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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE


CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

NOTA INFORMATIVA Nº25 - CONJUNTA DVE/DVAS CEVS – NOVEMBRO 2023

Assunto: NOVOS REGISTROS DE CIRCULAÇÃO DO VÍRUS DA FEBRE AMARELA NO RS

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de


evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves. É
causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de
transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. Os
casos que têm ocorrido no Brasil são de Febre Amarela Silvestre (FAS), ou seja, o vírus tem
sido transmitido por mosquitos que vivem em áreas de mata, especialmente dos gêneros
Haemagogus e Sabethes.
Em 2023, a circulação do vírus da febre amarela foi identificada no Rio Grande do
Sul, no primeiro semestre, por meio dos registros de mortes (epizootias) de Primatas Não
Humanos (PNHs) em Caxias do Sul e Santo Antônio das Missões.
Recentemente, em outubro, foi confirmada nova circulação do vírus, a partir de
sua detecção em amostras de bugios encontrados mortos nos municípios de Riozinho
(1ªCRS), Três Coroas (1ªCRS), São Borja (12ªCRS) e Santo Antônio das Missões (12ªCRS),
aumentando as áreas afetadas (com circulação confirmada) e áreas ampliadas (municípios
vizinhos aos afetados) desde 2021 (Fig. 1).
Na natureza, as principais vítimas da febre amarela são os PNHs, que no Rio
Grande do Sul são representados majoritariamente pelas espécies do gênero Alouatta
(bugios). Esses animais são considerados como sentinelas, já que servem como indicador
da presença do vírus em determinada região. É importante ressaltar que os primatas não
são responsáveis pela transmissão e esta não ocorre diretamente de animal para
humano.
O período de incubação da doença em humanos varia de 3 a 15 dias após a
infecção. É considerado suspeito todo indivíduo não vacinado ou com estado de vacinação
ignorado, que apresente quadro infeccioso febril agudo, de início súbito, acompanhado de
icterícia e/ou manifestações hemorrágicas com exposição nos últimos 15 dias em área de

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risco e/ou locais com recente ocorrência de epizootia ou proximidades.

Figura 1: Mapa do Rio Grande do Sul indicando municípios com registro de epizootias
positivas para febre amarela (área afetada), e municípios vizinhos (área ampliada), no
período de 2021 a 2023.

Considerando a nova circulação do vírus, especialmente em municípios com baixa


cobertura vacinal, o CEVS recomenda ações direcionadas à vigilância de epizootias e à
vacinação da população.

AÇÕES DE VIGILÂNCIA DE EPIZOOTIAS:


Considerando que a vigilância da Febre Amarela está alicerçada na vigilância
sentinela em PNHs, recomendamos às vigilâncias ambientais dos municípios e
Coordenadorias Regionais de Saúde o que segue:
 Comunicação de Risco: Solicitar a moradores de áreas rurais que fiquem
atentos e notifiquem mortes de PNHs (bugios) aos serviços de saúde do
município;

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 Busca Ativa de Epizootias: Sempre que possível, realizar busca ativa de


outros PNHs mortos nas áreas de epizootias;
 Registro de Epizootias: Sempre registrar as epizootias na Ficha de
Notificação/Investigação de Epizootia do SINAN e no Sistema de informação em
Saúde Silvestre – SISS-Geo;
 Coleta de Amostras: Realizar a coleta de amostras de epizootias de PNHs e
enviar ao nível central para novas detecções oportunas.

AÇÕES DE VACINAÇÃO:
Orienta-se o início de ações de intensificação da vacinação de febre amarela
nestes municípios, principalmente junto aos moradores de áreas rurais e silvestres, com
o objetivo de ampliar as coberturas vacinais nestes locais (Fig. 2) e reduzir a possibilidade
da ocorrência de casos humanos da doença.

Figura 2: Mapa do Rio Grande do Sul indicando o percentual de cobertura vacinal


para febre amarela na população de até 59 anos de idade nos municípios, no período
de 1994 a 2022.

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Além dos municípios afetados, as ações de intensificação da vacinação devem ser


ampliadas aos municípios limítrofes aos afetados, que são:
 1ªCRS: Igrejinha, Rolante, Santa Maria do Herval, São Francisco de Paula e
Taquara;
 4ªCRS: Itacurubi e Unistalda;
 5ªCRS: Antônio Prado, Campestre da Serra, Flores da Cunha, Farroupilha,
Monte Alegre dos Campos, Nova Petrópolis, São Marcos, Vacaria e Vale Real;
 10ªCRS: Itaqui e Maçambará;
 12ªCRS: Bossoroca, Garruchos, São Luiz Gonzaga e São Nicolau;
 18ªCRS: Caraá, Maquiné e Santo Antônio da Patrulha.

A vacinação é seletiva, ou seja, deve-se buscar pessoas não vacinadas, conforme


indicação preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações. Indivíduos sem
comprovação da vacinação são considerados não vacinados. As ações devem ser realizadas
em parceria com as áreas de Vigilância Ambiental e Epidemiológica, iniciando a vacinação
pelo entorno de áreas onde foram identificadas estas epizootias. Aos municípios da área
ampliada, recomenda-se iniciar a vacinação pela área limite ao município afetado. Depois
de percorridas as áreas rurais e periurbanas, pode-se complementar a estratégia,
realizando, por exemplo, dias de mobilização municipal (Dia D) nas Unidades de Saúde e o
fortalecimento da vacinação de rotina nas áreas urbanas, ofertada a toda a população
acima de 09 meses de idade.

Vacina de Febre Amarela - Esquema vacinal


Dose: 0,5ml - por via subcutânea.
Esquema:
 Dos 09 meses aos 04 anos, 11 meses e 29 dias: administrar uma dose aos nove
meses de idade e um reforço aos quatro anos.
 Pessoas a partir dos cinco anos de idade, não vacinadas: administrar dose única.

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Vale ressaltar que, no intuito de resgatar as crianças que tenham recebido até o ano de
2017 apenas uma dose da vacina antes de completar 5 (cinco) anos de idade, essa criança
deverá receber a dose de reforço.
Precauções para a vacinação em áreas de circulação viral confirmada: para
pessoas com 60 anos ou mais, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de
vacinação, um médico deverá avaliar a relação de risco/benefício da vacinação,
considerando o risco da doença e o risco de eventos adversos pós-vacinação nessa faixa
etária e/ou decorrentes de comorbidades. Para gestantes e mulheres que estejam
amamentando crianças menores de 06 meses, um médico deverá avaliar a relação de
risco/benefício da vacinação. Em mulheres que estejam amamentando e tenham a
vacinação indicada, o aleitamento materno deve ser suspenso por, no mínimo, 10 dias.
Não há indicação de vacinação para crianças de 06 a 08 meses de idade nessas áreas.
Pessoas portadoras de comorbidades deverão ser avaliadas pelo seu médico assistente.
Vacinação simultânea e intervalos de aplicação com outras vacinas: Com vacinas
inativadas, a vacina de febre amarela pode ser aplicada simultaneamente ou com qualquer
intervalo entre as doses. Para a aplicação com outras vacinas de vírus vivos injetáveis, a
aplicação deve ser simultânea ou com 14 dias de intervalo. Em crianças primovacinadas
contra febre amarela ou tríplice viral, menores de 2 anos de idade, deve-se administrar
com 04 semanas de intervalo. Com a vacina de COVID-19, deve-se respeitar 14 dias de
intervalo, sendo contraindicada a vacinação simultânea.
Contraindicações: crianças menores de 06 meses, pacientes com imunodepressão
de qualquer natureza (transplantados, portadores de neoplasia, etc), história de reação de
hipersensibilidade grave relacionada a substâncias presentes na vacina, história de
anafilaxia a ovo de galinha. OUTRAS REAÇÕES AO OVO DE GALINHA, QUE NÃO
CARACTERIZAM ANAFILAXIA, NÃO EXIGEM PRECAUÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO.
Além da vacinação em áreas rurais e periurbanas na modalidade casa-a-casa, o
Programa Estadual de Imunizações recomenda:
 divulgar para a população a necessidade de se vacinar contra a febre
amarela e de manter seus comprovantes de vacinação;

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 realizar ações sistemáticas de educação em saúde para a população,


especialmente em relação a medidas de prevenção e identificação de sinais e
sintomas;
 realizar o registro da vacinação realizada nas respectivas cadernetas de
vacina dos(as) usuários(as);
 realizar, com periodicidade, a avaliação dos quantitativos dos insumos
utilizados na vacinação (vacina de febre amarela, diluentes, seringas e agulhas
para aplicação de vacinas por via subcutânea);
 avaliar os relatórios disponíveis nos sistemas de informação para
acompanhamento das coberturas vacinais e tomada de decisão oportuna com
vistas à ampliação dessas coberturas.

Ressaltamos a importância do registro nominal das vacinas aplicadas durante o


período no Sistema de Informação em uso corrente. Além de permitir a atualização das
doses aplicadas no estado e a avaliação de coberturas, o registro nominal permite a
comprovação vacinal, evitando revacinações desnecessárias. Relembramos a importância,
inclusive, das buscas pelos históricos vacinais das pessoas que já se encontram vacinadas, e
que apresentaram seu comprovante.
Aos gestores e gestoras municipais, solicitamos a disponibilização dos subsídios
necessários ao desenvolvimento das atividades de vacinação, como o deslocamento pelas
áreas rurais e silvestres para o trabalho de campo, para a garantia da vacinação dos não
vacinados e para a comunicação com a população-alvo. A febre amarela é uma doença
grave, com altas taxas de letalidade, mas passível de ser controlada com ações de
Vigilância, especialmente através da vacinação. A vacinação de febre amarela integra o
calendário de vacinação de rotina. Mesmo aqueles municípios que realizaram ações
recentes de intensificação da vacinação de febre amarela devem retomar ações relativas
ao monitoramento e a elevação destas coberturas.
Porto Alegre, 14 de novembro de 2023.

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