escanção, n°183 - 2022 a


ONDE O VINHO É REI

Texto Isabel Esteves


Fotos In Diferente

In Diferente

30 O Escanção, n°183 - 2022


Apresentando uma cozinha contemporânea de autor, este é o primeiro espaço da chef
brasileira Angélica Salvador que, num ambiente familiar e descontraído, oferece uma
carta de fusão mas onde se destaca sobretudo a comida tradicional portuguesa. Numa
amostra deliciosa de sabores e aromas típicos de Portugal, bem regados e acompanhados
com os bons vinhos do país.

Angélica Salvador abriu o In Diferente há 4 anos atrás,


em 2018, na Foz da cidade do Porto, depois de concluir
formação na área da Cozinha e de alguns anos a ganhar
experiência pelos restaurantes do Sheraton e do Vila
Vita Parc, no Algarve, do Tróia Design Hotel e do Júpiter
Lisboa Hotel, e do Cafeína, já no Porto. Brasileira, do sul
deste país, chegou a Portugal há 13 anos e, desde então,
foi-se apaixonando pela riqueza da cultura gastronómica
portuguesa e pela sua tradição. Hoje trabalha-a de forma
envolvente, com recurso a produtos locais frescos e de
época, e criando pratos criativos, inovadores e requintados
que evocam as memórias do nosso país e as suas várias
regiões. Angélica é casada com outro grande chef, o português
Tiago Bonito, seu sócio neste projecto e que está por
trás da cozinha do Casa da Calçada, em Amarante, onde
conquistou já uma estrela Michelin, e onde está também,
como director de Comidas e Bebidas, o terceiro sócio
do In Diferente, o escanção experiente e com muita
visão, Adácio Ribeiro. Completando a equipa, o seu filho
Ricardo Ribeiro, o sous-chef de Angélica.

O Escanção, n°183 - 2022 31


Também o In Diferente tem o seu nome no afamado guia A atenção com as harmonizações é ponto assente no In
da Michelin mas na lista Bib Gourmand, que distingue Diferente e, como não podia deixar de ser, também no
os restaurantes que oferecem boa comida a preços moderados, que respeita às sugestões da garrafeira – variada, com
e já aqui entra pelo seu segundo ano consecutivo. Uma mais de 80 referências das várias regiões de Portugal e
distinção que tem feito captar a atenção e a fidelização com destaque para o Douro. Para além da inigualável
de muitos clientes, cativados pelo conforto do espaço, contribuição de Adácio Ribeiro, o serviço de sala conta
que também disponibiliza um terraço exterior, da comida com o profissionalismo e a experiência de um escanção
e do serviço deste local. que respeitando os pratos e os menus aconselha as melhores
combinações para uma experiência memorável, sendo
Na carta e nos menus que vão sendo sugeridos pela possível entre as várias opções para acompanhar a refeição, a
chef ao longo do ano, destaque para os pratos de peixe e degustação de vinho a copo, disponível todos os dias.
marisco, produtos amanhados e trabalhados pela própria
Angélica, como é o exemplo do Robalo com xerém de In Diferente
bivalves, salicórnia e champanhe, ou do Arroz Malandrinho Rua Dr. Sousa Rosa, 23 - 4150-719 Porto
de Lingueirão, mas também para pratos como o Leitão, https://www.facebook.com/In-Diferente-313981805813710/
a Posta à Mirandesa ou o Bacalhau à Lagareiro, entre
outros, que apresentados de forma original fazem jus às
suas origens e à qualidade dos produtos nacionais. Pela
origem brasileira de Angélica há alguma influência deste
país na elaboração da carta sobretudo nas sobremesas
onde se destaca o “Romeu e Julieta” com goiabada, espuma
de queijo e crumble de frutos vermelhos, mas um dos
objectivos de Angélica passa por combinar certos produtos
e sabores do Brasil com aqueles com que trabalha em
Portugal em toda a carta de comidas.

32 O Escanção, n°183 - 2022


30 de Abril de 2022

O Escanção, n°183 - 2022 33


O MAESTRO DO VINHO

Texto Ceferino Mariño Carrera, em A Fonte do Escanção

Os destilados Portugueses (Parte II)


Em colaboração com o grande Maestro do Vinho Ceferino Mariño Carrera, lançámos
esta rubrica onde partilhamos alguns dos pensamentos e conhecimentos deste grande
mestre e as descobertas que este tem feito na sua viagem pelo mundo do vinho.
Nesta edição, continuamos o destaque aos destilados portugueses com foco na famosa
Aguardente DOC Lourinhã, com a segunda parte de um texto de sua autoria.
DOC Lourinhã

É na região Oeste de Portugal que é feita a famosa Ao longo de décadas todos os processos de dinamização
Aguardente DOC Lourinhã. Esta aguardente tem e investigação fizeram com que todos os processos que
características únicas que lhe dão a designação de DOC levaram à demarcação da região não tenham parado,
Lourinhã – Denominação de Origem Controlada. Este antes pelo contrário, intensificou-se com o apoio da
tipo de bebida obtém-se a partir da destilação do vinho comercialização e divulgação da aguardente bem como
que lhe confere propriedades únicas. com o apoio à Investigação Científica dirigida às aguardentes,
Sendo esta uma região demarcada que denomina a que tem vindo a ser realizado com a Estação Vitivinícola
aguardente de DOC, obriga a respeitar uma série de Nacional. São já várias publicações nacionais e estrangeiras que
regras e critérios que garantem a qualidade constante ao contam com a colaboração de cientistas desta instituição
longo dos anos. Desde as vinhas, à vinificação, destilação, que tem vindo a investigar sobre este tema ao logo dos
envelhecimento e até engarrafamento e rotulagem tem últimos anos. Actualmente, é chamado Instituto Nacional
que ser feito dentro desta região. de Investigação Agrária e Veterinária – Pólo de Dois Portos.
A Lourinhã está inserida na região de vinhos de Lisboa, No concelho da Lourinhã as freguesias que fazem parte
sendo a única região demarcada de aguardentes vínicas da região demarcada da Aguardente da Lourinhã são
em Portugal e uma das três da Europa, assim como o as seguintes: Lourinhã e Atalaia (1), Ribamar (2), Santa
Cognac e Armagnac. Bem próxima da capital, a Lourinhã Bárbara (3), Vimeiro (4), Marteleira e Miragaia (5),
é uma região de gente afável, de falésias junto ao mar, Moita dos Ferreiros (6), Reguengo Grande (7), Moledo e São
diversas praias e campos verdejantes. Bartolomeu (8). As freguesias de Peniche contempladas são
A região da Lourinhã está ligada à produção vitícola Atouguia da Baleia (9) e Serra d’el Rei (10), a freguesia
desde há muito tempo, como se pode perceber pela de Óbidos é Olho Marinho (11), a freguesia de Bombarral
carta de Foral, dada pelo D. Jordão, com autorização do é Vale Covo (12) e, por fim, as freguesias de Campelos
rei Dom Afonso Henriques. Também se faz referência a e Outeiro da Cabeça (13) e A-dos-Cunhados e Maceira
esta zona em diversa documentação ligada à história da (ainda não constam no mapa) no Concelho do Torres Vedras.
viticultura portuguesa.
A 7 de Março de 1992, o empenho e labor de tantos, A História
juntamente com a elevada qualidade da aguardente, viu o seu
mérito reconhecido com a publicação do Decreto-Lei nº34/92 A Adega Cooperativa da Lourinhã (ACL), fundada em
que estabelece a Região Demarcada da Aguardente Vínica 1957, dedicava-se essencialmente à produção de vinho
de Qualidade com Denominação de Origem Controlada tinto e branco. Anos mais tarde, após ser pioneira na
“Lourinhã”, aquela que constitui a primeira e única produção de vinho leve, dedicou-se também à produção
região demarcada do país somente para produção de de aguardentes. Num total de mais de três mil sócios,
aguardentes. É uma das três regiões no espaço europeu, durante muitos anos, conta hoje em dia com cerca de
em posição de igualdade com as célebres aguardentes duas dezenas de sócios que ainda produzem quase
francesas, Armagnac e Cognac. exclusivamente para a ACL. Nos últimos anos com uma
“As nossas aguardentes são controladas pelo cumprimento produção média anual de 110 toneladas de uva que
e aplicação do regulamento que estabelece as condições dos depois de vinificada e destilada dão cerca de 7.000 litros
solos, as características de cultivo e de tecnologias de vinificação, de aguardente vínica.
conservação, destilação, envelhecimento e engarrafamento que
devem ser seguidas para que a produção obtida possa usar a
menção DOC “Lourinhã” atribuída pela Comissão Vitivinícola
Regional de Lisboa criada pela portaria 739/2008”.

34 O Escanção, n°183 - 2022


Características Edafoclimáticas A Destilação
As aguardentes são extremamente aromáticas por Assim como a vinificação, a destilação tem que ser
transmitirem o carácter das castas utilizadas, da realizada dentro da região demarcada. Por norma a
região, das condições edafoclimáticas e também do destilação ocorre nos meses de Outubro e Novembro.
factor humano. O terroir (relação entre o solo e o Na destilação é utilizado um sistema contínuo em
clima que confere propriedades únicas) desta região coluna de cobre que atinge um grau alcoólico entre os
determina as características qualitativas, especialmente 74 e 77%.
das aromáticas e sápidas presentes nos vinhos que dão
origem à Aguardente DOC Lourinhã. O Envelhecimento
Após a destilação, a aguardente passa por um período
Clima e Solo obrigatório de envelhecimento em barricas de
A região caracteriza-se geralmente por baixas amplitudes madeira (mínimo de 2 anos) que dependendo do seu
térmicas e é fortemente influenciada pela proximidade tempo é obtida uma classificação de envelhecimento
do oceano Atlântico. O Verão é por norma fresco a que lhe confere diversas qualidades. A sua cor, suavidade
moderado, assim como o Inverno tépido a moderado, e aromas devem-se ao estágio.
com precipitação moderada e elevada humidade É feita exclusivamente em barris de carvalho português
relativa. No Verão é frequente o nevoeiro durante e carvalho francês (allier e limousin) e castanheiro,
a manhã e raramente ocorrem vagas de calor. Esta com capacidade inferior a 800 litros e diferentes
zona constitui um clima temperado mediterrânico queimas no interior do barril (tosta ligeira, média ou
de feição atlântico. O solo é heterogéneo e com baixa forte). A aguardente apresenta-se como pura, sem
fertilidade, assim como praticamente em todo o Portugal qualquer adição de corantes, nomeadamente o caramelo
continental. Regra geral, as vinhas estão instaladas em (responsável por melhorar a cor).
solos mediterrâneos pardos ou vermelhos, normais
ou para barros de arenitos finos, argilas ou argilitos e O Engarrafamento e Rotulagem
solos calcários pardos. Desde o início da produção como região demarcada
que o engarrafamento e rotulagem é todo manual e
Castas Utilizadas personalizado. Cada garrafa é numerada e exclusiva
Aquando da criação da região demarcada ficou tornando o produto único e de elevado valor.
definido quais as castas que seriam as melhores para
a produção de aguardente devido à qualidade dos Indicação de Idade e Menções Tradicionais
vinhos que delas originava. De entre todas as castas A idade das aguardentes corresponde ao período efectivo
autorizadas na região, os viticultores dão preferência do envelhecimento a contar do termo da respectiva
àquelas de maneio mais fácil e que produzem vinhos campanha de destilação. As menções tradicionais
de melhor qualidade. Assim sendo, as castas com utilizadas na indicação da rotulagem são as seguintes:
maior expressão são a Malvasia Rei, o Fernão Pires e VS ou Very Superior, menção reservada a aguardentes
a Tália. sujeitas a um envelhecimento igual ou superior a dois
anos; VSOP ou Very Superior Old Pale, menção reservada
A Produção para aguardentes sujeitas a um envelhecimento superior
Desde a constituição da ACL que as castas brancas ou igual a quatro anos; e, por fim, XO ou Extra Old,
tinham uma grande expressão, originando vinhos de menção reservada para aguardentes sujeitas a um
baixo teor alcoólico e elevada acidez total, que anos envelhecimento igual ou superior a cinco anos.
mais tarde revelaram-se de excelente qualidade para a
produção de aguardente vínica. Hoje em dia, de entre
as castas autorizadas na região demarcada, a cooperativa
utiliza as castas com as quais obtém a melhor aguardente.
As mais utilizadas pelos cooperadores são: Castas
Brancas (Malvasia-Rei; Fernão Pires; Seara Nova; Vital
e Tália), Castas Tintas (Tinta-Miúda e Castelão).

A Vinificação
A colheita realiza-se quando as uvas possuem um
determinado teor de açucares que irá dar origem
a certa quantidade de álcool num vinho. O título
alcoométrico máximo do vinho produzido são 10%.
A vinificação utiliza métodos e práticas enológicas
legalmente autorizadas e tradicionais da região. A
vinificação é feita sem adição de anidrido sulfuroso.
É importante a uva estar em bom estado para produz-
ir um vinho sem quaisquer defeitos.
Por norma a vindima ocorre no final do mês de
Agosto, início de Setembro e tem a duração de uma
semana. Toda a vinificação é executada por máquinas
interligadas que necessitam do respectivo operador.

O Escanção, n°183 - 2022 35


TEM A PALAVRA O ESPECIALISTA - CHÁ - PARTE XXIV

Texto Tiago Paula

Regiões Produtoras de Chá – JAPÃO


Continuamos a aventura pelas regiões produtoras de chá no Japão. Depois de termos
passado pela China, maior produtor de chá no mundo, pela Índia, o segundo maior
produtor e, simultaneamente, um dos maiores consumidores, e pelo Sri Lanka.
Relembramos que temos vindo a destacar esta bebida universal – o Chá – tendo falado já
das suas várias componentes e características no que respeita aos seus diferentes tipos;
de como os provamos, os avaliamos, como os servimos e os classificamos; dos números
quanto ao seu consumo e produção; e dos seus maiores produtores, que temos vindo a
focar nos últimos números.

GIFU
Gifu é uma região sem litoral, localizada no interior de Honshu, a maior ilha do Japão, limitada ao norte por Toyama. Tem
uma topografia diversa, variando de montanhas altas no norte, passando por regiões montanhosas, até uma planície no sul.
Grande parte de Gifu é território muito frio para o cultivo de chá portanto ele é aqui produzido em pequenas quantidades,
mas ainda assim é cultivado em algumas áreas.
Historicamente, esta foi uma importante região agrícola e também importante na fabricação de papel tradicional, contudo,
nos últimos anos, a sua economia foi dominada pelas indústrias auto-motiva e aeroespacial.
A região possui grandes áreas agricultáveis, sendo também importante na silvicultura.

36 O Escanção, n°183 - 2022


NARA
Nara é uma região sem litoral, perto da costa sul de
Honshu, a maior ilha do Japão. A região faz fronteira
com Kyoto, ao norte, e Mie, a leste. Nara é uma região
montanhosa com baixa densidade populacional e que
vem perdendo a sua população.

SHIGA
Em 806, Kobo Daishi trouxe sementes de chá que deu
ao seu discípulo Kenne. Este terá as plantado no templo
Butsuryu-ji, tendo-se espalhando principalmente por
templos. No período Muromachi, “wabicha” - cerimónia
do chá que valoriza o espírito de “wabi” - nasceu por Shiga é uma região sem litoral na zona central de Honshu,
Murata Juko, que era um mestre da cerimónia do chá de a maior ilha do Japão. A região faz fronteira a oeste com
Nara. Esta levou à “cerimónia do chá” que foi aperfeiçoada Kyoto, a sul com Mie e Aichi, e a leste com Gifu. É nesta
mais tarde por Sen no Rikyu e à moderna cerimónia região que se encontra o maior lago do Japão - Biwa,
do chá. Devido à sua forte relação com o budismo e ao cujas margens, acredita-se, são habitadas desde a Idade
seu forte desenvolvimento histórico, esta é uma região da Pedra. Shiga é conhecida por ter o jardim de chá mais
especial na produção de chá no Japão. antigo do Japão. Diz-se que em 805 um monge budista,
Aqui, uma das principais áreas de cultivo é no planalto Saicho, trouxe algumas sementes de chá da China e as
Yamato, a nordeste desta região, uma boa área com plantou ao redor do Santuário Hiyoshi Taisha, no sopé
poucas horas de sol e uma boa amplitude térmica entre do Monte Hiei. Em 815, o chá foi oferecido ao imperador
o dia e a noite, fazendo com que a planta cresça lentamente o Saga, com registo no antigo texto da história japonesa
que resulta numa folha rica em nutrientes. Nara produz “Nihon Koki”. Já nos séculos 14 e 16, o cultivo de chá
pequenas quantidades de Kabusecha, Sencha e Bancha. A começou a expandir-se para outras áreas de Shiga. Aqui,
região também produz utensílios de madeira e bambu, a produção é principalmente de sencha e bancha mas
inclusive os que são usados na cerimónia do chá japonesa. também há produção de kabusecha e matcha.

AISHI
Aichi é uma região localizada na costa
sul de Honshu, a maior ilha do Japão,
e faz parte da região mais ampla de
Tōkai. Faz fronteira com Shizuoka a
leste, Gifu ao norte e Mie ao oeste.
O principal chá feito em Aichi é o matcha,
e cerca de 90% dele é usado para a
produção de alimentos.

O Escanção, n°183 - 2022 37


CRÓNICA ASSOCIAÇÃO DE ENOLOGIA - CASTAS

Texto António Ventura, enólogo consultor e membro da Associação Portuguesa de Enologia


(Fonte: Vine to Wine Circle)
Fotos Associação de Enologia

Galego Dourado
No âmbito da colaboração com a revista O Escanção temos partilhado a descrição das
características técnicas de algumas castas portuguesas, e em alguns casos de castas ibéri-
cas. Nesta edição, continuamos o artigo com mais uma casta, de origem desconhecida e
com maior expansão a Baixo Tejo e Litoral – a Galego Dourado.

ORIGEM

Desconhecida, devido ao insuficiente estudo África do Sul, 3.500 ha (denominada «Ruther-


de sinonímias com Espanha. O nome da casta glen» Pedro).
sugere um parentesco com este país. Alarte Utilização actual a nível nacional: Casta em
(1712) refere a casta Gallego e Gallego de Montemor; extinção. Apesar de tudo têm-se verificado,
Silva (1788) conhece um Gallego como sinónimo recentemente, alguns focos de interesse na
de Folgação. Gyrão (1822: XXI) fala da casta plantação desta casta, nas regiões de Lisboa,
Galega na região da Estremadura. Lapa (1874: Tejo e mesmo Península de Setúbal. Recorde-se
96) também conhece Gallego Dourado na que é uma das castas usadas nos vinhos de
Estremadura: «dão pouco mas bom vinho». Carcavelos.

Região de maior expansão: Baixo Tejo e lito- MORFOLOGIA


ral (Cincinnato, 1900).
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Tem folhas muito particulares, com pecíolo e
Dourada (AU), Rutherglen Pedro (ZA). nervuras principais de cor castanho-avermelhado,
Sinónimos históricos e regionais: Gallego quinquelobadas, de lóbulos sobrepostos. Nos
Dourado, Galego (Alentejo), Olho de Lebre seios laterais são visíveis buracos quase redondos,
(Azeitão), Pedro (AU), False Pedro (SU). em forma muito regular. A casta tem tendência
Homónimos: Galego (nº 132) e Galego Rosado a criar raízes aéreas.
(nº 134). Meneses (1900) fala de 4 homónimos. Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla
Superfície vitícola actual: Portugal, 10 ha, carmim, elevada densidade de pêlos prostrados.

38 O Escanção, n°183 - 2022


Folha jovem: Amarela com zonas bronzea- No que se refere ao sistema de condução, o
das, página inferior com elevada densidade de grande problema desta casta é encontrar na
pêlos prostrados. poda o equilíbrio entre o vigor excessivo e a
Flor: Hermafrodita. produção. Recomenda-se poda de vara longa.
Pâmpano: Avermelhado, gomos com média Gosta de solos com calcário, pesados e fortes e
pigmentação antociânica. de clima com influência marítima. No que concerne
Folha adulta: De tamanho médio, orbicular, aos compassos de plantação, com suficiente
com cinco lóbulos; limbo verde escuro, irregular, espaço para o desenvolvimento adequado da
medianamente bolhoso, nervuras principais parra, no que toca a porta-enxertos aconselha-se
com média pigmentação antociânica; página porta-enxertos de pouco vigor, embora esteja
inferior com média densidade de pêlos prostrados; pouco estudado, a casta é sensível à bagoinha
dentes curtos e convexos; seio peciolar com e o cacho apresenta conservação média após
lóbulos ligeiramente sobrepostos, com a base maturação e apresenta boa aptidão para a vindima
em U, seios laterais com lóbulos ligeiramente mecânica.
sobrepostos em U.
Cacho: Médio, cilindro-cónico, medianamente Usada essencialmente para vinho generoso
compacto, pedúnculo longo. (ZA), vinho de qualidade. Tem tendência para
Bago: Arredondado, médio e verde-amarelado; produzir com grau elevado (14 - 15% Vol) e
película de espessura média, polpa mole. acidez natural média. Apresenta pouca sensibilidade
Sarmento: Castanho-amarelado. à oxidação e cor intensa com tonalidade citrina
com excelente capacidade de estágio. Apresenta
COMPORTAMENTO excelente compatibilidade para lote com a casta
Arinto, não se apresentando tradicionalmente
Abrolhamento: Precoce, em simultâneo com a como casta para vinhos elementares. Apesar de
Fernão Pires. ser uma casta quase em extinção, apresenta um
Floração: Precoce, 2 dias após a Fernão Pires. elevado potencial qualitativo para a produção
Maturação: Precoce, em simultâneo com a de vinhos “premium”.
Fernão Pires. Em resumo, é uma casta provavelmente com
um grande passado e com características
POTENCIAL enológicas prometedoras, mas, abandonada
pelo sector profissional devido à susceptibilidade
Casta de vigor elevado com porte semi-erecto, ao desavinho e às doenças criptogâmicas.
com algumas varas horizontais compridas Infelizmente, esta casta não tem selecção de
e entre-nós curtos. Baixa tendência para o manutenção, factor que, em muitos casos,
desenvolvimento de netas, com índice de permitiu recuperar outras grandes castas em
fertilidade baixo (1,02 inflorescências por abandono.
gomo abrolhado); a estabilidade de produção
é estável mas tradicionalmente baixa, com boa
homogeneidade entre as plantas; o índice de
Winkler é relativamente baixo.
O tamanho do cacho é médio-pequeno, muito
compacto com película medianamente espessa,
apresenta susceptibilidade ao míldio e ao oídio
e muita sensibilidade à botritis no cacho, e no
caso de existir humidade também à antracnose.

Estado sanitário (sistémico) antes da selecção:


20% GLRaV1, 30% GLRaV3, 60% GFkV, <50% RSPV.

Eng. António Ventura

O Escanção, n°183 - 2022 39


ENOTURISMO EM PORTUGAL

Texto Isabel Esteves


Fotos Quinta das Bágeiras

Quinta das

Bágeiras

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Nesta rubrica dedicada ao Enoturismo, segmento do turismo associado ao mundo do
vinho, divulgamos iniciativas e projectos nacionais que se dediquem a esta vertente e
que potenciem a manutenção, a valorização e a promoção dos recursos e mais-valias
deste património de inegável singularidade e valor. Nesta edição, divulgamos o espaço e
o trabalho da Quinta das Bágeiras, propriedade na região da Bairrada que se tem valorizado
explorando também esta vertente que, cada vez mais, alicia visitantes - apaixonados e
curiosos pelo mundo do vinho.

Este é um projecto vinícola familiar criado na


Bairrada em 1989 quando o fundador, Mário
Sérgio Nuno, com o grande apoio do seu pai
Abel, decidiu reunir vários hectares de vinha
pertencentes à família e começar a produzir
vinho engarrafado com marca própria.

Desde então, nos cerca de 30 hectares que com-


põem a sua propriedade, a produção de vinhos
não parou e, hoje, o projecto soma já quatro
gerações da família Nuno, ligadas à vinha e
ao vinho, desde os avós do fundador aos seus
filhos que com ele colaboram na missão de
produzir vinhos com carácter e expressão, da
forma mais natural possível e adoptando uma
enologia minimalista.

Na Quinta em Sangalhos, no município de


Anadia, a família abre as portas também a
algumas acções enoturísticas, pensadas e
desenvolvidas em coerência com as condições
e as possibilidades que a Quinta e a equipa que
aqui trabalha podem oferecer e proporcionar
aos visitantes, e todas sujeitas a marcação.

O Escanção, n°183 - 2022 41


Os programas mais solicitados são as provas
no local, e estas podem ou não ser complementadas
com visitas, às vinhas e à adega, e inseridas
num programa de almoço ou jantar, com
possibilidade de juntar grupos pequenos e a
garantia de um acompanhamento personalizado.
Se houver prova com refeição, é garantida a
harmonização dos vinhos da casa com o fa-
moso Leitão da Bairrada, introduzido com um
Arroz de Cabidela de Leitão e finalizado com
uma Aletria.

É perante o interesse e o pedido do visitante


que a equipa tenta adaptar-se e retribuir com
a melhor sugestão, sempre com o propósito de
proporcionar a experiência mais agradável e
enriquecedora possível no espaço da Quinta e
usufruindo dos seus produtos, fazendo quem
os procura sentir-se em casa e de forma natural
no “mundo do vinho”.

Na cave das instalações, a Quinta tem igualmente


uma loja própria onde se podem encontrar todos
os vinhos da marca, desde tintos e brancos a
espumantes, licorosos e aguardentes.

Quinta das Bágeiras


Rua Principal nº598, Fogueira,
3780-523 Sangalhos, Anadia
(+351) 234 742 102
www.quintadasbageiras.pt

42 O Escanção, n°183 - 2022


O Escanção, n°183 - 2022 43
Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos AEP

Curso Profissional AEP 2022 –


Nível I e Nível II
Mais duas edições do Curso Profissional AEP tiveram arranque neste início de 2022.

Um curso de Nível começou a 2 de Fevereiro, sendo Em cada nível é realizada uma avaliação, escrita e
este o ponto de partida ideal para quem quer entrar no prática e todas as aulas são orientadas e ministradas por
mundo do Vinho e onde são proporcionadas as bases escanções, enólogos e formadores que fazem parte da
principais para o efeito; e um outro, de Nível II, e no equipa da AEP. Desde o início do curso até agora, nomes
qual os alunos são convidados a uma volta ao mundo como Vasco d’Avillez, José Gaspar, Anca Poiana Martins,
num copo de vinho sendo aquí feito o estudo prático e Sara Peñas Lledó, Eduardo Cardeal ou Manuel Moreira
aprofundado dos mais importantes países produtores de já se juntaram à equipa de professores, transmitindo em
vinho do Velho e Novo Mundo, teve início a 31 de Janeiro. cada edição os seus conhecimentos e experiências, de
forma única e enriquecendo ainda mais os conteúdos do
O Curso Profissional AEP foi criado em 2019, num programa de estudo.
incentivo à educação e à profissionalização dos amantes Nestas duas novas edições, pudemos contar com a
do Vinho, com o objectivo de proporcionar aos futuros colaboração de mais dois formadores: o Eng.º Pedro
escanções um aliado formativo completo e minucioso Tereso, no módulo sobre Viticultura e Uvas Viníferas do
nos seus Nível I; e Carine Patricio, Melhor Escanção de Portugal
percursos académicos e profissionais. Composto por 3 2020, que se debruçou sobre os vinhos da Alemanha e
níveis, a frequência na sua totalidade garante o diploma seus produtores para os alunos do Nível II.
de Profissional do Vinho certificado pela Associação dos
Escanções de Portugal. O último e terceiro nível, que O curso é certificado em conjunto com a Universidade
aborda todas as técnicas da cozinha clássica e contemporânea, Portucalense (UPT) e tem a chancela do Turismo de
de forma actual, unindo-as à prática de harmonização Portugal
com vinho, não teve ainda uma edição estando esta a ser
organizada e agendada. Mais informações sobre o curso, entre conteúdos,
horários e valores:
www.escancao.com/cursoprofissional

44 O Escanção, n°183 - 2022


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos ASI

ASI Best Sommelier of the Americas 2022


Mais uma das três competições internacionais organizadas pela ASI – Association de la
Sommellerie Internationale, volta a acontecer: a ASI Best Sommelier of the Americas,
reunindo escanções dos vários países do continente americano para quatro dias de provas,
seminários, degustações e troca de contactos e conhecimentos.

Entre os dias 16 e 19 de Fevereiro, em Santiago do Chile, de um programa diversificado de acções paralelas às


no Chile, foram 18 os candidatos participantes que provas, e afinal, para mais um momento de grande
puseram à prova os seus conhecimentos e habilidades, importância para a comunidade dos escanções de todo o
acompanhados pelas suas delegações. Desafio ganho mundo e para o desenvolvimento da profissão.
pela escanção argentina Valeria Gamper quem, juntando-se
ao italiano Salvatore Castano, vencedor do ASI Best www.asi.info
Sommelier of Europe & Africa 2021, assegurou assim a
participação na grande competição mundial do próximo
ano, o ASI Best Sommelier of the World 2023, que vai
acontecer em Paris.

Neste concurso, Hugo Duchesne, do Canadá, e Martin


Bruno, também da Argentina, ficaram em segundo e
terceiro lugares, respectivamente.

A organização da competição contou com a preciosa


colaboração da anfitriã, a Associação Nacional de Escanções
do Chile, tendos ambas trabalhado em equipa e com
empenho para assegurar um evento profissional e
enriquecedor, imagem de marca das acções e concursos
com cunho ASI. Também o apoio dos parceiros desta
associação internacional e dos parceiros patrocinadores
deste evento em particular contribuíram para a concretização

O Escanção, n°183 - 2022 45


WINE NEWS

CURSO DE INICIAÇÃO À PROVA DE VINHOS – PRIMEIRAS DATAS 2022

As primeiras datas de 2022 do curso de Iniciação à Prova de Vinhos da Associação dos Escanções de Portugal aconteceram
no mês de Fevereiro, nos dias 5 e 19 com Iniciação à Prova Nível I. As sessões foram realizadas na Garrafeira de Lisboa,
como de costume, e sob orientação de Tiago Paula, escanção e presidente da Assembleia Geral da Associação dos
Escanções de Portugal. Próximas datas estão já agendadas para os meses de Março e Abril.

Mais informação sobre cursos AEP: www.escancao.com

CURSO NACIONAL FERNANDO FERRAMENTAS

Neste início de ano, entre os meses de Janeiro e


Fevereiro, foram já vários os destinos percorridos com
o Curso Nacional Fernando Ferramentas e sempre com
a vontade e missão de garantir a melhor formação aos
nossos profissionais e o objectivo de melhorar o serviço
em Portugal. Depois de Elvas e Cascais, passámos por
Vale do Lobo e por Óbidos. Em Elvas, a formaçã o
decorreu de 24 a 28 de Janeiro, no Hotel São João de
Deus; em Cascais, entre os dias 7 e 11 de Fevereiro, no
Onyria Quinta da Marinha Hotel; seguiu-se Vale do
Lobo, em Almancil, entre os dias 21 e 25 de Fevereiro,
no Hotel Dona Filipa; e por fim, óbidos, entre os dias 28
de Fevereiro e 4 de Março, com a formação a realizar-se
no Royal Óbidos Spa&Golf Resort. Este curso, criado
pela Associação dos Escanções de Portugal, conta com
o apoio do Grupo Pestana – Pousadas de Portugal e
da CVRTejo, e com os patrocinadores oficiais Riedel
e Sogrape e tem como formadores profissionais da
equipa da AEP e outros convidados pela instituição. É
direccionado aos profissionais do sector de Portugal
e inspirado no grande escanção português Fernando
Ferramentas, fundador da AEP em Portugal. Em
formato de road show tem passado pelo país inteiro
incentivando a formação na hotelaria e no turismo de
Portugal e promovendo os vinhos do país. Pretende-se
com ele melhorar o serviço de vinhos em Portugal,
apoiando pequenas e médias empresas portuguesas.

www.escancao.com/curso-portugal-fernando-
ferramentas

46 O Escanção, n°183 - 2022


WINE NEWS

JOSÉ ROQUETTE HOMENAGEADO PELA REVISTA DE VINHOS

José Roquette, co-fundador do Esporão, foi distinguido


com o “Prémio Homenagem” na 25ª edição dos
prémios “Os Melhores do Ano” pela Revista de
Vinhos, evento que decorreu no Porto e que premiou
os melhores protagonistas e projectos no sector
do vinho, gastronomia e turismo no ano de 2021.
Um reconhecimento por uma carreira dedicada ao
desenvolvimento do Esporão e um notável desempenho
profissional e pessoal ao longo da vida. Em resposta a
esta atribuição, José Roquette afirmou que: no próximo
ano fazem 50 anos de história, desde a aquisição da
Herdade do Esporão, e receber um reconhecimento destes
é mais uma afirmação da capacidade do Esporão. Mais
lembra que: quando fundou o Esporão, em 1973, com
Joaquim Bandeira, o grande impulsionador da escolha
do Alentejo, a perspectiva era que este fosse um projecto
transformador e anos depois o caminho mantém-se.

www.esporao.com

10ª EDIÇÃO JORNADAS DE ENOTURISMO

evento foi gratuito, com necessidade de inscrição, e a


organização disponibilizou online toda a informação
sobre o programa e seus intervenientes. Nos dois dias
de Jornadas, as manhãs foram dedicadas à partilha de
informação, de experiências e ao debate, e as tardes
ao “trabalho de campo”, com a visita a produtores de
Vinhos do Tejo em que o enoturismo é uma vertente
de relevo para o negócio: a Casa Cadaval, em Muge; a
Quinta da Lagoalva, em Alpiarça; e a Quinta da Lapa,
em Manique do Indendente. Esta é uma iniciativa
promovida pelas cinco comissões – a Comissão
Vitivinícola Regional do Tejo, a Comissão Vitivinícola
da Região de Lisboa, a Comissão Vitivinícola da
Bairrada, a Comissão Vitivinícola da Beira Interior,
e a Comissão Vitivinícola Regional do Dão - assim
como pelo Turismo Centro de Portugal e Escola de
Hotelaria e Turismo de Coimbra. E foi desenvolvida ao
abrigo do Programa Valorizar, da Turismo de Portugal,
contando com o apoio da Comissão de Coordenação
A 10ª edição das Jornadas de Enoturismo aconteceram a e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC) e da
17 e 18 de Fevereiro, no Convento de São Francisco, em Câmara Municipal de Santarém.
Santarém, na região dos Vinhos do Tejo. Uma iniciativa
conjunta das cinco regiões vitivinícolas do Centro www.jornadasdeenoturismo.pt
de Portugal – Bairrada, Beira Interior, Dão, Lisboa e
Tejo – e onde se debateu o "Enoturismo como factor
de inovação para o destino". O acesso aos dois dias do

O Escanção, n°183 - 2022 47


WINE NEWS

JOSÉ MARIA DA FONSECA COM CERTIFICAÇÃO FAIR'N GREEN

A José Maria da Fonseca acaba de anunciar que é o primeiro produtor de vinho português a obter a certificação em
sustentabilidade FAIR’N GREEN, certificação que começou com um projecto entre produtores de vinho alemães, em
2013, e que já certificou quase 100 empresas em 7 países. A primeira referência da marca a integrar esta certificação é
um dos seus vinhos mais emblemáticos, o Periquita Reserva, com cerca de 1 milhão de litros de produção anual, um
vinho vendido no mercado interno no canal Horeca e exportado para vários países. António Soares Franco, presidente
da José Maria da Fonseca, explicou que a sustentabilidade faz parte do DNA da José Maria da Fonseca há várias décadas.
Por ser uma empresa de 7 gerações, vêem a sustentabilidade como a única forma das próximas gerações da família terem
uma empresa viável e gerida com responsabilidade nas áreas de meio ambiente, social e económica. Com base na sua
filosofia como empresa, era lógico expandirem para uma certificação de sustentabilidade holística, que os ajuda a melhorar
sistematicamente ao longo do tempo. Já Keith Ulrich, fundador e presidente do conselho da associação FAIR'N GREEN,
deu as boas-vindas ao primeiro membro português do projecto afirmando que são uma rede crescente de produtores de
vinho inovadores e dinâmicos que não quer somente esperar pelas decisões políticas para dar os próximos passos, mas que
quer ajudar a transformar a viticultura, de forma a que esta se torne mais sustentável a partir de dentro. A aposta da José
Maria da Fonseca em práticas ambientais começou ainda antes do aparecimento das normas ambientais ISO14001, das
quais a José Maria da Fonseca foi a primeira certificada no sector.

www.jmf.pt

48 O Escanção, n°183 - 2022


WINE NEWS

10ª EDIÇÃO TEJO GOURMET

do Tejo –, aumentando a sua oferta nas cartas vínicas,


ao mesmo tempo que premeia e divulga os restaurantes,
através das harmonizações entre os seus pratos e
os néctares desta região vitivinícola. Inicialmente
começou por ser um concurso de âmbito regional,
tendo sido criado em 2010, mas dois anos depois
passou a contemplar os restaurantes de todo o país.
Com participações de norte a sul do país e ilhas, esta
última edição contou com 63 aderentes, restaurantes
que criaram menus vínicos especiais compostos por
entrada, prato e sobremesa e harmonizados, a cada
momento, com diferentes Vinhos do Tejo. A avaliação
é feita pelos comensais juntamente com um painel de
jurados composto por quatro profissionais em cada
visita, que pontuam a gastronomia, os vinhos e a
harmonização. Luís de Castro, Presidente da CVR Tejo
realça a importância deste concurso ao ajudar a afirmar
os Vinhos do Tejo dentro e fora da região e lembra que, se
na primeira edição aderiram 22 restaurantes, apenas da
A 10ª edição do Tejo Gourmet, Concurso de Iguarias região dos Vinhos do Tejo, na última, em 2019, o número
e Vinhos do Tejo, teve início a 1 de Fevereiro deste ano subiu para 58 e, este ano, para 63 restaurantes. Também
e irá prolongar-se até final do mês de Março. Esta é Teresa Batista, da Confraria Enófila Nossa Senhora do
uma iniciativa promovida pela Comissão Vitivinícola Tejo, destaca o facto desta edição ter muitos restaurantes
Regional do Tejo (CVR Tejo) e pela Confraria Enófila novos – 34 debutantes – e oriundos de localidades em
Nossa Senhora do Tejo e tem como objectivo promover estreia. O anúncio e entrega dos prémios irá acontecer a
os Vinhos do Tejo – só e apenas os que enverguem selo 28 de Maio, na Gala Vinhos do Tejo.
de garantia de qualidade e certificação DOC do Tejo ou
IG Tejo, atribuído pela Comissão Vitivinícola Regional www.cvrtejo.pt/ | www.confrariadotejo.pt

CONDOLÊNCIAS POR MARIA LEONOR ESTEVES GONÇALVES

A Associação dos Escanções de


Portugal apresenta, com sincero
pesar, as suas condolências pelo
falecimento de Maria Leonor
Esteves Gonçalves, antiga
colaboradora da Associação dos
Escanções, no mês de Fevereiro de 2022. À
sua Família e Amigos, nomeadamente ao seu
marido Francisco Gonçalves e filhas, uma
palavra de apoio e conforto e os nossos sentidos
pêsames. Maria Leonor Esteves Gonçalves fez
parte do júri de vários concursos da Associação
de Escanções e sempre colaborou com muito
empenho, disponibilidade e dedicação com
a nossa Casa. Traduziu o livro de Emile
Peynaud, Conhecer e Trabalhar o Vinho, assim
como o Dicionário Gastronómico Ilustrado e o
Dicionário do Vinho, de autoria do seu marido,
Francisco Gonçalves.

O Escanção, n°183 - 2022 49


EDIÇÃO COMEMORATIVA RAMOS PINTO

A Ramos Pinto lançou no dia 11 de Janeiro e no


seguimento das celebrações do Centenário da 1ª
Travessia Aérea Atlântico Sul, uma edição comemorativa
do vinho Adriano Ramos Pinto Reserva numa versão
fac-simile da garrafa original. Um lançamento realizado
em parceria com a Força Aérea e a Marinha Portuguesas
e com edição disponível nos mercados do Brasil e de
Portugal nos próximos meses. A 1ª Travessia Aérea
Lisboa – Rio de Janeiro, primeira ligação aérea entre
a Europa e a América do Sul, está relacionada com
a história da Casa Ramos Pinto, pois, para além dos
aviadores – Gago Coutinho e Sacadura Cabral –, o
“Lusitânia” transportava uma garrafa de Vinho do Porto
Adriano da Casa Ramos Pinto. Na cerimónia oficial de
celebração deste centenário esteve presente Marcelo
Rebelo de Sousa, Presidente da República de Portugal,
a quem Ema Rodrigues, Trade & Hospitality Manager,
ofereceu uma garrafa comemorativa, em nome da Casa
Ramos Pinto, tendo lido na ocasião o discurso de Jorge
Rosas, CEO da Ramos Pinto.

www.ramospinto.pt


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50 O Escanção, n°183 - 2022

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