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Saúde Coletiva

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Disciplina: Saúde Coletiva

Vigilância epidemiológica

Mario Gandra
Saúde Coletiva
O que veremos hoje?


História e conceitos

Coleta de dados: sistemas de informação

Investigações epidemiológicas

Vigilância sanitária
Saúde Coletiva
História e conceitos

Conceitos


“Sistema de coleta, análise, interpretação e disseminação de
informações relativas à saúde coletiva”

É a aplicação da epidemiologia aos serviços de saúde

Lei 8.080/90 (SUS): “um conjunto de ações que proporciona o
conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança
nos fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos”
Saúde Coletiva
História e conceitos

Funções

Coleta, processamento, análise e interpretação de dados

Investigação epidemiológica

Recomendação, implementação e avaliação de ações de
controle

Retroalimentação e divulgação de informações

Vigilância
Epidemiológica

Planejamento Operacionalização
Organização
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História e conceitos

Histórico geral


Marco Aurélio: registro de óbitos e nascimentos

Séc. XIV: quarentena para infectados com a peste

Navios asiáticos nos portos até morte dos doentes

1881 (Itália): notificação compulsória de D. Infecciosas

1901 (EUA): notificação de varíola, tuberculose, cólera em
todos os estados

Início como “vigilância de pessoas”; passou a “vigilância de
doenças e agravos da população”
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História e conceitos

Histórico no Brasil
Administração sanitária do período 1892-1918

Organização e efetividade
Sustentava-se em três pilares:
- Polícia Sanitária Oswaldo Cruz
- Campanhas
- Pesquisa

Emílio Ribas
Carlos Chagas
Saúde Coletiva
História e conceitos

Histórico no Brasil


Saúde Coletiva
Cartum do início do século XX

Os três grandes males, a varíola, a peste bubônica e a febre amarela


trocam impressões sobre as campanhas que lhes move Oswaldo
Cruz:
Febre amarela — Mas... Oswaldo é um talento. Descobriu que o
mosquito é meu servidor e não faz outra coisa a não ser matar
mosquitos — é um meirinho!
Peste bubônica — Qual; faz coisa melhor: caça ratos com a
trompeta e caixa. É um gatão!
Varíola — Pois com o meu aparecimento, não querendo ele
responsabilizar as moscas e baratas, deu para matar as pobres
crianças com ferros envenenados, a tal vacina obrigatória. É um
pavão!
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Coleta de dados: sistemas de informação

Tipo de dados


Dados ambientais, demográficos e socioeconomicos
- núm. de habitantes, nascimentos e óbitos
- renda, escolaridade, ocupação
- pluviometria, temperatura, umidade, cobertura vegetal


Dados de morbidade
- sistemas de informação, investigação epid., dados
laboratoriais


Dados de mortalidade
- sistema de informação (SIM)
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Coleta de dados: sistemas de informação

Fontes de dados
1. Notificação compulsória de casos
2. Prontuários médicos
3. Atestados de óbitos e registro de anatomia patológica
4. Resultados laboratoriais
5. Registros de bancos de sangue
6. Investigação de casos e epidemias
7. Inquéritos comunitários
8. Distribuição de vetores e reservatórios
9. Uso de produtos biológicos
10. Notícias veiculadas na imprensa
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Coleta de dados: sistemas de informação

Notificação compulsória de casos


Base do nosso sistema de vigilância

Comunicação oficial de ocorrências às autoridades

Geram indicadores do quadro epidemiológico

Revelam falhas de medidas de controle prévias

Servem de base para investigações epidemiológicas

Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação
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Coleta de dados: sistemas de informação
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Coleta de dados: sistemas de informação

Sistemas de informação


Sistemas de Informação em Saúde (SIS)

Coleta e análise de dados para planejamento

Situação de saúde a nível local

Superar tendências à centralização

Nível local (municípios e estados)
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Coleta de dados: sistemas de informação

Sistemas de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)


Desenvolvido entre 1990 e 1993

Alimentado principalmente por notificação e investigação

Mas estados e municípios tem autonomia

FIN: Ficha Individual de Notificação

FII: Ficha Individual de Investigação
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Coleta de dados: sistemas de informação

Ficha Individual de Notificação (FIN)


Preenchida para cada paciente suspeito de doença ou agravo
de notificação compulsória

Notificação negativa: informar que não ocorreu, diferenciando
da falta de notificação por desatenção/falha

Notificação de surtos:
- casos de agravos inusitados
- casos agregados, ausentes na lista de notificação compulsória
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Coleta de dados: sistemas de informação

Ficha Individual de Investigação (FII)


Para informação mais detalhada

Formulários específicos

Serve para investigar:
- fonte da infecção
- mecanismos de transmissão
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Coleta de dados: sistemas de informação

Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)


Implantado em 1975

Declaração de óbito (DO): emissão e distribuição pelo MS

Causas básicas codificadas: registro feito no local

Dados processados pelo município

Fonte primária de dados de incidência e diagnóstico (falhas no
SINAN) e secundária (contém dados sobre a pessoa, tempo,
local, tratamento, etc)
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Coleta de dados: sistemas de informação

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)


Implantado em 1990

Dados sobre gravidez, parto e condições de nascidos vivos

Declaração de Nascidos Vivos (DN)
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Coleta de dados: sistemas de informação

Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)


Concebido em 1984

Informações de 70% das internações do Brasil

Importante fonte sobre agravos que requerem internação

Também revela situação de saúde e gestão de serviços

Autorização de Internação Hospitalar (AIH):
- CID, diagnóstico, alta, procedimentos, idade, sexo, etc
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Coleta de dados: sistemas de informação

Outros sistemas nacionais



Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS)
- não apresenta CID do diagnóstico

Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB)
- áreas de cobertura dos programas de Agentes Comunitários e
Saúde da Família

Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização
(SI-PNI)
- cobertura vacinal (rotina e campanha), taxa de abandono, etc

Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água
para Consumo Humano (Siságua)

Dados do IBGE, IPEA, Ministério do Trabalho
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Investigação epidemiológica

Porque e quando investigar


Por que investigar epidemiologicamente um surto?
- identificar o agente etiológico
- encontrar a fonte da infecção (paciente, local) e taxa de
ataque específica
- recomendações para impedir disseminação da doença
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Investigação epidemiológica

Porque e quando investigar

1) Doenças prioritárias
- das doenças notificáveis, algumas representam maior risco
- notificação prioritária: feita mais cedo

2) Número de casos em excesso


- diagrama de controle aponta números muito fora do previsto
- melhor quando se acompanha grupos populacionais
expecíficos, de baixa incidência
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Investigação epidemiológica

Porque e quando investigar

3) Fonte comum de infecção


- epidemias ligadas a fonte comum de exposição (água,
alimento)
- rápido crescimento requer medidas corretivas imediatas

4) Quadro clínico grave


- aumento de número de casos graves de uma doença
- maior letalidade, internações, falta ao trabalho, etc
Saúde Coletiva
Investigação epidemiológica

Porque e quando investigar

5) Doenças desconhecida na região


- ocorrência de casos raros ou inéditos
- às vezes nem há confirmação diagnóstica
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Investigação epidemiológica

Investigando casos
1) O diagnóstico está correto?
- confirmar diagnóstico
2) De quem foi contraída a infecção?
- identificar a fonte de contágio
3) Qual a via de disseminação da infecção?
- Identificar via de transmissão
4) Que outras pessoas podem ter sido infectadas?
- Identificar contactantes e demais casos
5) Quem pode vir a ser infectado?
- Proteger os suscetíveis
Saúde Coletiva
Vigilância sanitária

Definição
Lei 8.080:
“Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de
ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes
do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da
prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente,


se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
processos,da produção ao consumo;
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
ou indiretamente com a saúde.”
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Vigilância sanitária

ANVISA

Lei 9.782/99:
“promover a proteção da saúde da população por intermédio do
controle sanitário da produção e da comercialização de produtos
e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos
ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles
relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e
fronteiras.”
Saúde Coletiva
Vigilância sanitária

ANVISA

Licenciamento de estabelecimentos

Julgamento de irregularidades

Aplicação de penalidades (ação e normativa e ação educativa)


Alimentos

Medicamentos (controle de qualidade, propaganda,
farmacovigilância)

Produtos médico-odontológicos, hospitalares e laboratoriais

Saneantes e desinfetantes

Cosmético

Regulação de Mercado

Controle sanitário dos portos, Aeroportos e Fronteiras

Serviços de interesse à saúde
Saúde Coletiva
Vigilância sanitária

Riscos a serem controlados



Riscos ambientais: água, esgoto, lixo, vetores e
transmissores de doenças, poluição do ar, do solo e de
recursos hídricos, transporte de produtos perigosos, etc.


Riscos ocupacionais: processo de produção, substâncias,
intensidades, carga horária, ritmo e ambiente de trabalho.


Riscos decorrentes de tratamento médico e uso de
serviços de saúde: sangue e hemoderivados, medicamentos,
radiações ionizantes, procedimentos e serviços de saúde.


Riscos institucionais: creches, escolas, hotéis, portos,
aeroportos, fronteiras, estações ferroviárias e rodoviárias, etc.

Riscos sociais: transporte, alimentos, substâncias psicoativas,


grupos vulneráveis, necessidades básicas insatisfeitas;

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